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UNAR – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ARARAS “DR.

EDMUNDO ULSON”
CURSO: ARTES VISUAIS

A IMPORTÂNCIA DAS ARTES VISUAIS


NA APRENDIZAGEM ESCOLAR

ANA CAROLINA SOARES RODRIGUES DA SILVA

Araras SP
2019
A IMPORTÂNCIA DAS ARTES VISUAIS
NA APRENDIZAGEM ESCOLAR

ANA CAROLINA SOARES RODRIGUES DA SILVA

Orientador(a): Prof. Me./Dr. ........................................

Monografia apresentada como exigência


parcial para conclusão do Curso de Artes
Visuais da UNAR – Centro Universitário de
Araras “Dr. Edmundo Ulson”.

Araras SP
2019
Parecer dos avaliadores
DEDICATÓRIA:

As pessoas mais importantes da


minha vida, a minha família, pela
compreensão e incentivo na realização deste
curso.

AGRADECIMENTOS
Ao Senhor, meu Deus, por me ter dado força e sabedoria para
vencer as dificuldades e alcançar mais um objetivo.

Aos professores desta instituição pelos ensinamentos e colaboração


durante a realização do curso.

A minha família, pelo apoio e incentivo a mim prestados durante a


minha trajetória de vida.

RESUMO
A disciplina de Arte tem um papel importante na educação escolar, equivalente às outras
áreas de conhecimento. A educação em arte contribui no processo de desenvolvimento integral do
aluno, propicia o desenvolvimento das capacidades de relação interpessoal aos conhecimentos mais
amplos da realidade social e cultural; visando estimular à sensibilidade, a percepção, a reflexão e a
imaginação, incentivando-o a pensar, sentir e agir de forma mais crítica. A prática das artes visuais,
como linguagem visual de Arte, favorece o processo de aprendizagem, tornando a aprendizagem
mais significativa para o educando. O ensino de Artes, como das artes visuais, deve ser um trabalho
organizado, planejado e de forma criativa para dar o verdadeiro sentido em artes, e gerar o
desenvolvimento cultural dos educandos. O presente estudo foi desenvolvido a partir de uma
pesquisa bibliográfica, com a finalidade de obter um aprofundamento sobre as teorias que abordam o
tema em estudo, através de leitura e interpretações de documentos e legislações, livros, subsídios,
revistas, e outros recursos disponíveis na internet sobre os assuntos. Este estudo aborda os temas: A
relação da arte e a educação; Conhecendo as artes visuais: uma linguagem visual e a importância
das artes visuais na aprendizagem escolar.

Palavras- chave: Educação. Arte. Artes Visuais. Aprendizagem

SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..............................................................................................................7
CAPITULO I...................................................................................................................8
A RELAÇÃO DA ARTE E EDUDUCAÇÃO.................................................................8
CAPITULO II................................................................................................................14
CONHECENDO AS ARTES VISUAIS: UMA LINGUAGEM VISUAL.......................14
CAPITULO III...............................................................................................................18
A IMPORTÂNCIA DAS ARTES VISUAIS NA APRENDIZAGEM ESCOLAR..........18
1. A Arte visuais na Educação Infantil.....................................................................20
2. A Arte visuais no Ensino Fundamental................................................................23
CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................25
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................26
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INTRODUÇÃO

A Arte é uma manifestação cultural de sentimentos, ideias, emoções,


presente na história da humanidade, nos mais remotos lugares, épocas e culturas.
Aprender Artes é desenvolver aos poucos um caminho de conhecimento da
arte como expressão e comunicação, os elementos básicos das formas artísticas e a
diversidade das formas de arte e concepções, através de interações significativas.
O mundo atual está cada vez mais impregnado pelas artes visuais, o que
provoca a necessidade de uma educação para saber perceber e distinguir
sentimentos, sensações, ideias, transmitidos pela linguagem visual, como a pintura,
o desenho, a gravura, as esculturas, etc.
Este trabalho tem por objetivo pesquisar, refletir e aprofundar os
conhecimentos sobre a importância do ensino das artes visuais na área da
educação, com a finalidade de contribuir para uma aprendizagem significativa.
A disciplina de Arte tem um papel importante na educação escolar, tanto
quanto a das outras áreas de conhecimento. A educação em arte contribui no
processo de desenvolvimento integral do aluno, propicia o desenvolvimento das
capacidades de relação interpessoal aos conhecimentos mais amplos da realidade
social e cultural; visando estimular à sensibilidade, a percepção, a reflexão e a
imaginação, incentivando-o a pensar, sentir e agir de forma mais crítica.
A utilização das diversas linguagens artísticas proporciona ao aluno o
conhecer, a apreciar, o fazer artístico e a refletir sobre as produções artísticas
individuais e coletivas de distintas culturas e épocas.
O presente estudo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica,
com a finalidade de obter um aprofundamento sobre as teorias que abordam o tema
em estudo, através de leitura e interpretações de documentos e legislações, livros,
subsídios, revistas, e outros recursos disponíveis na internet sobre os assuntos.
Este trabalho está subdividido em três partes: a primeira parte traz a
apresentação do tema, a segunda parte apresenta o resultado da pesquisa
bibliográfica, abordando os temas que estão apresentados em capítulos: Capitulo I:
A relação entre a arte e a educação; Capitulo II: Conhecendo as artes visuais: uma
linguagem visual; Capitulo III: A importância das artes visuais na aprendizagem
escolar ; e concluindo as Considerações Finais.
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CAPITULO I
A RELAÇÃO DA ARTE E A EDUCAÇÃO

Para uma abordagem mais eficaz da relação entre a arte e a educação torna-
se relevante refletir sobre a concepção do que é arte e como ela pode contribuir no
processo do ensino- aprendizagem.
A arte é uma das formas do ser humano manifestar seus sentimentos e
emoções, comunicando sua história, sua cultura e seus valores, expressando os
valores estéticos da beleza, da sensatez e da harmonia. Através da experiência
artística o ser humano desenvolve sua imaginação e criação aprendendo a conviver
com seus semelhantes, respeitando as diferenças e sabendo modificar sua
realidade.
Bosi (1999) disserta sobre o papel da arte.

