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Histórias da Arte

A TRADIÇÃO DA RUPTURA:
DA ORIGEM DA FOTOGRAFIA À ARTE CONTEMPORÂNEA
Apresentação
Módulo I
As origens das tradições estéticas: da arte rupestre ao Renascimento

Módulo II
O culto profano à beleza: do Renascimento ao Impressionismo

Módulo III
A tradição da ruptura: da origem da fotografia à arte conceitual
1º Encontro
INTRODUÇÃO AO MÓDULO III
Orientações
oFrequência
oTrabalho
oAvaliação
oCertificado
oVisitas/lives
oÚltimo dia do curso
oAusências
Quando algo pode
Quem determina o
O que é arte? ser considerado
que é arte?
arte?
O que é arte?

A Fonte, Marcel Duchamp, 1917


801 definições
sobre arte e o
sistema da arte
1. Interesse pragmático: teorias instrumentais da arte

TEORIAS
OCIDENTAIS DA
ARTE (1) A ARTE COMO
MANUFATURA
(2) A ARTE COMO
INSTRUMENTO DE
(3) A ARTE COMO
INSTRUMENTO DE
(4) A ARTE COMO
INSTRUMENTO DA
(5) A ARTE COMO
INSTRUMENTO DA
EDUCAÇÃO OU DOUTRINAÇÃO EXPRESSÃO OU
1. Interesse
EXPANSÃO DA
APRIMORAMENTO RELIGIOSA OU COMUNICAÇÃO DA EXPERIÊNCIA
MORAL EMOÇÃO
pragmático: teorias
instrumentais da arte.

OSBORNE, Harold. Estética e


Teoria da Arte. São Paulo:
Editora Cultrix, 1993, p. 26-27.
2. Interesse pela arte como reflexo ou cópia: teorias
naturalistas da arte

TEORIAS
OCIDENTAIS DA
ARTE

(1) Realismo: arte como reflexo do real


(2) Idealismo: a arte como reflexo do ideal
(3) Ficção: a arte como reflexo da realidade imaginativa ou do ideal inatingível
3. O interesse estético: teorias formalistas da arte
TEORIAS
OCIDENTAIS DA
ARTE

(1) A arte como criação autônoma


(2) A arte como unidade orgânica
4. Estética conceitual
O conceitual é uma tendência que se aproxima mais da proposição de arte
como processo e não como produto final, contando mais a ideia do que a
TEORIAS aparência visual.
OCIDENTAIS DA
ARTE

KOSUTH, Joseph. “Arte Depois


da Filosofia”. In: FERREIRA,
Glória. (org). Escritos de artistas. One and Three Chairs, 1965, Joseph Kosuth
Anos 60/70. Rio de Janeiro:
Zahar, 2006.
Nada existe realmente que se
possa dar o nome de Arte.
Existem somente artistas[...]
Existem razões erradas para não
se gostar de uma obra de arte. –
E. H. Gombrich
“Assim, o objeto [de arte ou artesanato]
torna-se um testemunho não apenas do
conhecimento técnico, mas, principalmente,
da visão do mundo, de sua revelação,
homem e sociedade, dialogando na
tentativa de dizer quem ele é pelo que faz,
significando para si e para seu grupo
valores simbólicos de quem vivencia o seu
modelo cultural.”
Mário de Andrade
ANDRADE, Mário de. O artista e o artesão. Aula inaugural dos cursos de Filosofia e História da Arte, do
Retrato de Mario de Andrade, Lasar Segall Instituto de Artes, da Universidade do Distrito Federal em 1938. 16p. (Mimeogr.).
óleo sobre tela, 1927
Cabeça de Touro, Picasso, 1942
“Subitamente vemos que a obra do artista nos
revela que captamos a nós próprios; e então
compreendemos que toda criação, todo o
pensamento humano está contido em nós.”
Jacob Bronowiski
Repertório
Numa simplificação conceitual, repertório ou subcódigo é o arquivo
dinâmico de experiências reais ou simbólicas de uma pessoa ou
grupo social (...) tem recorrência no conceito de memória, de
imaginação e, em última instância, no de conhecimento. Assim
como repertório, a memória, a imaginação e o conhecimento não
são arquivos mortos, passivos.
MESERANI, Samir C. O vizinho da sala ao lado. In: São Paulo, Secretaria da Educação. Quem quiser que conte outra... São Paulo, SE/Cenp,
1986. pp 17,18
Traição das Imagens, 1928, René Magritte (1898-1967)
O artista e sua obra
Artesão/Artesã
Filósofo/Filósofa
Intelectual
Louco/Louca
Gênio/”Gênia”
Antena da humanidade
Marqueteiro/Marqueteira
Professor/Professora
Designer
Arquiteto/Arquiteta
Popstar
O Artista e sua Modelo (1960), John De Andrea
Impressão do Sol Nascente,
Claude Monet, óleo sobre tela
de 1872.
Cronologia
O estudo cronológico dos fatos e da produção
artística de uma sociedade ou de um artista é
instrumento referencial.

