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Disciplina:

Estética e História da Arte


Sabemos que, ao longo da história, nenhuma sociedade, por mais baixo que tenha
sido o seu nível de existência material, deixou de produzir arte.

Representações e decorações, assim como a narração de histórias e a música, são tão


naturais para o ser humano quanto a construção de ninhos para os passarinhos.
Ainda assim, as formas de arte variaram radicalmente em épocas e lugares diversos, sob
a influência de diferentes circunstâncias culturais e sociais.

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O que é ARTE?

Representação, imitação ou cópia. Arte é imitação da


MÍMESE natureza, segundo Aristóteles.

FORMA Busca a melhor harmonia, independentemente da ideia


de representação.
EXPRESSÃO
Valorização da relação entre obra de arte e artista,
vendo a primeira como auto-expressão do segundo.
Esta noção define a arte como criação subjetiva da
humanidade.

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Ver, entender e apreciar a ARTE

“Filosofia da arte” (ARGAN, 1994) – Estuda a atividade


ESTÉTICA artística no seu conjunto, como tipo de atividade com
motivações modalidades e finalidades que a
distinguem das outras.
HISTÓRIA DA ARTE Estuda como as produções tocam a sensibilidade e
geram julgamento de valor. É a base teórica sobre a
concepção de experiência e juízo que gera a crítica de
arte e os debates contemporâneos sobre arte

Tem a função de estudar a arte não como um reflexo,


mas como um agente da história (...) Desemboca e
enquadra-se na história geral da cultura, explicando
como será a cultura elaborada e construída pela arte.
(ARGAN, 1994) 4
Ver, entender e apreciar a ARTE

A experiência estética nos tira da ordinária vida do


ESTÉTICA cotidiano. Ela nos propicia o uso pleno da nossa
imaginação para sentir uma manifestação ou objeto
cultural que nos tenha sensibilizado.

Segundo a História da Filosofia, há dois momentos sobre a teorização da arte:


1 - Arte como poética: arte como fabricação, ação, gestos artificiais, ou seja, produção
pela mão humana (valor utilitário).
2 – Arte como estética: A partir do século XVIII - Abordagem que tem origem na palavra
grega aisthetiké (“conhecimento sensorial, experiência sensível, sensibilidade” - CHAUÍ,
2008, p. 281). Se dedica a compreender as artes enquanto criações humanas que tocam
a sensibilidade.
Historicamente essa segunda abordagem vai substituir a primeira e passa a ser o
campo da Filosofia que lida com as artes. 5
Ver, entender e apreciar a ARTE

HISTÓRIA DA ARTE

Área da história que trabalha com fontes históricas específicas, que são denominadas
arte.

Fontes históricas são documentos sobre o que já aconteceu. Podem elas podem
ser materiais ou imateriais.
As fontes materiais são aquelas que são físicas e que você pode pegar ou ver ou
ouvir ou sentir de alguma forma (pintura, arquitetura, escultura, livros,
utensílios...).
As fontes imateriais são pensamentos e saberes que estão na mente das pessoas
(como a história oral).
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História da arte é, obviamente, a história das obras de arte.
Mas como se decide que uma arte é uma obra de arte?

JUÍZO DE VALOR:
Esta decisão deriva do JUÍZO crítico.

Uma obra é vista como obra de arte quando tem importância na história da arte e
contribuiu para a formação e desenvolvimento de uma cultura artística.
O juízo que reconheceu a qualidade artística de uma obra, dela reconhece ao mesmo
tempo a historicidade.

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Criação de Adão. Michelangelo. C.1510.

Monalisa. Leonardo da Vinci. C.1503. 8


Pinturas rupestres de Lascaux.
C.15000 a.C. 9
A fonte. Marcel Douchamp. 1917.
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Giants. Os Gêmeos,
2014. Vancouver. 11
Em todas as épocas o juízo de valor sobre obras de arte foi formulado mais ou menos
explicitamente, mas em cada época foi formulado segundo parâmetros diversos – Por
isso a importância de se entender a obra de arte em seu próprio contexto.