A arte tem representado, desde a Pré- História, uma atividade fundamental


do ser humano. Atividade que, ao produzir objetos e suscitar certos estados
psíquicos no receptor, não esgota absolutamente o seu sentido nessas
operações. Estas decorrem de um processo totalizante, que as condiciona:
o que nos leva a sondar o ser da arte enquanto de modo especifico os
homens entrarem em relação com o universo e consigo mesmos. (BOSI,
1999, p.8).

De acordo com Azevedo Júnior (2007) há várias concepções sobre a arte,


apresentando de forma mais sucinta, “a arte é uma experiência humana de
conhecimento estético que transmite e expressam ideias e emoções na forma de
um objeto artístico (desenho, pintura, escultura, arquitetura etc.) e que possui em si
o seu próprio valor”.
A arte, no decorrer do tempo e nos mais diversos lugares, tem se
apresentado de diferentes maneiras e finalidades. A finalidade da arte se resume
em três funções principais: a pragmática ou utilitária, a naturalista e a formalista.
A função pragmática ou utilitária consiste na utilização da arte pela sua
designação e não como um produto artístico. Segundo esta concepção a arte tem
por objetivo assessorar nas práticas pedagógicas, religiosas, políticas ou sociais. A
arte neste aspecto não tem interesse peculiar ou a qualidade estética, mas à sua
eficiência, o que importa é que a obra cumpre sua finalidade.
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A função naturalista da arte avalia sua integridade, seu conteúdo e sua


mensagem, o importante está na representação da realidade ou da imaginação,
para que o conteúdo possa ser identificado e compreendido para quem a vê.
A função formalista refere-se aos elementos básicos da representação,
qualificando a forma de apresentação da obra, considerando seus significados e
motivos estéticos, como cor, textura e formato. A função formalista trabalha com os
princípios que determinam a organização da imagem, os elementos e a composição
da imagem.
Conforme Coli (1995) não é fácil definir o que é arte, não há uma objetividade
do conceito sobre a arte.

Mesmo sem possuirmos uma definição clara e lógica do conceito, somos


capazes de identificar algumas produções da cultura em que vivemos como
sendo “arte”. [...] É possível dizer, então, que arte, são certas manifestações
da atividade humana diante das quais nosso sentimento é admirativo, isto é:
nossa cultura possui uma noção que denomina solidamente algumas de
suas atividades e as privilegia. (COLI, 1995, p. 8).

O autor ainda descreve que o significado da arte “não parte de uma definição
abstrata, lógica ou teórica, do conceito, mas de atribuições feitas por instrumentos
de nossa cultura”.
A arte tem assim uma função que poderíamos chamar de conhecimento, de
‘aprendizagem’. Seu domínio é o do não racional, do indizível, da
sensibilidade: domínio sem fronteiras nítidas, muito diferente do mundo da
ciência, da lógica, da teoria. Domínio fecundo, pois nosso contato com a
arte nos transforma. Porque o objeto artístico traz em si, habilmente
organizados, os meios de despertar em nós, em nossas emoções e razão,
reações culturalmente ricas, que aguçam os instrumentos dos quais nos
servimos para apreender o mundo que nos rodeia. (COLI, 1995, p.109)

A compreensão do que é arte é muito complexo, depende da relação entre o


individuo e a obra artística. A arte não se explica, mas tem a capacidade de nos
"fazer sentir”, trabalha- se com materialidade, com todas as formas de ideias,
sensações, emoções, crenças e outros conceitos abstratos, conduzindo todas estas
formas em algo concreto, através das cores, traços, gestos, palavras. Os motivos
que levam à composição de um produto artístico são diversos, como a inspiração, a
ideia, os sentimentos, as condições interior e exterior do autor. Ela expressa a
percepção de mundo do artista que o criou e será entendida de forma particular por
cada observador.
Villaça (2012) descreve que uma obra artística pode provocar diversas
reações, “para cada indivíduo, terá um significado diferente, resultante da
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combinação entre nossa percepção sensorial e nossas referências simbólicas:


memória, cultura, imaginação, mitos, sentimentos etc.”.

Acrescentamos, portanto, à necessidade de conhecimento da técnica, a


importância da constante autorreflexão. Como orientações práticas,
sugerimos a busca por olhares externos, que possam dar feedbacks acerca
da obra artística e o uso de referências oficiais, tais como leis, tratados,
obras atualizadas sobre o assunto, consulta à estudiosos dos temas. É
importante ressaltar que, muitas vezes, o objetivo não é expor as ideias
pessoais, mas discutir conteúdos específicos e informações precisas. E é
preciso estar atento às discussões mais recentes a respeito de um tema.
(VILLAÇA, 2012, p. 78).

Duarte Jr (2011) apud Lins (2011) declara que a partir de suas meditações
teve a concepção que a arte é uma forma de conhecimento.

[...] no início de minhas reflexões eu comecei a pensar na arte como um


fator de conhecimento, como um tipo de saber, um saber distinto de outros
tipos de conhecimento, como a ciência e a filosofia. Para mim, a arte-
educação seria uma maneira de utilizarmos a arte para desenvolver o que,
mais tarde, eu viria a chamar de saber sensível, esse saber que o nosso
corpo detém e embasa todo o conhecimento intelectual. [...]Então, arte-
educação, para mim, hoje, estaria inserida nisso que eu chamo de
educação estética ou educação do sensível. (DUARTE JR (2011) apud
LINS (2011), p. 13 e 14).

De acordo com Duarte Jr (2011) apud Lins (2011) a arte é apontada como
uma área de conhecimento, demandando assim uma aprendizagem intrínseca, para
ter o domínio de uma habilidade para sua apreciação.
Villaça (2012) afirma que o ensino da arte na educação atingirá melhores
resultados conforme o desenvolvimento das habilidades artísticas do aluno.

Daí a importância não só de atividades formativas, como de se criar um


hábito de apreciação estética. Vale salientar que não se trata de aprender
uma forma correta de se fazer arte, porque não existe tal coisa, mas de
saber que tudo o que for feito comunicará algo a alguém. E que, quanto
maior o vocabulário artístico, mais elementos terá o artista para expressar
suas ideias, emoções, sentimentos. Além disso, amplia-se a chance de sair
do lugar comum, das ideias óbvias. (VILLAÇA, 2012, p.77).

