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Curso Científico-Humanístico de Línguas e Humanidade

História A – 12.º LH ano


Ano letivo 2023-2024

FICHA INFORMATIVA n.º 2


GRUPO I – A CRISE DO CAPITALISMO A PARTIR DO FINAL DOS ANOS 20

DOC. 1 | A CONJUNTURA DE CRISE DOC. 2 | A INTERVENÇÃO DO ESTADO FACE À CRISE DO


NOS EUA (1931) CAPITALISMO, SEGUNDO HERBERT HOOVER (1931)

Há uma coisa que posso dizer sem qualquer dúvida, é que o espírito do
liberalismo é o de criar homens livres; não é impor uma disciplina rígida
aos indivíduos. Não é a extensão da burocracia […], sem tornar […] este
governo dominante na alma e no pensamento dos indivíduos.
[…] Cada passo nesta direção envenena as raízes do liberalismo. 5
Envenena a igualdade política, a liberdade de expressão, a liberdade de
imprensa e a igualdade de oportunidades. É o caminho não em direção à
liberdade, mas a menos liberdade. O verdadeiro liberalismo encontra-se
não no esforço para estender a burocracia, mas no esforço em impor-lhe
limites. 10
O liberalismo […] emana da tomada de consciência que não se pode
sacrificar a liberdade económica se é suposto preservar a liberdade
Imagem da “Sopa Popular” em Chicago, em política.
1931, onde se pode ler: “Café gratuito e donuts
para os desempregados”. Herbert Hoover, Discurso eleitoral, 31 de outubro, 1931.

ratuito e donuts para os desempregados”.


DOC. 3 | A INTERVENÇÃO DO ESTADO FACE À CRISE DO CAPITALISMO, SEGUNDO KEYNES (1936)
Os dois vícios que marcam o mundo económico em que vivemos são, em primeiro lugar, que o pleno emprego não está
garantido e, em segundo lugar, que a repartição da riqueza e do rendimento é arbitrária e sem equidade. […]
É de importância vital atribuir aos órgãos centrais poderes de direção que hoje estão confiados, na sua maior parte, à iniciativa
privada. […] O alargamento das funções do Estado é necessário para ajustar reciprocamente a propensão para consumir e o
incentivo para investir, […] o que para um financeiro americano é uma infração horrível dos princípios individualistas. Este 5
alargamento aparece-nos, pelo contrário, como o único meio de evitar a completa destruição das instituições económicas atuais
e como condição do exercício da iniciativa individual. […]
Logo que os organismos centrais consigam, com sucesso, restabelecer o volume de produção correspondente a uma
situação próxima do pleno emprego, a teoria clássica retomará os seus direitos.
J. M. Keynes, Teoria Geral do Emprego, do Interesse e da Moeda, 1936.

1. Complete o texto seguinte, selecionando a opção adequada para cada espaço.


No final dos anos 20, viveu-se nos EUA uma nova …a)… do capitalismo. O excesso de produção e a acumulação de
stocks, associados à …b)… e à facilidade de aceso ao crédito, agravaram a conjuntura de crise, que culminou, em
outubro de 1929, com …c)… da Bolsa de Wall Street, em Nova Iorque. A partir da Quinta-feira Negra, o colapso
financeiro instalou-se e a crise mundializou-se. Os Estados recorreram à …d)… e regressaram ao protecionismo.

a) b) c) d)

1. crise financeira 1. especulação imobiliária 1. a expansão 1. deflação


2. crise demográfica 2. especulação bolsista 2. a inflação 2. inflação
3. crise de subsistência 3. superprodução 3. o crash 3. depressão
4. crise cíclica 4. autarcia 4. a subida 4. estagflação

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2. Nomeie a designação atribuída ao período dos anos 30, no qual a imagem do documento 1 se insere.
3. Compare as duas perspetivas acerca do papel do Estado na economia, expressas nos documentos 2 e 3, quanto a
dois aspetos em que se opõem.
Fundamente com excertos relevantes dos dois documentos.

GRUPO II – O INTERVENCIONISMO DOS ESTADOS DEMOCRÁTICOS NO CONTEXTO ENTRE AS DUAS GUERRAS

DOC. 1 | CONJUNTO DOCUMENTAL

A. Primeira página onde se pode ler “Pânico em Wall Street à medida


que as ações colapsam”.

