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DO ENSINO FUNDAMENTAL
Resumo
Introdução
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Graduada em Artes Visuais. Mestranda em Educação no Programa de Pós-Graduação - Mestrado e Doutorado
em Educação da Universidade de Passo Fundo/RS (PPGEDU-UPF). E-mail: tha_bedin@yahoo.com.br
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Graduada em Letras. Mestranda em Educação no Programa de Pós-Graduação - Mestrado e Doutorado em
Educação da Universidade de Passo Fundo/RS (PPGEDU-UPF). E-mail: ethyy@hotmail.com
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fomentadas para a sua solução são resultados de embates e das correlações de forças político-
econômicos, não permitindo que o tão esperado fim seja atingido.
Para traçar uma visão panorâmica da formação de professores de em nosso país,
tomamos como ponto de partida as análises que vem sendo feita pelos educadores (Dewey,
1971, Freitas, 2000; Freitag, 1980; Pontes, 2005; Barbosa, 1991 entre outros) no sentido de
identificar os caminhos das políticas de formação de professores, especialmente no ensino da
Arte, nos últimos dez anos, buscando nesta história identificar os elementos de superação das
condições em que se encontra a educação e em particular a formação de professores.
As ideias que apresentamos neste artigo têm suas origens na trajetória do movimento
dos educadores em luta pela sua formação e pela profissionalização do magistério.
A luta dos educadores entre as décadas de 70 e 80 trouxe contribuições importantes
para a educação e para a forma de olhar a escola e o trabalho pedagógico, ao colocar em
evidência as relações de determinação existentes entre educação e sociedade e a estreita
vinculação entre a forma de organização da sociedade, os objetivos da educação e a forma
como a escola se organiza.
Os anos 80 representam a ruptura com o pensamento tecnicista que predomina na área
até então. No âmbito do movimento da formação, os educadores produziram e evidenciaram
concepções avançadas sobre formação do educador, destacando o caráter sócio-histórico
dessa formação, a necessidade dessa formação, a necessidade de um profissional de caráter
amplo, com pleno domínio e compreensão da realidade de seu tempo, com desenvolvimento
da consciência crítica que lhe permita interferir e transformar as condições da escola, da
educação e da sociedade. Com esta concepção emancipadora de educação e formação,
avançou no sentido de buscar superar as dicotomias entre professores e especialistas,
pedagogia e licenciaturas, especialistas e generalistas, pois a escola avançava para a
democratização das relações de poder em seu interior e para a construção de novos projetos
coletivos.
A luta pela formação do educador, inserida na crise educacional brasileira, parte de
uma problemática mais ampla, expressão das condições econômicas, políticas e sociais de
uma sociedade marcada pelas relações capitalistas de produção e, portanto, profundamente
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A Lei nº 9.394/96 ao tornar obrigatório o ensino da Arte (e não mais Educação Artística)
na Educação Básica abre espaço para a criação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, com a
finalidade de sistematizar o ensino da disciplina em todo o país, cujas orientações didáticas para a
área da Arte, [...] referem-se ao modo de realizar as atividades e às intervenções educativas
junto dos estudantes nos domínios do conhecimento artístico e estético. São idéias e práticas
sobre os métodos e procedimentos para viabilizar o aperfeiçoamento dos saberes dos alunos
em Arte. Mas não quaisquer métodos e procedimentos e sim aqueles que possam levar em
consideração o valor educativo da ação cultural da arte na escola. As orientações referem-se
às escolhas do professor quanto aos conteúdos selecionados para o trabalho artístico em sala
de aula. Referem-se aos direcionamentos para que os alunos possam produzir, compreender e
analisar os próprios trabalhos e apreender noções e habilidades para apreciação estética e
análise crítica do patrimônio cultural artístico (BRASIL, 1997, p. 105).