Ao longo da história da arte na área da educação, ela percorreu por vários


estilos de desenvolvimento. No século XVIII, na concepção tradicionalista o
processo de ensino tinha como base à reprodução dos modelos oferecidos por meio
de cópias, com o objetivo de aperfeiçoar a técnica, sobretudo com a priorização do
padrão de beleza apreciado nas produções artísticas. Com o avanço da
industrialização no final do século XIX, os liberais introduziram o ensino do desenho
na educação numa probabilidade antielitista como preparação de mão de obra para
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o trabalho nas indústrias, a partir do modelo norte-americano. A partir do movimento


da escola Nova, no início do século XX, grandes mudanças foram feitas no campo
educacional, definindo- se o conceito de arte como expressão. Nos anos 70, com a
instituição da Educação Artística, pela Lei 5692/71, passou a ser componente
obrigatório no currículo, mas o ensino artístico era visto como atividade educativa e
não como disciplina.
Na década de 80, com a promulgação da Constituição Federal (1988),
promoveu discussões e mudanças sobre a Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional. Com a proposta e formulação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, a
partir da promulgação da Lei de Diretrizes e Bases para Educação Nacional de 1996
(LDB) o ensino de Arte se estabeleceu componente curricular obrigatório da
educação básica: ”O ensino da arte constituirá componente curricular obrigatório,
nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento
cultural dos alunos”. ( parágrafo 2º do artigo 26: LDB/ 96).
Para a consolidação da proposta colocada pela Lei de Diretrizes e Bases para
Educação Nacional de 1996 (LDB), foram elaborados os Parâmetros Curriculares
Nacionais de Arte (1977) definindo que a área de Arte “tem uma função tão
importante quanto à dos outros conhecimentos no processo de ensino e
aprendizagem”.

A manifestação artística tem em comum com o conhecimento científico,


técnico ou filosófico seu caráter de criação e inovação. Essencialmente, o
ato criador, em qualquer dessas formas de conhecimento, estrutura e
organiza o mundo, respondendo aos desafios que dele emanam, num
constante processo de transformação do homem e da realidade
circundante. O produto da ação criadora, a inovação, é resultante do
acréscimo de novos elementos estruturais ou da modificação de outros.
Regido pela necessidade básica de ordenação, o espírito humano cria,
continuamente, sua consciência de existir por meio de manifestações
diversas. (BRASIL, 1997, p.26)

Com o avanço da nova forma de conceber e ensinar Arte, no período pós-


modernidade, Ana Mae Barbosa iniciou-se o desenvolvimento de uma nova
proposta para o ensino de Arte, influenciada pelas tendências internacionais, a
Proposta Triangular do ensino de Arte. Segundo esta proposta, a construção do
conhecimento em Artes, acontece em três momentos peculiares, na interligação
entre a experimentação, a codificação e a informação. A autora propõe que o ensino
de arte seja estruturado a partir de três ações básicas: ler, fazer e contextualizar.
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Na ação de leitura de obras, apresentada pela teoria da Abordagem


Triangular foi à utilização da imagem em sala de aula, para a realização da leitura,
que consiste na atitude de compreender a imagem dentro da realidade,
proporcionando aos alunos a capacidade crítica, sobre o objeto de interpretação, a
obra. É refletir sobre o olhar para o contexto em que se vive, e assim, das visões e
leituras de mundo.
O fazer artístico fundamenta-se na releitura da obra, não como cópia, mas,
como interpretação, transformação e criação. É importante ressaltar que não se trata
de uma cópia da imagem, mas sim um produto a partir da interpretação da obra
observada.
Na prática da contextualização é fazer uma relação da Arte com outras áreas
do conhecimento, estabelecendo uma relação que permita a interdisciplinaridade no
processo ensino-aprendizagem. A contextualização da obra de arte consiste em
analisar conforme o contexto histórico, social, psicológica, ecológica, etc.,
estabelecer relações da com o mundo ao redor, é pensar sobre a obra de arte de
forma mais ampla.
Segundo a nova proposta, a construção do conhecimento em Artes, acontece
quando há a interligação entre a experimentação, a codificação e a informação,
propondo que o ensino de arte seja organizado a partir de três ações básicas: ler,
fazer e contextualizar.
O princípio de leitura está relacionado com a ideia da interpretação cultural, o
fazer artístico como uma experiência poética, com o desenvolvimento de
potencialidades: percepção, sensibilidade, imaginação e flexibilidade e a
contextualização é reconhecer o contexto da criação de uma obra de arte.
A autora e professora Ana Mae Barbosa explica que a arte tem múltiplas
funções na área da educação.

Arte-educação é uma área de estudos extremamente propícia à fertilização


interdisciplinar e o próprio termo que é designo de nota pelo seu binarismo a
ordenação de duas áreas num processo que se caracterizou no passado
por um acentuado dualismo, quase que uma colagem das teorias da
educação ao trabalho com material de origem artística na escola, ou vice e
versa, numa alternativa de subordinação (BARBOSA, 2006, p. 12 e 13).

De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Arte (1977) o


conhecimento da arte envolve tanto a experiência de assimilação de produtos
artísticos quanto o desenvolvimento da competência de compreender suas
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significações por meio da realização de formas artísticas. O foco principal é levar os


alunos a compreensão do significado do fazer artístico, percorrendo pelas etapas de
aprendizagem sobre a arte. Os conhecimentos específicos sobre a arte
proporcionaram uma nova visão da sua relação com o mundo, desenvolvendo as
potencialidades (como percepção, observação, imaginação e sensibilidade) que vão
contribuir para sua apreensão significativa dos conteúdos das outras disciplinas do
currículo.
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – Arte (1997), o
conhecimento artístico como produção e fruição:

 A obra de arte situa-se no ponto de encontro entre o particular e o


universal da experiência humana
 A obra de arte revela para o artista e para o espectador uma
possibilidade de existência e comunicação, além da realidade de fatos e
relações habitualmente conhecidos.
 O que distingue essencialmente a criação artística das outras
modalidades de conhecimento humano é a qualidade de comunicação
entre os seres humanos que a obra de arte propicia, por uma utilização
particular das formas de linguagem.
 A forma artística fala por si mesma, independe e vai além das intenções
do artista.
 A percepção estética é a chave da comunicação artística.
 A personalidade do artista é ingrediente que se transforma em gesto
criador, fazendo parte da substância mesma da obra.
 A imaginação criadora transforma a existência humana através da
pergunta que dá sentido à aventura de conhecer: “Já pensou se fosse
possível?”. (BRASIL, 1977, p.28/29/30)

Neste contexto a aprendizagem em arte inicia na leitura da obra, apreciação,


no contexto escolar, que está relacionada à leitura dos significados atribuídos às
manifestações artísticas e criações humanas passíveis de percepção, análise,
reflexão e compreensão. “A aprendizagem artística envolve, portanto, um conjunto
de diferentes tipos de conhecimentos, que visam à criação de significações,
exercitando fundamentalmente a constante possibilidade de transformação do ser
humano” (BRASIL, 1997).

