A VIRAGEM Com o aproximar do ano 1000, o misticismo religioso inscrito nos

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DO Evangelhos prenunciava o APOCALIPSE – o «fim do mundo» do
MILÉNIO Anticristo – e o início de uma nova era de justiça sob as regras do
Cristianismo.
Os Quatro No entanto, a Idade Média continuou a ser caracterizada
Cavaleiros
do por uma sociedade essencialmente rural, feudal e
Apocalipse,
Beato da monástica, com a maioria da população a viver em
Universidad
e de precárias condições de subsistência.
Valladolid,
Espanha, Numa Europa fragmentada e envolvida em conflitos e
século X.
guerras permanentes, a Igreja Cristã continuou a
desempenhar um papel unificador da sociedade,
enquanto a ABADIA e o MOSTEIRO permaneceram como
Trabalho a melhor expressão da cultura medieval.
no
campo É neste pano de fundo político, económico e cultural que,
na Idade
Média, sob os «elevados desígnios de Deus» três fenómenos são
iluminur
a do fundamentais para compreender o Românico:
Breviário
de
Grimani,
• a dinamização das peregrinações;
Flandres,
1490- • a implementação das Cruzadas;
1510.
• a expansão das Ordens monásticas. Paulo Simões Nunes
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 A ARQUITETURA Só no século XIX foi reconhecido um estilo arquitetónico 2
ROMÂNICA: DEUS, original e comum em toda a Europa Ocidental, que se
FORTALEZA DA
desenvolveu durante os séculos XI e XII.
HUMANIDADE
O termo «românico» foi aplicado às
tipologias arquitetónicas inspiradas nas
formas e nas técnicas da Antiguidade
Romana, com as características
seguintes:
• utilização do arco de volta perfeita;
• resolução de coberturas em abóbada
de berço;
• estruturas com muros e contrafortes;
• edificações robustas e sólidas;
Igreja de Santa Fé de Conques, França, Igreja de Saint-Sernin, vista da nave, • preocupação pela funcionalidade dos
c. 1040-1130. Toulouse, França, c. 1077-1096.
Quer se tratasse de um mosteiro, de uma espaços;
igreja ou de um castelo, eram edifícios- • tecnologias e materiais de construção
fortaleza em pedra, robustos, maciços e de tradição romana.
impenetráveis, defendendo-se em relação às Paulo Simões Nunes
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ameaças exteriores. © Raiz Editora, 2021. Todos os direitos reservados.

A ARQUITETURA ROMÂNICA: A arquitetura românica manifestou-se, 3
DEUS, FORTALEZA DA principalmente, em três tipos de edifícios:
HUMANIDADE
IGREJAS
• para a celebração dos serviços religiosos, para a guarda
das relíquias dos Santos e para receber os fiéis em
peregrinação.
Abadia de São Pedro
de Moissac, Ocitânia,
França, século XI.

MOSTEIROS
• eram autênticas «cidades de Deus», onde habitavam as
comunidades monásticas, produzindo e «guardando» o
conhecimento e a cultura.
Abadia de Sénanque,
Provença, França,
1148-1150.

CASTELOS
• eram as residências fortificadas dos senhores feudais e
os símbolos do poder político sobre um determinado
território. Qualquer que fosse a sua tipologia ou função, os
Castelo Normando,
Sicília, Itália, século XII.
edifícios românicos assumiram uma característica Paulo Simões Nunes
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comum: manifestar o poder absoluto deTodos
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A IGREJA A igreja românica é a representação de toda a criação divina sobre
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ROMÂNICA a Terra. • é um edifício com uma forte carga simbólica;
• possui formas e linhas simples e puras;
• exprime robustez na sua construção e muros
com escassas e pequenas aberturas;
• utiliza os materiais de construção romanos e
repete os mesmos elementos construtivos:
arco de volta perfeita, abóboda de berço,
muros e contrafortes;
• as formas volumosas, maciças e austeras são
a afirmação de Deus – fortaleza da
Os interiores dos edifícios apresentam
humanidade.
ambientes austeros e obscuros, contribuindo
para as atmosferas de mistério e misticismo
que caracterizavam a cultura românica.
As paredes interiores serviam de suporte à
pintura e à escultura, expostas com uma
função pedagógica: ensinar e orientar os fiéis Paulo Simões Nunes
Igreja de Saint-Sernin, Toulouse, França, 1077-1096. para as Verdades da Fé. História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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