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Exasiu
EXTENSIVO
HB: doExasiu
Império à República
AULA 15
1
163
estretegiavestibulares.com.br
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República
Sumário
Introdução .......................................................................................................................... 3
1. A busca pela estabilidade política........................................................................... 6
1.1 - A construção simbólica do Imperador e da Nação .................................................... 13
1840 1889
1870
INTRODUÇÃO
Nesta aula estudaremos o período do Segundo Reinado (1840-1889). Esse longo período
costuma ser estudado em três eixos:
• Busca pela
1850-1870 • A crise do
estabilidade Segundo Reinado:
• Modernização e
política desagregação da
Expansão
forma de Governo
econômica
1840-1850 1870-1889
1
A trilogia é composta dos seguintes livros: A Era das Revoluções (1789-1848); A Era do Capital (1848-
1975), A Era dos Impérios (1875-1914). Todos da Editora Paz e Terra.
Nesse cenário internacional, o Brasil permanecia como uma ilustração do Velho Mundo, pois sua
estrutura política estava baseada no patrimonialismo da aristocracia fundiária sob o Governo
Monárquico, com uma economia escravista e agroexportadora, com direitos que se acessavam
apenas por meios censitários (só para quem tinha dinheiro). Assim, o regime monárquico brasileiro
tendeu a enfraquecer conforme as transformações internacionais refletiam em território nacional.
O melhor caso para entender o que estou falando é a questão da escravidão. A Inglaterra
pressionou o Brasil pelo fim da escravidão, porque esta era considerada um atraso para o novo
mundo liberal capitalista.
É por isso que, segundo historiadores, um dos fatores que favoreceu a crise da Monarquia
e o Advento da República em 1889 foram as transformações em curso na esfera internacional com
o avanço de ideais republicanos e economias industrializadas.
Evidentemente há fatores internos fundamentais que explicam como se deu o desenrolar
desse momento no Brasil.
Vamos à História, meus caros!
Como vimos, o período regencial é marcado por uma disputa entre regressistas e
progressistas. Mas, a parir de 1840, esses partidos se reorganizam em dois importantes grupos
políticos no Brasil:
O Partido Liberal, conhecido como “luzia”: os liberais eram em sua maioria
profissionais liberais e proprietários de terras voltados para o abastecimento interno
do Império, tendo o partido maior força em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São
Paulo.
• centralização política e
Partido administrativa:
Conservador • Unitarismo
(menor autonomia para as
*defesa da "saquarema" províncias)
monarquia
*defesa da
unidade do
Império • descentraliação política
Partido e administrativa:
*manutenção
da escravidão
Liberal • federalismo
(maior autonomia para as
"luzia" províncias)
Uma boa definição sobre os programas políticos de cada um dos grupos, pode ser
encontrada no texto de João Manuel Pereira da Silva, eleito onze vezes deputado durante o
Segundo Reinado:
Assim, anote aí, querido e querida, grande parte do Período do Segundo Reinado é caracterizado
pelas disputas entre esses dois grupos políticos.
Em geral, esses conflitos ficaram evidentes durante as eleições parlamentares. Foi o que
ocorreu em 1840 durante a primeira eleição para Câmara dos Deputados, a qual ficou conhecida
como “Eleição do Cacete” – devido ao uso de ampla violência e fraude eleitoral.
Pega essa “história da carochinha” para você entender a confusão da época:
Liberais ficam
Conservadores tranquilos porque
Dom Pedro se decide: pressionam para que acham que vão voltar
ANULA AS ELEIÇÕES D. Pedro anule o pois conseguiram a
resultado eleitoral maioria dos votos na
eleição
Em Minas Gerais, liberais encabeçados por Teófilo Otoni nomeiam José Feliciano Pinto Coelho da
Cunha como presidente da província, mas também foram vencidos por Caxias em agosto de 1842
na cidade de Santa Luzia.
A partir daí os conservadores passam a chamar os liberais de “luzias”, em referência ao episódio.
Dom Pedro II, por sua vez, aproveitou-se dessas divergências para conseguir continuar
acima dos grupos e buscar a estabilidade. Para tanto, em 1847 instituiu o parlamentarismo. Na
prática ficou criado o cargo de Presidente do Conselho de Ministros (uma espécie de chefe de
governo – primeiro ministro), que a partir daquele momento seria incumbido da tarefa de montar
o Gabinete Ministerial.
A questão, no Brasil, era: quem vai nomear esse Primeiro Ministro, chefe do gabinete
Ministerial?
Em tese, quem deveria escolher o Presidente do Conselho de Ministro era o partido que
obtivesse a maioria dos votos para o Parlamento – como é característico no funcionamento do
sistema parlamentarista. Mas, como existia o Poder Moderador do Imperador, acabou que era
ele, o próprio Imperador, quem
escolhia o Presidente do Conselho.
Por isso, chamamos esse
parlamentarismo de
“Parlamentarismo às vessas”. Com
esse poder ora o Imperador nomeava
um 1º Ministro Conservador, ora um
liberal. Os dados demonstram que
houve um predomínio dos
conservadores no poder – eles teriam
passado 10 anos a mais governando
do que os liberais.
"O rei se diverte", charge de Cândido Aragonez de Faria publicada no jornal O Mequetrefe, 09/01/1878 2.
Além disso, para ampliar a estabilidade, D. Pedro II buscou aproximar os dois grupos em
uma coalizão de governo. Conhecemos isso por “política da conciliação”. Na prática isso foi a
forma de governar, sobretudo, entre 1853 e 1861. Apesar dessa conciliação, percebemos que as
demandas liberais – como a ampliação da autonomia das províncias, extinção do Poder
Moderador, fim da vitaliciedade do Senado – nunca foram seriamente consideradas.
Veja o esquema abaixo, que ilustra essas políticas ao longo do reinado de D. Pedro II:
2
Fonte: LIMA, Hernan. História da Caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Ed, 1963,
p. 227.
A Revolta persistiu até o ano de 1850, quando foi derrotada por tropas centrais e
provinciais. Com essa derrota, termina um conjunto de revoltas que acompanharam e sucederam
o processo de independência, o 1º Reinado e a Regência.
De certa forma, a derrota dessa revolta demonstra que foi vitoriosa a proposta da
construção de um Estado Centralizado e de preservação da integridade territorial.
Comentários
Aqui temos uma questão de interpretação de imagem. É importante entendermos quem foi
o autor e o contexto em que estava inserido. Cândido Aragonez de Faria (1849-1911) foi um
artista e jornalista sergipano, natural de Laranjeiras. Era filho do médico José Cândido Faria
e da espanhola Josefa Aragonez. Por conta da morte do pai, em 1855 se mudou com a família
para o Rio de Janeiro, onde tinham mais parentes. Lá, ele cursou o Liceu de Artes e Ofício e
a Escola de Belas Artes. Ao longo de sua carreira, destacou-se na ilustração de charges
satíricas e quadrinhos, atuando em vários jornais da época. Ele também morou em Buenos
Aires, Porto Alegre e, no fim da vida, em Paris, onde trabalhou na produção de cartazes para
o cinema.
A charge aqui reproduzida é intitulada “O rei se diverte” e foi publicada no jornal O
Mequetrefe, em 09 de janeiro de 1878. Este periódico ilustrado e humorístico foi fundado
em 1875 por Pedro Lima e Eduardo Joaquim Correia. Em um de seus primeiros números, os
redatores afirmavam que não eram republicanos, mas também não eram monarquias. No
entanto, seu conteúdo era claramente republicano, visto que em vários momentos se
utilizava alegorias explicitamente alusivas a esta forma de governo, como a mulher com um
barrete frígio.
Agora, analisando a charge em si, vemos que o caricaturista representou D. Pedro II
como eixo de um carrossel no qual giram os cavalos que por sua vez carregam, cada um,
uma pessoa. Na barra do vestido da dama no cavalinho, lê-se “Partido Liberal”. Em oposição,
o homem da charge representa o “Partido Conservador”. Quem gira o carrossel, abaixo do
imperador, é uma idosa em cujo vestido está escrito “diplomacia”. Tendo em mente esta
descrição e a contextualização que fiz acima, vejamos qual alternativa expressa a
interpretação mais apropriada para a charge:
a) Incorreta. Repare que na ilustração os partidos políticos os estão literalmente “nas mãos”
de D. Pedro II. Graças à sua diplomacia, o imperador gira e balança ambos da forma que
quer, sendo apenas aparente a oposição entre eles. Portanto, a charge não expressa que
Pedro II era manipulado pelos partidos, mas sim o contrário.
b) Incorreta. Como disse acima, a charge expressa que Pedro II manipulava a política
partidária no Império. Isto demandava muita habilidade política de sua parte.
c) Incorreta. O imperador era o chefe do poder Executivo e seu cargo não era elegível, mas
sim hereditário, ou seja, não havia alternância até que ele morresse e fosse substituído por
seu primogênito. Nesse poder, logo abaixo do monarca estava o Conselho de Ministros,
escolhidos entre os parlamentares, do Poder Legislativo. Lembre-se que durante o Império
sempre pairou uma tensão entre os setores das elites que defendiam maior centralização ou
descentralização. Isso também se refletia nas discussões sobre o parlamentarismo, que
muitos acreditavam que seria uma medida a favor da descentralização. Assim, em 1847 o
imperador acabou cedendo e instituiu o parlamentarismo. Na prática ficou criado o cargo de
Presidente do Conselho de Ministros (uma espécie de chefe de governo, ou primeiro
ministro), que a partir daquele momento seria incumbido da tarefa de montar o Gabinete
Ministerial. A questão, então, passou a ser: quem vai nomear esse Primeiro Ministro? Em
tese, deveria ser o partido que obtivesse a maioria dos votos para o Parlamento, como é
característico no funcionamento do sistema parlamentarista. Todavia, como existia Poder
Moderador do Imperador, acabou que era ele quem fazia a escolha. Por isso, os historiadores
chamaram o fenômeno de “Parlamentarismo às avessas”. Em outras palavras, acabava que
os partidos continuavam tendo que conquistar a simpatia do monarca para levar seus
projetos adiante, o que limitava a diversidade dos projetos políticos que iam adiante. Assim,
não havia alternância de fato.
d) Incorreta. Realmente, D. Pedro II tentava vender a imagem de um líder culto, civilizado,
preocupado com o progresso e a estabilidade da nação, propenso ao liberalismo. No
entanto, não abria mão do Poder Moderador e reproduzia velhas estratégias diplomáticas
da família imperial, que quase sempre se limitava a uma troca de favores e distribuição de
títulos, cargos e pensões. Por isso, podemos concluir que a charge se esforça para
desmascarar qualquer aparência liberal ou democrática que o monarca tentava divulgar
sobre si.
e) Correta! Veja, o Partido Liberal e o Partido Conservador eram os únicos partidos políticos
existentes no Império, desde a década de 1840 até 1873 quando foi fundado o Partido
Republicano Paulista e depois dele outros de igual orientação nas demais províncias. Lembre-
se que a charge foi publicada em 1878, portanto na mesma década que republicanismo se
proliferava pelo império, inclusive no Rio de Janeiro, sede do governo. Além disso, a
ilustração foi publicada em um jornal cheio de alusões ao ideário republicano, apesar de
alegar neutralidade. Ora, uma das críticas mais recorrentes de republicanos ferrenhos, como
o advogado Luiz Gama em São Paulo, não havia grandes diferenças entre liberais e
conservadores, tanto é que ambos podiam ser chamados de “partidos monarquistas”
justamente por sempre se revezarem no poder ao gosto dos interesses imperiais.
Gabarito: E
Financiados por D. Pedro II - ele próprio era membro ativo das reuniões do IHGB-, esta
constelação de escritores dedicou-se a um projeto de identidade para o país pautado no
romantismo literário, produzindo obras que exaltavam um passado indígena fantasioso, muito
inspirado no mito do bom selvagem do filósofo Jacques Rousseau.
Essas representações dos indígenas, assim como as literárias, não buscaram se embasar em
aspectos históricos sobre povos do passado, nem sequer buscaram conhecer aqueles que ainda
existiam no território brasileiro.
3
Atlas histórico do Brasil. https://atlas.fgv.br/marcos/educacao-e-ciencia/mapas/linha-do-tempo-
literatura-cronologia-dos-principais-autores-do. Acesso em 15-10-2019.
4
Um século de estradas de ferro arquiteturas das ferrovias no brasil entre 1852 e 1957. Tese de
doutorado. Universidade de Brasília, 2013, p. 09. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/texto_especializado_anna_finger_tese_doutorado_com_
capa.pdf. Acesso em 14-10-2019.
de terras cultiváveis na região e o envelhecimento dos cafezais, que geralmente rendiam colheitas
produtivas por 15 anos.
Mais distante dos portos do Rio de Janeiro e de Santos (SP), os “barões do café” do Oeste
Paulista julgaram necessário o aperfeiçoamento do transporte para evitar o aumento do preço de
seu produto.
5
Figura 4 – A expansão cafeeira em São Paulo. Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico.
São Paulo: Ática, 2008. p. 43.
6
Atlas Histórico do Brasil. https://atlas.fgv.br/marcos/expansao-economica/mapas/cafe-e-estradas-de-
ferro. Acesso em 15-10-2019.
populares, da imprensa e de boa parte da classe política no Rio de Janeiro, o que acabou por
beneficiar a continuidade do tráfico. Embora boa parte dos políticos reconhecesse a escravidão
como uma prática “infame”, questionava a ameaça à soberania nacional pela pressão dos ingleses
e o impacto econômico que o fim do tráfico geraria para o país.
Em 1844, com o esgotamento da validade dos acordos comerciais que favoreciam a entrada
de produtos estrangeiros no país, com baixas tarifas alfandegárias, o então ministro da Fazenda,
Manuel Alves Branco, aprovou um reajuste visando o aumento da arrecadação do Estado brasileiro
e o favorecimento da indústria nacional. Essa medida ficou conhecida como “Tarifa Alves Branco”,
Essa situação gerou reações do governo inglês que, em represália, aprovou a Lei Aberdeen
em 1845. Por meio dela se legalizou a captura de navios negreiros no Atlântico pela Marinha
britânica. Naquele momento, Cuba e Brasil eram os únicos países do Ocidente que sustentavam
o tráfico, o que aumentava a pressão internacional para o banimento da prática.
Depois de tanta pressão e conflitos, em 1850, é aprovada a Lei Eusébio de Queiróz, que
proibia o tráfico negreiro no Brasil. Assim, o Império busca combater de maneira efetiva o
comércio transatlântico de escravizados para o Brasil, sendo criado um tribunal especial na
Marinha brasileira para julgar os traficantes e reenviar os africanos encontrados em portos e navios
de volta para seu continente de origem. No entanto, aqueles que fossem flagrados comprando
cativos contrabandeados – ou seja, os fazendeiros – seriam encaminhados para a justiça comum,
o que lhes dava maiores chances de serem anistiados.
A lei Eusébio de Queiróz também não buscou reverter o status daqueles que foram
ilegalmente escravizados desde 1831, ou seja, garantia à classe senhorial o direito à propriedade
adquirida até então.
O combate à entrada de navios negreiros a partir da Lei de 1850 influenciou na diminuição
da oferta de mão de obra escrava no país, e consequentemente, seu encarecimento. As zonas
cafeeiras passaram a adquirir escravizados de outras regiões do país. Portanto, a proibição do
tráfico e o encarecimento do comércio aumentaram o comércio interno de pessoas escravizadas.
Consequências da lei E.Q.
Crescimento do comério
interno de pessoas
escravizadas
1850: Lei
Eusébio de
1845: Bill Queiróz Liberação de capitais para
Aberdeen outras atividades
1844:
Tarifa
Alves Estímulo à imigração europeia
Branco para constituir um mercado de
trabalho livre
1836-1840 240.600
1841-1845 120.000
1846-1850 257.500
1851-1855 6.100
7
Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/06/14/A-tela-%E2%80%98A-
Reden%C3%A7%C3%A3o-de-Cam%E2%80%99.-E-a-tese-do-branqueamento-no-Brasil
8
A Redenção de Cam. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú
Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra3281/a-redencao-de-cam>.
Acesso em: 14 de Out. 2019. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7
que a raça mais evoluída – no caso, a branca – prevaleceria sobre as demais no caráter do
brasileiro. Em suas próprias palavras: “o mestiço é a condição desta vitória do branco, fortificando-
lhe o sangue para habitá-lo aos rigores do clima. É uma forma de transição necessária e útil que
caminha para aproximar-se do tipo superior... Pela seleção natural [...] o tipo branco irá tomando
a preponderância, até mostrar-se puro e belo como no velho mundo.”
SOUZA, Ricardo Luiz de. Identidade nacional e modernidade brasileira: o diálogo entre Sílvio Romero, Euclides da Cunha, Câmara Cascudo e Gilberto Freyre. Belo
Horizonte: Autêntica, 2007. p. 59.
Amparada por estas ideias de hierarquia entre raças, políticos e pensadores do Império
passaram a apoiar a entrada de imigrantes europeus a fim de branquear a população, o que
contribuiria para que fossem atingidos os mesmos padrões de civilidade que os do “Velho Mundo”
europeu. Essencialmente, ocorreram dois modelos de estímulo à imigração: parceria e
subvencionada.
Em 1847, o senador Nicolau Vergueiro (1778-1859) introduziu o sistema de parcerias para
estimular a vinda de europeus, modelo no qual todos os custos das viagens e instalação para o
país eram financiados pelos cafeicultores.
Em troca, os recém-chegados deveriam trabalhar nas lavouras de café até ressarcirem seus
“parceiros”, com juros de 6% ao ano. Também se exigia que estes estrangeiros adquirissem
produtos dos armazéns das fazendas de café, que em geral possuíam preços mais elevados que o
dos centros urbanos. A fazenda Ibicaba em Limeira (SP), de propriedade do senador Vergueiro,
foi a primeira a ser abastecida com imigrantes trazidos por meio de parcerias com sua empresa, a
“Vergueiro & Cia”.
Estas condições mencionadas contribuíam para que as dívidas dos estrangeiros com os
fazendeiros só aumentassem, o que os colocava em situação análoga à escravidão. Os maus tratos
impostos aos imigrantes geraram revoltas e fugas de imigrantes em várias fazendas de São Paulo,
para onde boa parte destas famílias eram encaminhadas. O suíço Thomas Davatz (1815-1888), um
destes emigrados, registraria em seu livro de memórias publicado em 1858:
proclamação da República) assinou 7 contratos com países estrangeiros que garantiam a vinda de
775 mil estrangeiros. Para isso foram divulgadas propagandas na Europa que ofereciam salários
àqueles que aceitassem se estabelecer no “Novo Mundo”.
1871-1880 11.000
1881-1885 27.000
1887-1889 32.000
(FUVEST 2003)
“Em certo sentido, os portugueses, os espanhóis e os italianos, compondo os
maiores contingentes imigratórios para o Brasil, registrados entre a
Independência e a Primeira Guerra Mundial, satisfaziam as reivindicações dos
dois grupos de pressões nacionais.”
Maria L. Renaux e Luiz F. de Alencastro. História da Vida Privada no Brasil.
aos demais. Diante disso, muitos políticos no país viam como necessário o
“embranquecimento” do país para neutralizar os elementos negro e indígena e “civilizar o
país”. Assim sendo, a alternativa C é a correta. Vejamos as demais alternativas...
- A alternativa A está incorreta, afinal algumas áreas de fronteira, em especial as do sul do
país, foram povoadas pelos próprios imigrantes.
- A produção canavieira encontrava-se em franco declínio desde o período colonial, e por
isso a alternativa B está incorreta. Na verdade, a entrada de imigrantes foi benéfica para os
cafeicultores, sobretudo após a diminuição da oferta de mão de obra escrava.
- Embora as indústrias de São Paulo fossem locais de trabalho para muitos imigrantes no
século XX, o incentivo à vinda de estrangeiros para o país foi decorrente da necessidade de
mão de obra nas lavouras cafeeiras. Dito isso, a alternativa D está incorreta.
- O processo de unificação política da Itália e Alemanha contribuiu para o deterioramento do
modo de vida camponês, o que certamente pode ser considerado um estímulo para a
imigração para a América. Contudo, essa não foi uma demanda de políticos europeus, mas
sim da classe cafeicultora brasileira, carente de mão de obra em suas lavouras. Assim sendo,
a alternativa E está incorreta.
Gabarito: C
Bill Aberdeen
com a Inglaterra:
buscar maior
autonomia
Questão Christie
Estudo para Questão Christie, de Victor Meirelles, 1864. Fonte: Museu Nacional de Belas Artes.
Para que você não fique perdido, saiba que o Rio da Prata é um rio de integração comercial
formado pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai. Desde o período colonial, essa região e esses rios
foram alvo de disputas entre as potências ibéricas por servir de escoadouro para a prata que vinha
do Potosí e se dirigia à Europa. Durante o 2º Reinado, o controle sobre a foz do rio da Prata foi
essencial para os interesses brasileiros de manter a livre-navegação - o que favorecia o escoamento
de sua produção e maior integração entre Rio Grande do Sul e Mato Grosso.
Anteriormente, entre 1825 e 1828 o Brasil já havia se envolvido em uma guerra com as
Províncias Unidas do Rio da Prata, tendo em vista o domínio da Cisplatina. No final do conflito a
província tornou-se um Estado independente de ambos, o Uruguai. Vimos esse assunto na aula
sobre 1o Reinado. Contudo, a independência do Uruguai não representou o fim dos conflitos e
disputas pela região, já que ela é estratégica naquela porção territorial.
Pecuaristas
Blanco - Oribe
queria a
Recebe apoio
anexação com
da Argentina
a Argentina
Uruguai
Comerciantes
Colorado -
Rivera
queriam livre Recebe apoio
comércio do Brasil
No ano seguinte Oribe é deposto pelo Partido Colorado, o que dá início a uma guerra civil entre
as duas forças, chamada de Guerra Grande (1838-1851). O Brasil se mantém neutro no conflito
até 1851; mas o apoio de Buenos Aires a Oribe passa a ser visto como uma ameaça para os
interesses comerciais de estancieiros gaúchos que possuíam propriedades em território uruguaio
e desejavam manter o livre-comércio na região. Dessa maneira, em maio de 1851 o Brasil se alia
aos colorados do Uruguai e a duas províncias argentinas que não aceitavam o domínio de Buenos
Aires, derrotando as tropas de Manuel Oribe e os blancos no ano seguinte.
Agora fica esperto: a partir desse momento percebemos que os arcos de alianças mudam. E se
inicia a Guerra do Paraguai. Solano López passava a uma postura agressiva que ameaçava a
hegemonia do Brasil na região. Assim, em retaliação à interferência do Brasil no Uruguai, Solano
Lopez captura o barco à vapor brasileiro Marquês de Olinda, que na ocasião levava o Presidente
da província do Mato Grosso. Diante disso, o Brasil rompe relações diplomáticas com o Paraguai.
Pouco tempo depois López invade o sul da província de Mato Grosso, declarando guerra ao
Império em 13 de dezembro de 1864. Ao ter negada a passagem de suas tropas em território
argentino, também declara guerra a este país em março de 1865, invadindo a província de
Corrientes.
Solano López, que há tanto temia a hegemonia da Argentina e do Brasil na região do Prata,
havia cometido um erro de cálculo, afinal os dois países uniram força contra o Paraguai. A essa
dupla se somava o Partido dos Colorados, do Uruguai, sob comando de Flores.
Em 1º de maio de 1865, os
três assinaram o Tratado da Tríplice
Brasil Aliança, no qual constam os
objetivos da guerra:
❖ a deposição de Solano López;
❖ a livre-navegação no Rio da
Prata;
❖ a anexação de territórios do
Paraguai em litígio com a Argentina
e o Brasil por estes dois países.
O exército do Paraguai era
Uruguai
Argentina
maior que o do Brasil. Apesar de
(colorado) dispor de uma população
significativamente superior a
paraguaia, o Império Brasileiro não contava com um Exército de mesma proporção. Esse foi um
dos motivos pelos quais a Guerra do Paraguai se estendeu por mais de cinco anos.
A Guerra do Paraguai (1865-1870) o maior conflito bélico da história da sul-americana. Ela
terminou com a derrota do Paraguai e a morte de Solano López, que lutou, com todo o país, até
o fim. Ela trouxe graves consequências para todos os seus envolvidos. Vejamos:
✓ Para o perdedor, significou a perda de 40% de seu território, além de ter seu
território ocupado por tropas brasileiras até 1876. Com a destruição da lavoura e da
sua infraestrutura, o país foi completamente devastado. Alguns estudos afirmam que
mais de 800 mil pessoas morreram – quase todos os homens do país.
✓ A Argentina, por sua vez, também teve baixas significativas em sua população, mas
a guerra contribuiu para unificar o seu território, até então ameaçado por províncias
contrárias à hegemonia de Buenos Aires.
✓ Quanto ao Brasil, pelo menos 50 mil de seus soldados foram mortos, sem calcular
aqueles que sucumbiram às doenças que também proliferavam os campos de
batalha. E embora o país tenha conquistado suas pretensões territoriais e se firmado
como maior potência da região, os custos da guerra somaram 11 vezes o orçamento
anual disponível. Apesar disso, houve um estímulo à indústria e certa modernização
tecnológica. Além disso, o Exército agora se encontrava repleto de negros libertos
que haviam sido alforriados para lutarem no conflito, o que acaba por despertar a
sensibilidade da instituição para a questão escravista nos anos seguintes.
Consequências da
Guerra do Paraguai
Estímulo à Estímulo às
Fortalecimento do
modernização (ind. reformas sociais e
Exército
textil e de armamas) políticas
Nesse sentido, essa situação toda impulsionou uma série de discussões sobre a necessidade
de mudanças no Brasil, sobretudo, no campo político e social. No último ano da Guerra do
Paraguai, em 1870, surgiu o Partido Republicano Paulista. Isso não foi coincidência.
A partir da década de 1870 falamos em um momento de crise do Império.
De certa forma, são os acontecimentos dos anos de 1870 e 1880 que definem a queda da
Monarquia e a Proclamação da República.
(UFU 2015)
Para os historiadores das décadas de 1960 e 1870, o Brasil e a Argentina teriam
sido manipulados por interesses da Grã-Betanha, maior potência capitalista da
época, para aniquilar o desenvolvimento autônomo paraguaio, abrindo um
novo mercado consumidor para os produtos britânicos. A guerra era uma das
opções possíveis, que acabou por se concretizar, uma vez que interessava a todos os
envolvidos. Seus governantes, tendo por base informações parciais ou falsas do contexto
platino e do inimigo em potencial, anteviram um conflito rápido, no qual seus objetivos
seriam alcançados com o menor custo possível. Aqui não há “bandidos” ou “mocinhos”, mas
interesses.
DORATLONO, Francisco. Maldita guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 87-96.
(Adaptado).
A Guerra do Paraguai foi o maior conflito militar no qual o Brasil se envolveu em sua história.
Nas novas interpretações dos historiadores para a guerra,
a) tem sido destacada a natureza democrática do governo de Solano López, bem como a
crescente industrialização do Paraguai.
b) tem sido enfatizada a importância do conflito para o fortalecimento do regime monárquico
brasileiro.
c) tem sido valorizada a dinâmica geopolítica interna do continente sul-americano, em
oposição às teorias da responsabilidade externa pela guerra.
d) têm sido destacados os interesses expansionistas brasileiros como a principal causa da
guerra.
Comentários
A – não, Solano Lopes era um ditador, por sinal, implementou no país um sistema de
hierarquia militar e obrigatoriedade de prestação do serviço militar que incluía até as
crianças.
B – afirmação equivocada, pois D. Pedro II não fez uso da Guerra do Paraguai como medida
para fortalecer a monarquia. Pelo contrário, para dar conta do conflito foi preciso mexer em
uma das bases da monarquia brasileira, qual seja, o sistema escravista. E no que ele mexeu
profe? Ele determinou que os negros que fossem para o “fronte” ganhariam a liberdade.
