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Caro(a) estudante,
Sugerimos que você leia todo o material e faça suas anotações para que possa
enriquecer seu entendimento e manifestar, com êxito, seu conhecimento nas
avaliações.
Bons Estudos!
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SUMÁRIO
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UNIDADE 1
ARTE E SUA SEMÂNTICA, ABORDAGENS E HISTORICIDADE
ARTÍSTICA
Sabe-se que a arte faz parte do nosso cotidiano, mesmo quando não a
percebemos. Muitos autores, deram seus olhares semânticos sobre arte, buscando
defini-la de forma significativa, todavia não conseguiram exaurir o teor significativo de
arte. Para Kosik (2002) a arte se mistura profundamente com a realidade social, é a
expressão da prática social e transcendente do ser humano. Já para Merleau-Ponty
(1980), a arte não traduz o mundo, mas constrói o mundo.
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gosto, não há nada que o prove (Marx Ernst), Enquanto a ciência tranquiliza,
a arte perturba (George Braque). (PAULA, 2006, p 15).
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criam suas artes dentro daquilo, que é considerado, por muitos, como belo?” (PAULA,
2006, p. 26).
Edvard Munch (1863-1944) retratava o ser humano vendo-os a partir das suas
angústias e seus sentimentos. Esse artista expressionista sofria de depressão, mas foi
um artista genial que soube dar a sua dor um valor mais elevado, pois, como se
questiona o filósofo e romancista francês Albert Camus (2021, p. 68): “por que criar se
não for para dar um sentido ao sofrimento, nem que seja para dizer que ele é
inadmissível? A beleza surge neste momento dos escombros da injustiça e do mal”.
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O problema com o belo e o feio é que os gostos e padrões do que é bonito ou
não variam imensamente. O que ocorre com a beleza, ocorre também com a expressão.
Voltar as costas a obras cuja expressão seja menos ou mais fácil de entender, é um erro.
(GOMBRICH, 1993).
Não é preciso muito conhecimento para sabermos que Dante é "maior " ou
superior" a Casimiro de Abreu, que Benedito Calixto é "inferior" a Leonardo,
que Bach é o maior de todos os músicos, que o Parthenon é a mais perfeita
obra arquitetural, pois trata se de julgamentos correntes, que parecem óbvios
ou tácitos. [...] isso não quer dizer que tais objetos sejam mais " arte" que
outros". (COLI, 1995, p. 12).
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A hierarquia dos objetos artísticos tem a ver com questões de autoridade
performática, de uma criação para outra, da bagagem artística do criador, do estilo, do
impacto artístico no meio e na história etc., ou seja, não está em pauta o caráter de ser
arte ou não.
A expressão da percepção do ser humano sobre si, sobre o outro e sobre o meio
em que vive, se constituiu e ainda constitui uma forma de sua superação. Foi dessa
maneira que a arte evoluiu, com a capacidade humana de criar símbolos (SHINER, 2001).
Segundo Carol Strickland e John Boswell (2014, p. 12), a arte foi inventada há
mais de 25 mil anos. “Em algum momento da era glacial, quando caçadores e coletores
ainda viviam em cavernas, a mentalidade Neanderthal de fazer instrumentos deu lugar
ao impulso Cro-Magnon de fazer imagens”.
A arte rupestre se configura num tipo de arte que envolve sinais, símbolos e
desenhos. É um tipo de arte pré-histórica de cunho naturalista, na qual é retratada cenas
da vida cotidiana, como por exemplo, mãe tendo bebê e homens caçando animais para
se alimentar.
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Os primeiros “quadros” foram pintados em cavernas, provavelmente 15 mil
anos atrás. As pinturas de bisões, veados, cavalos, bois, mamutes, javali se
situam nos recessos das cavernas, longe das superfícies habitadas e da luz do
sol. Os arqueólogos especulam que os artistas criavam as figuras para garantir
uma boa caça. Muitos animais aparecem trespassados por flechas, e furos nas
paredes indicam que os habitantes das cavernas atiravam lanças nos animais
desenhados (BOSWELL; STRICKLAND, 2014, p. 12).
Figura 2 - Stonehenge.
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Em se tratando de Escultura, neste período, a arte rupestre continha objetos
domésticos que foram fabricados em ossos, marfim, pecha ou até mesmo de chifre de
animais, e desenhados. Foram feitas também figuras femininas em pedras, por meio de
pedra pontiaguda.
Mesopotâmia
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Outras construções importantes eram as portas das muralhas construídas pelo
imperador Nabucodonosor, com decorações de alto relevo e dedicadas às divindades.