“Noutros tempos, os parâmetros do juízo de valor foram o belo,


a fidelidade a imitação da natureza, a conformidade com
certos cânones icônicos ou formais, o significado religioso, o
interesse da narração figurada, etc”.
(...) “Para a nossa cultura o parâmetro do juízo é a história”.

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AUTENTICIDADE DA OBRA DE ARTE:

Autenticidade = noção histórica.


Autêntico ≠ Falso/Cópia/Imitação/Derivação

Tudo aquilo que se desapega da tradição:


seja continuando-a e desenvolvendo-a,
seja desviando-se do seu curso, seja
invertendo-o polemicamente.

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Os catadores. Millet, 1857. (Realismo)

Almoço na relva. Manet, 1863.


(Impressionismo)
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QUALIDADE DA OBRA DE ARTE:

“É o sinal de que uma obra de arte documenta o realizar de uma experiência, com todo
o interesse e a ânsia de busca que necessariamente a acompanham”. (ARGAN, 1994)

Conceito de qualidade artística:


Definido no século XVIII por J. Richardson – como valor que somente a crítica poderia
descobrir com a leitura atenta das obras.
Descobrir a maneira como o autor passa sua mensagem na obra era essencial.

A busca da qualidade requer sensibilidade. Esta sensibilidade, por sua vez, só pode ser
atingida com a prática, “‘ler’ o maior número de obras de arte possível, até se adquirir
uma familiaridade total com os processos expressivos das várias escolas e dos vários
artistas”.

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Todos nós passamos por uma torrente de formas, cores, sons, cheiros,
texturas, silhuetas etc. que nos estimulam cotidianamente. Estejamos em espaços
públicos (arquitetura, ruas, jardins, praças, avenidas, outdoors, cartazes, embalagens,
luminosos, transporte público etc.) ou dentro de casa (mobiliário, decoração, televisão,
rádio, internet, revistas, jornais, folders etc.), o interessante é percebermos que
sabemos “ler” essa profusão de estímulos.
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ISSO ACONTECE PORQUE TUDO ISSO É LINGUAGEM, E A ARTE TAMBÉM É.
LINGUAGEM DA OBRA DE ARTE:

Linguagem é a capacidade humana de dar significados a um sistema de signos (um


objeto, fenômeno ou ação que, por convenção, representa ou substitui outra coisa. O
signo representa algo, isto é, sinaliza alguma coisa) e coordená-los dentro de regras, de
maneira a passar uma mensagem para outras pessoas compreenderem.

A linguagem artística, da mesma forma,


está na capacidade de transmitir
mensagens a uma determinada
sociedade em determinado tempo
histórico (cada tempo há sua maneira de
se expressar).

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O cachimbo pintado
não é um cachimbo real, a
palavra cachimbo (em francês,
pipe) também não é em si mesma
um cachimbo.
Tudo se refere à ideia
de cachimbo.
O que vemos e lemos
ativa um conceito em nossa
mente, o conceito abstrato da
ideia do que é um "cachimbo".
A frase escrita em
francês “Ceci n’est pas une pipe”
(que significa literalmente “Isso
não é um cachimbo”) demonstra
que o que olhamos é um cachimbo
pintado e não um cachimbo real.
A traição das imagens.
René Magritte. 1928. 18
FUNÇÃO DA OBRA DE ARTE:
A linguagem (pedagógica) é a única função da arte???

A expressão (estética) é a única função da arte???

Não se sabe ao certo por que a humanidade começou a desenhar, fazer música, erigir um
monumento, tramar um tecido, moldar o barro, da mesma forma que não sabemos como
teve início a própria linguagem. Uma coisa, no entanto, é certa: um povo precisa se
exprimir, se comunicar!
Para GOMBRICH (1993), “Assim como não há povo no mundo sem linguagem, não há povo sem
expressão artística”.