Então, como uma Guerra que passou a enfraquecer pilares do Império Brasileiro pode ser
considerada estratégica para fortalecer esse Império?
C - correta. Ao tratarmos sobre a temática da Guerra do Paraguai, segundo as interpretações
historiográficas mais recentes, observa-se que a Inglaterra estava comercializando com todas
as nações envolvidas no conflito, sendo assim, não devemos ver este fato como puramente
uma questão econômica. Nas novas interpretações sobre a guerra, a disputa geopolítica do
próprio continente (região da Bacia Platina) tem sido alvo dos enfoques, mostrando que as
lutas para a consolidação de fronteiras dentro do continente se apresentavam muito mais
coerentes com o conflito do que as pressões do capital inglês sobre as ações beligerantes.
D – falso, pois o Brasil, a partir de D. Pedro II, estava construindo uma política diplomática
na tríplice fronteira, baseada em negociações que respeitassem as fronteiras de cada nação.
Gabarito: C
(CÁSPER LÍBERO 2018)
Analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta:
a) Nas quase duas décadas subsequentes à vitória na Guerra do Paraguai, a monarquia
brasileira passou por processo de fortalecimento em que atingiu o auge do seu prestígio
nacional e internacional.
b) Entre os inúmeros fatores que enfraqueceram a monarquia brasileira nas suas últimas
décadas, podemos incluir o movimento abolicionista e as aspirações descentralizadoras das
elites provinciais.
c) Dado o enorme prestígio de que desfrutava a monarquia brasileira, as ideias republicanas
jamais tiveram importância no Brasil, nem mesmo às vésperas do dia 15 de novembro de
1889.
d) Na medida em que o Império conseguiu avanços modernizadores na economia, na
administração e na política, ganhou apoio da sociedade e impediu o crescimento do
movimento republicano no Brasil.
e) A solidez da monarquia brasileira decorria do apoio irrestrito dos cafeicultores paulistas,
que não dependiam da mão de obra escrava.
Comentários
Apesar do enunciado não nos fornecer nenhuma informação sobre tempo, espaço e tema,
após ler cada uma das afirmações podemos notar que o tema da questão é o processo de
desgaste da monarquia brasileira na segunda metade do século XIX. Esse período é marcado
pela expansão do café no Sudeste, a ascensão de São Paulo como maior polo econômico do
país, a intensificação dos movimentos abolicionista e republicano e a Guerra do Paraguai,
além de conflitos diplomáticos com a Igreja Católica e outras nações, como a Inglaterra. Com
isso em mente, vamos avaliar cada uma das alternativas:
a) Incorreta. A Guerra do Paraguai (1864-1870) foi um conflito entre Paraguai, de um lado, e
Brasil, Argentina e Uruguai. As principais motivações envolviam as disputas políticas internas
no Uruguai, o controle sobre a navegação na Bacia do Rio da Prata e a política expansionista
do presidente paraguaio Solano López. A monarquia brasileira saiu vitoriosa na guerra, mas
profundamente endividada devido aos custos das batalhas. Além disso, o Exército saiu
fortalecido simbolicamente, pois foi reconhecido por boa parte da população como principal
defensor da nação. Os militares, por sua vez, passaram a cobrar mais participação política
nas instituições. Grande parte deles também passou a simpatizar com as causas abolicionistas
porque lutaram lado a lado de escravizados e libertos brasileiros e soldados estrangeiros de
países republicanos, como Argentina e Uruguai. Em suas críticas à monarquia, esses militares,
assim como os ativistas republicanos e abolicionistas, que cresciam em número naquelas
décadas, costumavam associá-la à manutenção da escravidão e outras opressões e
desigualdades seculares. Por isso, podemos dizer que após a Guerra do Paraguai, a
monarquia brasileira passou por processo de desgaste em que atingiu o “fundo do poço”
do seu prestígio nacional e internacional. Lembre-se também da Questão Religiosa (1872-
1875) e da Questão Christie (1862-1865), que opôs a monarquia à Igreja Católica e à
Inglaterra, respetivamente.
b) Correta! O movimento abolicionista era amplo e diverso, contando com a participação dos
setores mais variados da sociedade. Conforme a resistência dos próprios escravizados contra
a escravidão se radicalizou, nesse período, o abolicionismo se popularizou. Entretanto, cada
4. CRISE DO IMPÉRIO
A crise do regime monárquico é, de certa forma, resultado das transformações que
ocorreram a partir da segunda metade do século XIX. Muitas demandas novas foram surgindo e,
em geral, aquele regime aristocrático e escravocrata não dava mais conta de organizar a
sociedade.
Como já vimos nesta aula, desde a segunda metade do século XIX, ocorreu o florescimento
da produção cafeeira, a qual impulsionava importantes mudanças internas, como a expansão da
malha ferroviária e, com ela, a urbanização e o crescimento das cidades. A verdade é que o café
gerou uma diversificação das atividades econômicas – como no sistema produtivo, nos
transportes, no sistema bancário e financeiro (como a Bolsa do Café, em Santos-SP).
Em meados do século XIX, houve mudanças na forma de produzir e de distribuir riqueza no
Brasil. Até então, a predominância tradicional de acúmulo de riqueza estava na propriedade de
escravos e de terras (independentemente se produtivas ou não). A partir de 1870 ocorre uma
mudança importante nessa composição. O grande capital é acumulado por força dos ativos de
produção e de circulação do café.
Com o declínio do tráfico de escravos – fruto da pressão internacional e de movimentos
abolicionistas nacionais – os proprietários de terra e o governo Imperial se viram diante de um
dilema: como conseguir trabalho assalariado?
A cultura escravagista presente no país combinada com a influência da teoria darwinismo
social logo descartou a possibilidade de transformar o negro escravo em trabalhador assalariado.
Por isso, uma parte da elite econômica, apostou nos imigrantes.
O professor Renato Perissinoto, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica:
Nesse cenário, a estratificação social se torna mais complexa, pois surge o trabalhador livre
da cidade, a classe média, o comerciante, o banqueiro, entre outros. O cafeicultor se moderniza
e vai buscar nas atividades bancárias, financeiras, e até industriais, a possibilidade de expansão
dos seus negócios, como explica a economista Zélia Maria Cardoso de Mello 10. Assim, é possível
afirmar que a mudança na estrutura econômica gerou uma alteração na estrutura social brasileira.
Entenderam?
Esses novos atores, nesse novo cenário, surgidos dessa diversificação econômica, estavam
mais abertos a incorporar as ideias liberais que chegavam pela força da experiência histórica do
contexto mundial (EUA, Inglaterra e França).
Com efeito, foram esses personagens, especialmente os cafeicultores, que iniciaram a
pressão sobre o Governo Monárquico de Dom Pedro II no sentido de exigir reformas e
transformações políticas e administrativas para adaptar o Estado brasileiro aos novos tempos de
dinamismo no mercado internacional e na demanda interna.
Quanto mais o tempo passava, mais a exigência por mudanças se ampliava. Como resposta,
a Monarquia de Dom Pedro II apresentou alternativas via reformas para tentar conter ideias
republicanas, as quais, na prática, chocavam-se com o governo monárquico. Um pouco antes de
1889, o Ministro do Império, Visconde de Outro Preto, apresentou um programa de reformas que
incluía:
9
Classes dominantes e hegemonia na República Velha. Ed. da Unicamp, 1994.
10
Metamorfoses da riqueza. São Paulo 1845-1895. Ed. Hucitec/Secretaria Municipal de Cultura de São
Paulo, 1985.
Em 1881 o governo brasileiro aprovou uma reforma eleitoral introduzindo duas mudanças
que restringiram ainda mais os direitos políticos no país:
a substituição da eleição em dois turnos pelo voto direito, o que eliminava a distinção
existente até então entre votantes (escolhiam os eleitores) e eleitores (escolhiam os
deputados);
a proibição do voto do analfabeto. Vale a pena relembrar como eram as eleições
antes da aprovação da reforma:
1° turno: 2º turno:
Votantes Eleitores
Em 1872, 1.097.698 indivíduos eram votantes, o que equivalia a 10,8% da população brasileira,
considerando também os escravizados. Já em 1886, portanto após a reforma eleitoral, o número
de eleitores é de apenas 117.022, o equivalente a 0,8% da população brasileira. Ou seja, no Brasil,
havia mais analfabetos do que pobres.
Porém, as pequenas reformas não foram capazes de salvar a Monarquia de Dom Pedro II.
Nem de longe essas medidas respondiam aos anseios por mudança.
A cobrança por mudanças foi impulsionada, de maneira determinante, por dois importantes
movimentos que já se desenvolviam desde a primeira metade do século XIX no Brasil:
os movimentos Abolicionistas.
o Movimento Republicano.
É na década de 1880 que eles ganham força e encontram as melhores oportunidades para
se fortalecerem em meio ao complexo cenário político, social e econômico de ruína do Império.
(FUVEST-2017)
No Brasil, do mesmo modo que em muitos outros países latino americanos, as décadas de
1870 e 1880 foram um período de reforma e de compromisso com as mudanças. De maneira
geral, podemos dizer que tal movimento foi uma reação às novas realidades econômicas e
sociais resultantes do desenvolvimento capitalista não só como fenômeno mundial mas
também em suas manifestações especificamente brasileiras. Emília Viotti da
Costa,“Brasil:aeradareforma,1870 1889”.In:Leslie Bethell, História da América
Latina,v.5.SãoPaulo:Edusp,2002.Adaptado.
A respeito das mudanças ocorridas na última década do Império do Brasil, cabe destacar a
reforma
a) eleitoral, que, ao instituir o voto direto para os cargos eletivos do Império, ao mesmo
tempo em que proibiu o voto dos analfabetos, reduziu notavelmente a participação eleitoral
dos setores populares.
b) religiosa, com a adoção do ultramontanismo como política oficial para as relações entre o
Estado brasileiro e o poder papal, o que permitiu ao Império ganhar suporte internacional.
c)fiscal, com a incorporação integral das demandas federativas do movimento republicano
por meio da revisão dos critérios de tributação provincial e municipal.
d) burocrática, que rompeu as relações de patronato empregadas para a composição da
administração imperial, com a adoção de um sistema unificado de concursos para
preenchimento de cargos públicos.
e) militar, que abriu espaço para que o alto comando do Exército, vitorioso na Guerra do
Paraguai, assumisse um maior protagonismo na gestão dos negócios internos do Império.
Comentário
Esta questão é considerada difícil pois ela aborda assunto super específico. Nenhuma das
alternativas, em uma primeira visão, parece com uma reforma que poderia ser proposta por
uma monarquia constitucional, não é mesmo? Mas, se você colocar isso no exato contexto
da crise do Império, vai acabar chegando à conclusão, que as reformas propostas pelo
Governo tinham a intenção de atender as reivindicações dos grupos de oposição. Contudo,
essas reformas foram muito tímidas e não atingiam a estrutura centralizadora do poder do
Imperador D. Pedro II. Assim, os itens B, C, D, E estão errados pois representam as demandas
que poderiam mudar justamente esta estrutura. O item A está certo porque foi uma das
reformas propostas. A partir dela não existiria mais o voto censitário (por renda), mas
impunha o critério da alfabetização. Com isso, até mesmo homens ricos deixaram de ter o
direito ao voto, pois no Brasil a população era majoritariamente analfabeta – inclusive, os
abastados.
Gabarito: A
Do ponto de vista econômico, essa transição na forma de empregar a mão de obra teve
impactos positivos uma vez que os capitais investidos nesse tipo de negócio foram transferidos
para outras atividades, contribuindo para a diversificação da economia, em especial, para o
comércio e os serviços e, em menor escala, para o pequeno empreendimento industrial. Assim:
mais homens livres em uma economia mais diversificada. Contudo, os grupos ligados à Monarquia
resistiram às pressões internas e externas que exigiam o fim da escravidão.
Para responder e enfrentar essa resistência, em contrapartida, fortaleceu-se o Movimento
Abolicionista. Nesse sentido, podemos falar em um “processo abolicionista”, já que a libertação
total dos escravos viria apenas em 1888, com a Lei Áurea.
O quadro abaixo mostra as leis abolicionista que marcaram esse período:
1888: Lei
Áurea
1885: Lei do
Sexagenário
1871:Lei do
ventre Livre
1850: Lei
Eusebio de
Queirós
Argumentos para o
fim da escravidão
Econômico Humanitário
Leia abaixo um trecho de artigo publicado pelo Professor de História da UFRJ, Manolo
Florentino:
Quando se trata de avaliar os motivos da pressão inglesa pelo fim do tráfico atlântico
de escravos, paira nos bancos escolares do ensino médio o estigma do “Ocidentalismo”
– crença que reduz a civilização ocidental a uma massa de parasitas sem alma,
decadentes, ambiciosos, desenraizados, descrentes e insensíveis. Não podem ser
levadas a sério teses que vinculam a ação britânica a imaginárias crises econômicas do
cativeiro no Caribe na passagem do século XVIII para o seguinte. O tráfico seguia
lucrativo e não passava pela cabeça de nenhum líder inglês sério que a demanda
americana por bens britânicos pudesse aumentar com o fim da escravidão. Mas tudo
isso continua a ser ensinado aos nossos filhos e netos. O abolicionismo britânico tinha
No Brasil, portanto, o Movimento Abolicionista reuniu pessoas dos mais diversos grupos
sociais, com interesses distintos, como a compositora Chiquinha Gonzaga, o jornalista e advogado
Luís Gama (libertou mais de 500 escravos), o engenheiro André Rebouças, o intelectual Joaquim
Nabuco, o advogado Ruy Barbosa, o escritor Castro Alves – conhecido como o poeta “dos
escravos e da Liberdade”-, o jornalista José do Patrocínio, o jurista Tobias Barreto, a aristocrata
cearense Maria Tomásia Figueira Lima, a primeira escritora abolicionista Maria Firmina dos Reis,
entre tantos outros11.
Em razão dessa variedade de segmentos sociais, mesmo influenciados pelos ideais liberais
e pelo abolicionismo inglês, veremos que existiram diferentes projetos para colocar fim à
escravidão. Vejamos:
http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/arquivos_jornal/arquivosPdf/encarte_abolicao.pdf.
11
Acesso
em 20-12-2018.
Baseado na lei que colocou fim definitivo ao uso da mão de obra escrava, podemos afirmar
que foi uma articulação entre as duas primeiras propostas, já que a Lei Áurea foi de caráter
Nacional – portanto, válida para todas as Províncias – deixou uma porta aberta para as
indenizações aos antigos proprietários. Quanto a proposta de Rebouças, sequer foi discutida.
Além disso, no contexto que estudamos, o Movimento Abolicionista, ao criticar o uso de
trabalho escravo da população negra e parda, acabava por estender a oposição ao regime político
Monárquico, pois, também direcionava críticas à arcaica forma política centralizadora – modelo
este avesso à participação política de outros setores da sociedade.
Por tudo isso, o abolicionismo fortaleceu (reforçou) outro movimento crítico ao Império, qual seja:
o Republicanismo.
Foi a experiência histórica do encontro das trajetórias desses dois movimentos, os quais
contribuíram decisivamente para a ruína do Império Monárquico.
Ademais, a proximidade das datas, 1888 e 1889, é uma forte evidência de que os dois fatos fazem
parte do mesmo processo histórico.
Apesar de a Lei Áurea ter sido assinada pela Princesa Isabel, a abolição no Brasil estava longe de
ser uma benevolência da Monarquia. Na verdade, foi resultado de diversos fatores, entre eles, o
crescimento do Movimento Abolicionista, como acima destacado. Entre as formas de resistência,
estavam grandes embates parlamentares, manifestações artísticas, até revoltas e fugas massivas
de escravos, que a polícia e o Exército não conseguiam reprimir. Em 1884, quatro anos antes da
abolição geral no Brasil, os Estados do Ceará e do Amazonas acabaram com a escravidão, fato
que fortaleceu o movimento.
(UVA 2015)
Na Campanha Abolicionista, marco da transição do escravismo para o capitalismo no Brasil:
a) não teve influência a inserção do Brasil na divisão internacional de trabalho, estabelecida
no século XIX.
b) destacou-se a Lei Eusébio de Queirós, para cuja assinatura influiu, além das pressões
inglesas, o processo de endividamento da classe proprietária brasileira para com os traficante
de escravos.
c) a imigração foi considerada desnecessária para a solução da crise de mão-de-obra na
cafeicultura.
d) a ausência do Estado na condução do processo representou o respeito à propriedade
privada.
Comentários:
A Campanha Abolicionista existe desde a época em que o Brasil se tornou independente de
Portugal. Porém, sem forças, o movimento só começou a ganhar destaque a partir de 1870,
quando o vários setores da sociedade brasileira passaram a defender o fim da escravidão,
como os militares, os setores republicanos de classe média e alguns das elites, como os
cafeicultores paulistas. Muito se deve por fatores externos, o Brasil tentava se adaptar a nova
divisão internacional do trabalho que surgia em meio a Segunda Revolução Industrial. Dessa
forma, pressionado, o Governo criou de maneira gradual e lenta de acabar a escravidão,
eram as leis abolicionistas - como a Lei Eusébio de Queiróz (1850), Lei do Ventre Livre (1871)
e Lei do Sexagenário (1885). Estas acabaram minando a sustentabilidade da mão de obra
escrava no Brasil, porém sem abolir a escravidão de fato, que só ocorreu em 1888 quando
foi promulgada a Lei Áurea, libertando os escravos.
Assim, sobre a Campanha Abolicionista, vejamos qual afirmação está correta:
a) Incorreto. A Segunda Revolução Industrial inseriu diversos países sul-americanos na nova
Divisão Internacional do Trabalho. Enquanto os países industriais compravam matéria-prima
dos países agrários, estes compravam produtos industrializados europeus. Porém, para que
pudesse aumentar a demanda de consumo na América do Sul, era necessário abolir a
escravidão e inserir a mão de obra assalariada na região, para que o consumo interno
aumentasse.
b) Correto. A Lei Eusébio de Queirós foi a primeira efetiva, inserida no contexto da
Campanha Abolicionista. Ela foi criada após os ingleses proibirem qualquer tipo de comércio
transatlântico de escravos, em 1845. Além disso, muitos proprietários de escravos estavam
devendo para os traficantes negreiros.
c) Incorreto. A mão-de-obra imigrante foi uma política de Estado aplicado pelo Império
brasileiro para que entrassem trabalhadores brancos no país. Era um projeto
“embranquecedor” e “civilizador” do Brasil. Vale ressaltar que nessa época surgia na Europa
a ideia de Darwinismo Social, em que certas etnias e raças eram consideradas mais civilizadas
que outras. Portanto, a raça branca caucasiana era a considerada pelos europeus como a
mais evoluída.
d) Incorreto. O Estado brasileiro passou a regular as terras públicas e privadas do país em
1850, logo em seguida a criação da lei Eusébio de Queiroz. Assim, todas as terras que
estivessem desocupadas seriam pertencentes ao Estado, e sua aquisição só poderia ser feita
pela compra. Porém, isso não afetou os grandes latifundiários continuassem expandindo suas
propriedades. O efeito dessa medida, em sua maioria, só foi sentido em pequenos
agricultores, imigrantes e povos originários.
Gabarito: B
Para tanto, preste atenção na explicação sobre a adesão dos diferentes grupos aos
republicanismo, particularmente, dos cafeicultores paulistas e dos militares do Exército. Adiante!
É importante lembrar que, diferentemente dos dias atuais, não existiam os partidos
nacionais. As agremiações partidárias eram regionalizadas. Assim, surgiu o Partido Republicano
Fluminense, o Partido Republicano Paulista, o Partido Republicano Mineiro, entre outros. Esses
são os mais importantes e nos indicam que o republicanismo estava diretamente relacionado com
as transformações econômicas e sociais impulsionadas pela produção cafeeira e pelas ideias
liberais.
É verdade que as ideias republicanas já circulavam no Brasil desde o final do século XVIII
nos movimentos de emancipação brasileira – como a Inconfidência Mineira, A Conjuração Baiana,
a Farroupilha e a Revolução Praieira. Contudo, o Movimento Republicano da década de 1870
diferencia-se por
✓ articular a queda da Monarquia
✓ o fim da escravidão
✓ a crítica à vitaliciedade do Senado
✓ a defesa de maior autonomia política nas Províncias (estados)
12
Para ler o Manifesto republicano inteiro, você pode acessar o link:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3817523/mod_resource/content/2/manifesto%20republicano
%201870.pdf
13
Para saber mais, acesse http://www.itu.com.br/artigo/registros-da-convencao-republicana-de-itu-de-
1873-20151109.
(FUVEST-2004)
"Firmemos, sim, o alvo de nossas aspirações republicanas, mas voltemo-
nos para o passado sem ódios, sem as paixões efêmeras do presente, e
evocando a imagem sagrada da Pátria, agradeçamos às gerações que nos
precederam a feitura desta mesma Pátria e prometamos servi-la com a mesma dedicação,
embora com as ideias e as crenças de nosso tempo." Teixeira Mendes, 1881. De acordo
com o texto, o autor:
a) defende as ideias republicanas e louva a grandeza da nação.
b) propõe o advento da república e condena o patriotismo.
c) entende que as paixões de momento são essenciais e positivas na vida política.
d) acredita que o sistema político brasileiro está marcado por retrocessos.
e) mostra que cada nova geração deve esquecer o passado da nação.
Comentário
Mas essas mudanças não se deram apenas por força da vitoriosa, contraditória e sofrida
campanha na região do rio da Prata. Desde 1850, houve um investimento, ainda que tímido, na
organização da corporação. Os critérios de acesso e ascensão na carreira baseavam-se
centralmente na meritocracia e na instrução. Por isso, foram organizadas escolas militares – com
destaque para a Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Com isso, minimizavam-se o
controle político no processo de incorporação e a ascensão aos principais cargos de comando da
Instituição. Por outro lado, formava-se uma nova elite intelectual: o bacharel militar.
Veja o que diz a professora Wilma P. Costa:
E foi na Escola Militar da Praia Vermelha que o carismático professor Benjamin Constant,
juntamente a diversos outros professores, desenvolveu o conhecimento sobre o positivismo de
August Comte e a aproximação dos setores militares às ideias republicanas. Isso acabou por
estimular uma concepção distinta sobre o regime político que deveria substituir a corrompida
Monarquia: a República Positivista.
A disseminação do Movimento Republicano nos regimentos do Exército levou o Governo
de D. Pedro II a fazer ameaças de remoção de alguns militares de suas bases. Isso abriu um conflito
entre o exército e o governo Dom Pedro II conhecido como “Questão Militar”.
O positivismo tinha como princípio estabelecer a ordem que só poderia vir com o
conhecimento científico. Para seu criador, August Comte – filósofo francês –
somente por meio da ordem estabelecida é que uma nação poderia desenvolver-
se cientificamente e, com isso, alcançar o progresso. A inscrição “Ordem e
Progresso” na bandeira do Brasil é, de alguma maneira, a representação dessa
14
O infame comércio: propostas e experiências no final do tráfico de africanos para o Brasil. Rodrigues,
Jaime. Ed. Da Unicamp, 2000.;
15
Os militares e a primeira Constituição da República, 1987, pp. 27.
“questão militar” gerou o divórcio entre o exército e a monarquia – o que acelerou sobremaneira
a queda do Império.
O primeiro episódio da série foi a punição de um Coronel chamado Sena Madureira
(comandante da escola de tiro de Campo Grande). O spoiler é o seguinte. O Coronel recebeu o
conhecido abolicionista Dragão do Mar – Francisco Nascimento que era um jangadeiro cearense
atuante na luta pela abolição e que convenceu seus colegas de profissão a não transportar
escravos em suas jangadas como forma de protesto. A notícia da atitude do jangadeiro se
espalhou entre os abolicionistas e, por isso, foi recebido na Escola de Tiro para ser homenageado.
O Governo mandou prender o Cel. Madureira. Então, outros oficiais protestaram publicamente na
imprensa.
Como você deve saber, era proibido aos militares manifestarem-se publicamente pela
imprensa – especialmente com críticas ao Governo. O coronel Cunha Matos também foi preso
em 1886 por fazer críticas públicas na imprensa. Assim, o Ministro da Guerra (que era civil) mandou
prender outros, provocando mais protestos. Foi uma reação em cadeia que gerou inúmeras
prisões de oficiais do exército.
Repare, então, que houve uma crescente no racha entre, de um lado, os militares, do outro,
as autoridades civis. Lembre-se de que o Imperador também representava a ala civil do Governo.
Há um elemento conjuntural importante para lembrarmos: essa situação de represálias aos
militares repercutiu na guarnição comandada pelo todo poderoso Marechal Deodoro da Fonseca,
do Rio Grande do Sul. E este não aceitou prender seus subordinados pelos motivos alegados. Por
isso, foi afastado do seu cargo.
A ampliação do confronto para toda a corporação foi alimentada por artigos no jornal A
Federação, em que o Império era acusado de ofender a honra do Exército. Os alunos da Escola
Militar do Rio Grande do Sul fizeram uma homenagem a Sena Madureira, autorizada por Deodoro
da Fonseca, e seus colegas da Escola Militar da Praia Vermelha organizaram outra no Rio,
indicando o marechal Deodoro como representante da tropa em confronto com o governo, já que
ele comandava a unidade mais importante do Exército Perceba que a Monarquia fechou o cerco
contra si mesma? Essa perseguição desarrazoada empurrou os militares, mesmo aqueles que não
concordavam com o fim da monarquia, para o lado dos Republicanos no seu projeto de derrubar
definitivamente o regime político.
É verdade que a Monarquia recuou e suspendeu as punições. Mas já era tarde demais!
Nesse momento os oficiais do exército iniciavam a formação de uma aliança para pôr fim à
Monarquia e proclamar a república.
(FUVEST-1991)
O descontentamento do Exército, que culminou na Questão Militar no final
do Império, pode ser atribuído:
a) às pressões exercidas pela Igreja junto aos militares para abolir a
monarquia.
Agora vamos à série “questão religiosa”. Assim como com os militares, com os católicos a
história também está relacionada à perseguição de alguns membros da Igreja. Mas antes de
começar o causo, quero lembrar você da relação existente entre Estado e Igreja no Brasil.
Desde 1824, com a outorga (imposição) da 1ª. Constituição brasileira por Dom Pedro I, se
estabeleceu oficialmente o padroado e o beneplácito. Você se lembra o que são essas coisas?
Padroado foi a oficialização do catolicismo como religião do Império brasileiro. Além disso, os
padres e bispos eram considerados funcionários do Estado. Disso decorre o Beneplácito, pois uma
vez que bispos e padres são funcionários do estado estão sob o controle do Governante e não do
Papa (autoridade máxima da Igreja Católica). Pelo beneplácito o Papa nomeava o Bispo, mas este
só seria efetivado no cargo se o Imperador concordasse.
Assim, durante todas essas décadas houve harmonia de interesses entre Igreja e Estado.
Contudo, desde 1864, a Igreja Católica proibiu qualquer relação entre a Igreja e a
Maçonaria, por motivos próprios do contexto europeu. Isso era um problema, dentro das relações
políticas no Brasil, pois as elites intelectuais, políticas e econômicas era, majoritariamente, maçons.
Aconteceu que em 1872, a fim de colocar em prática a bula papal de 1864, os Bispos de
Olinda e de Belém do Pará ordenaram que as Dioceses expulsassem seus membros pertencentes
à maçonaria. Como castigo para o descumprimento da ordem, as irmandades das Dioceses
deveriam ser fechadas.
Diante do conflito, e revestindo-se dos direitos de Padroado, Dom Pedro ordenou a prisão
e condenou os Bispos de Olinda de Belém a trabalhos forçados. Esse conflito só se encerrou com
a intervenção de Duque de Caxias, o pacificador, que propôs ao Imperador anistiar (perdoar) os
Bispos.