B. Cartaz francês da CGT onde se pode ler


“LUTEMOS pelas 40 horas, os contratos
coletivos, as obras públicas, pela PAZ”.

C. Vitória eleitoral de F. Roosevelt. D. Manifestação das Ligas Nacionalistas em França.

DOC. 2 | O TESTEMUNHO DE RAYMOND MOLEY* SOBRE A AÇÃO DO PRESIDENTE ROOSEVELT (1936)


O resgate dos bancos, em 1933, foi provavelmente o ponto de viragem da Depressão. Quando as pessoas estavam
capazes de sobreviver ao choque do encerramento dos bancos que foram reabertos e viram que o seu dinheiro estava
protegido, a confiança começou a ressurgir. […] O essencial da legislação adotada posteriormente não ajudou
verdadeiramente as pessoas. Estas é que se ajudaram a si próprias, uma vez ressurgida a confiança. […] As pessoas
tiveram um pouco de medo durante uma semana. Depois o Congresso adotou a lei e os bancos foram reabertos. […] As
pessoas entregaram o seu dinheiro aos bancos e ficaram descansadas. […] 5
O [programa do Presidente] rompeu radicalmente com a visão americana. Deu mais poder ao governo central. Na época
isto era necessário, sobretudo no domínio agrícola. Deixada a si própria, a agricultura rasava a anarquia. Mas não havia
nenhuma necessidade de reorganizar a indústria. Era preciso permitir às empresas prosperar e criar um mercado para os
produtos industriais nas cidades.
O segundo [momento de ação] foi outra coisa. Aqui começou o meu desencantamento. Roosevelt não seguiu uma linha 10
política particular a partir de 1936. A economia começou lentamente a decrescer – e o desemprego a aumentar – até
1940. Isto é algo que as pessoas de esquerda não querem admitir. Foi a guerra que salvou a economia.
Raymond Moley, citado em Hard Times, Histoire Orales de la Grand Dépression, Éditions Amsterdam, Paris, 2009.
*Participou inicialmente nas políticas de Roosevelt. Rompeu com o presidente americano e, a partir de 1936, enquanto defensor do
liberalismo alinhou-se com os republicanos conservadores, criticando o New Deal.
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1. A “vitória eleitoral de Franklin Rosevelt” (Doc. 1C) iniciou um novo momento na História dos Estados Unidos.
Nomeie o programa aplicado pelo presidente americano e que lhe deu notoriedade.

2. O cartaz (Doc. 1B) evidencia as reivindicações dos trabalhadores franceses que foram respondidas pelo governo da…
(A) Frente Popular.
(B) Frente Socialista.
(C) Frente Nacional.
(D) Frente Nacional-Socialista.

3. Ordene cronologicamente as imagens A, B, C e D (Doc. 1) que se relacionam com diferentes contextos económico-
políticos entre as duas guerras.

4. A afirmação “O [programa do Presidente] rompeu radicalmente com a visão americana. Deu mais poder ao governo
central” (Doc. 2, l. 7) evidencia uma nova conceção de Estado, marcada pelo alargamento das suas funções, própria…
(A) do protecionismo.
(B) do liberalismo.
(C) do capitalismo.
(D) do intervencionismo.

5. Raymond Moley considera que “O [programa do Presidente] rompeu radicalmente com a visão americana” (Doc. 2, l.
7). Apresente:
– um argumento que evidencie a necessidade de adotar medidas intervencionistas para resolver a crise;
– um argumento que demonstre a desconfiança face à ação do Presidente americano.
Fundamente com excertos relevantes do documento.

6. Associe cada uma das personalidades, presentes na coluna A, ao respetivo papel na construção do Estado social, que
consta na coluna B. Todas as afirmações da coluna B devem ser utilizadas. Cada afirmação da coluna B só pode ser
associada a uma das personalidades.