A arte é um modo privilegiado de conhecimento e aproximação entre


indivíduos de culturas distintas, pois favorece o reconhecimento de
semelhanças e diferenças expressas nos produtos artísticos e concepções
estéticas, num plano que vai além do discurso verbal: uma criança da
cidade, ao observar uma dança indígena, estabelece um contato com o
índio que pode revelar mais sobre o valor e a extensão de seu universo do
que uma explanação sobre a função do rito nas comunidades indígenas. E
vice-versa. Nessa perspectiva, a área de Arte tem uma função importante a
cumprir. (BRASIL, 1977, p.38)
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CAPITULO II
CONHECENDO AS ARTES VISUAIS:
UMA LINGUAGEM VISUAL

De acordo com Silva et al. (2010) as artes visuais são um conjunto de


manifestações artísticas, que abrange o campo da linguagem e do pensamento
sobre o olhar e o sentido humano. Qualquer manifestação artística apreendida pela
visão, tendo como recurso principal de apreciação, é classificado de Artes Visuais.
No decorrer da história da arte as artes visuais têm sido classificadas de
diferentes formas, ma somente no século XX que foram definidas as principais
categorizações de artes visuais, como: arquitetura, a dança, escultura, música,
pintura, o cinema, a fotografia, etc.

As artes visuais, além das formas tradicionais (pintura, escultura, desenho,


gravura, arquitetura, artefato, desenho industrial), incluem outras
modalidades que resultam dos avanços tecnológicos e transformações
estéticas a partir da modernidade (fotografia, artes gráficas, cinema,
televisão, vídeo, computação e performance). (BRASIL, 1997, p. 45).

Azevedo Júnior (2007) afirma que “o ser humano, ao longo de seu


desenvolvimento, tem procurado encontrar formas de registrar essa imaginação ou
realidade captada, através de pinturas, desenhos, esculturas, gravuras ou filmes, ou
seja, através de representações imagéticas”.
Conforme Azevedo Júnior (2007) a imagem é o registro capturado pelo
sentido da visão, podendo ser uma imagem real ou da imaginação e a
representação imagética são imagens elaboradas de forma consciente,
impregnadas de significados, com valores artísticos. Os significados temáticos em
uma criação são de acordo com o período, lugar, costumes, conforme o contexto
histórico.
Xavier (2019) descreve que “toda arte apreciada pelo olhar é conceituada
como arte visual, abrange a pintura, o desenho, a gravura, a fotografia, o cinema, a
escultura, [...] Lida com o caráter teórico e prático do estético, seja o estético do
belo, do funcional ou do fazer pensar”.
A arte visual está interligada com a beleza estética (belo) e com a criatividade
do ser humano, capaz de criar manifestações ou obras agradáveis aos olhos.
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Conforme Xavier (2019) as artes visuais tem por função expandir a área da
comunicação, através de registro, preservação, reprodução de pessoas, lugares ou
objetos, por esta finalidade a inspiração de componentes de artes visuais está cada
vez mais diversificada, podendo ser uma prática comum ou para expressar uma
ideia ou sentimento.

1. Elementos básicos da linguagem visual


Dondis (2015) explica que “para analisar e compreender a estrutura total de
uma linguagem visual é conveniente concentrar-se nos elementos visuais
individuais, um por um, para um conhecimento mais aprofundado de suas
qualidades específicas”.
Os elementos visuais constituem o fundamento básico das artes visuais, da
comunicação visual, que compreendem: o ponto, a linha, a forma, a direção, o tom,
a cor, a textura, a dimensão, a escala e o movimento.
O ponto é o elemento mais simples da linguagem visual, um sinal gráfico
mínimo, caracteriza-se por uma localização em um espaço, quando colocados em
fila, criam a ideia de uma linha.
Na linguagem visual, as linhas podem ser usadas literalmente, uma
associação de pontos ou um ponto em movimento. É uma marca contínua ou com
aparência de contínua, também pode ser definida como um ponto em movimento,
quando traçada com a ajuda de qualquer instrumento sobre uma superfície, chama-
se linha gráfica. As linhas definem as formas e as figuras, é o sinal mais versátil e
essencial do desenho, pois pode sugerir sentimentos, movimento, ritmo, velocidade.
Dondis (2015) afirma que nas artes visuais, “a linha tem, por sua própria
natureza, uma enorme energia. Nunca é estática; é o elemento visual inquieto e
inquiridor do esboço”.
Na linguagem das artes visuais, a linha articula a complexidade da forma.
Existem três formas básicas: o círculo, o quadrado e o triângulo equilátero, cada
uma com suas características próprias, o que provoca diferentes efeitos visuais e
impressões quanto aos seus significados. Numa produção artística trabalha-se um
conjugado de linha e forma proporcionando uma ilusão visual, criando um efeito
tridimensional na imagem. As três dimensões são: altura, comprimento e
profundidade.
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Na linguagem das artes visuais, a forma da organização dos elementos


básicos, ordenados e combinados entre si, a ação dos olhos cria-se uma ilusão
ótica, gerando assim o movimento.
A direção é estabelecida durante a observação de uma imagem, a direção
que percebemos e entendemos a imagem. Todas as formas básicas expressam três
direções visuais básicas e significativas: o quadrado, a horizontal e a vertical; o
triângulo, a diagonal; o círculo, a curva (XAVIER, 2019).
A textura é a categoria impressa em uma superfície, enriquecendo as
impressões e sentidos que teremos de determinada forma. É o elemento visual que
com frequência serve de substituto para as qualidades de outro sentido, o tato. Na
verdade, porém, podemos apreciar e reconhecer a textura tanto através do tato
quanto da visão, ou ainda mediante uma combinação de ambos.
Xavier (2019) explana que “na natureza a cor é um fenômeno físico, não
existe em si, é gerada pela luz, ou seja, o que percebemos como cor é uma forma
de reflexo”.
A cor na linguagem das artes visuais é um elemento essencial, apresenta- se
com diferentes tonalidades, atribuem inúmeros significados simbólicos e provoca
diversificados efeitos sobre as pessoas e podem transmitir ideias ou conceitos.