Egito
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Figura 4 - Pinturas do Templo de Tebas.
Os Egípcios cultuavam o faraó como deuses, assim sendo, as imagens dos faraós
tiveram certa importância nas primeiras construções egípcias.
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Creta
Podemos dizer que seu carro chefe seria seus trabalhos com cerâmicas, em que
alcançam quase a perfeição. Seus vasos eram belíssimos, e apesar da queda e
desaparecimento quase total do seu povo, Creta apresenta um suspiro da plástica
helenística.
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belas, com técnicas inovadoras, estilo e com um alto padrão de qualidade, em que os
artistas buscavam transmitir a simplicidade, isto é, o dia a dia da comunidade grega.
Nas esculturas gregas, é possível perceber que o intuito dos artistas era a busca
da perfeição, pois nas obras, os escultores tentavam chegar o mais próximo do real,
visando sempre à forma perfeita, e para essa demonstração de detalhes foi usado o
elemento da nudez nas esculturas.
Fonte: https://i.pinimg.com/originals/4d/69/aa/4d69aa93b826382878227c17f71c109b.png
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No estilo jônico percebe-se uma certa conectividade com o símbolo feminino,
demonstrando colunas sempre esbeltas e decorativas, apresentando uma conectividade
com o lado de dentro e o de fora; No Dório nota-se que geralmente eles optavam pela
maximização das funcionalidades, sempre apresentando acima dos templos deuses e
heróis de sua mitologia; Já o coríntio, demonstrava-se sempre mais decorativo, trazendo
na sua estrutura, um sino invertido, com folhas de broto de acanto, planta bastante
conhecida na região.
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Figura 7 - Coliseu Romano.
A Idade Média teve uma forte influência religiosa nos seus diversos contextos,
inclusive na arte. As artes nos vitrais das igrejas e templos era uma marca muito forte
da época, ao retratarem em seu cerne passagens bíblicas. O clero se apossou da arte,
era a apreciação da beleza abstrata da cristandade para a beleza material, culminando
numa farta quantidade de manifestações artísticas como: mosaicos, pinturas e
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esculturas. Foi identificado três estilos de artes diferentes na idade média: gótico,
bizantino e romano (SOARES, 2017).
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Figura 8 - Estilos Da Idade Média.
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Figura 9 - “Davi” de Michelangelo.
A arte moderna surge por uma ânsia do ser humano de explorar novas formas
e novas cores. Essa nova forma de arte, que utilizava imagens deformadas, cubos, entre
outras formas consideradas exóticas, chegou ao Brasil na Semana de Arte moderna de
1922, influenciadas pelas vanguardas europeias, e “dentre os movimentos
vanguardistas que mais influenciaram a produção artística no Brasil, destacamos os
seguintes: Cubismo, Dadaísmo, Expressionismo, Surrealismo e Futurismo” (FAVENI,
2000, p. 89).
RESUMO
Nesta Unidade foi possível saber que a arte faz parte do nosso cotidiano,
mesmo quando não a percebemos. Muitos autores, deram seus olhares semânticos
sobre arte, buscando defini-la de forma significativa, todavia, não conseguiram exaurir
o teor significativo de arte, isto é, que não há como esgotarmos as possibilidades
semânticas de definição de Arte. Além disso, a Arte possibilita o exercício do senso
crítico e não é oriunda de virtude inata, mas se configura sob a égide das experiências e
da construção do conhecimento. Para validar o que é ou não arte, nossa cultura possuiu
instrumentos específicos. Um deles, e essencial, é o discurso sobre o objeto artístico, ao
qual reconhecemos competência e autoridade. A manifestação do objeto artístico se dá
pelo aparato Cultural que o envolve: o discurso, o local, as atitudes de Admiração etc.