Contudo, mais uma vez, era tarde demais para a Monarquia. Essa intervenção
desarrazoada, especialmente pela condenação de trabalhos forçados à Bispos, justificou e
intensificou a ideia da laicidade do Estado como forma de proteger a liberdade da instituição
religiosa. Embora os membros da Igreja católica não fossem liberais, conjunturalmente, era
importante livrarem-se dos desmandos do Monarca. Sacou? Logo, a Igreja católica do Brasil
também se somou à oposição à Monarquia de D. Pedro II.
Isso nos mostra que o processo de advento da República que estudamos nesta
aula é marcado pela ausência da participação popular nas ruas para derrubar a
Monarquia.
A queda da Monarquia não era uma demanda social, ao contrário, diversos setores
impactados pelas medidas abolicionistas viam o Império como benevolente e sensível ao negro.
Afinal, quem assinou a Lei Aurea foi a Princesa Isabel. Por isso mesmo, surgiu no Rio de Janeiro a
quase desconhecida Guarda Negra. Formada logo após a abolição dos escravos, era conhecida
na época como a Guarda da Redentora, em homenagem à Princesa Isabel. Segundo pesquisa
recente de Ricardo Passos, pesquisador do Museu do Negro do RJ,
Assim, podemos perceber que as disputas em torno das soluções para a crise que abatia o
País não eram consensuais se levarmos em consideração outros setores da sociedade para além
dos militares, cafeicultores, e republicanos das classes médias liberais.
Também não eram consensuais as concepções republicanas dos diferentes grupos que se
reuniam em torno da demanda da derrubada da Monarquia. Pelo que já estudamos, sabemos que
existiam pelo menos 3 modelos de república em jogo: a positivista, a liberal-conservadora e a
liberal-social. Havia, inclusive, alguns que achavam que a morte de Dom Pedro II fosse suficiente
para derrubar a Monarquia. Contudo, essas divergências não foram obstáculo para o momento
da Proclamação.
Nos últimos dias que antecederam o 15 de Novembro, já existia um plano pronto para a
deposição do Rei e do seu Ministério, bem como de governos provinciais fiéis ao Governo. Mas
anote essa análise, pois essas diferenças serão motivo de conflitos e disputas no processo de
implementação da República.
Enfim, nessa altura da conjuntura, apenas três elementos davam a última sustentação ao
Governo de Dom Pedro:
✓ O prestígio pessoal do Monarca junto a uma parte da classe política e mesmo à população;
✓ A dedicação por parte de alguns chefes militares da marinha e do exército mais antigos;
✓ As divergências entre os diferentes grupos acerca dos seus projetos para República.
Bem, queridas e queridos alunos chegamos ao final das nossas aulas sobre o Período
Imperial do Brasil. Agora é estudar o longo processo de construção da República brasileira.
É isso, fico por aqui. Você segue até a última questão. Aproveite TODAS as QUESTÕES,
pois fizemos observando cada detalhe para fazer você mentalizar, aprender a responder cada
questão sem escorregar nas artimanhas do examinador. Espero por você no Fórum de Dúvidas,
se elas aparecerem!
Um beijo, um abraço apertado e um suspiro dobrado de amor sem fim!
Alê
6. LISTA DE QUESTÕES
(ENEM 2021)
TEXTO I
EIGENHEER, E. M. Lixo: a limpeza urbana através dos tempos. Porto Alegre: Gráfica Palloti,
2009.
TEXTO II
A repugnante tarefa de carregar lixo e os dejetos da casa para as praças e praias era
geralmente destinada ao único escravo da família ou ao de menor status ou valor. Todas as noites,
depois das dez horas, os escravos conhecidos popularmente como “tigres” levavam tubos ou
barris de excremento e lixo sobre a cabeça pelas ruas do Rio.
KARASCH, M. C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro, 1808-1850. Rio de Janeiro: Cia das
Letras, 2000.
A ação representada na imagem e descrita no texto evidencia uma prática do cotidiano nas
cidades no Brasil nos séculos XVIII e XIX caracterizada pela
(ENEM 2021)
Escravo fugido
No dia 8 de Outubro do anno próximo passado fugio da fazenda do Bom Retiro, propriedade
do dr. Francisco Antonio de Araújo, o escravo José, pardo claro, de 22 annos de idade,
estatura regular, cheio de corpo, com a falta de um dente na frente do lado superior, cabelos
avermelhados, orelha roxa, falla macia, e andar vagaroso. Intitula-se forro, e quando fugio a
primeira vez esteve contratado como camarada em uma fazenda em Capivary.
Quem o apreender e entregar ao seu senhor no Amparo, ou o recolher a cadêa em qualquer
parte será bem gratificado, e protesta-se com todo o rigor da lei contra quem o acoutar.
15-13
Escravo fugido. Jornal Correio Paulistano. 13 de abril de 1879. Disponível em
http:\\bndigital.bn.gov.br. Acesso em 2 ago. 2019 (adaptado).
No anúncio publicado na segunda metade do século XIX, qual a estratégia de resistência
escrava apresentada?
a) Criação de relações de trabalho.
b) Fundação de territórios quilombolas.
c) Suavização da aplicação de normas.
Nas cidades, os agentes sociais que se rebelavam contra o arbítrio do governo também
eram proprietários de escravos. Levavam seu protesto às autoridades policiais pelo recrutamento
sem permissão. Conseguimos levantar, em ocorrências policiais de 1867, na Província do Rio de
Janeiro, 140 casos de escravos aprisionados e remetidos à Corte para serem enviados aos campos
de batalha.
(ENEM 2020)
SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador. D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo:
Cia. Das Letras, 1998 (adaptado)
Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início dos anos de 1850, pouco mais de uma década
após o Golpe da Maioridade. Considerando o contexto histórico em que foram produzidas e os
elementos simbólicos destacados, essas imagens representavam um
a) jovem maduro que agiria de forma irresponsável.
b) imperador adulto que governaria segundo as leis.
c) líder guerreiro que comandaria as vitórias militares.
d) soberano religioso que acataria a autoridade papal.
e) monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo.
(Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)
Instituído em 1847, no Brasil, o sistema político descrito pelo texto ficou conhecido
como
“Em meados do século XIX (...) o Império ingressou numa era de mudanças relacionadas
à própria expansão do capitalismo. Os ventos do progresso começaram a chegar ao
país, atraídos pelas possibilidades de investimentos e lucros em setores ainda
inexplorados”.
NEVES, L.; MACHADO, H. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p.
313.
A charge expressa
a) a conivência de negros livres e libertos com a escravidão, muitos dos quais possuíam
escravos.
b) o projeto estatal de abolição imediata e sem indenização aos senhores, criticado pelas
elites.
“Qualquer que se encarregar de escrever a história do Brasil, país que tanto promete,
jamais deverá perder de vista quais os elementos que aí concorreram para o
desenvolvimento do homem. São, porém, estes elementos de natureza muito diversa,
tendo para a formação do homem convergido de um modo particular três raças, a saber:
a de cor de cobre ou americana, a branca ou caucasiana, e enfim a preta ou etiópica. Do
encontro, da mescla, das relações mútuas e mudanças dessas três raças, formou-se a
atual população, cuja história por isso mesmo tem um cunho muito particular”.
e) na rejeição intransigente do racismo científico que legava aos brasileiros o último lugar
na escala evolutiva das civilizações humanas.
(UNIVESP 2018)
Leia o texto a seguir.
Ao redor de 1900, várias modificações e atualizações importantes ocorrem ao longo da
ferrovia da São Paulo Railway. As máquinas de tração do equipamento rodante são
substituídas por equipamento moderno, há um novo traçado da linha entre a serra e Santos,
uma nova Estação da Luz. A Estação da Luz se torna uma estação monumental, imponente e
solene.
(Martins, José de Souza. A ferrovia e a modernidade em São Paulo: a gestação do ser
dividido. Revista USP, São Paulo, n.63, p. 6-15, setembro/novembro 2004)
A importância histórica da Estação da Luz pode ser relacionada
a) ao deslocamento dos cafezais para o Vale do Paraíba e à utilização da mão de obra negra
escravizada.
b) retomar propriedades rurais doadas pelo sistema das sesmarias, em vigor desde o início
da colonização do Brasil, e que nunca foram efetivamente ocupadas pelas pessoas que as
receberam.
c) democratizar o acesso à terra, porque com uma legislação específica seria possível colocar
terras no mercado a preços razoáveis, atraindo pequenos proprietários e imigrantes do meio
urbano europeu.
d) regulamentar a estrutura fundiária brasileira, porque havia uma numerosa titulação de
posse de terras em duplicidade e a maior parte das propriedades nacionais tinha sempre
mais de um proprietário.
e) controlar o acesso à propriedade da terra, em um contexto no qual a entrada de escravos
africanos no Brasil mostrava-se cada vez mais difícil e havia projetos para ampliar a vinda de
imigrantes.
(UEL 2015)
Observe as figuras 1 e 2.
A colonização no Brasil pela coroa portuguesa teve sua origem no sistema de Capitanias
Hereditárias que definiu a propriedade e a posse das terras. No início do século XIX, com a
vinda de imigrantes europeus para o Brasil, estabeleceu-se a Lei de Terras de 1850, com o
intuito de normatizar a propriedade e o seu uso. Sobre o domínio de terras no Brasil, no
contexto das Capitanias Hereditárias e da Lei de 1850, assinale a alternativa correta.
a) Os donatários eram impedidos pela Coroa Portuguesa de vender suas terras. A Lei de
Terras definiu que as terras públicas poderiam tomar-se propriedade privada somente pela
compra.
b) Os donatários se isentavam da defesa de suas terras, convocando o poder real para fazê-
Ia. Com a vinda dos imigrantes, a Lei de Terras possibilitou a apropriação aos desprovidos
de recursos.
c) Os recursos empregados pelos donatários viabilizaram o pleno sucesso do modelo das
capitanias. Com a Lei de Terras, expandiu-se o domínio do setor industrial pelo monopólio
do poder económico.
d) 0 sistema de capitanias vigorou até o século XIX quando aconteceram as insurreições do
Maranhão e da Bahia. A Lei de Terras impediu que a mão de obra livre pudesse se locomover
para as atividades industriais.
e) A Coroa tinha o direito de confiscar todos os metais preciosos extraídos das capitanias. A
Lei de Terras facilitou a ocupação ilegal e o arrendamento das terras consideradas devolutas.
(PUC-RJ 2010) 4000163726
Fotografia de Militão Augusto de Azevedo, São Paulo, 1879. In: O Olhar Europeu – o negro
– na iconografia brasileira do século XIX. São Paulo, 1994.
Considere a escravidão no Brasil na segunda metade do século XIX, observe a fotografia
acima e EXAMINE as afirmativas a seguir.
I – A imagem retrata um casal de negros livres ou libertos uma vez que esses aparecem com
sapatos, item indicativo de liberdade.
II – A imagem evidencia a apropriação por parte dos negros de comportamentos da classe
senhorial branca, como estratégia para se afastar dos estigmas da escravidão.
III – Imagens de escravos, como essa, eram produzidas pelos fotógrafos da época, dentro e
fora de seus ateliês, revelando o interesse no registro dos costumes e dos tipos humanos.
IV – Nos álbuns de retratos da classe senhorial era comum aparecer fotos de seus escravos,
como um meio de difundir uma imagem de poder e riqueza.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
(PUC-PR 2019)
(C) Uma das formas de participação da população negra na Guerra do Paraguai foi por meio
da compra de escravos que lutavam em nome de seus proprietários, o que era uma prática
corrente. Além disso, o império prometia alforria para os que se apresentassem para a
guerra, fazendo “vistas grossas” para os fugidos.
(D) A população negra que participou da Guerra do Paraguai foi aquela que gozava de plena
liberdade e/ou havia recebido alforria de seus senhores para a participação.
(E) A participação da população negra na Guerra do Paraguai se restringia ao auxílio aos
soldados do exército brasileiro. Sendo assim, os negros não atuaram como soldados, o que
justifica a negativa, pelo comando do exército, da criação da unidade militar mencionada no
enunciado.
(UNCISAL 2020)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1889. Eu quisera poder dar a esta data a denominação
seguinte: 15 de novembro, primeiro ano de República; mas não posso infelizmente fazê-lo.
O que se fez é um degrau, talvez nem tanto, para o advento da grande era. Em todo o caso,
o que está feito, pode ser muito, se os homens que vão tomar a responsabilidade do poder
tiverem juízo, patriotismo e sincero amor à liberdade. Como trabalho de saneamento, a obra
é edificante. Por ora, a cor do governo é puramente militar, e deverá ser assim. O fato foi
deles, deles só, porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo
bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava (...). LOBO, Aristides. O povo
assistiu àquilo bestializado. Diário Popular, Rio de Janeiro, 18 nov. 1889 (adaptado).
O texto expressa a posição de um jornalista sobre um significativo evento para a cultura
política brasileira. Conforme seu autor, a participação da população civil na Proclamação da
República foi
A) restrita.
B) dispersa.
C) irracional.
D) inexistente.
E) desanimada.
(UNICENTRO 2019)
A Lei Áurea era mesmo popular e conferia nova visibilidade à princesa Isabel e à Monarquia.
No entanto, politicamente, o Império tinha seus dias contados ao perder o apoio dos
fazendeiros do Vale do Paraíba. Apesar do clima de euforia reinante, parecia ser o último ato
do teatro imperial. [...]. Nos jornais e nas imagens da época, Isabel passa a ser retratada como
uma santa a redimir os escravos, que aparecem sempre descalços e ajoelhados, como a rezar
e a abençoar a padroeira. Já a princesa surge de pé e ereta, contrastada com a posição
curvada e humilde dos ex-escravos, que parecem manter a sua situação – se não mais real,
ao menos simbólica. Aos escravos recém-libertos só restaria a resposta servil e subserviente,
reconhecedora do tamanho do “presente” recebido. Estava inaugurada uma maneira
complicada de lidar com a questão dos direitos civis. Sem a compreensão de que a abolição
era resultado de um movimento coletivo, permaneceríamos atados ao complicado jogo das
relações pessoais, suas contraprestações e deveres: chave do personalismo e do próprio
clientelismo. Nova versão para uma estrutura antiga em que as relações privadas se impõem
sobre as esferas públicas de atuação. Como se fôssemos avessos a qualquer associação com
a violência, apenas reproduzimos hierarquias que, de tão assentadas, pareciam legitimadas
pela própria natureza. Péssima lição de cidadania: a liberdade combinada com humildade e
servidão, distante das noções de livre-arbítrio e de responsabilidade individual. ”
SCHWARCZ, Lilia. “Abolição como Dádiva”. In: FIGUEIREDO, Luciano (org.) A Era da
Escravidão. Rio de Janeiro: Sabin, 2009, p. 88-90.
A respeito da Lei Áurea é correto afirmar
a) Além da liberdade, foi concedida para cada ex-escravizado uma gleba de terras para que
pudesse trabalhar e manter sua família.
b) Foi estipulada uma indenização individual de um conto de réis para cada ex-escravizado a
título de indenização pelo seu trabalho compulsório anterior.
c) A lei estipulou um sistema jurídico que punia como crime contra a humanidade qualquer
forma de exploração e preconceito.
d) A Abolição da escravidão proporcionou, ao Imperador Pedro II, maior apoio dos
cafeicultores e, dessa forma, protelou a Proclamação da República.
e) A assinatura da Lei Áurea não significou o fim do preconceito racial e não propiciou acesso
à terra ou a qualquer outra forma de indenização às populações libertas.
(UNICENTRO 2019)
A partir da emancipação política do Paraná, em 1853, vários governantes adotaram políticas
que visaram atrair imigrantes europeus para o seu território. Sobre esse processo de
colonização, é correto afirmar.
a) No Paraná não houve escravidão, pois, desde a sua emancipação, a agricultura foi
praticada apenas por imigrantes europeus.
b) Toda a população indígena do Paraná foi deslocada para o Mato Grosso do Sul, por isso,
na época da chegada dos imigrantes europeus, havia um vazio demográfico.
c) O presidente da província do Paraná entre 1875 e 1877, Adolfo Lamenha Lins, criou
colônias de imigrantes europeus na região de Curitiba e estabeleceu as diretrizes para a
colonização.
d) No Paraná, nunca houve conflitos envolvendo a posse e a propriedade da terra.
e) A fixação de europeus no território paranaense só foi possível graças à inexistência de
grandes latifúndios advindos de antigas concessões de sesmarias.
(UNITINS 2018)
“Realiza-se na História do Brasil, em 1889, uma acomodação política. A República que se instala,
passada a fase de depuração, é a do controle hegemônico dos fazendeiros do oeste paulista
acrescida da descentralização, para contentar os interesses regionais. A nova ordenação política
não significou reformas estruturais” (MONTEIRO, Hamilton. Brasil Império. São Paulo: Ática, 1994
p. 75).
b) A República que nasceu no Brasil no final do século XIX mudava a forma de governo sem
revolucionar a sociedade, mantendo o clima de ordem que interessava às elites.
d) Os interesses da elite agrária do nordeste não eram diferentes dos interesses dos cafeicultores
paulistas, e isso favoreceu a mobilização social para a Proclamação da República.
(UNITINS 2021)
A imagem e o texto a seguir referem-se à escravidão no Brasil que teve duração do início do século
XVI ao final do século XIX.
“A agitação negra marcou a luta contra a escravidão na sociedade brasileira. A revolta escrava,
individual ou coletiva, foi o primeiro e principal instrumento de instabilidade da ordem vigente.
Rebeliões, fugas e tantas outras formas de ação escrava vivenciadas no Brasil, até quando não
explicitavam esse propósito, construíram os caminhos para a falência do mundo governado por
proprietários de pessoas”. (ALBUQUERQUE, Wlamyra. Movimentos sociais abolicionistas. In:
Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das letras, 2018).
I – O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão e o que mais recebeu africanos
aprisionados por meio do tráfico.
II– Principal parceira econômica do Brasil, a Inglaterra pressionava D. Pedro II desde metade do
século XIX a abolir o regime escravocrata por razões humanitárias.
III – A Lei do Ventre Livre (1870) e a Lei dos Sexagenários (1884) buscavam transição gradual para
o fim do trabalho escravo no Brasil e atendiam às reivindicações dos grupos abolicionistas.
IV – Pressionado pela Inglaterra, o Brasil aprovou a Lei Eusébio de Queirós que decretou a
proibição de tráfico negreiro no Brasil a partir de 1850.
(IFSudMinas 2018)
I. Ao longo do século XIX, o café tornou-se rapidamente a principal atividade agrícola do
país, responsável por mais da metade do dinheiro arrecadado em exportações no Brasil.
II. Um fator que contribuiu para a ampliação da produção cafeeira no Brasil foi o aumento da
procura do produto pelos mercados consumidores da Europa e dos EUA.
III. A construção e ampliação das ferrovias no Brasil para o transporte do café aumentou a
velocidade de escoamento da produção e interligou algumas regiões do Império.
IV. A cafeicultura no Brasil beneficiou-se da estrutura escravista, sendo incorporada ao
sistema plantation, caracterizado basicamente pela monocultura voltada para a exportação,
a mão de obra escrava e o cultivo em grandes latifúndios.
V. O maior Estado produtor de café no Brasil foi o Rio de Janeiro, pois possuía a terra roxa,
um tipo de solo que favorecia a lavoura cafeeira.
Agora marque a alternativa CORRETA.
a) Todas as afirmativas são verdadeiras.
b) Todas as afirmativas são falsas.
c) Apenas I, II, III e IV são verdadeiras.
d) Apenas II, III, IV e V são verdadeiras.
e) Apenas I, II, III e V são verdadeiras.
(IFPE 2017)
“As promessas de liberdade do segundo e extenso período desde a Independência até à lei
Rio Branco datam de poucos anos relativamente a certa parte da população escrava, e do
fim do primeiro reinado relativamente à outra.
Os direitos d’esta última – que vem a ser os Africanos importados depois de 1831 e os seus
descendentes – são discutidos mais longe. Por ora baste-nos dizer que esses direitos não se
fundam sobre promessas mais ou menos contestáveis, mas sobre um tratado internacional e
em lei positiva e expressa. O simples fato de achar-se pelo menos metade da população
escrava do Brasil escravizada com postergação manifesta da lei e desprezo das penas que
ela fulminou, dispensar-nos-ia de levar por diante este argumento sobre os compromissos
públicos tomados para com os escravos.
Quando a própria lei, como se o verá exposto com toda a minudência, não basta para
garantir à metade, pelo menos, dos indivíduos escravizados a liberdade que decretou para
eles; quando um artigo tão claro como este: "Todos os escravos que entrarem no território
ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres" [...] nunca foi executado [...]que valor
obrigatório podem ter movimentos nacionais de caráter diverso, atos na aparência alheios à
sorte dos escravos, declarações oficiais limitadas ao efeito que deviam produzir? Em outras
palavras, de que servem tais apelos à consciência, à lealdade, ao sentimento de justiça da
nação, quando metade dos escravos estão ilegalmente em cativeiro?” pp. 58-59.
(NABUCO, J. O Abolicionismo. Londres: TYPOGRAPHIA DE ABRAHAM KINGDON E CA.,
1883, 256 p.).
Assinale a afirmativa CORRETA a partir da análise do excerto acima.
a) O desrespeito do Estado brasileiro à Lei Eusébio de Queiroz, que proibiu o tráfico atlântico
de escravizados em 1850.
b) O sentido retórico de seu próprio texto, meramente floreio político em nome dos
escravizados, estes sem voz efetiva.
c) A injustiça e o crime da nação brasileira para com milhares de escravizados traficados
ilegalmente após a lei antitráfico apelidada de “Lei para Inglês ver”.
d) O caráter legal do sistema escravista, que não descumpria a lei positiva do Estado imperial
brasileiro em nenhum aspecto.
e) A consciência dos políticos de seu tempo, sensíveis ao cativeiro de milhares de homens
sabidamente livres, aos quais cumpria libertar.
(UFRR 2017)
“ ...na cidade de Óbidos, em 11 de janeiro de 1854 [...] Raimunda, “24 anos de idade, crioula,
bem retinta, um tanto baixa, bem figurada, muito humilde” [...] estava fugida com seu
companheiro José Moisés, “de 26 anos de idade, cafuz bastante fornido do corpo, estatura
regular, mal-encarado, olhos pequenos, e fundos”. Os dois fugiram com a ajuda do forro
Antônio Maranhoto, natural do Maranhão que [...antes] “foi marinheiro de embarcação de
guerra”[...]. Em fevereiro de 1861, a escrava Benedita, “cafuza, natural de Óbidos, com falta
de dentes na frente, cabelos cacheados, cheia de corpo, cara risonha” fugiu na companhia
do soldado mulato Francisco Lima. Levou uma rede nova, um balaio e um baú de cedro
contendo “um par de chinela, um fio de conta de ouro, uma camisa de chita amarela, uma
saia de cambraia branca com três folhos e duas camisas brancas”. Em abril do mesmo ano, a
escrava Maria, “crioula retinta, magra, alta, olhos e beiços grandes” fugiu com Hipólito,
“crioulo bem retinto, barbado, falta de dentes na parte superior”. Maria e Hipólito fugiram
pouco tempo depois do falecimento de seu senhor Antônio Guerra, diretor de índios no rio
Madeira. A viúva pedia sua captura e ainda oferecia 100 mil réis de recompensa por cada
escravo.”
CAVALCANTI, Y.R.O; SAMPAIO, P.M. Histórias de Joaquinas, Mulheres, Escravidão e
Liberdade (Brasil, Amazonas: séc.XIX). Revista Afro-Ásia, 46. p.97-120. Disponível em <
http://www.scielo.br/pdf/afro/n46/a03n46.pdf>
Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre a escravidão negra no Brasil durante a
segunda metade do século XIX, é CORRETO afirmar:
A) A má influência masculina explica as fugas das mulheres escravas, pois o trabalho escravo
feminino era feito exclusivamente no interior das casas grandes, onde geralmente as negras
eram tratadas como parte da família;
B) O estado do Amazonas foi um dos primeiros a decidir pelo fim da escravidão e isso
aconteceu porque não havia mais escravos negros na região;
C) Em 1871, a Lei do Ventre Livre libertou milhares de filhos de escravos, diminuindo
consideravelmente as fugas de mulheres, como as apresentadas no texto;
D) Em 1850, pela Lei Euzébio de Queiroz, foi proibido o tráfico internacional e,
consequentemente, a importação de escravos, mas continuava sendo legal manter escravos
em cativeiro;
E) Embora submetidas ao trabalho compulsório, as mulheres no cativeiro recebiam especiais
cuidados e preocupação de seus senhores, por isso tinham liberdade plena para constituir e
manter laços familiares.
(UFRR 2020)
Diversos projetos abolicionistas invadiram a cena política brasileira no último quarto do século XIX.
O de André Rebouças foi um dos mais radicais. Talvez, por isso, tenha acabado derrotado. [...]
Dedicado a compreender os mecanismos que emperravam o desenvolvimento do país, chegou à
conclusão de que vivíamos um bloqueio estrutural para a emergência de indivíduos livres. E que
a libertação dos escravos, por si só, não seria suficiente. (CARVALHO, Maria Alice Rezende de.
“Liberdade é terra”. In FIGUEIREDO, Luciano (org.). A era da escravidão. Rio de Janeiro: Sabin,
2009. (Coleção Revista de História no Bolso;3), p. 85). A trajetória e as ideias do engenheiro baiano
André Rebouças – mulato e filho de um relevante membro da elite política monárquica no Brasil
– demonstram a diversidade do movimento abolicionista no século XIX.
Sobre as lutas pela abolição do sistema escravocrata brasileiro, assinale a alternativa CORRETA.
A) A luta radical pela extinção imediata da escravidão, no século XIX, comprova a existência de
uma elite aristocrática abolicionista ligada à agro exportação cafeeira em permanente
enfrentamento com a Coroa brasileira, desde os tempos da assembleia constituinte de 1823.
C) O projeto de abolição radical, que compreendia a libertação dos escravizados, mas também a
democratização do acesso à terra, teve o apoio de setores da alta cúpula do Exército, a despeito
da manutenção do respeito hierárquico à função estatal de punir as fugas de escravizados no
Brasil.
(URCA 2018)
B) Ainda que seja possível identificar referências mais remotas, foi a partir do lançamento do
Manifesto Republicano, em 1870, defendendo a República, embora sem federação, que se
oficializou o republicanismo brasileiro;
(URCA 2018)
A fim de regulamentar a propriedade da terra de acordo com as novas necessidades
econômicas e os novos conceitos de terra e de trabalho, diversas leis importantes foram
decretadas em diferentes países durante o século XIX. No Brasil, a lei para este fim ficou
conhecida como a Lei de Terras de 1850, sobre a qual podemos corretamente afirmar:
A) Proibia a aquisição de terras que não fosse exclusivamente pela posse ou doação feita
pela Coroa.
B) Determinava que todos aqueles que tinham adquirido a terra, nos anos precedentes à Lei,
por ocupação ou doação, perderiam a terra, ainda que tivessem como legalizá-las mediante
o pagamento de taxas cartoriais.
C) Limitou o tamanho das terras adquiridas pela ocupação que não poderia ser maior do que
a maior porção de terra doada no distrito em que se localizava.
D) Os produtos das vendas das terras públicas e das taxas de registro das propriedades
seriam utilizados para importar mão de obra escrava.
E) Se antes da lei, somente poderiam adquirir terras aqueles que tivessem condições de
explorá-las lucrativamente, com a lei, somente poderiam adquirir aqueles que prestassem
serviços à Coroa Imperial.
(UEA – 2011)
A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, proibiu o tráfico de escravos da África para o Brasil.
Estima-se que entravam no país, no período imediatamente anterior à Lei, 50 mil escravos
por ano. A proibição desse comércio
(A) provocou desentendimentos e conflitos do governo brasileiro com o Parlamento inglês,
porque trouxe prejuízos monetários às companhias inglesas de comércio de escravos.