As representações monocromáticas que tão prontamente aceitamos nos


meios de comunicação visual são substitutos tonais da cor, substitutos disso
que na verdade é um mundo cromático, nosso universo profusamente
colorido. Enquanto o tom está associado a questões de sobrevivência,
sendo, portanto essencial para o organismo humano, a cor tem maiores
afinidades com as emoções. É possível pensar na cor como o glacê estético
do bolo, saboroso e útil em muitos aspectos, mas não absolutamente
necessário para a criação de mensagens visuais. Esta seria uma visão
muito superficial da questão. A cor está, de fato, impregnada de informação,
e é uma das mais penetrantes experiências visuais que temos todos em
comum. Constitui, portanto, uma fonte de valor inestimável para os
comunicadores visuais. (DONDIS, 2015, s/p).

2. Técnicas e materiais artísticos e expressivos nas artes visuais


Nos tempos atuais podemos encontrar várias manifestações de produções
artísticas, manifestações com elementos artísticos que estão presentes nas imagens
do nosso dia-a-dia, as publicações gráficas como os jornais, as revistas, os livros,
os outdoors, os, panfletos e muitas obras artísticas.
Na criação de uma obra artística em artes visuais podem ser utilizados todo
material e técnicas, existem aqueles que são mais conhecidos, considerados como
tradicionais ou convencionais e os modernos ou contemporâneos.
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De acordo com Azevedo Júnior (2007) entre os meios artísticos tradicionais


ou convencionais, três deles manifestam-se em duas dimensões (bidimensional –
altura e comprimento): o desenho, a gravura e a pintura. A escultura e a arquitetura,
outros meios tradicionais, apresentam em três dimensões de espaço (tridimensional
– altura, comprimento e largura ou profundidade).
O desenho é um procedimento artístico no qual uma superfície é marcada
pela pressão de um lápis, canetas, carvão, pincel ou outras formas de ferramentas,
compondo por pontos e traços uma imagem bidimensional.
Azevedo Júnior (2007) explica que uma gravura “é produzida a partir de uma
matriz que pode ser feita de metal (calcografia), pedra (litografia), madeira
(xilogravura) ou seda (serigrafia)”.
Uma gravura é considerada como uma obra de Arte multifacetada,
reproduzida a partir de uma matriz, cada imagem reproduzida desta forma é única,
independentemente da quantidade de suas cópias.
A pintura refere- se à técnica de aplicar tinta em forma líquida ou pastosa a
uma superfície bidimensional, a fim de colori-la, atribuindo-lhe matizes, tons e
texturas. Em um sentido mais específico, é a arte de pintar uma superfície, tais como
papel, tela, ou uma parede (pintura mural ou de afrescos).
A escultura consiste na técnica da modelagem, utilizando materiais macios e
flexíveis, facilmente modeláveis, como a cera, o gesso e a argila. A modelagem é,
também, o primeiro passo para a confecção de esculturas através de outras
técnicas, como a fundição e a moldagem.
A arquitetura é a organização do espaço tridimensional. É uma atividade
humana existente desde que o homem passou a se abrigar das intempéries do
clima. Uma definição mais precisa da área envolve todo o design do ambiente
construído pelo homem, o que engloba desde o desenho de mobiliário até o
desenho da paisagem e da cidade, passando pelo desenho dos edifícios e
construções (considerada a atividade mais comum dos arquitetos). O trabalho do
arquiteto envolve, portanto, toda a escala da vida do homem, desde o trabalho
manual até a urbana.
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CAPITULO III
A IMPORTÂNCIA DAS ARTES VISUAIS
NA APRENDIZAGEM ESCOLAR

A função primordial da educação escolar é proporcionar uma aprendizagem


significativa aos alunos, com a finalidade de assegurar a eles uma formação
apropriada para o exercício da cidadania e oferecer meios para participar da
sociedade de forma atuante.
Para Bruini (2019) “a aprendizagem significativa, conceito central da teoria de
Ausubel, envolve a interação da nova informação com uma estrutura de
conhecimento específica, a qual define como conceito subsunçor”.
Segundo Ausubel (1968) apud Bruini (2019) a apropriação de conhecimentos
acontece quando “uma nova informação interage com outra existente na estrutura
cognitiva, mas não com ela como um todo; o processo contínuo da aprendizagem
significativa acontece apenas com a integração de conceitos relevantes”.
A consolidação de uma aprendizagem significativa exige certas condições, o
aluno deve estar estimulado para aprender e o conteúdo a ser aprendido deve ser
significativo; a natureza do conteúdo deve ser lógico e significativo. De acordo com
“a natureza da estrutura cognitiva do aprendiz (psicologicamente significativa) deve
ter conceitos subsunçores específicos para relacionar com o material, um material
que seja capaz de favorecer novas aprendizagens” (Ausubel, 1968, apud Bruini,
2019).
Neste contexto entende-se que o ensino das artes visuais, como componente
de Artes, contribui para que o aluno possa expressar seus sentimentos e emoções,
com o desenvolvimento da comunicação, da interação social, da criatividade, uma
proposta de novas experiências, levando o aluno à pesquisa e ao conhecimento.
O ensino de Arte, nas diferentes formas das linguagens artísticas traz também
contribuição no âmbito social, amplia o conhecimento cultural e a viver em
sociedade de maneira atuante.

A aprendizagem em arte acompanha o processo de desenvolvimento geral


da criança e do jovem desse período, que observa que sua participação nas
atividades do cotidiano social está envoltas nas regularidades, acordos,
construções e leis que reconhece na dinâmica social da comunidade à qual
pertence, pelo fato de se perceber como parte constitutiva desta. (BRASIL,
1997, p.36).
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Ferraz e Fusari (1999) asseguram que “a arte se constitui de modos


específicos de manifestação da atividade criativa dos seres humanos ao interagirem
com o mundo em que vivem, ao se conhecerem e ao conhecê-lo”.
Dessa forma, a arte deve estar presente em todas as áreas do conhecimento,
trabalhando-se a interdisciplinaridade. A arte-educação tem por finalidade formar o o
educando mais criativo, e que assim, possa realizar-se como pessoa através de
uma educação integral. A arte como expressão individual e cultural é o
embasamento necessário para o pleno desenvolvimento do aluno e deve cooperar
para uma educação transformadora.

