Você está na página 1de 28

A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA

DE PORTUGAL: CONQUISTA, POVOAMENTO


E ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO
A conjuntura de expansão demográfica, económica, social e religiosa europeia
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Do domínio muçulmano à Reconquista Cristã

A expansão
muçulmana
estendeu-se do
Médio Oriente a
todo o Norte de
África. Em 711, a
Península Ibérica
foi invadida.
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Do domínio muçulmano à Reconquista Cristã
 Perante a invasão muçulmana,
os Cristãos refugiaram-se nas
Astúrias, a norte da Península
Ibérica, onde criaram um núcleo
de resistência.

 Foi em 722, na Batalha de


Covadonga, liderada por
Pelágio, que teve início o
processo de Reconquista Cristã.
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Do domínio muçulmano à Reconquista Cristã
A Reconquista Cristã
 foi um processo feito
de avanços e recuos,
que se desenvolveu
de norte para sul da
Península Ibérica;
 terminou no território
ibérico em 1492, com
a conquista do reino
muçulmano de
Granada.

DURANTE O PROCESSO DA
RECONQUISTA,
FORMARAM-SE DIVERSOS
REINOS CRISTÃOS.
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Do domínio muçulmano à Reconquista Cristã
O confronto entre Cristãos e Muçulmanos foi entendido,
pelos dois lados, como uma Guerra Santa.
Assumiu duas vertentes:

Na Península Ibérica – no Oriente –


Reconquista Cristã Cruzadas

As hostes muçulmanas As hostes cristãs


A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Das Astúrias à formação dos reinos cristãos
Reconquista Cristã no Ocidente
Península Ibérica

Reino das Astúrias

Início da Reconquista

Reino de Leão Reino de Castela Reino de Aragão Reino de Navarra

Reino de Leão e Castela

A partir de 1086, a presença muçulmana foi reforçada:


 avançaram nos territórios cristãos;
 atacaram Coimbra e o Porto;
 colocaram em risco o reino de Leão e Castela, o que originou o pedido de auxílio
de Afonso VI aos reinos cristãos.
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Das Astúrias à formação dos reinos cristãos
Cruzadas do Ocidente Cruzadas do Oriente

 Os cruzados também  Foram um meio de afirmação dos


participaram na Reconquista reis que apoiaram estas
Cristã. iniciativas.
 Foi no espírito de cruzada que  Mobilizaram o ímpeto guerreiro
muitos cavaleiros se dirigiram à da nobreza, que também
Península Ibérica para participar procurava fortuna nos saques
na Reconquista, em busca de realizados.
fama e de recompensas.  Enquadraram-se numa
conjuntura de expansão.
 Para além dos motivos religiosos,
em resposta ao apelo do Papado,
os reinos cristãos do Ocidente
mobilizaram-se para as Cruzadas
por motivos políticos e
económicos.
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
A conjuntura de expansão nos séculos XI a XIII
CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO

MELHORIAS NA ALIMENTAÇÃO MAIS MÃO DE OBRA

AUMENTO DA ÁREA CULTIVADA

Aumento da produção agrícola Progressos técnicos

Aumento da procura –
Senhores
desenvolvimento de
(senhorios Camponeses
mercados e cidades
laicos e livres
eclesiásticos) (concelhos)
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL

A autonomização e a independência de Portugal


A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
A autonomização e a independência de Portugal
Como surgiu o Condado
Portucalense?
 Num contexto de dificuldades na
Península Ibérica, perante o
avanço dos Muçulmanos.
 O rei Afonso VI de Leão e Castela
solicitou o apoio de cavaleiros
cristãos.
 Entre os vários cavaleiros cristãos
que responderam ao apelo de
Afonso VI, destacaram-se
D. Raimundo e D. Henrique.
 Estes cruzados viram na
Reconquista um meio de alcançar
prestígio, fortuna e terras.
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
D. Raimundo casou
com D. Urraca, filha
Doação/concessão legítima de Afonso
de terras, títulos VI, e recebeu o
e cargos Condado da Galiza.