(B) precipitou a queda da monarquia brasileira, que perdeu o apoio político e o auxílio
econômico dos senhores de escravos do Norte e do Sul do país.
(C) liberou e disponibilizou capitais que foram aplicados em atividades industriais e de
transportes, de que é exemplo a Companhia de Navegação a Vapor do rio Amazonas.
(D) determinou o crescimento de cidades no país, porque favoreceu a libertação voluntária
dos escravos por seus senhores, que foram atingidos pela falta de mão de obra.
(E) dividiu geograficamente o país em duas regiões distintas, uma que explorava o trabalho
escravo e outra que estimulava o emprego do trabalho assalariado.
(UEA – 2011)
Somos da América e queremos ser americanos. A nossa forma de governo é, em sua essência
e em sua prática, antinômica e hostil ao direito e aos interesses dos Estados americanos.
(Manifesto Republicano. Jornal A República, 03.12.1870.)
Segundo o trecho do Manifesto Republicano, o Brasil adotava, em 1870, uma forma de
governo que poderia ser um fator de
(A) expansão do caudilhismo nas repúblicas americanas.
(B) fortalecimento da solidariedade continental.
(C) desestabilização política no continente.
(D) democratização política dos países fronteiriços.
(E) aproximação dos povos da América com as monarquias europeias.
Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 168 e 167.
Quando as grandes secas de 1879-1880, 1889-1890, 1900-1901 flamejavam sobre os sertões
(...) e as cidades do litoral se enchiam em poucas semanas de uma população (...) de famintos
assombrosos, devorados das febres e das bexigas – a preocupação exclusiva dos poderes
públicos consistia no libertá-las quanto antes daquelas invasões de bárbaros moribundos que
infestavam o Brasil. Abarrotavam-se, às carreiras, os vapores, com aqueles fardos agitantes
(...) Mandavam-nos para a Amazônia – vastíssima, despovoada (...).
(Euclides da Cunha. Um clima caluniado, In À margem da história, 1909.)
(UEA – 2011)
O texto refere-se ao contingente populacional que foi empregado na extração da borracha
e que se submeteu na Amazônia
(A) às condições de melhoria de vida e, na maioria dos casos, de enriquecimento,
considerando que as seringueiras espalhavam-se pela floresta imensa e sem proprietários.
(B) a um regime de trabalho em que a mão de obra vivia endividada com o dono da
exploração, que lhe vendia os instrumentos de trabalho e os gêneros alimentícios.
(C) às dificuldades de sobrevivência em um ambiente hostil, embora contasse com assistência
médica gratuita e salários pagos pelo governo.
(D) a uma situação econômica semelhante a do interior do nordeste brasileiro, em que a
produção estava baseada nas pequenas propriedades e no trabalho familiar.
(E) a um processo de colonização pensado e planejado pelo Estado brasileiro, que tinha
como finalidade tomar posse do imenso território vazio da floresta.
(UEA – 2011)
A extração da borracha na área da floresta amazônica foi responsável pelo enriquecimento
e crescimento populacional de cidades como Manaus e Belém. O auge da exploração da
borracha amazônica liga-se à
(A) segunda revolução industrial, que empregou a borracha como importante matéria-prima.
(B) procura do produto pelos países capitalistas desenvolvidos, que participaram da primeira
guerra mundial.
(C) anexação pelo Brasil de territórios cobertos pela floresta tropical, que pertenciam a
pequenos países da América do Sul.
(D) concorrência da produção asiática, que exigiu dos empresários brasileiros uma diminuição
dos custos de produção.
(E) concentração das árvores nas vizinhanças dos portos de exportação, o que permitiu o
emprego de uma técnica sofisticada de extração do látex.
Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 05 e 06.
José do Patrocínio, um dos mais importantes abolicionistas da história do Brasil, editava, em
1875, um jornal intitulado Os Ferrões. Na edição de 1.º de setembro de 1875, ele escreveu:
O governo formulou a lei de liberdade aos nascidos após este bendito dia [o dia 28 de
setembro de 1871], e pensando que nem só isto bastava, falou em criação de hospícios, em
remuneração aos senhores, em mil coisas enfim. Ora lá se vão quase quatro anos e o governo
está ainda com os braços cruzados. O que quer? (...) Quer que esses redimidos venham
desempenhar na sociedade simplesmente, naturalmente, graciosamente o papel de
consumidores de aguardente, mascadores de fumo e irmãos do santo ócio? Quebrar os
grilhões do cativeiro nada é, ficando intactos os não menos pesados grilhões da ignorância.
O escravo não se redimirá somente com a liberdade, é complemento dessa redenção – o
livro e a oficina.
(UEA – 2011)
De acordo com José do Patrocínio,
(A) a extinção da escravidão no Brasil atiraria os libertos a um estado de penúria econômica
e moral mais grave que o dos tempos da escravidão.
(B) a lei da liberdade aos nascidos teria sido o resultado de uma decisão política das elites
brancas, que não teve importância para os escravos.
(C) os libertos estariam condenados, juntamente com seus descendentes, a uma vida de
ignorância e miséria, independentemente das atitudes do governo.
(D) as leis abolicionistas que não fossem complementadas por medidas de caráter social e
cultural deixariam os antigos escravos em uma situação de marginalidade social.
(E) a rebelião armada dos escravos contra os seus dominadores seria o único caminho seguro
para sua efetiva e real libertação.
(UEA – 2011)
A Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel e que produziu, no dia 13 de maio de 1888, um
clima de alegria e festa na cidade do Rio de Janeiro,
A vitória do Brasil na Guerra do Paraguai (1864-1870) foi celebrada por obras de arte
encomendadas e patrocinadas pelo governo imperial. O mais conhecido pintor da época,
Pedro Américo, retratou a vitória do Conde D´Eu, genro do imperador, na batalha de Campo
Grande. Analisando o quadro de Pedro Américo, percebe-se que o artista
(A) fez uma crítica sutil aos comandantes brasileiros, pintando a sua falta de heroísmo e
insignificância na batalha.
(B) considerou que as tropas brasileiras eram muito semelhantes às paraguaias na
indumentária e no equipamento bélico utilizado.
(C) expressou princípios da propaganda republicana brasileira, que argumentava que a
monarquia era uma flor exótica na América.
(D) representou os soldados brasileiros de maneira diversa e antagônica à dos paraguaios,
retratados como bárbaros e truculentos.
(E) exprimiu, paradoxalmente, pontos de vista contrários à violência militar, ao mesmo tempo
em que criou um novo gênero artístico, a pintura de batalha.
(UECE 2020)
A queda do império no Brasil não se deu apenas por uma causa, mas por um acúmulo de
fatores. Analise os fatos apresentados a seguir e assinale o que NÃO corresponde a uma
causa para o fim da monarquia no Brasil.
A) Guerra de Canudos, ocorrida em uma comunidade rural no interior da Bahia, que
provocou milhares de mortes e abalou a popularidade do império.
B) Movimento Abolicionista, que provocou o fim da escravidão no império, causando a ira
de muitos latifundiários escravistas.
C) Questão Militar, em que oficiais do exército brasileiro se opuseram à monarquia, o que
conduziu muitos militares aos quadros do movimento republicano.
D) Questão Religiosa, oriunda do choque entre a maçonaria, liderada pelo próprio
imperador, e clérigos da igreja católica, o que agravou a imagem da monarquia.
(UECE 2020 - 4000159395)
Atente para o seguinte excerto a respeito da abolição da escravatura no Brasil:
“[…] a abolição da escravatura não eliminou o problema do negro. A opção pelo trabalhador
imigrante, nas áreas regionais mais dinâmicas da economia, e as escassas oportunidades
abertas ao ex-escravo, em outras áreas, resultaram em uma profunda desigualdade social da
população negra. Fruto em parte do preconceito, essa desigualdade acabou por reforçar o
próprio preconceito contra o negro. Sobretudo nas regiões de forte imigração, ele foi
considerado um ser inferior, perigoso, vadio e propenso ao crime; mas útil quando
subserviente”. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 169.
Considerando o processo histórico de abolição da escravatura no Brasil, é correto afirmar
que
A) foi, além de muito rápido, suficiente para acabar com o escravismo e logo inserir o ex-
escravo, de forma igualitária, nos diversos espaços da sociedade brasileira.
B) além de lento, considerando-se o lapso temporal entre a Lei Eusébio de Queirós, de cunho
abolicionista, de 1850, e a Lei Áurea, de 1888, não representou o fim da marginalização da
população negra.
C) o país, por ser pioneiro na abolição da escravatura, encontrou grande dificuldade, pois,
não havendo exemplos a serem seguidos, obrigou-se a construir seu próprio modelo de
inclusão social para os ex-escravos.
D) como nos EUA, onde os ex-escravos foram plenamente aceitos na sociedade por sua
capacidade de produção, os ex-escravos brasileiros também tiveram oportunidade de
ingressar no mercado de trabalho e experimentar chances iguais para vencer na vida.
(UECE 2019)
Diversas características culturais marcaram o Brasil durante o Segundo Reinado (1840-1889),
dentre as quais destacou-se
a) a realização da Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, que
ocorreu em São Paulo e congregou grandes nomes do modernismo.
b) o surgimento de uma literatura que unia o lirismo à crítica social e ao realismo fantástico
e que tinha em Jorge Amado e Dias Gomes seus grandes ícones.
c) o aparecimento de grupos teatrais como o Oficina e o Arena, que davam ênfase aos
autores nacionais e usavam a arte para criticar a situação do País.
d) o predomínio de uma literatura de construção da identidade nacional, como o romantismo
indianista de José de Alencar e Gonçalves Dias
(UECE 2018)
O processo que conduziu à abolição da escravidão no Brasil e que contou com a atuação de
nomes como José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Luís Gama, Castro Alves, Rui Barbosa e
muitos outros intelectuais teve seu desenlace com a assinatura da Lei Áurea em 13 de maio
de 1888; contudo, conforme o excerto a seguir, muitos veem esse processo como inacabado.
“Conservadora e curta, com pouco mais de duas linhas, a Lei nº 3.353, a chamada Lei Áurea,
decretou, no dia 13 de maio de 1888, o fim legal da escravidão no Brasil. Mas se a escravidão
teve seu fim do ponto de vista formal e legal há 130 anos, a dimensão social e política está
inacabada até os dias atuais. Essa é a principal crítica de estudiosos e militantes dos
movimentos negros à celebração do 13 de maio como o dia do fim da escravatura”.
GONÇALVES, Juliana. 130 anos de abolição inacabada. Brasil de fato. Acessível em:
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/13/130-anosde-uma-abolicao-inacabada/acesso
em 05/07/2018.
Em relação ao fim da escravidão no Brasil, na perspectiva do trecho acima, pode-se afirmar
corretamente que
c) o sistema de colégio eleitoral fazia com que o eleitor de primeira pudesse escolher o chefe
do executivo provincial e do executivo imperial.
d) apesar da limitação no número de eleitores, o acesso da população à candidatura era bem
mais fácil.
(UECE 2017)
O Brasil foi o último país da América a acabar, oficialmente, com a escravidão em seu
território. Apesar do pioneirismo das províncias do Ceará e do Amazonas, que aboliram a
escravidão em 1884, o processo que levou até a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de
1888, teve início com a Lei Eusébio de Queirós, de 4 de setembro de 1850, que proibia o
tráfico de escravos para o Brasil. Atente ao que diz o Professor Antonio Torres Montenegro
a esse respeito: “Com o passar dos anos, vai-se tornando evidente que a extinção do tráfico
de escravos, por si, não é suficiente para garantir um fim próximo para a escravidão. Existia,
agora, o comércio de escravos entre as províncias, que começava a gerar outros problemas.
Isso porque as províncias do Norte e Nordeste passaram a vender grandes quantidades de
escravos para o Sul e Sudeste. [...] O Norte e o Nordeste passam, então, a adotar,
crescentemente, o trabalho livre, tornando-se aos poucos, mais flexíveis em relação a um
prazo imediato para o fim da escravidão do que o Sul, que tinha acabado de realizar um
grande investimento na compra de escravos”.
MONTENEGRO, Antonio Torres. Reinventando a liberdade: A abolição da escravatura no
Brasil. 9ª ed. São Paulo: Atual, 1989, p. 9-10.
De acordo com o texto acima, pode-se concluir acertadamente que
a) a partir da edição da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que proibia o tráfico de escravos
para o Brasil, garantiu-se o fim do comércio de escravos no país.
b) o comércio interprovincial de escravos favoreceu a que as províncias do Ceará e do
Amazonas abolissem a escravidão ainda em 1884, cerca de 4 anos antes da assinatura da Lei
Áurea.
c) no Sul e Sudeste, em virtude da compra de escravos das províncias do Norte e Nordeste,
surgiu um movimento de apoio à abolição por parte dos grandes latifundiários cafeicultores.
d) o fim da escravidão no Brasil foi um processo demorado porque apenas questões étnicas
impediam a realização da abolição.
(UECE 2016)
Em 1850, ano de extinção oficial do tráfico de escravos no Brasil, foi votada a Lei de Terras.
Esta lei, em linhas gerais, determinou que
I. todo proprietário registrasse suas terras, ficando proibida a doação de propriedades ou
qualquer outra forma de aquisição de bens fundiários, a não ser por meio da compra.
II. se mantivesse o alto custo do registro imobiliário, impedindo que os posseiros mais
pobres obtivessem a propriedade do solo onde plantavam.
III. ficasse assegurado o direito dos imigrantes ― cujo trabalho, em muitos casos, substituiria
o trabalho dos escravos ― de se tornarem proprietários das terras onde laboravam.
IV. fossem possíveis a aquisição e a posse de terras públicas, a baixo custo, pelos grandes
proprietários, seus herdeiros e descendentes.
Estão corretas as complementações contidas em
a) I, II, III e IV.
b) I e II apenas.
c) II, III e IV apenas.
d) I, III e IV apenas.
(UECE 2016)
Atente às seguintes afirmações acerca do momento histórico brasileiro conhecido como
Segundo Reinado:
I. Esse período, no primeiro momento, constituiu a luta a favor da permanência da
monarquia, sob a égide de Pedro I.
II. A crise interna do sistema escravista, aliada aos vários conflitos e revoltas internas
observados durante esse período, contribuíram para por fim ao Segundo Reinado.
III. O final do Segundo Reinado representou o fim do período Imperial no Brasil e o início do
sistema republicano.
É correto o que se afirma somente em
a) I e II.
b) I e III.
c) II.
d) III.
(UECE 2015)
Atente para as afirmações a seguir, acerca do Processo de Abolição dos Escravos no Brasil,
e assinale com V as afirmações verdadeiras e com F, as falsas.
( ) Em 1850, o Brasil foi levado a extinguir o tráfico internacional, porém, surgiu o tráfico
interno com a venda de escravos das áreas mais pobres para as mais desenvolvidas.
( ) Nesse processo, algumas leis foram aprovadas com o objetivo de acalmar os abolicionistas
e ir lenta e gradualmente extinguindo a escravidão, quais sejam: Lei do Ventre Livre, Lei do
Sexagenário.
( ) Nesse movimento não se tem notícias de insurreições ou ações dos próprios escravos em
prol da própria liberdade, em virtude da forte repressão presenciada nos últimos momentos
do período escravocrata.
7. GABARITO
25. B
1. B 26. B
2. A 27. C
3. D 28. C
4. E 29. D
5. A 30. B
6. E 31. D
7. E 32. C
8. C 33. C
9. B 34. C
10. E 35. B
11. C 36. A
12. D 37. D
13. B 38. E
14. C 39. A
15. C 40. D
16. D 41. A
17. E 42. B
18. A 43. D
19. A 44. C
20. D 45. A
21. C 46. B
22. A 47. B
23. E 48. D
24. C 49. B
8. QUESTÕES COMENTADAS
(ENEM 2021)
TEXTO I
EIGENHEER, E. M. Lixo: a limpeza urbana através dos tempos. Porto Alegre: Gráfica Palloti,
2009.
TEXTO II
A repugnante tarefa de carregar lixo e os dejetos da casa para as praças e praias era
geralmente destinada ao único escravo da família ou ao de menor status ou valor. Todas as noites,
depois das dez horas, os escravos conhecidos popularmente como “tigres” levavam tubos ou
barris de excremento e lixo sobre a cabeça pelas ruas do Rio.
KARASCH, M. C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro, 1808-1850. Rio de Janeiro: Cia das
Letras, 2000.
A ação representada na imagem e descrita no texto evidencia uma prática do cotidiano nas
cidades no Brasil nos séculos XVIII e XIX caracterizada pela
Comentários
Atenção ao período e local abordados: séculos XVIII e XIX no Rio de Janeiro. Esse período
é marcado pela intensificação da importação de escravizados africanos no Brasil, impulsionada
principalmente pela extração aurífera em Minas Gerais durante o século XVIII. Esta atividade
também provocou a transferência da capital da América portuguesa de Salvador para o Rio de
Janeiro, devido à sua proximidade com a região mineradora, dando-lhe maior vantagem como
porto privilegiado para a exportação do ouro. Assim, o Sudeste começa a se tornar o principal
polo econômico da colônia. Por outro lado, à medida que o ouro se torna mais escasso, as riquezas
obtidas com sua extração vão sendo reinvestida nos negócios que sempre deram certo na
colonização: latifúndio exportador (pecuarista ou agricultor) e tráfico de escravizados. No raiar o
século XIX, o Sudeste já competia com o Nordeste na produção açucareira, principalmente o Rio
de Janeiro. E gradativamente a cafeicultura vai se popularizando entre os grandes fazendeiros
cariocas e paulistas conforme a demanda por café cresce na Europa. Quando mais as lavouras se
espalham e crescem de tamanho, mais escravizados são importados. Vale dizer que as primeiras
décadas do século XIX foram o período no qual mais se importou cativos no Brasil a ponto dos
historiadores chamarem o fenômeno de “segunda escravidão”. Com tanto escravizados chegando
ao país, eles também encontraram uso nas zonas urbanas, principalmente nas cidades portuárias
onde os fazendeiros e pecuaristas agenciavam suas exportações. Entretanto, nas cidades os
cativos eram empregados em uma variedade maior de trabalhos. De qualquer forma, nas
atividades de limpeza e descarte do lixo não havia grandes diferenças entre ambientes urbanos e
rurais. Como a imagem e o texto nos mostram, eram os cativos que cuidavam dessas tarefas.
Sabendo disso, vejamos o que caracteriza a prática descrita:
a) Incorreta. Na sociedade escravista brasileira o trabalho braçal era extremamente
desvalorizado, tido como algo degradante e humilhante. Por isso, qualquer atividade manual,
inclusive a coleta e descarte de lixo, eram reservados preferencialmente aos escravizados, que
estavam na base da pirâmide social, destituídos de direitos políticos, civis e sociais. Na sua
ausência, eram os trabalhadores pobres que faziam essas funções.
b) Correta! Reiteração significa reafirmação. E como disse, os escravizados estavam na base
da pirâmide social do Brasil colonial e imperial. Logo, não é de se estranhar que sejam eles que
ficam encarregados das tarefas consideradas degradantes pela sociedade da época, como a
coleta e descarte do lixo.
c) Incorreta, pela mesma razão que a letra “b”. Nunca esqueça que na sociedade escravista
brasileira qualquer atividade laboral era considerada degradante, digna das camadas mais baixas
da hierarquia social, enquanto o ócio era sinal de riqueza e prestígio.
d) Incorreta. Se há reiteração das hierarquias sociais, as exclusões econômicas também são
reafirmadas. É pelo seu papel na economia que os escravizados estão na base da pirâmide social
do Brasil colonial e imperial. Juridicamente, eles eram considerados mercadorias, passíveis de
serem empregados, comprados e vendidos ao bel prazer de seus proprietários.
e) Incorreta. As religiosidades da época não são abordadas nem pela imagem, nem pelo
texto.
Gabarito: B
(ENEM 2021)
Escravo fugido
No dia 8 de Outubro do anno próximo passado fugio da fazenda do Bom Retiro, propriedade
do dr. Francisco Antonio de Araújo, o escravo José, pardo claro, de 22 annos de idade,
estatura regular, cheio de corpo, com a falta de um dente na frente do lado superior, cabelos
avermelhados, orelha roxa, falla macia, e andar vagaroso. Intitula-se forro, e quando fugio a
primeira vez esteve contratado como camarada em uma fazenda em Capivary.
Quem o apreender e entregar ao seu senhor no Amparo, ou o recolher a cadêa em qualquer
parte será bem gratificado, e protesta-se com todo o rigor da lei contra quem o acoutar.
15-13
Escravo fugido. Jornal Correio Paulistano. 13 de abril de 1879. Disponível em
http:\\bndigital.bn.gov.br. Acesso em 2 ago. 2019 (adaptado).
No anúncio publicado na segunda metade do século XIX, qual a estratégia de resistência
escrava apresentada?
a) Criação de relações de trabalho.
b) Fundação de territórios quilombolas.
c) Suavização da aplicação de normas.
d) Regularização das funções remuneradas.
e) Constituição de economia de subsistência.
Comentários
Em primeiro lugar, repare no tempo e lugar indicado: 1879, no Brasil. Nessa época, nosso
país vivenciada o Segundo Reinado (1840-1889). Este é um período marcado pela crise da
monarquia, urbanização das principais capitais, auge da economia cafeeira no Sudeste, difusão do
republicanismo, popularização do abolicionismo, aumento das fugas e revoltas de escravizados,
Guerra do Paraguai (1864-1870), entre outros fatores. Entretanto, o tema específico da questão
são as estratégias de resistência dos escravizados. O texto apresentado se trata de um anúncio
publicado no jornal Correio Paulistano, um dos maiores periódicos de orientação conservadora de
São Paulo e do Império. No anúncio, é divulgado a fuga de um cativo e suas principais
características físicas e comportamentais. O interessante é que o anunciante informa ao público a
estratégia já utilizada por José, o fugitivo, da última vez que escapou de seu cativeiro. Com isso
em mente, vejamos qual foi ela:
a) Correta! As duas últimas linhas do primeiro parágrafo no entregam a resposta: “Intitula-
se forro, e quando fugiu a primeira vez esteve contratado como camarada em uma fazenda em
Capivary”. Veja, muitas das estratégias usadas pelos escravizados para resistir às violências da
escravidão eram praticadas desde o início desta instituição lá no período colonial. Contudo, ao
longo do século XIX, houve uma onda de movimentos de independência e de abolição em todo
o continente Americano. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, mas vários de seus vizinhos
já o tinham feito e isso repercutia por aqui. Nesse contexto mais amplo, no Império brasileiro as
fugas e revoltas, entre outras estratégias, tornaram-se cada vez mais frequentes, ainda mais no
Segundo Reinado, quando o tráfico já havia sido proibido e a Lei do Ventre Livre fora promulgada.
Com isso, o número de alforriados aumentava, assim como o de negros e pardos nascidos livres.
Dessa forma, ficava mais fácil para muitos escravizados se passarem por forros ou livres caso
conseguissem fugir para localidades relativamente distantes, onde ninguém os conhecia. Assim,
eles formavam novas relações de trabalho fora do cativeiro com outros fazendeiros ou
empregadores.
b) Incorreta. De fato, a formação de quilombos era uma das estratégias mais antigas contra
a escravidão, datando dos primeiros séculos de colonização, e que se intensificou ao longo do
século XIX. No entanto, note que em nenhum momento o anúncio fala em quilombos.
c) Incorreta. Na verdade, o anúncio é um exemplo da persistência das normas ligadas à
escravidão, mesmo em um contexto de popularização do abolicionismo e intensificação da
resistência dos escravizados. Afinal, o anunciante publicou abertamente seu anúncio que visava a
captura de um cativo fugitivo. Os meios de captura (apelar ao público oferecendo recompensa e
sugerindo a entrega do fugitivo à cadeia) também eram um padrão na escravidão brasileira.
d) Incorreta. O anúncio serve de evidência para como as funções remuneradas, isto é, o
trabalho livre ainda não era bem regularizado. Havia uma série de possíveis acordos entre
empregadores e trabalhadores forros e/ou livres, ou mesmo entre dois trabalhadores, que não
necessariamente envolviam remuneração em dinheiro, mas muitas vezes produtos, terras, moradia
ou benefícios de outra ordem. A camaradagem era uma dessas possibilidades. A camaradagem
era a relação de trabalho entre dois trabalhadores autônomos, na qual se divide as despesas e o
lucro das atividades. É como quando duas pessoas se tornam sócias num mesmo negócio, mas
aqui no caso é algo mais informal. No caso de José, provavelmente, ao chegar em Capivari,
encontrou um pequeno ou médio proprietário rural que não tinha recursos suficientes para
comprar mais cativos ou contratar novos empregados. Então, José, passando-se por forro, deve
ter oferecido seus serviços ou recebeu uma proposta de camaradagem. É possível até que o
pequeno ou médio proprietário que o empregou até soubesse que ele era um cativo em fuga e
pode ter sido sua ideia que José se passasse por forro, pois caso fosse descoberto os dois podiam
ser presos, uma vez que acoitar (refugiar) escravizados fugitivos era crime. De qualquer forma,
independentemente de quem foi a ideia, essa se tornou uma estratégia cada vez mais frequente
entre os cativos em fuga ao longo do século XIX, inclusive com envolvimento de grandes
proprietários mais simpáticos ao abolicionismo.
e) Incorreta. Não é informado que tipo de fazenda José de refugiou, se era grande ou
pequena, se era voltada para subsistência, para o mercado interno ou para exportação.
Gabarito: A
(ENEM 2021)
dos Comuns – aumentaram a pressão pela revogação da Lei Aberdeen. O governo britânico,
entretanto, ainda receava que, sem um trabalho anglo-brasileiro satisfatório para substituí-la, não
haveria nada que impedisse os brasileiros de um dia voltarem aos seus velhos hábitos”.
Comentários
A Lei Alberdeen, mais conhecida como Bill Alberdeen, foi uma lei promulgada pela
Inglaterra em 1845. Por meio dela, o governo britânico proibia o tráfico internacional de
escravizados africanos e permitia à marinha inglesa perseguir e capturar todos aqueles que
persistissem no ramo, mesmo que fossem de outra nacionalidade. Os infratores eram levados até
a Inglaterra, onde seriam julgados. A pressão inglesa para o fim do tráfico datava desde as
primeiras décadas do século XIX, antes mesmo da independência do Brasil (1822). Para os
britânicos, o fim do comércio de viventes era interessante, pois contribuiria para o fim da
escravidão que, por sua vez, permitiria que uma grande massa de escravizados se tornassem
trabalhadores livres e, consequentemente, consumidores. E a Inglaterra precisava de mais
consumidores, mesmo que de outros países, para consumir seus produtos industriais. O Brasil
independente, que se tornou bastante dependente econômica e diplomaticamente da Inglaterra,
promulgou sua primeira lei anti-tráfico em 1831 (a Lei Feijó). Todavia, as autoridades brasileiras
não se empenharam em aplicá-la e, na prática, o comércio de africanos continuou. Enquanto isso,
os ingleses continuavam a pressão para a medida fosse efetivada. Entretanto, outra lei brasileira
contribuiu para os britânicos ficarem ainda mais descontentes com as autoridades brasileiras: a
criação da Tarifa Alves Branco, que aumentava a taxação sobre produtos importados, com vista a
aumentar a arrecadação do Estado brasileiro. Então, no ano seguinte, a Inglaterra promulgou a
Lei Alberdeen. A marinha britânica começou a perseguir “sem dó” traficantes brasileiros, em
alguns casos entrando até em portos brasileiros para capturar os infratores e levá-los para os
tribunais ingleses. Finalmente, o Brasil promulgou a Lei Eusébio de Queiroz, em 1850, que proibia
definitivamente o tráfico internacional de africanos para seu território. Mesmo assim, ainda
demoraria alguns anos para que os ingleses revogassem a Bill Alberdeen, desconfiados de que os
traficantes brasileiros continuariam suas atividades de forma clandestina. Então, vejamos qual o
interesse britânico que essas tensões diplomáticas revelam:
a) Incorreta. A lei britânica era considerada violenta pelos brasileiros. De fato, estava longe
de ser uma medida conciliadora, uma vez que já partia para a captura, julgamento e prisão dos
traficantes por tribunais ingleses, algo que feria desafiava a soberania nacional do Brasil (e também
de Cuba, único outro país no Ocidente que mantinha a escravidão e o tráfico).
b) Incorreta. Na verdade, as tensões demonstravam o interesse britânico em extinguir um
determinado tipo de comércio marítimo: o tráfico de africanos.
c) Incorreta. Políticas higienistas dizem respeito a reformas e ações promovidas pelo poder
público para higienizar os ambientes urbanos ou rurais. Trata-se de medidas de higiene pública e
saneamento. Entretanto, costumamos chamar de “higienistas” especificamente aquelas medidas
que mais que se preocupar com a saúde pública, promovem a marginalização das populações de
baixa renda, como se a presença delas fosse fonte de doenças, desordens e sujeira.
d) Correta! Como mencionei na letra “b”, o interesse inglês visava o fim definitivo do
comércio internacional de escravizados africanos.
e) Incorreta. O tráfico de africanos não era um negócio familiar, mas sim capitalista, no qual
havia investimento de grandes proprietários (mesmo não sendo raro haver “pequenos”
traficantes). Contudo, a Inglaterra não queria o fim do tráfico para promover o negócio familiar e
prejudicar os capitalistas. Na realidade, o governo britânico queria favorecer os capitalistas
ingleses, sobretudo os industriais, que queriam aumentar suas exportações. Para isso, era
necessário aumentar o número de consumidores pelo mundo. Os países escravistas tinham uma
imensa quantidade de potenciais consumidores vivendo como escravizados. Assim, proibindo o
tráfico, pretendia sabotar a escravidão e acelerar seu fim, para que esses cativos se tornassem
consumidores de produtos britânicos.