A Persistência da
Memória, Salvador Dalí,
1931, óleo sobre tela.
Interpretação
Quanto mais antiga a civilização,
mais difícil é a interpretação exata
dos fatos e razões que levaram a
determinada produção artística, a
maior parte das informações
disponíveis são baseadas em
algumas evidências materiais,
interpretações de estudiosos e
apenas alguns registros escritos.

Beijo do Hotel de Ville, Robert Doisneau, Paris, 1950


O Beijo do
Hôtel de Ville
A foto (“O beijo do Hotel de Ville“.) é considerada como a mais vendida
da história. No ano de 1950 o fotógrafo Robert Doisneau (1912-1994)
encontrava-se tomando café na Rue de Rivoli, bem em frente ao Hotel
de Ville, quando captou a imagem (assim dizia) de um casal apaixonado
se beijando intensamente, enquanto caminhavam na multidão.

Tal fotografia completou o trabalho que ele realizava sobre o


romantismo francês, ilustrando a reportagem encomendada pela
revista Americana LIFE, batizando a cena com o nome “O beijo do Hotel
de Ville“.

Na realidade, a foto não foi ocasional. Doisneau levou o casal da foto


ao lado (Françoise Bornet e Jacques Carteaud), para três locais de Paris:
a Place de la Concorde, a Rue de Rivoli e o Hôtel de Ville, pedindo que
os dois se entrelaçassem com volúpia. Resultou, daí, “O Beijo do Hôtel
de Ville” - foto-ícone do romantismo parisiense dos anos 1950.

Como agradecimento, o casal recebeu uma cópia da foto na época. No


ano de 2005, Françoise Bornet (a mulher do beijo), na foto ao lado, já
com 75 anos, levou a leilão a foto que guardara por mais de 50 anos,
autografada pelo fotógrafo. Um milionário suíço a arrematou. O lance
chegou à impressionante marca de 155 mil euros.
Deslocamentos
Os deslocamentos geográfico, cultural e
temporal interferem em nossa visão sobre
uma produção estética pela nossa
incapacidade de compreender na sua
totalidade o ambiente, a cultura e a
sociedade em que foi concebida.
Jean Renoir (1899), Pierre Auguste Renoir Franklin Delano Roosevelt com 2 anos e meio (1884) Mário de Andrade
óleo sobre tela, 55,4 cm x 46,5 cm, Art Institute of Fonte: Wikimedia.org Fonte: Casa Mário de Andrade
Chicago
Chapelle du Rosaire de Vence, Matisse, 1949-1951
Interferências
A maioria das produções artísticas não permanece
exatamente como foram criadas.
Decomposição de materiais, interferências de outras culturas,
má preservação e restaurações ruins são interferências
frequentes que dificultam uma leitura precisa.
A Sra. Cecília, então com 80 anos,
na maior das boas vontades
resolveu por conta própria restaurar
um famoso quadro do século 19,
feito por Elías García Martínez. O
quadro estava pendurado há 100
anos na Igreja de Nossa Senhora em
Zaragoza, na Espanha
Cautela
Embora exista muita concordância entre os
estudiosos sobre determinados fatos, vez por
outra a história pede revisão de uma teoria. Pode
haver discordância entre temas específicos devido
a novas descobertas ou a formulação de novos
conceitos e/ou teorias.

A Fonte (1917), é uma obras historicamente atribuída a Marcel Duchamp.


