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ARTE ROMÂNICA

Em 476, com a tomada de Roma pelos povos bárbaros, tem início o período histórico conhecido por Idade Média. Na Idade Média a
arte tem suas raízes na época conhecida como Paleocristã, trazendo modificações no comportamento humano e com o Cristianismo
a arte se voltou para a valorização do espírito. Os valores da religião cristã vão impregnar todos os aspectos da vida medieval. A
concepção de mundo dominada pela figura de Deus proposto pelo cristianismo é chamada de teocentrismo (teos = Deus). Deus é o
centro do universo e a medida de todas as coisas. A igreja como representante de Deus na Terra, tinha poderes ilimitados.

O termo românico para indicar a arte surgida durante a Alta Idade Média na Europa Ocidental foi empregada, pela primeira vez em
1824, pelo arqueólogo francês De Caumont, e logo imediatamente adotada. A palavra pretendia exprimir de maneira sintética dois
conceitos: a semelhança entre o processo de formação das línguas “romanço” (espanhol, francês, italiano, entre outros) construídas pela
mistura do latim vulgar aos idiomas dos invasores germânicos e o das artes figurativas, realizadas, nos mesmos países e mais ou
menos ao mesmo tempo, através da ligação de tudo que restava da grande tradição artística romana com as técnicas e tendências
bárbaras e, segundo o conceito, a suposta aspiração desta nova arte de se ligar à da Antiga Roma. Na arte Românica, de fato foram
trazidos elementos romanos e germânicos, mas também, bizantinos, islâmicos e armênios. Mas, sobretudo, o que ela criou foi
essencial. Anteriormente o período que compreendia a Arte Românica era muito amplo, e hoje aplicamos a designação de Românico
para o período entre o século XI e o século XIII.

ARQUITETURA
Com a instituição da fé católica romana, uma onda de construção de igrejas varreu a Europa feudal de 1050 a 1200. Os construtores
tomaram elementos da arquitetura romana, como colunas e arcos redondos. No entanto, como os prédios romanos tinham tetos de
madeira, fáceis de incendiarem, os artesãos medievais passaram a fazer os tetos das igrejas com abóbadas de pedra. Abóbadas
essas que podiam ser cilíndricas ou com arestas apoiadas em pilastras o que resultava em grandes espaços, livres de colunas e
obstáculos.

Nesse período a peregrinação estava muito em moda e a arquitetura das igrejas era adequada para receber as multidões de
visitantes. A sua planta cruciforme, com longa nave atravessada por um transepto mais curto, simbolizando o corpo de Cristo
crucificado. As arcadas permitiam aos peregrinos andar pelos corredores sem atrapalhar os serviços religiosos na nave central. O
“chevet” travesseiro em francês é a parte atrás do altar, capelas semicirculares onde se guardam os relicários.
O exterior das igrejas românicas é bastante despojado, exceto pelos relevos esculturais em volta do portal principal.

As características mais significativas da arquitetura românica são:


- abóbadas em substituição ao telhado das basílicas;
- pilares maciços e paredes espessas;
- aberturas raras e estreitas usadas como janelas;
- torres que aparecem no cruzamento das naves ou na fachada;
- arcos em 180 graus.

A primeira coisa que chama a atenção nas igrejas românicas é o seu tamanho. Elas são sempre grandes e sólidas. Daí serem
chamadas: fortalezas de Deus. A explicação mais aceita para as formas volumosas, estilizadas e duras dessas igrejas é o fato da arte
românica não ser fruto do gosto refinado da nobreza nem das ideias desenvolvidas nos centros urbanos, é um estilo essencialmente
clerical. A arte desse período passa, assim a ser encarada como uma extensão do serviço divino e uma oferenda à divindade. Na
Itália, diferente do resto da Europa, as construções não apresentam formas pesadas, duras e primitivas.

PINTURA E MOSAICO

Na Idade Média, as várias atividades artísticas não eram consideradas independentes entre si. Pelo contrário, elas contribuíam para
as realizações e decorações daquele que era a obra fundamental, a grande igreja com que a comunidade exaltava o verdadeiro
Criador.
Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a Igreja recorria à pintura e à escultura para narrar histórias bíblicas ou comunicar
valores religiosos aos fiéis. Não podemos estudá-las desassociadas da arquitetura.

Embora muitos edifícios fossem construídos aproveitando as propriedades decorativas da pedra ou dos tijolos, a decoração colorida,
obtida com os afrescos ou então, com os mosaicos, era uma decoração que procurava efeitos impressivos, que amava as cores vivas
e os desenhos fortemente caracterizados. Tais ornamentações, profusas sobre as paredes das igrejas, revestiam, por vezes, outras
partes do edifício. Por isso, a pintura românica desenvolveu-se sobretudo nas grandes decorações murais, através da técnica do
afresco, que originalmente era uma técnica de pintar sobre a parede úmida.

Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. As características essenciais da pintura românica foram a deformação
e o colorismo. A deformação, na verdade, traduz os sentimentos religiosos e a interpretação mística que os artistas faziam da
realidade. A figura de Cristo, por exemplo, é sempre maior do que as outras que o cercam. O colorismo realizou-se no emprego de
cores chapadas, sem preocupação com meios tons ou jogos de luz e sombra, pois não havia a menor intenção de imitar a natureza.
A técnica da decoração com mosaico, isto é, pequeninas pedras, de vários formatos e cores, que colocadas lado a lado vão formando
o desenho, conheceu seu auge na época do românico. Usado desde a Antiguidade, é originária do Oriente onde a técnica bizantina
utilizava o azul e dourado, para representar o próprio céu.

ESCULTURA
A escultura românica, embora sempre de uma imaginação excepcional, está ao serviço da arquitetura.
A escultura surge, principalmente, para decorar os elementos principais dos edifícios. Decoração essa, que já não é entendida como
fim em si mesma, mas sim com o objetivo didático, para instruir os que a veem. Por exemplo, na porta das igrejas a área mais
ocupada pelas esculturas era o tímpano, nome que recebe a parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o vão
superior da porta. As esculturas eram imitação de formas rudes, curtas ou alongadas, ausência de movimentos naturais.

ILUMINURAS
Com quantidade grande de saqueadores devastando as cidades do antigo império Romano, os monastérios eram tudo que restavam
entre a Europa Ocidental e o caos. Monges e freiras copiavam manuscritos, mantendo vivas a arte da ilustração em particular e a
civilização ocidental em geral.
Nessa época, os rolos de papiro usados no Egito e Roma foram substituídos pelos códices de pergaminho de pele de boi ou de
carneiro, feitos de páginas separadas unidas por uma das extremidades. Os manuscritos eram considerados objetos sagrados que
continham a palavra de Deus e tinham desenhos inseridos nos escritos, sempre de grande beleza, da qual originou o nome de
Iluminuras, ou seja, iluminavam os textos.
Eram profusamente decorados, de maneira que sua beleza exterior refletisse a sacralização do conteúdo. Tinham capas de ouro
cravejadas com pedras preciosas e semipreciosas. Até o desenvolvimento da tipografia, no século XV, esses manuscritos eram a
única forma existente de livros, preservando não somente os ensinamentos religiosos, mas também a literatura clássica.

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