Gabarito: D
(ENEM 2020) 4000203938
Nas cidades, os agentes sociais que se rebelavam contra o arbítrio do governo também
eram proprietários de escravos. Levavam seu protesto às autoridades policiais pelo recrutamento
sem permissão. Conseguimos levantar, em ocorrências policiais de 1867, na Província do Rio de
Janeiro, 140 casos de escravos aprisionados e remetidos à Corte para serem enviados aos campos
de batalha.
Comentários
A Guerra do Paraguai (1864-1870). Em 1850, um quarto da população era composta por
escravizados. Os Voluntários da Pátria surgiram como unidades militares na tentativa de aumentar
o poderio do exército, que era pequeno. Uma boa parte de tais unidades foram compostas por
escravizados, muitos recrutados à força, forçados a lutar em nome de seus senhores, ou ainda
pela promessa de alforria, caso votassem vivos da guerra.
a) Incorreto. O pano de fundo histórico da questão é a escravidão, que perdurava no Brasil do
século XIX, quando ocorreu a Guerra do Paraguai. No período escravocrata, não havia nenhuma
garantia de que as famílias de escravizados permaneceriam unidas, uma vez que eram vistos como
simples mercadorias e podiam ser vendidos e separados a qualquer momento.
b) Incorreto. A questão fala de escravizados enviados à força para a guerra e do descontentamento
da classe de proprietários de escravos, demonstrando o conflito entre os interesses dessa classe
(econômicos) e os militares (em relação ao poderio bélico).
c) Incorreto. O texto não faz nenhuma menção à Igreja. Contudo sabemos que a instituição
caminhava de mãos dadas com os proprietários, ou seja, com a elite econômica do país, numa
relação mútua de interesses.
d) Incorreto. O efetivo do exército brasileiro era pequeno. Assim, em 1865, surgiu o Corpo de
Voluntários da Pátria, que deveriam aumentar o efetivo. A partir daí, começaram a surgir as
denúncias de recrutamento forçado, o que demonstra o desespero das forças armadas, não
importando o despreparo dos recrutas.
e) Correto! O texto apresenta a oposição de proprietários de escravos ao recrutamento de
escravizados, uma vez que, eles eram vistos como suas posses.
Gabarito: E
(ENEM 2020)
No contexto da centralização política do Império, as elites regionais tensionavam para ter mais
autonomia e menos interferência do governo central. Muitas das revoltas que “pipocaram” neste
período estão relacionadas com essa dinâmica da disputa do “poder” e de “influência regional”.
Por isso, nosso gabarito é letra a).
b) errado, pois no século XIX as forças armadas do Brasil, no caso do Império brasileiro, ainda
estavam em formação, sendo que os conflitos externos, principalemnte os que se desenrolaram
na Bacia Platina ajudaram a formá-las. No mesmo sentido, as revolta regências regionais que
eclodiram ao longo da regência e do Império foram controlas pelas ações do exército e da
marinha, os quais primavam pela unidade nacional. Dessa forma, havia mais unidade em torno de
propósitos do que tensões entre elas. Já a marinha brasileira passa a adquirir expressividade após
a República.
c) falso, pois os conflito na Bacia Platina ocorreram por disputas territoriais, comerciais e pelo
controle da navegabilidade fluvial. Não foram conflitos por dinâmicas demográficas.
d) falso, esse debate se desenvolverá no contexto da República.
e) errado, pois houve um acordo de reconhecimento da independência entre Brasil e Portugal.
Gabarito: A
(ENEM 2020)
(ENEM 2018)
A poetisa Emília Freitas subiu a um palanque, nervosa, pedindo desculpas por não possuir
títulos nem conhecimentos, mas orgulhosa ofereceu a sua pena que “sem ser hábil, é, em
compensação, guiada pelo poder da vontade”. Maria Tomásia pronunciava orações que
levantavam os ouvintes. A escritora Francisca Clotilde arrebatava, declamando seus poemas.
Aquelas “angélicas senhoras”, “heroínas da caridade”, levantavam dinheiro para comprar
liberdades e usavam de seu entusiasmo a fim de convencer os donos de escravos a fazerem
alforrias gratuitamente.
MIRANDA, A. Disponível em: www.opovoonline.com.br. Acesso em: 10 jun. 2015
As práticas culturais narradas remetem, historicamente, ao movimento
a) feminista.
b) sufragista.
c) socialista.
d) republicano.
e) abolicionista.
Comentários
Veja que há trechos do texto do enunciado que rementem à campanha abolicionista, como
“levantavam dinheiro par comprar liberdades”, “convencer os donos de escravos”. Então, sem
delongas, gabarito letra e).
Gabarito: E
(ENEM 2017)
Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra só passou a ser possível por meio da compra
com pagamento em dinheiro. Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à terra
para os trabalhadores escravos que conquistavam a liberdade.
OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recentes. In: ROSS, J. L. S. Geografia
do Brasil. São Paulo: Edusp. 2009
O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo de
a) reforma agrária.
b) expansão mercantil.
c) concentração fundiária.
d) desruralização da elite.
e) mecanização da produção.
Gabarito: C
(ENEM 2015)
SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador. D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo:
Cia. Das Letras, 1998 (adaptado)
Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início dos anos de 1850, pouco mais de uma década
após o Golpe da Maioridade. Considerando o contexto histórico em que foram produzidas e os
elementos simbólicos destacados, essas imagens representavam um
a) jovem maduro que agiria de forma irresponsável.
b) imperador adulto que governaria segundo as leis.
c) líder guerreiro que comandaria as vitórias militares.
d) soberano religioso que acataria a autoridade papal.
e) monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo.
Gabarito: B
Instituído em 1847, no Brasil, o sistema político descrito pelo texto ficou conhecido
como
Comentários
Nessa questão, podemos identificar facilmente o tempo, o espaço e o tema, os quais são o
Segundo Reinado (1840-1889), o Brasil e seu sistema político. Lembre-se que nessa época,
nosso país era uma monarquia constitucional, com requintes de absolutismo. O que isso quer
dizer? Quer dizer que erámos governados por um imperador, o qual dividia o poder com um
parlamento (Câmara e Senado), mas alguns dispositivos da Constituição de 1824, sobretudo o
Poder Moderador, davam ao monarca a prerrogativa de interferir nos demais poderes, além de
outros mecanismos de centralização. Por outro lado, naquele momento, o Brasil tinha dois
grandes partidos políticos: o Partido Liberal e o Partido Conservador. É possível diferenciá-los
com base na posição de cada um sobre o maior (conservadores) ou menor (liberais)
centralização do poder nas mãos do imperador. Todavia, repare que o texto explica que o novo
sistema era flexível e permitia o rodízio entre eles na ocupação de cargos importantes no
governo. Sabendo disso, vejamos como ficou conhecido o sistema político descrito pelo texto:
a) Incorreta. A Período Regencial se deu entre 1831 e 1840, portanto, é anterior à instituição
do sistema político descrito pelo texto. Além disso, o termo “presidencialismo autoritário”
nunca foi usado para descrever um sistema político brasileiro.
b) Incorreta. De fato, a monarquia brasileira preservava certas características absolutistas,
apesar de seguir o modelo constitucionalista. Exemplo disso, é o Poder Moderador, que dava
amplos poderes ao imperador para interferir nos demais poderes, além de outras prerrogativas
exclusivas de sua pessoa. No entanto, a expressão “liberalismo tupiniquim” não é utilizada para
descrever essa situação.
“Em meados do século XIX (...) o Império ingressou numa era de mudanças relacionadas
à própria expansão do capitalismo. Os ventos do progresso começaram a chegar ao
país, atraídos pelas possibilidades de investimentos e lucros em setores ainda
inexplorados”.
NEVES, L.; MACHADO, H. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p.
313.
Comentários
A partir da segunda metade do século XIX, sobretudo durante o Segundo Reinado (1840-1889),
assistimos a um processo de modernização do Brasil. Como parte fundamental desse processo,
podemos identificar a implantação do telégrafo, em 1852; e a implantação do sistema de
transporte ferroviário. Além disso, há outros elementos que marcaram esse processo, como a
iluminação de ruas, bondes, bancos e teatros; o surgimento de pequenas indústrias alimentícias,
de tecidos, de vestuário, etc.; a proibição do tráfico internacional de escravizados (1850); e a
intensificação da atividade migratória. Ainda, houve um processo de urbanização nas principais
cidades do Império, como São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso em mente, vejamos o que a
monarquia brasileira procurou incentivar para impulsionar tal modernização:
a) Incorreta. No século XIX, a economia açucareira estava em crise, em grande parte devido ao
crescimento da concorrência internacional e a queda do preço do açúcar brasileiro no comércio
exterior. Com isso, a elite açucareira, concentrada no Nordeste, foi cada vez mais negligenciada
pelo governo, que preferia concentrar sua atenção e concessões de privilégios e incentivos
econômicos na região Sudeste, onde a cafeicultura estavam em franca expansão e obtinha lucros
generosos. Além disso, durante o Segundo Reinado os impostos sobre o comércio e a posse de
cativos aumentaram, como medida indireta para que a escravidão fosse enfraquecendo de
maneira gradual. O abolicionismo cada vez mais ganhava simpatia entre a opinião pública,
enquanto as revoltas de escravos ficavam mais frequentes. Além disso, vários países vinham
abolindo a escravidão em seus territórios, inclusive aqueles vizinhos ao Brasil, o que deixava o
Império “mal na fita” na diplomacia internacional.
b) Incorreta. Na segunda metade do século XIX já não existiam mais bandeirantes. Estes foram
exploradores paulistas no período colonial, que formavam bandos para se aventurar nos sertões
brasileiros em busca de ouro, indígenas ou gêneros silvestres comercializáveis.
c) Correta! Como mencionei antes, a cafeicultura estava em franca expansão no Sudeste brasileiro,
principalmente em São Paulo. Durante o Segundo Reinado, o café já se consolidara como o
principal produto exportado pelo Império brasileiro, o que tornava a elite cafeicultora a mais
poderosa e influente do país. Não à toa, D. Pedro II procurou se aproximar dela, não só
convidando seus membros para participar do governo como lhes concedendo privilégios e
incentivos para que investissem seus lucros na modernização do Brasil. Em 1844, foi promulgada
a Tarifa Alves Branco, que aumentava as taxas de importação sobre os produtos estrangeiros,
visando a incentivar as elites brasileiras a investir em determinados setores da indústria. Por outro
lado, ao abolir o tráfico de escravos em 1850, os capitais antes comprometidos com essa atividade
ficaram livres para serem investidos em outros setores. Por fim, a dependência econômica com a
Inglaterra, construída desde a independência, facilitava a obtenção de empréstimos com bancos
de capital britânico. Assim, muitos empresários ligados a cafeicultora se aventuraram no
financiamento da construção de ferrovias, na criação de companhias prestadoras de serviços
públicos e em alguns setores da indústria, sobretudo no alimentício e têxtil.
d) Incorreta. Como destaquei antes, em 1844 foi criada a Tarifa Alves Branco, que marcou o
esgotamento da validade dos acordos comerciais que favoreciam a entrada de produtos
estrangeiros no país, com baixas tarifas alfandegárias.
e) Incorreta. O governo imperial nunca tentou expulsar empresas estrangeiras do país. E, de fato,
essas empresas monopolizavam a prestação de vários serviços públicos nas maiores cidades do
Império, como o fornecimento de água ou transporte público de bondes.
Gabarito: C
A charge expressa
a) a conivência de negros livres e libertos com a escravidão, muitos dos quais possuíam
escravos.
b) o projeto estatal de abolição imediata e sem indenização aos senhores, criticado pelas
elites.
Comentários
Em primeiro lugar, note que a charge foi publicada em 1870. Em segundo, repare nas figuras
representadas na ilustração. No primeiro plano, temos um oficial do exército, negro, que olha
indignado para a cena que dá ao fundo: um escravizado é castigado fisicamente por outro,
enquanto um homem que parece ser seu proprietário assiste. Ora, esses elementos nos ajudam
a identificar que a charge está de alguma forma relacionada à Guerra do Paraguai, que se deu
entre 1864 e 1870. O conflito opôs Brasil, Argentina e Uruguai, de um lado, e, de outro, o
Paraguai. Este último vinha demonstrando a intenção de expandir seus domínios sobre a
América do Sul, enquanto os três primeiros estavam interessados em garantir a livre-navegação
pela Bacia do Rio da Prata. Diante do impasse, os paraguaios tentaram tomar posse da região
do atual Mato Grosso e a guerra teve início. O resultado foi a vitória brasileira e deus aliados.
Contudo, houve repercussões que prejudicaram a estabilidade da monarquia no Brasil.
Conhecendo esse contexto, vejamos o que a charge expressa:
a) Incorreta. Realmente, desde o período colonial existia uma minoria negra livre e liberta que
era conivente com a escravidão e até possuía escravos. Nem sempre a relação entre escravidão
e racismo era percebida como algo incontestável pelos contemporâneos da época, consciência
que foi crescendo ao longo do século XIX. Conforme esses negros livres e libertos percebiam
que continuavam sendo discriminados negativamente mesmo não sendo escravos, muitos
aderiram ao abolicionismo, acreditando que apenas o fim da escravidão colocaria um fim ao
“preconceito de cor”, como se chamava no período. De qualquer forma, repare que na charge
não há como saber se o proprietário do escravo sendo castigado é branco ou negro. Logo, não
tem como esse ser o tema da ilustração.
b) Incorreta. Na verdade, o governo imperial se manteve “em cima do muro” sobre a questão
da abolição. Publicamente, o imperador se mostrava favorável ao fim da escravidão, para
agradar a opinião pública cada vez mais abolicionista e apaziguar as pressões internacionais
pela abolição. Por outro lado, ele também procurava assegurar às elites brasileiras que o
cativeiro não seria extinto de forma imediata, mas sim de maneira gradual e segura, para evitar
maiores prejuízos à economia brasileira. Por isso, promulgou-se tantas leis abolicionistas ao
longo do século XIX: primeiro se aboliu o tráfico (1831 e 1850); em seguida, declarou-se livres
os filhos de escravas nascidos a partir de 1871, bem como o reconhecimento do direito ao
pecúlio e a fundação dos Fundos de Emancipação; depois os cativos maiores de 60 anos foram
libertos (1885). Por sua vez, a Lei Áurea, de 1888, que declarou o fim da escravidão de forma
imediata e sem indenização aos senhores ou aos escravos, tratou-se de um movimento
desesperado da monarquia. Conforme percebeu que perdia apoio da elites e do exército, a
família imperial decidiu fazer uma jogada: abolir a escravidão, na esperança de assegurar o
apoio político do restante da população simpática ao abolicionismo. Entretanto, o resultado
não foi como o planejado. Não se contava que o movimento republicano tivesse ganhado tanta
força, sobretudo em São Paulo.
c) Incorreta. Isso realmente aconteceu. Durante a guerra, o exército brasileiro lutou ao lado de
tropas de países republicanos, o Uruguai e Argentina, o que contribuiu para a difusão dessa
ideologia entre os soldados brasileiros. Igualmente, o papel que o exército teve na guerra e na
defesa da nação contribuiu para o fortalecimento simbólico dos militares. Eles passaram a
cobrar mais direitos e participação política, somando esforços aos militantes republicanos à
medida que percebiam que a monarquia não atenderia suas demandas. Porém, não é disso que
charge trata. Repare que não tem nada que nos remeta ao movimento republicano na charge.
d) Correta! Inicialmente, o recrutamento brasileiro para Guerra do Paraguai foi feito de forma
voluntária. Porém, à medida que o conflito se estendia, o governo criou o recrutamento
obrigatório. Além disso, deu a oportunidade aos senhores de enviarem seus escravos em seu
lugar ou no de seus filhos convocados. Ainda, era prometido a esses cativos e outros que
eventualmente se voluntariassem que seriam libertos após o serviço militar. Isso gerou uma
grande mudança na percepção da população brasileira a respeito da questão da escravidão,
uma vez que os cativos estava diretamente contribuindo para a proteção da nação, enquanto
eram marginalizados política e socialmente. É essa percepção que a charge busca expressar,
colocando um veterano negro da guerra se chocando com a violência de uma cena de castigo
físico aplicado a um cativo.
e) Incorreta. É verdade que esse tipo de coisa ocorria com frequência. Porém, se esse fosse o
tema da charge, o castigo estaria em maior evidência na ilustração e não haveria necessidade
de ser justamente um soldado negro a testemunhar a infame cena.
Gabarito: D
“Qualquer que se encarregar de escrever a história do Brasil, país que tanto promete,
jamais deverá perder de vista quais os elementos que aí concorreram para o
desenvolvimento do homem. São, porém, estes elementos de natureza muito diversa,
tendo para a formação do homem convergido de um modo particular três raças, a saber:
a de cor de cobre ou americana, a branca ou caucasiana, e enfim a preta ou etiópica. Do
encontro, da mescla, das relações mútuas e mudanças dessas três raças, formou-se a
atual população, cuja história por isso mesmo tem um cunho muito particular”.
e) na rejeição intransigente do racismo científico que legava aos brasileiros o último lugar
na escala evolutiva das civilizações humanas.
Comentários
evoluídos e carregavam em seus genes “atavismos” que não só impediam a evolução do ser
humano, como causavam a degenerescência da espécie. Estando por dentro desse contexto,
vejamos no que esteva fundamentada a identidade brasileira que as elites imperiais desejavam
forjar:
a) Incorreta. Essa era a percepção dos pensadores na Europa, como no caso dos franceses conde
de Gobineau e Paul Broca. No Brasil, apesar de essas teorias raciais terem tido grande repercussão
e muitos intelectuais terem se convencido de sua validade, evitava-se a sentença de que o povo
brasileiro era irreversivelmente inferior. Assim, eles propunham formas de como se promover a
evolução da população, como veremos adiante.
b) Correta! Como disse, no Brasil se acreditava nas teorias raciais, porém elas foram adaptadas à
nossa realidade. Sem discordar do suposto fato de que os brancos eram superiores aos demais
povos, os intelectuais brasileiros apostavam suas fichas na miscigenação entre as raças que
formaram a população brasileira: o branco, o negro e o índio. Essa mistura garantia que o brasileiro
um pouco das melhores características de cada uma dessas raças. Mais que isso, argumentava-se
também que, se a imigração europeia ocorresse em grande quantidade durante vários anos
consecutivos, era possível embranquecer a população por meio da miscigenação. Com isso, o
estigma da inferioridade seria vencido, os brasileiros miscigenados teriam a chance de alcançar o
progresso. Por essa razão, a miscigenação foi adquirindo cada vez mais o simbolismo de
harmonizar as tensões e as desigualdades sociais por meio da aglutinação de todos os brasileiros
em um mesmo projeto de nação. Todavia, enfatizo mais uma vez que isso não significava que os
intelectuais brasileiros descartaram as teorias raciais. Na verdade, eles as adaptaram para que
pudessem dar uma imagem mais positiva ao Brasil, não obstante a grande quantidade de negros,
índios e mestiços em sua população.
c) Incorreta. Não obstante todo empenho em positivar a mestiçagem e a união das três raças, os
negros e sua cultura eram de longo os mais discriminados negativamente. Segundo as teorias
raciais, africanos e negros em geral estavam em último lugar na evolução da humanidade.
Inclusive, a miscigenação tão propagandeada pelos intelectuais brasileiros serviria justamente para
apagar a “mancha” que essa parte da população significava. Em contrapartida, buscou-se fazer o
indígena o principal ator da identidade e da cultura brasileiras.
e) Incorreta. Como já chamei atenção antes, os intelectuais e as elites brasileiros não rejeitavam o
racismo científico. Na realidade, eles procuraram selecionar as teorias raciais mais convenientes a
seu projeto de nação e de identidade brasileira. Nesse sentido, eles adaptaram essas teorias para
afastar o estigma da degenerescência e forjar uma ideia positiva de mestiçagem.
Gabarito: B
(UNIVESP 2018)
Leia o texto a seguir.
Ao redor de 1900, várias modificações e atualizações importantes ocorrem ao longo da
ferrovia da São Paulo Railway. As máquinas de tração do equipamento rodante são
substituídas por equipamento moderno, há um novo traçado da linha entre a serra e Santos,
uma nova Estação da Luz. A Estação da Luz se torna uma estação monumental, imponente e
solene.
(Martins, José de Souza. A ferrovia e a modernidade em São Paulo: a gestação do ser
dividido. Revista USP, São Paulo, n.63, p. 6-15, setembro/novembro 2004)
A importância histórica da Estação da Luz pode ser relacionada
a) ao deslocamento dos cafezais para o Vale do Paraíba e à utilização da mão de obra negra
escravizada.
b) à industrialização na região do ABC paulista e ao início do desenvolvimento rodoviário de
São Paulo.
c) à expansão da cafeicultura para o Oeste paulista e à presença do capital inglês na
economia brasileira.
d) à desativação das estradas utilizadas por tropeiros e ao crescimento da exportação de
algodão e tabaco.
e) à decadência da oligarquia paulista do Oeste Velho e à ascensão da burguesia industrial
de origem imigrante.
Comentários
O tema da questão é a implantação e expansão do sistema rodoviário no Brasil, mais
especificamente em São Paulo. Essa é uma questão que poderia estar tanto entre os exercícios da
Aula 15 como da Aula 18, pois abarca tanto período imperial quanto o republicano. Todavia,
apesar de fazer referência a construção da Estação da Luz em 1900, já na República, o início do
sistema ferroviário no Brasil está ligado a processos de transformação econômica que tiveram
início no período imperial. A primeira ferrovia que ligou o porto de Santos ao interior paulista,
passando pela capital, foi concluída em 1867, por exemplo. Com isso em mente, vejamos ao que
podemos associar à importância histórica da Estação da Luz:
a) Incorreta. De fato, a malha ferroviária está ligada à expansão da cafeicultora, mas já existia
cafezais no Vale do Paraíba fluminense desde a primeira metade do século XIX. Na verdade,
durante o Segundo Reinado, devido ao esgotamento do solo daquela região, a cafeicultura foi se
deslocando para a porção paulista do mesmo vale, para o Oeste Paulista e para o sul de Minas
Gerais.
b) Incorreta. Esses processos se deram no século XX, mais especificamente entre a Era Vargas
(1930-1945) e a Ditadura Militar (1964-1985), momento que a industrialização se intensificou no
ABC paulista. Quanto ao sistema rodoviário, sua implantação mais sistemática começou durante
o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961).
c) Correta! Como mencionei na justificativa da letra “a”, a cafeicultura se expandiu em outras
partes do Sudeste brasileiro na segunda metade do século XIX. Isso se deu devido ao aumento
da demanda por esse produto no mercado internacional e a disponibilidade de terras férteis nas
regiões citadas. Rapidamente, os cafeicultores vivenciaram uma prosperidade econômica enorme
e se tornaram a base da economia nacional. Para diminuir seus custos e acelerar o transporte das
mercadorias, esses fazendeiros também investiram na instalação do sistema ferroviário. Com
empréstimos de bancos estrangeiros, principalmente ingleses, foram instaladas ferrovias no país
a partir de 1852. A primeira delas, contando com 14 km de extensão, foi criada por Irineu
Evangelista de Souza, posteriormente conhecido pelos títulos de Barão e Visconde de Mauá.
Juntamente a outros poucos empreendedores do Segundo Reinado, o empresário apostou na
modernização da economia ao investir em áreas diversas, incluindo o comércio, indústria,
companhias de navegação e bancos. Em pouco mais de 30 anos o Império passaria a contar com
10 mil quilômetros de ferrovias, o que também beneficiava outras atividades econômicas, como a
agropecuária e a mineração. Dessa forma, o Brasil viveu um surto industrial entre as décadas de
1840 e 1870, que alguns historiadores denominaram como Era Mauá. A cafeicultura continuou
sendo a base da economia nacional durante a Primeira República, portanto, em 1900, continuava
sendo interessante aumentar e melhorar o sistema ferroviário no centro das atividades ligadas à
exportação de seu principal produto.
d) Incorreta. Realmente, está ligada à desativação de estradas e caminhos usados pelos tropeiros,
contudo, como vimos, não foi resultado do crescimento da exportação de algodão e tabaco, mas
sim de café.
e) Incorreta. Na verdade, nesses últimos anos do século XIX e durante a implantação da malha
ferroviária, todo o Oeste Paulista estava inserido na ascensão da economia cafeeira. A burguesia
industrial, por sua vez, era minoritária e a maioria era também cafeicultora, pois a elite agrária era
a única com capitais suficientes para investir na industrialização. Os burgueses de origem
estrangeira realmente existiam, mas igualmente seus ramos de atividade estavam quase sempre
ligados à algum desdobramento da economia cafeeira.
Gabarito: C
(UNIVESP 2018)
lideraram essa cisão e o movimento republicano durante o Segundo Reinado. Para ele, não havia
maiores distinções entre conservadores e liberais, pois ambos davam às mãos e compactuavam
quando se tratava de retardar o fim do cativeiro e até impedi-lo. Considerando isso, vejamos qual
alternativa interpreta corretamente a crítica feita pela charge:
a) Incorreta. Na verdade, é exatamente ao contrário. A crítica vai no sentido de expor a hipocrisia
de certos liberais que compactuavam com os anseios escravistas.
b) Incorreta. A crise social é o pano de fundo, o contexto ao qual a charge e sua crítica fazem
referência, contudo não consiste no objeto-alvo dessa crítica.
c) Correta! Oras, as elites políticas do império naquele momento se dividiam entre conservadores
e liberais. No entanto, como apontei antes, havia uma percepção na opinião pública de que não
havia grandes distinções entre os dois partidos, que muitas vezes agiam apenas em prol de sua
própria perpetuação no poder. Chamado de partidos monarquistas pelos republicanos, liberais e
conservadores eram criticados por seu compromisso com a manutenção da escravidão no país,
afinal muitos deles continuavam tendo centenas de escravizados.
d) Incorreta. Na realidade, é bem provável que o autor da charge fosse de orientação republicana,
pois, como disse antes, era comum pessoas dessa orientação política criticar os liberais por sua
hipocrisia em compactuar com setores escravistas.
e) Incorreta. Note que na imagem, tanto o negro quanto os indígenas representados não são
retratados como radicais, mas sim como vítimas da opressão do suposto chefe do Partido Liberal
no topo da hierarquia social ali ilustrada.
