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globalização – o nome que se dá para estes processos ainda in fieri – que
pode ser assumida como a palavra de ordem emblemática que qualifica
o fim do século (e provavelmente os próximos decênios), como o modo
da ação, da produção e da elaboração cultural que impregna e
determina todos os níveis de existência, isto é, como uma época.”
“A globalização é essencialmente, ruptura, ausência de limites,
deformação das geometrias políticas.”
“O nascimento da empresa transnacional marca o fim tendencial da
fábrica fordista e, ao mesmo tempo, de sua projeção multinacional, da
centralidade social e política das organizações operárias e do Estado
social. E é o fim da contenção do ilimitado no limitado, isto é, de um
dos pressupostos espaciais da política moderna, do comando da política
sobre a economia, ou ao menos da possibilidade de dar uma figura e
uma forma política aos espaços econômicos e sociais. A economia, tanto
a financeira como a produtiva, transpassa o espaço das fronteiras e das
formas vitais, e substitui a política na capacidade de conferir o sentido
do espaço, dando vida ao que agora se define como geoeconomia, na
qual o Estado constitui somente uma variável do processo econômico.
Portanto, a nova economia não é indiferente ao espaço em geral, mas
sim somente ao espaço moderno da política: mais ainda, organiza para
si, e de maneira inédita, os novos espaços.”
“Na era da globalização observamos o fenômeno da superação tanto dos
limites soberanos do conflito no espaço cerrado da política, quanto das
linhas de conflitos de classe não somente internas, mas também
internacionais, entre o Norte e o Sul do mundo, entre o primeiro e
terceiro mundo (...) As consequências políticas são evidentes. A
moderna centralidade do espaço do Estado está gravemente
pressionada – muito mais do que pelo fenômeno migratório – pela
“dispersão” do fenômeno econômico, e pelo fato de que atualmente
carece da forma que lhe dava a política; o primeiro e mais notório efeito
é a tendência ao esvaziamento do Estado social (contra o qual,
obviamente, reagem forças e interesses que estão vinculados com ele), a
diminuição da pressão distributiva do Estado sobre a sociedade e, por
fim, pela liberdade de “mobilidade” que possui o sujeito individual e sua
capacidade de produção (...) É como se a política se debilitasse, como se
o seu espaço resultasse mais exíguo e sutil, e como se as tarefas de
governo diminuíssem em quantidade e intensidade e fossem delegadas
ao mercado e aos sujeitos intermediários, em um trend que
progressivamente demoliu o big government do pós-segunda guerra
mundial.”
“A chamada “era do individualismo” manifesta o triunfo de uma
economia cuja potência transcende tanto os cálculos individuais,
quanto os racionais, e na qual é muito difícil reconhecer o moderno
universalismo do útil; nela o sujeito “livre” afirma a própria identidade
como “soberania do consumidor”, prescindindo do Estado, da nação ou
sociedade (e, portanto, não é o Estado, mas sim o mercado que ordena o
espaço da identificação indispensável para formação da identidade dos
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indivíduos), mas, ao mesmo tempo, o indivíduo também aparece como
um ser distante não somente da própria cultura (a alienação
contemporânea); vaga “livre”, mas inseguro e desorientado, atravessa
todos os limites e, simultaneamente, é atravessado por diversas formas
de exclusões.”
Carlo Galli, Spazi politici. L’età moderna e
l’età globale, 2001.
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desregulação do mercado de trabalho, redução da intervenção dos
Estados em setores decisivos. No âmbito da saúde, da educação, da
previdência e da assistência o Estado deixa sempre mais espaço aos
interesses privados, após haver cancelado o chamado “direito ao
trabalho”.”
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cidadãos para efetuar uma mobilização geral pela defesa dos valores
próprios do país. A manifestação política que enfatiza e dramatiza a
insegurança social, vertida em seguida no elemento fundamental da
fábrica do medo, confirma também neste caso o estreitíssimo nexo entre
o medo e o poder.”
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Posteriormente, após este modelo ser derrubado pelo Tratado de
Maastricht, ocorre o decrescimento econômico, sob a bandeira da
impotência da política e do papel, confiado ao mercado, de restringir
todas as despesas sociais”.