As orientações metodológicas propostas nos PCNs de Arte levantam a ideia de se
desenhar um novo currículo para a disciplina que vislumbre um ensino artístico pautado pela
tringularização interdisciplinar entre procedimentos didático-pedagógicos inspirado no
modelo de Mãe Ana Barbosa conhecido por Proposta Triangular. Esta proposta visa a
construção de um currículo para o ensino da arte que interligue o fazer artístico, a história da
Arte e a análise das obras de grandes artistas, bem como a produção dos próprios alunos. Com
esta organização seria possível respeitar as necessidades e interesses dos alunos e os
conteúdos específicos de cada linguagem artística, dotados de valores culturais e sociais
(BARBOSA, 2003, p. 35).
Diante deste quadro, é fundamental que as escolas assumam a responsabilidade de
elaborar o seu “projeto educativo” (nos termos dos PCN) ou “proposta pedagógica”
(conforme a LDB). Seguindo princípios de flexibilidade e autonomia, a LDB delega aos
estabelecimentos de ensino a incumbência de “elaborar e executar sua proposta pedagógica”
(Lei 9394/96, Art. 12), o que é reafirmado pelas Diretrizes Curriculares Nacionais para o
Ensino Fundamental (Resolução no 2/98 – CNE), que têm – estas sim – caráter obrigatório.
Pois vale lembrar que, embora o MEC esteja colocando os PCNs como referência para a
avaliação das escolas e destino de recursos, do ponto de vista formal eles não têm
obrigatoriedade. Segundo o Parecer 03/97 do Conselho Nacional de Educação (CNE), “os
PCNs resultam de uma ação legítima, de competência privativa do MEC e se constituem em
uma proposição pedagógica, sem caráter obrigatório, que visa à melhoria da qualidade do
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Conforme Dewey (1971), a educação não representa uma preparação nem uma
conformidade. A educação é, na verdade, vida; é viver, é crescer, é desenvolver-se. Freitag
(1980) complementa a fala de Dewey ao dizer que o ato educacional consiste em dar ao
indivíduo os subsídios necessários para que ele possa reorganizar suas experiências vividas
em linhas mais ou menos ordenadas e sistematizadas.
À educação cabe, então, o papel de tornar o indivíduo um ser independente, autônomo
e capaz de tomar decisões relevantes ao seu meio social. Isso significa dizer que a educação é
um ato claramente político, caráter que não pode ser esquecido. Conforme Freitag (1980,
p.20), “A educação vem a ser o processo de socialização dos indivíduos para uma sociedade
racional, harmoniosa, democrática, por sua vez controlada, planejada, mantida e reestruturada
pelos próprios indivíduos que a compõem”.
A citação transcrita dá a dimensão do quanto a educação é um ato político. No entanto,
o que vemos é a incapacidade dos atuais sistemas educativos em ser um processo de
socialização, em estabelecerem uma sociedade democrática. A sociedade em que vivemos
está longe de atingir esses objetivos. Muitos pensadores viram na educação a solução para os
problemas sociais que afetam a população menos assistida, mas hoje sabemos que ela é
apenas um dos instrumentos na luta contra as mazelas que atingem os menos favorecidos.
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Contudo, o uso que se está dando para a educação ainda parece promover e reforçar a classe
dominante em detrimento daqueles que “devem” ser dominados.
Para compreender os significados atribuídos ao ensino de arte se faz necessário
observar as mudanças que ocorreram no entendimento de estética e de arte na passagem do
campo moderno para o contemporâneo e relacioná-las ás modificações ocorridas na
Pedagogia. No contemporâneo há uma ampliação das significações do entendimento de arte,
que passa a abrigar as mais diversas experimentações, não mais atrelada ao ideal de beleza,
mas de contextualização do objeto artístico (PONTES, 2005)
A arte assim concebida exige outras formas de interação com os objetos artísticos na
qual o olhar do apreciador (aluno) é participativo ao estabelecer significados para o que foi
proposto pelo artista. Nesse sentido faz-se necessário educar os indivíduos para que possam
constituir um diálogo entre vivências, experiências estéticas e os objetos artísticos, para isso
os saberes e fazeres da arte devem ser abordados em todos os níveis da educação formal no
sentido da formação do leitor-apreciador da arte.
