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Título: Explorando o Tempo e a Natureza através da Escultura em Pedra

A escultura em pedra, ao longo da história, tem desempenhado um papel fundamental


na expressão artística e na preservação da cultura humana. Desde os primórdios da civilização
com a vênus de willendorf até os dias atuais, a escultura em pedra tem sido uma forma de arte
rica em significado e simbolismo, refletindo as crenças, valores e técnicas das diferentes épocas
e culturas. As esculturas em pedra não apenas encantaram os olhos, mas também serviram como
narrativas silenciosas do passado, transmitindo conhecimento e experiências através de formas
tangíveis e duráveis.
A trajetória artística de um escultor é frequentemente uma jornada marcada por
evolução, experimentação e busca incessante por novas formas de expressão. No caso do
escultor Ryu, cuja carreira abrange mais de 48 anos sendo os últimos 25 dedicados à escultura
em pedra de alta dureza, essa busca pela reinvenção e aprofundamento das possibilidades
artísticas é notavelmente evidente.
Nascido no interior da Bahia, filho de trabalhadores rurais e o mais velho de doze
irmãos, Averaldo Carneiro de Araújo demonstrou, desde cedo, grande interesse pelas artes
plásticas. Com 10 anos, começou a esculpir na madeira orientado por seu padrinho. E aos 20,
adotou o pseudônimo de Dragão e decidiu deixar tudo de lado para se dedicar apenas a sua arte,
trabalhando com madeira e começando a esculpir em pedra sabão. Costuma dizer que vai
andando e quando vê uma pedra nela já enxerga uma escultura. Pois dentro de cada pedra tem
escondida uma imagem, pronta para ser revelada.
Uma característica marcante que emerge ao explorar a obra de Ryu é a notável fluidez
com que ele transita entre temas diversos, da arte sacra à arte abstrata. Essa versatilidade é um
testemunho da maturidade artística alcançada ao longo das décadas bebendo do barroco e do
neoclássico como também incorporando características visuais de artistas como Henry Moore,
victor brecheret e Sergey Konenkov a sua produção.
Ao contemplar suas esculturas, é possível sentir uma conexão entre o artista e as formas
intrínsecas da natureza, que ele busca explorar e exaltar. O domínio da escultura em pedra de
alta dureza é uma prova tangível da habilidade técnica e dedicação incansável do artista.
Esculpir em um meio tão desafiador exige uma compreensão profunda da pedra como material e
uma paciência que só o tempo e a experiência podem conferir.
Suas obras refletem uma meticulosa atenção aos detalhes e uma sensibilidade inata para
trabalhar em harmonia com as características naturais das pedras que escolhe. Aproveitando as
formas naturais e rachaduras, que poderiam ser interpretadas como imperfeições o artista
explora com sensibilidade transformando o “defeito” em expressividade.
No cerne da obra de Ryu está a valorização da natureza. Suas esculturas parecem
capturar a essência da vida orgânica, incorporando formas fluídas e curvas que evocam a beleza
intrínseca do mundo natural. Seja esculpindo figuras humanas que parecem emergir das próprias
rochas ou explorando a abstração para transmitir a interconexão de todos os elementos, Ryu
demonstra uma profunda reverência pela Terra e seus elementos quando equilibra o polido e o
opaco, o liso e o áspero, o esculpido e o não esculpido, propondo contrastes entro o natural e o
não natural, celebrando o respeito entre o humano e a natureza.
Através de seus trabalhos, ele convida o espectador a uma jornada contemplativa,
permitindo que mergulhemos em sua visão pessoal de mundo. O toque maduro do escultor é
evidente na forma como ele utiliza o contraste entre a dureza da pedra e a suavidade das formas
para transmitir um sentido de equilíbrio e harmonia, um reflexo da própria ordem natural.
Em uma era onde a arte muitas vezes é caracterizada pela efemeridade das tendências e
da tecnologia, Ryu nos lembra da atemporalidade e resiliência das formas artísticas tradicionais.
Sua dedicação contínua à escultura em pedra e à exploração da natureza como fonte de
inspiração é um testemunho de um compromisso artístico que transcende o tempo e fala
diretamente à alma.
Nesta fase da carreira, sua contribuição para a arte é uma celebração da durabilidade, da
conexão com a natureza e da busca incessante pela expressão. Sua obra é um convite para nos
reconectarmos com o mundo ao nosso redor e para explorar o vínculo profundo entre a
criatividade humana e as forças intemporais da natureza.

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