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O futuro dos estados-nação na era da

globalização.
CÂNDIDO FERREIRA

CIÊNCIA POLÍTICA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS

UNIVERSIDADE FERNANDO PESSOA

12 dez. 21
O FUTURO DOS ESTADOS-NAÇÃO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO

RESUMO

“O Estado-nação tornou-se demasiado pequeno para os grandes problemas da


vida, e demasiado grande para os pequenos problemas da vida.” (Bell, 1987, p. 14).

Utilizando como referência esta frase de Daniel Bell, o objetivo do presente


artigo é estimular a reflexão sobre o impacto da globalização na soberania e autonomia
dos estados na gestão dos problemas globais considerando o crescente aumento da
influência das organizações e das empresas no sistema internacional, limitando ao mesmo
tempo a sua capacidade de resposta às necessidades quotidianas dos seus cidadãos. Por
outro lado, se este processo nos pode conduzir ao fim dos estados-nação conforme os
conhecemos e a uma maior influência de uma governança global, ou se, antes pelo
contrário vamos assistir a um “ressurgimento” dos estados-nação, através do crescimento
do populismo, dos nacionalismos e do protecionismo, e consequentemente um
decréscimo significativo da globalização como resposta a estas necessidades.

PALAVRAS-CHAVE

Globalização; estado-nação; governação; soberania; sistema internacional.

ABSTRACT
“The nation-state is becoming too small for the big problems of life, and too
big for the small problems of life.” (Bell, 1987, p. 14).

Using this phrase by Daniel Bell as a reference, the aim of this article is to
stimulate the reflection on the impact of globalization on the sovereignty and autonomy
of states in the management of global problems, considering the increasing influence of
organizations and companies in the international system, while limits their ability to
respond to their citizens' daily needs. On the other hand, if this process can lead us to
the end of nation-states as we know them and to a major influence of global governance,
or if, on the opposite, we will witness a "resurgence" of nation-states, through the
growth of populism, nationalism and protectionism, and consequently a significant
decrease of globalization as a response to these needs.

KEYWORDS

Globalization; nation-state; governance; sovereignty; international system.

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O FUTURO DOS ESTADOS-NAÇÃO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO

INTRODUÇÃO

Daniel Bell, quando escreveu no artigo “The World and the United States in
2013” na revista Daedalus Vol. 116, No. 3, Futures (Summer, 1987), pp. 1-31, a frase “O
Estado-nação tornou-se demasiado pequeno para os grandes problemas da vida, e
demasiado grande para os pequenos problemas da vida.” (Bell, 1987, p. 14), estava longe
de imaginar que trinta e quatro anos depois estaria mais atual do que nunca. Aliás na sua
nota de prefácio indica o ano 2013 é totalmente arbitrário, que foi utilizado apenas pelo
facto de ao ser tão distante lhe permitir transpor questões imediatas e particulares, e que
não sendo uma precisão do futuro, o seu objetivo era fazer um exercício para identificar
mudanças estruturais significativas na sociedade mundial e nos Estados Unidos (Bell,
1987, p. 1). E Daniel Bell não podia ter sido mais bem-sucedido, porque as questões que
identificou (Bell, 1987, p. 14) não podiam se mais atuais:

É demasiado pequeno para os grandes problemas da vida porque não existem mecanismos
internacionais eficazes para lidar com os problemas dos fluxos de capital, desequilíbrios de
mercadorias, a perda de empregos, e as várias vagas demográficas que se vão desenvolver
nos próximos vinte anos. É demasiado grande para os pequenos problemas da vida porque o
fluxo de poder para um centro político nacional faz com que o centro nacional se torne cada
vez mais pouco recetivo à variedade e diversidade das necessidades locais, e os centros locais
percam a capacidade de controlar eficazmente os recursos e de tomar as suas próprias
decisões. Em suma, existe uma desadequação de escala.

Assim, o objetivo deste artigo é efetuar esse mesmo exercício à luz da realidade
de hoje altamente impactada pelo fenómeno da globalização, identificando os grandes
problemas com que a sociedade se debate, a forma como os estados os estão a abordar e
o seu impacto nos cidadãos e na configuração do sistema internacional.

