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No «Poema em linha reta», Álvaro de Campos reflete sobre os «campeões em tudo», os «semi-
deuses» que não confessam quaisquer defeitos.
Num texto bem estruturado, de duzentas a trezentas e cinquenta palavras, escreve uma
apreciação crítica do cartoon de Osama Hajjaj, que analisa o tema numa perspetiva atual.
O teu texto deve incluir:
- um comentário crítico, fundamentando a tua apreciação em, pelo menos, três aspetos relevantes e
utilizando um discurso valorativo;
- uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos e em que salientes a ligação entre o cartoon e
o poema de Álvaro de Campos.
GRUPO III
1. Cumprir o limite de palavras e fazer parágrafos.
2. Estruturar devidamente o texto (em três ou quatro parágrafos, sendo o desenvolvimento mais
longo que os restantes).
3. Apresentar a descrição da imagem.
4. Expor um comentário crítico com um discurso valorativo.
5. Usar conectores, sobretudo, para marcar o início de cada parágrafo (De facto, ora, por um lado,
por outro lado, em última análise, em suma, ...).
6. Terminar o texto com uma conclusão adequada aos pontos de vista apresentados.
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Poema em linha reta
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
5 Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
10 Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
15 Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
20 Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...
PESSOA, Fernando, 2010. Poesia dos Outros Eus. 2.ª ed. Lisboa: Assírio & Alvim
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