Esses instrumentos não têm a prerrogativa de descolonizar o artístico do não artístico,
mas de criar uma hierarquia dos objetos artísticos, ou seja, essa pintura ou essa música
é mais interessante ou melhor do que outra. A arte pré-histórica fazia alusão a rituais
comuns à época. Desenhos peculiares em forma de círculos, cruzes, espirais. A
Mesopotâmia foi uma civilização dotada de singularidades sociais, políticas e
econômicas. Na arte, não foi diferente. Os egípcios visavam sempre a eternidade em sua
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arte, inclusive em suas esculturas que eram feitas em granitos ou diorito para durarem
de forma ad eternum. Em Creta (Região localizada no sul da Grécia), suas manifestações
artísticas eram expressas de forma natural, desenvolveram-se bastante nas artes
plásticas, arquitetura, pintura, escultura e cerâmica. Nas esculturas gregas, era possível
perceber o intuito dos artistas gregos, a busca da perfeição, pois nas obras, os escultores
tentavam chegar o mais próximo do real, visando sempre a forma perfeita. A cultura dos
romanos era dotada de atrações, como lutas de gladiadores, por isso essa necessidade
de um local de suportar muitas pessoas. A Idade Média teve uma forte influência
religiosa nos seus diversos contextos, inclusive na arte. As artes nos vitrais das igrejas e
templos era uma marca muito forte da época. A época renascentista ficou marcada pela
volta e a redescobertas dos estilos, grego e romano, mas essa época foi o nascimento
de um novo modo de estudos, o antropocentrismo. A arte moderna surge por uma ânsia
do ser humano de explorar novas formas e novas cores. Essa nova forma de arte, que
utilizava imagens deformadas, cubos, entre outras formas consideradas exóticas,
chegaram ao Brasil na Semana de Arte moderna de 1922.
Atividade complementar
Assista ao vídeo: “Linha do tempo da História da Arte - Resumo completo”, que pode
ser acessado neste link: https://youtu.be/0xVoAkXUyhE.
Em seguida, faça um mapa mental a respeito dos principais aspectos da História da Arte.
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REFERÊNCIAS
COLI, Jorge. O que é Arte. 15ª ed, Editora Brasiliense, São Paulo – SP, 1995 ISBN 85-11-
01046-7.
GOMBRICH, Ernst Hans; TORROELLA, Rafael Santos; SETÓ, Javier. Historia del arte.
Nueva York: Phaidon,1997.
HISTÓRIA da arte. São Paulo: Centro Universitário Faveni, [2000]. Disponível em:
https://docplayer.com.br/220617269-Centro-universitario-faveni-historia-da-arte-
guarulhos-sp.html. Acesso em: 8 fev. 2023.
JANSON, H. W. História geral da arte: O mundo antigo e a idade média. 2. ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2001.
PAULA, Carlos Alberto de et al. Arte /vários autores - Curitiba: SEED PR, 2006. Ensino de
Arte. 2. Ensino Médio. 3 História da Arte.
SHINER, L. The Inventionof Art: a Cultural History. Chicago: Chicago University, 2001,
pp. 111-120.
SOARES, Ana Cecília. História da Arte. INTA - Instituto Superior de Teologia Aplicada.
PRODIPE - Pró-Diretoria de Inovação Pedagógica. 1 Ed. Sobral, 2017.
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UNIDADE 2
ESPECIFICIDADES EM ARTES, GOSTO E JUÍZO CRÍTICO
A História como ciência e como disciplina traz em seu bojo, uma periodização
didática, visando o entendimento dos estudiosos sobre a evolução humana, seja em
qualquer área, em seus respectivos tempos e espaços históricos, dentro do contexto
ocidental. Assim, é possível revisitar o livro “História Universal” de Christopher Cellarius,
no qual a História é dividida em Antiga, Medieval e Novo Período, e somente depois,
com a obra de Hegel, “Lições sobre a Filosofia da História”, é que a denominação
“moderna” foi enfatizada. Da mesma forma, a compreensão de História da Arte está
intimamente ligada a uma maneira de compreender a história e a sua relação com a
arte.
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Rachel Costa (2013) propõe que as questões contemporâneas sejam
entendidas a partir do século XIX em diante, e pensada a partir do modo como ela foi
instituída, não concordando com SHINER (2001), o qual afirma que a arte
contemporânea se desenvolveu a partir do século XVIII, embora ambos concordem que
a história da arte não deve ser analisada sob a ótica de periodização.
A consequência desse processo foi uma autonomia tal que implicou nas
modificações que se sucederam e na necessidade de reformular o arcabouço
teórico e institucional criado. Logo, o objetivo é pensar a arte não em termos
de período, mas em relação ao modo como o Ocidente tanto a criou como se
relacionou com as mudanças decorrentes dessa criação. Denominei esse
longo processo de modificação, muitas vezes associado à modernidade
artística, mas mais longo que a demarcação desse período, de
destradicionalização da arte (COSTA, 2013, p. 101).
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O famoso quadro de Claude Monet, que deu nome ao movimento
Impressionista, é uma expressão dessa ideia. O artista pintou a paisagem de
acordo com o modo como ele a percebia, sem se preocupar com as técnicas
ilusórias tradicionais nesse tipo de pintura. Além de que a cor laranja utilizada
para o sol é uma extravagância. O quadro mostra uma forma de compreender
a paisagem diferente da tradição, que não tem como base a necessidade de
uso de artifícios ilusórios, ou de uma escala de tons que reproduza as cores
do mesmo modo que o olho vê (COSTA, 2013, p. 102).