Gabarito: C
(FGV-SP 2019)
Considere a tabela a seguir.
(FGV-SP 2019)
Já no artigo 1° , a Lei n° 601/1850 determinava: “ficam proibidas as aquisições de terras
devolutas por outro título que não seja o de compra”. No artigo 3° , inciso IV, definia: “são
terras devolutas: [...] as que não se acharem ocupadas por posse que, apesar de não se
fundarem em título legal, foram legitimadas por esta Lei”.
(José Sacchetta Ramos Mendes, “Desígnios da Lei de Terras: imigração, escravismo e
propriedade fundiária no Brasil Império”. Caderno CRH, vol. 22, no 55, Salvador, jan/abr,
2009)
A lei citada, entre outros pontos, intencionava
a) fortalecer as pequenas e médias propriedades rurais com o propósito de agilizar a
transição do trabalho compulsório para o livre, desmontando, assim, a estrutura latifundiária.
b) retomar propriedades rurais doadas pelo sistema das sesmarias, em vigor desde o início
da colonização do Brasil, e que nunca foram efetivamente ocupadas pelas pessoas que as
receberam.
c) democratizar o acesso à terra, porque com uma legislação específica seria possível colocar
terras no mercado a preços razoáveis, atraindo pequenos proprietários e imigrantes do meio
urbano europeu.
d) regulamentar a estrutura fundiária brasileira, porque havia uma numerosa titulação de
posse de terras em duplicidade e a maior parte das propriedades nacionais tinha sempre
mais de um proprietário.
e) controlar o acesso à propriedade da terra, em um contexto no qual a entrada de escravos
africanos no Brasil mostrava-se cada vez mais difícil e havia projetos para ampliar a vinda de
imigrantes.
Comentários
Atenção para o tema da questão e o contexto! A Lei de Terras foi aprovada em 1850. Como o
enunciado já destacou, essa lei limitava os critérios de reconhecimento da propriedade privada
sobre a terra, que só seria feito caso se comprovasse sua obtenção por meio de operações de
compra e venda. Também seria possível comprová-la apresentando documentação
correspondente ao pagamento de impostos sobre a terra. Naquele mesmo ano o tráfico
internacional de escravizados havia sido abolido (mas não a escravidão). Por outro lado, naquele
momento a cafeicultura se tornava cada vez mais a principal atividade econômica do país, centrada
na região Sudeste, sobretudo na província de São Paulo. Paralelamente, o governo imperial e
parte desses cafeicultores em ascensão procuravam dar sustentação a um processo de
modernização econômica por meio do incentivo à industrialização. Com os capitais liberados pelo
fim do tráfico, empréstimos de bancos ingleses, leis protecionistas e concessões governamentais,
empresários brasileiros passaram a investir em áreas diversas, incluindo o comércio, indústria,
companhias de navegação e bancos. Com esse contexto em mente, vejamos as afirmações
propostas quanto à Lei de Terras:
a) Incorreta. Essa lei favoreceu principalmente os grandes proprietários, a elite rural, ou seja, a
minoria da população, a qual detinha recursos suficientes para comprar terras e pagar impostos
assiduamente, além de manter a documentação à disposição. A intenção era favorecer a estrutura
latifundiária tendo em vista de uma das bases de sua riqueza – a escravidão – tinha levado um
grande golpe com o fim do tráfico internacional de escravizados. Nesse sentido, as elites agrárias
procuraram limitar o acesso à terra pelos libertos e trabalhadores imigrantes que eventualmente
viriam substituí-los, para que não tivessem muitas opções além de se subordinar aos grandes
fazendeiros em troca de salário e, muitas vezes, habitação.
b) Incorreta. Como disse acima, o objetivo da Lei de Terras era instituir critérios mais definitivos e
restritivos para a propriedade privada da terra, em favor dos grandes fazendeiros e proprietários
rurais.
c) Incorreta, pela mesma razão que a letra “a”.
d) Incorreta. Esses problemas realmente existiam, mas não era um risco tão grande para a ordem
econômica e social até meados do século XIX. Tornou-se um problema justamente em vista da
possibilidade da abolição se concretizar no futuro e os libertos não quererem continuar servindo
como mão de obra, mesmo que assalariada, em vista de rancores da época da escravidão. Além
disso, também se temia que caso se incentivasse a imigração, os imigrantes igualmente pudessem
se recusar a se subordinar aos grandes fazendeiros. Essa recusa era possível exatamente por conta
de o Brasil ainda ter uma grande quantidade de terras não ocupadas e não ter regulamentado a
propriedade privada até aquele momento. Assim, seria fácil para os trabalhadores libertos e
imigrantes conseguirem terras e alegarem que eram propriedade sua, podendo nelas plantar
alimentos e criar animais para seu sustento.
e) Correta! É exatamente o que venho afirmando ao longo das justificativas de cada alternativa
acima.
Gabarito: E
(UEL 2015)
Observe as figuras 1 e 2.
A colonização no Brasil pela coroa portuguesa teve sua origem no sistema de Capitanias
Hereditárias que definiu a propriedade e a posse das terras. No início do século XIX, com a
vinda de imigrantes europeus para o Brasil, estabeleceu-se a Lei de Terras de 1850, com o
intuito de normatizar a propriedade e o seu uso. Sobre o domínio de terras no Brasil, no
contexto das Capitanias Hereditárias e da Lei de 1850, assinale a alternativa correta.
a) Os donatários eram impedidos pela Coroa Portuguesa de vender suas terras. A Lei de
Terras definiu que as terras públicas poderiam tomar-se propriedade privada somente pela
compra.
b) Os donatários se isentavam da defesa de suas terras, convocando o poder real para fazê-
Ia. Com a vinda dos imigrantes, a Lei de Terras possibilitou a apropriação aos desprovidos
de recursos.
c) Os recursos empregados pelos donatários viabilizaram o pleno sucesso do modelo das
capitanias. Com a Lei de Terras, expandiu-se o domínio do setor industrial pelo monopólio
do poder económico.
d) 0 sistema de capitanias vigorou até o século XIX quando aconteceram as insurreições do
Maranhão e da Bahia. A Lei de Terras impediu que a mão de obra livre pudesse se locomover
para as atividades industriais.
e) A Coroa tinha o direito de confiscar todos os metais preciosos extraídos das capitanias. A
Lei de Terras facilitou a ocupação ilegal e o arrendamento das terras consideradas devolutas.
Comentários
Essa questão sobre a propriedade privada das terras é muito cobrada nas provas. Durante as
Capitanias Hereditárias, figura 1, os donatários – portugueses que recebiam as terras da Coroa
portuguesa – não podiam vende-las. Os donatários tinham o compromisso de explorar as terras
e reverter parte do lucro para a Coroa. Já a Lei de Terras, de 1850, foi editada em um contexto
de aumento populacional nas terras brasileiras, principalmente com a chegada de imigrantes
para trabalhar nas terras do sudeste. Como vimos, essa lei estabelecida privilégios aos grandes
proprietário de modo a dificultar o acesso à propriedade de terra por parte dos imigrantes e
dos negros libertos.
Diante isso, noss gabarito é a alterantiva A.
Gabarito: A
Fotografia de Militão Augusto de Azevedo, São Paulo, 1879. In: O Olhar Europeu – o negro
– na iconografia brasileira do século XIX. São Paulo, 1994.
Considere a escravidão no Brasil na segunda metade do século XIX, observe a fotografia
acima e EXAMINE as afirmativas a seguir.
I – A imagem retrata um casal de negros livres ou libertos uma vez que esses aparecem com
sapatos, item indicativo de liberdade.
II – A imagem evidencia a apropriação por parte dos negros de comportamentos da classe
senhorial branca, como estratégia para se afastar dos estigmas da escravidão.
III – Imagens de escravos, como essa, eram produzidas pelos fotógrafos da época, dentro e
fora de seus ateliês, revelando o interesse no registro dos costumes e dos tipos humanos.
IV – Nos álbuns de retratos da classe senhorial era comum aparecer fotos de seus escravos,
como um meio de difundir uma imagem de poder e riqueza.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
Comentários
Aqui temos uma questão sobre interpretação de imagem. Então, vejamos um pouco sobre o autor
da imagem e seu contexto. Militão Augusto de Azevedo (1837-1905) é considerado um dos mais
importantes fotógrafos brasileiros da segunda metade do século XIX. Carioca, ele desenvolveu
paralelamente as carreiras de ator e fotógrafo, atuando na Companhia Joaquim Heleodoro (1858-
1860) e na Companhia Dramática Nacional (1860-1862), com a qual se mudou para São Paulo aos
25 anos de idade. Anos depois, em 1875, ele abriu o estúdio Photographia Americana, onde
recebeu figuras ilustres como Castro Alves, Joaquim Nabuco, Dom Pedro II e a Imperatriz Teresa
Cristina, além de uma clientela mais popular do que aquela dos demais estúdios instalados na
capital paulista. Inclusive, ele cobrava um dos preços mais baratos para fotografar, naquela época:
cinco mil réis, o equivalente ao preço de cinco passagens de bonde na cidade. Vale mencionar
também que o estúdio ficava em frente à Igreja do Rosário, sede da Irmandade de Nossa Senhora
do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo. Portanto, sem dúvidas, por ali circulavam muitas
pessoas negras de variadas condições sociais, isto é, escravizados, libertos e negros livres em
geral. Então, não é estranho que ele tenha fotografado esse casal em 1879, pois anos depois de
abrir seu estúdio. Particularmente importante de se atentar quando falamos das populações
negras nesse momento, o número de libertos e negros livres aumentava rapidamente devido às
leis que proibiram o tráfico (1831 e 1850) e à que libertou os filhos de escravizadas nascidos a
partir de 1871, além de reconhecer o direito dos cativos ao pecúlio e a entrar na justiça para abrir
processo de ação de liberdade sem a autorização do senhor.
Enfocando o conteúdo da fotografia, podemos nela representado um casal de negros muito
bem trajados para os padrões da época. A mulher usa um vestido longo, que cobre praticamente
todo seu corpo, deixando exposto apenas cabeça e mãos, como se espera das moças e senhoras
de família. A sombrinha acrescenta mais alguma distinção social, pois indica que ela evita tomar
sol, algo ao que os trabalhadores braçais são constantemente expostos. Por sua vez, o homem
também está completamente vestido, apenas mãos e cabeça expostos, mas com uma calça e
camisa de gala e uma casaca, igualmente símbolos de maior projeção social. Prestando atenção
ao fundo, é perceptível que estão no estúdio, mas a escolha de manter uma pintura bem atrás
(PUC-PR 2019)
Com a antecipação da maioridade e a coroação de D. Pedro II, teve início o Segundo
Reinado, que se estendeu até 1889, o mais longo período de um governo da história
brasileira. Nesse período, o país foi pacificado, com a repressão às revoltas iniciadas no
Período Regencial e aos novos movimentos que questionavam o governo estabelecido. Após
a superação das disputas e divergências entre liberais e conservadores, que passaram a fazer
parte do governo e se alternar no poder, a centralização política e administrativa foi
consolidada.
Lei Eusébio de Queiroz, de 1850. Por outro lado, entre 1860 e 1862, o embaixador inglês
instalado no Brasil, William Dougal Christie, foi o responsável por uma sequência de equívocos
diplomáticos que alimentaram duras críticas dos jornais cariocas. Primeiro, o diplomata tentou
abafar o assassinato de um agente alfandegário por dois marinheiros britânicos no Rio de
Janeiro. No ano seguinte, responsabilizou o Brasil pelo roubo da carga de um navio de seu país,
no Rio Grande do Sul. Finalmente, em 1862 exigiu indenização do governo brasileiro após dois
oficiais britânicos serem presos por embriaguez, mesmo tendo sido liberados em seguida. Seis
dias após a cobrança, navios ingleses fecharam o porto do Rio de Janeiro e sequestraram cinco
navios brasileiros. A Questão Christie, nome como ficaram conhecidos estes incidentes
envolvendo o embaixador inglês, geraram grande comoção popular, alimentada por um
discurso nacionalista, e a intervenção direta do Imperador em prol da defesa nacional. A quantia
de 3.200 libras foi paga à Inglaterra, mas o governo rompe relações diplomáticas com este país
após julgar insuficientes as explicações dadas para as atrapalhadas ações do embaixador
Christie. Diante do impasse entre os dois países, o imperador Leopoldo I da Bélgica foi
solicitado para mediar o conflito, e acaba por dar ganho de causa ao Brasil, em junho de 1863.
Dois anos depois, a rainha Vitória enviaria um pedido formal de desculpas a D. Pedro II, sendo
restabelecidas relações diplomáticas entre os dois países.
c) Incorreta. Pedro II nunca atendeu petições de caráter popular para maior participação nas
decisões governamentais. Lembre-se que por todo o período imperial havia uma grande tensão
entre aqueles que defendiam mais centralização e aqueles que reivindicavam mais
descentralização. Isto se refletia também nas disputas entre adeptos do parlamentarismo e
favoráveis ao poder monárquico. Recorda-se de toda a questão envolvendo o
“Parlamentarismo às avessas”? Até 1847, o imperador chefiava o Poder Executivo com o auxílio
de um Conselho de Ministros, escolhidos por ele mesmo entre os parlamentares. Estes, porém,
queriam um parlamentarismo mais efetivo, no qual os próprios legisladores elegeriam os
ministros. Então, naquele ano, Pedro II instituiu o parlamentarismo, que na prática se limitou a
criar o cargo de Presidente do Conselho de Ministros – espécie de Primeiro Ministro –, o qual,
por sua vez, escolheria os demais integrantes do gabinete ministerial entre seus colegas
parlamentares. Porém, esse presidente continuaria sendo nomeado pelo imperador. Ou seja,
na prática a centralização se mantinha e os partidos políticos passaram a se revezar no poder,
inclusive dividindo alguns gabinetes, de acordo com os interesses da monarquia, que podia
dissolver tanto o Conselho de Ministros quanto o Parlamento como um todo graças ao Poder
Moderador. Note, então, que a intenção do monarca era limitar o máximo possível a
participação nas decisões do governo. Se ele não estava nem disposto a compartilhar muito
poder com o conjunto das elites brasileiras, imagine com os setores mais populares da
sociedade imperial.
d) Correta! O “Parlamentarismo às avessas” e a aliança com as elites cafeeiras em ascensão
naquele período, possibilitou à monarquia estabilizar a situação política e econômica do Brasil
por um espaço de mais ou menos duas décadas. Coordenando politicamente os partidos graças
à nova política ministerial e buscando o apoio dos cafeicultores para modernizar a economia e
a indústria nacional, a família imperial fortaleceu seu prestígio e influência. Contudo, a Guerra
(UNCISAL 2018)
Em 24 de setembro de 2017, a Folha de São Paulo noticiou que o comando do exército
rejeitou proposta de criação de uma unidade militar com trajes históricos que pretendia
homenagear soldados negros que lutaram na Guerra do Paraguai (1864-1870), afirmando
que, após análise técnica, a instituição concluiu que uma portaria de 1999 não dava respaldo
legal ao acolhimento da proposta. Adaptado de: . Acesso em: 23 out. 2017.
Sobre a participação da população negra na Guerra do Paraguai, assinale a alternativa
correta.
(A) Os negros em situação de escravidão eram utilizados como soldados no exército
brasileiro nas batalhas mais violentas, como a Batalha do Riachuelo, ocorrida no dia 11 de
junho de 1865, às margens do Riachuelo, um afluente do rio Paraguai, na província de
Corrientes, na Argentina.
(B) A participação da população negra na Guerra do Paraguai ocorreu devido ao crescente
nacionalismo gerado nessa população, por causa da possibilidade de abolição da escravidão,
a qual ocorreu em 1888.
(C) Uma das formas de participação da população negra na Guerra do Paraguai foi por meio
da compra de escravos que lutavam em nome de seus proprietários, o que era uma prática
corrente. Além disso, o império prometia alforria para os que se apresentassem para a
guerra, fazendo “vistas grossas” para os fugidos.
(D) A população negra que participou da Guerra do Paraguai foi aquela que gozava de plena
liberdade e/ou havia recebido alforria de seus senhores para a participação.
(E) A participação da população negra na Guerra do Paraguai se restringia ao auxílio aos
soldados do exército brasileiro. Sendo assim, os negros não atuaram como soldados, o que
(UNCISAL 2020)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1889. Eu quisera poder dar a esta data a denominação
seguinte: 15 de novembro, primeiro ano de República; mas não posso infelizmente fazê-lo.
O que se fez é um degrau, talvez nem tanto, para o advento da grande era. Em todo o caso,
o que está feito, pode ser muito, se os homens que vão tomar a responsabilidade do poder
tiverem juízo, patriotismo e sincero amor à liberdade. Como trabalho de saneamento, a obra
é edificante. Por ora, a cor do governo é puramente militar, e deverá ser assim. O fato foi
deles, deles só, porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo
bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava (...). LOBO, Aristides. O povo
assistiu àquilo bestializado. Diário Popular, Rio de Janeiro, 18 nov. 1889 (adaptado).
O texto expressa a posição de um jornalista sobre um significativo evento para a cultura
política brasileira. Conforme seu autor, a participação da população civil na Proclamação da
República foi
A) restrita.
B) dispersa.
C) irracional.
D) inexistente.
E) desanimada.
Comentários:
A Proclamação da República em 15 de Novembro de 1889 foi um golpe militar aplicado
pelo Marechal Deodoro da Fonseca, em resposta as represálias de D. Pedro II, que havia
mandado prender alguns oficiais do exército que apoiavam os movimentos republicano e
abolicionista. Tudo começou quando alguns militares mais jovens e com formação superior
na escola Militar da Praia Vermelha iniciaram críticas públicas em relação ao imobilismo do
governo em dar respostas às demandas de vários setores da sociedade. Nesse sentido, os
militares também cobravam melhorias para a carreira. O primeiro caso das punições ocorreu
com um coronel chamado Sena Madureira (comandante da escola de tiro de Campo Grande).
Ele recebeu o conhecido abolicionista Dragão do Mar – Francisco Nascimento que era um
jangadeiro cearense atuante na luta pela abolição e que convenceu seus colegas de profissão
a não transportar escravos em suas jangadas como forma de protesto. A notícia da atitude
do jangadeiro se espalhou entre os abolicionistas e, por isso, foi recebido na Escola de Tiro
para ser homenageado. O Governo Imperial, irritado com a atitude, mandou prender o Cel.
Madureira. Então, outros oficiais protestaram publicamente na imprensa. Porém era proibido
que militares se manifestassem publicamente, ainda mais fazendo críticas ao Império. Isso
desencadeou a prisão do também Coronel Cunha Matos em 1886. Ademais, o ministro da
Guerra de D. Pedro II, representante da população civil, mandou prender outros oficiais
causando um incomodo entre as alas militares e as autoridades civis. Isso gerou uma situação
desconfortável para Império com o exército e partir desse momento a situação se tornou
insustentável. Então, juntou aos militares, uma parcela de religiosos da Igreja e das elites
oligárquicas insatisfeitas com a condução do Governo Central orquestraram a Proclamação
da República em ato restrito a uma pequena parcela da população brasileira. No caso feita
pelos militares e que iniciou o período conhecido como República da Espada, durando os
anos de 1889 a 1994. Portanto, a passagem da Monarquia para a República não foi conduzida
de maneira violenta e popular. Se alterou a forma de governo, porém os poderes
continuaram nas mãos das mesmas pessoas, assim como na Independência do Brasil.
Gabarito: A
(UNICENTRO 2019)
A Lei Áurea era mesmo popular e conferia nova visibilidade à princesa Isabel e à Monarquia.
No entanto, politicamente, o Império tinha seus dias contados ao perder o apoio dos
fazendeiros do Vale do Paraíba. Apesar do clima de euforia reinante, parecia ser o último ato
do teatro imperial. [...]. Nos jornais e nas imagens da época, Isabel passa a ser retratada como
uma santa a redimir os escravos, que aparecem sempre descalços e ajoelhados, como a rezar
e a abençoar a padroeira. Já a princesa surge de pé e ereta, contrastada com a posição
curvada e humilde dos ex-escravos, que parecem manter a sua situação – se não mais real,
ao menos simbólica. Aos escravos recém-libertos só restaria a resposta servil e subserviente,
reconhecedora do tamanho do “presente” recebido. Estava inaugurada uma maneira
complicada de lidar com a questão dos direitos civis. Sem a compreensão de que a abolição
era resultado de um movimento coletivo, permaneceríamos atados ao complicado jogo das
relações pessoais, suas contraprestações e deveres: chave do personalismo e do próprio
clientelismo. Nova versão para uma estrutura antiga em que as relações privadas se impõem
sobre as esferas públicas de atuação. Como se fôssemos avessos a qualquer associação com
a violência, apenas reproduzimos hierarquias que, de tão assentadas, pareciam legitimadas
pela própria natureza. Péssima lição de cidadania: a liberdade combinada com humildade e
servidão, distante das noções de livre-arbítrio e de responsabilidade individual. ”
SCHWARCZ, Lilia. “Abolição como Dádiva”. In: FIGUEIREDO, Luciano (org.) A Era da
Escravidão. Rio de Janeiro: Sabin, 2009, p. 88-90.
A respeito da Lei Áurea é correto afirmar
a) Além da liberdade, foi concedida para cada ex-escravizado uma gleba de terras para que
pudesse trabalhar e manter sua família.
b) Foi estipulada uma indenização individual de um conto de réis para cada ex-escravizado a
título de indenização pelo seu trabalho compulsório anterior.
c) A lei estipulou um sistema jurídico que punia como crime contra a humanidade qualquer
forma de exploração e preconceito.
d) A Abolição da escravidão proporcionou, ao Imperador Pedro II, maior apoio dos
cafeicultores e, dessa forma, protelou a Proclamação da República.
e) A assinatura da Lei Áurea não significou o fim do preconceito racial e não propiciou acesso
à terra ou a qualquer outra forma de indenização às populações libertas.
Comentários
A historiadora Lilia Schwarcz, no texto, chama nossa atenção para o fato de que a adesão da
monarquia brasileira ao abolicionismo consistia em um esforço da mesma em se manter no poder.
Lembre-se que a resistência escrava e o movimento abolicionista estavam se radicalizando cada
vez mais, nas décadas de 1870 e 1880. Contudo, os principais opositores à abolição era a elite
agrária, principal sustentadora da economia nacional. Assim, a monarquia se encontrava no fogo
cruzado entre a eminência de uma revolta popular pela abolição e da rebeldia dos mais ricos e
poderosos fazendeiros e empresários brasileiros, que ameaçavam romper com o Império, caso se
vissem prejudicados.
Veja, sempre houve resistência e luta contra escravidão por parte dos escravizados. Além
disso, ao longo do século XIX até mesmo alguns setores das elites e das camadas médias
propuseram projetos próprios para o fim do cativeiro no país, de modo a preservar seus interesses.
Porém, sempre houve aqueles que era terminantemente contra abolição, ainda mais contra uma
abolição sem indenização aos senhores ou qualquer garantia que os libertos seriam mantidos sob
controle e trabalhando no novo regime de trabalho livre. Por essas razões, mesmo com toda a
pressão de escravizados, libertos, abolicionistas brasileiros e estrangeiros, o que se deu foi a
discussão e aprovação de uma série de leis que gradualmente iam minando a continuidade da
escravidão, de modo que os senhores de escravos tivessem tempo e oportunidade para se adaptar
aos novos rumos da economia. Uma das formas de adaptação que eles encontraram foi uma que
já era usada desde o início da colonização e da própria escravidão no Brasil: a alforria. Note, a
alforria (ou manumissão) é a concessão voluntária da liberdade ao escravizado pelo senhor.
Todavia, era muito comum que a alforria viesse acompanhada de algumas condições que podiam
ser o pagamento de certa quantia pela liberdade ou a prestação de serviços por um determinado
tempo. No mínimo, ao conceder a alforria o ex-senhor esperava que o liberto se sentisse em dívida
moral pelo “presente” dado. Além disso, os cativos que geralmente conseguiam essa “benção”
do senhor eram aqueles que empreenderam esforços por anos para ganhar sua confiança e
simpatia. Dessa forma, podemos considerar que a alforria era uma forma conservadora de
emancipação, uma vez que quase sempre representava a manutenção ou atualização dos vínculos
de dependência entre senhor e cativo mesmo após a libertação. Com isso, por exemplo, muitos
senhores conseguiam que seus escravizados continuassem trabalhando para eles mesmo depois
de libertos, em troca de um salário modesto ou mesmo por residência e alimentação.
Assim, não é de se estranhar que a princesa e a monarquia brasileira tenham investido em
fazer parecer que a Lei Áurea era quase que uma grande alforria concedida pelos soberanos da
nação. Isso colocaria todos os libertos em uma dívida simbólica com a família real, pelo menos no
imaginário político da época. Agora que você está por dentro do contexto que envolvia a Lei
Áurea, vejamos o que é correto afirmar sobre essa lei:
a) Incorreta. A lei apenas decretou a liberdade imediata de todos os escravizados em território
brasileiro, sem indenização aos senhores e tampouco qualquer medida que desse assistência
social aos recém-libertos, carentes de recursos para seu sustento.
b) Incorreta, pela mesma razão que a anterior.
c) Incorreta, pela mesma razão que a anterior. Da mesma forma que nenhuma medida assistencial
foi determinada, nenhuma medida contra discriminação/preconceito racial foi incluída na Lei
Áurea ou em legislações posteriores. Inclusive, nas primeiras décadas da república foram criadas
leis anti-vagabundagem para obrigar a população a trabalhar.
d) Incorreta. Na verdade, deu-se exatamente o oposto. Com a Lei Áurea, a intenção da monarquia
era conquistar o apoio político de libertos e da opinião pública abolicionista contra os a elite
cafeeira, principal opositora a uma abolição imediata e sem indenização aos senhores. Contudo,
não foi o que se deu. A monarquia saiu incrivelmente desgastada, apesar de realmente ter
conseguido o apoio de parte dos libertos. Isso porque muitos negros e abolicionistas também já
participavam do movimento republicano naqueles anos. Paralelamente, a monarquia também
estava entrando em choque com oficiais do exército, pois muitos deles queriam mais participação
na política institucional. Muitos desses militares igualmente aderiram ao abolicionismo e ao
movimento republicano, por terem lutado ao lado de cativos, libertos e soldados republicanos
estrangeiros (argentinos e uruguaios) na Guerra do Paraguai (1864-1870). Vale dizer que esta
guerra aumentou a dívida externa do Império, apesar deste ter saído vitorioso, o que também
contribuiu para o desgaste da monarquia em suas últimas décadas no poder. Assim, quando a Lei
Áurea foi assinada pela regente, a família real perdeu seu último grande e poderoso aliado: a elite
cafeeira escravista, que passou a apoiar os republicanos e liderou o golpe que proclamou a
República em 1889.
e) Correta! Como disse acima, a única medida decretada pela Lei Áurea foi a libertação imediata
de todos os cativos em território brasileiro, sem qualquer indenização aos ex-senhores ou aos
libertos. Muito menos qualquer medida de combate ao preconceito racial e política de assistência
social.
Gabarito: E
(UNICENTRO 2019)
A partir da emancipação política do Paraná, em 1853, vários governantes adotaram políticas
que visaram atrair imigrantes europeus para o seu território. Sobre esse processo de
colonização, é correto afirmar.
a) No Paraná não houve escravidão, pois, desde a sua emancipação, a agricultura foi
praticada apenas por imigrantes europeus.
b) Toda a população indígena do Paraná foi deslocada para o Mato Grosso do Sul, por isso,
na época da chegada dos imigrantes europeus, havia um vazio demográfico.
c) O presidente da província do Paraná entre 1875 e 1877, Adolfo Lamenha Lins, criou
colônias de imigrantes europeus na região de Curitiba e estabeleceu as diretrizes para a
colonização.
d) No Paraná, nunca houve conflitos envolvendo a posse e a propriedade da terra.
e) A fixação de europeus no território paranaense só foi possível graças à inexistência de
grandes latifúndios advindos de antigas concessões de sesmarias.