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I ─ Uma breve história da globalização

Desde os tempos antigos, os seres humanos têm procurado lugares distantes para
se estabelecerem, produzirem, e trocarem bens possibilitados por melhorias na tecnologia
e no transporte. Assim, as pessoas comercializam mercadorias há quase tanto tempo
quanto existem, mas o primeiro grande fenómeno verdadeiramente global iniciou-se no
Século I aC com a Rota da Seda e as transações comerciais entre a China e Roma. Mais
tarde no Século VII surgiram os mercadores muçulmanos, através do comércio das
especiarias, tendo logo no Século IX alcançado o domínio do comércio no Mediterrâneo
e no Oceano Índico. Mas o comércio verdadeiramente global começou a partir do final
do Século XV, na Era dos Descobrimentos quando os exploradores europeus ligaram o
Oriente e o Ocidente e descobriram as Américas. Auxiliados pelas descobertas da
chamada “Revolução Científica” nos campos da astronomia, mecânica, física e
navegação, os portugueses, espanhóis e posteriormente holandeses e ingleses primeiro
“descobriram”, depois subjugaram, e finalmente integraram novas terras em suas
economias’. (Vanham, 2019)

Figura 1 ─ Nova Totius Terrarum Orbis Geographica Ac Hydrographica Tabula. Auct.


Henr: Hondio. (Map of the World), 1630-1641

Fonte: (Vanham, 2019)

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Apesar de ser a primeira abordagem comercial, e até mesmo social, de carácter


verdadeiramente global, não é considerada como uma verdadeira globalização de acordo
com os economistas de hoje, porque segundo eles: “Os impérios criaram assim uma
economia mercantilista e colonial, mas não uma economia verdadeiramente globalizada.”
(Vanham, 2019)

Assim, a primeira onda de globalização, é consensualmente considerada como


tendo ocorrido no final do século XVIII com a Revolução Industrial “Britânica”, que
aliando a expansão geográfica do Império Britânico, com a evolução tecnológica
decorrente da utilização da máquina a vapor, incrementou de forma muito significativa a
sua industrialização; o surgimento dos navios e comboios a vapor permitiu a distribuição
dos seus produtos por todo o mundo, tais como ferro, têxteis, produtos manufaturados,
entre outros.

Entretanto, surgiram as guerras mundiais que puseram praticamente fim a este


processo de globalização económica, mas entre estes dois eventos surgiu a aquilo que
pode ser a primeira manifestação efetiva da globalização para além da meramente
económica, a Liga da Nações. A Liga das Nações foi a primeira organização internacional
a unir a cooperação social, laboral, cultural, técnica, económica, política e militar sob o
mesmo teto e a reivindicar representar todas as regiões do mundo. Ao incluir o maior
número possível de campos importantes da vida humana, a Liga das Nações deveria
tornar-se um fórum para a promoção da paz e a prevenção da guerra a nível global. As
esperanças ligadas a esta promessa foram primeiro dececionadas como resultado da crise
económica mundial, e finalmente frustradas pela deflagração da Segunda Guerra
Mundial. De qualquer forma, pode ser considerada a primeira instituição verdadeiramente
global, e apesar do seu falhanço permitiu abrir o caminho para a criação da Organização
das Nações Unidas em 1945. (Löhr, 2015)

A história da globalização, porém, não acabou. O fim da Segunda Guerra Mundial


marcou um novo começo para a economia global, sob a liderança dos Estados Unidos da
América (EUA) e com o auxílio das tecnologias da Segunda Revolução Industrial, como
o automóvel e o avião, o comércio global voltou a crescer. No início, isso aconteceu em
duas faixas distintas, já que a “Cortina de Ferro” dividiu o mundo em duas esferas de
influência, a dos EUA e a da União Soviética.