A partir das últimas décadas do século XX, no Brasil os arte-educadores
empreenderam um movimento de resgate da sua valorização profissional e da valorização da
área de Arte como um conhecimento que deve estar presente nos currículos em todos os
níveis de ensino. Articularam, assim, diretrizes diferentes para a presença desse conhecimento
na escola. Essas diretrizes surgiram como produto da luta em defesa da presença da Arte no
currículo e de mudanças conceituais no seu ensino com o intuito de devolver “Arte à
educação” proporcionando a todos o acesso aos objetos artísticos e às possibilidades de
expressão desses objetos. O objetivo daqueles que acreditaram e acreditam nesses
pressupostos conceituais é contribuir para a difusão da Arte na escola, garantindo a
possibilidade igualitária de acesso ao seu conhecimento. “É preciso levar a Arte, que está
circunscrita a um mundo socialmente limitado a se expandir, tornando-se patrimônio cultural
da maioria”. (BARBOSA, 1991).
Essas diretrizes contemporâneas para o tratamento da Arte direcionam sua visão em
três de suas dimensões que, na prática de sala de aula, se tornarão complementares: Arte como
linguagem, Arte como expressão da cultura e Arte como conhecimento.
Os conhecimentos da área de Arte são expressos por meio de linguagens, que têm em
comum com outras linguagens constituir-se em processos representacionais e comunicativos.
As linguagens artísticas têm uma sintaxe própria que lhes dá significação e faz com que
possam ser lidas. Realizar leituras e estabelecer sentidos para as manifestações artísticas
significa entrar em contato com a forma como estas se constituem e interpretar as
combinações das relações significantes da mensagem artística. Nesse sentido, ao tratarmos de
práticas pedagógicas em linguagens artísticas tomamos como referencial a estética
contemporânea que reconhece a arte como um conhecimento construído num tempo e espaço
a partir da relação entre experiência estética, do fenômeno estético e do saber estético.
A Arte é entendida como qualquer outra área do conhecimento humano, com uma
história e repertório próprio que podem ser vivenciados e refletidos pelos alunos em situações
de ensino. No Brasil, a Proposta Triangular de Ensino da Arte proposto por Ana Mae, propõe
que para se olhar a Arte enquanto conhecimento é necessário articular o fazer artístico, a
contextualização e a leitura de obras.
O objeto de conhecimento é a própria Arte, suas várias linguagens e códigos. O
indivíduo chega à produção artística através de um processo (sentir, pensar, construir e
expressar) no qual as experiências anteriores acumuladas pelo sujeito articulam o antigo e o
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específica, ou seja, relações que contemplem uma ligação coerente entre o projeto político
pedagógico, o cotidiano da sala de aula e a produção de material didático, tais como:
a) A especificidade da área deverá ser relacionada as demais especificidades do
currículo, pois é preciso ver a organização curricular como um todo, e ver como a área de
Arte nela se insere;
b) O posicionamento da instituição, com relação às áreas de conhecimento, implica na
qualidade da mediação do educador, por isso é preciso que os docentes se organizem
enquanto sujeitos atuantes que influenciam nos rumos da sua escola;
c) As intervenções dos educadores ocorrem dentro de uma organização espaço-
temporal que influencia nos seus rumos. Faz-se necessário a criação de condições objetivas
para que a prática pedagógica em arte tenha êxito.
À primeira vista, a flexibilidade presente na proposta de Arte procura considerar as
diferenciadas condições das escolas, levando em conta também a disponibilidade de recursos
humanos. Diante das condições do sistema de ensino em nosso país, seria irrealista pretender
vincular a abordagem de cada linguagem artística a séries determinadas, num programa
curricular fechado. Mas esta flexibilidade pode, em certa medida, comprometer a função
básica dos Parâmetros Curriculares Nacionais, que é garantir um padrão de qualidade no
ensino, em nível nacional, inclusive em termos dos conteúdos estudados. Pois, na área de
Arte, muito é deixado a cargo de cada escola ou mesmo do professor, inclusive com respeito à
abordagem dos conteúdos.
