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A FORMAÇÃO Depois do domínio visigótico nos séculos VI e VII, em 711 a

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DE PORTUGAL península Ibérica é ocupada pelos muçulmanos, sob intensas e
sangrentas batalhas.
A criação do reino das Astúrias no século VIII e a
consagração do sepulcro de Santiago como lugar
de culto e de peregrinação a Compostela, deram
um novo impulso à «guerra santa» para expulsar
os infiéis da península e recuperar o território para
a fé cristã.
A Reconquista tornou-se uma prioridade
SANTIAGO DE
COMPOSTELA para os reis cristãos de Leão e Astúrias,
que contavam com o apoio do Papa e dos
reinos cristãos europeus.
Após as conquistas dos territórios era
necessário povoá-los com cristãos que,
naturalmente, vinham do Norte, na
maioria monges beneditinos com um
papel fundamental na difusão da doutrina
e da liturgia cristã.
O Al-Andaluz, c. 900. Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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A FORMAÇÃO O nome de Portugal tem origem em Portus Cale, o nome que os
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DE PORTUGAL Romanos davam à antiga cidade do Porto.
Em 1093, após a conquista das terras de
Portucale aos mouros, o rei Afonso VI (de
Leão, Castela e Galiza) doa esse território
a D. Henrique de Borgonha, um nobre
francês que combateu nos seus exércitos
nas guerras da Reconquista.
D. Henrique casa com D. Teresa, filha de
D. Henrique de
Afonso VI, e compromete-se a administrar
Borgonha (1066-1112).
o território, a defendê--lo dos mouros e a
povoar as terras, sobretudo com monges
beneditinos oriundos de França.
Assim, nasceu o Condado Portucalense
confiado ao conde D. Henrique de
Borgonha, que passa a prestar vassalagem
a Afonso VI.

D. Teresa de Leão Condado Portucalense, c. 1093.


Paulo Simões Nunes
(c. 1080-1130). História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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A FORMAÇÃO Após a morte de D. Henrique, D. Teresa assume a regência do
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DE PORTUGAL Condado Portucalense.
No entanto, aproxima-se de Fernão Mendes de Trava, fidalgo
galego e vassalo de Afonso VI, o que não agradou nem à nobreza
nem ao povo portucalense.
Foi o seu filho, D. Afonso Henriques que encabeçou a
D. Afonso Henriques (c. 1109-1185)
Conde de Portucale 1112-1143
revolta derrotando o exército de D. Teresa, na célebre
Rei de Portugal 1143-1185. Batalha de S. Mamede em 1128.
Após lutas contra Leão e Castela, D. Afonso
Henriques derrota os mouros na Batalha de
Ourique em 1139.
A 5 de Outubro de 1143 funda o reino de
Portugal com reconhecimento da independência
por parte de Afonso VI, rei de Leão e Castela.
Em 1179 o Papa Alexandre III reconhece
Portugal como reino soberano e protegido pela
Igreja Católica.
Paulo Simões Nunes
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A ARQUITETURA Após a Reconquista, que contou com a participação ativa da
Ordem de Santiago, guerreiros e monges beneditinos ergueram 4
ROMÂNICA DE
PORTUGAL mosteiros, igrejas, torres e castelos por todo o território.
A igreja românica teve uma forte implantação junto
das comunidades rurais, acabando por exprimir a
simplicidade e a escassez de recursos das
populações.
As formas simples, sóbrias e austeras
dos edifícios e as paredes robustas e
Igreja e Mosteiro de espessas, refletem os tempos de
S. Salvador de
Travanca,
Amarante,
instabilidade e insegurança que
século XI-XIII. acompanharam os tempos da formação
do reino de Portugal.
Assemelhando-se a fortalezas, as igrejas e as torres
não só serviam para os serviços religiosos, como
também para refúgio das populações perante os
ataques de mouros e castelhanos.
Por todo o território implantam-se igrejas
rurais de pequenas dimensões, de linhas
de Cedofeita, Porto, simples, formas sóbrias e austeras,
Igreja de S. Martinho

c. 1087.
características importadas da arquitetura Paulo Simões Nunes
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românica europeia.
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A ARQUITETURA Caraterísticas da arquitetura românica em
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ROMÂNICA DE
Igreja de S. Pedro
de Ferreira,
Portugal:
Paços de Ferreira,
PORTUGAL século XII. • robustez formal, com paredes espessas
apoiadas em contrafortes;
• emprego de pedra aparelhada, rigorosamente
talhada e assente na formação dos muros;
• utilização do arco de volta inteira e da abóbada
de berço;
• decorações esculpidas com relevos a
desempenharem as normais funções
pedagógicas da iconografia cristã;
• aplicação de cachorros nas cornijas.
De Norte a Sul definiram-se variantes estéticas
regionais com algumas particularidades
temáticas e técnicas, difundidas a partir das
maiores dioceses, como Braga, Coimbra, Porto e
Lisboa. Também foram importantes as
Igreja de S. Vicente,
Felgueiras,
século XIII.
regiões de Amarante, Lamego, Viseu Paulo Simões Nunes

e Trás-os-Montes.História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano


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A ARQUITETURA Nas mais importantes dioceses do reino, os encomendadores
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ROMÂNICA DE estavam ligados ao poder político e religioso, sendo aí construídos
PORTUGAL os edifícios mais significativos.
Coimbra foi a primeira capital do reino, por isso
a Sé Velha constituiu a igreja mais importante
da época e referência para as que se
construíram a partir daí.
Foi construída como um templo-fortaleza, com
as paredes assemelhando-se a muralhas
topejadas por ameias e um corpo avançado
como uma torre.
Sé Velha de Coimbra,
1139-1185. Em Lisboa, logo após a sua conquista aos Mouros em 1147, D.
Afonso Henriques mandou erguer uma igreja sobre os destroços
da antiga mesquita islâmica destruída pelos cristãos.
A Sé de Lisboa foi traçada por mestre Roberto, ligado ao
Românico do Norte da Europa, seguindo a tradição das catedrais
francesas: duas torres imponentes flanqueando o portal,
afundado num nártex e com uma imponente rosácea central.
Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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Sé de Lisboa, 1147-1150.
A ARQUITETURA A arquitetura românica teve uma forte expressão, também, 7
ROMÂNICA DE noutro tipo de edifícios, tais como castelos, mosteiros, pontes e
PORTUGAL torres de controle ou vigia.
Sobretudo a arquitetura militar desempenhou
um papel muito relevante na consolidação do
território portucalense, com testemunhos muito
significativos em todas as regiões do país.
Um dos mais icónicos é o Castelo de Guimarães,
fundado pela Condessa D. Mumadona para
defender o seu Mosteiro de Guimarães dos
Castelo de Guimarães, séculos X-XII.
Mouros e dos Normandos.
Após a fundação do reino, D. Afonso Henriques
passou a viver no castelo, fazendo algumas
remodelações de inspiração românica.
Outro dos mais notáveis exemplares de
arquitetura militar em Portugal é o Castelo de
Santa Maria da Feira, impondo-se na paisagem
com as suas robustas muralhas e as torres
Castelo de Santa Maria da Feira, anterior aos séculos XI-XVI.
rematadas por uns característicos coruchéus Paulo Simões Nunes
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cónicos. © Raiz Editora, 2021. Todos os direitos reservados.

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