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Nas primeiras décadas após a Segunda Guerra Mundial, instituições como a União
Europeia, entretanto criada e outros veículos de livre comércio patrocinados pelos
Estados Unidos foram responsáveis por grande parte do aumento do comércio
internacional. Na União Soviética, houve um aumento semelhante no comércio, embora
por meio de planeamento centralizado, em vez do mercado livre. O efeito foi profundo e
traduziu-se num aumento acentuado nos da classe média no Ocidente. Mas foi a partir de
1989, com a queda da Cortina de Ferro, que a globalização se tornou um fenómeno
verdadeiramente global. Neste "novo" mundo, os EUA deram o mote e lideraram o
caminho, mas muitos outros beneficiaram deste fenómeno.

Ao mesmo tempo, uma nova tecnologia da Terceira Revolução Industrial, a


Internet, ligou pessoas de todo o mundo de uma forma ainda mais direta. O surgimento
de novas instituições para a liberalização do comércio como a Organização Mundial do
Comércio (OMC), a criação do Mercosul e o Tratado Norte-Americano de Livre-
Comércio vieram ainda mais potenciar o efeito da globalização. Além disso, a Internet
também permitiu uma maior integração global das cadeias de valor. Podia-se fazer
investigação e desenvolvimento (I&D) num país, aprovisionamento noutros, produção
em mais um, e distribuição em todo o mundo. A maioria da população global beneficiou
disto: mais pessoas do que nunca pertencem à classe média global, e centenas de milhões
alcançaram esse estatuto ao participarem na economia global. (Vanham, 2019)

Figura 2 ─ Eras da globalização

Fonte: (Vanham, 2019)

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Isso traz-nos até hoje, quando uma nova onda da globalização (a Globalização
4.0) está de novo sobre nós. Num mundo cada vez mais dominado por duas potências
globais, os EUA e a China, a nova fronteira da globalização é o mundo cibernético. A
economia digital, teve o seu início durante a terceira vaga de globalização, mas está agora
a tornar-se uma força a ter em conta através do comércio eletrónico, serviços digitais,
impressão em 3D. É ainda acelerada pela robotização, pela inteligência artificial, a
“internet das coisas” e pelo blockchain, mas também é ameaçada por hacking,
ciberataques internacionais e pelo crescente aparecimento de moedas virtuais, com todos
os problemas de desregulação que nos trazem.

II ─ Exemplos de globalização:

Devido aos desenvolvimentos comerciais e às trocas financeiras, muitas vezes


pensamos na globalização como um fenómeno econômico e financeiro. No entanto, inclui
um campo muito mais amplo do que apenas o fluxo de bens, serviços ou capital. Muitas
vezes referido como o mapa conceitual da globalização, alguns exemplos de globalização
são:

1. Globalização econômica: é o desenvolvimento de sistemas de comércio


dentro de atores transnacionais, como empresas ou Organizações não
Governamentais (ONGs);
2. Globalização financeira: pode estar associada ao surgimento de um
sistema financeiro global com trocas financeiras e monetárias
internacionais. Os mercados de ações, por exemplo, são um grande
exemplo do mundo global financeiramente conectado, pois quando um
mercado de ações cai, isso afeta negativamente outros mercados, bem
como a economia como um todo.
3. Globalização cultural: refere-se à interpenetração de culturas que, como
consequência, faz com que as nações adotem princípios, crenças e custos
de outras nações, perdendo sua cultura única para uma supercultura única
e globalizada;
4. Globalização política: o desenvolvimento e a crescente influência de
organizações internacionais como a ONU, Organização para a Cooperação
e Desenvolvimento Económico (OCDE), Organização para a Segurança e
Cooperação na Europa (OSCE), Conselho da Europa e Organização

