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Material Complementar

ARTE
Os mundos ficcionais podem propor realidades imaginadas e promover a construção de uma realidade para atender a
objetivos específicos, como criticar, divertir, promover a reflexão, encantar.
Toda obra de arte é uma representação da realidade. Ainda que se ocupe de elementos em que podemos reconhecer
o real, Arte é representação. Observe o quadro de Walter Langley (1852-1922), pintor inglês do final do século XIX.

The breadwinners [As provedoras],


de Walter Langley, c. 1896. Nesse quadro reconhecemos uma cena que se desenrola em alguma
Aquarela sobre papel, 47 3 62 cm. cidade do litoral: três mulheres de idade avançada carregam cestos de pa- lha
Penlee House Gallery & Museum, com o que parecem ser peixes. Pela aparência delas (idade, estado dos
Penzance, Cornualha, Reino Unido. sapatos e roupas), podemos supor que são pessoas pobres, buscando no
porto o sustento para suas famílias. Essa hipótese é reforçada pelo título do
quadro: The breadwinners (As provedoras, em tradução livre).
Trata-se de uma representação, porque a organização do quadro revela o
olhar singular do artista, que escolheu um ponto de vista muito particular para
permitir que o observador dessa obra tenha a perfeita noção dos dife- rentes
planos: ao fundo, no mar tranquilo, pequenas velas e mastros iden- tificam os
barcos de pesca; em primeiro plano, as três mulheres carregando seus fardos.
Há uma evidente diferença de tamanho entre as mulheres e os barcos, para
indicar os distintos planos da tela.
A combinação de cores e o jogo de luz criam a representação de um dia
nublado no qual o tom escuro das roupas também contribui para destacar
as três mulheres, protagonistas da cena retratada.

◼ O que é Arte, afinal?


A Arte sempre ocupou lugar significativo nas sociedades humanas, e o
impulso que leva à criação artística pode ter diversas explicações, que variam
de acordo com o período histórico.

Durante muito tempo, a Arte foi entendida como a


representação do belo. Mas o que é belo? O que essa
palavra significa para nós, ocidentais, hoje, e o que
significou para os povos do Oriente ou para os europeus
que viveram na Idade Média?
Na tabela a seguir, veja algumas concepções de Arte no decorrer do tempo.

Período Concepção

A Arte é a representação do belo, entendido como a harmonia e a proporção entre as formas. Os seres humanos são
Antiguidade Clássica
vistos como modelos de perfeição.

Os sentimentos e a imaginação são os princípios da criação artística; o belo desvincula-se do princípio de


Século XIX (Romantismo)
harmonia.

A Arte é entendida como a permanente recriação de uma linguagem; pode também ser um espaço de reflexão,
Mundo contemporâneo
uma provocação.

A partir do século XX, diferentes formas de conceber o significado e o modo do fazer artístico impuseram
novas reflexões ao campo da arte. Desde então, ela deixa de ser apenas a representação do belo e passa a
expressar também o movimento, a luz ou a interpretação geométrica das formas existentes. Pode ainda
reinventá-las.
Toda criação pressupõe um criador que filtra e recria a realidade e nos permite sua interpretação. A Arte,
desse ponto de vista, é também o reflexo do artista, de seus ideais, de seu modo de ver e de compreender o
mundo.
Como todo artista está inserido em um contexto histórico-cultural, a obra de arte será sempre, de certo
modo, a expressão de sua época e de sua cultura.

◼ Os agentes da produção artística


O contexto de produção de determinada obra pode nos dar muitas pistas sobre seu significado e as
intenções de quem a produziu.
Se a arte nos revela uma maneira de ver o mundo, cada artista revela seu olhar para a realidade de seu
tempo, selecionando elementos que recria em suas obras. História, cultura, ideologia, religião são alguns dos
fatores que fazem parte do contexto do artista e que contribuem para “moldar” seu olhar individual. Nesse
sentido, podemos identificar, nas escolhas que realiza, indícios reveladores desse contexto.
No momento da criação, além de expressar um olhar individual, o artista preserva valores e costumes da
época em que vive para as gerações futuras, expressando algo de natureza coletiva, social. Ele estabelece por
meio das suas obras um diálogo com os seus contemporâneos e lhes propõe uma reflexão sobre o contexto em
que estão inseridos. Toda obra de arte interage com um público, que passa, portanto, a ser considerado um
interlocutor e, por isso, “participa”, de alguma maneira, das escolhas que o artista faz. E, ao estabelecer um
diálogo com a obra, toma parte na construção dos sentidos que ela pode exprimir.
Toda obra se manifesta em determinada linguagem, que se desenvolve em uma estrutura. Além disso,
circula em determinado meio (o contexto de circulação), em determinado suporte utilizado para representá-
la. Por exemplo, um filme produzido para cinema é diferente de um produzido para TV, que costuma ter duração
menor e momen- tos previstos para as interrupções dos intervalos comerciais. É por isso que o contexto de
circulação pode determinar a maneira de se conceber um filme.

Muito do significado das intenções de quem produziu uma obra de arte pode ser revelado pelo
reconhecimento dos vários agentes que contribuíram para sua criação: o artista, o contexto em que viveu, o
público para o qual a obra foi criada, a linguagem e a estrutura em que foi produzida e seu contexto de
circulação

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