Afonso VI
Rei = suserano Senhor = vassalo
concedeu
benefícios

OBRIGAÇÕES:
Conselho
Ajuda
Fidelidade

D. Henrique casou com D. Teresa, filha


ilegítima de Afonso VI, e recebeu o
Condado Portucalense (terras situadas
Afonso VI entre os rios Minho e Douro).
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Rei de O suserano O vassalo deve ao seu
Leão e deve ao suserano
CONDAD Castela vassalo
O DA Suserano
GALIZA Proteção Ajuda militar
Justiça Ajuda financeira
Rendimentos Conselho
da terra ou
terras Vassalo
concedidas Condes portucalenses
Cargos D. Henrique + condessa
D. Teresa (após a morte
Títulos de D. Henrique)

Afonso VI

D. Henrique prosseguiu a Reconquista,


alargando os limites do Condado.
D. Teresa assume o governo do
Condado depois da morte do conde
D. Henrique, em 1112.
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Desenvolveu uma ação de
consolidação do seu poder, após a
D. Afonso Henriques tomou diversas
vitória na Batalha de S. Mamede, em
iniciativas para reforçar a autonomia 1128.
do Condado e para obter o
reconhecimento do título de rei e do Em três vertentes:
reino de Portugal.
Afirmação face a Leão e
Castela

PRIMEIRA VERTENTE
Negociações
Conflitos militares e
diplomáticos

Conferência de Zamora, 1143


Afonso VII reconheceu o título
de rei a Afonso Henriques
D. Afonso Henriques
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL

D. Afonso Henriques tomou diversas


iniciativas para reforçar a autonomia
do Condado e para obter o
reconhecimento do título de rei e do Reconhecimento face ao
Papado
reino de Portugal.

SEGUNDA VERTENTE
Negociações
Apoios de ordens militares e
do bispado de Braga
Extensas doações à Igreja

Bula Manifestis Probatum, 1179


O Papa reconheceu D. Afonso
Henriques como rei e Portugal
como reino

D. Afonso Henriques
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL

D. Afonso Henriques tomou diversas


iniciativas para reforçar a autonomia
do Condado e para obter o
reconhecimento do título de rei e do Ação militar de defesa e
reino de Portugal. conquista de terras

TERCEIRA VERTENTE
Conquistas

Conquista e consolidação
da linha do Tejo
1147
Lisboa, Santarém, Almada
Avança no Alentejo
(Évora, Beja…)

D. Afonso Henriques
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL

Conquista e definição das fronteiras do reino de


Portugal

Povoamento e organização – os senhorios e os


concelhos
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
 D. Sancho I – a fronteira recuou até
A Reconquista no espaço do reino à linha do Tejo (perdeu Torres
Vedras, Almada, Palmela, Alcácer do
de Portugal foi um processo feito de
Sal e Silves).
avanços e recuos, tal como
 D. Afonso II – a conquista, o
aconteceu em toda a Península
povoamento e a defesa do território
Ibérica. passou a contar com o apoio das
ordens religioso-militares.
 D. Sancho II – as fronteiras
ampliaram-se para sul, com a
conquista de territórios no Alentejo.
 D. Afonso III – conquista definitiva
do Algarve. Fim da Reconquista
Cristã.

D. Dinis finaliza o processo de


Reconquista com a definição de fronteiras
do reino, estabelecida no Tratado de
Alcanises (1297).
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Como estava organizada a sociedade?
A liderança da Reconquista pelos
reis contribuiu para que A sociedade era tripartida e hierarquizada
assumissem um papel ativo na entre privilegiados e não privilegiados
organização e defesa do reino.

Rei
Privilegiados
Clero
Nobreza

Não Povo
privilegiados
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
A quem pertenciam as terras conquistadas?
A liderança da Reconquista pelos
reis contribuiu para que Ao rei
assumissem um papel ativo na Durante a Reconquista, a dificuldade em exercer
um controlo efetivo sobre o território levou os
organização e defesa do reino. monarcas a doarem terras e a partilharem
poderes.

Nobreza
Comunidades
Clero populares

Povoar
Defender
Desenvolver
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Como estava organizado o território?
A liderança da Reconquista pelos
reis contribuiu para que As concessões de terras originaram formas
assumissem um papel ativo na distintas de ocupação
organização e defesa do reino.