Pesquisas recentes atribuem a obra a artista Baronesa Elsa von Freytag-
Loringhoven.
Limbswish (1918)
Elsa von Freytag-Loringhoven
Fonte: Wikiart

Baronesa Elsa von Freytag-Loringhoven (1874-1927)


Fonte: VILELA, Lucila. Baronesa Elsa e Marcel Duchamp: a fonte dos readymades. Interarquitive. Disponível em: https://interartive.org/2017/04/elsa-e-
duchamp
Cronologia
1453 Queda do
Império bizantino
Nascimento de Cristo 500 d.c. 1000 d.c.

ANTIGUIDADE
CLÁSSICA IDADE MÉDIA IDADE MODERNA

. Arte Grega . Arte Românica . Renascimento


. Arte Romana . Arte Gótica

. Arte Paleocristã
. Arte Bizantina

ARTISTA-ARTESÃO E SOCIEDADE QUE ELE REPRESENTA ARTISTA E MECENAS


1826: Descoberta da Fotografia (Joseph Niépce)

1789: Revolução Francesa 1839: Invenção do daguerreótipo (Louis Daguerre)

Séc. XVI Séc. XVIII 1800 1850 1900

IDADE MODERNA SÉCULOS


IDADE CONTEMPORÂNEA
(Antigo Regime) XX E XXI

. Maneirismo . Neoclassicismo
. Barroco
. Romantismo
. Rococó
Realismo/Naturalismo (1855, Le Realisme, G. Courbet)
. . Impressionismo (entre 1860-1890)
. Simbolismo (surge na déc. 1880)
. Arte Nova/Art Nouveau)
final séc. XIX e início do séc. XX

ARTISTA E MECENAS ARTISTA GÊNIO ARTISTA33


AUTÔNOMO
GRUPOS E COLETIVOS
Épocas Épocas
Clássicas Anti-Clássicas

Idade Média:
Grécia Românico
Roma Gótico

Maneirismo
Renascimento Barroco
Rococó

Neoclássico Romantismo

Apolíneas* Dionisíacas*
(Razão) (Emoção)

*NIETZSCHE, Friedrich. A Visão Dionisíaca do Mundo. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2005.
1 ORIENTE 2 ARTES PRIMITIVAS 3 PSICANÁLISE 4 MÁQUINA 5 CIÊNCIAS
THE EVOLUTION OF
GRAFFITI AND
STREET ART: A
DIAGRAM
September 12,
2013 · by Tucker · in
Art History, Media.
·
”The Feral Diagram
on Graffiti and
Street Art is an
homage to and
celebration of the
75th Anniversary of
the Alfred H. Barr
diagram on Cubism
and Abstract Art. ”
– PantheonNYC
Fonte:
https://artblot.wordpress.com/201
3/09/12/the-evolution-of-graffiti-
and-street-art-a-diagram/
TRADIÇÃO RUPTURA
Nada existe realmente que se possa dar o
nome de Arte. Existem somente artistas[...]
Existem razões erradas para não se gostar
de uma obra de arte. – E. H. Gombrich
Entre o retrato que
Rubens fez de seu filho
e o Dürer fez de sua
mãe qual é mais belo?
Peter Paul Rubens – Retrato de
seu filho Nicholas, c. 1620, giz
preto e vermelho sobre papel,
25,2 x 20,3 cm; Albertina, Viena.
Albrecht Dürer, Retrato de sua
mãe, 1514, giz preto sobre
papel, 42,1 x 30,3 cm;
Kupferstichkabinett, Staatliche
Mussen, Berlim
Bartolomé Estebán Murillo,
Crianças sem lar, c. 1670-5, óleo
sobre tela, 146 x 108 cm; Alte
Pinakothek, Munique.
Pieter de Hooch, Interior com
mulher descascando maçãs,
1663, óleo sobre tela, 70, 5 cmx
54,3cm; Wallace Collection,
Londres.
Melozzo da Forli, Anjo,
c. 1480, detalhe de um afresco; Pinacoteca,
Vaticano
Hans Memling, Anjo, c.
1490, Detalhe de um altar;
óleo sobre madeira;
Koninklijk Museum voor
Schone Kunsten, Antuérpia
O problema é que
gostos e padrões de
beleza variam
muitíssimo.
Guido Reni, Cristo coroado com espinhos, c. 1639-
40, óleo sobre tela, 62 x 48 cm; Louvre Paris.
Cristo Bizantino
c. 1200
Depois que adquirimos
entendimento dessas
linguagens diferentes,
poderemos até preferir
obras de arte com
expressões menos óbvias
do que a de Reni
Rembrandt é necessariamente menos
perfeito porque mostra menos detalhes?

