Você está na página 1de 163

ENEM

Exasiu
EXTENSIVO

HB: doExasiu
Império à República

Profe Alê Lopes

AULA 15

1
163
estretegiavestibulares.com.br
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Sumário

Introdução .......................................................................................................................... 3
1. A busca pela estabilidade política........................................................................... 6
1.1 - A construção simbólica do Imperador e da Nação .................................................... 13

2. Modernização e Expansão econômica do café .................................................. 16


2.1 - O café como eixo econômico do país ........................................................................ 17
HB: do Império à República
2.2 - Transformações do trabalho: fim da escravidão e imigração ..................................... 20
2.3 - A mão de obra imigrante............................................................................................ 22

3.A política externa e os Antecedentes da Crise ................................................... 27


3.1 - Questões com a Inglaterra ......................................................................................... 28
3.2 - Guerra do Paraguai e a questão do Rio do Prata ....................................................... 29

4. Crise do Império ........................................................................................................ 36


4.1 - O Movimento Abolicionista e o problema da mão de obra ....................................... 41
4.2 - O Movimento Republicano ......................................................................................... 46

5. Enfim, a Proclamação da República ...................................................................... 52


5.1 - Série questões (militar e religiosa) .............................................................................. 52
5.2 - A Proclamação da República: o 15 de Novembro ...................................................... 55

6. Lista de Questões ...................................................................................................... 58


7. Gabarito ....................................................................................................................... 89
8. Questões comentadas.............................................................................................. 90
9. Considerações Finais .............................................................................................. 162

Profe Ale Lopes

AULA 15: HB: Do Império à República 2


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Queridas e Queridos Alunos,


Sejam bem-vindos e bem-vindas a mais uma aula. É sempre um grande prazer compartilhar
com vocês nosso trabalho e participar dessa batalha dura e constante na luta pela conquista da
sua vaga na Universidade.
Esta é a última aula sobre o período imperial brasileiro. Quero lhes dizer que esse assunto
cai com recorrência nas provas, sobretudo, quanto aos assuntos trabalho, imigração e política.
Não me canso de afirmar, para você toda questão de história é imperdível! Você precisa
estar preparado para TUDO! Não esquece: “o segrego do sucesso é a constância no objetivo”.
Vamos seguir juntos!
Se você tiver dúvidas, utilize o Fórum de Dúvidas! Eu vou te responder bem rapidinho. Ah,
não tem pergunta boba, Ok? Vamos começar? Já sabe: pega seu café e sua ampulheta. Bora!!

1840 1889

1870

INTRODUÇÃO
Nesta aula estudaremos o período do Segundo Reinado (1840-1889). Esse longo período
costuma ser estudado em três eixos:

• Busca pela
1850-1870 • A crise do
estabilidade Segundo Reinado:
• Modernização e
política desagregação da
Expansão
forma de Governo
econômica

1840-1850 1870-1889

AULA 15: HB: Do Império à República 3


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

O Segundo Reinado sucedeu o conturbado Período Regencial marcado por disputas de


poder entre os grupos políticos e, sobretudo, por crises e revoltas provinciais. Além disso, o
cenário econômico não era nada favorável. Dessa forma, a saída encontrada pelos liberais, apoiada
por alguns conservadores, foi antecipar a maioridade de Dom Pedro II e alçá-lo ao trono.
A campanha da maioridade ganhou as ruas do Rio de Janeiro com as chamadas
“quadrinhas”, versinhos que se colocavam favoráveis ou críticos à coroação antecipada do jovem
D. Pedro II. Vale a pena repetir uma delas aqui:

“Queremos Pedro Segundo


Embora não tenha idade
A nação dispensa a lei
e viva a Maioridade.”
GOLPE DA MAIORIDADE. In: VAINFAS, Ronaldo (org.). Dicionário do Brasil imperial.
Rio de Janeiro: Objetiva, 2008. pp 312 a 313.

Para muitos membros da elite letrada da época, a antecipação da maioridade de D. Pedro


II, na época com 14 anos de idade, era a única solução para pacificar as revoltas que assolavam o
território brasileiro durante os governos regenciais. Isso porque, D. Pedro II como novo imperador
reestabeleceria uma monarquia centralizada, sem fragmentações.
Dessa maneira, em 24 de julho de 1840 foi aprovado o Golpe da Maioridade, seguido pelo
anúncio do novo gabinete liberal que ficaria conhecido como “ministério dos irmãos” por ser
composto pelos irmãos Andrada (Antônio Carlos e Martim Francisco) e os irmãos Cavalcanti
(Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti), além do líder da campanha maiorista na Corte,
Aureliano de Souza e Oliveira Coutinho.
Nesse contexto, os desafios para o “rei menino” eram grandes: estabilizar o regime e
apaziguar os conflitos provinciais, amenizar as disputas entre os grupos políticos e fortalecer a
economia brasileira. Contudo, caros alunos, os acontecimentos internacionais corriam mais
depressa do que uma parte da aristocracia brasileiras gostaria.
Quero lembra-los de que o Século XIX – ou o longo século XIX, como denominou o
historiador Eric Hobsbawm1 em sua trilogia sobre o século XIX – é o cenário da derrocada
internacional do Velho Mundo, chamado de Antigo Regime, dominado pelas Monarquias
Absolutistas e justificadas pela teoria do direito divino do Rei, pelo modelo econômico agrário-
mercantil e pela inexistência da ideia de soberania popular.
Sobre os escombros desse Velho Mundo se edificou outro: o Novo Mundo Capitalista
estruturado sobre o ideário iluminista da liberdade, da igualdade e da fraternidade e, sobretudo,
pela noção de livre-comércio.

1
A trilogia é composta dos seguintes livros: A Era das Revoluções (1789-1848); A Era do Capital (1848-
1975), A Era dos Impérios (1875-1914). Todos da Editora Paz e Terra.

AULA 15: HB: Do Império à República 4


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Assim, os acontecimentos e fenômenos desse longo período contribuíram para a


formatação do mundo contemporâneo. A linguagem novecentista parece a de um arquiteto que
edifica o Novo Mundo. Contudo, nada se constrói do nada, por isso essa edificação se deu sobre
os escombros do Velho Mundo que não se sustentava mais frente às mudanças resultantes dos
novos elementos surgidos ao longo do século XIX.

Nesse cenário internacional, o Brasil permanecia como uma ilustração do Velho Mundo, pois sua
estrutura política estava baseada no patrimonialismo da aristocracia fundiária sob o Governo
Monárquico, com uma economia escravista e agroexportadora, com direitos que se acessavam
apenas por meios censitários (só para quem tinha dinheiro). Assim, o regime monárquico brasileiro
tendeu a enfraquecer conforme as transformações internacionais refletiam em território nacional.
O melhor caso para entender o que estou falando é a questão da escravidão. A Inglaterra
pressionou o Brasil pelo fim da escravidão, porque esta era considerada um atraso para o novo
mundo liberal capitalista.

É por isso que, segundo historiadores, um dos fatores que favoreceu a crise da Monarquia
e o Advento da República em 1889 foram as transformações em curso na esfera internacional com
o avanço de ideais republicanos e economias industrializadas.
Evidentemente há fatores internos fundamentais que explicam como se deu o desenrolar
desse momento no Brasil.
Vamos à História, meus caros!

AULA 15: HB: Do Império à República 5


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

1. A BUSCA PELA ESTABILIDADE POLÍTICA


Antes de iniciarmos nossos estudos sobre os aspectos políticos do 2º Reinado, relembrem
a estrutura institucional e o modo como o poder estava organizado durante o Império:

Como vimos, o período regencial é marcado por uma disputa entre regressistas e
progressistas. Mas, a parir de 1840, esses partidos se reorganizam em dois importantes grupos
políticos no Brasil:
O Partido Liberal, conhecido como “luzia”: os liberais eram em sua maioria
profissionais liberais e proprietários de terras voltados para o abastecimento interno
do Império, tendo o partido maior força em Minas Gerais, Rio Grande do Sul e São
Paulo.

AULA 15: HB: Do Império à República 6


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

O Partido Conservador, denominado “saquarema”: os conservadores eram


principalmente representantes da elite agrária agroexportadora e escravocrata, com
grande expressão nas províncias do Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.
Para muitos estudiosos sobre o Império, os dois partidos possuíam mais elementos em
comum do que diferenças de fato, afinal ambos eram compostos pela elite proprietária do
período, defensora da unidade do país, do regime monárquico e da escravidão. Devido a essa
posição, ficaria eternizada a seguinte frase do político Holanda Cavalcanti acerca dos partidos:

“nada se assemelha mais a um saquarema do que um luzia no poder”.

Apesar de ambos defenderem a monarquia e a escravidão, tinham visões distintas sobre o


Forma de Estado e sobre questões administrativas. Assim, o debate entre centralização e
descentralização política continuava sendo o elemento que explica os obstáculos para a
estabilidade. Evidentemente não era apenas isso, esses grupos queriam ocupar o poder do
estado, gozar dos privilégios que isso poderia gerar.

• centralização política e
Partido administrativa:
Conservador • Unitarismo
(menor autonomia para as
*defesa da "saquarema" províncias)
monarquia

*defesa da
unidade do
Império • descentraliação política
Partido e administrativa:
*manutenção
da escravidão
Liberal • federalismo
(maior autonomia para as
"luzia" províncias)

Uma boa definição sobre os programas políticos de cada um dos grupos, pode ser
encontrada no texto de João Manuel Pereira da Silva, eleito onze vezes deputado durante o
Segundo Reinado:

Pretendiam os liberais que se decretassem mais amplas franquezas políticas às


províncias a fim de descentralizar-se a ação governativa geral, exigiam ainda restringir
a ação da polícia e confiar-se ao povo a eleição dos magistrados, a fim de que o país se
administrasse pelos agentes de sua vontade e escolha.
Replicavam os conservadores que era indispensável a centralização política para se
manter a integridade do Império; que o Poder Judiciário carecia de ser independente
e inamovível para cumprir deveres e amparar os direitos dos cidadãos, e firmar a esfera
da resistência legal que se facultava.

AULA 15: HB: Do Império à República 7


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Estes princípios mais ou menos bem desempenhados, segundo as ocorrências e


segundo também os temperamentos dos homens políticos, separaram os dois partidos
militantes.
SILVA, Joao Manuel Pereira. Memórias do meu
tempo. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2003. pp. 106-107.

Assim, anote aí, querido e querida, grande parte do Período do Segundo Reinado é caracterizado
pelas disputas entre esses dois grupos políticos.

Em geral, esses conflitos ficaram evidentes durante as eleições parlamentares. Foi o que
ocorreu em 1840 durante a primeira eleição para Câmara dos Deputados, a qual ficou conhecida
como “Eleição do Cacete” – devido ao uso de ampla violência e fraude eleitoral.
Pega essa “história da carochinha” para você entender a confusão da época:

1840: 1o. Conselho 13 DE OUTUBRO DE 1841: D. Pedro


de Ministros de D. 1840: Eleição do substitui o ministério
Pedro - MAIORIA cacete: maioria dos por MAIORIA DE
LIBERAIS votos para os liberais CONSERVADORES

Liberais ficam
Conservadores tranquilos porque
Dom Pedro se decide: pressionam para que acham que vão voltar
ANULA AS ELEIÇÕES D. Pedro anule o pois conseguiram a
resultado eleitoral maioria dos votos na
eleição

OS CONSERVADORES OS LIBERAIS SE REVOLTA LIBERAL


COMEMORAM REVOLTAM DE 1842!

Preteridos pelo Imperador, os liberais condenaram A CENTRALIZAÇÃO DO PODER e a dissolução


da legislatura escolhida por meio das “eleições do cacete”. A rebelião explodiu em São Paulo e
Minas Gerais. Os revoltosos esperavam a adesão de outras províncias. Mas isso não ocorreu!
A Revolução Liberal de 1842 aclamou o político Rafael Tobias de Aguiar como novo presidente
da província depois de depor o indicado pelo Imperador. Os rebelados conquistam as cidades
paulistas de Itu, Porto Feliz, Campinas e Capivari, mas foram derrotados pelas tropas imperiais
lideradas pelo barão de Caxias.

AULA 15: HB: Do Império à República 8


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Em Minas Gerais, liberais encabeçados por Teófilo Otoni nomeiam José Feliciano Pinto Coelho da
Cunha como presidente da província, mas também foram vencidos por Caxias em agosto de 1842
na cidade de Santa Luzia.
A partir daí os conservadores passam a chamar os liberais de “luzias”, em referência ao episódio.

Dom Pedro II, por sua vez, aproveitou-se dessas divergências para conseguir continuar
acima dos grupos e buscar a estabilidade. Para tanto, em 1847 instituiu o parlamentarismo. Na
prática ficou criado o cargo de Presidente do Conselho de Ministros (uma espécie de chefe de
governo – primeiro ministro), que a partir daquele momento seria incumbido da tarefa de montar
o Gabinete Ministerial.
A questão, no Brasil, era: quem vai nomear esse Primeiro Ministro, chefe do gabinete
Ministerial?
Em tese, quem deveria escolher o Presidente do Conselho de Ministro era o partido que
obtivesse a maioria dos votos para o Parlamento – como é característico no funcionamento do
sistema parlamentarista. Mas, como existia o Poder Moderador do Imperador, acabou que era
ele, o próprio Imperador, quem
escolhia o Presidente do Conselho.
Por isso, chamamos esse
parlamentarismo de
“Parlamentarismo às vessas”. Com
esse poder ora o Imperador nomeava
um 1º Ministro Conservador, ora um
liberal. Os dados demonstram que
houve um predomínio dos
conservadores no poder – eles teriam
passado 10 anos a mais governando
do que os liberais.
"O rei se diverte", charge de Cândido Aragonez de Faria publicada no jornal O Mequetrefe, 09/01/1878 2.

Além disso, para ampliar a estabilidade, D. Pedro II buscou aproximar os dois grupos em
uma coalizão de governo. Conhecemos isso por “política da conciliação”. Na prática isso foi a
forma de governar, sobretudo, entre 1853 e 1861. Apesar dessa conciliação, percebemos que as
demandas liberais – como a ampliação da autonomia das províncias, extinção do Poder
Moderador, fim da vitaliciedade do Senado – nunca foram seriamente consideradas.

Veja o esquema abaixo, que ilustra essas políticas ao longo do reinado de D. Pedro II:

2
Fonte: LIMA, Hernan. História da Caricatura no Brasil. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Ed, 1963,
p. 227.

AULA 15: HB: Do Império à República 9


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Ainda como um último acontecimento desses conflitos entre liberais e conservadores,


devemos lembrar da chamada Revolta Praieira (1848-1850).
Algumas informações são importantes para entendermos essa Revolta. Primeiro, ela
recebeu forte influência dos acontecimentos na Europa – os movimentos liberais e nacionalistas
da chamada Primavera dos Povos, de 1848. Segundo:
❖ A economia ainda dependia muito do açúcar, apesar de sua decadência devido aos
baixos preços e a concorrência internacional. A maioria dos engenhos ficavam nas
mãos de uma parcela da aristocracia rural que estava lá há muito tempo. Eram as
famílias tradicionais. Por exemplo, a família dos Cavalcanti detinha 1/3 dos engenhos.
❖ O comércio era segunda fonte mais importante da economia. Estava nas mãos dos
portugueses.
❖ Conclusão: pouquíssimas famílias tradicionais da oligarquia rural e grandes
comerciantes portugueses dominavam o cenário político!
Além desse cenário de poder político concentrado nas mãos da elite econômica,
socialmente havia péssimas condições de vida para setores muito amplos da sociedade:
profissionais liberais, artesãos, pequenos comerciantes, militares e até padres.
Então, em 1842, uma parte do Partido Liberal resolveu romper com as velhas práticas de
“dividir” o poder na distribuição de cargos da província. Nesse grupo existiam ricos proprietários
de terras não-tradicionais, além de outros grupos sociais. Juntos formaram o Partido da Praia.
Uma de suas lideranças mantinha um jornal situado na Rua da Praia, o que fez com que eles se
tornassem conhecidos como praieiros.
O estopim foi quando o Gabinete Conservador do Império resolveu destituir um presidente
de província do Partido Liberal que não tinha relações com as velhas oligarquias pernambucanas.
Liderados pelo militar Pedro Ivo Veloso da Silveira, em 1848 os praieiros pegam em armas
para a reconquista de Pernambuco, dando início a um movimento que também defendia:
 o sufrágio universal
 a liberdade de imprensa
 a extinção do Poder Moderador
 o federalismo
 o direito ao trabalho
 a nacionalização do comércio
 a reforma do Judiciário.
OBS: perceba que o problema da escravidão não estava listado entre as exigências e propostas
dos praieiros.

AULA 15: HB: Do Império à República 10


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

A Revolta persistiu até o ano de 1850, quando foi derrotada por tropas centrais e
provinciais. Com essa derrota, termina um conjunto de revoltas que acompanharam e sucederam
o processo de independência, o 1º Reinado e a Regência.
De certa forma, a derrota dessa revolta demonstra que foi vitoriosa a proposta da
construção de um Estado Centralizado e de preservação da integridade territorial.

(CÁSPER LÍBERO 2017)


Cândido Aragonez de Faria foi um artista brasileiro do século XIX que teve sua
formação no Rio de Janeiro, frequentando o Liceu de Artes e Ofício e a
Academia Imperial de Belas Artes, na capital. No Brasil, publicou em mídias
impressas de sua época, antes de sua carreira alçar voos internacionais. Nas publicações
brasileiras, foram veiculadas várias charges com conteúdo político, como a que segue:

A análise da charge, que retrata a política no Segundo Império, expressa a


a) manipulação sofrida por D. Pedro II por parte dos grupos políticos.
b) inabilidade do Imperador para lidar com os conflitos políticos.
c) alternância do cargo executivo por meio de eleições periódicas.
d) representação do caráter liberal e democrático de D. Pedro II.
e) coordenação política do governante em relação aos partidos políticos.

Comentários
Aqui temos uma questão de interpretação de imagem. É importante entendermos quem foi
o autor e o contexto em que estava inserido. Cândido Aragonez de Faria (1849-1911) foi um
artista e jornalista sergipano, natural de Laranjeiras. Era filho do médico José Cândido Faria
e da espanhola Josefa Aragonez. Por conta da morte do pai, em 1855 se mudou com a família

AULA 15: HB: Do Império à República 11


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

para o Rio de Janeiro, onde tinham mais parentes. Lá, ele cursou o Liceu de Artes e Ofício e
a Escola de Belas Artes. Ao longo de sua carreira, destacou-se na ilustração de charges
satíricas e quadrinhos, atuando em vários jornais da época. Ele também morou em Buenos
Aires, Porto Alegre e, no fim da vida, em Paris, onde trabalhou na produção de cartazes para
o cinema.
A charge aqui reproduzida é intitulada “O rei se diverte” e foi publicada no jornal O
Mequetrefe, em 09 de janeiro de 1878. Este periódico ilustrado e humorístico foi fundado
em 1875 por Pedro Lima e Eduardo Joaquim Correia. Em um de seus primeiros números, os
redatores afirmavam que não eram republicanos, mas também não eram monarquias. No
entanto, seu conteúdo era claramente republicano, visto que em vários momentos se
utilizava alegorias explicitamente alusivas a esta forma de governo, como a mulher com um
barrete frígio.
Agora, analisando a charge em si, vemos que o caricaturista representou D. Pedro II
como eixo de um carrossel no qual giram os cavalos que por sua vez carregam, cada um,
uma pessoa. Na barra do vestido da dama no cavalinho, lê-se “Partido Liberal”. Em oposição,
o homem da charge representa o “Partido Conservador”. Quem gira o carrossel, abaixo do
imperador, é uma idosa em cujo vestido está escrito “diplomacia”. Tendo em mente esta
descrição e a contextualização que fiz acima, vejamos qual alternativa expressa a
interpretação mais apropriada para a charge:
a) Incorreta. Repare que na ilustração os partidos políticos os estão literalmente “nas mãos”
de D. Pedro II. Graças à sua diplomacia, o imperador gira e balança ambos da forma que
quer, sendo apenas aparente a oposição entre eles. Portanto, a charge não expressa que
Pedro II era manipulado pelos partidos, mas sim o contrário.
b) Incorreta. Como disse acima, a charge expressa que Pedro II manipulava a política
partidária no Império. Isto demandava muita habilidade política de sua parte.
c) Incorreta. O imperador era o chefe do poder Executivo e seu cargo não era elegível, mas
sim hereditário, ou seja, não havia alternância até que ele morresse e fosse substituído por
seu primogênito. Nesse poder, logo abaixo do monarca estava o Conselho de Ministros,
escolhidos entre os parlamentares, do Poder Legislativo. Lembre-se que durante o Império
sempre pairou uma tensão entre os setores das elites que defendiam maior centralização ou
descentralização. Isso também se refletia nas discussões sobre o parlamentarismo, que
muitos acreditavam que seria uma medida a favor da descentralização. Assim, em 1847 o
imperador acabou cedendo e instituiu o parlamentarismo. Na prática ficou criado o cargo de
Presidente do Conselho de Ministros (uma espécie de chefe de governo, ou primeiro
ministro), que a partir daquele momento seria incumbido da tarefa de montar o Gabinete
Ministerial. A questão, então, passou a ser: quem vai nomear esse Primeiro Ministro? Em
tese, deveria ser o partido que obtivesse a maioria dos votos para o Parlamento, como é
característico no funcionamento do sistema parlamentarista. Todavia, como existia Poder
Moderador do Imperador, acabou que era ele quem fazia a escolha. Por isso, os historiadores
chamaram o fenômeno de “Parlamentarismo às avessas”. Em outras palavras, acabava que

AULA 15: HB: Do Império à República 12


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

os partidos continuavam tendo que conquistar a simpatia do monarca para levar seus
projetos adiante, o que limitava a diversidade dos projetos políticos que iam adiante. Assim,
não havia alternância de fato.
d) Incorreta. Realmente, D. Pedro II tentava vender a imagem de um líder culto, civilizado,
preocupado com o progresso e a estabilidade da nação, propenso ao liberalismo. No
entanto, não abria mão do Poder Moderador e reproduzia velhas estratégias diplomáticas
da família imperial, que quase sempre se limitava a uma troca de favores e distribuição de
títulos, cargos e pensões. Por isso, podemos concluir que a charge se esforça para
desmascarar qualquer aparência liberal ou democrática que o monarca tentava divulgar
sobre si.
e) Correta! Veja, o Partido Liberal e o Partido Conservador eram os únicos partidos políticos
existentes no Império, desde a década de 1840 até 1873 quando foi fundado o Partido
Republicano Paulista e depois dele outros de igual orientação nas demais províncias. Lembre-
se que a charge foi publicada em 1878, portanto na mesma década que republicanismo se
proliferava pelo império, inclusive no Rio de Janeiro, sede do governo. Além disso, a
ilustração foi publicada em um jornal cheio de alusões ao ideário republicano, apesar de
alegar neutralidade. Ora, uma das críticas mais recorrentes de republicanos ferrenhos, como
o advogado Luiz Gama em São Paulo, não havia grandes diferenças entre liberais e
conservadores, tanto é que ambos podiam ser chamados de “partidos monarquistas”
justamente por sempre se revezarem no poder ao gosto dos interesses imperiais.
Gabarito: E

1.1 - A CONSTRUÇÃO SIMBÓLICA DO IMPERADOR E DA NAÇÃO


Além da pacificação de movimentos armados, a consolidação do reinado de D. Pedro II
também se deu por meio de um investimento maciço em representações que exaltavam sua
imagem, incluindo quadros, litogravuras, moedas e medalhas que circulavam pela Corte.
Buscando livrá-lo de qualquer aspecto que o fizesse parecer despreparado para assumir trono, os
jornais passaram a cobrir de elogios o jovem imperador, retratando-o como sensato e dotado de
grande inteligência e educação exemplar.
Um espetáculo luxuoso foi preparado para a coroação, repleto de símbolos e tradições de
antigos reinos da Europa, mas também de elementos novos que contribuíam para que o Brasil se
estabelecesse como uma “monarquia tropical” entre as elites brasileiras e as demais nações ditas
“civilizadas”.
Para criar um sentimento de nação entre seus súditos, o Imperador apostou nos trabalhos
de duas instituições criadas durante o período regencial: o Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro (IHGB) e a Academia Imperial de Belas Artes. O primeiro era majoritariamente composto
pela elite econômica e cultural da Corte, incluindo nomes como Joaquim Manuel de Macedo,
Joaquim Norberto de Sousa Silva, Domingos José Gonçalves de Magalhães e Gonçalves Dias.

AULA 15: HB: Do Império à República 13


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Financiados por D. Pedro II - ele próprio era membro ativo das reuniões do IHGB-, esta
constelação de escritores dedicou-se a um projeto de identidade para o país pautado no
romantismo literário, produzindo obras que exaltavam um passado indígena fantasioso, muito
inspirado no mito do bom selvagem do filósofo Jacques Rousseau.

Os romances Iracema, Ubirajara e O Guarani de José de Alencar,


assim como o poema I-Juca Pirama de Gonçalves Dias são exemplares
do indianismo presente na literatura romântica da época, todos
retratando os nativos como modelos de pureza e heroísmo a serem
seguidos pelas elites e também pela classe média urbana da Corte,
grande apreciadora dessas obras. Assim como os colonizadores, os
indígenas são considerados nobres em seus atos, de maneira que
passam a representar a própria realeza brasileira.
Inspirados por estes autores, os artistas vinculados à Academia Imperial de Belas Artes
produziram obras visuais que retratavam os indígenas de maneira romantizada em cenários
exuberantes de natureza tropical; além de se dedicarem a produzir imagens do próprio Imperador
para que fossem difundidas por todo o território brasileiro.

Figura 1 - Iracema, de José Maria de Medeiros. 1881.


Fonte: Museu Nacional de Belas Artes.

Essas representações dos indígenas, assim como as literárias, não buscaram se embasar em
aspectos históricos sobre povos do passado, nem sequer buscaram conhecer aqueles que ainda
existiam no território brasileiro.

AULA 15: HB: Do Império à República 14


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Também foram ignoradas as contribuições dos africanos e minimizados os impactos da


colonização portuguesa para a formação da Nação, afinal buscava-se criar uma imagem de uma
“civilização nos trópicos”, sem a interferência de outras culturas.
Observe na imagem abaixo o predomínio da escola literária do romantismo durante o 2º
Reinado:

3
Atlas histórico do Brasil. https://atlas.fgv.br/marcos/educacao-e-ciencia/mapas/linha-do-tempo-
literatura-cronologia-dos-principais-autores-do. Acesso em 15-10-2019.

AULA 15: HB: Do Império à República 15


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

2. MODERNIZAÇÃO E EXPANSÃO ECONÔMICA DO CAFÉ


A partir da 2ª. metade do século XIX, assistimos a um processo de modernização do Brasil.
Como parte fundamental desse processo, podemos identificar 2 elementos:
1- implantação do telégrafo em 1852, ligando o Passo Imperial ao Quartel general do
exército. O Ministro Eusébio de Queiroz teria dito a Dom Pedro II: “A comunicação dos
pensamentos, das ordens, das notícias já não encontra demora na distância.” Na década
de 1870, as mensagens telegráficas atravessaram o Atlântico. Com certeza, a velocidade
e a intensidade, e a forma da comunicação mudaram imensamente.
2- implantação do sistema de transporte ferroviário também começou na década de 1850
e o desenvolvimento da economia cafeeira foi seu principal impulsionador. Leia um
trecho da especialista Anna Eliza Finger, da Universidade de Brasília4:

Como produto da era industrial, a ferrovia materializava o desejo por progresso


e inovação, e a vontade de pertencer ao mundo “moderno” nos ajuda a
entender a rapidez com que a tecnologia se espalhou pelo mundo ainda durante
o século XIX, quando inúmeros países investiram na sua importação e, junto com
ela, de edifícios, meios de comunicação e até mesmo pessoal habilitado a
implantá-la e operá-la. No Brasil não foi diferente. Entretanto, o estudo da
arquitetura ferroviária produzida no país deve considerar as enormes diferenças entre seu
contexto de origem – a Europa – e as regiões brasileiras onde foi implantada. Como um país
calcado na produção agrícola desde os tempos coloniais, inicialmente foram importados modelos
utilizados nos países de origem, introduzidos em meio a uma sociedade rural e escravocrata,
contribuindo para ressaltar ainda mais as contradições dos sistemas social e econômico até então
adotados. Em menos de um século foram construídas centenas de linhas férreas no Brasil, com
características distintas: públicas e privadas, de origem estrangeira ou brasileira, implantadas em
meio urbano, rural ou em trechos ainda não desbravados do território, voltadas ao escoamento
de produção agroindustrial, articulação territorial, proteção de fronteiras, mobilidade, etc. Os
edifícios ferroviários deveriam atender às distintas necessidades de cada uma a depender de seus
objetivos (transporte de pessoas ou cargas), adequando-se ainda às diferentes realidades sociais,
técnicas e econômicas dos locais onde eram construídas. Ao longo do tempo também sofreram
transformações significativas, acompanhando as mudanças na realidade socioeconômica dos
locais onde as linhas foram implantadas – e para as quais também contribuíram – auxiliando ainda
no processo de assimilação e popularização de novos materiais e técnicas construtivas, que
transformaram a arquitetura e as cidades brasileiras. Assim, ao levar até os confins do país
referências industriais, conceitos e hábitos modernos, as ferrovias e sua arquitetura foram parte

4
Um século de estradas de ferro arquiteturas das ferrovias no brasil entre 1852 e 1957. Tese de
doutorado. Universidade de Brasília, 2013, p. 09. Disponível em:
http://portal.iphan.gov.br/uploads/publicacao/texto_especializado_anna_finger_tese_doutorado_com_
capa.pdf. Acesso em 14-10-2019.

AULA 15: HB: Do Império à República 16


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

10 fundamental no processo de transformação socioeconômica, cultural e geográfica pelas quais


o país passou a partir de meados do século XIX.

Além disso, há outros elementos que marcam essa modernização do Brasil:


➢ Iluminação de rua, bondes, bancos, teatros.
➢ Surgimento de pequenas indústrias alimentícias, de tecidos, de vestuário, entre
outras.
➢ Proibição do comércio escravagista, com a Lei Eusébio de Queiroz de 1850.
➢ Intensificação da atividade migratória.

O café e o cenário de expansão econômica capitalista mundial favoreceram e


impulsionaram esse processo de modernização. Guarde isso!

2.1 - O CAFÉ COMO EIXO ECONÔMICO DO PAÍS


Os primeiros grãos de café foram introduzidos no Brasil pelo tenente-coronel Francisco de
Melo Palheta, no atual estado do Pará, por volta de 1727. Pouco tempo depois, o vegetal foi
levado para o Rio de Janeiro, província onde encontra condições climáticas favoráveis para sua
rápida expansão, em especial no Vale do Paraíba, que também abrangia Minas Gerais e São Paulo.
Dessa maneira, já em 1830 o Brasil alcançava o posto de maior produtor mundial, desbancando
Cuba, Jamaica e o Haiti, seus principais concorrentes no período.
Baseada no sistema de plantation, ou seja, na tríade monocultura, latifúndio e escravidão,
a produção de café nesta região chegou a representar 52,2% das exportações do país entre 1876
e 1880.
Nesse início da produção, no Brasil, depois da colheita manual do grão, os escravizados
secavam os grãos nos terreiros, e depois os beneficiavam – ou seja, retirava o revestimento – com
os monjolos, instrumento de madeira composto por pilões movidos com força d’água. Depois de
ensacados, tropas de mulas eram utilizadas para o escoamento do produto, sistema que se
mostrava eficaz dado o seu baixo custo e proximidade com a região portuária. Nos portos as sacas
eram entregues aos “comissários”, que além de exportarem o produto também forneciam
empréstimos aos cafeicultores e importavam outras mercadorias para o Brasil.
Conforme o hábito de consumir café conquistava os paladares da Europa e dos Estados
Unidos, o cultivo do grão também se expandia para outras regiões, em especial a do Oeste
Paulista. Observe na tabela a seguir que a região do Oeste Paulista foi, progressivamente,
ocupando o lugar de maior produtor de café.
Após 1850, com a dificuldade para obtenção de mão-de-obra escrava (devido à proibição
do tráfico negreiro com a Lei Eusébio de Queiróz que veremos adiante), a produção do Vale do
Paraíba entrou em declínio. Outros dois fatores também contribuíram para isso: o esgotamento

AULA 15: HB: Do Império à República 17


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

de terras cultiváveis na região e o envelhecimento dos cafezais, que geralmente rendiam colheitas
produtivas por 15 anos.

Mais distante dos portos do Rio de Janeiro e de Santos (SP), os “barões do café” do Oeste
Paulista julgaram necessário o aperfeiçoamento do transporte para evitar o aumento do preço de
seu produto.

5
Figura 4 – A expansão cafeeira em São Paulo. Fonte: ARRUDA, José Jobson de A. Atlas histórico básico.
São Paulo: Ática, 2008. p. 43.

AULA 15: HB: Do Império à República 18


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Com empréstimos de bancos estrangeiros, principalmente ingleses, foram instaladas


ferrovias no país a partir de 1852. A primeira delas, contando com 14 km de extensão, foi criada
por Irineu Evangelista de Souza, posteriormente conhecido pelos títulos de Barão e Visconde de
Mauá. Juntamente a outros poucos empreendedores do Segundo Reinado, o empresário apostou
na modernização da economia ao investir em áreas diversas, incluindo o comércio, indústria,
companhias de navegação e bancos.
Em pouco mais de 30 anos o Império passaria a contar com 10 mil quilômetros de ferrovias,
o que também beneficiava outras atividades econômicas, como a agropecuária e a mineração.
Dessa forma, o Brasil viveu um surto industrial entre as décadas de 1840 e 1870, que alguns
historiadores denominaram como Era Mauá.
O cenário urbano muda. Cidades ganham destaque ao longo dessas ferrovias: Jundiaí,
Campinas, Araraquara, Ribeirão Preto, e São José do rio Preto.
Os lucros auferidos com a “empresa” cafeeira” possibilitaram a recuperação econômica e
do Brasil e foram a base de sustentação de investimento em outras áreas.
Além disso, a criação de um novo produto econômico com enorme repercussão na
economia acabou por gerar impactos na política:

Formação de um novo grupo: a aristocracia cafeeira.

AULA 15: HB: Do Império à República 19


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Formação de um novo centro político-econômico: São Paulo.6

2.2 - TRANSFORMAÇÕES DO TRABALHO: FIM DA ESCRAVIDÃO E IMIGRAÇÃO


Desde a Independência, a Inglaterra exercia enorme pressão sobre o Brasil para que se
colocasse fim ao comércio escravista.
Em 1831, fez-se uma lei que determinava a libertação das pessoas trazidas da África como
escravas. Porém, sem muita eficácia prática. Anos depois, o próprio autor da lei, o marquês de
Barbacena, chegou a propor a revogação, em 1837, por meio de um novo projeto. Esse projeto
de lei pretendia livrar os compradores de escravos de qualquer punição. Essa lei não saiu do papel
e virou “lei para inglês ver”. De toda forma, essas ações legais respondiam à pressão inglesa.
A continuidade do comércio ilegal de cativos fez a Inglaterra pressionar o Império brasileiro
através de apreensões de navios nos anos seguintes, gerando uma reação antibritânica de

6
Atlas Histórico do Brasil. https://atlas.fgv.br/marcos/expansao-economica/mapas/cafe-e-estradas-de-
ferro. Acesso em 15-10-2019.

AULA 15: HB: Do Império à República 20


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

populares, da imprensa e de boa parte da classe política no Rio de Janeiro, o que acabou por
beneficiar a continuidade do tráfico. Embora boa parte dos políticos reconhecesse a escravidão
como uma prática “infame”, questionava a ameaça à soberania nacional pela pressão dos ingleses
e o impacto econômico que o fim do tráfico geraria para o país.
Em 1844, com o esgotamento da validade dos acordos comerciais que favoreciam a entrada
de produtos estrangeiros no país, com baixas tarifas alfandegárias, o então ministro da Fazenda,
Manuel Alves Branco, aprovou um reajuste visando o aumento da arrecadação do Estado brasileiro
e o favorecimento da indústria nacional. Essa medida ficou conhecida como “Tarifa Alves Branco”,
Essa situação gerou reações do governo inglês que, em represália, aprovou a Lei Aberdeen
em 1845. Por meio dela se legalizou a captura de navios negreiros no Atlântico pela Marinha
britânica. Naquele momento, Cuba e Brasil eram os únicos países do Ocidente que sustentavam
o tráfico, o que aumentava a pressão internacional para o banimento da prática.
Depois de tanta pressão e conflitos, em 1850, é aprovada a Lei Eusébio de Queiróz, que
proibia o tráfico negreiro no Brasil. Assim, o Império busca combater de maneira efetiva o
comércio transatlântico de escravizados para o Brasil, sendo criado um tribunal especial na
Marinha brasileira para julgar os traficantes e reenviar os africanos encontrados em portos e navios
de volta para seu continente de origem. No entanto, aqueles que fossem flagrados comprando
cativos contrabandeados – ou seja, os fazendeiros – seriam encaminhados para a justiça comum,
o que lhes dava maiores chances de serem anistiados.
A lei Eusébio de Queiróz também não buscou reverter o status daqueles que foram
ilegalmente escravizados desde 1831, ou seja, garantia à classe senhorial o direito à propriedade
adquirida até então.
O combate à entrada de navios negreiros a partir da Lei de 1850 influenciou na diminuição
da oferta de mão de obra escrava no país, e consequentemente, seu encarecimento. As zonas
cafeeiras passaram a adquirir escravizados de outras regiões do país. Portanto, a proibição do
tráfico e o encarecimento do comércio aumentaram o comércio interno de pessoas escravizadas.
Consequências da lei E.Q.