Ensinar arte em consonância com os modos de aprendizagem do aluno


significa, então, não isolar a escola da informação sobre a produção
histórica e social da arte e, ao mesmo tempo, garantir ao aluno a liberdade
de imaginar e edificar propostas artísticas pessoais ou grupais com base em
intenções próprias. E tudo isso integrado aos aspectos lúdicos e prazerosos
que se apresentam durante a atividade artística. (BRASIL, 1997, 35).

O ensino de Artes, como das artes visuais, deve ser um trabalho organizado,
planejado e de forma criativa para dar o verdadeiro sentido em artes, e gerar o
desenvolvimento cultural dos educandos. O planejamento das aulas é uma das
condições fundamentais para a aprendizagem dos alunos, a seleção dos conteúdos
pelo professor para o trabalho artístico em sala de aula, deve levar os educandos “a
produzir, compreender e analisar os próprios trabalhos e apreender noções e
habilidades para apreciação” (BRASIL, 1997).
Martins e Garcia (2014) apresenta uma concepção de criatividade:

A criatividade é uma competência do aluno autorregulado, por este ser


capaz de coordenar saberes que lhe permitam atingir suas aprendizagens.
O ato criativo implica em saber o que vai ser criado e em como conjugar
dificuldades e capacidades e eliminar distrações. Importa, ainda, a negação
do medo do fracasso e a utilização estratégica do tempo (MARTINS e
GARCIA, 2014, p.7).

É fundamental a intervenção do professor nesse processo, colocando as


prioridades do conhecimento, “privilegiando saberes para subsidiar as operações”.
Conforme Barbosa (2006) a Arte na educação se manifesta como meios
para a construção da aprendizagem, uma vez que a abordagem contemporânea da
arte na educação está associada ao desenvolvimento cognitivo, a ação criadora,
integrando as linguagens artísticas nas atividades, como a música, o teatro, as artes
visuais e a dança.
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A educação em artes visuais requer trabalho continuamente informado


sobre os conteúdos e experiências relacionados aos materiais, às técnicas e
às formas visuais de diversos momentos da história, inclusive
contemporâneos. Torna-se fundamental que os alunos passem por várias
experiências de aprender e criar, articulando percepção, imaginação,
sensibilidade, conhecimento e produção artística pessoal e grupal (BRASIL,
1997, p. 45).

1. Artes visuais na Educação Infantil


As Artes Visuais é uma linguagem artística que tem características próprias e
sua aprendizagem acontece por meio dos seguintes aspectos:
Fazer artístico- centrado na exploração, expressão e comunicação de
produção de trabalhos de arte por meio de práticas artísticas, propiciando o
desenvolvimento de um percurso de criação pessoal;
Apreciação- percepção do sentido que o objeto propõe, articulando-o tanto
aos elementos de linguagem visual quanto aos materiais e suportes
utilizados, visando desenvolver, por meio da observação e da fruição a
capacidade de construção de sentido, reconhecimento, análise e
identificação de obras de arte e de seus produtores;
Reflexão- considera tanto no fazer artístico como na apreciação, é um
pensar sobre todos os conteúdos do objeto artístico que se manifesta em
sala, compartilhando perguntas e afirmações que a criança realiza instigada
pelo professor e no contato com suas próprias produções e as dos artistas.
(BRASIL, 1998, p.89)

Segundo o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil (1998) as


práticas em Artes Visuais trazem objetivos de acordo com cada faixa etária: crianças
de zero a três anos de idade e Crianças de quatro a seis anos:

Crianças de zero a três anos:


• ampliar o conhecimento de mundo que possuem, manipulando diferentes
objetos e materiais, explorando suas características, propriedades e
possibilidades de manuseio e entrando em contato com formas diversas de
expressão artística;
• utilizar diversos materiais gráficos e plásticos sobre diferentes superfícies
para ampliar suas possibilidades de expressão e comunicação.
Crianças de quatro a seis anos:
• interessar-se pelas próprias produções, pelas de outras crianças e pelas
diversas obras artísticas (regionais, nacionais ou internacionais) com as
quais entrem em contato, ampliando seu conhecimento do mundo e da
cultura;
• produzir trabalhos de arte, utilizando a linguagem do desenho, da pintura,
da modelagem, da colagem, da construção, desenvolvendo o gosto, o
cuidado e o respeito pelo processo de produção e criação(BRASIL, 1998).

O trabalho com as Artes Visuais na educação infantil, de acordo com


Referencial Curricular Nacional (1998) “requer profunda atenção no que se refere ao
respeito das peculiaridades e esquemas de conhecimento próprios à cada faixa
etária e nível de desenvolvimento”. Cada criança deve se trabalhada integralmente,
associando sua sensibilidade, a imaginação, a percepção, a intuição e a cognição da
criança, a favorecendo o desenvolvimento de suas capacidades criativas.
21

A Educação Infantil é um período marcante na vida das crianças, suas


primeiras experiências na vida escolar. Neste sentido, os primeiros conhecimentos
são à base da construção de seu conhecimento, e as Artes Visuais devem ser
trabalhadas de forma significativa pelos professores por ser uma forma de
linguagem e por estar presente no cotidiano de todos os indivíduos.
No trabalho com artes visuais destaca-se o desenvolvimento do desenho por
sua importância no fazer artístico delas e na construção das demais linguagens
visuais (pintura, modelagem, construção tridimensional, colagens).
O trabalho com desenho um processo contínuo, a criança inicia com
pequenos rabiscos (garatujas) para chegar a construções mais estruturadas,
aparecem os primeiros símbolos. Imagens de sol, figuras humanas, animais,
vegetação e carros, entre outros. Neste processo a criança se interage, cria
hipóteses, cria seu primeiro efeito visual que essa ação produziu.
Babin (1982) apud Silva (2015) afirma que “o desenho é um ato de
inteligência; desenhar é um ato inteligente. Isto quer dizer notadamente que, para
crianças, ele para as representa uma das maneiras fundamentais de apropriar-se do
mundo e, em particular, do espaço”.
Segundo Martins e Garcia (2014) “é por intermédio do desenho que a criança
sente sua existência. Tanto o desenho como o jogo reúnem o aspecto operacional e
o imaginário e promovem o projetar, o pensar, o idealizar e o imaginar situações”.
De acordo com a teoria de Marin (1976) apud Silva (2015) explica que, “entre
quatro e seis anos, tem início a figuração ou fase pré-esquemática, na qual a criança
descobre a relação entre desenho, pensamento e realidade”. É a representação do
seu mundo, em que aparecem figura humana e objetos, e as garatujas vão se
tornando reconhecíveis, com significado definidos.
Conforme Silva (2015) nesta fase “o desenho tem intenção de representação
figurativa simbólica por meio de linhas, curvas, pontos, formas ovais, que podem ser
cabeça, olhos, braças. A criança ainda não relaciona o tamanho do objeto com a
realidade; ela desenha em maiores dimensões o que mais gosta, deseja ou teme”.
Coleto (2010) descreve que “após a fase das garatujas, entre 04 e 07 anos a
forma de se expressar da criança passa a apresentar outras características: ela
descobre que tudo tem um nome, um significado e um porquê”.
Neste processo de desenhar a criança vai passando por fases, atitudes que
vão facilitando a coordenação fina. No inicio o desenho são rabiscos, depois vão
22