A nosso ver, a proposta dos PCNs na área de Arte é ambiciosa e complicada de ser
viabilizada na realidade escolar brasileira. Para a sua aplicação efetiva, seria necessário poder
contar com recursos humanos com qualificação - o que implica desde a valorização da prática
profissional até ações de formação continuada e acompanhamento pedagógico constante -,
além de recursos materiais e estruturais que atendessem às necessidades da prática pedagógica
em cada linguagem artística.
Uma questão crucial, portanto, é o professor que irá colocar em prática os PCNs de
Arte: qual deverá ser a sua qualificação? A característica geral da proposta, que se direciona
para o resgate dos conhecimentos específicos da arte, a complexidade dos conteúdos nas
diversas modalidades artísticas, tudo isso parece indicar a necessidade de professores
especializados em cada linguagem. Mas, na verdade, não há definições claras sobre a
formação do professor de Arte, nem nos PCNs, nem na atual Lei de Diretrizes e Bases (LDB).
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Por conseguinte, como muitas vezes a contratação de professores está submetida à lógica de
custos e benefícios, acreditamos que dificilmente as escolas contarão - a curto ou médio prazo
- com professores especializados em cada uma das quatro modalidades artísticas dos PCNs de
Arte.
Tais perspectivas colocam em discussão a possibilidade de os PCNs de Arte trazerem
mudanças efetivas para a prática pedagógica na área. A pretensão de um único professor
realizando as propostas dos PCNs de Arte em todas as linguagens artísticas contradiz a
amplitude e profundidade das propostas específicas, atualizando a polivalência e conduzindo,
inevitavelmente, a um esvaziamento de conteúdos. Se os PCNs de Arte forem implementados
desta forma, ou se ficarem apenas no papel - em belos planejamentos e relatórios - estarão
sendo reduzidos a meros atos de discurso, mascarando, na verdade, a ausência de renovação
das ações pedagógicas em arte.
artístico de sua própria e das demais culturas, o professor de Arte deve aprofundar-se no
conhecimento estético, a partir da compreensão e entendimento dos legados culturais e
artísticos da humanidade, unindo a práxis educativa crítico-reflexiva ao conhecimento
artístico, pautado por vivências das linguagens específicas (FUSARI & FERRAZ, 2001).
Diante desta realidade, fundamentada em estudos recentes, surgem os motivos que
levaram ao desenvolvimento deste projeto, cuja finalidade não é apontar as deficiências do
sistema educativo da Rede Municipal de Ensino, mas a partir de sua análise, contribuir para o
avanço da discussão sobre a elaboração de um currículo que se coloque a disposição de
professores que ministram a disciplina Arte, para que desde modo possa contribuir com suas
práticas docentes, ao indicar objetivos, conteúdos e metodologias para o ensino da matéria,
levando qualidade para o processo de ensino-aprendizagem e valorizando, o trabalho docente,
e de modo especial a formação discente.
Uma compreensão mais densa acerca destas questões faz-se necessária para que se
possa delinear o papel de Arte na escola como disciplina curricular e na sociedade como
produto cultural reflexo das experiências e das relações humanas, além de ajudar a
redimensionar seu papel e sua identidade de educador e de cidadão protagonista de uma
história.
A aplicação integral de propostas como esta pressupõe uma reestruturação do processo
inicial de formação dos licenciados para o ensino de Arte que observe a importância de uma
habilitação específica em uma das quatro linguagens artísticas como complemento formativo;
também requer a apropriação, por parte dos alunos-professores, de conhecimentos culturais
necessários à prática docente contextualista. Assim, o professor de arte da atualidade tem um
duplo desafio, pois além de saber sobre Arte, precisa saber ser professor de Arte. Esta
metodologia exige do professor conhecimentos e habilidades específicas para atuar no contexto
sócio-cultural dos alunos, aproximando-os do legado cultural e artístico da humanidade a partir de
suas próprias realidades.
Para que isso ocorra nas escolas brasileiras cabe ao professor aprofundar seus estudos
sobre os conteúdos da Arte e aprimorar seu senso estético em relação às concepções artísticas
modernas e contemporâneas; bem como valorizar a diversidade das manifestações artístico-
culturais. Saber articular estes conhecimentos e saberes sobre arte com a realidade dos alunos em
seus âmbitos pessoal, regional, nacional e internacional, concorre para que sejam capazes de
elaborar uma “cultura estética e artística que expresse com clareza a sua vida na sociedade”. O
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professor de Arte é a peça fundamental nesse processo transformador (FUSARI & FERRAZ,
2001, p. 49).