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Nina Rodrigues foi o primeiro autor a tratar sobre arte afro-brasileira e a sua
forma de denominar “arte negra” causou divergências, discriminação e perseguições de
seus pares em sua época, pois o consideravam racista. “Nina Rodrigues inaugurou o
campo de estudos sobre arte negra. Publicado inicialmente na Revista Kosmos do Rio
de Janeiro, em 1904, este artigo sintetiza as diligências de Nina Rodrigues sobre arte
negra” (CUNHA, 2006, p.25).
A crítica ao trabalho de Nina perpassa também, pelo fato de ele ter usado o
termo arte com letra maiúscula para significar o ‘belo ocidental’, ou seja, a arte erudita
ocidental. Nesse mesmo contexto, falava que, se os negros tivessem acesso a outros
recursos, em outros espaços, poderiam mostrar muito mais qualidade em sua arte.
Ainda segundo Raimundo Cunha (2006), embora Nina exaltasse as qualidades físicas,
intelectuais, criativas do negro, não as equiparava às potencialidades do branco.
Um exemplo de análise artística feita por Nina Rodrigues, foi sua “referência às
pinturas ideográficas (Figura 11) e ao famoso trono do rei Bêhanzin (Figura 12), os dois
do Daomé” (CUNHA, 2006, p. 26). Nina fez alusão a essa obra relacionando-a a um cofre
sagrado encontrado em uma praia de Salvador: “[...] o cofre sagrado [...] vale o trono de
Bêhanzin” (RODRIGUES, 1988, p. 249). Entende-se que Nina buscava enaltecer a arte
negra brasileira, mas acabou enfatizando a qualidade da arte do Benin.
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Figura 11 - Pinturas ideográficas estudadas por Nina Rodrigues: Iemanjá.
Figura 12 - Famoso trono do rei Bêhanzin: O cofre sagrado estudado por Nina
Rodrigues.
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é uma arte que se explica pelas tradições, seus elementos são o cotidiano dos pontos
tradicionais. Esse é o principal ponto que diferencia a arte indígena de outros estilos de
arte. Ocorre que, muitos autores problematizaram a conceituação das manifestações
artísticas realizadas pelos indígenas, não considerando-a, a contento, como arte,
justamente por essa falta de teorização, exposição etc. (VELTHEN, 2010).
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a de diferenciar o mundo dos homens, regidos pela conduta cultural que se
constrói a si mesma, do mundo dos bichos, comandados por impulsos inatos,
inevitáveis e incontroláveis; a de diferenciar aquela comunidade étnica de
todas as outras, proporcionando um espelho em que ela se vê e se contrasta
com a imagem etnocêntrica que tem de outros povos; cumpre, ainda, a
função geral de dar aos homens coragem e alegria de viver, num mundo cheio
de perigos, mas que pode ser melhorado pela ação dos homens. (RIBEIRO,
1983, p. 52).
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No mundo da arte, muito ainda se discute sobre o tema, já que não se trata de
um assunto encerrado por completo, uma vez que as funções e formas que a arte deve
assumir, não é a parte que ela detém como um todo, mas onde ela pode se aplicar no
mundo real.
Nos anos 70 e 80, surge uma série de investigadores que produziram estudos
sobre a história da arte portuguesa com um olhar mais objetivo, levantando questões
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essenciais, como o redescobrimento de patrimônio histórico, abandono de uma visão
“casticista” da arte portuguesa, entre outros. Nisso, fez-se necessário instituições que,
segundo Maria Alexandra Câmara (1998, p. 125), servem para proteger esse patrimônio,
os quais são:
Portugal iniciou seus estudos mais enfáticos sobre sua arte na história no século
XIX. A história da arte surge em Portugal como uma disciplina que proporcionou uma
maior consciência nas práticas científicas do país, trazendo uma grande importância
social.
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2.5 História da Arte Nova e História da Arte Velha
A “Nova História da Arte” trata a “História da Arte Velha” como “muito séria”
e, portanto, com características de autossuficiência, e, ainda entende que esta, tem sua
fragilidade em se tratando da sua intelectualidade respeitável. Relacionou a “Velha
Arte” ao conceito de Connoisseurismo, palavra inglesa, hibridada ao idioma francês, que
em Português, se aproxima de expertise ou perito, que, segundo Cardoso (2009)
significa o acervo de conhecimentos aprofundados sobre as obras de arte, em que se
questiona por que meios elas foram feitas, quem as fez, onde foram feitas e as
referências de como foram reconstituídas, quais os padrões de falsificação e vendas.