COLUNA A COLUNA B

(1) Presidente democrata, liderou um programa de ajuda e recuperação económica e social que redefiniu o liberalismo nos
EUA.
(2) Liderou o governo de coligação partidária entre 1936-1938 e mediou os conflitos entre o patronato e a Confederação Geral
(A) Léon Blum do Trabalho (CGT).
(3) Presidente da República Espanhola, marcada pelos governos de Frente Popular, implementou um programa reformista,
(B) Franklin Roosevelt defensor das autonomias.
(4) O seu plano de recuperação económica implementou, pela primeira vez, princípios do keynesianismo.
(C) Manuel Azaña (5) Primeiro-ministro francês nos governos de Frente Popular, enfrentou a oposição conservadora e a propaganda antissemita.
(6) A sua ação foi rejeitada pela direita conservadora nacionalista.
(7) A aprovação da lei Social Security Act, durante a sua administração, inaugurou uma nova conceção de Estado.

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GRUPO III – A CONSOLIDAÇÃO DO TOTALITARISMO: PRINCÍPIOS E PRÁTICAS

DOC. 1 | A TOMADA DO PODER NA ALEMANHA: O PROJETO TOTALITÁRIO NA IDEOLOGIA NAZI


Hitler tornou-se chanceler [30 de janeiro de 1933]. […] o Reichstag [Parlamento] foi dissolvido […]. Verificaram-se
rápidas e violentas mudanças dos altos funcionários administrativos e instaurou-se o terror durante a campanha eleitoral.
Os nazis atuavam sem peias*: as suas tropas de assalto irrompiam regularmente nas reuniões eleitorais dos outros partidos,
abatiam quase todos os dias um ou dois adversários políticos […]. [F]oi publicado um decreto de Hindenburg** que abolia
a liberdade de expressão, a confidencialidade postal e telefónica dos cidadãos e conferia à polícia plenos direitos para 5
efetuar buscas domiciliárias, confiscar e prender. […] Um sindicalista social-democrata de Copenick enfrentou uma
patrulha das SA que irrompeu uma noite pela sua casa para o “deter”. […] No dia seguinte, as patrulhas das SA
apresentaram-se em Copenick, entraram nas casas de todos os habitantes de conhecida orientação social-democrata e
abateram-nos sem mais explicações. […]
Mantinham-nos, em simultâneo, permanentemente ocupados e distraídos com uma sucessão ininterrupta de celebrações, 10
cerimónias e festas nacionais […] desfiles gigantescos e fogo-de-artifício, tambores, bandas de música e bandeiras
espalhadas por toda a Alemanha, a voz de Hitler através de milhares de altifalantes […]. Desta revolução [nazi], que não
se dirigia contra qualquer regime, mas contra as bases da coabitação humana na Terra, […] o primeiro ato intimidatório foi
o boicote imposto aos judeus, a 1 de abril de 1933. Assim o decidiram Hitler e Goebbels […]: todas as lojas dos judeus
seriam boicotadas. […] O boicote atingiria também os médicos e os advogados judeus, que seriam controlados nos 15
consultórios e nos escritórios pelas patrulhas das SA. […].
Ao mesmo tempo, arrancou uma grande “campanha de informação” contra os judeus. Os alemães foram esclarecidos,
através de panfletos, cartazes e concentrações, de que fora um erro terem considerado os judeus como seres humanos. Os
judeus eram, na verdade, “seres inferiores”, uma espécie de animais, mas providos de características demoníacas. As
consequências que havia a retirar deste facto não foram desde logo explicadas. Contudo, a expressão “Morte aos Judeus!” 20
foi proposta como slogan de campanha e grito de guerra.
Sebastian Haffner, História de Um Alemão – Memórias 1914-1933: O que conduziu a Alemanha à loucura do nazismo?,
Publicações D. Quixote, Lisboa, 2005 [adaptado].
*Impedimento
**Presidente da Alemanha (1925-1934).