Crescimento do comério
interno de pessoas
escravizadas
1850: Lei
Eusébio de
1845: Bill Queiróz Liberação de capitais para
Aberdeen outras atividades
1844:
Tarifa
Alves Estímulo à imigração europeia
Branco para constituir um mercado de
trabalho livre

AULA 15: HB: Do Império à República 21


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Desembarque de escravos no Brasil (1836-1855)

Anos Total de pessoas escravizadas trazidas ao Brasil

1836-1840 240.600

1841-1845 120.000

1846-1850 257.500

1851-1855 6.100

Fonte: Estatísticas Históricas do Brasil, IBGE.

2.3 - A MÃO DE OBRA IMIGRANTE


A proibição do tráfico fez com que os cafeicultores passassem a investir na substituição do
trabalho compulsório pela mão de obra livre, em especial a de imigrantes vindos da Europa. O
processo de unificação da Itália e Alemanha na segunda metade do século XIX foi acompanhado
da expulsão de muitos camponeses de suas terras, o que fazia com que muitos fossem “fazer a
América” em países como os Estados Unidos, a Argentina e o Brasil.
Para o Império, a entrada destes imigrantes era benéfica não somente para suprir a
demanda por trabalhadores nas lavouras de café diante do lento fim da escravidão, mas também
ia ao encontro de um ideal de embranquecimento em voga no período, inspirado em teorias
racialistas trazidas da Europa, as quais defendiam a superioridade da raça branca sobre outros
povos.
Em 1859 o naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882) publica o livro A Origem das
Espécies, defendendo a teoria de que a evolução dos seres vivos se dava por meio de seleção
natural, processo no qual sobreviviam somente os exemplares mais fortes. Suas ideias acabaram
alimentando o surgimento de uma corrente de pensamento intitulada darwinismo social, que
utilizava o mesmo argumento para justificar a supremacia da Europa sobre os demais continentes.
No Brasil, intelectuais fizeram uso dessas ideias para justificar o atraso do país diante dos países
considerados “civilizados”, afinal, aqui o elemento europeu se encontrava em desvantagem frente
a um grande contingente de indígenas e africanos. Conhecemos essas teorias no Brasil como
Teoria do Embranquecimento.

AULA 15: HB: Do Império à República 22


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

A pintura foi feita pouco depois de declaradas a abolição da escravidão e da instituição da


República no país. No caminho para um suposto
progresso, o Brasil adotava a Europa branca como
referência. Sua população, no entanto, pouco se
assemelhava à europeia. O negro representava, aos
olhos de boa parte da intelectualidade, o passado e o
atraso. Surgiram no século 19 as chamadas teorias
científicas do branqueamento, propondo como
solução para o problema misturar a população negra
com a branca, incluindo os imigrantes europeus,
geração por geração, até mudar o perfil "racial" do
país, de negro a branco. O quadro “A Redenção de
Caim”, reverenciado e premiado em sua época, é
considerado uma representação visual dessa tese.
Literalmente no caso do médico e diretor do Museu
Nacional, João Batista de Lacerda (1846-1915). No
Congresso Universal das Raças, realizado em Londres,
em 1911, a pintura ilustrou um artigo de sua autoria
sobre branqueamento. Ele assim descreveu a
imagem:
“O negro passando a branco, na terceira geração, por efeito do cruzamento de raças”.7
A Redenção de Cam - Modesto Brocos8

Um dos pensadores que mais se destaca no final do


Segundo Reinado é Silvio Romero (1851-1914), médico,
advogado e político sergipense. Diferentemente dos
escritores românticos do início do Segundo Reinado, o autor
acreditava que não era mais possível ignorar as reais
contribuições dos africanos e indígenas na cultura brasileira,
que segundo ele era marcada pela miscigenação. A seu ver,
“o servilismo do negro, a preguiça do índio e o gênio
autoritário e tacanho do português produziram uma nação
informe, sem qualidades fecundas e originais”. Apesar desta
complicada mistura de culturas, Romero acreditava na teoria do darwinismo social, de maneira

7
Link para matéria: https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/06/14/A-tela-%E2%80%98A-
Reden%C3%A7%C3%A3o-de-Cam%E2%80%99.-E-a-tese-do-branqueamento-no-Brasil
8
A Redenção de Cam. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú
Cultural, 2019. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra3281/a-redencao-de-cam>.
Acesso em: 14 de Out. 2019. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

AULA 15: HB: Do Império à República 23


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

que a raça mais evoluída – no caso, a branca – prevaleceria sobre as demais no caráter do
brasileiro. Em suas próprias palavras: “o mestiço é a condição desta vitória do branco, fortificando-
lhe o sangue para habitá-lo aos rigores do clima. É uma forma de transição necessária e útil que
caminha para aproximar-se do tipo superior... Pela seleção natural [...] o tipo branco irá tomando
a preponderância, até mostrar-se puro e belo como no velho mundo.”
SOUZA, Ricardo Luiz de. Identidade nacional e modernidade brasileira: o diálogo entre Sílvio Romero, Euclides da Cunha, Câmara Cascudo e Gilberto Freyre. Belo
Horizonte: Autêntica, 2007. p. 59.

Amparada por estas ideias de hierarquia entre raças, políticos e pensadores do Império
passaram a apoiar a entrada de imigrantes europeus a fim de branquear a população, o que
contribuiria para que fossem atingidos os mesmos padrões de civilidade que os do “Velho Mundo”
europeu. Essencialmente, ocorreram dois modelos de estímulo à imigração: parceria e
subvencionada.
Em 1847, o senador Nicolau Vergueiro (1778-1859) introduziu o sistema de parcerias para
estimular a vinda de europeus, modelo no qual todos os custos das viagens e instalação para o
país eram financiados pelos cafeicultores.
Em troca, os recém-chegados deveriam trabalhar nas lavouras de café até ressarcirem seus
“parceiros”, com juros de 6% ao ano. Também se exigia que estes estrangeiros adquirissem
produtos dos armazéns das fazendas de café, que em geral possuíam preços mais elevados que o
dos centros urbanos. A fazenda Ibicaba em Limeira (SP), de propriedade do senador Vergueiro,
foi a primeira a ser abastecida com imigrantes trazidos por meio de parcerias com sua empresa, a
“Vergueiro & Cia”.
Estas condições mencionadas contribuíam para que as dívidas dos estrangeiros com os
fazendeiros só aumentassem, o que os colocava em situação análoga à escravidão. Os maus tratos
impostos aos imigrantes geraram revoltas e fugas de imigrantes em várias fazendas de São Paulo,
para onde boa parte destas famílias eram encaminhadas. O suíço Thomas Davatz (1815-1888), um
destes emigrados, registraria em seu livro de memórias publicado em 1858:

Os colonos sujeitos a esse sistema de parceria não passam de pobres coitados


miseravelmente espoliados, de perfeitos escravos, nem mais nem menos. Os próprios
filhos de certo fazendeiro não hesitaram em apoiar essa convicção, dizendo que "os
colonos eram os escravos brancos (de seu pai), e os pretos seus escravos negros". E
outro fazendeiro enunciou a mesma crença, quando declarou abertamente aos seus
colonos: "Comprei-os ao Sr. Vergueiro. Os senhores me pertencem".
DAVATZ, Thomas. Memórias de um colono no Brasil. São Paulo: Livraria Martins, 1951. p. 123.

A partir o final da década de 1870 a imigração passa a ser subvencionada, ou seja, os


governos imperial e provinciais se encarregaram de financiar a viagem dos imigrantes para o país.
Como exemplo, podemos lembrar que, em São Paulo, em 1871, o governo aprovou o custeio
integral das passagens dos imigrantes, 8 dias de hospedagem em São Paulo e o transporte até as
fazendas do interior do Estado. No que se refere ao Governo Imperial, em 1888 e 1889 (antes da

AULA 15: HB: Do Império à República 24


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

proclamação da República) assinou 7 contratos com países estrangeiros que garantiam a vinda de
775 mil estrangeiros. Para isso foram divulgadas propagandas na Europa que ofereciam salários
àqueles que aceitassem se estabelecer no “Novo Mundo”.

Desembarque de imigrantes no Brasil

Anos Média anual de entrada de imigrantes

1871-1880 11.000

1881-1885 27.000

1887-1889 32.000

Na prática, isso significou uma intervenção direta do estado sobre o mercado de


trabalho. Alguns especialistas apontam que essa situação, combinada com as teses do
embranquecimento, dificultou a absorção da mão de obra brasileira negra e mestiça
libertas.
A entrada destes novos imigrantes e o eminente fim da escravidão levam o governo a aprovar a
Lei de Terras em 18 de setembro de 1850, 14 dias após a Lei Eusébio de Queirós.

Tratava-se de uma tentativa de regularização da propriedade fundiária no Brasil, instituindo


limites entre terras públicas e privadas ao estabelecer que as terras devolutas, ou seja,
desocupadas, pertenciam ao Estado, e não poderiam ser adquiridas de nenhuma outra forma
senão por meio de compra. Dessa maneira, todas as posses adquiridas após a independência
(1822), assim como as sesmarias concedidas ainda na época da colônia deveriam ser cadastradas
nos Registros Paroquiais de Terras para então serem demarcadas.
O projeto original previa cobrança de impostos sobre as terras registradas, mas os
fazendeiros conseguiram derrubar este item da lei enquanto ela era debatida. Na prática, as
posses nunca foram regularizadas pelos grandes proprietários, de maneira que estes continuaram
a expandir suas propriedades ilegalmente. Suas exigências parecem ter se aplicado somente aos
pequenos agricultores nascidos no Brasil e imigrantes, que tiveram seu acesso à terra restringido.

AULA 15: HB: Do Império à República 25


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Para finalizar esse


capítulo, observe os
dados que mostram a
relação entre pessoas
livres, escravizados e
imigrantes até a década
de 1870. Não esqueça
de que o número de
imigrantes só cresceu
porque a política de
valorização do café e de
estímulo à imigração
vigeu, sobretudo,
durante a 1ª República
brasileira.

(FUVEST 2003)
“Em certo sentido, os portugueses, os espanhóis e os italianos, compondo os
maiores contingentes imigratórios para o Brasil, registrados entre a
Independência e a Primeira Guerra Mundial, satisfaziam as reivindicações dos
dois grupos de pressões nacionais.”
Maria L. Renaux e Luiz F. de Alencastro. História da Vida Privada no Brasil.

Uma das reivindicações atendidas com a entrada desses imigrantes foi a de


a) políticos nortistas para povoar as áreas de fronteira.
b) fazendeiros escravagistas para aumentar a produção canavieira.
c) políticos defensores do “embranquecimento” da população nacional.
d) industriais paulistas para obtenção de mão-de-obra especializada.
e) políticos europeus para solucionar problemas decorrentes da unificação nacional.
Comentários:
A entrada de imigrantes no país foi embasada em teses racialistas que também
desembarcavam no país e justificavam a superioridade do continente europeu em relação

AULA 15: HB: Do Império à República 26


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

aos demais. Diante disso, muitos políticos no país viam como necessário o
“embranquecimento” do país para neutralizar os elementos negro e indígena e “civilizar o
país”. Assim sendo, a alternativa C é a correta. Vejamos as demais alternativas...
- A alternativa A está incorreta, afinal algumas áreas de fronteira, em especial as do sul do
país, foram povoadas pelos próprios imigrantes.
- A produção canavieira encontrava-se em franco declínio desde o período colonial, e por
isso a alternativa B está incorreta. Na verdade, a entrada de imigrantes foi benéfica para os
cafeicultores, sobretudo após a diminuição da oferta de mão de obra escrava.
- Embora as indústrias de São Paulo fossem locais de trabalho para muitos imigrantes no
século XX, o incentivo à vinda de estrangeiros para o país foi decorrente da necessidade de
mão de obra nas lavouras cafeeiras. Dito isso, a alternativa D está incorreta.
- O processo de unificação política da Itália e Alemanha contribuiu para o deterioramento do
modo de vida camponês, o que certamente pode ser considerado um estímulo para a
imigração para a América. Contudo, essa não foi uma demanda de políticos europeus, mas
sim da classe cafeicultora brasileira, carente de mão de obra em suas lavouras. Assim sendo,
a alternativa E está incorreta.
Gabarito: C

3.A POLÍTICA EXTERNA E OS ANTECEDENTES DA CRISE


A questão sobre a posição do Brasil em relação aos outros países configura o que
chamamos de política externa. Para fins de prova há dois aspectos que precisamos estudar:

Bill Aberdeen
com a Inglaterra:
buscar maior
autonomia
Questão Christie

Pol. Externa 2o.


Reinado
Questão da
Cisplatina
c/a América do Sul:
manter a hegemonia
na região
Guerra do Paraguai
(1864-67)

AULA 15: HB: Do Império à República 27


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

3.1 - QUESTÕES COM A INGLATERRA


As relações entre Brasil e Inglaterra não se tornaram mais amistosas após a Lei Eusébio de
Queiróz. O Império de D. Pedro II se comprometeu, de fato, a combater o tráfico negreiro, mas
os britânicos mantiveram sua política de patrulhamento marítimo reforçado com a Lei Aberdeen.
Entre 1860 e 1862, o embaixador inglês instalado no Brasil, William Dougal Christie, foi o
responsável por uma sequência de equívocos diplomáticos que alimentaram duras críticas dos
jornais cariocas. Primeiro, o diplomata tentou abafar o assassinato de um agente alfandegário por
dois marinheiros britânicos no Rio de Janeiro. No ano seguinte, responsabilizou o Brasil pelo roubo
da carga de um navio de seu país, Prince of Wales, no Rio Grande do Sul. Finalmente, em 1862
exigiu indenização do governo brasileiro após dois oficiais britânicos serem presos por
embriaguez, mesmo tendo sido liberados em seguida. Seis dias após a cobrança, navios ingleses
fecharam o porto do Rio de Janeiro e sequestraram cinco navios brasileiros.
A Questão Christie, nome como ficaram conhecidos estes incidentes envolvendo o
embaixador inglês, geraram grande comoção popular, alimentada por um discurso nacionalista, e
a intervenção direta do Imperador para defender a defesa nacional. A quantia de 3.200 libras foi
paga à Inglaterra, mas o governo rompe relações diplomáticas com o país após julgar insuficientes
as explicações dadas para as atrapalhadas ações do embaixador.
Diante do impasse entre os dois países, o imperador Leopoldo I da Bélgica foi solicitado
para mediar o conflito, e acaba por dar ganho de causa ao Brasil, em junho de 1863. Dois anos
depois, a rainha Vitória enviaria um pedido formal de desculpas a D. Pedro II, sendo restabelecidas
relações diplomáticas entre os dois países.

Estudo para Questão Christie, de Victor Meirelles, 1864. Fonte: Museu Nacional de Belas Artes.

AULA 15: HB: Do Império à República 28


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

3.2 - GUERRA DO PARAGUAI E A QUESTÃO DO RIO DO PRATA


No mesmo período em que ocorrem as rusgas com o embaixador britânico, o Brasil se via
cada vez mais envolvido em um eminente conflito na região da bacia do Rio Prata.

Para que você não fique perdido, saiba que o Rio da Prata é um rio de integração comercial
formado pelos rios Paraná, Paraguai e Uruguai. Desde o período colonial, essa região e esses rios
foram alvo de disputas entre as potências ibéricas por servir de escoadouro para a prata que vinha
do Potosí e se dirigia à Europa. Durante o 2º Reinado, o controle sobre a foz do rio da Prata foi
essencial para os interesses brasileiros de manter a livre-navegação - o que favorecia o escoamento
de sua produção e maior integração entre Rio Grande do Sul e Mato Grosso.

Anteriormente, entre 1825 e 1828 o Brasil já havia se envolvido em uma guerra com as
Províncias Unidas do Rio da Prata, tendo em vista o domínio da Cisplatina. No final do conflito a
província tornou-se um Estado independente de ambos, o Uruguai. Vimos esse assunto na aula
sobre 1o Reinado. Contudo, a independência do Uruguai não representou o fim dos conflitos e
disputas pela região, já que ela é estratégica naquela porção territorial.

A Guerra do Paraguai se localiza nessa disputa de interesses!

A história da Guerra do Paraguai começa com os acontecimentos no Uruguai, porque, na


verdade, aqui a elite política estava dividida em dois grupos;

Pecuaristas
Blanco - Oribe
queria a
Recebe apoio
anexação com
da Argentina
a Argentina
Uruguai
Comerciantes
Colorado -
Rivera
queriam livre Recebe apoio
comércio do Brasil

AULA 15: HB: Do Império à República 29


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Vejamos algumas disputas na região do prata que antecedem a Guerra do Paraguai:

1. Na década de 1850 é eleito como segundo presidente do Uruguai Manuel Oribe,


membro do Partido Blanco e apoiado pelo então presidente da Argentina, Juan
Manuel Rosas.

No ano seguinte Oribe é deposto pelo Partido Colorado, o que dá início a uma guerra civil entre
as duas forças, chamada de Guerra Grande (1838-1851). O Brasil se mantém neutro no conflito
até 1851; mas o apoio de Buenos Aires a Oribe passa a ser visto como uma ameaça para os
interesses comerciais de estancieiros gaúchos que possuíam propriedades em território uruguaio
e desejavam manter o livre-comércio na região. Dessa maneira, em maio de 1851 o Brasil se alia
aos colorados do Uruguai e a duas províncias argentinas que não aceitavam o domínio de Buenos
Aires, derrotando as tropas de Manuel Oribe e os blancos no ano seguinte.

2. Em 1863, o Uruguai novamente é palco de disputas envolvendo países externos:


➢ o colorado Venâncio Flores, apoiado por uma inédita aliança entre a Argentina e o
Brasil, derrubam os blancos do poder.
➢ Contudo, os blancos tinham um novo aliado: o ditador do Paraguai, Francisco Solano
López.

Agora fica esperto: a partir desse momento percebemos que os arcos de alianças mudam. E se
inicia a Guerra do Paraguai. Solano López passava a uma postura agressiva que ameaçava a
hegemonia do Brasil na região. Assim, em retaliação à interferência do Brasil no Uruguai, Solano
Lopez captura o barco à vapor brasileiro Marquês de Olinda, que na ocasião levava o Presidente
da província do Mato Grosso. Diante disso, o Brasil rompe relações diplomáticas com o Paraguai.

Pouco tempo depois López invade o sul da província de Mato Grosso, declarando guerra ao
Império em 13 de dezembro de 1864. Ao ter negada a passagem de suas tropas em território
argentino, também declara guerra a este país em março de 1865, invadindo a província de
Corrientes.

Solano López, que há tanto temia a hegemonia da Argentina e do Brasil na região do Prata,
havia cometido um erro de cálculo, afinal os dois países uniram força contra o Paraguai. A essa
dupla se somava o Partido dos Colorados, do Uruguai, sob comando de Flores.

AULA 15: HB: Do Império à República 30


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Em 1º de maio de 1865, os
três assinaram o Tratado da Tríplice
Brasil Aliança, no qual constam os
objetivos da guerra:
❖ a deposição de Solano López;
❖ a livre-navegação no Rio da
Prata;
❖ a anexação de territórios do
Paraguai em litígio com a Argentina
e o Brasil por estes dois países.
O exército do Paraguai era
Uruguai
Argentina
maior que o do Brasil. Apesar de
(colorado) dispor de uma população
significativamente superior a
paraguaia, o Império Brasileiro não contava com um Exército de mesma proporção. Esse foi um
dos motivos pelos quais a Guerra do Paraguai se estendeu por mais de cinco anos.
A Guerra do Paraguai (1865-1870) o maior conflito bélico da história da sul-americana. Ela
terminou com a derrota do Paraguai e a morte de Solano López, que lutou, com todo o país, até
o fim. Ela trouxe graves consequências para todos os seus envolvidos. Vejamos:

✓ Para o perdedor, significou a perda de 40% de seu território, além de ter seu
território ocupado por tropas brasileiras até 1876. Com a destruição da lavoura e da
sua infraestrutura, o país foi completamente devastado. Alguns estudos afirmam que
mais de 800 mil pessoas morreram – quase todos os homens do país.

✓ A Argentina, por sua vez, também teve baixas significativas em sua população, mas
a guerra contribuiu para unificar o seu território, até então ameaçado por províncias
contrárias à hegemonia de Buenos Aires.

✓ Quanto ao Brasil, pelo menos 50 mil de seus soldados foram mortos, sem calcular
aqueles que sucumbiram às doenças que também proliferavam os campos de
batalha. E embora o país tenha conquistado suas pretensões territoriais e se firmado
como maior potência da região, os custos da guerra somaram 11 vezes o orçamento
anual disponível. Apesar disso, houve um estímulo à indústria e certa modernização
tecnológica. Além disso, o Exército agora se encontrava repleto de negros libertos
que haviam sido alforriados para lutarem no conflito, o que acaba por despertar a
sensibilidade da instituição para a questão escravista nos anos seguintes.

AULA 15: HB: Do Império à República 31


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Consequências da
Guerra do Paraguai

Dívida Pública: 11X


o valor do
orçamento anual

Estímulo à Estímulo às
Fortalecimento do
modernização (ind. reformas sociais e
Exército
textil e de armamas) políticas

Nesse sentido, essa situação toda impulsionou uma série de discussões sobre a necessidade
de mudanças no Brasil, sobretudo, no campo político e social. No último ano da Guerra do
Paraguai, em 1870, surgiu o Partido Republicano Paulista. Isso não foi coincidência.
A partir da década de 1870 falamos em um momento de crise do Império.

De certa forma, são os acontecimentos dos anos de 1870 e 1880 que definem a queda da
Monarquia e a Proclamação da República.

(UFU 2015)
Para os historiadores das décadas de 1960 e 1870, o Brasil e a Argentina teriam
sido manipulados por interesses da Grã-Betanha, maior potência capitalista da
época, para aniquilar o desenvolvimento autônomo paraguaio, abrindo um
novo mercado consumidor para os produtos britânicos. A guerra era uma das
opções possíveis, que acabou por se concretizar, uma vez que interessava a todos os
envolvidos. Seus governantes, tendo por base informações parciais ou falsas do contexto
platino e do inimigo em potencial, anteviram um conflito rápido, no qual seus objetivos
seriam alcançados com o menor custo possível. Aqui não há “bandidos” ou “mocinhos”, mas
interesses.
DORATLONO, Francisco. Maldita guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, p. 87-96.
(Adaptado).

AULA 15: HB: Do Império à República 32


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

A Guerra do Paraguai foi o maior conflito militar no qual o Brasil se envolveu em sua história.
Nas novas interpretações dos historiadores para a guerra,
a) tem sido destacada a natureza democrática do governo de Solano López, bem como a
crescente industrialização do Paraguai.
b) tem sido enfatizada a importância do conflito para o fortalecimento do regime monárquico
brasileiro.
c) tem sido valorizada a dinâmica geopolítica interna do continente sul-americano, em
oposição às teorias da responsabilidade externa pela guerra.
d) têm sido destacados os interesses expansionistas brasileiros como a principal causa da
guerra.
Comentários
A – não, Solano Lopes era um ditador, por sinal, implementou no país um sistema de
hierarquia militar e obrigatoriedade de prestação do serviço militar que incluía até as
crianças.
B – afirmação equivocada, pois D. Pedro II não fez uso da Guerra do Paraguai como medida
para fortalecer a monarquia. Pelo contrário, para dar conta do conflito foi preciso mexer em
uma das bases da monarquia brasileira, qual seja, o sistema escravista. E no que ele mexeu
profe? Ele determinou que os negros que fossem para o “fronte” ganhariam a liberdade.
Então, como uma Guerra que passou a enfraquecer pilares do Império Brasileiro pode ser
considerada estratégica para fortalecer esse Império?
C - correta. Ao tratarmos sobre a temática da Guerra do Paraguai, segundo as interpretações
historiográficas mais recentes, observa-se que a Inglaterra estava comercializando com todas
as nações envolvidas no conflito, sendo assim, não devemos ver este fato como puramente
uma questão econômica. Nas novas interpretações sobre a guerra, a disputa geopolítica do
próprio continente (região da Bacia Platina) tem sido alvo dos enfoques, mostrando que as
lutas para a consolidação de fronteiras dentro do continente se apresentavam muito mais
coerentes com o conflito do que as pressões do capital inglês sobre as ações beligerantes.
D – falso, pois o Brasil, a partir de D. Pedro II, estava construindo uma política diplomática
na tríplice fronteira, baseada em negociações que respeitassem as fronteiras de cada nação.
Gabarito: C
(CÁSPER LÍBERO 2018)
Analise as afirmações a seguir e assinale a alternativa correta:
a) Nas quase duas décadas subsequentes à vitória na Guerra do Paraguai, a monarquia
brasileira passou por processo de fortalecimento em que atingiu o auge do seu prestígio
nacional e internacional.

AULA 15: HB: Do Império à República 33


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

b) Entre os inúmeros fatores que enfraqueceram a monarquia brasileira nas suas últimas
décadas, podemos incluir o movimento abolicionista e as aspirações descentralizadoras das
elites provinciais.
c) Dado o enorme prestígio de que desfrutava a monarquia brasileira, as ideias republicanas
jamais tiveram importância no Brasil, nem mesmo às vésperas do dia 15 de novembro de
1889.
d) Na medida em que o Império conseguiu avanços modernizadores na economia, na
administração e na política, ganhou apoio da sociedade e impediu o crescimento do
movimento republicano no Brasil.
e) A solidez da monarquia brasileira decorria do apoio irrestrito dos cafeicultores paulistas,
que não dependiam da mão de obra escrava.
Comentários
Apesar do enunciado não nos fornecer nenhuma informação sobre tempo, espaço e tema,
após ler cada uma das afirmações podemos notar que o tema da questão é o processo de
desgaste da monarquia brasileira na segunda metade do século XIX. Esse período é marcado
pela expansão do café no Sudeste, a ascensão de São Paulo como maior polo econômico do
país, a intensificação dos movimentos abolicionista e republicano e a Guerra do Paraguai,
além de conflitos diplomáticos com a Igreja Católica e outras nações, como a Inglaterra. Com
isso em mente, vamos avaliar cada uma das alternativas:
a) Incorreta. A Guerra do Paraguai (1864-1870) foi um conflito entre Paraguai, de um lado, e
Brasil, Argentina e Uruguai. As principais motivações envolviam as disputas políticas internas
no Uruguai, o controle sobre a navegação na Bacia do Rio da Prata e a política expansionista
do presidente paraguaio Solano López. A monarquia brasileira saiu vitoriosa na guerra, mas
profundamente endividada devido aos custos das batalhas. Além disso, o Exército saiu
fortalecido simbolicamente, pois foi reconhecido por boa parte da população como principal
defensor da nação. Os militares, por sua vez, passaram a cobrar mais participação política
nas instituições. Grande parte deles também passou a simpatizar com as causas abolicionistas
porque lutaram lado a lado de escravizados e libertos brasileiros e soldados estrangeiros de
países republicanos, como Argentina e Uruguai. Em suas críticas à monarquia, esses militares,
assim como os ativistas republicanos e abolicionistas, que cresciam em número naquelas
décadas, costumavam associá-la à manutenção da escravidão e outras opressões e
desigualdades seculares. Por isso, podemos dizer que após a Guerra do Paraguai, a
monarquia brasileira passou por processo de desgaste em que atingiu o “fundo do poço”
do seu prestígio nacional e internacional. Lembre-se também da Questão Religiosa (1872-
1875) e da Questão Christie (1862-1865), que opôs a monarquia à Igreja Católica e à
Inglaterra, respetivamente.
b) Correta! O movimento abolicionista era amplo e diverso, contando com a participação dos
setores mais variados da sociedade. Conforme a resistência dos próprios escravizados contra
a escravidão se radicalizou, nesse período, o abolicionismo se popularizou. Entretanto, cada

AULA 15: HB: Do Império à República 34


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

setor da sociedade ou grupo político aderia ao abolicionismo por motivações e projetos


próprios. Alguns, temiam que uma guerra civil ou revolução escrava sanguinária eclodisse;
outros acreditavam que a escravidão era um sistema que atravancava a economia do país e
o trabalho assalariado era mais lucrativo para os próprios patrões; outros ainda que
defendiam que o cativeiro devia ser extinto, mas gradualmente para não causar uma crise
ainda maior e prejudicar a elite econômica; enfim, havia também aqueles que afirmavam que
a abolição era apena os primeiro passo para o progresso da nação e o fim das injustiças
sociais e o seguinte seria o advento da república. Quando o abolicionismo se ampliou e a
propaganda ficou mais radical, nos anos 1880, sobretudo nos lugares com maior tradição
republicana, como São Paulo, a monarquia era frequentemente associada à manutenção da
escravidão. Por outro lado, ao tentar virar o jogo em 1888, com a Lei Áurea, a Princesa
Regente acabou perdendo o apoio de boa parte das oligarquias rurais que ditavam os rumos
da economia do país. Por outro lado, a relação da monarquia brasileira com essas oligarquias
e com as elites econômicas de cada região sempre fora tensa, desde seu nascimento com a
independência em 1822. Lembra do tanto de revoltas regionais que vimos nas Aulas 12, 13
e 15? Pois é, em várias ocasiões algumas regiões do Brasil tiveram atritos com o governo
imperial, por discordar de certas políticas econômicas, fiscais e institucionais, ou seja, pautas
relacionadas a maior autonomia econômica e política. Veja, em geral, o governo imperial
beneficiava muito mais um seleto grupo de poderosos e ricos fazendeiros e empresários de
regiões do país mais interessantes para si. Quem ficava de fora, ficassem sem verbas estatais
para projetos locais, frequentemente eram mais taxados e tinham pouco espaço para
reclamações ou questionamentos nas vias institucionais. O próprio resultado do processo de
abolição, em 1888 é um exemplo dessa dinâmica. Ao longo do Segundo Reinado, a
monarquia se projetara com o apoio da elite cafeeira e escravocrata em ascensão e, ao
assinar a Lei Áurea para cooptar o apoio popular, perdeu a aliança dos cafeicultores e todos
os escravocratas remanescentes nas oligarquias mais poderosas. O que a família imperial não
esperava que o apoio popular não estava tão garantido quanto havia imaginado. O
republicanismo era forte em diferentes partes importantes do país e agora contava com o
apoio dos ex-senhores enfurecidos com a abolição sem indenização à eles.
c) Incorreta. Como mencionei acima, a relação entre a monarquia e as diferentes elites
regionais variava. Aquelas que se sentiam preteridas na divisão do poder e dos privilégios
comumente aderia a movimentos revoltosos, não raro de caráter republicano. Lembre-se das
várias revoltas em Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul ao longo do século XIX, apenas
para citar algumas. Nas décadas de 1870 e 1880, o republicanismo estava ainda mais popular.
Crescia principalmente em São Paulo onde se misturava com o abolicionismo.
d) Incorreta. Na verdade, esses avanços não tiveram resultados duradouros. O Segundo
Reinado viveu apenas um curto período de relativa estabilidade entre os anos 1850 e meados
da década de 1860. A expansão do café possibilitou operar a modernização da economia,
por meio de reformas fiscais, empréstimos com bancos ingleses e a substituição de
importações. No entanto, uma série de crises diplomáticas com a Igreja Católica, Inglaterra
e outros países sul-americanos, a monarquia sofreu um grande desgaste político, além de se

AULA 15: HB: Do Império à República 35


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

endividar profundamente. Não se esqueça que as revoltas escravas e o abolicionismo


cresciam enquanto isso. Como já disse, em alguns lugares essas pautas se misturavam com
o republicanismo, o que contribuiu para o maior questionamento sobre a permanência da
monarquia no poder.
e) Incorreta. Na realidade, os cafeicultores dependiam da mão de obra escravizada, assim
como a monarquia dependiam deles para manter a estabilidade do governo. Por isso mesmo
quando a Princesa Regente assinou a Lei Áurea, a família imperial perdeu o apoio dos
cafeicultores, que aderiram ao republicanismo em massa. Não à toa, pouco mais de um ano
depois, em 15 de novembro de 1889, muitos deles apoiaram o golpe dos militares que
proclamou a república.
Gabarito: B

4. CRISE DO IMPÉRIO
A crise do regime monárquico é, de certa forma, resultado das transformações que
ocorreram a partir da segunda metade do século XIX. Muitas demandas novas foram surgindo e,
em geral, aquele regime aristocrático e escravocrata não dava mais conta de organizar a
sociedade.
Como já vimos nesta aula, desde a segunda metade do século XIX, ocorreu o florescimento
da produção cafeeira, a qual impulsionava importantes mudanças internas, como a expansão da
malha ferroviária e, com ela, a urbanização e o crescimento das cidades. A verdade é que o café
gerou uma diversificação das atividades econômicas – como no sistema produtivo, nos
transportes, no sistema bancário e financeiro (como a Bolsa do Café, em Santos-SP).
Em meados do século XIX, houve mudanças na forma de produzir e de distribuir riqueza no
Brasil. Até então, a predominância tradicional de acúmulo de riqueza estava na propriedade de
escravos e de terras (independentemente se produtivas ou não). A partir de 1870 ocorre uma
mudança importante nessa composição. O grande capital é acumulado por força dos ativos de
produção e de circulação do café.
Com o declínio do tráfico de escravos – fruto da pressão internacional e de movimentos
abolicionistas nacionais – os proprietários de terra e o governo Imperial se viram diante de um
dilema: como conseguir trabalho assalariado?
A cultura escravagista presente no país combinada com a influência da teoria darwinismo
social logo descartou a possibilidade de transformar o negro escravo em trabalhador assalariado.
Por isso, uma parte da elite econômica, apostou nos imigrantes.
O professor Renato Perissinoto, da Universidade Federal do Paraná (UFPR), explica:

AULA 15: HB: Do Império à República 36


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

“Esse processo de transformação na composição dos ativos mais importantes [café e


trabalho assalariado] revela a ascensão de formas de riqueza mais modernas na medida
em que se torna mais diversificada e complexa a economia cafeeira”9.

Nesse cenário, a estratificação social se torna mais complexa, pois surge o trabalhador livre
da cidade, a classe média, o comerciante, o banqueiro, entre outros. O cafeicultor se moderniza
e vai buscar nas atividades bancárias, financeiras, e até industriais, a possibilidade de expansão
dos seus negócios, como explica a economista Zélia Maria Cardoso de Mello 10. Assim, é possível
afirmar que a mudança na estrutura econômica gerou uma alteração na estrutura social brasileira.
Entenderam?
Esses novos atores, nesse novo cenário, surgidos dessa diversificação econômica, estavam
mais abertos a incorporar as ideias liberais que chegavam pela força da experiência histórica do
contexto mundial (EUA, Inglaterra e França).
Com efeito, foram esses personagens, especialmente os cafeicultores, que iniciaram a
pressão sobre o Governo Monárquico de Dom Pedro II no sentido de exigir reformas e
transformações políticas e administrativas para adaptar o Estado brasileiro aos novos tempos de
dinamismo no mercado internacional e na demanda interna.
Quanto mais o tempo passava, mais a exigência por mudanças se ampliava. Como resposta,
a Monarquia de Dom Pedro II apresentou alternativas via reformas para tentar conter ideias
republicanas, as quais, na prática, chocavam-se com o governo monárquico. Um pouco antes de
1889, o Ministro do Império, Visconde de Outro Preto, apresentou um programa de reformas que
incluía:

9
Classes dominantes e hegemonia na República Velha. Ed. da Unicamp, 1994.
10
Metamorfoses da riqueza. São Paulo 1845-1895. Ed. Hucitec/Secretaria Municipal de Cultura de São
Paulo, 1985.