Rei Reguengos

Senhorios
Clero
Eclesiásticos
(coutos)
Nobreza
Laicos (honras)

Comunidades
Concelhos
populares
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Formas de organização do espaço Clero secular

Nobreza

Reguengos
Clero regular
Senhorios Senhorios
Honras Coutos

Concelhos

Ordens monásticas e
ordens religioso-militares
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Concelhos

Rurais Urbanos
Situavam-se a norte Maioritariamente situados
do Douro a sul do rio Douro
Tinham menos Dispunham de maior
autonomia autonomia

Características das cidades


no quadro dos concelhos:
 portas
 ruas irregulares
 designação das ruas em
função dos ofícios
exercidos
 rua nova
 bairros étnico-religiosos

Pelourinho de Belmonte
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
A ORGANIZAÇÃO Concelhos OS SÍMBOLOS DO PODER
DE UM CONCELHO CONCELHIO
O processo iniciava-se O pelourinho
com a atribuição da O selo
carta de foral.
A casa da câmara

O QUE ERA A OS HABITANTES DO


CARTA DE FORAL? CONCELHO?
 era o documento Eram homens livres de diversas
que criava um condições:
concelho;  no topo: os mais ricos;
 definia as relações, possuíam terras e cavalo
os direitos e (muitas vezes designados
obrigações dos cavaleiros-vilãos) e entre eles
habitantes do eram escolhidos os que
concelho e entre exerciam os cargos no concelho
estes e o (homens-bons);
outorgante da  na posição intermédia: os
carta; peões; não tinham rendimentos
 possibilitava o suficientes para manter cavalo;
exercício do poder  na base: os dependentes;
local. constituíam a maioria da
população; não tinham bens
nem estatuto social.
Vila de Sabugal
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Domínios senhoriais Castelo de Valongo

Honras – domínios da
nobreza (situavam-se,
sobretudo, no Norte)

Coutos – domínios do clero


(localizavam-se, sobretudo,
no Centro e Sul)

Castelo de Valongo

Santiago Templário Calatrava Hospitalário


A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Senhorios do rei: reguengos Direito de presúria – estipulava que as
Senhorios do clero: coutos terras reconquistadas pertenciam a
Senhorios da nobreza: honras quem as ocupasse, independentemente
Os senhorios eram transmitidos por via hereditária. do estatuto social.

Origem dos senhorios: Os dependentes eram os


 direito de presúria habitantes dos senhorios
 doações régias
 doações de nobres

Privilégios dos senhorios Imunidade (isenções)


 posse da terra  judicial

+
 posse de armas  fiscal
 comando militar  administrativa
 poder fiscal
 poder judicial Impedia a entrada de oficiais régios.

Poder senhorial
 exercia a justiça
Poder fundiário  recrutava tropas
 cobrava impostos:
(banalidades, corveias)
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Sintetizando
IDADE MÉDIA
EUROPA OCIDENTAL (SÉCS. XI A XIII)
CARACTERÍSTICAS GERAIS

EXPANSÃO DA CRISTANDADE RESSURGIMENTO ECONÓMICO


 Reconquista Cristã na  Melhoria climática
Península Ibérica  Inovações técnicas
 Cruzadas para libertação dos  Ocupação de novos espaços
lugares santos  Crescimento demográfico
 Surgimento dos reinos cristãos  Desenvolvimento das cidades
 Afirmação de novas rotas comerciais

É nesta conjuntura europeia que se integra o processo de autonomização e independência de


Portugal entre os séculos XI e XII
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA DE PORTUGAL
Sintetizando
REINOS CRISTÃOS DA PENÍNSULA IBÉRICA Castela e Leão
Navarra
LIDERARAM A RECONQUISTA CRISTÃ Aragão
Portugal

VINDA DE CRUZADOS FORMAS DE OCUPAÇÃO DO CARACTERÍSTICAS SOCIAIS


E DE CAVALEIROS TERRITÓRIO  Sociedade tripartida
ESTRANGEIROS PARA  Relações de vassalidade
AUXILIAR NA Senhorios Concelhos (suserano/vassalo)
RECONQUISTA  As comunidades de
Laicos – honras Exercício dependentes estavam
FORMAÇÃO DO Eclesiásticos – do poder obrigadas ao pagamento
CONDADO coutos local de diversas prestações
PORTUCALENSE  Malha social diversificada
 Defender o território nos concelhos
 Promover o povoamento
NASCIMENTO DO  Desenvolver economicamente
REINO DE PORTUGAL o reino
A AUTONOMIZAÇÃO E INDEPENDÊNCIA
DE PORTUGAL: CONQUISTA, POVOAMENTO
E ORGANIZAÇÃO DO TERRITÓRIO
A conjuntura de expansão demográfica, económica, social e religiosa europeia

Você também pode gostar