Albrecht Dürer, Lebre, 1502, aquarela e


guache sobre papel, 25 x 22,5 cm; Albertina,
Viena.

Rembrandt van Rijn, Elefante, 1637, giz preto


sobre papel, 23 x 34 cm. Albertina Viena
“Os principiantes
geralmente querem
admirar a perícia do
artista em representar
as coisas tal como eles
as vêem.”
Pablo Picasso, O Galo, 1936, nanquim sobre papel. Pablo Picasso, Galo Novo, 1938, Carvão sobre papel.
Ao examinarmos um quadro que
julgamos estar distorcido, devemos
nos perguntar primeiro se o artista
não teria suas razões para mudar a
aparência daquilo que viu.
Anita Malfatti, A Boba, 1915/1916
óleo s/ tela, 61 x 50,6 cm
Anita Malfatti,
Itanhaém. 1948-49. óleo
s/ tela (72x92). Col.
Manuel Alceu Affonso
Ferreira, SP.
Nunca devemos condenar
uma obra por estar
incorretamente desenhada, a
menos que tenhamos a mais
profunda convicção de que
nós estamos certos e o pintor,
errado.
Théodore Gericault,
Corrida de Cavalos em
Epson,
1821, óleo sobre tela, 92 x
122, 5 cm; Louvre, Paris
Eadweard Muybridge,
Movimento de um cavalo a
galope, 1872
Sequência fotográfica;
Kingston-upon-Thames
Museum
Ao examinarmos uma
obra de arte devemos
estar abertos à proposta
de um novo olhar para o
universo isentos de
preconceitos.
Caravaggio, São Mateus, 1602
Duas versões:
Retábulo; óleo sobre tela, 223 x 183 cm; destruído; antes no Kaiser-Friedrich
Museum, Berlim

Retábulo; óleo sobre tela, 296,5 x 195 cm; igreja de S. Luigi dei Francesi, Roma
Aquilo com que um artista se
preocupa quando planeja seus
quadros, faz seus esboços ou
se interroga sobre se
completou ou não uma tela é
algo muito difícil de converter
em palavras.
A maioria das pinturas e esculturas que
hoje se alinham ao longo das paredes
dos nossos museus e galerias não se
destinava a ser exibida como Arte.
Foram feitas para uma ocasião definida
e um propósito determinado que
habitava a mente do artista quando
pôs mãos à obra.
Rafael
Virgem no Prado, 1505-6

óleo sobre madeira,


113 x 88 cm; Kunsthistorisches Museum, Viena
O artista não obedece
regras fixas.
Ele simplesmente intui
o caminho a seguir.
Thomas Gainsborough,
O Rapaz de Azul, 1770
Os grandes mestres entregaram-se
por inteiro, sofreram por elas,
sobre elas suaram sangue e, no
mínimo, têm o direito de nos pedir
que tentemos compreender o que
quiseram realizar.[...] Nunca se
acaba de aprender no campo da
arte.
O alerta de Gombrich

Eu gostaria de ajudar a abrir olhos, não a


soltar línguas.

Falar argutamente sobre arte não é difícil,


porque as palavras que os críticos usam
têm sido empregadas em tantos contextos
diferentes que perderam toda a sua
precisão.

Mas olhar um quadro com olhos de


novidade e aventurar-se numa viagem de
descoberta é uma tarefa muito mais difícil,
mas também mais compensadora.

É incalculável o que se pode trazer de volta


de semelhante jornada.
"A arte é a mentira que nos
permite conhecer a verdade."
Pablo Picasso

Guernica - pintado por Pablo Picasso em 1937 por ocasião da Exposição Internacional de Paris
Como a tecnologia interfere em minha vida?
Reflexões para
próximo Proposta de atividade

encontro Falar sobre um filme marcante.


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Wladimir Wagner Rodrigues
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