AULA 15: HB: Do Império à República 37


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

I- Concessão de autonomia às províncias e aos


Ministros;

II- Estabelecimento de temporalidade no Senado,


pois o cargo de Senador era vitalício (o político era
eleito Senador e ficava no cargo até morrer);

III- Criação e créditos para fornecer recursos ao


comércio e, principalmente, à lavoura.

IV- Sistema eleitoral não censitário.

Em 1881 o governo brasileiro aprovou uma reforma eleitoral introduzindo duas mudanças
que restringiram ainda mais os direitos políticos no país:
a substituição da eleição em dois turnos pelo voto direito, o que eliminava a distinção
existente até então entre votantes (escolhiam os eleitores) e eleitores (escolhiam os
deputados);
a proibição do voto do analfabeto. Vale a pena relembrar como eram as eleições
antes da aprovação da reforma:

1° turno: 2º turno:
Votantes Eleitores

•renda mínima anual • nascidos livres com


de 100 mil-réis. renda mínima anual
de 200 mil-réis

AULA 15: HB: Do Império à República 38


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

✓ Além dos analfabetos, outros grupos também não poderiam votar:

Em 1872, 1.097.698 indivíduos eram votantes, o que equivalia a 10,8% da população brasileira,
considerando também os escravizados. Já em 1886, portanto após a reforma eleitoral, o número
de eleitores é de apenas 117.022, o equivalente a 0,8% da população brasileira. Ou seja, no Brasil,
havia mais analfabetos do que pobres.

Porém, as pequenas reformas não foram capazes de salvar a Monarquia de Dom Pedro II.
Nem de longe essas medidas respondiam aos anseios por mudança.
A cobrança por mudanças foi impulsionada, de maneira determinante, por dois importantes
movimentos que já se desenvolviam desde a primeira metade do século XIX no Brasil:
os movimentos Abolicionistas.
o Movimento Republicano.

AULA 15: HB: Do Império à República 39


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

É na década de 1880 que eles ganham força e encontram as melhores oportunidades para
se fortalecerem em meio ao complexo cenário político, social e econômico de ruína do Império.

(FUVEST-2017)
No Brasil, do mesmo modo que em muitos outros países latino americanos, as décadas de
1870 e 1880 foram um período de reforma e de compromisso com as mudanças. De maneira
geral, podemos dizer que tal movimento foi uma reação às novas realidades econômicas e
sociais resultantes do desenvolvimento capitalista não só como fenômeno mundial mas
também em suas manifestações especificamente brasileiras. Emília Viotti da
Costa,“Brasil:aeradareforma,1870 1889”.In:Leslie Bethell, História da América
Latina,v.5.SãoPaulo:Edusp,2002.Adaptado.
A respeito das mudanças ocorridas na última década do Império do Brasil, cabe destacar a
reforma
a) eleitoral, que, ao instituir o voto direto para os cargos eletivos do Império, ao mesmo
tempo em que proibiu o voto dos analfabetos, reduziu notavelmente a participação eleitoral
dos setores populares.
b) religiosa, com a adoção do ultramontanismo como política oficial para as relações entre o
Estado brasileiro e o poder papal, o que permitiu ao Império ganhar suporte internacional.
c)fiscal, com a incorporação integral das demandas federativas do movimento republicano
por meio da revisão dos critérios de tributação provincial e municipal.
d) burocrática, que rompeu as relações de patronato empregadas para a composição da
administração imperial, com a adoção de um sistema unificado de concursos para
preenchimento de cargos públicos.
e) militar, que abriu espaço para que o alto comando do Exército, vitorioso na Guerra do
Paraguai, assumisse um maior protagonismo na gestão dos negócios internos do Império.
Comentário
Esta questão é considerada difícil pois ela aborda assunto super específico. Nenhuma das
alternativas, em uma primeira visão, parece com uma reforma que poderia ser proposta por
uma monarquia constitucional, não é mesmo? Mas, se você colocar isso no exato contexto
da crise do Império, vai acabar chegando à conclusão, que as reformas propostas pelo
Governo tinham a intenção de atender as reivindicações dos grupos de oposição. Contudo,
essas reformas foram muito tímidas e não atingiam a estrutura centralizadora do poder do
Imperador D. Pedro II. Assim, os itens B, C, D, E estão errados pois representam as demandas
que poderiam mudar justamente esta estrutura. O item A está certo porque foi uma das

AULA 15: HB: Do Império à República 40


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

reformas propostas. A partir dela não existiria mais o voto censitário (por renda), mas
impunha o critério da alfabetização. Com isso, até mesmo homens ricos deixaram de ter o
direito ao voto, pois no Brasil a população era majoritariamente analfabeta – inclusive, os
abastados.
Gabarito: A

4.1 - O MOVIMENTO ABOLICIONISTA E O PROBLEMA DA MÃO DE OBRA


É dentro dessa discussão sobre as transformações econômicas e sociais experimentadas no
Brasil nas décadas de 1870 e 1880 que devemos entender o problema do trabalho escravo.
Como vimos, desde o início do século XIX, a Inglaterra pressionava o Brasil pelo fim da
escravidão. Na Independência, em 1822, em troca do reconhecimento oficial da emancipação do
Brasil pelo Governo Inglês, Dom Pedro I se comprometeu com o país britânico a eliminar o
trabalho escravo até 1830. Evidentemente, esse acordo não saiu do papel, pois, como vimos, a
propriedade de escravos era a principal fonte de riqueza dos senhores de terras naquela época.
Mas a Inglaterra não desistiu até que, em 1845, o Parlamento inglês aprovou a Lei Bill Aberdeen.
Com medo do impacto dessa medida, nos primeiros anos que se seguiram à Bill Aberdeen,
o comércio negreiro foi intensificado.
Nesse processo, é importante lembrar que os ingleses possuíam inúmeros negócios no
Brasil, especialmente ligados ao transporte e à exportação. Por isso, detinham grande capacidade
de exigir mudanças nas
relações de trabalho Evolução da população escrava depois da Lei
internas. Foi por meio Eusébio de Queiróz
desse “lobby” que, em
1850, D. Pedro II assinou a
700.0…
Lei Eusébio de Queiróz.
Como vimos, a partir 2.500.000
1.510.000
desse momento, iniciava-
se, no Brasil, a transição do
trabalho escravo para
outras formas de trabalho.
O gráfico ao lado
demonstra a diminuição 1850 1872 1888
gradual da escravidão.

Do ponto de vista econômico, essa transição na forma de empregar a mão de obra teve
impactos positivos uma vez que os capitais investidos nesse tipo de negócio foram transferidos
para outras atividades, contribuindo para a diversificação da economia, em especial, para o
comércio e os serviços e, em menor escala, para o pequeno empreendimento industrial. Assim:

AULA 15: HB: Do Império à República 41


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

mais homens livres em uma economia mais diversificada. Contudo, os grupos ligados à Monarquia
resistiram às pressões internas e externas que exigiam o fim da escravidão.
Para responder e enfrentar essa resistência, em contrapartida, fortaleceu-se o Movimento
Abolicionista. Nesse sentido, podemos falar em um “processo abolicionista”, já que a libertação
total dos escravos viria apenas em 1888, com a Lei Áurea.
O quadro abaixo mostra as leis abolicionista que marcaram esse período:

1888: Lei
Áurea
1885: Lei do
Sexagenário
1871:Lei do
ventre Livre
1850: Lei
Eusebio de
Queirós

O Movimento Abolicionista no Brasil, a exemplo do movimento existente na Inglaterra,


defendia o fim da escravidão negra por razões de dois tipos:

Argumentos para o
fim da escravidão

Econômico Humanitário

Leia abaixo um trecho de artigo publicado pelo Professor de História da UFRJ, Manolo
Florentino:

Quando se trata de avaliar os motivos da pressão inglesa pelo fim do tráfico atlântico
de escravos, paira nos bancos escolares do ensino médio o estigma do “Ocidentalismo”
– crença que reduz a civilização ocidental a uma massa de parasitas sem alma,
decadentes, ambiciosos, desenraizados, descrentes e insensíveis. Não podem ser
levadas a sério teses que vinculam a ação britânica a imaginárias crises econômicas do
cativeiro no Caribe na passagem do século XVIII para o seguinte. O tráfico seguia
lucrativo e não passava pela cabeça de nenhum líder inglês sério que a demanda
americana por bens britânicos pudesse aumentar com o fim da escravidão. Mas tudo
isso continua a ser ensinado aos nossos filhos e netos. O abolicionismo britânico tinha

AULA 15: HB: Do Império à República 42


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

natureza cultural e política. Na vanguarda do movimento estavam ativistas que não


abriam mão da crença na unidade do gênero humano, com destaque para os quakers,
que rejeitavam o uso da violência com o mesmo empenho com que recusavam qualquer
sacramento ou hierarquia eclesiástica. Tratando-se de convencer por meio da palavra e
de petições antiescravistas, ajudava contar com uma sólida tradição parlamentar,
desfrutar de liberdade de imprensa e circular pela eficiente rede inglesa de
comunicações. Mas o pulo do gato do mais ambicioso projeto de persuasão política
surgido no Ocidente antes do advento do marketing moderno foi insistir no sofrimento
do africano como metáfora do arbítrio vivido pelo inglês comum – o único meio de
escamotear o fator racial que os apartava. O rapto de cidadãos reproduzia as
tripulações da mais poderosa Marinha do mundo – dezenas de milhares de homens
foram capturados por gangues armadas do serviço naval durante as guerras
napoleônicas. Do mesmo modo, ainda no plano das sensibilidades, as terríveis
condições materiais das primeiras gerações de operários britânicos estabeleciam
pontes entre as trajetórias do inglês comum e as dos milhares de escravos capturados
na África. Eis o fermento para a abolição do tráfico em 1807, da escravidão na década
de 1830 e da legitimação moral dos aprisionamentos feitos pela Royal Navy até a
segunda metade do século. (Sensibilidade Inglesa. Revista de História da Biblioteca
Nacional nº 32. Maio, 2008. pp. 17)

No Brasil, portanto, o Movimento Abolicionista reuniu pessoas dos mais diversos grupos
sociais, com interesses distintos, como a compositora Chiquinha Gonzaga, o jornalista e advogado
Luís Gama (libertou mais de 500 escravos), o engenheiro André Rebouças, o intelectual Joaquim
Nabuco, o advogado Ruy Barbosa, o escritor Castro Alves – conhecido como o poeta “dos
escravos e da Liberdade”-, o jornalista José do Patrocínio, o jurista Tobias Barreto, a aristocrata
cearense Maria Tomásia Figueira Lima, a primeira escritora abolicionista Maria Firmina dos Reis,
entre tantos outros11.
Em razão dessa variedade de segmentos sociais, mesmo influenciados pelos ideais liberais
e pelo abolicionismo inglês, veremos que existiram diferentes projetos para colocar fim à
escravidão. Vejamos:

http://www.senado.gov.br/noticias/jornal/arquivos_jornal/arquivosPdf/encarte_abolicao.pdf.
11
Acesso
em 20-12-2018.

AULA 15: HB: Do Império à República 43


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Solução geral e totalmente libertadora, defendida pelos setores médios e


pelos profissionais liberais da sociedade brasileira. Pautada exclusivamente
em razões humanitárias, defendia-se a abolição total por meio de uma Lei
Nacional e sem prever indenização monetária aos proprietários

Solução Federalista, defendida pelos cafeicultores republicanos. Previa-se


que a solução para o fim da escravidão caberia ao Governo de cada Província
(Estado) com a devida indenização aos proprietários de escravos.

Solução pela reforma agrária, defendia pelo engenheiro André Rebouças


o qual pretendia dar terras aos negros libertos.

Baseado na lei que colocou fim definitivo ao uso da mão de obra escrava, podemos afirmar
que foi uma articulação entre as duas primeiras propostas, já que a Lei Áurea foi de caráter
Nacional – portanto, válida para todas as Províncias – deixou uma porta aberta para as
indenizações aos antigos proprietários. Quanto a proposta de Rebouças, sequer foi discutida.
Além disso, no contexto que estudamos, o Movimento Abolicionista, ao criticar o uso de
trabalho escravo da população negra e parda, acabava por estender a oposição ao regime político
Monárquico, pois, também direcionava críticas à arcaica forma política centralizadora – modelo
este avesso à participação política de outros setores da sociedade.

Por tudo isso, o abolicionismo fortaleceu (reforçou) outro movimento crítico ao Império, qual seja:
o Republicanismo.
Foi a experiência histórica do encontro das trajetórias desses dois movimentos, os quais
contribuíram decisivamente para a ruína do Império Monárquico.
Ademais, a proximidade das datas, 1888 e 1889, é uma forte evidência de que os dois fatos fazem
parte do mesmo processo histórico.

Então, passemos a análise do Movimento Republicano para verificar se a afirmação acima


está correta. Força, vamos lá!

Apesar de a Lei Áurea ter sido assinada pela Princesa Isabel, a abolição no Brasil estava longe de
ser uma benevolência da Monarquia. Na verdade, foi resultado de diversos fatores, entre eles, o
crescimento do Movimento Abolicionista, como acima destacado. Entre as formas de resistência,
estavam grandes embates parlamentares, manifestações artísticas, até revoltas e fugas massivas
de escravos, que a polícia e o Exército não conseguiam reprimir. Em 1884, quatro anos antes da
abolição geral no Brasil, os Estados do Ceará e do Amazonas acabaram com a escravidão, fato
que fortaleceu o movimento.

AULA 15: HB: Do Império à República 44


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(UVA 2015)
Na Campanha Abolicionista, marco da transição do escravismo para o capitalismo no Brasil:
a) não teve influência a inserção do Brasil na divisão internacional de trabalho, estabelecida
no século XIX.
b) destacou-se a Lei Eusébio de Queirós, para cuja assinatura influiu, além das pressões
inglesas, o processo de endividamento da classe proprietária brasileira para com os traficante
de escravos.
c) a imigração foi considerada desnecessária para a solução da crise de mão-de-obra na
cafeicultura.
d) a ausência do Estado na condução do processo representou o respeito à propriedade
privada.
Comentários:
A Campanha Abolicionista existe desde a época em que o Brasil se tornou independente de
Portugal. Porém, sem forças, o movimento só começou a ganhar destaque a partir de 1870,
quando o vários setores da sociedade brasileira passaram a defender o fim da escravidão,
como os militares, os setores republicanos de classe média e alguns das elites, como os
cafeicultores paulistas. Muito se deve por fatores externos, o Brasil tentava se adaptar a nova
divisão internacional do trabalho que surgia em meio a Segunda Revolução Industrial. Dessa
forma, pressionado, o Governo criou de maneira gradual e lenta de acabar a escravidão,
eram as leis abolicionistas - como a Lei Eusébio de Queiróz (1850), Lei do Ventre Livre (1871)
e Lei do Sexagenário (1885). Estas acabaram minando a sustentabilidade da mão de obra
escrava no Brasil, porém sem abolir a escravidão de fato, que só ocorreu em 1888 quando
foi promulgada a Lei Áurea, libertando os escravos.
Assim, sobre a Campanha Abolicionista, vejamos qual afirmação está correta:
a) Incorreto. A Segunda Revolução Industrial inseriu diversos países sul-americanos na nova
Divisão Internacional do Trabalho. Enquanto os países industriais compravam matéria-prima
dos países agrários, estes compravam produtos industrializados europeus. Porém, para que
pudesse aumentar a demanda de consumo na América do Sul, era necessário abolir a
escravidão e inserir a mão de obra assalariada na região, para que o consumo interno
aumentasse.
b) Correto. A Lei Eusébio de Queirós foi a primeira efetiva, inserida no contexto da
Campanha Abolicionista. Ela foi criada após os ingleses proibirem qualquer tipo de comércio
transatlântico de escravos, em 1845. Além disso, muitos proprietários de escravos estavam
devendo para os traficantes negreiros.
c) Incorreto. A mão-de-obra imigrante foi uma política de Estado aplicado pelo Império
brasileiro para que entrassem trabalhadores brancos no país. Era um projeto
“embranquecedor” e “civilizador” do Brasil. Vale ressaltar que nessa época surgia na Europa
a ideia de Darwinismo Social, em que certas etnias e raças eram consideradas mais civilizadas

AULA 15: HB: Do Império à República 45


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

que outras. Portanto, a raça branca caucasiana era a considerada pelos europeus como a
mais evoluída.
d) Incorreto. O Estado brasileiro passou a regular as terras públicas e privadas do país em
1850, logo em seguida a criação da lei Eusébio de Queiroz. Assim, todas as terras que
estivessem desocupadas seriam pertencentes ao Estado, e sua aquisição só poderia ser feita
pela compra. Porém, isso não afetou os grandes latifundiários continuassem expandindo suas
propriedades. O efeito dessa medida, em sua maioria, só foi sentido em pequenos
agricultores, imigrantes e povos originários.
Gabarito: B

4.2 - O MOVIMENTO REPUBLICANO


Vamos falar sobre o Movimento Republicano, que impulsionou o surgimento dos partidos
republicanos em diversas províncias, a partir dos anos de 1870?
No espectro do ideário desse Movimento cabiam concepções muito distintas sobre o que
seria a República Brasileira. Veja:
discurso radical e democrático.
pela defesa de um liberalismo moderado federalista
por uma centralização de poder positivista e nacionalista.
Na sequência, vamos em busca de decifrar esse caleidoscópio político que foi o
republicanismo das últimas duas décadas do Império.

Para tanto, preste atenção na explicação sobre a adesão dos diferentes grupos aos
republicanismo, particularmente, dos cafeicultores paulistas e dos militares do Exército. Adiante!

É importante lembrar que, diferentemente dos dias atuais, não existiam os partidos
nacionais. As agremiações partidárias eram regionalizadas. Assim, surgiu o Partido Republicano
Fluminense, o Partido Republicano Paulista, o Partido Republicano Mineiro, entre outros. Esses
são os mais importantes e nos indicam que o republicanismo estava diretamente relacionado com
as transformações econômicas e sociais impulsionadas pela produção cafeeira e pelas ideias
liberais.
É verdade que as ideias republicanas já circulavam no Brasil desde o final do século XVIII
nos movimentos de emancipação brasileira – como a Inconfidência Mineira, A Conjuração Baiana,
a Farroupilha e a Revolução Praieira. Contudo, o Movimento Republicano da década de 1870
diferencia-se por
✓ articular a queda da Monarquia
✓ o fim da escravidão
✓ a crítica à vitaliciedade do Senado
✓ a defesa de maior autonomia política nas Províncias (estados)

AULA 15: HB: Do Império à República 46


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

✓ sem, contudo, romper com a integridade do território nacional


✓ tiveram expressão por meio de Partidos
O movimento ganhou dimensões públicas, em 1870, quando os republicanos publicaram,
na imprensa carioca, o Manifesto Republicano. Vamos ler um pedacinho desse texto.

DICA: #Na leitura, grife as palavras e expressões que fazem referência ao


ideário liberal, assim encontrará características do republicanismo brasileiro.12
“AOS NOSSOS CONCIDADÃOS
É a voz de um partido a que se alça hoje para falar ao país. E
esse partido não carece demonstrar a sua legitimidade. Desde que a reforma,
alteração, ou revogação da Carta outorgada em 1824, está por ela mesma prevista e autorizada,
é legítima a aspiração que hoje se manifesta para buscar em melhor origem o fundamento dos
inauferíveis direitos da nação. Só à opinião nacional cumpre acolher ou repudiar essa aspiração.
Não reconhecendo nós outra soberania mais de que a soberania do povo, para ela apelamos.
Nenhum outro tribunal pode julgar-nos: nenhuma outra autoridade pode interpor-se entre ela e
nós. Como homens livres e essencialmente subordinados aos interesses da nossa pátria, não é
nossa intenção convulsionar a sociedade em que vivemos. Nosso intuito é esclarecê-la. Em um
regime de compressão e de violência, conspirar seria o nosso direito. Mas, no regime das ficções
e da corrupção em que vivemos, discutir é o nosso dever. As armas da discussão, os instrumentos
pacíficos da liberdade, a revolução moral, os amplos meios do direito, posto ao serviço de uma
convicção sincera, no nosso entender, para a vitória da nossa causa, que é a causa do progresso
e da grandeza da nossa pátria. A bandeira da democracia, que abriga todos os direitos, não repele,
por erros ou convicções passadas, as adesões sinceras que se lhe manifestem. A nossa obra é uma
de patriotismo e não de exclusivismo, e, aceitando a comparticipação de todo o concurso leal,
repudiamos a solidariedade de todos os interesses ilegítimos.“

Em poucos anos, o Movimento cresceu em direção ao Oeste Paulista e atingiu um setor


economicamente poderoso: os cafeicultores. Estes eram adeptos do federalismo, especialmente
porque viam na centralização política da Monarquia uma barreira para a modernização econômica
do Brasil e para os negócios do café. Em 1873, em Itú, no interior do Estado de São Paulo, os
cafeicultores aderiram ao Movimento e lançaram o PRP – Partido Republicano Paulista13.

12
Para ler o Manifesto republicano inteiro, você pode acessar o link:
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/3817523/mod_resource/content/2/manifesto%20republicano
%201870.pdf
13
Para saber mais, acesse http://www.itu.com.br/artigo/registros-da-convencao-republicana-de-itu-de-
1873-20151109.

AULA 15: HB: Do Império à República 47


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Há um elemento na formação do Partido Republicano Paulista que o diferenciava


dos republicanos cariocas e eu gostaria de chamar sua atenção. A professora
Wilma P. da Costa nos ensina que,
“Enquanto que, no Rio de Janeiro, o Partido Republicano reunia principalmente
os quadros extraídos das camadas médias urbanas e da jovem intelectualidade
inquieta, para quem a República se fazia sinônimo da democracia e da modernidade, em São Paulo
ele se constituía principalmente de sólidos e moderados proprietários rurais, muitos deles
possuidores de escravos, para quem a República era principalmente descentralização.”
Assim, em São Paulo, uma parte dos cafeicultores – especialmente os produtores do interior do
estado – tinham uma perspectiva que chamamos de conservadora em relação ao ideário liberal.
Por exemplo, não adotavam a tese do abolicionismo ligado aos direitos civis – tal como
preconizava os liberais ingleses. Por isso, defendiam a indenização no caso de eventual abolição
da escravatura e substituição da mão de obra negra pela imigrante branca europeia. Não
concordavam com os métodos retórico e discursivo dos republicanos cariocas – que defendiam
uma república mais igualitária no que se refere aos direitos civis e políticos (modelo Francês).
Apesar das diferenças com a essência do republicanismo e com o liberalismo, os cafeicultores
paulistas estavam certos de que a modernização brasileira só seria alcançada por meio do fim da
Monarquia e da abolição da escravidão. Porém, como veremos na próxima aula sobre História do
Brasil, esse grupo tentará conquistar grande influência no governo, tornando-se o próprio Estado.
Mas esse já é assunto para aula de República Velha (1889-1930).
Por agora, quero que você guarde que o PRP foi formado por setores do liberalismo radical e dos
conservadores os quais formaram um programa moderado.
Tome nota dessa análise, pois será muito útil para você entender as disputas da primeira República
e a formação da República do café com leite (1894-1930), que estudaremos nas próximas aulas
sobre Brasil.

AULA 15: HB: Do Império à República 48


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(FUVEST-2004)
"Firmemos, sim, o alvo de nossas aspirações republicanas, mas voltemo-
nos para o passado sem ódios, sem as paixões efêmeras do presente, e
evocando a imagem sagrada da Pátria, agradeçamos às gerações que nos
precederam a feitura desta mesma Pátria e prometamos servi-la com a mesma dedicação,
embora com as ideias e as crenças de nosso tempo." Teixeira Mendes, 1881. De acordo
com o texto, o autor:
a) defende as ideias republicanas e louva a grandeza da nação.
b) propõe o advento da república e condena o patriotismo.
c) entende que as paixões de momento são essenciais e positivas na vida política.
d) acredita que o sistema político brasileiro está marcado por retrocessos.
e) mostra que cada nova geração deve esquecer o passado da nação.
Comentário

AULA 15: HB: Do Império à República 49


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

O texto enfatiza a concepção do movimento republicano paulista da segunda metade do


século XIX no Brasil. Propõe a República, mas não descarta a continuidade da ideia de Pátria,
tal como foi defendida pelos brasileiros que o precederam. Assim, percebemos que o trecho
do enunciado busca a continuidade do velho Brasil em meio a pitadas de mudanças. Ao
propor a volta ao passado sem ódio, na verdade, procura responder ao argumento dos
republicanos radicais que defendiam a abolição por razões humanistas.
Gabarito: A

Apesar da inovação política representada pelos novos partidos, segundo a professora


Wilma Peres Costa, “não havia um vigoroso movimento de opinião pública favorável à mudança
do regime político”. Assim, foi a adesão do Exército ao ideário republicano, que popularizou a
ideia e ampliou o escopo de apoio social ao projeto.
Antes da Guerra do Paraguai (1864-1870), o Exército era uma instituição fragmentada,
desorganizada, com baixo investimento e sem prestígio entre a classe política aristocrática.
Historicamente, a monarquia esteve ligada à Marinha. Quanto à manutenção da ordem interna,
esta estava a cargo da Guarda Nacional – comandada pelos coronéis donos de terra e composta,
majoritariamente, por filhos da elite política aristocrática. Contudo, com o comando de Duque de
Caxias e a vitória do Brasil sobre o Paraguai, o Exército passou a outro patamar no contexto de
crise do Império e, assim, alcançou um papel político relevante.
O processo de recrutamento das classes médias e mesmo das classes populares se
intensificou durante a Guerra do Paraguai por meio de duas estratégias do governo de Dom Pedro
II:
✓ criação do Programa Voluntários da Pátria, com vantagens de soldo e gratificação para
pessoas entre 18 e 50 anos;

✓ e o decreto que trocava o alistamento voluntário de escravos por liberdade ao final da


guerra.
Assim, como vimos, a Guerra do Paraguai teve como principal consequência o
fortalecimento e a institucionalização do Exército.
A partir desse momento, a incorporação a essa instituição passou a ser uma oportunidade
profissional – e, portanto, social – concreta para os filhos recrutadas das classes sociais mais baixas.
Além disso, e não menos importante, querido aluno e querida aluna, o recrutamento de
escravos e sua posterior libertação acentuava a disparidade entre as ideias liberais que se
espalhavam e a forma aristocrática e patrimonialista como o Estado brasileiro estava organizado.
Muitos historiadores afirmam que a Guerra do Paraguai foi, em certa medida, um fortalecimento
das demandas abolicionistas nas fileiras da corporação.
O professor Jaime Rodrigues ensina:

AULA 15: HB: Do Império à República 50


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

“Assim, foi apenas na década de 1860 e principalmente depois da Guerra do Paraguai


que surgiram fortemente debates em torno do fim da escravidão. Até então, a abolição
sequer era um assunto levado a sério nas principais instâncias políticas do país.”14

Mas essas mudanças não se deram apenas por força da vitoriosa, contraditória e sofrida
campanha na região do rio da Prata. Desde 1850, houve um investimento, ainda que tímido, na
organização da corporação. Os critérios de acesso e ascensão na carreira baseavam-se
centralmente na meritocracia e na instrução. Por isso, foram organizadas escolas militares – com
destaque para a Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. Com isso, minimizavam-se o
controle político no processo de incorporação e a ascensão aos principais cargos de comando da
Instituição. Por outro lado, formava-se uma nova elite intelectual: o bacharel militar.
Veja o que diz a professora Wilma P. Costa:

“É um clima mais propício à especulação filosófica do que à instrução militar, formando


verdadeiros ‘bacharéis fardados’, uma oficialidade irrequieta, aberta às novas ideias,
com escassa ou nenhuma identificação com setores agrário-escravistas dominante. A
oficialidade militar, assim formada, tendia a desenvolver duras críticas às elites políticas,
que lhe pareciam retrógradas, parasitárias, despidas de verdadeiro patriotismo,
apegadas a interesses privatistas”15

E foi na Escola Militar da Praia Vermelha que o carismático professor Benjamin Constant,
juntamente a diversos outros professores, desenvolveu o conhecimento sobre o positivismo de
August Comte e a aproximação dos setores militares às ideias republicanas. Isso acabou por
estimular uma concepção distinta sobre o regime político que deveria substituir a corrompida
Monarquia: a República Positivista.
A disseminação do Movimento Republicano nos regimentos do Exército levou o Governo
de D. Pedro II a fazer ameaças de remoção de alguns militares de suas bases. Isso abriu um conflito
entre o exército e o governo Dom Pedro II conhecido como “Questão Militar”.

O positivismo tinha como princípio estabelecer a ordem que só poderia vir com o
conhecimento científico. Para seu criador, August Comte – filósofo francês –
somente por meio da ordem estabelecida é que uma nação poderia desenvolver-
se cientificamente e, com isso, alcançar o progresso. A inscrição “Ordem e
Progresso” na bandeira do Brasil é, de alguma maneira, a representação dessa

14
O infame comércio: propostas e experiências no final do tráfico de africanos para o Brasil. Rodrigues,
Jaime. Ed. Da Unicamp, 2000.;
15
Os militares e a primeira Constituição da República, 1987, pp. 27.

AULA 15: HB: Do Império à República 51


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

concepção e nos mostra a influência que os militares do Exército tiveram na Proclamação da


república.

5. ENFIM, A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA


Até aqui vimos muitas informações! Agora, vamos para os finalmentes desse processo.
Veremos o contexto interno imediato, as causas conjunturais que possibilitaram a queda da
Monarquia e a proclamação da república em 15 de novembro de 1889.

A República foi produto de um conjunto heterogêneo de forças políticas e de um processo de


decomposição do regime político monárquico, como estudamos até aqui. Contudo, existiram
elementos circunstanciais que definiram a cena imediatamente anterior à Proclamação da
República. Já chego nela!
Eu quero que você entenda uma coisa, anote aí: um processo histórico é explicado pela
combinação de fatores estruturais, conjunturais e contingenciais. Fatores estruturais são
elementos que foram se formando com o passar do tempo. No caso que estamos estudando, são
as transformações mundiais refletidas localmente, a disseminação das ideias abolicionistas e
republicanas, a formação dos partidos, o fortalecimento do exército e sua adesão ao
republicanismo. Podemos montar um filme, certo?
Os fatores conjunturais são os dados imediatos da cena, é uma foto. Evidentemente a história da
foto permite fazer um filme. Mas, às vezes, há elementos novos, que chegaram a pouco, mas que
fazem diferença na interação entre os elementos mais estruturais. A conjuntura, em muitas
situações, determina desfechos, aceleram processos ou bloqueiam soluções. No caso da
Proclamação da República, vamos estudar a chamada “série de questões” (militar e religiosa) que
provocou desavenças pontuais entre personagens importantes do Império, desequilíbrio das
instituições e incapacidade de concluir acordos - embora Dom Pedro II tenha tentado, ainda que
tardiamente.
Para finalizar, os fatores contingenciais são a “queda do avião”. Como assim, Alê? É, gente, a
queda do avião é um elemento surpresa: que não fazia parte do filme e que ninguém o esperava
para a foto. Mas quando ele acontece pode mudar completamente a trajetória de um processo
histórico. No nosso caso específico, não temos fatores contingenciais para aprender. Ufa!!

5.1 - SÉRIE QUESTÕES (MILITAR E RELIGIOSA)


Quando falamos sobre a adesão dos militares ao republicanismo positivista, mencionamos
que o Governo de Pedro II começou a perseguir alguns setores. Além disso, os militares mais
jovens e com formação superior na escola Militar da Praia Vermelha iniciaram críticas públicas em
relação ao imobilismo do governo em dar respostas às demandas de vários setores da sociedade.
Nesse sentido, os militares também cobravam melhorias para a carreira. Veja, que em outros
cenários provavelmente estas disputas teriam sido resolvidas dentro da institucionalidade, mas a

AULA 15: HB: Do Império à República 52


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

“questão militar” gerou o divórcio entre o exército e a monarquia – o que acelerou sobremaneira
a queda do Império.
O primeiro episódio da série foi a punição de um Coronel chamado Sena Madureira
(comandante da escola de tiro de Campo Grande). O spoiler é o seguinte. O Coronel recebeu o
conhecido abolicionista Dragão do Mar – Francisco Nascimento que era um jangadeiro cearense
atuante na luta pela abolição e que convenceu seus colegas de profissão a não transportar
escravos em suas jangadas como forma de protesto. A notícia da atitude do jangadeiro se
espalhou entre os abolicionistas e, por isso, foi recebido na Escola de Tiro para ser homenageado.
O Governo mandou prender o Cel. Madureira. Então, outros oficiais protestaram publicamente na
imprensa.
Como você deve saber, era proibido aos militares manifestarem-se publicamente pela
imprensa – especialmente com críticas ao Governo. O coronel Cunha Matos também foi preso
em 1886 por fazer críticas públicas na imprensa. Assim, o Ministro da Guerra (que era civil) mandou
prender outros, provocando mais protestos. Foi uma reação em cadeia que gerou inúmeras
prisões de oficiais do exército.
Repare, então, que houve uma crescente no racha entre, de um lado, os militares, do outro,
as autoridades civis. Lembre-se de que o Imperador também representava a ala civil do Governo.
Há um elemento conjuntural importante para lembrarmos: essa situação de represálias aos
militares repercutiu na guarnição comandada pelo todo poderoso Marechal Deodoro da Fonseca,
do Rio Grande do Sul. E este não aceitou prender seus subordinados pelos motivos alegados. Por
isso, foi afastado do seu cargo.
A ampliação do confronto para toda a corporação foi alimentada por artigos no jornal A
Federação, em que o Império era acusado de ofender a honra do Exército. Os alunos da Escola
Militar do Rio Grande do Sul fizeram uma homenagem a Sena Madureira, autorizada por Deodoro
da Fonseca, e seus colegas da Escola Militar da Praia Vermelha organizaram outra no Rio,
indicando o marechal Deodoro como representante da tropa em confronto com o governo, já que
ele comandava a unidade mais importante do Exército Perceba que a Monarquia fechou o cerco
contra si mesma? Essa perseguição desarrazoada empurrou os militares, mesmo aqueles que não
concordavam com o fim da monarquia, para o lado dos Republicanos no seu projeto de derrubar
definitivamente o regime político.
É verdade que a Monarquia recuou e suspendeu as punições. Mas já era tarde demais!
Nesse momento os oficiais do exército iniciavam a formação de uma aliança para pôr fim à
Monarquia e proclamar a república.
(FUVEST-1991)
O descontentamento do Exército, que culminou na Questão Militar no final
do Império, pode ser atribuído:
a) às pressões exercidas pela Igreja junto aos militares para abolir a
monarquia.

AULA 15: HB: Do Império à República 53


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

b) à propaganda do militarismo sul-americano na imprensa brasileira.


c) às tendências ultrademocráticas das forças armadas, que desejavam conceder maior
participação política aos analfabetos.
d) à ambição de iniciar um programa de expansão imperialista na América Latina.
e) à predominância do poder civil que não prestigiava os militares e lhes proibia o debate
político pela imprensa.
Comentário
Questão antiga, mas é das clássicas, então, vale à pena fazer. Qual a causa imediata da
perseguição: os protestos dos militares na imprensa contra atos de prisão. Repare que a
FUVEST, ao se referir ao poder civil, ela está se referindo ao Governo e políticos civis. Se liga,
questão fácil, você tem obrigação de acertar.
Gabarito: E

Agora vamos à série “questão religiosa”. Assim como com os militares, com os católicos a
história também está relacionada à perseguição de alguns membros da Igreja. Mas antes de
começar o causo, quero lembrar você da relação existente entre Estado e Igreja no Brasil.

Desde 1824, com a outorga (imposição) da 1ª. Constituição brasileira por Dom Pedro I, se
estabeleceu oficialmente o padroado e o beneplácito. Você se lembra o que são essas coisas?

Padroado foi a oficialização do catolicismo como religião do Império brasileiro. Além disso, os
padres e bispos eram considerados funcionários do Estado. Disso decorre o Beneplácito, pois uma
vez que bispos e padres são funcionários do estado estão sob o controle do Governante e não do
Papa (autoridade máxima da Igreja Católica). Pelo beneplácito o Papa nomeava o Bispo, mas este
só seria efetivado no cargo se o Imperador concordasse.

Assim, durante todas essas décadas houve harmonia de interesses entre Igreja e Estado.
Contudo, desde 1864, a Igreja Católica proibiu qualquer relação entre a Igreja e a
Maçonaria, por motivos próprios do contexto europeu. Isso era um problema, dentro das relações
políticas no Brasil, pois as elites intelectuais, políticas e econômicas era, majoritariamente, maçons.
Aconteceu que em 1872, a fim de colocar em prática a bula papal de 1864, os Bispos de
Olinda e de Belém do Pará ordenaram que as Dioceses expulsassem seus membros pertencentes
à maçonaria. Como castigo para o descumprimento da ordem, as irmandades das Dioceses
deveriam ser fechadas.

