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Ao Ministério da Educação

À Direção de Serviços da Região Alentejo

À Direção de Serviços da Região Algarve

À Direção de Serviços da Região Centro


À Direção de Serviços da Região Lisboa e Vale do Tejo

À Direção de Serviços da Região Norte

À Direção Regional de Educação da Região Autónoma da Madeira

À Direção Regional de Educação da Região Autónoma dos Açores

Ao Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social

Ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior


À Direção Geral do Emprego e Relações do Trabalho (DGERT)

Ao Presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses

Às Câmaras Municipais

A todas as associações patronais e entidades empregadoras de qualquer natureza

jurídica do sector da Educação.

PRÉ-AVISO DE GREVE

O Sindicato de Todos os Profissionais da Educação (S.TO.P.), ao abrigo do artigo 57º

da Constituição da República Portuguesa e nos termos dos artigos 530.º e seguintes do

Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º7/2009, de 12 de Fevereiro, e dos artigos

394.º e seguintes da Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas, aprovado pela Lei n.º

35/2014, de 20 de Junho, vem por este meio convocar greve nacional de todos os

trabalhadores docentes e não docentes, que exercem a sua atividade profissional no

sector da Educação e da formação profissional, de todos os níveis de Ensino, que

trabalhem por conta de outrem, em estabelecimentos públicos ou privados, a 8 de

março de 2024.
A Greve, sob a forma de uma paralisação nacional a todo o serviço, durante o período

de funcionamento correspondente ao dia decretado, o Dia Internacional da Mulher,

tem os seguintes objetivos principais e respetivo enquadramento:

Exigimos a garantia do Princípio da Igualdade entre mulheres e homens , tanto no

recrutamento como na progressão na carreira de Todos os Profissionais da

Educação, artigos 25º, 30º, 31º e 35º-A do Código de Trabalho (CT). Não é

admissível que Profissionais da Educação (docentes ou não docentes), sejam

impedidas de progredir na carreira por terem estado de baixa por gravidez de

risco ou em licença de parentalidade;

Exigimos que se garanta o direito ao horário flexível de trabalho (artigos 56º do

CT e 111º da Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas), sem quaisquer

constrangimentos e no imediato, para que se possibilite em particular a todas as

mulheres que trabalham na função pública uma melhor gestão da dupla jornada

de trabalho, bem como da sua condição de cuidadoras de ascendentes e

descendentes;

Exigimos que se cumpra a legislação na aplicação da dispensa para amamentação

ou aleitação das mães Profissionais da Educação, de forma a que sejam estas, a

escolher as horas para amamentação dos seus filhos, tal como previsto no artigo

48º do CT. Infelizmente é prática comum serem as escolas a decidir quais as

horas/turmas a serem “retiradas do horário” para dispensa de amamentação em

detrimento dos direitos das crianças, tantas vezes apregoados pelos nossos

governantes, mas tratando-se de filhos de Profissionais da Educação, os mesmos

direitos são frequentemente esquecidos;

Exigimos a clarificação das múltiplas funções dos Assistentes Operacionais (AO),

para que se garanta a igualdade entre mulheres e homens, no que respeita à

natureza do serviço atribuído e aos horários de trabalho, com a respetiva


elaboração e afixação de mapas de pessoal (artigo 216º do CT e artigos 29º e 326º

da LGTFP);

Defendemos a socialização do trabalho doméstico através da criação de uma rede

nacional de cantinas, creches e serviços de limpeza públicos e gratuitos;

Defendemos uma educação verdadeiramente inclusiva, que capacite alunos e

Profissionais da Educação para o combate coletivo a todo o tipo de discriminação e

violência;

Defendemos muito mais investimento em casas de refúgio públicas, com

acompanhamento psicológico e apoio na procura de emprego, para mulheres e

crianças vítimas de violência;

Denunciamos o assédio sexual nas escolas, em especial, associado a abusos de

poder. Exigimos uma campanha de denúncia do assédio sexual e proteção real às

vítimas e denunciantes.

