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Junho de 2020.
- Introdução
É bem verdade que está em curso no Estado o denominado Plano São Paulo, disposto
no Decreto n. 64.994, de 28 de maio de 2020, que prevê a retomada gradual das atividades
econômicas em atuação coordenada com os Municípios e a sociedade civil, contudo, ainda
não há previsão de retorno das aulas presenciais nos estabelecimentos de ensino, e de
qualquer maneira persiste ainda o dilema notadamente quanto à obrigatoriedade ou não da
redução das mensalidades escolares.
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- Da adoção do método de Ensino à Distância
Por sua vez, as instituições privadas dos diversos escalões da educação vêm buscando
auxílio de ferramentas tecnológicas de videoconferência e outros sistemas de ensino à
distância para evitar a paralisação das atividades educacionais.
Cabe esclarecer que a lei preconiza a carga horária mínima de 800 (oitocentas) horas
anuais para a educação infantil e para o ensino fundamental, distribuídas por um mínimo de
200 (duzentos) dias de efetivo trabalho escolar, e a carga horária mínima de 1000 (mil) horas
anuais para o ensino médio, com previsão de aumento progressivo para 1400 (mil e
quatrocentas) horas anuais, distribuídas por um mínimo de 200 (duzentos) dias de efetivo
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trabalho escolar. Já para a educação superior a lei flexibiliza expressamente o atingimento
da frequência mínima de 200 (duzentos) dias de trabalho acadêmico, nas instituições que
adotam programa de ensino à distância.
Contudo, é preciso ter a noção de que cada etapa da educação possui princípios e fins
específicos, e há diferenças profundas entre a educação básica e a superior. A dispensa das
aulas presenciais na educação básica, notadamente no ensino fundamental, revela-se
sensivelmente prejudicial ao aproveitamento pedagógico e esbarra ainda em princípios
básicos positivados no ordenamento jurídico.
Veja-se que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional prevê no seu artigo
32, §4º, que o ensino fundamental será obrigatoriamente presencial, permitindo-se o ensino
à distância apenas como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais.
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ensino à distância, salientando-se que a educação básica, especialmente o ensino
fundamental, tem como regra o método presencial.
Cabe ressalvar, ainda, que a referida Medida Provisória 934 dispensa o atingimento
do efetivo trabalho escolar presencial, porém, os estabelecimentos escolares não estão
desobrigados a concluir o ano letivo com a observância da carga horária mínima, devendo
para tanto atender satisfatoriamente o conteúdo programático.
Ao que consta, porém, a tramitação de tais projetos de lei encontrou resistência nas
Casas Legislativas, de modo que alguns Estados tomaram a iniciativa de legislar sobre o
tema, preconizando a obrigatoriedade da redução das mensalidades escolares.
No Estado do Ceará, por exemplo, o Projeto de Lei 77 de 2020 (já sancionado) prevê
a redução das mensalidades da rede privada de ensino, bem como a proibição da cobrança
de juros e multas pela inadimplência das mensalidades durante o período da pandemia.
Ocorre que, por versar sobre direito obrigacional, matéria reservada à competência
privativa da União, a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino ajuizou no
Supremo Tribunal Federal a Ação Direta de Inconstitucionalidade 6423, suscitando a
inconstitucionalidade da lei estadual que visa o controle de preços das mensalidades,
alegando, ademais, que a norma viola o princípio constitucional da livre iniciativa.
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Estabelece, ainda, o projeto de lei paulista que o descumprimento ensejará a
aplicação de multas nos termos do Código de Defesa do Consumidor, pelos órgãos
responsáveis pela fiscalização, em especial, a autarquia de Proteção e Defesa do Consumidor
do Estado de São Paulo – Fundação PROCON-SP.
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Comissão de Direito Civil, Direito Processual Civil e Defesa do Consumidor
Presidente
Vice-Presidente
Secretário-Geral
Secretária-Adjunta
Diretor Tesoureiro