AULA 15: HB: Do Império à República 54


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Diante do conflito, e revestindo-se dos direitos de Padroado, Dom Pedro ordenou a prisão
e condenou os Bispos de Olinda de Belém a trabalhos forçados. Esse conflito só se encerrou com
a intervenção de Duque de Caxias, o pacificador, que propôs ao Imperador anistiar (perdoar) os
Bispos.
Contudo, mais uma vez, era tarde demais para a Monarquia. Essa intervenção
desarrazoada, especialmente pela condenação de trabalhos forçados à Bispos, justificou e
intensificou a ideia da laicidade do Estado como forma de proteger a liberdade da instituição
religiosa. Embora os membros da Igreja católica não fossem liberais, conjunturalmente, era
importante livrarem-se dos desmandos do Monarca. Sacou? Logo, a Igreja católica do Brasil
também se somou à oposição à Monarquia de D. Pedro II.

5.2 - A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA: O 15 DE NOVEMBRO


É chegada a hora de descobrirmos, afinal, como tudo o que estudamos até agora resultou
no dia 15 de novembro. Cabe lembrar que as crises da “série questão militar e religiosa” não
geraram repercussão massiva na opinião pública popular, segundo a Professora Wilma P. Costa.
Os efeitos foram ocasionados na superestrutura da classe política e das elites militares e
econômicas.

Isso nos mostra que o processo de advento da República que estudamos nesta
aula é marcado pela ausência da participação popular nas ruas para derrubar a
Monarquia.

A queda da Monarquia não era uma demanda social, ao contrário, diversos setores
impactados pelas medidas abolicionistas viam o Império como benevolente e sensível ao negro.
Afinal, quem assinou a Lei Aurea foi a Princesa Isabel. Por isso mesmo, surgiu no Rio de Janeiro a
quase desconhecida Guarda Negra. Formada logo após a abolição dos escravos, era conhecida
na época como a Guarda da Redentora, em homenagem à Princesa Isabel. Segundo pesquisa
recente de Ricardo Passos, pesquisador do Museu do Negro do RJ,

“A promulgação da Lei Áurea acirrou a briga entre monarquistas e republicanos,


forçando os capoeiras da cidade a tomarem uma posição. Eles preferiram os velhos
parceiros da Corte aos opositores de Dom Pedro II, ainda distantes do poder e
conhecidos pelo modo cruel como tratavam os negros nas fazendas cafeeiras de São
Paulo.”

AULA 15: HB: Do Império à República 55


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Assim, podemos perceber que as disputas em torno das soluções para a crise que abatia o
País não eram consensuais se levarmos em consideração outros setores da sociedade para além
dos militares, cafeicultores, e republicanos das classes médias liberais.
Também não eram consensuais as concepções republicanas dos diferentes grupos que se
reuniam em torno da demanda da derrubada da Monarquia. Pelo que já estudamos, sabemos que
existiam pelo menos 3 modelos de república em jogo: a positivista, a liberal-conservadora e a
liberal-social. Havia, inclusive, alguns que achavam que a morte de Dom Pedro II fosse suficiente
para derrubar a Monarquia. Contudo, essas divergências não foram obstáculo para o momento
da Proclamação.
Nos últimos dias que antecederam o 15 de Novembro, já existia um plano pronto para a
deposição do Rei e do seu Ministério, bem como de governos provinciais fiéis ao Governo. Mas
anote essa análise, pois essas diferenças serão motivo de conflitos e disputas no processo de
implementação da República.
Enfim, nessa altura da conjuntura, apenas três elementos davam a última sustentação ao
Governo de Dom Pedro:

✓ O prestígio pessoal do Monarca junto a uma parte da classe política e mesmo à população;
✓ A dedicação por parte de alguns chefes militares da marinha e do exército mais antigos;
✓ As divergências entre os diferentes grupos acerca dos seus projetos para República.

Porém, essas variáveis políticas eram absolutamente insuficientes frente à articulação


política dos diferentes setores que se lançaram para concluir a ruptura do regime monárquico.
Vejamos o desenrolar dos fatos nos dias anteriores ao 15 de novembro.

AULA 15: HB: Do Império à República 56


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

No começo de Novembro, o Primeiro-Ministro de Dom Pedro, Visconde de


Outro Preto propôs ao Parlamento um conjunto de reformas baseado nas
pautas dos Partidos republicanos (já destacado em outro momento da aula).
Estas foram frontalmente negadas. Então, D. Pedro dissolveu a Câmara de
chamou novas eleições cujos eleitos deveriam assumir no dia 20 de Novembro.
Atitude iníqua.

Nesse interim, em 11 de Novembro, os militares republicanos convencem


Marechal Deodoro da Fonseca a assumir a liderança da sedição. Ele era uma
figura respeitada entre republicanos e monarquistas e, por isso, teria
legitimidade diante da opinião pública.

Em 14 de Novembro, Major Sólon espalha a falsa notícia de que havia


mandado de prisão para Marechal Deodoro e Benjamin Constant. Isso
ocasiona revolta em alguns quartéis.

O Primeiro-Ministro tenta salvar a Monarquia e proteger o Imperador


ordenando que membros do exército combatam os revoltosos. O último a ser
requisitado para defender o regime foi o então ajudante geral do Exército
Marechal Floriano Peixoto. Todavia, Visconde de Outro Preto fica sozinho,
pois ninguém acata suas ordens. Era o fim.

No amanhecer de 15 de Novembro, o Ministério foi derrubado e


na tarde do mesmo dia a República foi Proclamada pelo
Marechal Deodoro da Fonseca.

Podemos sintetizar a Proclamação da República da seguinte maneira:


No plano pessoal, foi executada por Benjamin Constant, Deodoro da Fonseca e Floriano
Peixoto.
No plano institucional, foi executada pelo Exército e pelos Partidos Republicanos.
No plano social, foi executada por membros das classes médias, profissionais liberais e
pelos cafeicultores (com destaque para os paulistas).
Com o advento da República, o Brasil passa a ser governado pelos militares – os Marechais
Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto. Este período ficou conhecido como “República da
Espada”. Deodoro governou entre 1889 e 1891, enquanto Floriano governou entre 1891 e 1894
sendo substituído, por meio de eleições diretas, pelo civil Prudente de Moraes. A partir daí iniciou-
se uma nova fase da política brasileira que conhecemos por República das Oligarquias ou,
simplesmente, a República do Café com leite.

AULA 15: HB: Do Império à República 57


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Bem, queridas e queridos alunos chegamos ao final das nossas aulas sobre o Período
Imperial do Brasil. Agora é estudar o longo processo de construção da República brasileira.
É isso, fico por aqui. Você segue até a última questão. Aproveite TODAS as QUESTÕES,
pois fizemos observando cada detalhe para fazer você mentalizar, aprender a responder cada
questão sem escorregar nas artimanhas do examinador. Espero por você no Fórum de Dúvidas,
se elas aparecerem!
Um beijo, um abraço apertado e um suspiro dobrado de amor sem fim!
Alê

6. LISTA DE QUESTÕES
(ENEM 2021)

TEXTO I

EIGENHEER, E. M. Lixo: a limpeza urbana através dos tempos. Porto Alegre: Gráfica Palloti,
2009.

AULA 15: HB: Do Império à República 58


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

TEXTO II

A repugnante tarefa de carregar lixo e os dejetos da casa para as praças e praias era
geralmente destinada ao único escravo da família ou ao de menor status ou valor. Todas as noites,
depois das dez horas, os escravos conhecidos popularmente como “tigres” levavam tubos ou
barris de excremento e lixo sobre a cabeça pelas ruas do Rio.

KARASCH, M. C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro, 1808-1850. Rio de Janeiro: Cia das
Letras, 2000.

A ação representada na imagem e descrita no texto evidencia uma prática do cotidiano nas
cidades no Brasil nos séculos XVIII e XIX caracterizada pela

a) valorização do trabalho braçal.

b) reiteração das hierarquias sociais.

c) sacralização das atividades laborais.

d) superação das exclusões econômicas.

e) ressignificação das heranças religiosas.

(ENEM 2021)

Escravo fugido
No dia 8 de Outubro do anno próximo passado fugio da fazenda do Bom Retiro, propriedade
do dr. Francisco Antonio de Araújo, o escravo José, pardo claro, de 22 annos de idade,
estatura regular, cheio de corpo, com a falta de um dente na frente do lado superior, cabelos
avermelhados, orelha roxa, falla macia, e andar vagaroso. Intitula-se forro, e quando fugio a
primeira vez esteve contratado como camarada em uma fazenda em Capivary.
Quem o apreender e entregar ao seu senhor no Amparo, ou o recolher a cadêa em qualquer
parte será bem gratificado, e protesta-se com todo o rigor da lei contra quem o acoutar.
15-13
Escravo fugido. Jornal Correio Paulistano. 13 de abril de 1879. Disponível em
http:\\bndigital.bn.gov.br. Acesso em 2 ago. 2019 (adaptado).
No anúncio publicado na segunda metade do século XIX, qual a estratégia de resistência
escrava apresentada?
a) Criação de relações de trabalho.
b) Fundação de territórios quilombolas.
c) Suavização da aplicação de normas.

AULA 15: HB: Do Império à República 59


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

d) Regularização das funções remuneradas.


e) Constituição de economia de subsistência.
(ENEM 2021)

“Durante os anos de 1854-55, o governo brasileiro – por meio de sua representação


diplomática em Londres – e os livre-cambistas ingleses – nas colunas do Daily News e na Câmara
dos Comuns – aumentaram a pressão pela revogação da Lei Aberdeen. O governo britânico,
entretanto, ainda receava que, sem um trabalho anglo-brasileiro satisfatório para substituí-la, não
haveria nada que impedisse os brasileiros de um dia voltarem aos seus velhos hábitos”.

BETHELL, L. A abolição do comércio brasileiro de escravos. Brasília: Senado Federal, 2002


(adaptado).

As tensões diplomáticas expressas no texto indicam o interesse britânico em

a) estabelecer jurisdição conciliadora.

b) compartilhar negócios marítimos.

c) fomentar políticas higienistas.

d) manter a proibição comercial.

e) promover o negócio familiar.

(ENEM 2020) 4000203938

Nas cidades, os agentes sociais que se rebelavam contra o arbítrio do governo também
eram proprietários de escravos. Levavam seu protesto às autoridades policiais pelo recrutamento
sem permissão. Conseguimos levantar, em ocorrências policiais de 1867, na Província do Rio de
Janeiro, 140 casos de escravos aprisionados e remetidos à Corte para serem enviados aos campos
de batalha.

SOUSA, J. P. Escravidão ou morte: os escravos brasileiros na Guerra do Paraguai. Rio de


Janeiro: Mauad; Adesa, 1996.

Desconstruindo o mito dos “voluntários da pátria”, o texto destaca o descontentamento


com a mobilização para a Guerra do Paraguai expresso pelo grupo dos

a) pais, pela separação forçada dos filhos.

b) cativos, pelo envio compulsório ao conflito.

c) religiosos, pela diminuição da frequência aos cultos.

AULA 15: HB: Do Império à República 60


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

d) oficiais, pelo despreparo militar dos novos recrutas.

e) senhores, pela perda do investimento em mão de obra.

(ENEM 2020)

Depois da Independência, em 1822, o país enfrentaria problemas que com frequência


emergiram durante a formação dos Estados nacionais da América Latina. Em muitas regiões
do Brasil, essas divergências foram acompanhadas de revoltas, inclusive contra o imperador
D. Pedro I. Com a abdicação deste, em 1831, o país atravessaria tempos ainda mais
turbulentos sob o regime regencial.
REIS, J. J. Rebelião escrava no Brasil: a história do Levante dos Malês em 1835. São Paulo:
Cia. das Letras, 2003 (adaptado).
A instabilidade política no país, ao longo dos períodos mencionados, foi decorrente da(s)
a) disputas entre as tendências unitarista e federalista.
b) tensão entre as forças do Exército e Marinha nacional.
c) dinâmicas demográficas nas fronteiras amazônica e platina.
d) extensão do direito de voto aos estrangeiros e ex-escravos.
e) reivindicações da ex-metrópole nas esferas comercial e diplomática.
(ENEM 2020)
Lei n. 3 353, de 13 de maio de 1888
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II,
faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia-Geral decretou e ela sancionou a
lei seguinte:
Art. 1º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2º: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida lei
pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º ano da Independência e do
Império.
Princesa Imperial Regente.
Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 6 fev. 2015 (adaptado).
Um dos fatores que levou à promulgação da lei apresentada foi o(a)
a) abandono de propostas de imigração.
b) fracasso do trabalho compulsório.

AULA 15: HB: Do Império à República 61


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

c) manifestação do altruísmo britânico.


d) afirmação da benevolência da Corte.
e) persistência da campanha abolicionista.
(ENEM 2018)
A poetisa Emília Freitas subiu a um palanque, nervosa, pedindo desculpas por não possuir
títulos nem conhecimentos, mas orgulhosa ofereceu a sua pena que “sem ser hábil, é, em
compensação, guiada pelo poder da vontade”. Maria Tomásia pronunciava orações que
levantavam os ouvintes. A escritora Francisca Clotilde arrebatava, declamando seus poemas.
Aquelas “angélicas senhoras”, “heroínas da caridade”, levantavam dinheiro para comprar
liberdades e usavam de seu entusiasmo a fim de convencer os donos de escravos a fazerem
alforrias gratuitamente.
MIRANDA, A. Disponível em: www.opovoonline.com.br. Acesso em: 10 jun. 2015
As práticas culturais narradas remetem, historicamente, ao movimento
a) feminista.
b) sufragista.
c) socialista.
d) republicano.
e) abolicionista.
(ENEM 2017)
Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra só passou a ser possível por meio da compra
com pagamento em dinheiro. Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à terra
para os trabalhadores escravos que conquistavam a liberdade.
OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recentes. In: ROSS, J. L. S. Geografia
do Brasil. São Paulo: Edusp. 2009
O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo de
a) reforma agrária.
b) expansão mercantil.
c) concentração fundiária.
d) desruralização da elite.
e) mecanização da produção.
(ENEM 2015)

AULA 15: HB: Do Império à República 62


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador. D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo:
Cia. Das Letras, 1998 (adaptado)
Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início dos anos de 1850, pouco mais de uma década
após o Golpe da Maioridade. Considerando o contexto histórico em que foram produzidas e os
elementos simbólicos destacados, essas imagens representavam um
a) jovem maduro que agiria de forma irresponsável.
b) imperador adulto que governaria segundo as leis.
c) líder guerreiro que comandaria as vitórias militares.
d) soberano religioso que acataria a autoridade papal.
e) monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo.
(Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

“Como resultado desse mecanismo, houve, em um governo de cinquenta anos, a


sucessão de 36 gabinetes, com a média de um ano e três meses de duração cada um.
Aparentemente, havia uma grande instabilidade, mas, de fato, não era bem isso o que
ocorria. Na verdade, tratava-se um sistema flexível que permitia o rodízio dos dois
principais partidos no governo sem maiores traumas. Para quem estivesse na oposição,
havia sempre a esperança de ser chamado a governar. Assim, o recurso às armas se
tornou desnecessário”.

FAUSTO, B. História do Brasil. 13 ed. São Paulo: Edusp, 2008, p. 179-180.

AULA 15: HB: Do Império à República 63


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Instituído em 1847, no Brasil, o sistema político descrito pelo texto ficou conhecido
como

a) presidencialismo autoritário, uma vez que os regentes dispensaram o Conselho de


Estado.

b) liberalismo tupiniquim, por a monarquia constitucional brasileira manter princípios


absolutistas.

c) nacional-desenvolvimentismo, haja vista que se construía um Estado forte e interventor


na economia.

d) monarquismo de fachada, porque o imperador era apenas simbólico e não tinha


prerrogativas de poder.

e) parlamentarismo às avessas, pois o imperador continuava tendo influência na


nomeação dos ministros.

11. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

“Em meados do século XIX (...) o Império ingressou numa era de mudanças relacionadas
à própria expansão do capitalismo. Os ventos do progresso começaram a chegar ao
país, atraídos pelas possibilidades de investimentos e lucros em setores ainda
inexplorados”.

NEVES, L.; MACHADO, H. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p.
313.

Para impulsionar a industrialização, a urbanização e o aperfeiçoamento da infraestrutura


do país, o governo monárquico procurou incentivar

a) a elite açucareira decadente a se realocar no ramo industrial, revogando os impostos


que incidiam sobre o trabalho escravo, para que essa mão de obra fosse mobilizada para
as novas atividades.

b) os bandeirantes a adentrarem nas regiões ainda pouco explorada em busca de


matérias primas essenciais ao processo de industrialização, como reservas naturais de
carvão mineral.

c) os cafeicultores a investir na modernização por meio do fim do tráfico de escravos,


protecionismo alfandegário e acesso a empréstimos com bancos ingleses.

d) a importação de bens de consumo e equipamentos industriais, por meio da redução


da tributação alfandegário, de modo que o empresariado nacional pôde desenvolver
seus negócios rapidamente.

AULA 15: HB: Do Império à República 64


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

e) a expulsão de empresas estrangeiras que monopolizavam a prestação de serviços


urbanos, obras de infraestrutura e setores da indústria, para que as elites brasileiras
pudessem assumir essas atividades.

12. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

Charge de Ângelo Agostini, publicada em A Vida Fluminense, em 11 de junho de 1870.

A charge expressa

a) a conivência de negros livres e libertos com a escravidão, muitos dos quais possuíam
escravos.

b) o projeto estatal de abolição imediata e sem indenização aos senhores, criticado pelas
elites.

c) a adesão de setores militares ao movimento republicano, após a guerra contra os


paraguaios.

d) a contradição criada pela incorporação dos escravos ao exército e sua atuação na


defesa do país.

e) o sadismo da escravidão brasileira que obrigava os escravos a punir seus pares na


mesma condição.

13. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

AULA 15: HB: Do Império à República 65


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

“Qualquer que se encarregar de escrever a história do Brasil, país que tanto promete,
jamais deverá perder de vista quais os elementos que aí concorreram para o
desenvolvimento do homem. São, porém, estes elementos de natureza muito diversa,
tendo para a formação do homem convergido de um modo particular três raças, a saber:
a de cor de cobre ou americana, a branca ou caucasiana, e enfim a preta ou etiópica. Do
encontro, da mescla, das relações mútuas e mudanças dessas três raças, formou-se a
atual população, cuja história por isso mesmo tem um cunho muito particular”.

PICCOLI, Valéria. A identidade brasileira no século XIX. Fórum permanente. Disponível


em http://forumpermanente.incubadora.fapesp.br. Acesso em 30 mar. 2010.

Em um contexto de difusão de teorias raciais na Europa e nas Américas, as elites


brasileiras buscaram forjar uma identidade nacional fundamentada

a) na inferioridade da população brasileira, que sofria uma degenerescência por conta da


presença de negros e índios.

b) na positivação da mestiçagem, como o melhor meio para operar o embranquecimento


da população que levaria ao progresso

c) na valorização das tradições africanas na composição da cultura e população


brasileiras, o que fez do negro o principal ator da identidade nacional.

d) no fortalecimento de uma visão negativa sobre a população indígena, considerada


bárbara, selvagem e violenta.

e) na rejeição intransigente do racismo científico que legava aos brasileiros o último lugar
na escala evolutiva das civilizações humanas.

(UNIVESP 2018)
Leia o texto a seguir.
Ao redor de 1900, várias modificações e atualizações importantes ocorrem ao longo da
ferrovia da São Paulo Railway. As máquinas de tração do equipamento rodante são
substituídas por equipamento moderno, há um novo traçado da linha entre a serra e Santos,
uma nova Estação da Luz. A Estação da Luz se torna uma estação monumental, imponente e
solene.
(Martins, José de Souza. A ferrovia e a modernidade em São Paulo: a gestação do ser
dividido. Revista USP, São Paulo, n.63, p. 6-15, setembro/novembro 2004)
A importância histórica da Estação da Luz pode ser relacionada
a) ao deslocamento dos cafezais para o Vale do Paraíba e à utilização da mão de obra negra
escravizada.

AULA 15: HB: Do Império à República 66


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

b) à industrialização na região do ABC paulista e ao início do desenvolvimento rodoviário de


São Paulo.
c) à expansão da cafeicultura para o Oeste paulista e à presença do capital inglês na
economia brasileira.
d) à desativação das estradas utilizadas por tropeiros e ao crescimento da exportação de
algodão e tabaco.
e) à decadência da oligarquia paulista do Oeste Velho e à ascensão da burguesia industrial
de origem imigrante.
(UNIVESP 2018)

“Projeto de uma estátua equestre para o ilustre chefe do Partido Liberal”


A charge, publicada na Revista Illustrada no ano de 1880, faz uma crítica
a) ao intenso envolvimento dos liberais com a causa abolicionista.
b) à crise social vivida pelo país devido à luta contra a escravidão.
c) ao compromisso das elites políticas do Império com a escravidão.
d) aos agitadores republicanos contrários ao Império e à escravidão.
e) à radicalidade exagerada de negros e indígenas abolicionistas.
(FGV-SP 2019)
Considere a tabela a seguir.

AULA 15: HB: Do Império à República 67


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Comércio Exterior do Brasil em Contos de Réis


Os dados, dentro do contexto do Brasil oitocentista, mostram
a) o aguçamento da dependência econômica em relação aos Estados Unidos, apenas
superada na última década do século XIX, com o início da industrialização em São Paulo.
b) a revitalização econômica derivada de uma ação decisiva do Estado Imperial, porque
foram mobilizados recursos oriundos de uma taxação extra sobre a compra e venda de
escravos a partir de 1850.
c) a ressignificação econômica brasileira, porque as regiões nordestinas produtoras de açúcar
até o século XVIII se voltam para a produção algodoeira, gerando um progressivo superavit
comercial.
d) a importância da lavoura cafeeira para a reorganização da economia nacional, além de
promover um aparelhamento técnico, materializado, por exemplo, nas estradas de ferro.
e) a adaptação da economia nacional aos interesses da burguesia financeira francesa, porque
os recursos gerados pela exportação de café foram destinados ao pagamento da dívida
externa pública.
(FGV-SP 2019)
Já no artigo 1° , a Lei n° 601/1850 determinava: “ficam proibidas as aquisições de terras
devolutas por outro título que não seja o de compra”. No artigo 3° , inciso IV, definia: “são
terras devolutas: [...] as que não se acharem ocupadas por posse que, apesar de não se
fundarem em título legal, foram legitimadas por esta Lei”.
(José Sacchetta Ramos Mendes, “Desígnios da Lei de Terras: imigração, escravismo e
propriedade fundiária no Brasil Império”. Caderno CRH, vol. 22, no 55, Salvador, jan/abr,
2009)
A lei citada, entre outros pontos, intencionava
a) fortalecer as pequenas e médias propriedades rurais com o propósito de agilizar a
transição do trabalho compulsório para o livre, desmontando, assim, a estrutura latifundiária.

AULA 15: HB: Do Império à República 68


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

b) retomar propriedades rurais doadas pelo sistema das sesmarias, em vigor desde o início
da colonização do Brasil, e que nunca foram efetivamente ocupadas pelas pessoas que as
receberam.
c) democratizar o acesso à terra, porque com uma legislação específica seria possível colocar
terras no mercado a preços razoáveis, atraindo pequenos proprietários e imigrantes do meio
urbano europeu.
d) regulamentar a estrutura fundiária brasileira, porque havia uma numerosa titulação de
posse de terras em duplicidade e a maior parte das propriedades nacionais tinha sempre
mais de um proprietário.
e) controlar o acesso à propriedade da terra, em um contexto no qual a entrada de escravos
africanos no Brasil mostrava-se cada vez mais difícil e havia projetos para ampliar a vinda de
imigrantes.
(UEL 2015)
Observe as figuras 1 e 2.

AULA 15: HB: Do Império à República 69


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

A colonização no Brasil pela coroa portuguesa teve sua origem no sistema de Capitanias
Hereditárias que definiu a propriedade e a posse das terras. No início do século XIX, com a
vinda de imigrantes europeus para o Brasil, estabeleceu-se a Lei de Terras de 1850, com o
intuito de normatizar a propriedade e o seu uso. Sobre o domínio de terras no Brasil, no
contexto das Capitanias Hereditárias e da Lei de 1850, assinale a alternativa correta.
a) Os donatários eram impedidos pela Coroa Portuguesa de vender suas terras. A Lei de
Terras definiu que as terras públicas poderiam tomar-se propriedade privada somente pela
compra.
b) Os donatários se isentavam da defesa de suas terras, convocando o poder real para fazê-
Ia. Com a vinda dos imigrantes, a Lei de Terras possibilitou a apropriação aos desprovidos
de recursos.
c) Os recursos empregados pelos donatários viabilizaram o pleno sucesso do modelo das
capitanias. Com a Lei de Terras, expandiu-se o domínio do setor industrial pelo monopólio
do poder económico.
d) 0 sistema de capitanias vigorou até o século XIX quando aconteceram as insurreições do
Maranhão e da Bahia. A Lei de Terras impediu que a mão de obra livre pudesse se locomover
para as atividades industriais.
e) A Coroa tinha o direito de confiscar todos os metais preciosos extraídos das capitanias. A
Lei de Terras facilitou a ocupação ilegal e o arrendamento das terras consideradas devolutas.
(PUC-RJ 2010) 4000163726

AULA 15: HB: Do Império à República 70


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Fotografia de Militão Augusto de Azevedo, São Paulo, 1879. In: O Olhar Europeu – o negro
– na iconografia brasileira do século XIX. São Paulo, 1994.
Considere a escravidão no Brasil na segunda metade do século XIX, observe a fotografia
acima e EXAMINE as afirmativas a seguir.
I – A imagem retrata um casal de negros livres ou libertos uma vez que esses aparecem com
sapatos, item indicativo de liberdade.
II – A imagem evidencia a apropriação por parte dos negros de comportamentos da classe
senhorial branca, como estratégia para se afastar dos estigmas da escravidão.
III – Imagens de escravos, como essa, eram produzidas pelos fotógrafos da época, dentro e
fora de seus ateliês, revelando o interesse no registro dos costumes e dos tipos humanos.
IV – Nos álbuns de retratos da classe senhorial era comum aparecer fotos de seus escravos,
como um meio de difundir uma imagem de poder e riqueza.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
(PUC-PR 2019)

AULA 15: HB: Do Império à República 71


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Com a antecipação da maioridade e a coroação de D. Pedro II, teve início o Segundo


Reinado, que se estendeu até 1889, o mais longo período de um governo da história
brasileira. Nesse período, o país foi pacificado, com a repressão às revoltas iniciadas no
Período Regencial e aos novos movimentos que questionavam o governo estabelecido. Após
a superação das disputas e divergências entre liberais e conservadores, que passaram a fazer
parte do governo e se alternar no poder, a centralização política e administrativa foi
consolidada.
Sobre o Segundo Reinado, assinale a alternativa CORRETA.
a) A base da economia no Segundo Reinado deixou de ser agrária e começou um processo
de desenvolvimento industrial baseado no modelo inglês.
b) As relações internacionais entre Brasil e Inglaterra foram restabelecidas e consolidadas
com a assinatura do tratado de Christie, pelo qual a Inglaterra reconhecia o direito do
governo brasileiro de continuar com o tráfico de escravos africanos para abastecer de mão-
de-obra a produção cafeeira.
c) No início do seu governo, D. Pedro II dedicou atenção especial as reivindicações populares
atendendo, inclusive, as petições populares de participação nas decisões governamentais.
d) O apogeu da monarquia brasileira ocorreu entre as décadas de 1850 a 1870, devido à
combinação de dois fatores: estabilidade política e desenvolvimento econômico, alicerçados
na produção cafeeira e modernização.
e) Com a coroação de D. Pedro II como imperador do Brasil, as elites se reorganizaram em
torno do poder. Os integrantes do Partido Conservador e do Partido Liberal, por exemplo,
passaram a defender alterações na estrutura sociopolítica brasileira, como o fim do voto
censitário e masculino.
(UNCISAL 2018)
Em 24 de setembro de 2017, a Folha de São Paulo noticiou que o comando do exército
rejeitou proposta de criação de uma unidade militar com trajes históricos que pretendia
homenagear soldados negros que lutaram na Guerra do Paraguai (1864-1870), afirmando
que, após análise técnica, a instituição concluiu que uma portaria de 1999 não dava respaldo
legal ao acolhimento da proposta. Adaptado de: . Acesso em: 23 out. 2017.
Sobre a participação da população negra na Guerra do Paraguai, assinale a alternativa
correta.
(A) Os negros em situação de escravidão eram utilizados como soldados no exército
brasileiro nas batalhas mais violentas, como a Batalha do Riachuelo, ocorrida no dia 11 de
junho de 1865, às margens do Riachuelo, um afluente do rio Paraguai, na província de
Corrientes, na Argentina.
(B) A participação da população negra na Guerra do Paraguai ocorreu devido ao crescente
nacionalismo gerado nessa população, por causa da possibilidade de abolição da escravidão,
a qual ocorreu em 1888.

AULA 15: HB: Do Império à República 72


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(C) Uma das formas de participação da população negra na Guerra do Paraguai foi por meio
da compra de escravos que lutavam em nome de seus proprietários, o que era uma prática
corrente. Além disso, o império prometia alforria para os que se apresentassem para a
guerra, fazendo “vistas grossas” para os fugidos.
(D) A população negra que participou da Guerra do Paraguai foi aquela que gozava de plena
liberdade e/ou havia recebido alforria de seus senhores para a participação.
(E) A participação da população negra na Guerra do Paraguai se restringia ao auxílio aos
soldados do exército brasileiro. Sendo assim, os negros não atuaram como soldados, o que
justifica a negativa, pelo comando do exército, da criação da unidade militar mencionada no
enunciado.
(UNCISAL 2020)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1889. Eu quisera poder dar a esta data a denominação
seguinte: 15 de novembro, primeiro ano de República; mas não posso infelizmente fazê-lo.
O que se fez é um degrau, talvez nem tanto, para o advento da grande era. Em todo o caso,
o que está feito, pode ser muito, se os homens que vão tomar a responsabilidade do poder
tiverem juízo, patriotismo e sincero amor à liberdade. Como trabalho de saneamento, a obra
é edificante. Por ora, a cor do governo é puramente militar, e deverá ser assim. O fato foi
deles, deles só, porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo
bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava (...). LOBO, Aristides. O povo
assistiu àquilo bestializado. Diário Popular, Rio de Janeiro, 18 nov. 1889 (adaptado).
O texto expressa a posição de um jornalista sobre um significativo evento para a cultura
política brasileira. Conforme seu autor, a participação da população civil na Proclamação da
República foi
A) restrita.
B) dispersa.
C) irracional.
D) inexistente.
E) desanimada.
(UNICENTRO 2019)
A Lei Áurea era mesmo popular e conferia nova visibilidade à princesa Isabel e à Monarquia.
No entanto, politicamente, o Império tinha seus dias contados ao perder o apoio dos
fazendeiros do Vale do Paraíba. Apesar do clima de euforia reinante, parecia ser o último ato
do teatro imperial. [...]. Nos jornais e nas imagens da época, Isabel passa a ser retratada como
uma santa a redimir os escravos, que aparecem sempre descalços e ajoelhados, como a rezar
e a abençoar a padroeira. Já a princesa surge de pé e ereta, contrastada com a posição
curvada e humilde dos ex-escravos, que parecem manter a sua situação – se não mais real,
ao menos simbólica. Aos escravos recém-libertos só restaria a resposta servil e subserviente,
reconhecedora do tamanho do “presente” recebido. Estava inaugurada uma maneira

AULA 15: HB: Do Império à República 73


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

complicada de lidar com a questão dos direitos civis. Sem a compreensão de que a abolição
era resultado de um movimento coletivo, permaneceríamos atados ao complicado jogo das
relações pessoais, suas contraprestações e deveres: chave do personalismo e do próprio
clientelismo. Nova versão para uma estrutura antiga em que as relações privadas se impõem
sobre as esferas públicas de atuação. Como se fôssemos avessos a qualquer associação com
a violência, apenas reproduzimos hierarquias que, de tão assentadas, pareciam legitimadas
pela própria natureza. Péssima lição de cidadania: a liberdade combinada com humildade e
servidão, distante das noções de livre-arbítrio e de responsabilidade individual. ”
SCHWARCZ, Lilia. “Abolição como Dádiva”. In: FIGUEIREDO, Luciano (org.) A Era da
Escravidão. Rio de Janeiro: Sabin, 2009, p. 88-90.
A respeito da Lei Áurea é correto afirmar
a) Além da liberdade, foi concedida para cada ex-escravizado uma gleba de terras para que
pudesse trabalhar e manter sua família.
b) Foi estipulada uma indenização individual de um conto de réis para cada ex-escravizado a
título de indenização pelo seu trabalho compulsório anterior.
c) A lei estipulou um sistema jurídico que punia como crime contra a humanidade qualquer
forma de exploração e preconceito.
d) A Abolição da escravidão proporcionou, ao Imperador Pedro II, maior apoio dos
cafeicultores e, dessa forma, protelou a Proclamação da República.
e) A assinatura da Lei Áurea não significou o fim do preconceito racial e não propiciou acesso
à terra ou a qualquer outra forma de indenização às populações libertas.
(UNICENTRO 2019)
A partir da emancipação política do Paraná, em 1853, vários governantes adotaram políticas
que visaram atrair imigrantes europeus para o seu território. Sobre esse processo de
colonização, é correto afirmar.
a) No Paraná não houve escravidão, pois, desde a sua emancipação, a agricultura foi
praticada apenas por imigrantes europeus.
b) Toda a população indígena do Paraná foi deslocada para o Mato Grosso do Sul, por isso,
na época da chegada dos imigrantes europeus, havia um vazio demográfico.
c) O presidente da província do Paraná entre 1875 e 1877, Adolfo Lamenha Lins, criou
colônias de imigrantes europeus na região de Curitiba e estabeleceu as diretrizes para a
colonização.
d) No Paraná, nunca houve conflitos envolvendo a posse e a propriedade da terra.
e) A fixação de europeus no território paranaense só foi possível graças à inexistência de
grandes latifúndios advindos de antigas concessões de sesmarias.
(UNITINS 2018)

AULA 15: HB: Do Império à República 74


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Analise a citação a seguir a respeito da Proclamação da República brasileira e assinale a alternativa


que a interpreta.

“Realiza-se na História do Brasil, em 1889, uma acomodação política. A República que se instala,
passada a fase de depuração, é a do controle hegemônico dos fazendeiros do oeste paulista
acrescida da descentralização, para contentar os interesses regionais. A nova ordenação política
não significou reformas estruturais” (MONTEIRO, Hamilton. Brasil Império. São Paulo: Ática, 1994
p. 75).

a) A Proclamação da República resultou de movimentos históricos brasileiros, como a


Inconfidência Mineira e a República Farroupilha.

b) A República que nasceu no Brasil no final do século XIX mudava a forma de governo sem
revolucionar a sociedade, mantendo o clima de ordem que interessava às elites.

c) Deodoro da Fonseca liderou militares, cafeicultores e profissionais liberais no movimento que


promoveu a república, em razão de sua histórica oposição ao regime monarquista.

d) Os interesses da elite agrária do nordeste não eram diferentes dos interesses dos cafeicultores
paulistas, e isso favoreceu a mobilização social para a Proclamação da República.

e) A implantação da república no Brasil trouxe de imediato uma mudança social significativa: a


participação popular nos eventos políticos nacionais.

(UNITINS 2021)

A imagem e o texto a seguir referem-se à escravidão no Brasil que teve duração do início do século
XVI ao final do século XIX.

“A agitação negra marcou a luta contra a escravidão na sociedade brasileira. A revolta escrava,
individual ou coletiva, foi o primeiro e principal instrumento de instabilidade da ordem vigente.
Rebeliões, fugas e tantas outras formas de ação escrava vivenciadas no Brasil, até quando não
explicitavam esse propósito, construíram os caminhos para a falência do mundo governado por
proprietários de pessoas”. (ALBUQUERQUE, Wlamyra. Movimentos sociais abolicionistas. In:
Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das letras, 2018).

Analise as afirmativas a seguir sobre a escravidão no Brasil.

I – O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão e o que mais recebeu africanos
aprisionados por meio do tráfico.

II– Principal parceira econômica do Brasil, a Inglaterra pressionava D. Pedro II desde metade do
século XIX a abolir o regime escravocrata por razões humanitárias.