Antropologicamente, a arte não é vital para um grupo cultural, mas ela revela e faz o
grupo sentir, vivenciar e aperfeiçoar valores de sua sociedade (experiência social,
comunitária). A arte materializa uma forma de viver (uma visão de mundo) e traz isso
para o mundo dos objetos. 19
Por QUEM a arte é produzida???

O ARTISTA:
Se presume - correta ou incorretamente - que o propósito da arte em sociedades sem
organização política (pré-história - pinturas rupestres) tenha sido mágico. Imagina-se
que ela expressasse crenças comuns e exercesse papel em rituais da comunidade.

Com o surgimento nações com hierarquia clara (Mesopotâmia e Egito, por exemplo) a
arte assume uma posição a serviço dos ricos e poderosos, embelezando e glorificando
o prestígio e a conquista dos governantes.

A arte também serviu aos propósitos das religiões, como decorações em templos,
recontando os mitos religiosos por meio de imagens.

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Tumba Ramses II. Egito.

A escada da ascensão divina. Autor desconhecido, sec. XII 21


O ARTISTA NA CONTEMPORANEIDADE:
O artista que mergulha no debate interno
das artes - gerando obras dialogando mais
com outra obra de arte do que com o
contexto social em que está inserido. O
artista que gera uma "arte pela arte" tem
compromisso fincado com a crítica de arte.

O artista que busca fazer suas obras como


crítica ao mundo em que vivemos,
podendo desde denunciar injustiças sociais
até criticar abertamente o próprio mundo
das artes. Trata-se de uma arte que deseja
conscientizar as pessoas sobre as injustiças
contemporâneas.
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Arjan Martins. 2017
O ARTISTA NA HISTÓRIA:
Na antiguidade, devido à sua função pedagógica, a questão da autoria era secundária.

Autor = Artífice

Quando o valor estético passou a ser valorizado (busca pelos cânones da arte) a
autoria ganhou destaque pela primeira vez.

Autor = Gênio criador

Hoje em dia, como a arte pode ser tanto expressão social quanto individual, a autoria
ganha nova significação.

Autor = Artista
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O artista, hoje em dia, possui uma função social que é sui generis, pois faz um produto
cultural que é comprado por poucos, mas que é “consumido” por muitos.

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ACERCA DO ESTUDO DA OBRA DE ARTE:

ARTISTA X CRÍTICO DE ARTE X HISTORIADOR DE ARTE

PRODUÇÃO VALORAÇÃO HISTORICIAZAÇÃO


Qualidade, Obra em seu
Autenticidade... tempo

“A História continua a ser a única ciência que explica os fatos artísticos, e muitos são os
procedimentos científicos que o historiador da arte utiliza em seu trabalho (por
exemplo: fotografia, cinematografia, procedimentos de catalogação, restauro...).”
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PERIODIZAÇÃO:

Fenômeno construído - “Toda investigação histórica delimita um campo próprio, isto é,


caracteriza e analisa grupos de fenômenos que, estando ligados entre si, formam um
sistema de relações, um PERÍODO. O início de uma período é geralmente assinalado por
uma mudança mais ou menos profunda em relação ao precedente”.

Contudo, os períodos históricos são, pois, campos de relações e mudam segundo a


interpretação dado ao sistema de relações respectivos.
Uma categoria muito funcional para uma primeira organização pode se revelar vaga e
enganadora.
Para GOMBRICH, (...) A maneira de se ultrapassar esse problema não está na recusa de usar palavras
que não sejam nomes de objetos ou de indivíduos singulares, também o historiador da arte deve
admitir que a classificação é um instrumento necessário, mesmo que por vezes possa se tornar um
mal igualmente necessário. Ela é bastante útil em seu trabalho cotidiano, na condição de nunca se
esquecer de que é obra do homem, e pelo homem pode ser ajustada e mudada. ”
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OBRIGADO

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