“O segundo fator de descrédito da política é determinado pelos
privilégios dos políticos e da má gestão da coisa pública (...) A classe
política é percebida como uma casta, em grande parte corrupta,
condicionada pelos financiamentos indevidos e em perpétuo conflito de
interesses com os próprios concidadãos. E os políticos são vistos como
os responsáveis pelos cortes e pelas políticas econômicas recessivas
impostas pela Europa e pelos mercados globais, políticas que se
revelaram ineficazes e falimentares, pois não resolveram os problemas
contidos nas crises, ao contrário, ela provocaram e agravaram as crises.
Estas políticas determinaram um crescimento da desigualdade, que é o
principal fator das crises econômicas, como uma espiral: de um lado,
provocaram o crescimento da pobreza e, portanto, uma restrição da
demanda de bens e de serviços, com a consequente contração dos
investimentos e a redução do emprego e, logicamente, um novo
aumento da pobreza; por outro, o crescimento da riqueza obtido menos
pela conveniência dos investimentos produtivos e muito mais pela
rentável especulação financeira. Bastaria muito menos para produzir o
atual e generalizado descrédito da política.”
Luigi Ferrajoli, Dei diritti e delle garanzie,
2013.z
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II – Zygmunt Bauman: a sociedade capitalista contemporânea ou a era
da modernidade líquida.
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Z. Bauman, La sociologia di fronte ad uma
nuova condizione umana, 2000.
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g) a construção social da compulsão pela acumulação da posse
material (de renda, recursos, bens) e expansão do prestígio e do
poder: os novos senhores do mundo e do universo.
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proveito próprio e contribuindo para o aumento da riqueza social.
Logo, para que o mercado funcione e produza a riqueza social e
garanta a liberdade do indivíduo, é preciso que se afaste do
Estado, do parlamento, da política, dos partidos que agem sempre
em proveito daqueles que os elegeram.
f) a liberdade negativa:
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- as gigantescas transformações sociais e psicológicas no
modo de pensar, perceber e agir no mundo: o indivíduo
livre, soberano senhor de si, tutor de si mesmo e
desvinculado dos organismos coletivos criados na
modernidade: sindicato, partido, classe, nação, Estado.
i) o mérito pessoal.
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- “Não existe uma coisa chamada sociedade: existem apenas
indivíduos, homens e mulheres, e existem famílias. E nenhum
governo pode fazer algo exceto através do povo e o povo deve
pensar por si mesmo. É nosso dever cuidar de nós mesmos e
depois cuidar dos outros.” (Margaret Thatcher, Interview. In
Woman’s Own, 23/09/1987)
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- a modernização e o progresso como meta de
aperfeiçoamento da sociedade e do Estado-nação.
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avaliados pelo critério único da racionalidade instrumental e do
mercado: o custo e o benefício, a eficiência e a eficácia, a
produtividade e o desempenho, a execução criativa e inventiva do
trabalho e a resiliência.
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capitais, migratórios, especulação financeira, ações do crime
organizado, etc.).
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c) a ruptura do tecido social pela competição extrema: a
neutralização da consciência de classe; o esvaziamento das
identidades coletivas; a fragmentação das identidades
particulares.
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Para Bauman, o esvaziamento do Estado Social e a transferência
da responsabilidade pública para as forças do mercado – e a
consequente privatização e mercantilização dos espaços e patrimônio
público – geraram os seguintes efeitos sociais:
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personalização da política; a destruição dos partidos políticos
orgânicos (não existem como estruturas políticas, como criadores
de programas políticos meditados e que envolvam os tempos
históricos do passado e do futuro, como tradutores da realidade
social e educadores das massas); a política subordinada às forças
econômicas hegemônicas; a política que visa obter o consenso
através do marketing eleitoral.
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- a construção social do hiperconsumismo e do hedonismo sem
fim.
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de gênero humano; o autoritarismo da lei do mais forte; as
misérias e tragédias humanas da fome, das doenças, das guerras.
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8) A força hegemônica do capitalismo financeiro: o fenômeno do
endividamento pessoal e familiar, privado e público; a vida precária e
endividada.
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imigrantes: a difusão da política do medo, da intolerância, da raiva e do
ódio na década de 1990 e o sucesso eleitoral no século XXI.
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