AULA 15: HB: Do Império à República 75


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

III – A Lei do Ventre Livre (1870) e a Lei dos Sexagenários (1884) buscavam transição gradual para
o fim do trabalho escravo no Brasil e atendiam às reivindicações dos grupos abolicionistas.

IV – Pressionado pela Inglaterra, o Brasil aprovou a Lei Eusébio de Queirós que decretou a
proibição de tráfico negreiro no Brasil a partir de 1850.

É correto o que se afirma em:

A) III e IV apenas. B) I e IV apenas. C) I, II e IV apenas. D) I e II apenas. E) I, II, III e IV.

(IFSudMinas 2018)
I. Ao longo do século XIX, o café tornou-se rapidamente a principal atividade agrícola do
país, responsável por mais da metade do dinheiro arrecadado em exportações no Brasil.
II. Um fator que contribuiu para a ampliação da produção cafeeira no Brasil foi o aumento da
procura do produto pelos mercados consumidores da Europa e dos EUA.
III. A construção e ampliação das ferrovias no Brasil para o transporte do café aumentou a
velocidade de escoamento da produção e interligou algumas regiões do Império.
IV. A cafeicultura no Brasil beneficiou-se da estrutura escravista, sendo incorporada ao
sistema plantation, caracterizado basicamente pela monocultura voltada para a exportação,
a mão de obra escrava e o cultivo em grandes latifúndios.
V. O maior Estado produtor de café no Brasil foi o Rio de Janeiro, pois possuía a terra roxa,
um tipo de solo que favorecia a lavoura cafeeira.
Agora marque a alternativa CORRETA.
a) Todas as afirmativas são verdadeiras.
b) Todas as afirmativas são falsas.
c) Apenas I, II, III e IV são verdadeiras.
d) Apenas II, III, IV e V são verdadeiras.
e) Apenas I, II, III e V são verdadeiras.
(IFPE 2017)
“As promessas de liberdade do segundo e extenso período desde a Independência até à lei
Rio Branco datam de poucos anos relativamente a certa parte da população escrava, e do
fim do primeiro reinado relativamente à outra.
Os direitos d’esta última – que vem a ser os Africanos importados depois de 1831 e os seus
descendentes – são discutidos mais longe. Por ora baste-nos dizer que esses direitos não se
fundam sobre promessas mais ou menos contestáveis, mas sobre um tratado internacional e
em lei positiva e expressa. O simples fato de achar-se pelo menos metade da população
escrava do Brasil escravizada com postergação manifesta da lei e desprezo das penas que

AULA 15: HB: Do Império à República 76


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

ela fulminou, dispensar-nos-ia de levar por diante este argumento sobre os compromissos
públicos tomados para com os escravos.
Quando a própria lei, como se o verá exposto com toda a minudência, não basta para
garantir à metade, pelo menos, dos indivíduos escravizados a liberdade que decretou para
eles; quando um artigo tão claro como este: "Todos os escravos que entrarem no território
ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres" [...] nunca foi executado [...]que valor
obrigatório podem ter movimentos nacionais de caráter diverso, atos na aparência alheios à
sorte dos escravos, declarações oficiais limitadas ao efeito que deviam produzir? Em outras
palavras, de que servem tais apelos à consciência, à lealdade, ao sentimento de justiça da
nação, quando metade dos escravos estão ilegalmente em cativeiro?” pp. 58-59.
(NABUCO, J. O Abolicionismo. Londres: TYPOGRAPHIA DE ABRAHAM KINGDON E CA.,
1883, 256 p.).
Assinale a afirmativa CORRETA a partir da análise do excerto acima.
a) O desrespeito do Estado brasileiro à Lei Eusébio de Queiroz, que proibiu o tráfico atlântico
de escravizados em 1850.
b) O sentido retórico de seu próprio texto, meramente floreio político em nome dos
escravizados, estes sem voz efetiva.
c) A injustiça e o crime da nação brasileira para com milhares de escravizados traficados
ilegalmente após a lei antitráfico apelidada de “Lei para Inglês ver”.
d) O caráter legal do sistema escravista, que não descumpria a lei positiva do Estado imperial
brasileiro em nenhum aspecto.
e) A consciência dos políticos de seu tempo, sensíveis ao cativeiro de milhares de homens
sabidamente livres, aos quais cumpria libertar.
(UFRR 2017)
“ ...na cidade de Óbidos, em 11 de janeiro de 1854 [...] Raimunda, “24 anos de idade, crioula,
bem retinta, um tanto baixa, bem figurada, muito humilde” [...] estava fugida com seu
companheiro José Moisés, “de 26 anos de idade, cafuz bastante fornido do corpo, estatura
regular, mal-encarado, olhos pequenos, e fundos”. Os dois fugiram com a ajuda do forro
Antônio Maranhoto, natural do Maranhão que [...antes] “foi marinheiro de embarcação de
guerra”[...]. Em fevereiro de 1861, a escrava Benedita, “cafuza, natural de Óbidos, com falta
de dentes na frente, cabelos cacheados, cheia de corpo, cara risonha” fugiu na companhia
do soldado mulato Francisco Lima. Levou uma rede nova, um balaio e um baú de cedro
contendo “um par de chinela, um fio de conta de ouro, uma camisa de chita amarela, uma
saia de cambraia branca com três folhos e duas camisas brancas”. Em abril do mesmo ano, a
escrava Maria, “crioula retinta, magra, alta, olhos e beiços grandes” fugiu com Hipólito,
“crioulo bem retinto, barbado, falta de dentes na parte superior”. Maria e Hipólito fugiram
pouco tempo depois do falecimento de seu senhor Antônio Guerra, diretor de índios no rio

AULA 15: HB: Do Império à República 77


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Madeira. A viúva pedia sua captura e ainda oferecia 100 mil réis de recompensa por cada
escravo.”
CAVALCANTI, Y.R.O; SAMPAIO, P.M. Histórias de Joaquinas, Mulheres, Escravidão e
Liberdade (Brasil, Amazonas: séc.XIX). Revista Afro-Ásia, 46. p.97-120. Disponível em <
http://www.scielo.br/pdf/afro/n46/a03n46.pdf>
Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre a escravidão negra no Brasil durante a
segunda metade do século XIX, é CORRETO afirmar:
A) A má influência masculina explica as fugas das mulheres escravas, pois o trabalho escravo
feminino era feito exclusivamente no interior das casas grandes, onde geralmente as negras
eram tratadas como parte da família;
B) O estado do Amazonas foi um dos primeiros a decidir pelo fim da escravidão e isso
aconteceu porque não havia mais escravos negros na região;
C) Em 1871, a Lei do Ventre Livre libertou milhares de filhos de escravos, diminuindo
consideravelmente as fugas de mulheres, como as apresentadas no texto;
D) Em 1850, pela Lei Euzébio de Queiroz, foi proibido o tráfico internacional e,
consequentemente, a importação de escravos, mas continuava sendo legal manter escravos
em cativeiro;
E) Embora submetidas ao trabalho compulsório, as mulheres no cativeiro recebiam especiais
cuidados e preocupação de seus senhores, por isso tinham liberdade plena para constituir e
manter laços familiares.
(UFRR 2020)

Diversos projetos abolicionistas invadiram a cena política brasileira no último quarto do século XIX.
O de André Rebouças foi um dos mais radicais. Talvez, por isso, tenha acabado derrotado. [...]
Dedicado a compreender os mecanismos que emperravam o desenvolvimento do país, chegou à
conclusão de que vivíamos um bloqueio estrutural para a emergência de indivíduos livres. E que
a libertação dos escravos, por si só, não seria suficiente. (CARVALHO, Maria Alice Rezende de.
“Liberdade é terra”. In FIGUEIREDO, Luciano (org.). A era da escravidão. Rio de Janeiro: Sabin,
2009. (Coleção Revista de História no Bolso;3), p. 85). A trajetória e as ideias do engenheiro baiano
André Rebouças – mulato e filho de um relevante membro da elite política monárquica no Brasil
– demonstram a diversidade do movimento abolicionista no século XIX.

Sobre as lutas pela abolição do sistema escravocrata brasileiro, assinale a alternativa CORRETA.

A) A luta radical pela extinção imediata da escravidão, no século XIX, comprova a existência de
uma elite aristocrática abolicionista ligada à agro exportação cafeeira em permanente
enfrentamento com a Coroa brasileira, desde os tempos da assembleia constituinte de 1823.

AULA 15: HB: Do Império à República 78


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

B) A defesa da abolição da escravidão, da reforma agrária e da consequente transformação dos


ex-escravos em pequenos produtores rurais independentes comprova a presença de um ideário
modernizante nas lutas abolicionistas no Brasil.

C) O projeto de abolição radical, que compreendia a libertação dos escravizados, mas também a
democratização do acesso à terra, teve o apoio de setores da alta cúpula do Exército, a despeito
da manutenção do respeito hierárquico à função estatal de punir as fugas de escravizados no
Brasil.

D) A proposta de promoção da cidadania política plena aos ex-escravos acompanhou o debate


abolicionista brasileiro, atenuando, ao longo do século XIX, o crescimento das revoltas escravas e,
consequentemente, arrefecendo o preconceito racial no Brasil monárquico.

E) A ala radical do movimento abolicionista consolidou a articulação de todos os senadores do


Império, ao defender a inserção dos ex-escravos na sociedade e a desobediência civil contra a
“Lei Saraiva-Cotegipe” aprovada pelo Parlamento brasileiro, na segunda metade do século XIX.

(URCA 2018)

“A Proclamação da República no dia 15 de novembro de 1889 é, sem dúvida, um dos


acontecimentos significativos de nossa história. Feriado nacional festejado anualmente como uma
das datas cívicas mais importantes, o 15 de novembro se inscreve nos livros escolares e no
imaginário coletivo como um dos acontecimentos fundador do que somos, como um lugar de
memória” (NEVES, Margarida de Sousa. Os cenários da República. O Brasil na virada do século
XIX para o século XX. IN: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves O Brasil
Republicano: o tempo do liberalismo excludente. Da Proclamação da República à Revolução de
1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 26).

Sobre o advento da República no Brasil, assinale a alternativa correta:

A) A Hipótese de que a República tem sua origem no descontentamento de setores do Exército


desde ao fim da Guerra do Paraguai não se sustenta, tendo em vista que grupos das forças
armadas brasileiras têm participado de golpes contra a própria República, ao longo de sua história;

B) Ainda que seja possível identificar referências mais remotas, foi a partir do lançamento do
Manifesto Republicano, em 1870, defendendo a República, embora sem federação, que se
oficializou o republicanismo brasileiro;

C) A principal insatisfação dos Republicanos com a Monarquia foi manifestada no Congresso de


1877, quando o Imperador D. Pedro II resolveu estabelecer um Estado Federativo no Brasil;

D) Os cafeicultores escravistas formavam uma das principais bases de apoio da Monarquia, no


entanto, com a abolição da escravidão, muitos acabaram aderindo ao movimento republicano;

AULA 15: HB: Do Império à República 79


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

E) A adesão em massa da população brasileira ao movimento republicano fez com que a


Monarquia caísse de forma pacífica, salvo resistências localizadas sem maiores proporções.

(URCA 2018)
A fim de regulamentar a propriedade da terra de acordo com as novas necessidades
econômicas e os novos conceitos de terra e de trabalho, diversas leis importantes foram
decretadas em diferentes países durante o século XIX. No Brasil, a lei para este fim ficou
conhecida como a Lei de Terras de 1850, sobre a qual podemos corretamente afirmar:
A) Proibia a aquisição de terras que não fosse exclusivamente pela posse ou doação feita
pela Coroa.
B) Determinava que todos aqueles que tinham adquirido a terra, nos anos precedentes à Lei,
por ocupação ou doação, perderiam a terra, ainda que tivessem como legalizá-las mediante
o pagamento de taxas cartoriais.
C) Limitou o tamanho das terras adquiridas pela ocupação que não poderia ser maior do que
a maior porção de terra doada no distrito em que se localizava.
D) Os produtos das vendas das terras públicas e das taxas de registro das propriedades
seriam utilizados para importar mão de obra escrava.
E) Se antes da lei, somente poderiam adquirir terras aqueles que tivessem condições de
explorá-las lucrativamente, com a lei, somente poderiam adquirir aqueles que prestassem
serviços à Coroa Imperial.
(UEA – 2011)
A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, proibiu o tráfico de escravos da África para o Brasil.
Estima-se que entravam no país, no período imediatamente anterior à Lei, 50 mil escravos
por ano. A proibição desse comércio
(A) provocou desentendimentos e conflitos do governo brasileiro com o Parlamento inglês,
porque trouxe prejuízos monetários às companhias inglesas de comércio de escravos.
(B) precipitou a queda da monarquia brasileira, que perdeu o apoio político e o auxílio
econômico dos senhores de escravos do Norte e do Sul do país.
(C) liberou e disponibilizou capitais que foram aplicados em atividades industriais e de
transportes, de que é exemplo a Companhia de Navegação a Vapor do rio Amazonas.
(D) determinou o crescimento de cidades no país, porque favoreceu a libertação voluntária
dos escravos por seus senhores, que foram atingidos pela falta de mão de obra.
(E) dividiu geograficamente o país em duas regiões distintas, uma que explorava o trabalho
escravo e outra que estimulava o emprego do trabalho assalariado.
(UEA – 2011)

AULA 15: HB: Do Império à República 80


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Somos da América e queremos ser americanos. A nossa forma de governo é, em sua essência
e em sua prática, antinômica e hostil ao direito e aos interesses dos Estados americanos.
(Manifesto Republicano. Jornal A República, 03.12.1870.)
Segundo o trecho do Manifesto Republicano, o Brasil adotava, em 1870, uma forma de
governo que poderia ser um fator de
(A) expansão do caudilhismo nas repúblicas americanas.
(B) fortalecimento da solidariedade continental.
(C) desestabilização política no continente.
(D) democratização política dos países fronteiriços.
(E) aproximação dos povos da América com as monarquias europeias.
Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 168 e 167.
Quando as grandes secas de 1879-1880, 1889-1890, 1900-1901 flamejavam sobre os sertões
(...) e as cidades do litoral se enchiam em poucas semanas de uma população (...) de famintos
assombrosos, devorados das febres e das bexigas – a preocupação exclusiva dos poderes
públicos consistia no libertá-las quanto antes daquelas invasões de bárbaros moribundos que
infestavam o Brasil. Abarrotavam-se, às carreiras, os vapores, com aqueles fardos agitantes
(...) Mandavam-nos para a Amazônia – vastíssima, despovoada (...).
(Euclides da Cunha. Um clima caluniado, In À margem da história, 1909.)
(UEA – 2011)
O texto refere-se ao contingente populacional que foi empregado na extração da borracha
e que se submeteu na Amazônia
(A) às condições de melhoria de vida e, na maioria dos casos, de enriquecimento,
considerando que as seringueiras espalhavam-se pela floresta imensa e sem proprietários.
(B) a um regime de trabalho em que a mão de obra vivia endividada com o dono da
exploração, que lhe vendia os instrumentos de trabalho e os gêneros alimentícios.
(C) às dificuldades de sobrevivência em um ambiente hostil, embora contasse com assistência
médica gratuita e salários pagos pelo governo.
(D) a uma situação econômica semelhante a do interior do nordeste brasileiro, em que a
produção estava baseada nas pequenas propriedades e no trabalho familiar.
(E) a um processo de colonização pensado e planejado pelo Estado brasileiro, que tinha
como finalidade tomar posse do imenso território vazio da floresta.
(UEA – 2011)
A extração da borracha na área da floresta amazônica foi responsável pelo enriquecimento
e crescimento populacional de cidades como Manaus e Belém. O auge da exploração da
borracha amazônica liga-se à

AULA 15: HB: Do Império à República 81


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(A) segunda revolução industrial, que empregou a borracha como importante matéria-prima.
(B) procura do produto pelos países capitalistas desenvolvidos, que participaram da primeira
guerra mundial.
(C) anexação pelo Brasil de territórios cobertos pela floresta tropical, que pertenciam a
pequenos países da América do Sul.
(D) concorrência da produção asiática, que exigiu dos empresários brasileiros uma diminuição
dos custos de produção.
(E) concentração das árvores nas vizinhanças dos portos de exportação, o que permitiu o
emprego de uma técnica sofisticada de extração do látex.
Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 05 e 06.
José do Patrocínio, um dos mais importantes abolicionistas da história do Brasil, editava, em
1875, um jornal intitulado Os Ferrões. Na edição de 1.º de setembro de 1875, ele escreveu:
O governo formulou a lei de liberdade aos nascidos após este bendito dia [o dia 28 de
setembro de 1871], e pensando que nem só isto bastava, falou em criação de hospícios, em
remuneração aos senhores, em mil coisas enfim. Ora lá se vão quase quatro anos e o governo
está ainda com os braços cruzados. O que quer? (...) Quer que esses redimidos venham
desempenhar na sociedade simplesmente, naturalmente, graciosamente o papel de
consumidores de aguardente, mascadores de fumo e irmãos do santo ócio? Quebrar os
grilhões do cativeiro nada é, ficando intactos os não menos pesados grilhões da ignorância.
O escravo não se redimirá somente com a liberdade, é complemento dessa redenção – o
livro e a oficina.
(UEA – 2011)
De acordo com José do Patrocínio,
(A) a extinção da escravidão no Brasil atiraria os libertos a um estado de penúria econômica
e moral mais grave que o dos tempos da escravidão.
(B) a lei da liberdade aos nascidos teria sido o resultado de uma decisão política das elites
brancas, que não teve importância para os escravos.
(C) os libertos estariam condenados, juntamente com seus descendentes, a uma vida de
ignorância e miséria, independentemente das atitudes do governo.
(D) as leis abolicionistas que não fossem complementadas por medidas de caráter social e
cultural deixariam os antigos escravos em uma situação de marginalidade social.
(E) a rebelião armada dos escravos contra os seus dominadores seria o único caminho seguro
para sua efetiva e real libertação.
(UEA – 2011)
A Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel e que produziu, no dia 13 de maio de 1888, um
clima de alegria e festa na cidade do Rio de Janeiro,

AULA 15: HB: Do Império à República 82


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(A) indenizou os proprietários de escravos.


(B) concedeu lotes de terra para os libertos.
(C) instituiu um feriado em homenagem a Zumbi dos Palmares.
(D) estabeleceu o ensino público e obrigatório no Brasil.
(E) decretou o fim da escravidão.
(UEA - 2012)
Os acordos e as discussões sobre a definição das fronteiras no sul do Brasil estenderam-se
do período colonial ao Brasil independente. Vários tratados, muitos deles não cumpridos,
foram assinados entre Portugal e Espanha, visando estabelecer os limites entre as duas
possessões no estuário do rio da Prata. Com a Revolta dos Farrapos no Rio Grande do Sul,
entre 1835 e 1845, a questão das fronteiras na região voltou à ordem do dia, devido
(A) às relações políticas e militares dos revoltosos com os países do cone sul da América, em
particular, o Uruguai.
(B) à extinção da economia do charque gaúcho pelo governo brasileiro, apoiando, dessa
forma, a pecuária do Uruguai.
(C) à importância da economia gaúcha na pauta das exportações brasileiras e à ameaça de
anexação do Rio Grande do Sul pelos uruguaios.
(D) à intervenção militar da República Argentina no Sul do Brasil, visando garantir a República
Gaúcha.
(E) à união alfandegária estabelecida entre os governos da Argentina e do Uruguai com o
governo rebelde do Rio Grande do Sul.
(UEA - 2012)

A vitória do Brasil na Guerra do Paraguai (1864-1870) foi celebrada por obras de arte
encomendadas e patrocinadas pelo governo imperial. O mais conhecido pintor da época,

AULA 15: HB: Do Império à República 83


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Pedro Américo, retratou a vitória do Conde D´Eu, genro do imperador, na batalha de Campo
Grande. Analisando o quadro de Pedro Américo, percebe-se que o artista
(A) fez uma crítica sutil aos comandantes brasileiros, pintando a sua falta de heroísmo e
insignificância na batalha.
(B) considerou que as tropas brasileiras eram muito semelhantes às paraguaias na
indumentária e no equipamento bélico utilizado.
(C) expressou princípios da propaganda republicana brasileira, que argumentava que a
monarquia era uma flor exótica na América.
(D) representou os soldados brasileiros de maneira diversa e antagônica à dos paraguaios,
retratados como bárbaros e truculentos.
(E) exprimiu, paradoxalmente, pontos de vista contrários à violência militar, ao mesmo tempo
em que criou um novo gênero artístico, a pintura de batalha.
(UECE 2020)
A queda do império no Brasil não se deu apenas por uma causa, mas por um acúmulo de
fatores. Analise os fatos apresentados a seguir e assinale o que NÃO corresponde a uma
causa para o fim da monarquia no Brasil.
A) Guerra de Canudos, ocorrida em uma comunidade rural no interior da Bahia, que
provocou milhares de mortes e abalou a popularidade do império.
B) Movimento Abolicionista, que provocou o fim da escravidão no império, causando a ira
de muitos latifundiários escravistas.
C) Questão Militar, em que oficiais do exército brasileiro se opuseram à monarquia, o que
conduziu muitos militares aos quadros do movimento republicano.
D) Questão Religiosa, oriunda do choque entre a maçonaria, liderada pelo próprio
imperador, e clérigos da igreja católica, o que agravou a imagem da monarquia.
(UECE 2020 - 4000159395)
Atente para o seguinte excerto a respeito da abolição da escravatura no Brasil:
“[…] a abolição da escravatura não eliminou o problema do negro. A opção pelo trabalhador
imigrante, nas áreas regionais mais dinâmicas da economia, e as escassas oportunidades
abertas ao ex-escravo, em outras áreas, resultaram em uma profunda desigualdade social da
população negra. Fruto em parte do preconceito, essa desigualdade acabou por reforçar o
próprio preconceito contra o negro. Sobretudo nas regiões de forte imigração, ele foi
considerado um ser inferior, perigoso, vadio e propenso ao crime; mas útil quando
subserviente”. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 169.
Considerando o processo histórico de abolição da escravatura no Brasil, é correto afirmar
que

AULA 15: HB: Do Império à República 84


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

A) foi, além de muito rápido, suficiente para acabar com o escravismo e logo inserir o ex-
escravo, de forma igualitária, nos diversos espaços da sociedade brasileira.
B) além de lento, considerando-se o lapso temporal entre a Lei Eusébio de Queirós, de cunho
abolicionista, de 1850, e a Lei Áurea, de 1888, não representou o fim da marginalização da
população negra.
C) o país, por ser pioneiro na abolição da escravatura, encontrou grande dificuldade, pois,
não havendo exemplos a serem seguidos, obrigou-se a construir seu próprio modelo de
inclusão social para os ex-escravos.
D) como nos EUA, onde os ex-escravos foram plenamente aceitos na sociedade por sua
capacidade de produção, os ex-escravos brasileiros também tiveram oportunidade de
ingressar no mercado de trabalho e experimentar chances iguais para vencer na vida.
(UECE 2019)
Diversas características culturais marcaram o Brasil durante o Segundo Reinado (1840-1889),
dentre as quais destacou-se
a) a realização da Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, que
ocorreu em São Paulo e congregou grandes nomes do modernismo.
b) o surgimento de uma literatura que unia o lirismo à crítica social e ao realismo fantástico
e que tinha em Jorge Amado e Dias Gomes seus grandes ícones.
c) o aparecimento de grupos teatrais como o Oficina e o Arena, que davam ênfase aos
autores nacionais e usavam a arte para criticar a situação do País.
d) o predomínio de uma literatura de construção da identidade nacional, como o romantismo
indianista de José de Alencar e Gonçalves Dias
(UECE 2018)
O processo que conduziu à abolição da escravidão no Brasil e que contou com a atuação de
nomes como José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Luís Gama, Castro Alves, Rui Barbosa e
muitos outros intelectuais teve seu desenlace com a assinatura da Lei Áurea em 13 de maio
de 1888; contudo, conforme o excerto a seguir, muitos veem esse processo como inacabado.
“Conservadora e curta, com pouco mais de duas linhas, a Lei nº 3.353, a chamada Lei Áurea,
decretou, no dia 13 de maio de 1888, o fim legal da escravidão no Brasil. Mas se a escravidão
teve seu fim do ponto de vista formal e legal há 130 anos, a dimensão social e política está
inacabada até os dias atuais. Essa é a principal crítica de estudiosos e militantes dos
movimentos negros à celebração do 13 de maio como o dia do fim da escravatura”.
GONÇALVES, Juliana. 130 anos de abolição inacabada. Brasil de fato. Acessível em:
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/13/130-anosde-uma-abolicao-inacabada/acesso
em 05/07/2018.
Em relação ao fim da escravidão no Brasil, na perspectiva do trecho acima, pode-se afirmar
corretamente que

AULA 15: HB: Do Império à República 85


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

a) atrasou o estabelecimento de um governo republicano que inserisse a população


afrodescendente na sociedade brasileira com igualdades de condições aos demais grupos,
o que só correu no Estado Novo em 1937.
b) por ter sido muito tardio, proporcionou condições para uma adequada inserção da
população de ex-escravos na sociedade brasileira na condição de proprietária das terras a
ela destinadas pelo governo.
C) apressou a queda do já combalido sistema monárquico e sua substituição por uma
república em 15 de novembro de 1889, mas não criou condições necessárias para a plena
integração dos libertos na sociedade brasileira.
D) ocorreu exclusivamente pelo interesse da monarquia em angariar o apoio do movimento
abolicionista, que era muito popular junto à população, e em se opor aos seus rivais
tradicionais, os latifundiários e os militares.
(UECE 2017)
Atente aos dois excertos a seguir que tratam da legislação eleitoral durante o período
imperial no Brasil. O primeiro diz respeito às alterações promovidas no sistema eleitoral do
Império pela Lei Nº 387 de 19 de agosto de 1846, e o segundo apresenta o artigo 2º do
Decreto Nº 2.675 de 20 de outubro de 1875, que reformava a legislação eleitoral: “De acordo
com a legislação eleitoral do período, as faixas mínimas de rendas estabelecidas para
participação no pleito eram as seguintes:
a) 200$000 para ser eleitor de primeiro grau;
b) 400$000 para ser eleitor de segundo grau, candidatar-se a Juiz de Paz e candidatar-se a
vereador;
c) 800$000 para candidatar-se a deputado;
d) 1.600$000 para candidatar-se a senador.”;
FARIA, Vanessa Silva de. Eleições no Império: considerações sobre representação política
no segundo reinado. on-line. XXVII Simpósio nacional ANPUH. Natal, 2013 p. 2. Disponível
em: www.snh2013.anpuh.org/resources/.../1364925577_ARQUIVO_artigoanpuh2013. pdf
“Art. 2º O Ministro do Imperio fixará o numero de eleitores de cada parochia sobre a base
do recenseamento da população e na razão de um eleitor por 400 habitantes de qualquer
sexo ou condição, com a unica excepção dos subditos de outros Estados. Havendo sobre o
multiplo de 400 número excedente de 200, accrescerá mais um eleitor”.
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto2675-20-
outubro-1875-549763-publicacaooriginal-65281-pl.html
Com base nos textos acima, pode-se concluir acertadamente que durante o Império
a) havia limitações à participação popular no processo eleitoral.
b) havia uma representatividade muito maior do que a atual, pois um a cada quatrocentos
habitantes podia votar como eleitor de primeira.

AULA 15: HB: Do Império à República 86


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

c) o sistema de colégio eleitoral fazia com que o eleitor de primeira pudesse escolher o chefe
do executivo provincial e do executivo imperial.
d) apesar da limitação no número de eleitores, o acesso da população à candidatura era bem
mais fácil.
(UECE 2017)
O Brasil foi o último país da América a acabar, oficialmente, com a escravidão em seu
território. Apesar do pioneirismo das províncias do Ceará e do Amazonas, que aboliram a
escravidão em 1884, o processo que levou até a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de
1888, teve início com a Lei Eusébio de Queirós, de 4 de setembro de 1850, que proibia o
tráfico de escravos para o Brasil. Atente ao que diz o Professor Antonio Torres Montenegro
a esse respeito: “Com o passar dos anos, vai-se tornando evidente que a extinção do tráfico
de escravos, por si, não é suficiente para garantir um fim próximo para a escravidão. Existia,
agora, o comércio de escravos entre as províncias, que começava a gerar outros problemas.
Isso porque as províncias do Norte e Nordeste passaram a vender grandes quantidades de
escravos para o Sul e Sudeste. [...] O Norte e o Nordeste passam, então, a adotar,
crescentemente, o trabalho livre, tornando-se aos poucos, mais flexíveis em relação a um
prazo imediato para o fim da escravidão do que o Sul, que tinha acabado de realizar um
grande investimento na compra de escravos”.
MONTENEGRO, Antonio Torres. Reinventando a liberdade: A abolição da escravatura no
Brasil. 9ª ed. São Paulo: Atual, 1989, p. 9-10.
De acordo com o texto acima, pode-se concluir acertadamente que
a) a partir da edição da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que proibia o tráfico de escravos
para o Brasil, garantiu-se o fim do comércio de escravos no país.
b) o comércio interprovincial de escravos favoreceu a que as províncias do Ceará e do
Amazonas abolissem a escravidão ainda em 1884, cerca de 4 anos antes da assinatura da Lei
Áurea.
c) no Sul e Sudeste, em virtude da compra de escravos das províncias do Norte e Nordeste,
surgiu um movimento de apoio à abolição por parte dos grandes latifundiários cafeicultores.
d) o fim da escravidão no Brasil foi um processo demorado porque apenas questões étnicas
impediam a realização da abolição.
(UECE 2016)
Em 1850, ano de extinção oficial do tráfico de escravos no Brasil, foi votada a Lei de Terras.
Esta lei, em linhas gerais, determinou que
I. todo proprietário registrasse suas terras, ficando proibida a doação de propriedades ou
qualquer outra forma de aquisição de bens fundiários, a não ser por meio da compra.
II. se mantivesse o alto custo do registro imobiliário, impedindo que os posseiros mais
pobres obtivessem a propriedade do solo onde plantavam.

AULA 15: HB: Do Império à República 87


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

III. ficasse assegurado o direito dos imigrantes ― cujo trabalho, em muitos casos, substituiria
o trabalho dos escravos ― de se tornarem proprietários das terras onde laboravam.
IV. fossem possíveis a aquisição e a posse de terras públicas, a baixo custo, pelos grandes
proprietários, seus herdeiros e descendentes.
Estão corretas as complementações contidas em
a) I, II, III e IV.
b) I e II apenas.
c) II, III e IV apenas.
d) I, III e IV apenas.
(UECE 2016)
Atente às seguintes afirmações acerca do momento histórico brasileiro conhecido como
Segundo Reinado:
I. Esse período, no primeiro momento, constituiu a luta a favor da permanência da
monarquia, sob a égide de Pedro I.
II. A crise interna do sistema escravista, aliada aos vários conflitos e revoltas internas
observados durante esse período, contribuíram para por fim ao Segundo Reinado.
III. O final do Segundo Reinado representou o fim do período Imperial no Brasil e o início do
sistema republicano.
É correto o que se afirma somente em
a) I e II.
b) I e III.
c) II.
d) III.
(UECE 2015)
Atente para as afirmações a seguir, acerca do Processo de Abolição dos Escravos no Brasil,
e assinale com V as afirmações verdadeiras e com F, as falsas.
( ) Em 1850, o Brasil foi levado a extinguir o tráfico internacional, porém, surgiu o tráfico
interno com a venda de escravos das áreas mais pobres para as mais desenvolvidas.
( ) Nesse processo, algumas leis foram aprovadas com o objetivo de acalmar os abolicionistas
e ir lenta e gradualmente extinguindo a escravidão, quais sejam: Lei do Ventre Livre, Lei do
Sexagenário.
( ) Nesse movimento não se tem notícias de insurreições ou ações dos próprios escravos em
prol da própria liberdade, em virtude da forte repressão presenciada nos últimos momentos
do período escravocrata.

AULA 15: HB: Do Império à República 88


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

( ) A abolição da escravatura se deu ainda no Reinado de D. Pedro II e representou um grande


avanço para a inserção do ex-escravo como cidadão na sociedade brasileira.
A sequência correta, de cima para baixo, é:
a) V, V, V, F.
b) V, V, F, F.
c) F, V, F, V.
d) F, F, F, V.

7. GABARITO
25. B
1. B 26. B
2. A 27. C
3. D 28. C
4. E 29. D
5. A 30. B
6. E 31. D
7. E 32. C
8. C 33. C
9. B 34. C
10. E 35. B
11. C 36. A
12. D 37. D
13. B 38. E
14. C 39. A
15. C 40. D
16. D 41. A
17. E 42. B
18. A 43. D
19. A 44. C
20. D 45. A
21. C 46. B
22. A 47. B
23. E 48. D
24. C 49. B

AULA 15: HB: Do Império à República 89


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

8. QUESTÕES COMENTADAS
(ENEM 2021)

TEXTO I

EIGENHEER, E. M. Lixo: a limpeza urbana através dos tempos. Porto Alegre: Gráfica Palloti,
2009.

TEXTO II

A repugnante tarefa de carregar lixo e os dejetos da casa para as praças e praias era
geralmente destinada ao único escravo da família ou ao de menor status ou valor. Todas as noites,
depois das dez horas, os escravos conhecidos popularmente como “tigres” levavam tubos ou
barris de excremento e lixo sobre a cabeça pelas ruas do Rio.

KARASCH, M. C. A vida dos escravos no Rio de Janeiro, 1808-1850. Rio de Janeiro: Cia das
Letras, 2000.

A ação representada na imagem e descrita no texto evidencia uma prática do cotidiano nas
cidades no Brasil nos séculos XVIII e XIX caracterizada pela

a) valorização do trabalho braçal.

b) reiteração das hierarquias sociais.

c) sacralização das atividades laborais.

d) superação das exclusões econômicas.

e) ressignificação das heranças religiosas.