Este dia de greve também contempla as várias reivindicações que o S.TO.P. tem

apresentado, até hoje, na luta em defesa da Escola Pública e de todos os seus

profissionais, nomeadamente:

A urgente valorização e dignificação da carreira de Assistente Operacional (AO) de

Educação, tendo em conta que o número de Assistentes Operacionais não corresponde

às efetivas necessidades das escolas. Consequentemente, estes são, frequentemente

sobrecarregados com trabalho extra, o seu salário continua estagnado, obrigando-os a

procurar segundos trabalhos para conseguirem fazer face a despesas essenciais que lhe

permitam uma vida com dignidade. A carreira de AO é uma carreira demasiado

abrangente, mas na verdade, os AO que trabalham nas escolas exercem um elevado

número de tarefas/funções bastante específicas quando comparados com outros AO da


Administração Pública, o que naturalmente acaba por ter reflexos na sua prestação

profissional, assim como nos seus direitos laborais. São exemplos disso: a falta de

formação específica para apoiar e/ou acompanhar crianças com necessidades de

inclusão, formação para trabalharem com material informático na biblioteca e

reprografia das escolas, ou a limitação do direito a férias tantas vezes restringido em

virtude dos calendários escolares;

Exigimos a revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD), nomeadamente quanto à

dignificação dos horários de trabalhos dos professores, com a definição clara de

horários de trabalho, que permitam a todos os docentes uma vida digna e conciliadora

com a vida familiar, de forma a que os professores não tenham de trabalhar fora do seu

horário de trabalho, até altas horas como tantas vezes se verifica atualmente, em

detrimento da sua família e da sua saúde. De forma a que o horário de trabalho seja

claro e objetivo, exigimos que todas as tarefas/funções exercidas pelos docentes sejam

consideradas componente letiva e que seja registado, obrigatoriamente nos seus

horários, tempos para reuniões das diferentes funções/cargos que lhe são atribuídos. É

inadmissível que, ao longo do ano, sejam atribuídas tarefas/funções aos docentes cujo

trabalho não está previsto no seu horário, é o caso de professores que são adicionados a

grupos de trabalho como: o Secretariado de Exames, a SADD, a avaliação das escolas, a

participação em projetos impostos pelo ME, o preenchimento de plataformas e tantas

outras que se perde a noção de quantas são;

Exigimos a autonomia dos docentes no que concerne ao seu direito à independência

pedagógica, rejeitando a intervenção constante do ME com a imposição de projetos e

estudos, muitas vezes completamente desfasados da realidade das escolas e que apenas

contribuem para o aumento de trabalho não remunerado de Todos os Profissionais da

Educação;
Exigimos a definição de um número máximo de níveis, turmas e cargos a atribuir, em

cada ano letivo, aos docentes, a constar no Estatuto da Carreira Docente - ECD);

Exigimos que, no ECD, se reconheça a carreira como sendo de desgaste rápido,

definindo-se condições específicas para a aposentação. É impensável que docentes,

mesmo com a verdadeira aplicação do artigo 79º, consigam lecionar com 65 ou 66 anos

de idade;

Exigimos, a igualdade de condições de trabalho para docentes dos diferentes ciclos de

ensino, nomeadamente quanto aos docentes em monodocência, no número de horas de

trabalho, na aplicação do artigo 79º do ECD e nas horas de redução para cargos, como

DT, Coordenação, etc.

Exigimos a suspensão e revisão imediata, com reabertura das negociações, do Decreto-

Lei n.o 32-A/2023 que estabelece o novo regime de gestão e recrutamento do pessoal

docente dos ensinos básico e secundário e de técnicos especializados para formação, tais

como: a alteração urgente das danosas regras da Vinculação Dinâmica, a regularização

da situação dos técnicos especializados para a formação e, a eliminação dos Conselhos

de QZP;

Exigimos a revisão do Concurso de Mobilidade por Doença, dando aos docentes já

debilitados, condições tantas vezes provocadas e/ou agravadas pelas suas condições de

trabalho, para que estes possam ser colocados o mais próximo das suas residências ou

dos locais onde precisam fazer os seus tratamentos. É inadmissível que o ME coloque

em questão a honestidade dos Profissionais da Educação, nomeadamente dos

professores, com intervenções frequentes na comunicação social, levantando suspeitas

sobre a veracidade das suas declarações ou dos documentos apresentados por estes e

passados por médicos. Se há suspeitas de fraude, como pode acontecer em qualquer


profissão, é obrigação do Estado fiscalizar, mas sem denegrir uma classe profissional

perante a opinião pública.