DOC. 2 | A CONSTRUÇÃO DA URSS: A AFIRMAÇÃO DO COMUNISMO NUM SÓ PAÍS (1936)


O quadro das transformações introduzidas na vida social da União Soviética não estaria completo sem algumas palavras a
respeito das transformações [na] esfera das relações entre as nações na URSS. Como se sabe, a União Soviética compõe-
-se de cerca de 60 nações, grupos nacionais e nacionalidades. […] A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas […]
formou-se em 1922, no Primeiro Congresso dos Sovietes da URSS […] sobre o princípio da igualdade e livre adesão dos
povos da URSS. A Constituição […] em vigor, adotada em 1924, é a primeira Constituição da URSS. Era uma época em 5
que as relações entre os povos ainda não estavam devidamente organizadas, quando as reminiscências de desconfiança para
com os grandes russos* ainda não tinham desaparecido […].
[A] tentativa de formar um Estado multinacional baseado no socialismo teve pleno êxito. Trata-se de uma indiscutível
vitória da política leninista na questão nacional. A que se deve essa vitória?
À inexistência de classes exploradoras, […]; à inexistência da exploração, […]; ao facto de que o poder se encontra nas 10
mãos da classe operária, inimiga de toda a escravidão e fiel campeã do ideal do internacionalismo […], ao florescimento
da cultura nacional dos povos da URSS […] no seio de um único Estado federal […] que saiu triunfante de todas as provas
e cuja solidez pode causar inveja a qualquer Estado nacional em qualquer parte do mundo. (Aplausos calorosos.)
Estaline, Sobre o Projeto da Constituição da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, 25 de novembro, 1936 [adaptado]
[disponível em https://www.marxists.org/portugues/stalin/1936/11/25.htm, consultado em 02/11/2022].
*Habitantes da Grande Rússia ou Rússia propriamente dita, territórios que formavam o núcleo territorial da Rússia, uma das repúblicas da
URSS.

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DOC. 3 | MEIOS AO SERVIÇO DO TOTALITARISMO NA ALEMANHA NAZI E NA URSS DE ESTALINE
A. A Alemanha escuta o Führer (1936) B. Estaline, herdeiro de Lenine (1930)

Cartaz de 1936 onde se pode ler: “Toda a Alemanha escuta o Cartaz de 1933, onde está inscrito, na parte inferior: “Sob o
Führer com o transístor do Povo”. estandarte de Lenine fizemos triunfar a Revolução de Outubro.
A partir de 1933, foi comercializado na Alemanha um aparelho de Sob o estandarte de Lenine obtivemos sucessos decisivos para a
rádio a preços moderados – o “recetor do povo” –, a pedido do construção do socialismo. É sob esse mesmo estandarte que
Ministro da Propaganda, Joseph Goebbels. faremos triunfar a revolução proletária no mundo.” Assinado:
Estaline.
Lenine, em fundo, tem a figura de Estaline sobreposta,
veiculando a ideia de que este é o herdeiro da ação daquele e,
como tal, surge colocado num nível superior ao dos outros
dirigentes do partido.

1. Complete o texto seguinte, selecionando a opção adequada para cada espaço.


A difusão do …a)…, numa Europa desestruturada pela Primeira Guerra, causou uma onda de agitação …b)…, apoiada
na ação …c)…. Assistiu-se à ocupação de fábricas e terras em vários países e à instauração de repúblicas de sovietes.
A reação à “onda vermelha”, olhada com desconfiança pela alta burguesia e pelas classes médias, favoreceu o
surgimento dos primeiros golpes para derrubar o demoliberalismo, como aconteceu em Itália e na Alemanha, com
a …d)…, respetivamente.

a) b) c) d)

1. comunismo 1. monárquica 1. do Komintern 1. Marcha sobre Berlim e golpe das Ligas Nacionalistas
2. anarquismo 2. democrática 2. da SDN 2. Marcha sobre Milão e golpe de Berlim
3. socialismo 3. capitalista 3. do Kominform 3. Marcha sobre Roma e o putsch de Munique
4. demoliberalismo 4. revolucionária 4. do COMECON 4. Marcha de Mussolini e eleição de Hitler

2. Desenvolva o tema A afirmação do totalitarismo nazi e estalinista nos anos 30, articulando os dois tópicos de orientação
seguintes:
– os princípios ideológicos e estratégias de afirmação do poder;
– as manifestações de repressão e de propaganda.
Na sua resposta:– apresente três elementos para cada tópico de orientação, evidenciando a relação entre os elementos
dos dois tópicos;– integre, pelo menos, uma informação relevante de cada um dos documentos 1 a

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