Comentários
Atenção ao período e local abordados: séculos XVIII e XIX no Rio de Janeiro. Esse período
é marcado pela intensificação da importação de escravizados africanos no Brasil, impulsionada

AULA 15: HB: Do Império à República 90


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

principalmente pela extração aurífera em Minas Gerais durante o século XVIII. Esta atividade
também provocou a transferência da capital da América portuguesa de Salvador para o Rio de
Janeiro, devido à sua proximidade com a região mineradora, dando-lhe maior vantagem como
porto privilegiado para a exportação do ouro. Assim, o Sudeste começa a se tornar o principal
polo econômico da colônia. Por outro lado, à medida que o ouro se torna mais escasso, as riquezas
obtidas com sua extração vão sendo reinvestida nos negócios que sempre deram certo na
colonização: latifúndio exportador (pecuarista ou agricultor) e tráfico de escravizados. No raiar o
século XIX, o Sudeste já competia com o Nordeste na produção açucareira, principalmente o Rio
de Janeiro. E gradativamente a cafeicultura vai se popularizando entre os grandes fazendeiros
cariocas e paulistas conforme a demanda por café cresce na Europa. Quando mais as lavouras se
espalham e crescem de tamanho, mais escravizados são importados. Vale dizer que as primeiras
décadas do século XIX foram o período no qual mais se importou cativos no Brasil a ponto dos
historiadores chamarem o fenômeno de “segunda escravidão”. Com tanto escravizados chegando
ao país, eles também encontraram uso nas zonas urbanas, principalmente nas cidades portuárias
onde os fazendeiros e pecuaristas agenciavam suas exportações. Entretanto, nas cidades os
cativos eram empregados em uma variedade maior de trabalhos. De qualquer forma, nas
atividades de limpeza e descarte do lixo não havia grandes diferenças entre ambientes urbanos e
rurais. Como a imagem e o texto nos mostram, eram os cativos que cuidavam dessas tarefas.
Sabendo disso, vejamos o que caracteriza a prática descrita:
a) Incorreta. Na sociedade escravista brasileira o trabalho braçal era extremamente
desvalorizado, tido como algo degradante e humilhante. Por isso, qualquer atividade manual,
inclusive a coleta e descarte de lixo, eram reservados preferencialmente aos escravizados, que
estavam na base da pirâmide social, destituídos de direitos políticos, civis e sociais. Na sua
ausência, eram os trabalhadores pobres que faziam essas funções.
b) Correta! Reiteração significa reafirmação. E como disse, os escravizados estavam na base
da pirâmide social do Brasil colonial e imperial. Logo, não é de se estranhar que sejam eles que
ficam encarregados das tarefas consideradas degradantes pela sociedade da época, como a
coleta e descarte do lixo.
c) Incorreta, pela mesma razão que a letra “b”. Nunca esqueça que na sociedade escravista
brasileira qualquer atividade laboral era considerada degradante, digna das camadas mais baixas
da hierarquia social, enquanto o ócio era sinal de riqueza e prestígio.
d) Incorreta. Se há reiteração das hierarquias sociais, as exclusões econômicas também são
reafirmadas. É pelo seu papel na economia que os escravizados estão na base da pirâmide social
do Brasil colonial e imperial. Juridicamente, eles eram considerados mercadorias, passíveis de
serem empregados, comprados e vendidos ao bel prazer de seus proprietários.
e) Incorreta. As religiosidades da época não são abordadas nem pela imagem, nem pelo
texto.
Gabarito: B
(ENEM 2021)

AULA 15: HB: Do Império à República 91


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Escravo fugido
No dia 8 de Outubro do anno próximo passado fugio da fazenda do Bom Retiro, propriedade
do dr. Francisco Antonio de Araújo, o escravo José, pardo claro, de 22 annos de idade,
estatura regular, cheio de corpo, com a falta de um dente na frente do lado superior, cabelos
avermelhados, orelha roxa, falla macia, e andar vagaroso. Intitula-se forro, e quando fugio a
primeira vez esteve contratado como camarada em uma fazenda em Capivary.
Quem o apreender e entregar ao seu senhor no Amparo, ou o recolher a cadêa em qualquer
parte será bem gratificado, e protesta-se com todo o rigor da lei contra quem o acoutar.
15-13
Escravo fugido. Jornal Correio Paulistano. 13 de abril de 1879. Disponível em
http:\\bndigital.bn.gov.br. Acesso em 2 ago. 2019 (adaptado).
No anúncio publicado na segunda metade do século XIX, qual a estratégia de resistência
escrava apresentada?
a) Criação de relações de trabalho.
b) Fundação de territórios quilombolas.
c) Suavização da aplicação de normas.
d) Regularização das funções remuneradas.
e) Constituição de economia de subsistência.
Comentários
Em primeiro lugar, repare no tempo e lugar indicado: 1879, no Brasil. Nessa época, nosso
país vivenciada o Segundo Reinado (1840-1889). Este é um período marcado pela crise da
monarquia, urbanização das principais capitais, auge da economia cafeeira no Sudeste, difusão do
republicanismo, popularização do abolicionismo, aumento das fugas e revoltas de escravizados,
Guerra do Paraguai (1864-1870), entre outros fatores. Entretanto, o tema específico da questão
são as estratégias de resistência dos escravizados. O texto apresentado se trata de um anúncio
publicado no jornal Correio Paulistano, um dos maiores periódicos de orientação conservadora de
São Paulo e do Império. No anúncio, é divulgado a fuga de um cativo e suas principais
características físicas e comportamentais. O interessante é que o anunciante informa ao público a
estratégia já utilizada por José, o fugitivo, da última vez que escapou de seu cativeiro. Com isso
em mente, vejamos qual foi ela:
a) Correta! As duas últimas linhas do primeiro parágrafo no entregam a resposta: “Intitula-
se forro, e quando fugiu a primeira vez esteve contratado como camarada em uma fazenda em
Capivary”. Veja, muitas das estratégias usadas pelos escravizados para resistir às violências da
escravidão eram praticadas desde o início desta instituição lá no período colonial. Contudo, ao
longo do século XIX, houve uma onda de movimentos de independência e de abolição em todo
o continente Americano. O Brasil foi o último país a abolir a escravidão, mas vários de seus vizinhos
já o tinham feito e isso repercutia por aqui. Nesse contexto mais amplo, no Império brasileiro as

AULA 15: HB: Do Império à República 92


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

fugas e revoltas, entre outras estratégias, tornaram-se cada vez mais frequentes, ainda mais no
Segundo Reinado, quando o tráfico já havia sido proibido e a Lei do Ventre Livre fora promulgada.
Com isso, o número de alforriados aumentava, assim como o de negros e pardos nascidos livres.
Dessa forma, ficava mais fácil para muitos escravizados se passarem por forros ou livres caso
conseguissem fugir para localidades relativamente distantes, onde ninguém os conhecia. Assim,
eles formavam novas relações de trabalho fora do cativeiro com outros fazendeiros ou
empregadores.
b) Incorreta. De fato, a formação de quilombos era uma das estratégias mais antigas contra
a escravidão, datando dos primeiros séculos de colonização, e que se intensificou ao longo do
século XIX. No entanto, note que em nenhum momento o anúncio fala em quilombos.
c) Incorreta. Na verdade, o anúncio é um exemplo da persistência das normas ligadas à
escravidão, mesmo em um contexto de popularização do abolicionismo e intensificação da
resistência dos escravizados. Afinal, o anunciante publicou abertamente seu anúncio que visava a
captura de um cativo fugitivo. Os meios de captura (apelar ao público oferecendo recompensa e
sugerindo a entrega do fugitivo à cadeia) também eram um padrão na escravidão brasileira.
d) Incorreta. O anúncio serve de evidência para como as funções remuneradas, isto é, o
trabalho livre ainda não era bem regularizado. Havia uma série de possíveis acordos entre
empregadores e trabalhadores forros e/ou livres, ou mesmo entre dois trabalhadores, que não
necessariamente envolviam remuneração em dinheiro, mas muitas vezes produtos, terras, moradia
ou benefícios de outra ordem. A camaradagem era uma dessas possibilidades. A camaradagem
era a relação de trabalho entre dois trabalhadores autônomos, na qual se divide as despesas e o
lucro das atividades. É como quando duas pessoas se tornam sócias num mesmo negócio, mas
aqui no caso é algo mais informal. No caso de José, provavelmente, ao chegar em Capivari,
encontrou um pequeno ou médio proprietário rural que não tinha recursos suficientes para
comprar mais cativos ou contratar novos empregados. Então, José, passando-se por forro, deve
ter oferecido seus serviços ou recebeu uma proposta de camaradagem. É possível até que o
pequeno ou médio proprietário que o empregou até soubesse que ele era um cativo em fuga e
pode ter sido sua ideia que José se passasse por forro, pois caso fosse descoberto os dois podiam
ser presos, uma vez que acoitar (refugiar) escravizados fugitivos era crime. De qualquer forma,
independentemente de quem foi a ideia, essa se tornou uma estratégia cada vez mais frequente
entre os cativos em fuga ao longo do século XIX, inclusive com envolvimento de grandes
proprietários mais simpáticos ao abolicionismo.
e) Incorreta. Não é informado que tipo de fazenda José de refugiou, se era grande ou
pequena, se era voltada para subsistência, para o mercado interno ou para exportação.
Gabarito: A
(ENEM 2021)

“Durante os anos de 1854-55, o governo brasileiro – por meio de sua representação


diplomática em Londres – e os livre-cambistas ingleses – nas colunas do Daily News e na Câmara

AULA 15: HB: Do Império à República 93


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

dos Comuns – aumentaram a pressão pela revogação da Lei Aberdeen. O governo britânico,
entretanto, ainda receava que, sem um trabalho anglo-brasileiro satisfatório para substituí-la, não
haveria nada que impedisse os brasileiros de um dia voltarem aos seus velhos hábitos”.

BETHELL, L. A abolição do comércio brasileiro de escravos. Brasília: Senado Federal, 2002


(adaptado).

As tensões diplomáticas expressas no texto indicam o interesse britânico em

a) estabelecer jurisdição conciliadora.

b) compartilhar negócios marítimos.

c) fomentar políticas higienistas.

d) manter a proibição comercial.

e) promover o negócio familiar.

Comentários
A Lei Alberdeen, mais conhecida como Bill Alberdeen, foi uma lei promulgada pela
Inglaterra em 1845. Por meio dela, o governo britânico proibia o tráfico internacional de
escravizados africanos e permitia à marinha inglesa perseguir e capturar todos aqueles que
persistissem no ramo, mesmo que fossem de outra nacionalidade. Os infratores eram levados até
a Inglaterra, onde seriam julgados. A pressão inglesa para o fim do tráfico datava desde as
primeiras décadas do século XIX, antes mesmo da independência do Brasil (1822). Para os
britânicos, o fim do comércio de viventes era interessante, pois contribuiria para o fim da
escravidão que, por sua vez, permitiria que uma grande massa de escravizados se tornassem
trabalhadores livres e, consequentemente, consumidores. E a Inglaterra precisava de mais
consumidores, mesmo que de outros países, para consumir seus produtos industriais. O Brasil
independente, que se tornou bastante dependente econômica e diplomaticamente da Inglaterra,
promulgou sua primeira lei anti-tráfico em 1831 (a Lei Feijó). Todavia, as autoridades brasileiras
não se empenharam em aplicá-la e, na prática, o comércio de africanos continuou. Enquanto isso,
os ingleses continuavam a pressão para a medida fosse efetivada. Entretanto, outra lei brasileira
contribuiu para os britânicos ficarem ainda mais descontentes com as autoridades brasileiras: a
criação da Tarifa Alves Branco, que aumentava a taxação sobre produtos importados, com vista a
aumentar a arrecadação do Estado brasileiro. Então, no ano seguinte, a Inglaterra promulgou a
Lei Alberdeen. A marinha britânica começou a perseguir “sem dó” traficantes brasileiros, em
alguns casos entrando até em portos brasileiros para capturar os infratores e levá-los para os
tribunais ingleses. Finalmente, o Brasil promulgou a Lei Eusébio de Queiroz, em 1850, que proibia
definitivamente o tráfico internacional de africanos para seu território. Mesmo assim, ainda
demoraria alguns anos para que os ingleses revogassem a Bill Alberdeen, desconfiados de que os
traficantes brasileiros continuariam suas atividades de forma clandestina. Então, vejamos qual o
interesse britânico que essas tensões diplomáticas revelam:

AULA 15: HB: Do Império à República 94


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

a) Incorreta. A lei britânica era considerada violenta pelos brasileiros. De fato, estava longe
de ser uma medida conciliadora, uma vez que já partia para a captura, julgamento e prisão dos
traficantes por tribunais ingleses, algo que feria desafiava a soberania nacional do Brasil (e também
de Cuba, único outro país no Ocidente que mantinha a escravidão e o tráfico).
b) Incorreta. Na verdade, as tensões demonstravam o interesse britânico em extinguir um
determinado tipo de comércio marítimo: o tráfico de africanos.
c) Incorreta. Políticas higienistas dizem respeito a reformas e ações promovidas pelo poder
público para higienizar os ambientes urbanos ou rurais. Trata-se de medidas de higiene pública e
saneamento. Entretanto, costumamos chamar de “higienistas” especificamente aquelas medidas
que mais que se preocupar com a saúde pública, promovem a marginalização das populações de
baixa renda, como se a presença delas fosse fonte de doenças, desordens e sujeira.
d) Correta! Como mencionei na letra “b”, o interesse inglês visava o fim definitivo do
comércio internacional de escravizados africanos.
e) Incorreta. O tráfico de africanos não era um negócio familiar, mas sim capitalista, no qual
havia investimento de grandes proprietários (mesmo não sendo raro haver “pequenos”
traficantes). Contudo, a Inglaterra não queria o fim do tráfico para promover o negócio familiar e
prejudicar os capitalistas. Na realidade, o governo britânico queria favorecer os capitalistas
ingleses, sobretudo os industriais, que queriam aumentar suas exportações. Para isso, era
necessário aumentar o número de consumidores pelo mundo. Os países escravistas tinham uma
imensa quantidade de potenciais consumidores vivendo como escravizados. Assim, proibindo o
tráfico, pretendia sabotar a escravidão e acelerar seu fim, para que esses cativos se tornassem
consumidores de produtos britânicos.
Gabarito: D
(ENEM 2020) 4000203938

Nas cidades, os agentes sociais que se rebelavam contra o arbítrio do governo também
eram proprietários de escravos. Levavam seu protesto às autoridades policiais pelo recrutamento
sem permissão. Conseguimos levantar, em ocorrências policiais de 1867, na Província do Rio de
Janeiro, 140 casos de escravos aprisionados e remetidos à Corte para serem enviados aos campos
de batalha.

SOUSA, J. P. Escravidão ou morte: os escravos brasileiros na Guerra do Paraguai. Rio de


Janeiro: Mauad; Adesa, 1996.

Desconstruindo o mito dos “voluntários da pátria”, o texto destaca o descontentamento


com a mobilização para a Guerra do Paraguai expresso pelo grupo dos

a) pais, pela separação forçada dos filhos.

b) cativos, pelo envio compulsório ao conflito.

AULA 15: HB: Do Império à República 95


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

c) religiosos, pela diminuição da frequência aos cultos.

d) oficiais, pelo despreparo militar dos novos recrutas.

e) senhores, pela perda do investimento em mão de obra.

Comentários
A Guerra do Paraguai (1864-1870). Em 1850, um quarto da população era composta por
escravizados. Os Voluntários da Pátria surgiram como unidades militares na tentativa de aumentar
o poderio do exército, que era pequeno. Uma boa parte de tais unidades foram compostas por
escravizados, muitos recrutados à força, forçados a lutar em nome de seus senhores, ou ainda
pela promessa de alforria, caso votassem vivos da guerra.
a) Incorreto. O pano de fundo histórico da questão é a escravidão, que perdurava no Brasil do
século XIX, quando ocorreu a Guerra do Paraguai. No período escravocrata, não havia nenhuma
garantia de que as famílias de escravizados permaneceriam unidas, uma vez que eram vistos como
simples mercadorias e podiam ser vendidos e separados a qualquer momento.
b) Incorreto. A questão fala de escravizados enviados à força para a guerra e do descontentamento
da classe de proprietários de escravos, demonstrando o conflito entre os interesses dessa classe
(econômicos) e os militares (em relação ao poderio bélico).
c) Incorreto. O texto não faz nenhuma menção à Igreja. Contudo sabemos que a instituição
caminhava de mãos dadas com os proprietários, ou seja, com a elite econômica do país, numa
relação mútua de interesses.
d) Incorreto. O efetivo do exército brasileiro era pequeno. Assim, em 1865, surgiu o Corpo de
Voluntários da Pátria, que deveriam aumentar o efetivo. A partir daí, começaram a surgir as
denúncias de recrutamento forçado, o que demonstra o desespero das forças armadas, não
importando o despreparo dos recrutas.
e) Correto! O texto apresenta a oposição de proprietários de escravos ao recrutamento de
escravizados, uma vez que, eles eram vistos como suas posses.
Gabarito: E

(ENEM 2020)

Depois da Independência, em 1822, o país enfrentaria problemas que com frequência


emergiram durante a formação dos Estados nacionais da América Latina. Em muitas regiões
do Brasil, essas divergências foram acompanhadas de revoltas, inclusive contra o imperador
D. Pedro I. Com a abdicação deste, em 1831, o país atravessaria tempos ainda mais
turbulentos sob o regime regencial.
REIS, J. J. Rebelião escrava no Brasil: a história do Levante dos Malês em 1835. São Paulo:
Cia. das Letras, 2003 (adaptado).
A instabilidade política no país, ao longo dos períodos mencionados, foi decorrente da(s)

AULA 15: HB: Do Império à República 96


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

a) disputas entre as tendências unitarista e federalista.


b) tensão entre as forças do Exército e Marinha nacional.
c) dinâmicas demográficas nas fronteiras amazônica e platina.
d) extensão do direito de voto aos estrangeiros e ex-escravos.
e) reivindicações da ex-metrópole nas esferas comercial e diplomática.
Comentários
Para resolver esta questão, podemos retomar um esqueminha que desenvolvi em nossos estudos,
dá uma conferida:

No contexto da centralização política do Império, as elites regionais tensionavam para ter mais
autonomia e menos interferência do governo central. Muitas das revoltas que “pipocaram” neste
período estão relacionadas com essa dinâmica da disputa do “poder” e de “influência regional”.
Por isso, nosso gabarito é letra a).
b) errado, pois no século XIX as forças armadas do Brasil, no caso do Império brasileiro, ainda
estavam em formação, sendo que os conflitos externos, principalemnte os que se desenrolaram
na Bacia Platina ajudaram a formá-las. No mesmo sentido, as revolta regências regionais que
eclodiram ao longo da regência e do Império foram controlas pelas ações do exército e da
marinha, os quais primavam pela unidade nacional. Dessa forma, havia mais unidade em torno de
propósitos do que tensões entre elas. Já a marinha brasileira passa a adquirir expressividade após
a República.
c) falso, pois os conflito na Bacia Platina ocorreram por disputas territoriais, comerciais e pelo
controle da navegabilidade fluvial. Não foram conflitos por dinâmicas demográficas.
d) falso, esse debate se desenvolverá no contexto da República.
e) errado, pois houve um acordo de reconhecimento da independência entre Brasil e Portugal.
Gabarito: A

(ENEM 2020)

AULA 15: HB: Do Império à República 97


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Lei n. 3 353, de 13 de maio de 1888


A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II,
faz saber a todos os súditos do Império que a Assembleia-Geral decretou e ela sancionou a
lei seguinte:
Art. 1º: É declarada extinta desde a data desta lei a escravidão no Brasil.
Art. 2º: Revogam-se as disposições em contrário.
Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida lei
pertencer, que a cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.
Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º ano da Independência e do
Império.
Princesa Imperial Regente.
Disponível em: www.planalto.gov.br. Acesso em: 6 fev. 2015 (adaptado).
Um dos fatores que levou à promulgação da lei apresentada foi o(a)
a) abandono de propostas de imigração.
b) fracasso do trabalho compulsório.
c) manifestação do altruísmo britânico.
d) afirmação da benevolência da Corte.
e) persistência da campanha abolicionista.
Comentários
a) falso, pois não foram abandonas.
b) errado, pois para a parcela escravocrata o trabalho compulsório dava certo, já que condizia
com a forma de exploração do modelo econômico de raiz colonial.
c) falso, pois os britânicos não pressionavam pela extinção do trabalho escravo porque
reconheciam nos negros e afrodescendentes pessoas iguais, haja vista o racismo que se
desenvolvida Inglaterra e os regimes segregacionistas que os ingleses construíram na África
do Sul e na Índia. O argumento inglês era comercial e focado no desenvolvimento do
mercado consumidor.
d) falso, pois a Corte não se antecipou à abolição, ela foi pressionada a assinar a norma que
findou com a escravidão. Não por menos, o Brasil foi o último país das Américas a tomar essa
atitude.
e) correto, pois a campanha abolicionista foi feita em várias frentes e foi um elemento
determinante para pressionar a assinatura da Lei Áurea. A título de exemplificação, o próprio
ENEM já cobrou referências diretas ao movimentos abolicionistas, como as mulheres que se
engajavam nesta luta com as mais diversas performances artísticas.
Gabarito: E

AULA 15: HB: Do Império à República 98


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(ENEM 2018)
A poetisa Emília Freitas subiu a um palanque, nervosa, pedindo desculpas por não possuir
títulos nem conhecimentos, mas orgulhosa ofereceu a sua pena que “sem ser hábil, é, em
compensação, guiada pelo poder da vontade”. Maria Tomásia pronunciava orações que
levantavam os ouvintes. A escritora Francisca Clotilde arrebatava, declamando seus poemas.
Aquelas “angélicas senhoras”, “heroínas da caridade”, levantavam dinheiro para comprar
liberdades e usavam de seu entusiasmo a fim de convencer os donos de escravos a fazerem
alforrias gratuitamente.
MIRANDA, A. Disponível em: www.opovoonline.com.br. Acesso em: 10 jun. 2015
As práticas culturais narradas remetem, historicamente, ao movimento
a) feminista.
b) sufragista.
c) socialista.
d) republicano.
e) abolicionista.
Comentários
Veja que há trechos do texto do enunciado que rementem à campanha abolicionista, como
“levantavam dinheiro par comprar liberdades”, “convencer os donos de escravos”. Então, sem
delongas, gabarito letra e).
Gabarito: E

(ENEM 2017)
Com a Lei de Terras de 1850, o acesso à terra só passou a ser possível por meio da compra
com pagamento em dinheiro. Isso limitava, ou mesmo praticamente impedia, o acesso à terra
para os trabalhadores escravos que conquistavam a liberdade.
OLIVEIRA, A. U. Agricultura brasileira: transformações recentes. In: ROSS, J. L. S. Geografia
do Brasil. São Paulo: Edusp. 2009
O fato legal evidenciado no texto acentuou o processo de
a) reforma agrária.
b) expansão mercantil.
c) concentração fundiária.
d) desruralização da elite.
e) mecanização da produção.
Gabarito: C

AULA 15: HB: Do Império à República 99


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(ENEM 2015)

SCHWARCZ, L. M. As barbas do imperador. D. Pedro II, um monarca nos trópicos. São Paulo:
Cia. Das Letras, 1998 (adaptado)
Essas imagens de D. Pedro II foram feitas no início dos anos de 1850, pouco mais de uma década
após o Golpe da Maioridade. Considerando o contexto histórico em que foram produzidas e os
elementos simbólicos destacados, essas imagens representavam um
a) jovem maduro que agiria de forma irresponsável.
b) imperador adulto que governaria segundo as leis.
c) líder guerreiro que comandaria as vitórias militares.
d) soberano religioso que acataria a autoridade papal.
e) monarca absolutista que exerceria seu autoritarismo.
Gabarito: B

(Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

“Como resultado desse mecanismo, houve, em um governo de cinquenta anos, a


sucessão de 36 gabinetes, com a média de um ano e três meses de duração cada um.
Aparentemente, havia uma grande instabilidade, mas, de fato, não era bem isso o que
ocorria. Na verdade, tratava-se um sistema flexível que permitia o rodízio dos dois
principais partidos no governo sem maiores traumas. Para quem estivesse na oposição,
havia sempre a esperança de ser chamado a governar. Assim, o recurso às armas se
tornou desnecessário”.

AULA 15: HB: Do Império à República 100


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

FAUSTO, B. História do Brasil. 13 ed. São Paulo: Edusp, 2008, p. 179-180.

Instituído em 1847, no Brasil, o sistema político descrito pelo texto ficou conhecido
como

a) presidencialismo autoritário, uma vez que os regentes dispensaram o Conselho de


Estado.

b) liberalismo tupiniquim, por a monarquia constitucional brasileira manter princípios


absolutistas.

c) nacional-desenvolvimentismo, haja vista que se construía um Estado forte e interventor


na economia.

d) monarquismo de fachada, porque o imperador era apenas simbólico e não tinha


prerrogativas de poder.

e) parlamentarismo às avessas, pois o imperador continuava tendo influência na


nomeação dos ministros.

Comentários
Nessa questão, podemos identificar facilmente o tempo, o espaço e o tema, os quais são o
Segundo Reinado (1840-1889), o Brasil e seu sistema político. Lembre-se que nessa época,
nosso país era uma monarquia constitucional, com requintes de absolutismo. O que isso quer
dizer? Quer dizer que erámos governados por um imperador, o qual dividia o poder com um
parlamento (Câmara e Senado), mas alguns dispositivos da Constituição de 1824, sobretudo o
Poder Moderador, davam ao monarca a prerrogativa de interferir nos demais poderes, além de
outros mecanismos de centralização. Por outro lado, naquele momento, o Brasil tinha dois
grandes partidos políticos: o Partido Liberal e o Partido Conservador. É possível diferenciá-los
com base na posição de cada um sobre o maior (conservadores) ou menor (liberais)
centralização do poder nas mãos do imperador. Todavia, repare que o texto explica que o novo
sistema era flexível e permitia o rodízio entre eles na ocupação de cargos importantes no
governo. Sabendo disso, vejamos como ficou conhecido o sistema político descrito pelo texto:
a) Incorreta. A Período Regencial se deu entre 1831 e 1840, portanto, é anterior à instituição
do sistema político descrito pelo texto. Além disso, o termo “presidencialismo autoritário”
nunca foi usado para descrever um sistema político brasileiro.
b) Incorreta. De fato, a monarquia brasileira preservava certas características absolutistas,
apesar de seguir o modelo constitucionalista. Exemplo disso, é o Poder Moderador, que dava
amplos poderes ao imperador para interferir nos demais poderes, além de outras prerrogativas
exclusivas de sua pessoa. No entanto, a expressão “liberalismo tupiniquim” não é utilizada para
descrever essa situação.

AULA 15: HB: Do Império à República 101


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

c) Incorreta. O nacional-desenvolvimentos é uma ideologia formulada por Getúlio Vargas e seus


apoiadores a partir da década de 1930. Esse pensamento defendia o fortalecimento do
capitalismo brasileiro, um Estado forte e interventor na economia, uma posição de autonomia
em relação aos Estados Unidos no comércio internacional e a valorização do trabalho como
signo da cidadania brasileira.
d) Incorreta. No Brasil, o imperador não era apenas simbólico. Na verdade, ele era o chefe do
Poder Executivo e o único com direito de exercer do Poder Moderador. Essa configuração dava
amplos poderes ao monarca e levantava críticas nos setores mais liberais e comprometidos com
o constitucionalismo.
e) Correta! Basicamente, o novo sistema instituído em 1847 criou o cargo de Presidente de
Conselho de Ministros, que desempenhavam o Poder Executivo sob a chefia do imperador.
Esse tipo de “primeiro-ministro” ficava a partir de então encarregado de nomear os demais
ministros do conselho, o que era feito pelo monarca até aquele ano. Esse modelo era inspirado
no parlamentarismo britânico, porém apresentava uma diferença fundamental. Mesmo não
nomeando mais o conjunto dos ministros, continuava sendo o imperador que nomeava o
presidente do conselho. Portanto, no fim das contas, a centralização se manteve quase intacta
ao mesmo tempo que permitia o revezamento dos partidos políticos no poder, conforme fosse
conveniente para o monarca. Por isso, esse sistema político ficou conhecido como
parlamentarismo às avessas.
Gabarito: E

11. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

“Em meados do século XIX (...) o Império ingressou numa era de mudanças relacionadas
à própria expansão do capitalismo. Os ventos do progresso começaram a chegar ao
país, atraídos pelas possibilidades de investimentos e lucros em setores ainda
inexplorados”.

NEVES, L.; MACHADO, H. O Império do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999, p.
313.

Para impulsionar a industrialização, a urbanização e o aperfeiçoamento da infraestrutura


do país, o governo monárquico procurou incentivar

a) a elite açucareira decadente a se realocar no ramo industrial, revogando os impostos


que incidiam sobre o trabalho escravo, para que essa mão de obra fosse mobilizada para
as novas atividades.

b) os bandeirantes a adentrarem nas regiões ainda pouco explorada em busca de


matérias primas essenciais ao processo de industrialização, como reservas naturais de
carvão mineral.

AULA 15: HB: Do Império à República 102


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

c) os cafeicultores a investir na modernização por meio do fim do tráfico de escravos,


protecionismo alfandegário e acesso a empréstimos com bancos ingleses.

d) a importação de bens de consumo e equipamentos industriais, por meio da redução


da tributação alfandegário, de modo que o empresariado nacional pôde desenvolver
seus negócios rapidamente.

e) a expulsão de empresas estrangeiras que monopolizavam a prestação de serviços


urbanos, obras de infraestrutura e setores da indústria, para que as elites brasileiras
pudessem assumir essas atividades.

Comentários

A partir da segunda metade do século XIX, sobretudo durante o Segundo Reinado (1840-1889),
assistimos a um processo de modernização do Brasil. Como parte fundamental desse processo,
podemos identificar a implantação do telégrafo, em 1852; e a implantação do sistema de
transporte ferroviário. Além disso, há outros elementos que marcaram esse processo, como a
iluminação de ruas, bondes, bancos e teatros; o surgimento de pequenas indústrias alimentícias,
de tecidos, de vestuário, etc.; a proibição do tráfico internacional de escravizados (1850); e a
intensificação da atividade migratória. Ainda, houve um processo de urbanização nas principais
cidades do Império, como São Paulo e Rio de Janeiro. Com isso em mente, vejamos o que a
monarquia brasileira procurou incentivar para impulsionar tal modernização:

a) Incorreta. No século XIX, a economia açucareira estava em crise, em grande parte devido ao
crescimento da concorrência internacional e a queda do preço do açúcar brasileiro no comércio
exterior. Com isso, a elite açucareira, concentrada no Nordeste, foi cada vez mais negligenciada
pelo governo, que preferia concentrar sua atenção e concessões de privilégios e incentivos
econômicos na região Sudeste, onde a cafeicultura estavam em franca expansão e obtinha lucros
generosos. Além disso, durante o Segundo Reinado os impostos sobre o comércio e a posse de
cativos aumentaram, como medida indireta para que a escravidão fosse enfraquecendo de
maneira gradual. O abolicionismo cada vez mais ganhava simpatia entre a opinião pública,
enquanto as revoltas de escravos ficavam mais frequentes. Além disso, vários países vinham
abolindo a escravidão em seus territórios, inclusive aqueles vizinhos ao Brasil, o que deixava o
Império “mal na fita” na diplomacia internacional.

b) Incorreta. Na segunda metade do século XIX já não existiam mais bandeirantes. Estes foram
exploradores paulistas no período colonial, que formavam bandos para se aventurar nos sertões
brasileiros em busca de ouro, indígenas ou gêneros silvestres comercializáveis.

c) Correta! Como mencionei antes, a cafeicultura estava em franca expansão no Sudeste brasileiro,
principalmente em São Paulo. Durante o Segundo Reinado, o café já se consolidara como o
principal produto exportado pelo Império brasileiro, o que tornava a elite cafeicultora a mais
poderosa e influente do país. Não à toa, D. Pedro II procurou se aproximar dela, não só
convidando seus membros para participar do governo como lhes concedendo privilégios e

AULA 15: HB: Do Império à República 103


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

incentivos para que investissem seus lucros na modernização do Brasil. Em 1844, foi promulgada
a Tarifa Alves Branco, que aumentava as taxas de importação sobre os produtos estrangeiros,
visando a incentivar as elites brasileiras a investir em determinados setores da indústria. Por outro
lado, ao abolir o tráfico de escravos em 1850, os capitais antes comprometidos com essa atividade
ficaram livres para serem investidos em outros setores. Por fim, a dependência econômica com a
Inglaterra, construída desde a independência, facilitava a obtenção de empréstimos com bancos
de capital britânico. Assim, muitos empresários ligados a cafeicultora se aventuraram no
financiamento da construção de ferrovias, na criação de companhias prestadoras de serviços
públicos e em alguns setores da indústria, sobretudo no alimentício e têxtil.

d) Incorreta. Como destaquei antes, em 1844 foi criada a Tarifa Alves Branco, que marcou o
esgotamento da validade dos acordos comerciais que favoreciam a entrada de produtos
estrangeiros no país, com baixas tarifas alfandegárias.

e) Incorreta. O governo imperial nunca tentou expulsar empresas estrangeiras do país. E, de fato,
essas empresas monopolizavam a prestação de vários serviços públicos nas maiores cidades do
Império, como o fornecimento de água ou transporte público de bondes.

Gabarito: C

12. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

Charge de Ângelo Agostini, publicada em A Vida Fluminense, em 11 de junho de 1870.

A charge expressa

AULA 15: HB: Do Império à República 104


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

a) a conivência de negros livres e libertos com a escravidão, muitos dos quais possuíam
escravos.

b) o projeto estatal de abolição imediata e sem indenização aos senhores, criticado pelas
elites.

c) a adesão de setores militares ao movimento republicano, após a guerra contra os


paraguaios.

d) a contradição criada pela incorporação dos escravos ao exército e sua atuação na


defesa do país.

e) o sadismo da escravidão brasileira que obrigava os escravos a punir seus pares na


mesma condição.

Comentários
Em primeiro lugar, note que a charge foi publicada em 1870. Em segundo, repare nas figuras
representadas na ilustração. No primeiro plano, temos um oficial do exército, negro, que olha
indignado para a cena que dá ao fundo: um escravizado é castigado fisicamente por outro,
enquanto um homem que parece ser seu proprietário assiste. Ora, esses elementos nos ajudam
a identificar que a charge está de alguma forma relacionada à Guerra do Paraguai, que se deu
entre 1864 e 1870. O conflito opôs Brasil, Argentina e Uruguai, de um lado, e, de outro, o
Paraguai. Este último vinha demonstrando a intenção de expandir seus domínios sobre a
América do Sul, enquanto os três primeiros estavam interessados em garantir a livre-navegação
pela Bacia do Rio da Prata. Diante do impasse, os paraguaios tentaram tomar posse da região
do atual Mato Grosso e a guerra teve início. O resultado foi a vitória brasileira e deus aliados.
Contudo, houve repercussões que prejudicaram a estabilidade da monarquia no Brasil.
Conhecendo esse contexto, vejamos o que a charge expressa:
a) Incorreta. Realmente, desde o período colonial existia uma minoria negra livre e liberta que
era conivente com a escravidão e até possuía escravos. Nem sempre a relação entre escravidão
e racismo era percebida como algo incontestável pelos contemporâneos da época, consciência
que foi crescendo ao longo do século XIX. Conforme esses negros livres e libertos percebiam
que continuavam sendo discriminados negativamente mesmo não sendo escravos, muitos
aderiram ao abolicionismo, acreditando que apenas o fim da escravidão colocaria um fim ao
“preconceito de cor”, como se chamava no período. De qualquer forma, repare que na charge
não há como saber se o proprietário do escravo sendo castigado é branco ou negro. Logo, não
tem como esse ser o tema da ilustração.
b) Incorreta. Na verdade, o governo imperial se manteve “em cima do muro” sobre a questão
da abolição. Publicamente, o imperador se mostrava favorável ao fim da escravidão, para
agradar a opinião pública cada vez mais abolicionista e apaziguar as pressões internacionais
pela abolição. Por outro lado, ele também procurava assegurar às elites brasileiras que o
cativeiro não seria extinto de forma imediata, mas sim de maneira gradual e segura, para evitar

AULA 15: HB: Do Império à República 105


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

maiores prejuízos à economia brasileira. Por isso, promulgou-se tantas leis abolicionistas ao
longo do século XIX: primeiro se aboliu o tráfico (1831 e 1850); em seguida, declarou-se livres
os filhos de escravas nascidos a partir de 1871, bem como o reconhecimento do direito ao
pecúlio e a fundação dos Fundos de Emancipação; depois os cativos maiores de 60 anos foram
libertos (1885). Por sua vez, a Lei Áurea, de 1888, que declarou o fim da escravidão de forma
imediata e sem indenização aos senhores ou aos escravos, tratou-se de um movimento
desesperado da monarquia. Conforme percebeu que perdia apoio da elites e do exército, a
família imperial decidiu fazer uma jogada: abolir a escravidão, na esperança de assegurar o
apoio político do restante da população simpática ao abolicionismo. Entretanto, o resultado
não foi como o planejado. Não se contava que o movimento republicano tivesse ganhado tanta
força, sobretudo em São Paulo.
c) Incorreta. Isso realmente aconteceu. Durante a guerra, o exército brasileiro lutou ao lado de
tropas de países republicanos, o Uruguai e Argentina, o que contribuiu para a difusão dessa
ideologia entre os soldados brasileiros. Igualmente, o papel que o exército teve na guerra e na
defesa da nação contribuiu para o fortalecimento simbólico dos militares. Eles passaram a
cobrar mais direitos e participação política, somando esforços aos militantes republicanos à
medida que percebiam que a monarquia não atenderia suas demandas. Porém, não é disso que
charge trata. Repare que não tem nada que nos remeta ao movimento republicano na charge.
d) Correta! Inicialmente, o recrutamento brasileiro para Guerra do Paraguai foi feito de forma
voluntária. Porém, à medida que o conflito se estendia, o governo criou o recrutamento
obrigatório. Além disso, deu a oportunidade aos senhores de enviarem seus escravos em seu
lugar ou no de seus filhos convocados. Ainda, era prometido a esses cativos e outros que
eventualmente se voluntariassem que seriam libertos após o serviço militar. Isso gerou uma
grande mudança na percepção da população brasileira a respeito da questão da escravidão,
uma vez que os cativos estava diretamente contribuindo para a proteção da nação, enquanto
eram marginalizados política e socialmente. É essa percepção que a charge busca expressar,
colocando um veterano negro da guerra se chocando com a violência de uma cena de castigo
físico aplicado a um cativo.
e) Incorreta. É verdade que esse tipo de coisa ocorria com frequência. Porém, se esse fosse o
tema da charge, o castigo estaria em maior evidência na ilustração e não haveria necessidade
de ser justamente um soldado negro a testemunhar a infame cena.
Gabarito: D

13. (Estratégia Vestibulares/2021/Profe. Alê Lopes)

“Qualquer que se encarregar de escrever a história do Brasil, país que tanto promete,
jamais deverá perder de vista quais os elementos que aí concorreram para o
desenvolvimento do homem. São, porém, estes elementos de natureza muito diversa,
tendo para a formação do homem convergido de um modo particular três raças, a saber:
a de cor de cobre ou americana, a branca ou caucasiana, e enfim a preta ou etiópica. Do

AULA 15: HB: Do Império à República 106


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

encontro, da mescla, das relações mútuas e mudanças dessas três raças, formou-se a
atual população, cuja história por isso mesmo tem um cunho muito particular”.