tomando formas, depois de muitas tentativas, vão se tornando letras e ela passa a
diferenciar a escrita do desenho.
O desenho associado à pintura promove o desenvolvimento cognitivo, de
coordenação motora, coordenações motoras finas, senso artístico, expressão de
emoções e o ajustamento de sua personalidade.
A pintura na educação infantil possibilitará com que a criança ao tocar no
pincel e fazer movimentos no papel, começa a conhecer e aprimorar a sua
coordenação motora, conhece novas cores, desenvolve sua imaginação. A pintura
leva a criança a explorar outras meios para realizar a pintura, não apenas com o
pincel, mas com as mãos também. Uma situação lúdica de aprendizagem
significativa, de criatividade, interessante e divertida.
A modelagem, o trabalho com barro, argila, gesso, etc. também estimula a
interação social, a criatividade, sua percepção, a emoção e suas habilidades
motoras. A criança quando está realizando um trabalho como modelagem, ao criar
um objeto ou um animal, ela ativa sua percepção, estabelece relações com os
diferentes materiais por meio da exploração sensorial e da sua utilização em
diversas brincadeiras.
De acordo com Referencial Curricular Nacional (1998) “as representações
bidimensionais e construção de objetos tridimensionais nascem do contato com
novos materiais, no fluir da imaginação e no contato com as obras de arte”.
Referencial Curricular Nacional (1998) descreve que “Para construir, a
criança utiliza-se das características associativas dos objetos, seus usos simbólicos,
e das possibilidades reais dos materiais, a fim de, gradativamente, relacioná-los e
transformá-los em função de diferentes argumentos”.
De acordo com Tavares (2004) apud Silva (2015) o estudo das etapas do
desenho infantil “requer ainda muita observação e pesquisa por parte dos professore
de artes, uma vez que as diferenças individuais, [...]de cada aluno são distintas. A
expressão gráfica da criança modifica-se com a idade, os estímulos e as vivências
próprias”.
A atividade de colagem possibilita por meio da exploração de diferentes
materiais, as crianças podem experimentar diferentes texturas e sensações,
ampliando assim seu conhecimento de mundo e sua capacidade de expressão.
Além de colagens com os materiais: algodão, cascas de ovos, palitos de fósforo,
serragem e papel, pode ser realizadas atividades diferenciadas como rasgar e
23

picotar papel, fazer bolinhas, separar botões ajudam no desenvolvimento da pressão


e coordenação de dedos e mãos. Para crianças com mais de 4 anos pode-se
também utilizar a tesoura para atividades de recorte e colagem. 

2. Artes visuais no Ensino Fundamental


As artes visuais como produto dos meios de expressões artísticas estão
presentes na vida dos educandos e na sociedade, uma construção social e história
cultural. Neste contexto o conceito de arte está ligado à cognição como um dos
elementos da manifestação da razão, possibilitando uma compreensão mais
significativa das questões sociais.

O mundo atual caracteriza-se por uma utilização da visualidade em


quantidades inigualáveis na história, criando um universo de exposição
múltipla para os seres humanos, o que gera a necessidade de uma
educação para saber perceber e distinguir sentimentos, sensações, ideias e
qualidades. Por isso o estudo das visualidades pode ser integrado nos
projetos educacionais. Tal aprendizagem pode favorecer compreensões
mais amplas para que o aluno desenvolva sua sensibilidade, afetividade e
seus conceitos e se posicione criticamente (BRASIL, 1997, 45).

Vigostski (2003) apud Caferro (2011) refere- se à Arte como “produto do


criar/construir é movida pelo interesse tanto sensível quanto racional”.
As artes visuais na educação fundamental é um meio indispensável para
reforçar o potencial do educando e age como uma ferramenta que integra e facilita a
formação do aluno através do contato com o mundo e estimula o interesse de novos
conhecimentos.
Os blocos de conteúdos de Artes Visuais para o Ensino Fundamental
abrangem os temas Expressão e comunicação na prática dos alunos em artes
visuais, que envolve a criação (o fazer), experimentação, observação e análise,
reconhecimento dos elementos básicos das artes visuais; As artes visuais como
objeto de apreciação significativa, que envolve a convivência, identificação dos
significados, observação e experimentação da leitura das produções visuais; e As
artes visuais como produto cultural e histórico, que compreende observação, estudo
e compreensão de diferentes obras de artes visuais, reconhecimento da importância
das obras visuais e reconhecimento e valorização social da organização de sistemas
para documentação, preservação e divulgação de bens culturais (BRASIL, 1997).
24

Criar e perceber formas visuais implica trabalhar frequentemente com as


relações entre os elementos que as compõem, tais como ponto, linha,
plano, cor, luz, movimento e ritmo. As articulações desses elementos nas
imagens dá origem à configuração de códigos que se transformam ao longo
dos tempos. Tais normas de formação das imagens podem ser assimiladas
pelos alunos como conhecimento e aplicação prática recriadora e atualizada
em seus trabalhos, conforme seus projetos demandem e sua sensibilidade e
condições de concretizá-los permitam. O aluno também cria suas poéticas
onde gera códigos pessoais (BRASIL, 1997, p. 45).