Comentários
O tema da presente questão é o processo de imigração para a Província do Paraná, no século XIX.
Com a proibição do tráfico internacional de escravizados em 1850, a intensificação das revoltas
escravas e do abolicionismo, com o surgimento gradual de leis que limitavam a reprodução da
escravidão, os grandes fazendeiros passaram a propagar a ideia de substituir o trabalho
compulsório pela mão de obra livre, em especial de imigrantes europeus. Sobretudo para os
cafeicultores exportadores, a entrada destes imigrantes era benéfica não somente para suprir a
demanda por trabalhadores nas lavouras de café diante do lento fim da escravidão. Por outro
lado, ao longo do século XIX, desenvolvem-se na Europa uma série de teorias que defendem a
superioridade racial dos brancos sobre os demais grupos humanos. Estas são as teorias raciais, ou
racismo científico. No Brasil, essas teorias foram adaptadas. Aqui, muitos argumentavam que a
escravidão gerava imoralidade na sociedade brasileira. Nesse discurso, escravidão e o escravo se
confundiam, de modo que a impressão que ficava era que o negro era a fonte dessa imoralidade.
As teorias raciais sedimentaram essa ideia complementando que a razão da imoralidade do negro
era de origem genética, uma inferioridade própria da raça negra em relação à branca. Entretanto,
muitos intelectuais brasileiros argumentavam que era possível solucionar esse problema
promovendo a ampla imigração de determinadas populações (brancas europeias) para o Brasil,
incentivando a miscigenação para que lentamente a população nacional fosse embranquecida.
Por isso, chamamos essa vertente brasileira das teorias raciais de Teoria do Embranquecimento.
No entanto, a solução imigrantista não era consenso entre as classes proprietárias. Havia
quem defendesse uma reforma agrária que concedesse pequenos lotes de terras aos libertos e a
criação de leis contra a vagabundagem para garantir que eles trabalhassem para os grandes
proprietários. De qualquer forma, ocorreram dois modelos de estímulo à imigração: a parceria e
a subvencionada. No primeiro caso, o próprio fazendeiro financiava os custos das viagens e
instalação no país para os imigrantes. Esse modelo foi introduzido pelo senador Nicolau Vergueiro,
em 1847. No segundo, o governo imperial ou os provinciais se encarregavam de fazer esse
financiamento. Esse modelo foi aprovado na década de 1870 e, junto com ele, as Províncias
ganharam autonomia para realizar essas operações, sem mediação do governo Imperial.
No caso do Paraná, a província se separou de São Paulo em 1853. Nessa época, suas
principais atividades econômicas eram a extração de mate e de madeira, mas a cafeicultura
começava a florescer nas regiões mais ao norte, na fronteira com territórios cafeicultores paulistas
e mineiros. De qualquer forma, a população paranaense estava mais concentrada na faixa
litorânea, no máximo chegando ao Primeiro Planalto. Mais para o interior predominavam nações
indígenas que evitavam contato com a sociedade nacional. A partir dos anos 1850, então, os fluxos
migratórios com destino ao Paraná se intensificaram, pois o novo governo provincial desenvolveu
políticas para atrair novos migrantes a fim de promover o desenvolvimento econômico da
província. Somente entre os anos de 1853 e 1886, o Paraná recebeu aproximadamente 20 mil
migrantes e imigrantes, que formaram diversas colônias no território. Com esse contexto em
mente, vejamos:
a) Incorreta. A mão de obra escravizada sempre foi utilizada no Paraná, seja com indígenas nativos,
seja com africanos importados. Contudo, devido à baixa integração da região com a economia
nacional e o baixo número de colonos lá, não havia grandes recursos para adotar a escravidão de
forma extensiva como em províncias mais prósperas, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Bahia e Pernambuco. Mesmo assim, quando grandes proprietários decidiam investir na
aquisição de terras no território paranaense, como no caso dos cafeicultores no norte da província
na segunda metade do século XIX, o braço escravo foi utilizado ao lado de trabalhadores
imigrantes. Era bem comum encontrar cativos e trabalhadores livres trabalhando lado a lado nas
plantações paranaenses.
(UNITINS 2018)
“Realiza-se na História do Brasil, em 1889, uma acomodação política. A República que se instala,
passada a fase de depuração, é a do controle hegemônico dos fazendeiros do oeste paulista
acrescida da descentralização, para contentar os interesses regionais. A nova ordenação política
não significou reformas estruturais” (MONTEIRO, Hamilton. Brasil Império. São Paulo: Ática, 1994
p. 75).
b) A República que nasceu no Brasil no final do século XIX mudava a forma de governo sem
revolucionar a sociedade, mantendo o clima de ordem que interessava às elites.
d) Os interesses da elite agrária do nordeste não eram diferentes dos interesses dos cafeicultores
paulistas, e isso favoreceu a mobilização social para a Proclamação da República.
Comentários:
a) Incorreta. Os dois movimentos eram republicanos, porém tinham caráter regionalistas, de
criação de um novo Estado, em seus respectivos territórios. Não foram eventos relacionados
a Proclamação da República, em 1889. A Inconfidência Mineira ocorreu em 1789, cem anos
antes e a Revolta Farroupilha aconteceu durante o Período Regencial, entre 1835 e 1845.
b) Correta. O movimento militar foi uma forma de preservar as estruturas sociais que
beneficiavam as elites do país.
c) Incorreta. Deodoro foi um militar gaúcho, muito respeitado pela opinião pública. Diferente
do que a afirmação diz, ele não foi um histórico crítico do regime. Sua insatisfação foi
momentânea e surgiu quando a Monarquia começou a perseguir e a prender homens do seu
batalhão no Rio Grande do Sul. Assim, não concordando com as ordens do Imperador, ele o
desobedeceu sendo destituído de seu cargo. Isso já no final do Império.
d) Incorreta. Não houve participação popular na Proclamação da República.
e) Incorreta. A participação popular continuaria sendo negada a população, por meio das
eleições com critérios censitários sendo mantidos no período da Primeira República (1889-
1930).
Gabarito: B
(UNITINS 2021)
A imagem e o texto a seguir referem-se à escravidão no Brasil que teve duração do início do século
XVI ao final do século XIX.
“A agitação negra marcou a luta contra a escravidão na sociedade brasileira. A revolta escrava,
individual ou coletiva, foi o primeiro e principal instrumento de instabilidade da ordem vigente.
Rebeliões, fugas e tantas outras formas de ação escrava vivenciadas no Brasil, até quando não
explicitavam esse propósito, construíram os caminhos para a falência do mundo governado por
proprietários de pessoas”. (ALBUQUERQUE, Wlamyra. Movimentos sociais abolicionistas. In:
Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das letras, 2018).
I – O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão e o que mais recebeu africanos
aprisionados por meio do tráfico.
II– Principal parceira econômica do Brasil, a Inglaterra pressionava D. Pedro II desde metade do
século XIX a abolir o regime escravocrata por razões humanitárias.
III – A Lei do Ventre Livre (1870) e a Lei dos Sexagenários (1884) buscavam transição gradual para
o fim do trabalho escravo no Brasil e atendiam às reivindicações dos grupos abolicionistas.
IV – Pressionado pela Inglaterra, o Brasil aprovou a Lei Eusébio de Queirós que decretou a
proibição de tráfico negreiro no Brasil a partir de 1850.
Comentários:
I. Correto. A Monarquia Brasileira resistiu a abolição da escravatura até 1888, quando a Princesa
Isabel promulgou a Lei Áurea.
II. Incorreto. Os interesses ingleses não eram humanitários, pois na Europa circulavam ideias de
superioridade racial. Seus interesses eram estritamente econômicos, uma vez que um país
escravocrata não poderia participar do comércio internacional que se criava em torno da expansão
da Revolução Industrial.
III. Incorreto. Os grupos abolicionistas queriam a abolição total e completa da escravidão, sem um
período de transição gradual.
IV. Correto. Devido a promulgação da Lei Bill Aberdeen na Inglaterra, todos os navios que fossem
pegos transportando escravos seriam parados e confiscados pela Marinha Inglesa. Assim, o
Governo brasileiro se viu forçado a abolir o fim do tráfico negreiro.
Portanto, a resposta correta é a letra B, sendo a primeira e última afirmações corretas.
Gabarito: B
(IFSudMinas 2018)
I. Ao longo do século XIX, o café tornou-se rapidamente a principal atividade agrícola do
país, responsável por mais da metade do dinheiro arrecadado em exportações no Brasil.
II. Um fator que contribuiu para a ampliação da produção cafeeira no Brasil foi o aumento da
procura do produto pelos mercados consumidores da Europa e dos EUA.
III. A construção e ampliação das ferrovias no Brasil para o transporte do café aumentou a
velocidade de escoamento da produção e interligou algumas regiões do Império.
Note que já na década de 1830, o café correspondia a 43,8% das exportações brasileiras
e ao longo do Segundo Reinado (1840-1889) chegou a 61,5%.
(IFPE 2017)
“As promessas de liberdade do segundo e extenso período desde a Independência até à lei
Rio Branco datam de poucos anos relativamente a certa parte da população escrava, e do
fim do primeiro reinado relativamente à outra.
Os direitos d’esta última – que vem a ser os Africanos importados depois de 1831 e os seus
descendentes – são discutidos mais longe. Por ora baste-nos dizer que esses direitos não se
fundam sobre promessas mais ou menos contestáveis, mas sobre um tratado internacional e
em lei positiva e expressa. O simples fato de achar-se pelo menos metade da população
escrava do Brasil escravizada com postergação manifesta da lei e desprezo das penas que
ela fulminou, dispensar-nos-ia de levar por diante este argumento sobre os compromissos
públicos tomados para com os escravos.
Quando a própria lei, como se o verá exposto com toda a minudência, não basta para
garantir à metade, pelo menos, dos indivíduos escravizados a liberdade que decretou para
eles; quando um artigo tão claro como este: "Todos os escravos que entrarem no território
ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres" [...] nunca foi executado [...]que valor
obrigatório podem ter movimentos nacionais de caráter diverso, atos na aparência alheios à
sorte dos escravos, declarações oficiais limitadas ao efeito que deviam produzir? Em outras
palavras, de que servem tais apelos à consciência, à lealdade, ao sentimento de justiça da
nação, quando metade dos escravos estão ilegalmente em cativeiro?” pp. 58-59.
(NABUCO, J. O Abolicionismo. Londres: TYPOGRAPHIA DE ABRAHAM KINGDON E CA.,
1883, 256 p.).
b) Incorreta. Realmente, podemos dizer que a voz dos escravizados não está diretamente
expressa nas palavras de Nabuco. Porém, é reducionismo achar que seu texto é mero floreio
político e retórica. É preciso considerar que ao longo do século XIX, especialmente na
segunda metade, as revoltas e fugas coletivas de escravizados estavam aumentando
exponencialmente. Mesmo indivíduos isolados cometiam crimes e assassinatos para obter a
liberdade quando percebiam que estavam sendo mantidos injustamente no cativeiro. Por
incrível que pareça, não era raro eles procurarem a justiça ou a polícia logo em seguida, pois
acreditavam que a lei estaria a seu lado. Portanto, devemos considerar que de certa forma a
retórica dos abolicionistas ilustras ecoava a pressão dos próprios escravizados pela abolição.
c) Correta! O ponto principal do argumento de Nabuco é que ele define como principal
responsável pela injustiça contra dos escravizados importados ilegalmente a partir de 1831
o Estado brasileiro. Foi o próprio governo que fez vista grossa e ignorou as graves infrações
contra a liberdade de uma enorme quantidade de africanos que foram mantidos em cativeiro
de forma ilegal. Portanto, era responsabilidade do Estado reparar essa injustiça. Vale
mencionar que a Lei de 1831 era chamada “Para inglês ver”, justamente porque não era
cumprida pelo governo brasileiro, sendo resultado das pressões diplomáticas da Inglaterra,
principal parceira econômica do Brasil naquela época e que pretendia acabar com a
escravidão no mundo para que houvesse mais mercados consumidores para os produtos
ingleses.
d) Incorreta. O texto denuncia exatamente o caráter ilegal do sistema escravista que, com a
conivência do Estado imperial, descumpria uma lei vigente.
e) Incorreta. A alternativa generaliza a consciência expressa por Nabuco de modo que parece
que todos os políticos de seu tempo compartilhavam da mesma visão, quando isto não era
realidade. Mesmo na última década em que a escravidão vigorou no Brasil, havia setores da
sociedade que continuavam resistindo à abolição. Diante do constrangimento de dizer que
o cativeiro devia continuar para sempre, os últimos senhores de escravos tentavam prolongar
ao máximo da vida dessa instituição, reivindicando uma abolição lenta, gradual e segura,
com indenização aos senhores, contratos de prestações de serviços ou aprovação de leis
contra a vagabundagem. Tudo para, caso a abolição se concretizasse, a hierarquia social não
fosse profundamente alterada.
Gabarito: C
(UFRR 2017)
“ ...na cidade de Óbidos, em 11 de janeiro de 1854 [...] Raimunda, “24 anos de idade, crioula,
bem retinta, um tanto baixa, bem figurada, muito humilde” [...] estava fugida com seu
companheiro José Moisés, “de 26 anos de idade, cafuz bastante fornido do corpo, estatura
regular, mal-encarado, olhos pequenos, e fundos”. Os dois fugiram com a ajuda do forro
Antônio Maranhoto, natural do Maranhão que [...antes] “foi marinheiro de embarcação de
guerra”[...]. Em fevereiro de 1861, a escrava Benedita, “cafuza, natural de Óbidos, com falta
de dentes na frente, cabelos cacheados, cheia de corpo, cara risonha” fugiu na companhia
do soldado mulato Francisco Lima. Levou uma rede nova, um balaio e um baú de cedro
contendo “um par de chinela, um fio de conta de ouro, uma camisa de chita amarela, uma
saia de cambraia branca com três folhos e duas camisas brancas”. Em abril do mesmo ano, a
escrava Maria, “crioula retinta, magra, alta, olhos e beiços grandes” fugiu com Hipólito,
“crioulo bem retinto, barbado, falta de dentes na parte superior”. Maria e Hipólito fugiram
pouco tempo depois do falecimento de seu senhor Antônio Guerra, diretor de índios no rio
Madeira. A viúva pedia sua captura e ainda oferecia 100 mil réis de recompensa por cada
escravo.”
CAVALCANTI, Y.R.O; SAMPAIO, P.M. Histórias de Joaquinas, Mulheres, Escravidão e
Liberdade (Brasil, Amazonas: séc.XIX). Revista Afro-Ásia, 46. p.97-120. Disponível em <
http://www.scielo.br/pdf/afro/n46/a03n46.pdf>
Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre a escravidão negra no Brasil durante a
segunda metade do século XIX, é CORRETO afirmar:
A) A má influência masculina explica as fugas das mulheres escravas, pois o trabalho escravo
feminino era feito exclusivamente no interior das casas grandes, onde geralmente as negras
eram tratadas como parte da família;
B) O estado do Amazonas foi um dos primeiros a decidir pelo fim da escravidão e isso
aconteceu porque não havia mais escravos negros na região;
C) Em 1871, a Lei do Ventre Livre libertou milhares de filhos de escravos, diminuindo
consideravelmente as fugas de mulheres, como as apresentadas no texto;
D) Em 1850, pela Lei Euzébio de Queiroz, foi proibido o tráfico internacional e,
consequentemente, a importação de escravos, mas continuava sendo legal manter escravos
em cativeiro;
E) Embora submetidas ao trabalho compulsório, as mulheres no cativeiro recebiam especiais
cuidados e preocupação de seus senhores, por isso tinham liberdade plena para constituir e
manter laços familiares.
Comentários:
O texto mostra como os senhores viam seus escravos e como se procedia em casos de fuga.
Com base na escravidão negra no Brasil, assinalemos, portanto, a alternativa que condiz com o
excerto:
a) Incorreto. As fugas descritas no texto fazem parte do contexto da abolição da escravatura, que
ocorreu de maneira lenta e gradual no Brasil. Mesmo que vivessem dentro da Casa Grande, as
mulheres negras continuavam sendo escravas, e elas queriam sua liberdade. A partir da segunda
metade do século XIX, muitos escravos foram se libertando de diversas formas, alguns por meio
das leis, que ainda eram deficitárias ou pelas fugas, como as mencionadas acima.
b) Incorreto. O primeiro Estado a abolir a escravidão foi o Ceará. A Região Norte possuía escravos
negros, mesmo que pouco.
c) Incorreto. A Lei do Ventre Livre, considerava os filhos das escravas livres, porém, sob algumas
condições. A criança teria os senhores de sua mãe como tutor até os 8 anos de idade, e quando
chegasse essa idade, os donos poderiam escolher se queriam receber uma remuneração oferecida
pelo Estado para libertá-lo ou se usaria os serviços do jovem até ele completar 21 anos. Na prática,
essa lei não ajudou muito e não impediu as mães escravas de fugirem com seus filhos.
d) Correto. No Brasil, após a promulgação dessa lei, o uso de escravos continuou mesmo que o
tráfico internacional tenha terminado. A partir desse momento o que ocorreu foi um fluxo da mão-
de-obra negra do Nordeste para as regiões de lavouras de café no Sudeste brasileiro.
e) Incorreto. As mulheres negras não possuíam liberdade e isso fica evidente no excerto.
Gabarito: D
(UFRR 2020)
Diversos projetos abolicionistas invadiram a cena política brasileira no último quarto do século XIX.
O de André Rebouças foi um dos mais radicais. Talvez, por isso, tenha acabado derrotado. [...]
Dedicado a compreender os mecanismos que emperravam o desenvolvimento do país, chegou à
conclusão de que vivíamos um bloqueio estrutural para a emergência de indivíduos livres. E que
a libertação dos escravos, por si só, não seria suficiente. (CARVALHO, Maria Alice Rezende de.
“Liberdade é terra”. In FIGUEIREDO, Luciano (org.). A era da escravidão. Rio de Janeiro: Sabin,
2009. (Coleção Revista de História no Bolso;3), p. 85). A trajetória e as ideias do engenheiro baiano
André Rebouças – mulato e filho de um relevante membro da elite política monárquica no Brasil
– demonstram a diversidade do movimento abolicionista no século XIX.
Sobre as lutas pela abolição do sistema escravocrata brasileiro, assinale a alternativa CORRETA.
A) A luta radical pela extinção imediata da escravidão, no século XIX, comprova a existência de
uma elite aristocrática abolicionista ligada à agro exportação cafeeira em permanente
enfrentamento com a Coroa brasileira, desde os tempos da assembleia constituinte de 1823.
C) O projeto de abolição radical, que compreendia a libertação dos escravizados, mas também a
democratização do acesso à terra, teve o apoio de setores da alta cúpula do Exército, a despeito
da manutenção do respeito hierárquico à função estatal de punir as fugas de escravizados no
Brasil.
Comentários:
a) Incorreto. A elite brasileira ligada a agro exportação era escravista desde os tempos da
Independência do Brasil. O cenário só mudaria após a Guerra do Paraguai, no início dos anos de
1870.
b) Correto. O movimento abolicionista era formado não somente por ex-escravos, como também
por pessoas da classe média brasileira, que tinham ideias modernas de inserção dos negros na
sociedade, como André Rebouças.
c) Incorreto. Não houve um apoio dos militares com relação a democratização do acesso às terras
no Brasil. Muitos ex escravos ficaram a margem da sociedade e foram viver nas periferias das
cidades.
d) Incorreto. O preconceito racial é um problema estrutural da sociedade brasileira até hoje. Os
negros após a abolição da escravatura não foram inseridos nas atividades socioeconômicas e
políticas da sociedade, não podendo votar nas eleições presidenciais nem participar plenamente
dos trabalhos oferecidos no país. Nesse momento passou-se a utilizar a mão-de-obra imigrante.
Hoje, vemos o reflexo disso na desigualdade social que temos em no Brasil. Outro marcador dessa
negligência são os índices de violência, que mostram a população negra é a que mais sofre com
as perseguições policiais.
e) Incorreto. O movimento abolicionista radical não tinha tanta força e logo foi suprimido pelo
pensamento positivista militar, que proclamou a República em parceria com as elites oligárquicas.
Gabarito: B
(URCA 2018)
B) Ainda que seja possível identificar referências mais remotas, foi a partir do lançamento do
Manifesto Republicano, em 1870, defendendo a República, embora sem federação, que se
oficializou o republicanismo brasileiro;
Comentários:
A Proclamação da República está inserida dentro de um contexto nacional e internacional
do final do século XIX e início do Século XX. Entre as causas que culminaram na derrubada
da Monarquia, vejamos a correta:
a) Incorreta. A Guerra do Paraguai se transformou em um dos pivôs do descontentamento
do exército com a Monarquia, uma vez que após o conflito muitos passaram a defender o
movimento republicano positivista e o movimento abolicionista. Ademais, os golpes militares
nunca estiveram contra a República. Todos tinham caráter republicano, porém com
autoritarismo e a não promoção plena das Instituições Democráticas.
b) Incorreta. Pelo contrário, os líderes do manifesto eram a favor do federalismo.
c) Incorreta. A mesma resposta da alternativa acima, a proposição não condiz pois os
republicanos defendiam o Federalismo, enquanto a Monarquia o repudiava.
d) Correta. A República era uma questão de tempo. A escravidão se enfraquecia e alguns
grupos, visto as condições desfavoráveis, acabaram por aderir ao movimento republicano.
e) Incorreta. A adesão foi parcial, muitos populares gostavam da Monarquia e a maioria da
população não podia participar das decisões políticas do Estado. Então, os opositores ao
Impérios se concentraram entre os militares, religiosos e alguns setores da classe média
abolicionistas. Assim, como na Independência, o povo brasileiro foi excluído da passagem
da Monarquia para a República, sendo ela feita por militares.
Gabarito: D
(URCA 2018)
A fim de regulamentar a propriedade da terra de acordo com as novas necessidades
econômicas e os novos conceitos de terra e de trabalho, diversas leis importantes foram
decretadas em diferentes países durante o século XIX. No Brasil, a lei para este fim ficou
conhecida como a Lei de Terras de 1850, sobre a qual podemos corretamente afirmar:
A) Proibia a aquisição de terras que não fosse exclusivamente pela posse ou doação feita
pela Coroa.
B) Determinava que todos aqueles que tinham adquirido a terra, nos anos precedentes à Lei,
por ocupação ou doação, perderiam a terra, ainda que tivessem como legalizá-las mediante
o pagamento de taxas cartoriais.
C) Limitou o tamanho das terras adquiridas pela ocupação que não poderia ser maior do que
a maior porção de terra doada no distrito em que se localizava.
D) Os produtos das vendas das terras públicas e das taxas de registro das propriedades
seriam utilizados para importar mão de obra escrava.
E) Se antes da lei, somente poderiam adquirir terras aqueles que tivessem condições de
explorá-las lucrativamente, com a lei, somente poderiam adquirir aqueles que prestassem
serviços à Coroa Imperial.
Comentários:
A Lei de Terras no Brasil, foi estabelecida em um contexto de expansão de imigrações
europeias para o território sul-americano. Em meio aos seus processos de unificação, na Alemanha
e Itália muitos camponeses foram expulsos de suas terras. Visto isso, encontraram na América do
Sul ambiente propicio para morarem. Porém, até esse período, não havia uma clara divisão das
terras públicas e privadas no país. Por isso, o Estado brasileiro viu a necessidade de regulamentar
e limitar as terras, devido a vinda de inúmeras famílias europeias para o país.
Então, sobre essa lei, olhemos a afirmação que explica seu funcionamento:
a) Incorreta. A concessão de terras desocupadas no Brasil estava sob a posse do Estado e só
poderiam ser adquiridas por meio da compra.
b) Incorreta. Todas as posses adquiridas após a independência (1822), assim como as sesmarias
concedidas ainda na época da colônia deveriam ser cadastradas nos Registros Paroquiais de Terras
para então serem demarcadas.
c) Correta. Essa foi uma forma de estabelecer um limite entre as terras públicas e privadas no
Brasil.
d) Incorreta. A partir da Lei de Terras de 1850, o Brasil não podia mais importar escravos de fora
do país.
e) Incorreta. Antes, as terras eram doadas pela Coroa. Não podia explorara-las sem o
consentimento do Estado Imperial.
Gabarito: C
(UEA – 2011)
A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, proibiu o tráfico de escravos da África para o Brasil.
Estima-se que entravam no país, no período imediatamente anterior à Lei, 50 mil escravos
por ano. A proibição desse comércio
A) Incorreta. Como exposto nos comentários acima, essa era uma das mais reivindicadas
medidas cobradas pelo governo inglês ao brasileiro. Isso possibilitaria justamente que os
negócios britânicos impulsionados pela Revolução Industrial, pudessem ser expandidos
em terras brasileiras.
B) Incorreta. A monarquia brasileira só iria cair quase 50 anos depois, no ano de 1889.
Mesmo com o fim do tráfico, a escravidão interna ainda foi muito influente nos anos
seguintes, enquanto o movimento abolicionista ainda estava em estágio embrionário.
C) Correta. Pois a lei impulsionou uma política de imigração, impulsionada pelo governo
brasileiro, para que estrangeiros de diversas regiões do mundo viessem viver no Brasil.
Além disso, o fim do comércio de escravos possibilitou que fosse empregado e aplicado
capital financeiro na indústria e nos transportes. Um exemplo foi a criação da Companhia
de Navegação a Vapor do rio Amazonas, em 1850, como mencionado nessa alternativa.
D) Incorreta. A população negra ainda foi escravizada nas próximas quatro décadas. Mesmo
que o tráfico internacional tivesse diminuído drasticamente, o nacional aumentou, em
contrapartida.
E) Incorreta. Mesmo que em alguns territórios, especialmente ao Sul e Sudeste, devido ao
início de uma incipiente industrialização e venda de terras a estrangeiros imigrantes, isso
não foi o suficiente para dividir o país em dois territórios distintos, como o que ocorreu
nos Estados Unidos, após sua declaração de independência.
Gabarito: C
(UEA – 2011)
Somos da América e queremos ser americanos. A nossa forma de governo é, em sua essência
e em sua prática, antinômica e hostil ao direito e aos interesses dos Estados americanos.
(Manifesto Republicano. Jornal A República, 03.12.1870.)
Segundo o trecho do Manifesto Republicano, o Brasil adotava, em 1870, uma forma de
governo que poderia ser um fator de
(A) expansão do caudilhismo nas repúblicas americanas.
(B) fortalecimento da solidariedade continental.
(C) desestabilização política no continente.
(D) democratização política dos países fronteiriços.
(E) aproximação dos povos da América com as monarquias europeias.
Comentários:
Essa é uma questão sobre a Crise do Período Imperial. A partir de 1860, diversos
processos influenciaram para que algumas áreas da sociedade brasileira, de uma forma geral,
se tornassem contrária à Monarquia. Dentre as principais transformações sociais desse
momento estava o surgimento do sistema produtivo, bancário e financeiro. Elas foram
da região, com crises econômicas e sociais aflorando no território após o surto dessa
atividade.
Gabarito: B
(UEA – 2011)
A extração da borracha na área da floresta amazônica foi responsável pelo enriquecimento
e crescimento populacional de cidades como Manaus e Belém. O auge da exploração da
borracha amazônica liga-se à
(A) segunda revolução industrial, que empregou a borracha como importante matéria-prima.
(B) procura do produto pelos países capitalistas desenvolvidos, que participaram da primeira
guerra mundial.
(C) anexação pelo Brasil de territórios cobertos pela floresta tropical, que pertenciam a
pequenos países da América do Sul.