PICCOLI, Valéria. A identidade brasileira no século XIX. Fórum permanente. Disponível


em http://forumpermanente.incubadora.fapesp.br. Acesso em 30 mar. 2010.

Em um contexto de difusão de teorias raciais na Europa e nas Américas, as elites


brasileiras buscaram forjar uma identidade nacional fundamentada

a) na inferioridade da população brasileira, que sofria uma degenerescência por conta da


presença de negros e índios.

b) na positivação da mestiçagem, como o melhor meio para operar o embranquecimento


da população que levaria ao progresso

c) na valorização das tradições africanas na composição da cultura e população


brasileiras, o que fez do negro o principal ator da identidade nacional.

d) no fortalecimento de uma visão negativa sobre a população indígena, considerada


bárbara, selvagem e violenta.

e) na rejeição intransigente do racismo científico que legava aos brasileiros o último lugar
na escala evolutiva das civilizações humanas.

Comentários

O processo de construção da identidade brasileira é longo e complexo, operando-se de forma


não linear ao longo do tempo, conforme os interesses políticos dos governantes que se sucediam.
Em outras palavras, a identidade nacional que a monarquia tentou propagar não é exatamente
igual àquela forjada pelos governos republicanos que a sucederam. Repare que o título do texto
do qual o trecho foi retirado é “A identidade brasileira no século XIX”. Logo, aborda muito mais
o período imperial, que durou de 1822 até 1889. Pois bem, após a independência política, era
necessário obter também maior autonomia cultural, isto é, dar uma cara genuinamente brasileira
à cultura nacional. Assim, em 1827, foram criadas as faculdades de Direito de São Paulo e de
Olinda, com o objetivo de formar de maneira mais uniforme grande parte dos políticos, juristas e
administradores do Estado. Mais tarde, em 1838, fundou-se o Instituto Histórico e Geográfico
Brasileiro (IHGB), para reunir os esforços da elite intelectual do país no estudo da nação. Anos
depois, em 1845, o mesmo instituto lançou o concurso “Como se deve escrever a história do
Brasil”, demonstrando grande interesse em promover a produção de uma história nacional e oficial
para o país. Por outro lado, de forma mais difusa, vários intelectuais e artistas se engajaram em
fazer uma arte genuinamente nacional, por meio da adesão ao romantismo. Por último, é
importante destacar que a segunda metade do século XIX assistiu a elaboração e difusão de
teorias raciais, carregadas de cientificismo, que visavam a comprovar a suposta superioridade do
branco europeu sobre os demais grupos humanos. Agora tendo como base os estudos da
genética, muitos intelectuais tentaram provar que negros, indígenas e asiáticos eram menos

AULA 15: HB: Do Império à República 107


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

evoluídos e carregavam em seus genes “atavismos” que não só impediam a evolução do ser
humano, como causavam a degenerescência da espécie. Estando por dentro desse contexto,
vejamos no que esteva fundamentada a identidade brasileira que as elites imperiais desejavam
forjar:

a) Incorreta. Essa era a percepção dos pensadores na Europa, como no caso dos franceses conde
de Gobineau e Paul Broca. No Brasil, apesar de essas teorias raciais terem tido grande repercussão
e muitos intelectuais terem se convencido de sua validade, evitava-se a sentença de que o povo
brasileiro era irreversivelmente inferior. Assim, eles propunham formas de como se promover a
evolução da população, como veremos adiante.

b) Correta! Como disse, no Brasil se acreditava nas teorias raciais, porém elas foram adaptadas à
nossa realidade. Sem discordar do suposto fato de que os brancos eram superiores aos demais
povos, os intelectuais brasileiros apostavam suas fichas na miscigenação entre as raças que
formaram a população brasileira: o branco, o negro e o índio. Essa mistura garantia que o brasileiro
um pouco das melhores características de cada uma dessas raças. Mais que isso, argumentava-se
também que, se a imigração europeia ocorresse em grande quantidade durante vários anos
consecutivos, era possível embranquecer a população por meio da miscigenação. Com isso, o
estigma da inferioridade seria vencido, os brasileiros miscigenados teriam a chance de alcançar o
progresso. Por essa razão, a miscigenação foi adquirindo cada vez mais o simbolismo de
harmonizar as tensões e as desigualdades sociais por meio da aglutinação de todos os brasileiros
em um mesmo projeto de nação. Todavia, enfatizo mais uma vez que isso não significava que os
intelectuais brasileiros descartaram as teorias raciais. Na verdade, eles as adaptaram para que
pudessem dar uma imagem mais positiva ao Brasil, não obstante a grande quantidade de negros,
índios e mestiços em sua população.

c) Incorreta. Não obstante todo empenho em positivar a mestiçagem e a união das três raças, os
negros e sua cultura eram de longo os mais discriminados negativamente. Segundo as teorias
raciais, africanos e negros em geral estavam em último lugar na evolução da humanidade.
Inclusive, a miscigenação tão propagandeada pelos intelectuais brasileiros serviria justamente para
apagar a “mancha” que essa parte da população significava. Em contrapartida, buscou-se fazer o
indígena o principal ator da identidade e da cultura brasileiras.

d) Incorreta. Na verdade, a produção artística nacional do século XIX, sobretudo os adeptos do


romantismo, transformou o indígena brasileiro no maior símbolo da nação brasileira. Entretanto,
tratava-se de uma visão idealizada do indígena, associada à ideia de pureza e com a função de
unir a diversidade da população.

e) Incorreta. Como já chamei atenção antes, os intelectuais e as elites brasileiros não rejeitavam o
racismo científico. Na realidade, eles procuraram selecionar as teorias raciais mais convenientes a
seu projeto de nação e de identidade brasileira. Nesse sentido, eles adaptaram essas teorias para
afastar o estigma da degenerescência e forjar uma ideia positiva de mestiçagem.

Gabarito: B

AULA 15: HB: Do Império à República 108


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(UNIVESP 2018)
Leia o texto a seguir.
Ao redor de 1900, várias modificações e atualizações importantes ocorrem ao longo da
ferrovia da São Paulo Railway. As máquinas de tração do equipamento rodante são
substituídas por equipamento moderno, há um novo traçado da linha entre a serra e Santos,
uma nova Estação da Luz. A Estação da Luz se torna uma estação monumental, imponente e
solene.
(Martins, José de Souza. A ferrovia e a modernidade em São Paulo: a gestação do ser
dividido. Revista USP, São Paulo, n.63, p. 6-15, setembro/novembro 2004)
A importância histórica da Estação da Luz pode ser relacionada
a) ao deslocamento dos cafezais para o Vale do Paraíba e à utilização da mão de obra negra
escravizada.
b) à industrialização na região do ABC paulista e ao início do desenvolvimento rodoviário de
São Paulo.
c) à expansão da cafeicultura para o Oeste paulista e à presença do capital inglês na
economia brasileira.
d) à desativação das estradas utilizadas por tropeiros e ao crescimento da exportação de
algodão e tabaco.
e) à decadência da oligarquia paulista do Oeste Velho e à ascensão da burguesia industrial
de origem imigrante.
Comentários
O tema da questão é a implantação e expansão do sistema rodoviário no Brasil, mais
especificamente em São Paulo. Essa é uma questão que poderia estar tanto entre os exercícios da
Aula 15 como da Aula 18, pois abarca tanto período imperial quanto o republicano. Todavia,
apesar de fazer referência a construção da Estação da Luz em 1900, já na República, o início do
sistema ferroviário no Brasil está ligado a processos de transformação econômica que tiveram
início no período imperial. A primeira ferrovia que ligou o porto de Santos ao interior paulista,
passando pela capital, foi concluída em 1867, por exemplo. Com isso em mente, vejamos ao que
podemos associar à importância histórica da Estação da Luz:
a) Incorreta. De fato, a malha ferroviária está ligada à expansão da cafeicultora, mas já existia
cafezais no Vale do Paraíba fluminense desde a primeira metade do século XIX. Na verdade,
durante o Segundo Reinado, devido ao esgotamento do solo daquela região, a cafeicultura foi se
deslocando para a porção paulista do mesmo vale, para o Oeste Paulista e para o sul de Minas
Gerais.
b) Incorreta. Esses processos se deram no século XX, mais especificamente entre a Era Vargas
(1930-1945) e a Ditadura Militar (1964-1985), momento que a industrialização se intensificou no

AULA 15: HB: Do Império à República 109


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

ABC paulista. Quanto ao sistema rodoviário, sua implantação mais sistemática começou durante
o governo de Juscelino Kubitschek (1956-1961).
c) Correta! Como mencionei na justificativa da letra “a”, a cafeicultura se expandiu em outras
partes do Sudeste brasileiro na segunda metade do século XIX. Isso se deu devido ao aumento
da demanda por esse produto no mercado internacional e a disponibilidade de terras férteis nas
regiões citadas. Rapidamente, os cafeicultores vivenciaram uma prosperidade econômica enorme
e se tornaram a base da economia nacional. Para diminuir seus custos e acelerar o transporte das
mercadorias, esses fazendeiros também investiram na instalação do sistema ferroviário. Com
empréstimos de bancos estrangeiros, principalmente ingleses, foram instaladas ferrovias no país
a partir de 1852. A primeira delas, contando com 14 km de extensão, foi criada por Irineu
Evangelista de Souza, posteriormente conhecido pelos títulos de Barão e Visconde de Mauá.
Juntamente a outros poucos empreendedores do Segundo Reinado, o empresário apostou na
modernização da economia ao investir em áreas diversas, incluindo o comércio, indústria,
companhias de navegação e bancos. Em pouco mais de 30 anos o Império passaria a contar com
10 mil quilômetros de ferrovias, o que também beneficiava outras atividades econômicas, como a
agropecuária e a mineração. Dessa forma, o Brasil viveu um surto industrial entre as décadas de
1840 e 1870, que alguns historiadores denominaram como Era Mauá. A cafeicultura continuou
sendo a base da economia nacional durante a Primeira República, portanto, em 1900, continuava
sendo interessante aumentar e melhorar o sistema ferroviário no centro das atividades ligadas à
exportação de seu principal produto.
d) Incorreta. Realmente, está ligada à desativação de estradas e caminhos usados pelos tropeiros,
contudo, como vimos, não foi resultado do crescimento da exportação de algodão e tabaco, mas
sim de café.
e) Incorreta. Na verdade, nesses últimos anos do século XIX e durante a implantação da malha
ferroviária, todo o Oeste Paulista estava inserido na ascensão da economia cafeeira. A burguesia
industrial, por sua vez, era minoritária e a maioria era também cafeicultora, pois a elite agrária era
a única com capitais suficientes para investir na industrialização. Os burgueses de origem
estrangeira realmente existiam, mas igualmente seus ramos de atividade estavam quase sempre
ligados à algum desdobramento da economia cafeeira.
Gabarito: C

(UNIVESP 2018)

AULA 15: HB: Do Império à República 110


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

“Projeto de uma estátua equestre para o ilustre chefe do Partido Liberal”


A charge, publicada na Revista Illustrada no ano de 1880, faz uma crítica
a) ao intenso envolvimento dos liberais com a causa abolicionista.
b) à crise social vivida pelo país devido à luta contra a escravidão.
c) ao compromisso das elites políticas do Império com a escravidão.
d) aos agitadores republicanos contrários ao Império e à escravidão.
e) à radicalidade exagerada de negros e indígenas abolicionistas.
Comentários
Atente-se ao fato de que a imagem é uma charge satírica, publicada em 1880, contexto no qual
os movimentos abolicionista e republicano se popularizavam cada vez mais. Nela, vemos
representada uma estátua, a qual é composta pela figura de um homem branco e aparentemente
rico, montado sobre um negro escravizado como se fosse um cavalo. Ainda, envolta da estátua e
em um nível inferior, estão sentados alguns indígenas com feições tristes e frustradas. Não é
preciso muito para concluir que trata-se de uma crítica à escravidão de negros e indígenas no
Brasil. No entanto, o que nos chama atenção é a quem a crítica é direcionada, o que podemos
identificar pelo título: o alvo é o Partido Liberal. Ora, você pode me perguntar, então: “mas os
liberais não deviam defender a liberdade, profe??” Por incrível que pareça, não necessariamente!
Isso porque os escravos eram considerados propriedade privada, e esta era outro princípio muito
defendido pelos liberais. Por isso, entre os liberais brasileiros do período império havia uma
grande divisão ideológica entre aqueles que defendiam a inviolabilidade do direito de
propriedade privada e aqueles que defendiam o direito natural de todos os seres humanos à
liberdade. Esse raxa se aprofundou com a fundação de partidos republicanos regionais e nacional,
nas décadas de 1870 e 1880. O famoso advogado negro e abolicionista Luiz Gama foi um dos que

AULA 15: HB: Do Império à República 111


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

lideraram essa cisão e o movimento republicano durante o Segundo Reinado. Para ele, não havia
maiores distinções entre conservadores e liberais, pois ambos davam às mãos e compactuavam
quando se tratava de retardar o fim do cativeiro e até impedi-lo. Considerando isso, vejamos qual
alternativa interpreta corretamente a crítica feita pela charge:
a) Incorreta. Na verdade, é exatamente ao contrário. A crítica vai no sentido de expor a hipocrisia
de certos liberais que compactuavam com os anseios escravistas.
b) Incorreta. A crise social é o pano de fundo, o contexto ao qual a charge e sua crítica fazem
referência, contudo não consiste no objeto-alvo dessa crítica.
c) Correta! Oras, as elites políticas do império naquele momento se dividiam entre conservadores
e liberais. No entanto, como apontei antes, havia uma percepção na opinião pública de que não
havia grandes distinções entre os dois partidos, que muitas vezes agiam apenas em prol de sua
própria perpetuação no poder. Chamado de partidos monarquistas pelos republicanos, liberais e
conservadores eram criticados por seu compromisso com a manutenção da escravidão no país,
afinal muitos deles continuavam tendo centenas de escravizados.
d) Incorreta. Na realidade, é bem provável que o autor da charge fosse de orientação republicana,
pois, como disse antes, era comum pessoas dessa orientação política criticar os liberais por sua
hipocrisia em compactuar com setores escravistas.
e) Incorreta. Note que na imagem, tanto o negro quanto os indígenas representados não são
retratados como radicais, mas sim como vítimas da opressão do suposto chefe do Partido Liberal
no topo da hierarquia social ali ilustrada.
Gabarito: C

(FGV-SP 2019)
Considere a tabela a seguir.

Comércio Exterior do Brasil em Contos de Réis


Os dados, dentro do contexto do Brasil oitocentista, mostram
a) o aguçamento da dependência econômica em relação aos Estados Unidos, apenas
superada na última década do século XIX, com o início da industrialização em São Paulo.

AULA 15: HB: Do Império à República 112


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

b) a revitalização econômica derivada de uma ação decisiva do Estado Imperial, porque


foram mobilizados recursos oriundos de uma taxação extra sobre a compra e venda de
escravos a partir de 1850.
c) a ressignificação econômica brasileira, porque as regiões nordestinas produtoras de açúcar
até o século XVIII se voltam para a produção algodoeira, gerando um progressivo superavit
comercial.
d) a importância da lavoura cafeeira para a reorganização da economia nacional, além de
promover um aparelhamento técnico, materializado, por exemplo, nas estradas de ferro.
e) a adaptação da economia nacional aos interesses da burguesia financeira francesa, porque
os recursos gerados pela exportação de café foram destinados ao pagamento da dívida
externa pública.
Comentários
Em primeiro lugar, note que a tabela diz respeito aos valores totais de exportações e
importações no Brasil ao longo do século XIX, mais especificamente entre 1821 e 1890,
abarcando todo o período imperial e os primeiros anos da república. É interessante notar
duas coisas nesses dados, de antemão. Primeiro, ambas as atividades cresceram rapidamente
ao longo desses anos. Segundo, ambas sempre estiveram mais ou menos equiparadas,
revezando-se na liderança de capitais mobilizados. Sabendo disto, vejamos as alternativas:
a) Incorreta. No século XIX, o Brasil ainda não era dependente economicamente dos Estados
Unidos como se tornaria no século seguinte. Na verdade, a dívida externa brasileira se
concentrava com a Inglaterra, no primeiro período. Desde a independência, os ingleses
ofereceram apoio à causa brasileira desde que seus produtos e empresas tivessem acesso ao
mercado consumidor brasileiro, obtendo privilégios fiscais e alfandegários. Além disso,
especialmente a partir dos anos 1850, a instalação de ferrovias pelo Império foi realizada
com empréstimo de bancos ingleses.
b) Incorreta. Na realidade, a revitalização econômica foi possível graças à proibição do tráfico
internacional de escravizados, com a Lei Eusébio de Queiroz (1850), o que permitiu os
capitais empregados nesse comércio fossem revertidos em outros investimentos. No caso, o
governo incentivou o investimento na industrialização. Inclusive, alguns anos antes, aprovou
a Tarifa Alves Branco (1844) que sobretaxava a importação de produtos estrangeiros para
favorecer a indústria nacional. A aproximação com os cafeicultores foi essencial nesse
sentido, pois naquele contexto eram a elite mais próspera da nação.
c) Incorreta. A tabela não apresenta nenhum dado sobre o século XVIII, portanto a afirmação
foge do tema aqui abordado. Ainda, apesar de o algodão ter ganhado mais espaço na
economia nordestina naquele século, nunca ultrapassou a importância do açúcar na região.
d) Correta! Com o aumento cada vez maior da demanda internacional por café, seu cultivo
começou a crescer no Brasil ainda na primeira metade do século XIX, sobretudo em regiões
como o Vale do Paraíba, o Oeste Paulista e o sul de Minas Gerais. Já na década de 1830, o
café correspondia a 43,8% das exportações do país. Na última década da monarquia no

AULA 15: HB: Do Império à República 113


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

poder, essa proporção chegava a 61,5%. Assim, os cafeicultores do Sudeste, principalmente


de São Paulo, tornaram-se a elite econômica mais importante do país. E, como essas
exportações eram taxadas pelo Estado, seus lucros representavam também o aumento da
receita do governo. Por isso, a monarquia logo começou a se aproximar dos cafeicultores
para traçar sua política econômica. Tanto é que, durante os esforços de Pedro II para
industrializar o país, recorreu à elite cafeeira para investir na indústria nacional e na
modernização da economia. Foram justamente os cafeicultores que começaram a financiar a
instalação de ferrovias e a importação de novas tecnologias para otimizar a produção e o
transporte de mercadorias.
e) Incorreta, pela mesma razão que a letra “b”. A economia nacional se adaptava aos
interesses da burguesia inglesa, visto que grande parte dos empréstimos eram feitos com
bancos de capital britânico.
Gabarito: D

(FGV-SP 2019)
Já no artigo 1° , a Lei n° 601/1850 determinava: “ficam proibidas as aquisições de terras
devolutas por outro título que não seja o de compra”. No artigo 3° , inciso IV, definia: “são
terras devolutas: [...] as que não se acharem ocupadas por posse que, apesar de não se
fundarem em título legal, foram legitimadas por esta Lei”.
(José Sacchetta Ramos Mendes, “Desígnios da Lei de Terras: imigração, escravismo e
propriedade fundiária no Brasil Império”. Caderno CRH, vol. 22, no 55, Salvador, jan/abr,
2009)
A lei citada, entre outros pontos, intencionava
a) fortalecer as pequenas e médias propriedades rurais com o propósito de agilizar a
transição do trabalho compulsório para o livre, desmontando, assim, a estrutura latifundiária.
b) retomar propriedades rurais doadas pelo sistema das sesmarias, em vigor desde o início
da colonização do Brasil, e que nunca foram efetivamente ocupadas pelas pessoas que as
receberam.
c) democratizar o acesso à terra, porque com uma legislação específica seria possível colocar
terras no mercado a preços razoáveis, atraindo pequenos proprietários e imigrantes do meio
urbano europeu.
d) regulamentar a estrutura fundiária brasileira, porque havia uma numerosa titulação de
posse de terras em duplicidade e a maior parte das propriedades nacionais tinha sempre
mais de um proprietário.
e) controlar o acesso à propriedade da terra, em um contexto no qual a entrada de escravos
africanos no Brasil mostrava-se cada vez mais difícil e havia projetos para ampliar a vinda de
imigrantes.
Comentários

AULA 15: HB: Do Império à República 114


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Atenção para o tema da questão e o contexto! A Lei de Terras foi aprovada em 1850. Como o
enunciado já destacou, essa lei limitava os critérios de reconhecimento da propriedade privada
sobre a terra, que só seria feito caso se comprovasse sua obtenção por meio de operações de
compra e venda. Também seria possível comprová-la apresentando documentação
correspondente ao pagamento de impostos sobre a terra. Naquele mesmo ano o tráfico
internacional de escravizados havia sido abolido (mas não a escravidão). Por outro lado, naquele
momento a cafeicultura se tornava cada vez mais a principal atividade econômica do país, centrada
na região Sudeste, sobretudo na província de São Paulo. Paralelamente, o governo imperial e
parte desses cafeicultores em ascensão procuravam dar sustentação a um processo de
modernização econômica por meio do incentivo à industrialização. Com os capitais liberados pelo
fim do tráfico, empréstimos de bancos ingleses, leis protecionistas e concessões governamentais,
empresários brasileiros passaram a investir em áreas diversas, incluindo o comércio, indústria,
companhias de navegação e bancos. Com esse contexto em mente, vejamos as afirmações
propostas quanto à Lei de Terras:
a) Incorreta. Essa lei favoreceu principalmente os grandes proprietários, a elite rural, ou seja, a
minoria da população, a qual detinha recursos suficientes para comprar terras e pagar impostos
assiduamente, além de manter a documentação à disposição. A intenção era favorecer a estrutura
latifundiária tendo em vista de uma das bases de sua riqueza – a escravidão – tinha levado um
grande golpe com o fim do tráfico internacional de escravizados. Nesse sentido, as elites agrárias
procuraram limitar o acesso à terra pelos libertos e trabalhadores imigrantes que eventualmente
viriam substituí-los, para que não tivessem muitas opções além de se subordinar aos grandes
fazendeiros em troca de salário e, muitas vezes, habitação.
b) Incorreta. Como disse acima, o objetivo da Lei de Terras era instituir critérios mais definitivos e
restritivos para a propriedade privada da terra, em favor dos grandes fazendeiros e proprietários
rurais.
c) Incorreta, pela mesma razão que a letra “a”.
d) Incorreta. Esses problemas realmente existiam, mas não era um risco tão grande para a ordem
econômica e social até meados do século XIX. Tornou-se um problema justamente em vista da
possibilidade da abolição se concretizar no futuro e os libertos não quererem continuar servindo
como mão de obra, mesmo que assalariada, em vista de rancores da época da escravidão. Além
disso, também se temia que caso se incentivasse a imigração, os imigrantes igualmente pudessem
se recusar a se subordinar aos grandes fazendeiros. Essa recusa era possível exatamente por conta
de o Brasil ainda ter uma grande quantidade de terras não ocupadas e não ter regulamentado a
propriedade privada até aquele momento. Assim, seria fácil para os trabalhadores libertos e
imigrantes conseguirem terras e alegarem que eram propriedade sua, podendo nelas plantar
alimentos e criar animais para seu sustento.
e) Correta! É exatamente o que venho afirmando ao longo das justificativas de cada alternativa
acima.
Gabarito: E

AULA 15: HB: Do Império à República 115


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(UEL 2015)
Observe as figuras 1 e 2.

AULA 15: HB: Do Império à República 116


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

A colonização no Brasil pela coroa portuguesa teve sua origem no sistema de Capitanias
Hereditárias que definiu a propriedade e a posse das terras. No início do século XIX, com a
vinda de imigrantes europeus para o Brasil, estabeleceu-se a Lei de Terras de 1850, com o
intuito de normatizar a propriedade e o seu uso. Sobre o domínio de terras no Brasil, no
contexto das Capitanias Hereditárias e da Lei de 1850, assinale a alternativa correta.
a) Os donatários eram impedidos pela Coroa Portuguesa de vender suas terras. A Lei de
Terras definiu que as terras públicas poderiam tomar-se propriedade privada somente pela
compra.
b) Os donatários se isentavam da defesa de suas terras, convocando o poder real para fazê-
Ia. Com a vinda dos imigrantes, a Lei de Terras possibilitou a apropriação aos desprovidos
de recursos.
c) Os recursos empregados pelos donatários viabilizaram o pleno sucesso do modelo das
capitanias. Com a Lei de Terras, expandiu-se o domínio do setor industrial pelo monopólio
do poder económico.
d) 0 sistema de capitanias vigorou até o século XIX quando aconteceram as insurreições do
Maranhão e da Bahia. A Lei de Terras impediu que a mão de obra livre pudesse se locomover
para as atividades industriais.
e) A Coroa tinha o direito de confiscar todos os metais preciosos extraídos das capitanias. A
Lei de Terras facilitou a ocupação ilegal e o arrendamento das terras consideradas devolutas.
Comentários

AULA 15: HB: Do Império à República 117


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Essa questão sobre a propriedade privada das terras é muito cobrada nas provas. Durante as
Capitanias Hereditárias, figura 1, os donatários – portugueses que recebiam as terras da Coroa
portuguesa – não podiam vende-las. Os donatários tinham o compromisso de explorar as terras
e reverter parte do lucro para a Coroa. Já a Lei de Terras, de 1850, foi editada em um contexto
de aumento populacional nas terras brasileiras, principalmente com a chegada de imigrantes
para trabalhar nas terras do sudeste. Como vimos, essa lei estabelecida privilégios aos grandes
proprietário de modo a dificultar o acesso à propriedade de terra por parte dos imigrantes e
dos negros libertos.
Diante isso, noss gabarito é a alterantiva A.
Gabarito: A

(PUC-RJ 2010) 4000163726

Fotografia de Militão Augusto de Azevedo, São Paulo, 1879. In: O Olhar Europeu – o negro
– na iconografia brasileira do século XIX. São Paulo, 1994.
Considere a escravidão no Brasil na segunda metade do século XIX, observe a fotografia
acima e EXAMINE as afirmativas a seguir.
I – A imagem retrata um casal de negros livres ou libertos uma vez que esses aparecem com
sapatos, item indicativo de liberdade.
II – A imagem evidencia a apropriação por parte dos negros de comportamentos da classe
senhorial branca, como estratégia para se afastar dos estigmas da escravidão.

AULA 15: HB: Do Império à República 118


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

III – Imagens de escravos, como essa, eram produzidas pelos fotógrafos da época, dentro e
fora de seus ateliês, revelando o interesse no registro dos costumes e dos tipos humanos.
IV – Nos álbuns de retratos da classe senhorial era comum aparecer fotos de seus escravos,
como um meio de difundir uma imagem de poder e riqueza.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I e II estão corretas.
b) Somente as afirmativas I, II e III estão corretas.
c) Somente as afirmativas III e IV estão corretas.
d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
Comentários
Aqui temos uma questão sobre interpretação de imagem. Então, vejamos um pouco sobre o autor
da imagem e seu contexto. Militão Augusto de Azevedo (1837-1905) é considerado um dos mais
importantes fotógrafos brasileiros da segunda metade do século XIX. Carioca, ele desenvolveu
paralelamente as carreiras de ator e fotógrafo, atuando na Companhia Joaquim Heleodoro (1858-
1860) e na Companhia Dramática Nacional (1860-1862), com a qual se mudou para São Paulo aos
25 anos de idade. Anos depois, em 1875, ele abriu o estúdio Photographia Americana, onde
recebeu figuras ilustres como Castro Alves, Joaquim Nabuco, Dom Pedro II e a Imperatriz Teresa
Cristina, além de uma clientela mais popular do que aquela dos demais estúdios instalados na
capital paulista. Inclusive, ele cobrava um dos preços mais baratos para fotografar, naquela época:
cinco mil réis, o equivalente ao preço de cinco passagens de bonde na cidade. Vale mencionar
também que o estúdio ficava em frente à Igreja do Rosário, sede da Irmandade de Nossa Senhora
do Rosário dos Homens Pretos de São Paulo. Portanto, sem dúvidas, por ali circulavam muitas
pessoas negras de variadas condições sociais, isto é, escravizados, libertos e negros livres em
geral. Então, não é estranho que ele tenha fotografado esse casal em 1879, pois anos depois de
abrir seu estúdio. Particularmente importante de se atentar quando falamos das populações
negras nesse momento, o número de libertos e negros livres aumentava rapidamente devido às
leis que proibiram o tráfico (1831 e 1850) e à que libertou os filhos de escravizadas nascidos a
partir de 1871, além de reconhecer o direito dos cativos ao pecúlio e a entrar na justiça para abrir
processo de ação de liberdade sem a autorização do senhor.
Enfocando o conteúdo da fotografia, podemos nela representado um casal de negros muito
bem trajados para os padrões da época. A mulher usa um vestido longo, que cobre praticamente
todo seu corpo, deixando exposto apenas cabeça e mãos, como se espera das moças e senhoras
de família. A sombrinha acrescenta mais alguma distinção social, pois indica que ela evita tomar
sol, algo ao que os trabalhadores braçais são constantemente expostos. Por sua vez, o homem
também está completamente vestido, apenas mãos e cabeça expostos, mas com uma calça e
camisa de gala e uma casaca, igualmente símbolos de maior projeção social. Prestando atenção
ao fundo, é perceptível que estão no estúdio, mas a escolha de manter uma pintura bem atrás

AULA 15: HB: Do Império à República 119


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

deles denota certa preocupação em se apresentar como apreciadores da arte, expressando


requinte. Com tudo isso em mente, vejamos as afirmações propostas:
I – Verdadeira! Era terminantemente proibido aos escravizados usarem calçados, por isso andar
de sapatos, por mais surrados que fossem, era um distintivo dos cidadãos livres e libertos. Por
causa do vestido, é difícil confirmar se a mulher está calçada, mas quanto ao homem não há
dúvidas. Considerando todo o vestuário dos dois, podemos concluir que ela também esteja. É
evidente se tratar de um caso de pessoas livres ou libertas.
II – Verdadeira! A moda europeia, sobretudo francesa, era muito apropriada pelas elites brasileiras
como distintivo de seu estatuto social superior. Essas peças de roupa, mas também obras de arte,
mobílias, ornamentos e outros acessórios se tornaram importante para as classes mais abastadas
justamente para demarcar sua diferença em relação à massa de escravizados que andavam mal
vestidos e descalços. Por sua vez, os libertos e negros livres frequentemente eram discriminados
e perseguidos por serem suspeitos de serem escravizados fugidos se passando por libertos. Em
outras palavras, eles sofriam racismo, discriminação, ou como eles chamavam na época
“preconceito de cor”. Por isso, muitos deles, ao adquirirem a liberdade imediatamente buscavam
comprar sapatos, roupas e ornamentos que expressassem sua distância da escravidão. Muitos
escolhiam exatamente aquelas peças, ou semelhantes, que viam seus ex-senhores e os grandes
proprietários usando. Alguns até procuravam se tornar eles mesmos senhores de escravizados,
pois ter cativos era um dos maiores signos de liberdade. Ironicamente, uma das formas mais
diretas de se afirmar livre, era ter escravizados.
III – Falsa. De fato, isso aconteciam. Porém, a fotografia exposta aqui não é uma imagem de
escravos, como concluímos na afirmação I. É mais provável que o casal fotografado seja de libertos
ou negros livres, visto usarem sapatos e trajarem roupas e acessórios acessíveis apenas aos que
não eram cativos.
IV – Falsa. Isso também acontecia. Muitas famílias senhoriais escolhiam se fotografar em meio a
seus cativos para ostentar sua riqueza. É muito comum, por exemplo, encontrar fotografias de
senhores de escravizados em suas liteiras carregadas por dois cativos. Todavia, reafirmo, a
presente fotografia que aqui analisamos não é uma fotografia de escravizados, portanto, a
afirmação perde sua validade.
Logo, a alternativa correta é a letra “a”.
Gabarito: A

(PUC-PR 2019)
Com a antecipação da maioridade e a coroação de D. Pedro II, teve início o Segundo
Reinado, que se estendeu até 1889, o mais longo período de um governo da história
brasileira. Nesse período, o país foi pacificado, com a repressão às revoltas iniciadas no
Período Regencial e aos novos movimentos que questionavam o governo estabelecido. Após
a superação das disputas e divergências entre liberais e conservadores, que passaram a fazer
parte do governo e se alternar no poder, a centralização política e administrativa foi
consolidada.