Para além disso, exigimos a atualização da lista de doenças consideradas incapacitantes

e/ou crónicas, no âmbito da Mobilidade por Doença;

Exigimos a abertura de vagas específicas nos quadros que permitam: a consolidação da

mobilidade dos técnicos superiores nos AE/ENA onde atualmente exercem a sua

atividade profissional (e, como medida provisória, a autorização das prorrogações até

dezembro de 2024, tal como tem sido feito em anos anteriores, conforme o estipulado

na LOE); a abertura de concursos externos e internos, externos para a vinculação de

técnicos especializados considerando as áreas de especialidade exercidas atualmente nos

AE/ENA; a transferência de vagas de quadro entre agrupamentos de escola, bem como a

aferição das reais necessidades de técnicos superiores em todos os AE/ENA; a

regularização e acesso ao número de vagas de cada agrupamento através de uma bolsa

de recrutamento no Sistema Interativo de Gestão de Recursos Humanos da Educação,

que não existe atualmente; a publicitação de vagas na Bolsa de Emprego Público (BEP)

acessível a todos os candidatos que pretendem recorrer ao processo de mobilidade, o

que não existe atualmente;

Exigimos a definição de horas de trabalho direto e indireto, para os Técnicos

Superiores, em 2/3 da componente letiva direta e 1/3 da componente letiva indireta

(ações de formação, ações de sensibilização, articulação / reuniões com outros

profissionais/instituições, avaliação novos casos, elaboração / adaptação de material,

elaboração de projetos, investigação, relatórios, reuniões de equipa, participação em

avaliações e reuniões da EMAEI, sinalização ou alteração de medidas, planeamento,

rastreios, reuniões com pais).


Exigimos que seja regulamentada a autonomia técnica e científica dos técnicos, que

continuam a ser alvo de diretrizes aleatórias provenientes das direções de escola que não

respeitam por vezes os códigos deontológicos e funções dos diferentes profissionais;

Defendemos as seguintes medidas de retificação:

• Retificação da posição remuneratória / subida direta de um nível remuneratório

dos técnicos que vincularam pelo Programa de Regularização Extraordinária dos

Vínculos Precários na Administração Pública (PREVPAP) (com perda de cerca

de 173€ mensais). Os técnicos que vincularam à semelhança dos que venham a

vincular a partir de janeiro de 2024, devem ser colocados no nível remuneratório

da carreira geral correspondente a valor igual/imediatamente superior, sendo a

reconstituição de carreira feita a partir desta posição, com a devida correção

retroativa à data da vinculação.

• Garantir a não transferência de competências para os municípios e permitir que

os vínculos dos técnicos superiores das escolas, cujas competências foram

transferidas para os municípios, retornem para a alçada do ME.

Lutamos contra a desconsideração do Ministério em relação a todos os Profissionais de

Educação que têm sido roubados nos seus direitos, o que se tem traduzido numa maior

desvalorização, desmotivação e exaustão destes profissionais essenciais.

Nenhum trabalhador pode ser impedido de aderir à greve, nem há lugar à fixação de
serviços mínimos.

Relativamente à segurança e manutenção de instalações, nos termos legalmente


previstos para a sua necessidade indica-se:

A segurança e a manutenção do equipamento e das instalações serão asseguradas nos


mesmos moldes em que o são nos períodos de interrupção do funcionamento ou de
encerramento.
Lisboa, 22 de fevereiro de 2024

Pela Direção do Sindicato de Todos os Profissionais da Educação

Ana Maria Bau Barros Marques

André Pestana da Silva

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