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os “ismos”, ou seja, esses rótulos pré-estabelecidos e com os nomes dos autores de cada
“ismo” na ponta da língua, classificando-os de forma segregada.
Nesse sentido, vale retomar um conceito de arte, em que esta não deve ser
firmada dentro de subjetividade, dentro dela mesma, mas deve enaltecer o ser humano
como o protagonista do objeto artístico e na sua peculiaridade em fazê-la. Assim, a
compreensão de arte se processa pela dialética daquilo que ela expressa e o discurso
embutido na mesma.
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Pareyson (2001, p. 238) buscou entender o gosto pessoal e o juízo universal
dentro de um processo de avaliação do objeto artístico, indagando se seria possível
“conciliar a multiplicidade, a mutabilidade e a historicidade do gosto com a unicidade, a
definitividade e a universalidade do juízo”, já que são duas questões opostas, ou seja,
elas poderiam existir, sem que ambas percam a sua importância e se são necessárias à
leitura e à crítica da arte.
Nada mais legítimo do que declarar as próprias preferências, mas nada menos
legítimo do que apresentá-las como juízos. Se o gosto alcançar a profundeza
da obra ele contribuirá, para desenvolver a inexauribilidade da obra de arte:
sem comprometer a exatidão da crítica, atestará a riqueza da arte e da
interpretação que se dá a ela. Mas se, o gosto for assumido como critério de
avaliação, pode-se ter uma presunçosa pretensão de universalidade, que
serão apenas preferências pessoais absolutizadas e ilegitimamente
universalizadas (SILVA, 2013, p. 86).
RESUMO
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passadas e resultaram em relevantes mudanças, o que ela chamou de
“destradicionalização da arte”. A partir de 1980, os crivos e técnicas tradicionais
deixaram de ser necessários e passaram a ser acessórios, os questionamentos sobre o
tecnicismo artístico e os padrões de cores e imagens, estabeleceram, nesta década,
condições para se caracterizar o que se denomina como contemporaneidade. Nina
Rodrigues foi o primeiro autor a tratar sobre arte afro-brasileira e a sua forma de
denominar “arte negra” causou divergências, discriminação e perseguições de seus
pares em sua época, pois o consideravam racista. A arte indígena não se explica na
teoria, isso porque materialmente não existem livros ou artigos que montem e
conceituem uma “teoria da arte indígena”, ela é uma arte que se explica pelas tradições,
seus elementos são o cotidiano dos pontos tradicionais. O Reino Português sempre
privilegiou muito suas construções arquitetônicas, sendo suas igrejas os principais
pontos turísticos nos dias atuais. Nos anos 70 e 80, surge uma série de investigadores
que produziram estudos sobre a história da arte portuguesa com um olhar mais
objetivo, levantando questões essenciais, como o redescobrimento de patrimônio
histórico, abandono de uma visão “casticista” da arte portuguesa, entre outros. A “Nova
História da Arte” trata a “História da Arte Velha” como “muito séria” e, portanto, com
características de autossuficiência, e, ainda entende que esta, tem sua fragilidade em se
tratando da sua intelectualidade respeitável. O gosto pessoal não implica em avaliação,
mas na concepção subjetiva imediata do objeto artístico; já o juízo universal não tem
muito compromisso com a subjetividade, mas com aspectos objetivos e específicos da
obra.
Atividade complementar
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REFERÊNCIAS
NUNES. Fabricio Vaz. As artes indígenas e a definição da arte, Anais do VII Fórum de
Pesquisa Científica em Arte. Curitiba, Embap, 2011.
PAREYSON, Luigi. Os Problemas da estética, São Paulo, Martins Fontes, 2001, p. 238.
SILVA, Iris Fátima da. Problemas do juízo estético: Gosto pessoal e juízo universal em
Luigi Pareyson. Trabalho enviado para o11◦. Congresso Internacional de Estética –
Brasil -FAFICH/UFMG – Belo Horizonte – Minas Gerais -3 a 6 de setembro de 2013.
VELTHEM, Lucia Hussak Van. Artes indígenas: notas sobre a lógica dos corpos e dos
artefatos. Textos escolhidos de cultura e arte populares, Rio de Janeiro, v.7, n.1, p.
XXX-XXX, 2010.
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ZAMPARONI V. D. Os estudos africanos no Brasil. Veredas. Recuperado em 10 de
outubro de 2005 de: www.mulhresnegras.com.br., 2 p6. Gazeta Médica da Bahia.
Todos os direitos reservados, 2006.
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