Duarte Júnior (2006) alerta que, devido à falta de preparo para o ensino da Arte em toda a
Educação Básica, é comum a prática docente fragmentada e descompromissada de reflexão e de
contextualização, voltada para a reprodução de modelos pré-estabelecidos baseados em padrões
de beleza estereotipados, sem significatividade para o aluno. Portanto, é imprescindível que o
professor se atenha aos conteúdos culturais e aos interesses dos alunos como base para a
contextualização de trabalho cotidiano em sala de aula.
Com isso a presente proposta curricular-metodológica para o ensino de Arte centra-se
na capacidade criadora, tanto de professores quanto de alunos, de suas experiências e
sentimentos em relação ao ambiente nos quais estão inseridos.
Para concluir, é preciso deixar claro que, apesar de todos os questionamentos em torno
dos PCN-Arte, reconhecemos a importância destes documentos, que podem ajudar a
fortalecer a presença da arte na escola. Sem dúvida, os PCN-Arte sinalizam um
redirecionamento do ensino de arte, respondendo às buscas da própria área. É preciso lembrar,
no entanto, que as normas contam, sobretudo pelos seus efeitos, de modo que os PCN
dependem de sua concretização - ou seja, de sua realização na prática escolar. Nesta medida,
tanto a renovação da prática pedagógica em arte quanto a “transformação positiva no sistema
educacional brasileiro”, a que se refere o Ministro da Educação, passam necessariamente pela
prática concreta com todos os seus conflitos, pois é nela que tais mudanças terão que ser
construídas e conquistadas.
Considerações Finais
Dentre os aspectos pontuais desta abordagem educativa em arte aqui apresentada, está
a possibilidade de se tratar a temática sob o prisma do multiculturalismo e do
interculturalismo, instigando os alunos a repensarem a diversidade cultural e seus valores para
reconhecer sua importância e identificar pontos convergentes ou divergentes entre as variadas
manifestações culturais expressas por meio da arte.
A educação em arte propicia o desenvolvimento do pensamento artístico e da
percepção estética, que caracterizam um modo próprio de ordenar e dar sentido à experiência
humana: o aluno desenvolve sua sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar
formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer. O conhecimento de arte abre
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perspectivas para que o aluno tenha uma compreensão do mundo na qual a dimensão poética
esteja presente: a arte ensina que é possível transformar continuamente a existência, que é
preciso mudar referências a cada momento, ser flexível. Isso quer dizer que criar e conhecer
são indissociáveis e a flexibilidade é condição fundamental para aprender (BRASIL, 1997, p.
19-20).
Sabemos que apesar da existência na Lei, a educação em arte no Brasil, bem como,
nas escolas, é frequentemente reduzida à disciplina decorativa, com poucos professores
graduados ou habilitados para conduzir a arte na escola. Dessa forma, a arte acontece para ser
vista e reproduzida, sem aprendizagem em conexão a subjetividade e a estética.
Compreender a História da Arte e contextualizá-la com os saberes e com a
aprendizagem das crianças facilita na seleção de conteúdos, de temas transversais, como
também no trabalho interdisciplinar. Estar em contato com a realidade escolar e com os
interesses da criança é de fundamental importância para que o professor estabeleça relações
de diálogo, confiança e harmonia entre ele e os educandos, estando atento a todas as ações
que envolvem sua prática docente e a prática discente, para que dessa forma além de
proporcionar uma aprendizagem significativa para o educando possa refletir sobre sua prática
docente.
O caminho talvez seja, como diz Morin (2000), transformar a condição humana no
objeto essencial de todo o ensino. Talvez assim, as políticas e os sistemas de ensino possam
ser mais justos e eficazes, dando conta da complexidade que é o ser humano e entendendo
como um ser único e, portanto, indivisível.
REFERÊNCIAS
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