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Mundial do Comércio (OMC) e Organização Mundial da Saúde (OMS)


significa que a ação governamental ocorre em nível internacional. Existem
outros órgãos operando em nível global, como ONGs como Médicos sem
Fronteiras ou Comité Internacional da Cruz Vermelha;
5. Globalização sociológica: a informação move-se quase em tempo real,
junto com a interconexão e interdependência dos eventos e suas
consequências. As pessoas também se movem o tempo todo, mesclando e
integrando diferentes sociedades;
6. Globalização tecnológica: fenómeno pelo qual milhões de pessoas estão
interconectadas graças ao poder do mundo digital por meio de plataformas
como Facebook, Instagram, Skype ou Youtube.
7. Globalização geográfica: é a nova organização e hierarquia de diferentes
regiões do mundo que está em constante mudança. Além disso, com o
transporte e o voo tão fáceis e acessíveis, além de alguns países com vistos
exigentes, é possível viajar pelo mundo sem quase nenhuma restrição;
8. Globalização ecológica: responde pela ideia de considerar o planeta Terra
como uma única entidade global - um bem comum que todas as sociedades
devem proteger, pois o clima afeta a todos e todos nós estamos protegidos
pela mesma atmosfera. A esse respeito, costuma-se dizer que os países
mais pobres e menos poluentes serão os que mais sofrerão com as
mudanças climáticas.
(Youmatter, 2020)

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III ─ Efeitos e desafios da globalização

A globalização tem benefícios que abrangem muitas áreas diferentes.


Desenvolveu reciprocamente economias em todo o mundo e aumentou o intercâmbio
cultural. Também permitiu trocas financeiras entre empresas, mudando o paradigma de
trabalho, tornou as empresas mais competitivas e reduziu os preços para os consumidores.
Proporcionou aos países mais pobres, por meio de injeção de capital estrangeiro e
tecnologia, a possibilidade de se desenvolverem economicamente e ao espalhar a
prosperidade, cria as condições para que a democracia e o respeito pelos direitos humanos
possam florescer. A globalização veio promover a livre circulação de pessoas, criando
uma mistura cultural e fazendo com que cada país conheça mais sobre outras culturas e
aumente a aceitação de outras culturas. Muitas pessoas são hoje cidadãos do mundo. No
entanto, não obstante o efeito positivo dos intercâmbios culturais, também homogeneizou
as culturas do mundo. É por isso que características culturais específicas de alguns países
estão a desaparecer.

Há cada vez mais uma concertação política para abordar problemas globais, como
é o caso atual da luta o a COVID-19, as alterações climáticas, a luta pelos direitos
humanos, entre outros. Vivemos numa sociedade da informação digital, com informação
a ser rapidamente disseminada pela Internet.

Mas a globalização é um fenómeno complexo, e muitos dos benefícios ou efeitos


positivos identificados para uns, tornam-se desafios para outros.

O maior problema para os países desenvolvidos é que os empregos são perdidos


e transferidos para países de custo mais baixo, ou está a traduzir-se numa estagnação ou
até mesmo numa redução dos salários. A nível financeiro tem-se verificado que com os
mercados globais fortemente integrados apresentam um risco maior de recessões globais,
como foi o caso da crise financeira e recessão de 2007-2009. Os esquemas de bem-estar
social ou sistemas de segurança estão sob grande pressão nos países desenvolvidos por
causa dos déficits, perdas de empregos e outras ramificações económicas da globalização.

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A globalização tem também exercido uma enorme pressão sobre o meio-ambiente,


nomeadamente, o transporte de mercadorias e pessoas entre as nações gera gases de efeito
estufa e todos os efeitos negativos que tem sobre o meio ambiente. As viagens e o
comércio globais também podem introduzir, às vezes inadvertidamente, espécies
invasoras em ecossistemas estrangeiros. Indústrias como a pesca, agricultura intensiva e
a extração de madeira tendem a ir para onde os negócios são mais lucrativos ou as
regulamentações são menos rígidas, o que resultou em sobrepesca e desmatamento em
algumas partes do mundo.

A nível da saúde e com o aumento de circulação das pessoas, também assistimos


a uma maior e mais rápida proliferação de pandemias, como foram os casos do surto de
H1N1 (gripe suína) de 2009 e da COVID-19 com a qual ainda nos confrontamos e ainda
sem fim à vista apesar dos esforços globais.

