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Apreciação crítica de um cartoon

No «Poema em linha reta», Álvaro de Campos reflete sobre os «campeões em tudo», os «semi-
deuses» que não confessam quaisquer defeitos.
Num texto bem estruturado, de duzentas a trezentas e cinquenta palavras, escreve uma
apreciação crítica do cartoon de Osama Hajjaj, que analisa o tema numa perspetiva atual.
O teu texto deve incluir:

- a descrição do objeto apresentado, destacando elementos significativos da composição da imagem;

- um comentário crítico, fundamentando a tua apreciação em, pelo menos, três aspetos relevantes e
utilizando um discurso valorativo;

- uma conclusão adequada aos pontos de vista desenvolvidos e em que salientes a ligação entre o cartoon e
o poema de Álvaro de Campos.

Osama Hajjaj (Jordânia), 2021, As Redes Sociais./ Cartoon Movement

GRUPO III
1. Cumprir o limite de palavras e fazer parágrafos.
2. Estruturar devidamente o texto (em três ou quatro parágrafos, sendo o desenvolvimento mais
longo que os restantes).
3. Apresentar a descrição da imagem.
4. Expor um comentário crítico com um discurso valorativo.
5. Usar conectores, sobretudo, para marcar o início de cada parágrafo (De facto, ora, por um lado,
por outro lado, em última análise, em suma, ...).
6. Terminar o texto com uma conclusão adequada aos pontos de vista apresentados.

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Poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.


Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
5 Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
10 Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
15 Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
20 Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe – todos eles príncipes – na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana


Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
25 Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

30 Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,


Podem ter sido traídos – mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
35 Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

PESSOA, Fernando, 2010. Poesia dos Outros Eus. 2.ª ed. Lisboa: Assírio & Alvim

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