(D) concorrência da produção asiática, que exigiu dos empresários brasileiros uma diminuição
dos custos de produção.
(E) concentração das árvores nas vizinhanças dos portos de exportação, o que permitiu o
emprego de uma técnica sofisticada de extração do látex.
Comentários:
Como mencionado na questão anterior, a economia da Borracha estava intrinsecamente
ligada ao crescimento produtivo da indústria na Europa e Estados Unidos. A Revolução
Industrial, portanto, foi o ponto de partida da exploração do produto no Brasil. Em 1839, o
norte-americano Charles Goodyear se consagrou após desenvolver a vulcanização da
borracha (procedimento que conferia ao produto grande elasticidade e resistência).
Décadas depois, a descoberta foi fundamental para o florescimento da indústria
automobilística no hemisfério norte, sendo o material empregado na fabricação de pneus.
Outros produtos também derivaram da manipulação do látex natural, como correias, solas
de sapato e brinquedos.
Com isso, a alternativa (A), “segunda revolução industrial, que empregou a borracha
como importante matéria-prima.” é a resposta correta para o desenvolvimento de Manaus,
Belém e de toda a região Norte.
Gabarito: A
está ainda com os braços cruzados. O que quer? (...) Quer que esses redimidos venham
desempenhar na sociedade simplesmente, naturalmente, graciosamente o papel de
consumidores de aguardente, mascadores de fumo e irmãos do santo ócio? Quebrar os
grilhões do cativeiro nada é, ficando intactos os não menos pesados grilhões da ignorância.
O escravo não se redimirá somente com a liberdade, é complemento dessa redenção – o
livro e a oficina.
(UEA – 2011)
De acordo com José do Patrocínio,
(A) a extinção da escravidão no Brasil atiraria os libertos a um estado de penúria econômica
e moral mais grave que o dos tempos da escravidão.
(B) a lei da liberdade aos nascidos teria sido o resultado de uma decisão política das elites
brancas, que não teve importância para os escravos.
(C) os libertos estariam condenados, juntamente com seus descendentes, a uma vida de
ignorância e miséria, independentemente das atitudes do governo.
(D) as leis abolicionistas que não fossem complementadas por medidas de caráter social e
cultural deixariam os antigos escravos em uma situação de marginalidade social.
(E) a rebelião armada dos escravos contra os seus dominadores seria o único caminho seguro
para sua efetiva e real libertação.
Comentários:
O excerto acima faz alusão a “Questão Abolicionista”, vivida na época final do Império
brasileiro. O escritor faz uma reflexão crítica às medidas tomadas pelo Governo Federal no
decorrer da década de 1870, em meio ao crescimento do Movimento Abolicionista. Em
específico, ele menciona a Lei do Ventre Livre, criada em 1871, e que garantia que aos nascidos,
(filhos de escravos) fossem livres. Porém, tanto essa, como outras leis criadas a partir da segunda
metade do século XIX, colecionaram uma característica em comum: eram criadas por homens
brancos e não tinham o intuito de tirar essa parte da população da marginalidade, e sim exclui-
la. Como Patrocínio menciona esse povo, formado por ex-escravos, não poderia se tornar
consumidor em uma sociedade racista, onde os negros não fossem inseridos no mercado de
trabalho, através de políticas públicas de caráter social.
Com base então nesses comentários, analisemos para as alternativas:
A) Incorreto. O trabalho escravo era desumano e o fim dele, mesmo que não significasse o
término do racismo e da segregação racial, significava uma pequena melhora nas
condições humanas dessa população marginalizada e subjugada.
B) Incorreto. Mesmo com suas contradições, como os senhores de escravos poderem
permanecer como tutor dos filhos dos seus escravos até os 21 anos, sendo obrigados a
libertá-los, sem receber indenização após esse período, ou libertá-los quando fizessem
oito anos de idade, e, nesse caso, os proprietários receberiam uma indenização de 600
mil-réis, essa lei foi importante para o avanço e crescimento do movimento abolicionista
no Brasil.
C) Incorreto. O autor defende que caso houvesse uma sensibilização do governo para com
essa população, eles poderiam ter uma vida digna, decente, sem miséria e com
liberdade.
D) Correto. O texto expressa o sentimento abolicionista de atitudes mais incisivas por parte
da Monarquia, para que os ex-escravos fossem inseridos na sociedade brasileira. Entre
elas, estavam transformações sociais e culturais radicais para que negro fosse inserido
no mercado de trabalho e não marginalizado.
E) Incorreto. Essa não foi uma proposta mencionada pelo escritor em seus manifestos.
Gabarito: D
(UEA – 2011)
A Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel e que produziu, no dia 13 de maio de 1888, um
clima de alegria e festa na cidade do Rio de Janeiro,
(A) indenizou os proprietários de escravos.
(B) concedeu lotes de terra para os libertos.
(C) instituiu um feriado em homenagem a Zumbi dos Palmares.
(D) estabeleceu o ensino público e obrigatório no Brasil.
(E) decretou o fim da escravidão.
Comentários:
Essa é uma questão simples e fácil. A Lei Aurea, promulgada pela princesa Isabel, ao final
do século XIX, foi à última de uma série de leis que foram assinadas pela coroa brasileira,
durante a segunda metade do século XIX, e que garantiu o fim da escravidão no Brasil. Assim,
os poucos escravos que ainda existiam naquele momento, devido à gradativa política de
extinção dessa mão-de-obra, tiveram suas cartas de alforria assinadas, sem que os proprietários
tivessem qualquer indenização financeira. Porém, para a população negra não foi concedido
lotes de terras, fazendo com que estes se estabelecessem à margem da sociedade branca, nas
periferias das cidades.
Visto isso, olhando as alternativas, a resposta (A) e (B) não poderia ser. Além disso, a letra
(C) e (D) também não poderia ser por não ter qualquer relação com a criação dessa lei. Portanto,
a alternativa (E) “decretou o fim da escravidão.” é a resposta correta.
Gabarito: E
(UEA - 2012)
Os acordos e as discussões sobre a definição das fronteiras no sul do Brasil estenderam-se
do período colonial ao Brasil independente. Vários tratados, muitos deles não cumpridos,
foram assinados entre Portugal e Espanha, visando estabelecer os limites entre as duas
possessões no estuário do rio da Prata. Com a Revolta dos Farrapos no Rio Grande do Sul,
entre 1835 e 1845, a questão das fronteiras na região voltou à ordem do dia, devido
(A) às relações políticas e militares dos revoltosos com os países do cone sul da América, em
particular, o Uruguai.
(B) à extinção da economia do charque gaúcho pelo governo brasileiro, apoiando, dessa
forma, a pecuária do Uruguai.
(C) à importância da economia gaúcha na pauta das exportações brasileiras e à ameaça de
anexação do Rio Grande do Sul pelos uruguaios.
(D) à intervenção militar da República Argentina no Sul do Brasil, visando garantir a República
Gaúcha.
(E) à união alfandegária estabelecida entre os governos da Argentina e do Uruguai com o
governo rebelde do Rio Grande do Sul.
Comentários:
Essa é uma questão regionalista. Trata-se de onde hoje conhecemos pelo Estado do Rio
Grande do Sul. Durante o período colonial, e posteriormente na época do Império, sem dúvida
essa foi uma das áreas mais conflituosas e importantes politicamente para os países integrantes
da Bacia do Rio da Prata (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). Visto isso, as possessões dos
territórios cisplatinos diversas vezes trocaram de lado, ficando em primeiro momento dividido
entre Portugal e Espanha, e depois entre Brasil e Argentina. Com isso, os moradores locais da
fronteira criaram um vínculo forte com castelhanos, mesmo após a declaração de independência
da República Oriental do Uruguai a dominação brasileira na região da Cisplatina.
Em paralelo a isso, por volta de 1835, na Província do Rio Grande do Sul, surgiu um
movimento liderado pela oligarquia local, formada por pecuaristas. Nele, os estancieiros
(grandes proprietários de terra dessa região) queriam melhores condições para o comércio de
gado e para o fortalecimento do charque (carne seca) no mercado brasileiro. Essa elite
reclamava da centralização do poder no Rio de Janeiro e das imposições desvantajosas feitas
pela coroa brasileira à compra desses produtos locais. Porém o Governo Central pouco ligou
para as exigências dos gaúchos, acarretando na Insurreição, que se chamou Revolta dos
Farrapos, e que começou com a deposição do presidente da Província, nomeado pelo Poder
Regencial.
Essa “Revolução”, chamada pelos revoltosos, tinha forte influência liberal e republicana, visto
a proximidade do espaço com o vizinho brasileiro recém-independente. Então, o líder
Farroupilha Bento Gonçalves da Silva (1788- 1847), filho de um rico proprietário de terra, invadiu
a cidade de Porto Alegre. Em setembro de 1836 o movimento proclamou a República de Piratini
e Bento Gonçalves foi declarado presidente. Porém, a coroa não permitiu isso, enviando para
ao local, tropas militares para reprimir os revoltosos. É interessante ressaltar, que em razão do
caráter elitista do conflito, essa repressão foi mais amena comparada a outras revoltas
regenciais mais populares. Por isso, o movimento durou anos e o desfecho foi por meio de uma
(UEA - 2012)
A vitória do Brasil na Guerra do Paraguai (1864-1870) foi celebrada por obras de arte
encomendadas e patrocinadas pelo governo imperial. O mais conhecido pintor da época,
Pedro Américo, retratou a vitória do Conde D´Eu, genro do imperador, na batalha de Campo
Grande. Analisando o quadro de Pedro Américo, percebe-se que o artista
(A) fez uma crítica sutil aos comandantes brasileiros, pintando a sua falta de heroísmo e
insignificância na batalha.
(UECE 2020)
A queda do império no Brasil não se deu apenas por uma causa, mas por um acúmulo de
fatores. Analise os fatos apresentados a seguir e assinale o que NÃO corresponde a uma
causa para o fim da monarquia no Brasil.
A) Guerra de Canudos, ocorrida em uma comunidade rural no interior da Bahia, que
provocou milhares de mortes e abalou a popularidade do império.
B) Movimento Abolicionista, que provocou o fim da escravidão no império, causando a ira
de muitos latifundiários escravistas.
C) Questão Militar, em que oficiais do exército brasileiro se opuseram à monarquia, o que
conduziu muitos militares aos quadros do movimento republicano.
D) Questão Religiosa, oriunda do choque entre a maçonaria, liderada pelo próprio
imperador, e clérigos da igreja católica, o que agravou a imagem da monarquia.
Comentários:
O Império Brasileiro durou de 1822 a 1889. O imperador D. Pedro II governou de 1840 a 1889 no
período que chamamos de Segundo-Reinado. A monarquia caiu ao final de seu governo, devido
a muitas questões que foram se aprofundando à medida que as demandas sociais do país iam se
alterando. Porém, as estruturas sociais do Império não se alteraram significativamente em um
primeiro momento. Sobre os fatores que contribuíram para a queda do Império no Brasil, vejamos
qual NÃO corresponde a este fato:
a) Incorreto. A Guerra de Canudos foi uma revolta do Período Republicano e não da época do
Brasil Império. Ela ocorreu entre 1896 e 1897.
b) Correto. O movimento abolicionista foi fundamental para o fim da escravidão no Brasil,
causando um incomodo entre as elites latifundiárias.
c) Correto. O exército brasileiro possuía inúmeros ex-escravos libertos, por defenderem o país na
Guerra do Paraguai. Assim, boa parte deles se juntou ao movimento republicano e abolicionista.
D. Pedro II como resposta passou a perseguir inúmeros militares que se posicionavam contra as
ações da monarquia, causando uma cisão entre exército e o Imperador.
d) Correto. O Padroado e o Beneplácito aplicado pelo Imperador estava causando incomodo entre
os Bispos brasileiros, principalmente a partir de 1864 – na época a Igreja Católica tinha proibido
qualquer relação da Igreja com a Maçonaria. Porém, boa parte das elites do país, incluindo o
imperador eram maçons, e visto isso, D. Pedro mandou prender e fechar as Dioceses dos bispos
de Belém e Olinda. Isso causou um impasse entre a Igreja e a Monarquia.
Gabarito: A
defendendo a teoria de que a evolução dos seres vivos se dava por meio de seleção natural,
processo no qual sobreviviam somente os exemplares mais fortes. Suas ideias acabaram
alimentando o surgimento de uma corrente de pensamento intitulada darwinismo social, que
utilizava o mesmo argumento para justificar a supremacia da Europa sobre os demais continentes.
No Brasil, intelectuais fizeram uso dessas ideias para justificar o atraso do país diante dos países
considerados “civilizados”, afinal, aqui o elemento europeu se encontrava em desvantagem frente
a um grande contingente de indígenas e africanos. Conhecemos essas teorias no Brasil como
Teoria do Embranquecimento. Assim, amparada por estas ideias de hierarquia entre raças,
políticos e pensadores do Império passaram a apoiar a entrada de imigrantes europeus a fim de
branquear a população, o que contribuiria para que fossem atingidos os mesmos padrões de
civilidade que os do “Velho Mundo” europeu.
Portanto, a questão negra e de racismo no Brasil é complexa e entre as características da abolição
da escravatura, vejamos a alternativa correta:
a) Incorreto. A afirmação está totalmente contrária ao que foi explicitado no texto. O excerto
começa com “a abolição da escravatura não eliminou o problema do negro” e a alternativa diz
que o processo foi “suficiente para acabar com o escravismo e logo inserir o ex-escravo, de forma
igualitária, nos diversos espaços da sociedade brasileira.”
b) Correto. Como bem explicado no escrito, a imigração estrangeira fez com que os ex-escravos
fossem colocados à margem das atividades econômicas mais importantes do país, causando uma
profunda desigualdade e um racismo estrutural marcante até hoje.
c) Incorreto. O Brasil foi o último país da América a abolir a escravidão e não criou um modelo de
inclusão social dos negros na sociedade brasileira.
d) Incorreto. Tanto no país, quanto nos EUA, os ex-escravos foram segregados do restante da
população e não tiveram a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho, nem experimentar
chances iguais para viver.
Gabarito: B
(UECE 2019)
Diversas características culturais marcaram o Brasil durante o Segundo Reinado (1840-1889),
dentre as quais destacou-se
a) a realização da Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, que
ocorreu em São Paulo e congregou grandes nomes do modernismo.
b) o surgimento de uma literatura que unia o lirismo à crítica social e ao realismo fantástico
e que tinha em Jorge Amado e Dias Gomes seus grandes ícones.
c) o aparecimento de grupos teatrais como o Oficina e o Arena, que davam ênfase aos
autores nacionais e usavam a arte para criticar a situação do País.
d) o predomínio de uma literatura de construção da identidade nacional, como o romantismo
indianista de José de Alencar e Gonçalves Dias
Comentários
A – errada, a Semana da Arte Moderna ocorreu em 1922, ou seja, durante a República Velha, fora
do contexto do Segundo Reinado.
B – Realismo fantástico, Jorge Amado e Dias Gomes pertencem a meados do século XX em diante.
C – Os teatros Oficina (São Paulo) e Arena surgiram no contexto da virada da década de 1950
para 1960, até hoje são atuantes. O Oficina ganhou grandes projeções em meio ao movimento
tropicalismo, em 1967 o espetáculo “O Rei da Vela” fez grande sucesso. Em suma, bem longe do
Segundo Reinado.
D – Bingo, vimos esses aspectos na parte teórica da aula.
Gabarito: D
(UECE 2018)
O processo que conduziu à abolição da escravidão no Brasil e que contou com a atuação de
nomes como José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Luís Gama, Castro Alves, Rui Barbosa e
muitos outros intelectuais teve seu desenlace com a assinatura da Lei Áurea em 13 de maio
de 1888; contudo, conforme o excerto a seguir, muitos veem esse processo como inacabado.
“Conservadora e curta, com pouco mais de duas linhas, a Lei nº 3.353, a chamada Lei Áurea,
decretou, no dia 13 de maio de 1888, o fim legal da escravidão no Brasil. Mas se a escravidão
teve seu fim do ponto de vista formal e legal há 130 anos, a dimensão social e política está
inacabada até os dias atuais. Essa é a principal crítica de estudiosos e militantes dos
movimentos negros à celebração do 13 de maio como o dia do fim da escravatura”.
GONÇALVES, Juliana. 130 anos de abolição inacabada. Brasil de fato. Acessível em:
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/13/130-anosde-uma-abolicao-inacabada/acesso
em 05/07/2018.
Em relação ao fim da escravidão no Brasil, na perspectiva do trecho acima, pode-se afirmar
corretamente que
a) atrasou o estabelecimento de um governo republicano que inserisse a população
afrodescendente na sociedade brasileira com igualdades de condições aos demais grupos,
o que só correu no Estado Novo em 1937.
b) por ter sido muito tardio, proporcionou condições para uma adequada inserção da
população de ex-escravos na sociedade brasileira na condição de proprietária das terras a
ela destinadas pelo governo.
C) apressou a queda do já combalido sistema monárquico e sua substituição por uma
república em 15 de novembro de 1889, mas não criou condições necessárias para a plena
integração dos libertos na sociedade brasileira.
D) ocorreu exclusivamente pelo interesse da monarquia em angariar o apoio do movimento
abolicionista, que era muito popular junto à população, e em se opor aos seus rivais
tradicionais, os latifundiários e os militares.
Comentários
A crítica sintetizada no trecho do enunciado da questão é no sentido do descaso com os negros
libertos e da exclusão deles, após 1888. Há, portanto, uma crítica à falta de política de integração
do ex-escravo. O movimento abolicionista também deve ser compreendido à luz do processo de
instauração da República. A luta pela liberdade dos negros ao mesmo tempo que se alimentava
do ideário republicano, também contribuía para fortalecê-lo. Isso porque, o sistema escravista
estava personificado no governo Imperial o qual representava a continuidade das relações sociais
do Brasil colônia. Diante disso, nosso gabarito é a letra C.
A – está errado disposto nessa alternativa, pois, logo após a Lei Áurea, em 1888, veio a
proclamação da República, em 1889. Além disso, até os dias atuais, não há igualdades materiais
de condições de vida. É um exagero afirmar que essa igualdade foi conquistada a partir do período
ditatorial (Estado Novo) de Getúlio Vargas.
B – utopia, os negros libertos foram deixados de lado, seja pelos ex-proprietários, seja pelo
governo, seja pela elite brasileira. Apenas após a Constituição de 1988 foi iniciado um processo
gradual de políticas públicas de combate ao racismo.
C – Bingo.
D – O movimento abolicionista, somado às resistências e lutas dos escravos ao longo da história
do Brasil, são diferentes variáveis que contribuíram para a abolição da escravatura. Soma-se a isso
a pressão internacional da Inglaterra. Dessa forma, é errado afirmar que o fim da escravidão
ocorreu exclusivamente por interesse da monarquia.
Gabarito: C
(UECE 2017)
Atente aos dois excertos a seguir que tratam da legislação eleitoral durante o período
imperial no Brasil. O primeiro diz respeito às alterações promovidas no sistema eleitoral do
Império pela Lei Nº 387 de 19 de agosto de 1846, e o segundo apresenta o artigo 2º do
Decreto Nº 2.675 de 20 de outubro de 1875, que reformava a legislação eleitoral: “De acordo
com a legislação eleitoral do período, as faixas mínimas de rendas estabelecidas para
participação no pleito eram as seguintes:
a) 200$000 para ser eleitor de primeiro grau;
b) 400$000 para ser eleitor de segundo grau, candidatar-se a Juiz de Paz e candidatar-se a
vereador;
c) 800$000 para candidatar-se a deputado;
d) 1.600$000 para candidatar-se a senador.”;
FARIA, Vanessa Silva de. Eleições no Império: considerações sobre representação política
no segundo reinado. on-line. XXVII Simpósio nacional ANPUH. Natal, 2013 p. 2. Disponível
em: www.snh2013.anpuh.org/resources/.../1364925577_ARQUIVO_artigoanpuh2013. pdf
“Art. 2º O Ministro do Imperio fixará o numero de eleitores de cada parochia sobre a base
do recenseamento da população e na razão de um eleitor por 400 habitantes de qualquer
sexo ou condição, com a unica excepção dos subditos de outros Estados. Havendo sobre o
multiplo de 400 número excedente de 200, accrescerá mais um eleitor”.
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto2675-20-
outubro-1875-549763-publicacaooriginal-65281-pl.html
Com base nos textos acima, pode-se concluir acertadamente que durante o Império
a) havia limitações à participação popular no processo eleitoral.
b) havia uma representatividade muito maior do que a atual, pois um a cada quatrocentos
habitantes podia votar como eleitor de primeira.
c) o sistema de colégio eleitoral fazia com que o eleitor de primeira pudesse escolher o chefe
do executivo provincial e do executivo imperial.
d) apesar da limitação no número de eleitores, o acesso da população à candidatura era bem
mais fácil.
Comentários
Apesar de existirem eleições durante o Brasil Império, elas eram limitadas, ou seja, poucas pessoas
participavam das votações. Isso porque o voto era censitário, conforme a renda, tal como expresso
no enunciado da questão. Com isso, a maioria da população ficava fora do processo eleitoral.
Gabarito letra A, B e D, erradas por exclusão. Ressalto, também, uma observação sobre a
alternativa C. Ela sugere que o voto era direto, ou seja, os eleitores votavam diretamente no
representante que iria ocupar o cargo no Executivo. Contudo, havia níveis diferentes de votação,
de modo que predominava a eleição indireta.
Gabarito: A
(UECE 2017)
O Brasil foi o último país da América a acabar, oficialmente, com a escravidão em seu
território. Apesar do pioneirismo das províncias do Ceará e do Amazonas, que aboliram a
escravidão em 1884, o processo que levou até a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de
1888, teve início com a Lei Eusébio de Queirós, de 4 de setembro de 1850, que proibia o
tráfico de escravos para o Brasil. Atente ao que diz o Professor Antonio Torres Montenegro
a esse respeito: “Com o passar dos anos, vai-se tornando evidente que a extinção do tráfico
de escravos, por si, não é suficiente para garantir um fim próximo para a escravidão. Existia,
agora, o comércio de escravos entre as províncias, que começava a gerar outros problemas.
Isso porque as províncias do Norte e Nordeste passaram a vender grandes quantidades de
escravos para o Sul e Sudeste. [...] O Norte e o Nordeste passam, então, a adotar,
crescentemente, o trabalho livre, tornando-se aos poucos, mais flexíveis em relação a um
prazo imediato para o fim da escravidão do que o Sul, que tinha acabado de realizar um
grande investimento na compra de escravos”.
(UECE 2016)
Em 1850, ano de extinção oficial do tráfico de escravos no Brasil, foi votada a Lei de Terras.
Esta lei, em linhas gerais, determinou que
I. todo proprietário registrasse suas terras, ficando proibida a doação de propriedades ou
qualquer outra forma de aquisição de bens fundiários, a não ser por meio da compra.
II. se mantivesse o alto custo do registro imobiliário, impedindo que os posseiros mais
pobres obtivessem a propriedade do solo onde plantavam.
III. ficasse assegurado o direito dos imigrantes ― cujo trabalho, em muitos casos, substituiria
o trabalho dos escravos ― de se tornarem proprietários das terras onde laboravam.
IV. fossem possíveis a aquisição e a posse de terras públicas, a baixo custo, pelos grandes
proprietários, seus herdeiros e descendentes.
Estão corretas as complementações contidas em
a) I, II, III e IV.
b) I e II apenas.
c) II, III e IV apenas.
d) I, III e IV apenas.
Comentários
Essa questão tem um ou outro item mais difícil, como o II. Por isso, vamos analisar os mais fáceis
e, depois, eliminamos. OK?
III – A Lei de Terras, de 1850, favorecia os grandes proprietários e praticamente inviabilizou a
possibilidade de comprar pelos imigrantes. Grandes fazendeiros e políticos latifundiários também
se anteciparam nas compras a fim de impedir que negros, tão logo chegasse à abolição, pudessem
se tornar donos de terras. Lembro também que só poderiam adquirir terras por compra e venda
ou por doação do Estado. Não seria mais permitido obter terras por meio de posse, o chamado
usucapião. Aqueles que já ocupavam algum lote receberam o título de proprietário. A única
exigência era residir e produzir nesta localidade. Logo essa afirmação está errada. Com isso,
repare, já mataríamos a questão.
IV – baixo custo? Não, a lei não determinou aspectos em torno do preço. Pelo contrário, a
regulamentação de um sistema de compra e venda, juntamente com a concentração de terras nas
mãos dos grandes proprietários, fez com que o valor das terras passasse a ser alto.
Diante dessas considerações, o que se afirma nos itens I e II está certo.
Gabarito: B
(UECE 2016)
Atente às seguintes afirmações acerca do momento histórico brasileiro conhecido como
Segundo Reinado:
I. Esse período, no primeiro momento, constituiu a luta a favor da permanência da
monarquia, sob a égide de Pedro I.
II. A crise interna do sistema escravista, aliada aos vários conflitos e revoltas internas
observados durante esse período, contribuíram para por fim ao Segundo Reinado.
III. O final do Segundo Reinado representou o fim do período Imperial no Brasil e o início do
sistema republicano.
É correto o que se afirma somente em
e) I e II.
f) I e III.
g) II.
h) III.
Comentários
I – fácil eliminarmos essa afirmação. No Segundo Reinado, o Imperador era D. Pedro II.
II – em termos de quantidade de revoltas, o Período Regencial contou com um maior número do
que no momento do Segundo Reinado. A rigor, D. Pedro II conseguiu certa habilidade política
para distensionar diversos focos de insatisfação: em relação às elites, ele promoveu uma
alternância de poderes entre liberais e conservadores; em relação ao movimento abolicionista,
apesar dos protestos, das campanhas de rua, D. Pedro II foi gradualmente construindo e apoiando
saídas jurídicas que levassem ao fim da escravidão. Dessa forma, não é correto afirmar que as
revoltas internas estiveram diretamente relacionadas ao fim do 2º Reinado.
III – afirmação correta.
Repare que, mesmo que ficassemos em dúvidas em torno do item II, chegaríamos ao gabarito,
pois não há alterantivas para considerar o item II e III corretos. Ainda bem que a prova só foi até
a letra D, pois se tivessse um espaço para a letra E, aí sim o examinador colocaria II e III, muita
gente erraria essa questão. Vamos que vamos!!!!
Gabarito: D
(UECE 2015)
Atente para as afirmações a seguir, acerca do Processo de Abolição dos Escravos no Brasil,
e assinale com V as afirmações verdadeiras e com F, as falsas.
( ) Em 1850, o Brasil foi levado a extinguir o tráfico internacional, porém, surgiu o tráfico
interno com a venda de escravos das áreas mais pobres para as mais desenvolvidas.
( ) Nesse processo, algumas leis foram aprovadas com o objetivo de acalmar os abolicionistas
e ir lenta e gradualmente extinguindo a escravidão, quais sejam: Lei do Ventre Livre, Lei do
Sexagenário.
( ) Nesse movimento não se tem notícias de insurreições ou ações dos próprios escravos em
prol da própria liberdade, em virtude da forte repressão presenciada nos últimos momentos
do período escravocrata.
( ) A abolição da escravatura se deu ainda no Reinado de D. Pedro II e representou um grande
avanço para a inserção do ex-escravo como cidadão na sociedade brasileira.
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Queridos, minha mãe me falava umas coisas que eu carrego para minha vida. As vezes
compartilho. Uma delas era: Ninguém pode atrasar quem veio para vencer!!! Nem sei de onde ela
tirou isso, mas eu carreguei comigo como amuleto. Compartilho com vocês, pois tenho certeza
que nesse momento vocês estão dando seu melhor!
E não esquece: cada dia, cada hora, cada minuto que você se envolve com a tarefa de
adquirir mais conhecimento, gravar mais uma informação, colar mais um post it é uma riqueza
infinita. Ninguém tira de você aquilo que está acumulado: o seu capital cultural. S2
Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas
com afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!! Contem
comigo, meus querida e querido alunos.