Dilemas éticos globais provocados pelo avanço da tecnologia e pela crescente


globalização e a ausência de uma governança que regule esta área. “Julgo que nunca a
Humanidade enfrentou tantas e tão graves ameaças como hoje. (…) as NBIC
(nanotecnologias, biotecnologias, inteligência artificial, ciências cognitivas,
neurociências) na sua ambiguidade, (…) frente às possibilidades do transumanismo e do
pós-humanismo, é preciso refletir sobre o que verdadeiramente queremos; (…) bebés
transgénicos; experiências com híbridos;” (Borges, 2021)

Com a globalização temos assistido a uma crise de migratória sem precedentes.

Um número recorde de refugiados e migrantes cruzam as fronteiras internacionais fugindo


de conflitos, perseguições e da pobreza. Outros motivos são a escassez de mão de obra e
profissionais qualificados assim como mudanças demográficas; muitos migrantes também
deixam seus países de origem à procura de melhores oportunidades de vida. Essas viagens
não estão livres de perigos. Todos os dias, as manchetes de jornais e outros meios de
comunicação informam sobre terríveis tragédias. Aqueles que conseguem chegar a seus
destinos, não raramente são recebidos com alguma hostilidade e intolerância. De acordo
com a ONU, um número reduzido de países aceita uma quantidade desproporcional de
refugiados e requerentes de asilo, além de migrantes. Uma outra preocupação é com a perda
de vidas. Os grandes deslocamentos de populações têm como consequências para o panorama
social, político e econômico. (Nações Unidas, 2016)

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Com a globalização, também surgiram as primeiras moedas virtuais, colocando


problemas de regulação aos estados e às suas entidades de supervisão financeira de
combate à fraude, ao branqueamento de capitais e financiamento do terrorismo.
“O primeiro comunicado sobre os riscos foi realizado em 2015 pelo Banco de
Portugal1 , doravante BdP, que revertia as preocupações expostas no relatório do
Banco Central Europeu, no sentido em que não existe qualquer supervisão europeia
ou nacional e os riscos associados tais como, a sua enorme volatilidade, a ausência
de proteção, falta de transparência, insuficiência de informação, risco de fraude e
inadequação de fins.” (Luz, 2020, p. 19)

Ao nível fiscal a globalização também coloca um enorme desafio aos estados, na


medida que as grandes empresas multinacionais têm a capacidade de explorar paraísos
fiscais em outros países para evitar o pagamento de impostos. As empresas
multinacionais são ainda acusadas de injustiça social, condições injustas de trabalho
(incluindo salários de trabalho escravo, condições de vida e de trabalho), bem como
falta de preocupação com o meio ambiente, má gestão dos recursos naturais e danos
ecológicos. Por outro lado, assistimos a essas Empresas multinacionais assumirem um
protagonismo cada vez maior no sistema internacional, antes restritas às atividades
comerciais, estão cada vez mais influenciando as decisões políticas. Muitos acham que
existe a ameaça de as corporações estarem a “governar” o mundo porque, devido à
globalização, estão a ganhar cada vez maior dimensão e poder (ver figura 3 e 4).
“(…)"por muitas medidas, as empresas são mais atores centrais nos assuntos globais do
que nações". (Barber, 1995, p. 23)

Figura 3 ─ Empresas "Maiores" do que os países (comparando a sua Capitalização de


Mercado com o Produto Interno Bruto dos Países.

Fonte: (Wallach, 2021)

1
Disponível em
https://www.bportugal.pt/sites/default/files/anexos/comcnsf20180705.pdf
[consultado em 11.05.2019]

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Figura 4 ─ Os maiores empregadores mundiais incluindo empresas, militares e governos.

Fonte: (Wikipedia, 2021)

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O FUTURO DOS ESTADOS-NAÇÃO NA ERA DA GLOBALIZAÇÃO

Bibliografia
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Examples – What is Globalization? Obtido de Youmatter:
https://youmatter.world/en/definition/definitions-globalization-definition-
benefits-effects-examples/

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https://youmatter.world/en/definition/definitions-globalization-definition-
benefits-effects-examples/

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