Dentre as linguagens visuais, a pintura é uma das formas da expressão visual


que mais atraem os alunos, como criação e as aulas são participativas, um recurso
didático que estimula o educando em qualquer faixa etária. A pintura contribui na
área da comunicação, na expressão dos sentimentos, emoções e pensamentos
(ideias), além de ser uma atividade relaxante. Outros tópicos que devem ser
explorados pela pintura são os elementos básicos da linguagem visual, como o
ponto, a linha, as formas, a textura, o jogo das cores, o movimento, direção, etc.
O desenho foi introduzido nas escolas, pelos liberais, no final do século XIX, a
partir das transformações sociais, políticas e econômicas no país. O ensino de
desenho se restringia na cópia de algum objeto e posteriormente foi o ensino do
desenho geométrico.
O trabalho com desenho em sala de aula, na atualidade, deve ter por
propósito levar o aluno a expressar seu pensamento por meio de esboços,
grafismos, apontamentos e esquemas traçados em qualquer matéria.
Segundo Martins e Garcia (2014) “o ato de desenhar é ação conjunta entre a
inteligência, a emoção, a sensibilidade e o poder de decisão. Dessa forma, não é
mais aceitável pensar o desenho como algo pouco importante, que em nada
contribui para a formação do sujeito”.

[...] Há uma grande diferença entre ver uma coisa e vê-la, desenhando-a. Ao
se desenhar um objeto a partir da observação, este se torna muito diferente
do objeto a ser representado, pois essa observação transforma o olhar para
o mundo. Trata-se, assim, de uma visão deliberada, que tem o desenho
como fim e meio, simultaneamente. Ao se desenhar, é necessário uma
atenção voluntária, capaz de transformar o que se acreditava conhecer.
Essa vontade deve ser continuada, pois o desenho de observação exige o
comando da mão pelo olhar. A mão e o olho são aparelhos independentes
que devem colaborar, entre si, no momento do desenho. Assim, o desenho
requer uma atenção maior e um estado mais atento para se evitar o
automatismo sensório-motor. Durante o comando da mão pelo olho, a
memória se apresenta em cada linha traçada, e o traçado visual se
transforma em traçado manual e se modifica, uma vez que o desenho
acontecerá por breves elementos de uma lembrança. (MARTINS e GARCIA,
2014, p. 11).
25

De acordo Azevedo Júnior (2007), além das modalidades tradicionais de


desenho, ainda inclui: o desenho técnico ou industrial, o desenho arquitetônico, o
desenho cientifico e croquis ou esboço.
Outras linguagens visuais que são raramente trabalhadas em sala de aula
são a escultura e a arquitetura. São recursos didáticos importantes para ampliar o
conhecimento de mundo dos alunos, a compreensão de diferentes obras de artes
visuais produzidos em diversas culturas, conhecimentos de geometria, conceitos de
espaço, largura e profundidade e os conceitos bidimensional e tridimensional, além
dos benefícios próprios da Arte, conforme já foi refletido neste trabalho.   
Azevedo Júnior (2007) assegura que o ser humano “tem procurado encontrar
formas de registrar essa imaginação ou realidade captada”.

Uma imagem guarda uma semelhança com algo, representando aquilo que
o nosso sentido da visão pode captar, aquilo que podemos ver, ou que
nossa imaginação pode criar. Assim, o reflexo de nosso rosto na água é
uma imagem que a natureza se encarregou de criar (AZEVEDO JÚNIOR,
2007, p. 12).

Segundo Azevedo Júnior (2007) “na atualidade existem várias maneiras de se


representar a realidade ou a imaginação, além das formas tradicionais, existe o
cinema, a televisão, o computador e a Internet”.
Nos dias de hoje, as novas tecnologias como materiais didáticos para
trabalhar as várias manifestações artísticas das artes visuais, como a TV, o
computador, as publicações gráficas os outdoors, a fotografia, o celular, etc., são
componentes que tornam a aprendizagem mais significativa.
Caferro (2011) descreve que “o contexto social dos alunos na atualidade traz
essa inovação. Entende-se assim como um processo criativo do século XXI. A Arte
contemporânea rompe barreiras, aproxima linguagens diferentes, e no campo
pedagógico, é campo fértil para interdisciplinaridade”.
.
A arte contemporânea é caracterizada pelo rompimento de barreiras entre o
visual, o gestual e o sonoro. O happening, a performance, a bodyart, a arte
sociológica e ambiental, o conceitualismo e a própria vídeo art são algumas
das manifestações artísticas que comprovam uma tendência atual para o
inter-relacionamento de diversas linguagens representativas e expressivas.
Portanto, pelo isomorfismo organizacional, a interdisciplinaridade dever ser
o meio através do qual se elaborem os currículos e a práxis pedagógica da
arte (BARBOSA, 1984, p. 68 apud CAFERRO, 2011, p.24).
26

Neste contexto a escola tem a função de oferecer condições para que o


aluno tenha os conhecimentos de Arte, uma das formas de comunicação da
humanidade.

Cabe ao professor escolher os modos e recursos didáticos adequados para


apresentar as informações, observando sempre a necessidade de introduzir
formas artísticas, porque ensinar arte com arte é o caminho mais eficaz. Em
outras palavras, o texto literário, a canção e a imagem trarão mais
conhecimentos ao aluno e serão mais eficazes como portadores de
informação e sentido. O aluno, em situações de aprendizagem, precisa ser
convidado a se exercitar nas práticas de aprender a ver, observar, ouvir,
atuar, tocar e refletir sobre elas (BRASIL, 1997, P. 35).
27

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O processo de ensino e aprendizagem pode ser mais significativo contando


com a contribuição das práticas didáticas da Arte, especificamente neste trabalho
abordamos as artes visuais. Por meio das linguagens artísticas o aluno tem maiores
possibilidades de conhecer- se a si mesmo, interagir socialmente, comunicar e
expressas suas ideias e sentimento e ter um desenvolvimento saudável.
. As artes visuais e outras formas de atividades artísticas abrem novas
perspectivas para o seu processo de aprendizagem. Compreendemos a importância
da Arte na educação escolar, a qual se constitui uma disciplina com tal relevância
como as demais no currículo escolar. Seu ensino possui finalidades claras e
significativas à educação das crianças, que tem por finalidade o desenvolvimento
dos aspectos sociais do aluno e no seu processo de aprendizagem.
A Arte por meio das diversas linguagens, como a artes visuais, na educação
escolar, devem assegurar ao aluno os conhecimentos da arte, por meio a criação,
apreciação e reconhecimento das produções artísticas.
28

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