AULA 15: HB: Do Império à República 120


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Sobre o Segundo Reinado, assinale a alternativa CORRETA.


a) A base da economia no Segundo Reinado deixou de ser agrária e começou um processo
de desenvolvimento industrial baseado no modelo inglês.
b) As relações internacionais entre Brasil e Inglaterra foram restabelecidas e consolidadas
com a assinatura do tratado de Christie, pelo qual a Inglaterra reconhecia o direito do
governo brasileiro de continuar com o tráfico de escravos africanos para abastecer de mão-
de-obra a produção cafeeira.
c) No início do seu governo, D. Pedro II dedicou atenção especial as reivindicações populares
atendendo, inclusive, as petições populares de participação nas decisões governamentais.
d) O apogeu da monarquia brasileira ocorreu entre as décadas de 1850 a 1870, devido à
combinação de dois fatores: estabilidade política e desenvolvimento econômico, alicerçados
na produção cafeeira e modernização.
e) Com a coroação de D. Pedro II como imperador do Brasil, as elites se reorganizaram em
torno do poder. Os integrantes do Partido Conservador e do Partido Liberal, por exemplo,
passaram a defender alterações na estrutura sociopolítica brasileira, como o fim do voto
censitário e masculino.
Comentários
O tema da questão é o Segundo Reinado, que se estendeu de 1840 até 1889. Esse período é
marcado por grandes transformações em vários aspectos da vida social brasileira. Por isso, seria
difícil contextualizar tudo de forma sintética e será mais prático partirmos direto para as
alternativas, contextualizando conforme necessário. Vejamos:
a) Incorreta. A economia brasileira continuou sendo de base agrária até o fim da monarquia e
mesmo durante boa parte do período republicano subsequente. Na verdade, o que se deu foi
a expansão da cafeicultura voltada para exportação como principal atividade econômica do
país. Ou seja, a base econômica continuou sendo agrária, apenas um novo produto ocupou o
lugar principal. Inclusive, a cafeicultura continuou se utilizando do modelo latifundiário e
escravista na sua produção. Por outro lado, realmente houve um esforço industrializante no
Segundo Reinado. D. Pedro II procurou incentivar a industrialização nacional por meio do
processo de substituição de importações, da Tarifa Alves Branco (1844) e convencendo a elite
cafeeira mais rica a investir na modernização da economia com a ajuda de empréstimos de
bancos ingleses. De qualquer forma, isso não foi o suficiente para que a economia brasileira
abandonasse a base agrária. Pelo contrário, essa industrialização ocorreu apenas em setores
derivados da economia cafeeira e na produção de alguns bens de consumos específicos. Tanto
é que as importações continuaram crescendo tanto quanto as exportações, mesmo com o
aumento da taxação excessiva sobre produtos importados a partir de 1844.
b) Incorreta. Em primeiro lugar, a Inglaterra nunca reconheceria o direito do Brasil em continuar
traficando escravizados, pois combatia este comércio desde o início do século XIX. Inclusive, foi
por pressão inglesa que a primeira lei anti-tráfico de 1831 foi aprovada e, apesar de já haver
maior militância brasileira pelo fim do tráfico, o apoio britâncio também foi importante para a

AULA 15: HB: Do Império à República 121


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Lei Eusébio de Queiroz, de 1850. Por outro lado, entre 1860 e 1862, o embaixador inglês
instalado no Brasil, William Dougal Christie, foi o responsável por uma sequência de equívocos
diplomáticos que alimentaram duras críticas dos jornais cariocas. Primeiro, o diplomata tentou
abafar o assassinato de um agente alfandegário por dois marinheiros britânicos no Rio de
Janeiro. No ano seguinte, responsabilizou o Brasil pelo roubo da carga de um navio de seu país,
no Rio Grande do Sul. Finalmente, em 1862 exigiu indenização do governo brasileiro após dois
oficiais britânicos serem presos por embriaguez, mesmo tendo sido liberados em seguida. Seis
dias após a cobrança, navios ingleses fecharam o porto do Rio de Janeiro e sequestraram cinco
navios brasileiros. A Questão Christie, nome como ficaram conhecidos estes incidentes
envolvendo o embaixador inglês, geraram grande comoção popular, alimentada por um
discurso nacionalista, e a intervenção direta do Imperador em prol da defesa nacional. A quantia
de 3.200 libras foi paga à Inglaterra, mas o governo rompe relações diplomáticas com este país
após julgar insuficientes as explicações dadas para as atrapalhadas ações do embaixador
Christie. Diante do impasse entre os dois países, o imperador Leopoldo I da Bélgica foi
solicitado para mediar o conflito, e acaba por dar ganho de causa ao Brasil, em junho de 1863.
Dois anos depois, a rainha Vitória enviaria um pedido formal de desculpas a D. Pedro II, sendo
restabelecidas relações diplomáticas entre os dois países.
c) Incorreta. Pedro II nunca atendeu petições de caráter popular para maior participação nas
decisões governamentais. Lembre-se que por todo o período imperial havia uma grande tensão
entre aqueles que defendiam mais centralização e aqueles que reivindicavam mais
descentralização. Isto se refletia também nas disputas entre adeptos do parlamentarismo e
favoráveis ao poder monárquico. Recorda-se de toda a questão envolvendo o
“Parlamentarismo às avessas”? Até 1847, o imperador chefiava o Poder Executivo com o auxílio
de um Conselho de Ministros, escolhidos por ele mesmo entre os parlamentares. Estes, porém,
queriam um parlamentarismo mais efetivo, no qual os próprios legisladores elegeriam os
ministros. Então, naquele ano, Pedro II instituiu o parlamentarismo, que na prática se limitou a
criar o cargo de Presidente do Conselho de Ministros – espécie de Primeiro Ministro –, o qual,
por sua vez, escolheria os demais integrantes do gabinete ministerial entre seus colegas
parlamentares. Porém, esse presidente continuaria sendo nomeado pelo imperador. Ou seja,
na prática a centralização se mantinha e os partidos políticos passaram a se revezar no poder,
inclusive dividindo alguns gabinetes, de acordo com os interesses da monarquia, que podia
dissolver tanto o Conselho de Ministros quanto o Parlamento como um todo graças ao Poder
Moderador. Note, então, que a intenção do monarca era limitar o máximo possível a
participação nas decisões do governo. Se ele não estava nem disposto a compartilhar muito
poder com o conjunto das elites brasileiras, imagine com os setores mais populares da
sociedade imperial.
d) Correta! O “Parlamentarismo às avessas” e a aliança com as elites cafeeiras em ascensão
naquele período, possibilitou à monarquia estabilizar a situação política e econômica do Brasil
por um espaço de mais ou menos duas décadas. Coordenando politicamente os partidos graças
à nova política ministerial e buscando o apoio dos cafeicultores para modernizar a economia e
a indústria nacional, a família imperial fortaleceu seu prestígio e influência. Contudo, a Guerra

AULA 15: HB: Do Império à República 122


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

do Paraguai (1864-1870) e a projeção dos militares na política nacional, o crescimento do


movimento republicano e do abolicionismo (a partir de 1870), além de tensões diplomáticas
com a Igreja Católica (Questão Religiosa, 1872-1875) e com a Inglaterra (Questão Christie,
1862-1865), a monarquia brasileira foi perdendo prestígio nacional e internacionalmente.
e) Incorreta. Realmente, com a coroação de Pedro II, em 1840, as elites se reorganizaram em
torno do poder. Antes divididas entre regressistas e progressistas, passavam a se distinguir
entre conservadores e liberais. Porém, essa oposição não era tão drástica assim. Apesar de
brigarem em torno de medidas mais ou menos centralizadoras, quase sempre esses dois
partidos se revezavam no poder, ou até mesmo dividiam gabinetes ministeriais, de modo que
pouco ou nada faziam para alterar bruscamente as estruturas sociais, políticas e econômicas do
país. O voto censitário e masculino era uma das últimas coisas que esses grupos mais abastados
desejavam, pois era justamente o mecanismo que impedia que a maior parte da população
tivesse acesso ao poder institucional mantendo-o sob seu controle.
Gabarito: D

(UNCISAL 2018)
Em 24 de setembro de 2017, a Folha de São Paulo noticiou que o comando do exército
rejeitou proposta de criação de uma unidade militar com trajes históricos que pretendia
homenagear soldados negros que lutaram na Guerra do Paraguai (1864-1870), afirmando
que, após análise técnica, a instituição concluiu que uma portaria de 1999 não dava respaldo
legal ao acolhimento da proposta. Adaptado de: . Acesso em: 23 out. 2017.
Sobre a participação da população negra na Guerra do Paraguai, assinale a alternativa
correta.
(A) Os negros em situação de escravidão eram utilizados como soldados no exército
brasileiro nas batalhas mais violentas, como a Batalha do Riachuelo, ocorrida no dia 11 de
junho de 1865, às margens do Riachuelo, um afluente do rio Paraguai, na província de
Corrientes, na Argentina.
(B) A participação da população negra na Guerra do Paraguai ocorreu devido ao crescente
nacionalismo gerado nessa população, por causa da possibilidade de abolição da escravidão,
a qual ocorreu em 1888.
(C) Uma das formas de participação da população negra na Guerra do Paraguai foi por meio
da compra de escravos que lutavam em nome de seus proprietários, o que era uma prática
corrente. Além disso, o império prometia alforria para os que se apresentassem para a
guerra, fazendo “vistas grossas” para os fugidos.
(D) A população negra que participou da Guerra do Paraguai foi aquela que gozava de plena
liberdade e/ou havia recebido alforria de seus senhores para a participação.
(E) A participação da população negra na Guerra do Paraguai se restringia ao auxílio aos
soldados do exército brasileiro. Sendo assim, os negros não atuaram como soldados, o que

AULA 15: HB: Do Império à República 123


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

justifica a negativa, pelo comando do exército, da criação da unidade militar mencionada no


enunciado.
Comentários:
A Guerra do Paraguai (1865-1870) foi o maior conflito bélico da história sul-americana.
Entre seus motivos estão a busca por uma expansão territorial do Paraguai e o controle do Rio
da Prata. Como os paraguaios não possuíam uma saída para o mar, para exportar seus
produtos, eles procuraram fazer aliança com políticos do Uruguai e a defender a livre circulação
de barcos e mercadorias no Rio da Prata. Todavia, as ações do vizinho preocuparam os
governos brasileiro e argentino e a situação piorou em 1863. Nessa época, o Uruguai passava
por eleições, e o partido apoiado pelos brasileiros e argentinos, o colorado, ganhou a disputa.
Porém, o governante do Paraguai Solano Lopéz, apoiador do partido Blancos, não aceitou o
resultado e resolveu invadir o território uruguaio em favor dos seus aliados. Em contrarresposta,
Brasil e Argentina declararam guerra ao Paraguai. Entretanto, o exército brasileira era uma
Instituição prematura naquele momento e formada, até essa guerra, basicamente por
mercenários. É nesse cenários de conflito internacional que a situação muda quando a
população negra entra na guerra. Portanto, tratando dessa questão, vejamos os motivos que
geraram a presença de negros no conflito:
a) Incorreto. A população negra foi incentivada a participar como forma de libertação. Não
seriam mais escravos caso participassem. Antes dessa proposta, muitos fugiam do chamado.
b) Incorreto. A participação ocorreu devido a um planejamento estratégico do Estado Brasileiro
em convocar os negros, os oferecendo em troca a liberdade. Nesse momento, o país não
possuía um exército organizado e os homens convocados para esse conflito internacional não
eram suficientes para deter as tropas paraguaias.
c) Correto. Isso assegurou as tropas brasileiras mais homens, para que o exército brasileiro não
fosse brutalmente derrotado. A estratégia deu certo e o panorama da guerra mudou a favor do
Império brasileiro.
d) Incorreto. Pelo contrário, foi a população escrava que foi comprada pelo Estado e como
moeda de troca, caso lutassem, ganhariam suas alforrias.
e) Incorreto. Muitos escravos foram para a linha de frente da guerra e se destacaram.
Gabarito: C

(UNCISAL 2020)
Rio de Janeiro, 15 de novembro de 1889. Eu quisera poder dar a esta data a denominação
seguinte: 15 de novembro, primeiro ano de República; mas não posso infelizmente fazê-lo.
O que se fez é um degrau, talvez nem tanto, para o advento da grande era. Em todo o caso,
o que está feito, pode ser muito, se os homens que vão tomar a responsabilidade do poder
tiverem juízo, patriotismo e sincero amor à liberdade. Como trabalho de saneamento, a obra
é edificante. Por ora, a cor do governo é puramente militar, e deverá ser assim. O fato foi
deles, deles só, porque a colaboração do elemento civil foi quase nula. O povo assistiu àquilo

AULA 15: HB: Do Império à República 124


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava (...). LOBO, Aristides. O povo
assistiu àquilo bestializado. Diário Popular, Rio de Janeiro, 18 nov. 1889 (adaptado).
O texto expressa a posição de um jornalista sobre um significativo evento para a cultura
política brasileira. Conforme seu autor, a participação da população civil na Proclamação da
República foi
A) restrita.
B) dispersa.
C) irracional.
D) inexistente.
E) desanimada.
Comentários:
A Proclamação da República em 15 de Novembro de 1889 foi um golpe militar aplicado
pelo Marechal Deodoro da Fonseca, em resposta as represálias de D. Pedro II, que havia
mandado prender alguns oficiais do exército que apoiavam os movimentos republicano e
abolicionista. Tudo começou quando alguns militares mais jovens e com formação superior
na escola Militar da Praia Vermelha iniciaram críticas públicas em relação ao imobilismo do
governo em dar respostas às demandas de vários setores da sociedade. Nesse sentido, os
militares também cobravam melhorias para a carreira. O primeiro caso das punições ocorreu
com um coronel chamado Sena Madureira (comandante da escola de tiro de Campo Grande).
Ele recebeu o conhecido abolicionista Dragão do Mar – Francisco Nascimento que era um
jangadeiro cearense atuante na luta pela abolição e que convenceu seus colegas de profissão
a não transportar escravos em suas jangadas como forma de protesto. A notícia da atitude
do jangadeiro se espalhou entre os abolicionistas e, por isso, foi recebido na Escola de Tiro
para ser homenageado. O Governo Imperial, irritado com a atitude, mandou prender o Cel.
Madureira. Então, outros oficiais protestaram publicamente na imprensa. Porém era proibido
que militares se manifestassem publicamente, ainda mais fazendo críticas ao Império. Isso
desencadeou a prisão do também Coronel Cunha Matos em 1886. Ademais, o ministro da
Guerra de D. Pedro II, representante da população civil, mandou prender outros oficiais
causando um incomodo entre as alas militares e as autoridades civis. Isso gerou uma situação
desconfortável para Império com o exército e partir desse momento a situação se tornou
insustentável. Então, juntou aos militares, uma parcela de religiosos da Igreja e das elites
oligárquicas insatisfeitas com a condução do Governo Central orquestraram a Proclamação
da República em ato restrito a uma pequena parcela da população brasileira. No caso feita
pelos militares e que iniciou o período conhecido como República da Espada, durando os
anos de 1889 a 1994. Portanto, a passagem da Monarquia para a República não foi conduzida
de maneira violenta e popular. Se alterou a forma de governo, porém os poderes
continuaram nas mãos das mesmas pessoas, assim como na Independência do Brasil.
Gabarito: A

AULA 15: HB: Do Império à República 125


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(UNICENTRO 2019)
A Lei Áurea era mesmo popular e conferia nova visibilidade à princesa Isabel e à Monarquia.
No entanto, politicamente, o Império tinha seus dias contados ao perder o apoio dos
fazendeiros do Vale do Paraíba. Apesar do clima de euforia reinante, parecia ser o último ato
do teatro imperial. [...]. Nos jornais e nas imagens da época, Isabel passa a ser retratada como
uma santa a redimir os escravos, que aparecem sempre descalços e ajoelhados, como a rezar
e a abençoar a padroeira. Já a princesa surge de pé e ereta, contrastada com a posição
curvada e humilde dos ex-escravos, que parecem manter a sua situação – se não mais real,
ao menos simbólica. Aos escravos recém-libertos só restaria a resposta servil e subserviente,
reconhecedora do tamanho do “presente” recebido. Estava inaugurada uma maneira
complicada de lidar com a questão dos direitos civis. Sem a compreensão de que a abolição
era resultado de um movimento coletivo, permaneceríamos atados ao complicado jogo das
relações pessoais, suas contraprestações e deveres: chave do personalismo e do próprio
clientelismo. Nova versão para uma estrutura antiga em que as relações privadas se impõem
sobre as esferas públicas de atuação. Como se fôssemos avessos a qualquer associação com
a violência, apenas reproduzimos hierarquias que, de tão assentadas, pareciam legitimadas
pela própria natureza. Péssima lição de cidadania: a liberdade combinada com humildade e
servidão, distante das noções de livre-arbítrio e de responsabilidade individual. ”
SCHWARCZ, Lilia. “Abolição como Dádiva”. In: FIGUEIREDO, Luciano (org.) A Era da
Escravidão. Rio de Janeiro: Sabin, 2009, p. 88-90.
A respeito da Lei Áurea é correto afirmar
a) Além da liberdade, foi concedida para cada ex-escravizado uma gleba de terras para que
pudesse trabalhar e manter sua família.
b) Foi estipulada uma indenização individual de um conto de réis para cada ex-escravizado a
título de indenização pelo seu trabalho compulsório anterior.
c) A lei estipulou um sistema jurídico que punia como crime contra a humanidade qualquer
forma de exploração e preconceito.
d) A Abolição da escravidão proporcionou, ao Imperador Pedro II, maior apoio dos
cafeicultores e, dessa forma, protelou a Proclamação da República.
e) A assinatura da Lei Áurea não significou o fim do preconceito racial e não propiciou acesso
à terra ou a qualquer outra forma de indenização às populações libertas.
Comentários
A historiadora Lilia Schwarcz, no texto, chama nossa atenção para o fato de que a adesão da
monarquia brasileira ao abolicionismo consistia em um esforço da mesma em se manter no poder.
Lembre-se que a resistência escrava e o movimento abolicionista estavam se radicalizando cada
vez mais, nas décadas de 1870 e 1880. Contudo, os principais opositores à abolição era a elite
agrária, principal sustentadora da economia nacional. Assim, a monarquia se encontrava no fogo
cruzado entre a eminência de uma revolta popular pela abolição e da rebeldia dos mais ricos e

AULA 15: HB: Do Império à República 126


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

poderosos fazendeiros e empresários brasileiros, que ameaçavam romper com o Império, caso se
vissem prejudicados.
Veja, sempre houve resistência e luta contra escravidão por parte dos escravizados. Além
disso, ao longo do século XIX até mesmo alguns setores das elites e das camadas médias
propuseram projetos próprios para o fim do cativeiro no país, de modo a preservar seus interesses.
Porém, sempre houve aqueles que era terminantemente contra abolição, ainda mais contra uma
abolição sem indenização aos senhores ou qualquer garantia que os libertos seriam mantidos sob
controle e trabalhando no novo regime de trabalho livre. Por essas razões, mesmo com toda a
pressão de escravizados, libertos, abolicionistas brasileiros e estrangeiros, o que se deu foi a
discussão e aprovação de uma série de leis que gradualmente iam minando a continuidade da
escravidão, de modo que os senhores de escravos tivessem tempo e oportunidade para se adaptar
aos novos rumos da economia. Uma das formas de adaptação que eles encontraram foi uma que
já era usada desde o início da colonização e da própria escravidão no Brasil: a alforria. Note, a
alforria (ou manumissão) é a concessão voluntária da liberdade ao escravizado pelo senhor.
Todavia, era muito comum que a alforria viesse acompanhada de algumas condições que podiam
ser o pagamento de certa quantia pela liberdade ou a prestação de serviços por um determinado
tempo. No mínimo, ao conceder a alforria o ex-senhor esperava que o liberto se sentisse em dívida
moral pelo “presente” dado. Além disso, os cativos que geralmente conseguiam essa “benção”
do senhor eram aqueles que empreenderam esforços por anos para ganhar sua confiança e
simpatia. Dessa forma, podemos considerar que a alforria era uma forma conservadora de
emancipação, uma vez que quase sempre representava a manutenção ou atualização dos vínculos
de dependência entre senhor e cativo mesmo após a libertação. Com isso, por exemplo, muitos
senhores conseguiam que seus escravizados continuassem trabalhando para eles mesmo depois
de libertos, em troca de um salário modesto ou mesmo por residência e alimentação.
Assim, não é de se estranhar que a princesa e a monarquia brasileira tenham investido em
fazer parecer que a Lei Áurea era quase que uma grande alforria concedida pelos soberanos da
nação. Isso colocaria todos os libertos em uma dívida simbólica com a família real, pelo menos no
imaginário político da época. Agora que você está por dentro do contexto que envolvia a Lei
Áurea, vejamos o que é correto afirmar sobre essa lei:
a) Incorreta. A lei apenas decretou a liberdade imediata de todos os escravizados em território
brasileiro, sem indenização aos senhores e tampouco qualquer medida que desse assistência
social aos recém-libertos, carentes de recursos para seu sustento.
b) Incorreta, pela mesma razão que a anterior.
c) Incorreta, pela mesma razão que a anterior. Da mesma forma que nenhuma medida assistencial
foi determinada, nenhuma medida contra discriminação/preconceito racial foi incluída na Lei
Áurea ou em legislações posteriores. Inclusive, nas primeiras décadas da república foram criadas
leis anti-vagabundagem para obrigar a população a trabalhar.
d) Incorreta. Na verdade, deu-se exatamente o oposto. Com a Lei Áurea, a intenção da monarquia
era conquistar o apoio político de libertos e da opinião pública abolicionista contra os a elite
cafeeira, principal opositora a uma abolição imediata e sem indenização aos senhores. Contudo,

AULA 15: HB: Do Império à República 127


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

não foi o que se deu. A monarquia saiu incrivelmente desgastada, apesar de realmente ter
conseguido o apoio de parte dos libertos. Isso porque muitos negros e abolicionistas também já
participavam do movimento republicano naqueles anos. Paralelamente, a monarquia também
estava entrando em choque com oficiais do exército, pois muitos deles queriam mais participação
na política institucional. Muitos desses militares igualmente aderiram ao abolicionismo e ao
movimento republicano, por terem lutado ao lado de cativos, libertos e soldados republicanos
estrangeiros (argentinos e uruguaios) na Guerra do Paraguai (1864-1870). Vale dizer que esta
guerra aumentou a dívida externa do Império, apesar deste ter saído vitorioso, o que também
contribuiu para o desgaste da monarquia em suas últimas décadas no poder. Assim, quando a Lei
Áurea foi assinada pela regente, a família real perdeu seu último grande e poderoso aliado: a elite
cafeeira escravista, que passou a apoiar os republicanos e liderou o golpe que proclamou a
República em 1889.
e) Correta! Como disse acima, a única medida decretada pela Lei Áurea foi a libertação imediata
de todos os cativos em território brasileiro, sem qualquer indenização aos ex-senhores ou aos
libertos. Muito menos qualquer medida de combate ao preconceito racial e política de assistência
social.
Gabarito: E

(UNICENTRO 2019)
A partir da emancipação política do Paraná, em 1853, vários governantes adotaram políticas
que visaram atrair imigrantes europeus para o seu território. Sobre esse processo de
colonização, é correto afirmar.
a) No Paraná não houve escravidão, pois, desde a sua emancipação, a agricultura foi
praticada apenas por imigrantes europeus.
b) Toda a população indígena do Paraná foi deslocada para o Mato Grosso do Sul, por isso,
na época da chegada dos imigrantes europeus, havia um vazio demográfico.
c) O presidente da província do Paraná entre 1875 e 1877, Adolfo Lamenha Lins, criou
colônias de imigrantes europeus na região de Curitiba e estabeleceu as diretrizes para a
colonização.
d) No Paraná, nunca houve conflitos envolvendo a posse e a propriedade da terra.
e) A fixação de europeus no território paranaense só foi possível graças à inexistência de
grandes latifúndios advindos de antigas concessões de sesmarias.
Comentários
O tema da presente questão é o processo de imigração para a Província do Paraná, no século XIX.
Com a proibição do tráfico internacional de escravizados em 1850, a intensificação das revoltas
escravas e do abolicionismo, com o surgimento gradual de leis que limitavam a reprodução da
escravidão, os grandes fazendeiros passaram a propagar a ideia de substituir o trabalho
compulsório pela mão de obra livre, em especial de imigrantes europeus. Sobretudo para os
cafeicultores exportadores, a entrada destes imigrantes era benéfica não somente para suprir a

AULA 15: HB: Do Império à República 128


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

demanda por trabalhadores nas lavouras de café diante do lento fim da escravidão. Por outro
lado, ao longo do século XIX, desenvolvem-se na Europa uma série de teorias que defendem a
superioridade racial dos brancos sobre os demais grupos humanos. Estas são as teorias raciais, ou
racismo científico. No Brasil, essas teorias foram adaptadas. Aqui, muitos argumentavam que a
escravidão gerava imoralidade na sociedade brasileira. Nesse discurso, escravidão e o escravo se
confundiam, de modo que a impressão que ficava era que o negro era a fonte dessa imoralidade.
As teorias raciais sedimentaram essa ideia complementando que a razão da imoralidade do negro
era de origem genética, uma inferioridade própria da raça negra em relação à branca. Entretanto,
muitos intelectuais brasileiros argumentavam que era possível solucionar esse problema
promovendo a ampla imigração de determinadas populações (brancas europeias) para o Brasil,
incentivando a miscigenação para que lentamente a população nacional fosse embranquecida.
Por isso, chamamos essa vertente brasileira das teorias raciais de Teoria do Embranquecimento.
No entanto, a solução imigrantista não era consenso entre as classes proprietárias. Havia
quem defendesse uma reforma agrária que concedesse pequenos lotes de terras aos libertos e a
criação de leis contra a vagabundagem para garantir que eles trabalhassem para os grandes
proprietários. De qualquer forma, ocorreram dois modelos de estímulo à imigração: a parceria e
a subvencionada. No primeiro caso, o próprio fazendeiro financiava os custos das viagens e
instalação no país para os imigrantes. Esse modelo foi introduzido pelo senador Nicolau Vergueiro,
em 1847. No segundo, o governo imperial ou os provinciais se encarregavam de fazer esse
financiamento. Esse modelo foi aprovado na década de 1870 e, junto com ele, as Províncias
ganharam autonomia para realizar essas operações, sem mediação do governo Imperial.
No caso do Paraná, a província se separou de São Paulo em 1853. Nessa época, suas
principais atividades econômicas eram a extração de mate e de madeira, mas a cafeicultura
começava a florescer nas regiões mais ao norte, na fronteira com territórios cafeicultores paulistas
e mineiros. De qualquer forma, a população paranaense estava mais concentrada na faixa
litorânea, no máximo chegando ao Primeiro Planalto. Mais para o interior predominavam nações
indígenas que evitavam contato com a sociedade nacional. A partir dos anos 1850, então, os fluxos
migratórios com destino ao Paraná se intensificaram, pois o novo governo provincial desenvolveu
políticas para atrair novos migrantes a fim de promover o desenvolvimento econômico da
província. Somente entre os anos de 1853 e 1886, o Paraná recebeu aproximadamente 20 mil
migrantes e imigrantes, que formaram diversas colônias no território. Com esse contexto em
mente, vejamos:
a) Incorreta. A mão de obra escravizada sempre foi utilizada no Paraná, seja com indígenas nativos,
seja com africanos importados. Contudo, devido à baixa integração da região com a economia
nacional e o baixo número de colonos lá, não havia grandes recursos para adotar a escravidão de
forma extensiva como em províncias mais prósperas, como São Paulo, Minas Gerais, Rio de
Janeiro, Bahia e Pernambuco. Mesmo assim, quando grandes proprietários decidiam investir na
aquisição de terras no território paranaense, como no caso dos cafeicultores no norte da província
na segunda metade do século XIX, o braço escravo foi utilizado ao lado de trabalhadores
imigrantes. Era bem comum encontrar cativos e trabalhadores livres trabalhando lado a lado nas
plantações paranaenses.

AULA 15: HB: Do Império à República 129


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

b) Incorreta. Na verdade, os indígenas nativos do Paraná apenas se afastaram do litoral, ocupando


as regiões do Primeiro e Segundo Planaltos, no interior da província. Essas populações só precisara
migrar ainda mais para o interior, rumo território mato-grossense e sul-mato-grossense no início
do século XX, quando companhias colonizadoras receberam permissão do governo estadual para
lotear e vender as terras indígenas no Paraná.
c) Correta! Adolfo Lamenha Lins foi presidente da Província do Paraná entre 1874 e 1877. No
cargo, ele incentivou a colonização europeia na cidade de Curitiba. Ele teve iniciativa na criação
das colônias de Pilarzinho (1871) e Abranches (1873), e das colônias de Santa Cândida (1875) e
Orleans (1875) em locais mais próximos da capital, todas elas formadas por poloneses.
d) Incorreta. Conflitos envolvendo a posse e a propriedade de terra sempre foram frequentes em
todo a história e território brasileiros. Era corriqueiro que colonos combatessem indígenas,
estrangeiros e até colonos da mesma nacionalidade pelo controle sobre pedaços de terras. O
Paraná não é uma exceção. Desde o início de sua colonização, o território paranaense foi alvo de
disputas entre europeus e indígenas, portugueses e espanhóis, bandeirantes e jesuítas; e mesmo
entre proprietários brasileiros que discordavam sobre os limites entre suas propriedades.
e) Incorreta. Havia latifúndios no Paraná, voltados para a pecuária extensiva e para extração de
erva-mate ou madeira. O incentivo a imigração tinha a intenção tanto de trazer imigrantes que
trabalhassem nesses latifúndios quanto criar colônias compostas por pequenas propriedades cuja
produção era voltada para subsistência e para o mercado interno. Isso porque o governo provincial
estava preocupado ao mesmo tempo com a prosperidade econômica da região e torna-la
amplamente habitada para evitar invasões estrangeiras ou a reconquista desses territórios pelos
indígenas.
Gabarito: C

(UNITINS 2018)

Analise a citação a seguir a respeito da Proclamação da República brasileira e assinale a alternativa


que a interpreta.

“Realiza-se na História do Brasil, em 1889, uma acomodação política. A República que se instala,
passada a fase de depuração, é a do controle hegemônico dos fazendeiros do oeste paulista
acrescida da descentralização, para contentar os interesses regionais. A nova ordenação política
não significou reformas estruturais” (MONTEIRO, Hamilton. Brasil Império. São Paulo: Ática, 1994
p. 75).

a) A Proclamação da República resultou de movimentos históricos brasileiros, como a


Inconfidência Mineira e a República Farroupilha.

b) A República que nasceu no Brasil no final do século XIX mudava a forma de governo sem
revolucionar a sociedade, mantendo o clima de ordem que interessava às elites.

AULA 15: HB: Do Império à República 130


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

c) Deodoro da Fonseca liderou militares, cafeicultores e profissionais liberais no movimento que


promoveu a república, em razão de sua histórica oposição ao regime monarquista.

d) Os interesses da elite agrária do nordeste não eram diferentes dos interesses dos cafeicultores
paulistas, e isso favoreceu a mobilização social para a Proclamação da República.

e) A implantação da república no Brasil trouxe de imediato uma mudança social significativa: a


participação popular nos eventos políticos nacionais.

Comentários:
a) Incorreta. Os dois movimentos eram republicanos, porém tinham caráter regionalistas, de
criação de um novo Estado, em seus respectivos territórios. Não foram eventos relacionados
a Proclamação da República, em 1889. A Inconfidência Mineira ocorreu em 1789, cem anos
antes e a Revolta Farroupilha aconteceu durante o Período Regencial, entre 1835 e 1845.
b) Correta. O movimento militar foi uma forma de preservar as estruturas sociais que
beneficiavam as elites do país.
c) Incorreta. Deodoro foi um militar gaúcho, muito respeitado pela opinião pública. Diferente
do que a afirmação diz, ele não foi um histórico crítico do regime. Sua insatisfação foi
momentânea e surgiu quando a Monarquia começou a perseguir e a prender homens do seu
batalhão no Rio Grande do Sul. Assim, não concordando com as ordens do Imperador, ele o
desobedeceu sendo destituído de seu cargo. Isso já no final do Império.
d) Incorreta. Não houve participação popular na Proclamação da República.
e) Incorreta. A participação popular continuaria sendo negada a população, por meio das
eleições com critérios censitários sendo mantidos no período da Primeira República (1889-
1930).
Gabarito: B

(UNITINS 2021)

A imagem e o texto a seguir referem-se à escravidão no Brasil que teve duração do início do século
XVI ao final do século XIX.

“A agitação negra marcou a luta contra a escravidão na sociedade brasileira. A revolta escrava,
individual ou coletiva, foi o primeiro e principal instrumento de instabilidade da ordem vigente.
Rebeliões, fugas e tantas outras formas de ação escrava vivenciadas no Brasil, até quando não
explicitavam esse propósito, construíram os caminhos para a falência do mundo governado por
proprietários de pessoas”. (ALBUQUERQUE, Wlamyra. Movimentos sociais abolicionistas. In:
Dicionário da escravidão e liberdade. São Paulo: Companhia das letras, 2018).

Analise as afirmativas a seguir sobre a escravidão no Brasil.

AULA 15: HB: Do Império à República 131


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

I – O Brasil foi o último país das Américas a abolir a escravidão e o que mais recebeu africanos
aprisionados por meio do tráfico.

II– Principal parceira econômica do Brasil, a Inglaterra pressionava D. Pedro II desde metade do
século XIX a abolir o regime escravocrata por razões humanitárias.

III – A Lei do Ventre Livre (1870) e a Lei dos Sexagenários (1884) buscavam transição gradual para
o fim do trabalho escravo no Brasil e atendiam às reivindicações dos grupos abolicionistas.

IV – Pressionado pela Inglaterra, o Brasil aprovou a Lei Eusébio de Queirós que decretou a
proibição de tráfico negreiro no Brasil a partir de 1850.

É correto o que se afirma em:

A) III e IV apenas. B) I e IV apenas. C) I, II e IV apenas. D) I e II apenas. E) I, II, III e IV.

Comentários:
I. Correto. A Monarquia Brasileira resistiu a abolição da escravatura até 1888, quando a Princesa
Isabel promulgou a Lei Áurea.
II. Incorreto. Os interesses ingleses não eram humanitários, pois na Europa circulavam ideias de
superioridade racial. Seus interesses eram estritamente econômicos, uma vez que um país
escravocrata não poderia participar do comércio internacional que se criava em torno da expansão
da Revolução Industrial.
III. Incorreto. Os grupos abolicionistas queriam a abolição total e completa da escravidão, sem um
período de transição gradual.
IV. Correto. Devido a promulgação da Lei Bill Aberdeen na Inglaterra, todos os navios que fossem
pegos transportando escravos seriam parados e confiscados pela Marinha Inglesa. Assim, o
Governo brasileiro se viu forçado a abolir o fim do tráfico negreiro.
Portanto, a resposta correta é a letra B, sendo a primeira e última afirmações corretas.
Gabarito: B

(IFSudMinas 2018)
I. Ao longo do século XIX, o café tornou-se rapidamente a principal atividade agrícola do
país, responsável por mais da metade do dinheiro arrecadado em exportações no Brasil.
II. Um fator que contribuiu para a ampliação da produção cafeeira no Brasil foi o aumento da
procura do produto pelos mercados consumidores da Europa e dos EUA.
III. A construção e ampliação das ferrovias no Brasil para o transporte do café aumentou a
velocidade de escoamento da produção e interligou algumas regiões do Império.

AULA 15: HB: Do Império à República 132


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

IV. A cafeicultura no Brasil beneficiou-se da estrutura escravista, sendo incorporada ao


sistema plantation, caracterizado basicamente pela monocultura voltada para a exportação,
a mão de obra escrava e o cultivo em grandes latifúndios.
V. O maior Estado produtor de café no Brasil foi o Rio de Janeiro, pois possuía a terra roxa,
um tipo de solo que favorecia a lavoura cafeeira.
Agora marque a alternativa CORRETA.
a) Todas as afirmativas são verdadeiras.
b) Todas as afirmativas são falsas.
c) Apenas I, II, III e IV são verdadeiras.
d) Apenas II, III, IV e V são verdadeiras.
e) Apenas I, II, III e V são verdadeiras.
Comentários
Ao ler as proposições, é fácil deduzir que o tema da questão é a expansão da economia cafeeira
durante o século XIX, no Brasil. No início desse século, lentamente, médios e grandes proprietários
que adquiriram terras no Vale do Paraíba, no Oeste Paulista e no sul de Minas Gerais passaram a
praticar a cafeicultura. Durante o Segundo Reinado, na segunda metade do XIX, esses fazendeiros
haviam se tornado a elite econômica do país e até começaram a investir em outros ramos como a
indústria, navegação, comércio e infraestrutura. Com isso em mente, vamos avaliar as proposições:
I. Correta! Como destaquei, o café passou a ser mais cultivado já na primeira metade do
século XIX, mas em meados deste os produtores do grão em larga escala haviam se
tornado a elite econômica do país. Podemos ver essa rápida ascensão econômica na
tabela a seguir:

Note que já na década de 1830, o café correspondia a 43,8% das exportações brasileiras
e ao longo do Segundo Reinado (1840-1889) chegou a 61,5%.

AULA 15: HB: Do Império à República 133


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

II. Verdadeira! O consumo de café no continente europeu e no norte da América ocorreu


após a o consumo da planta ter primeiro se popularizado entre os árabes, na Idade
Média, e posteriormente entre os europeus, por volta do século XVII. Contudo, a
expansão da Revolução Industrial durante o século XIX e as mudanças de hábitos que
acarretou, o consumo de café aumentou ainda mais, justamente nos países que estavam
em franca industrialização, como Inglaterra, França, Alemanha e Estados Unidos. Ao
perceberem que a planta se adaptava muito bem às condições climáticas do Sudeste
brasileiro, os fazendeiros rapidamente empreenderam sua produção em larga escala
para atender essa demanda.
III. Verdadeira! Os principais investidores da expansão da malha ferroviária, no Brasil, eram
os próprios cafeicultores, interessados em diminuir custos e prejuízos com o transporte
de seu produto até os portos no litoral. Até meados do século XIX, esse transporte era
feito por meio dos tropeiros e seus muares, o que levava dias e até meses para efetuar.
Com empréstimos de bancos estrangeiros, principalmente ingleses, grandes
fazendeiros financiaram a instalação de ferrovias no país a partir de 1852. A primeira
delas, contando com 14 km de extensão, foi criada por Irineu Evangelista de Souza,
posteriormente conhecido pelos títulos de Barão e Visconde de Mauá. Juntamente a
outros poucos empreendedores do Segundo Reinado, o empresário apostou na
modernização da economia ao investir em áreas diversas, incluindo o comércio,
indústria, companhias de navegação e bancos. Em pouco mais de 30 anos o Império
passaria a contar com 10 mil quilômetros de ferrovias, o que também beneficiava outras
atividades econômicas, como a agropecuária e a mineração. Dessa forma, o Brasil viveu
um surto industrial entre as décadas de 1840 e 1870, que alguns historiadores
denominaram como Era Mauá. O cenário urbano muda. Cidades ganham destaque ao
longo dessas ferrovias: Jundiaí, Campinas, Araraquara, Ribeirão Preto, e São José do rio
Preto.
IV. Verdadeira! Muitos desses fazendeiros sagazes que decidiram começar a investir na
plantação e café na primeira metade do século XIX, já eram proprietários de terras
dedicados à produção e exportação de açúcar. No entanto, neste ramo havia muita
competição internacional, com países da América Central e novas colônias europeias na
África e na Ásia. Portanto, ao notar que a demanda internacional por café e havia poucos
países nesse ramo, vários fazendeiros brasileiros intentaram alterar o produto de suas
plantações, mantendo a mesma estrutura produtiva que já possuíam, isto é, a
monocultura em larga escala com uso de mão de obra escravizada. Além disso, devemos
lembrar que a escravidão era amplamente difundida na sociedade brasileira e até
mesmo pessoas livres pobres tinham escravizados, mesmo que poucos, ou
ambicionavam ter. Isso porque além de mercadoria e força de trabalho, o escravizado
era visto pela maioria da sociedade como um distintivo social, isto é, quanto mais cativos
se tinha mais prestígio se agregava ao proprietário. Por isso, mesmo os pequenos e
médios fazendeiros que inicialmente não tinham uma grande estrutura escravista e

AULA 15: HB: Do Império à República 134


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

monocultora como os mais ricos procuraram adquiri-la conforme enriqueceram no ramo


cafeicultor.
V. Falsa. Na verdade, podemos dizer que o Rio de Janeiro foi a província, não estado, que
primeiro prosperou no ramo da produção e exportação de café, na primeira metade do
século XIX, mais especificamente a região do Vale do Paraíba fluminense. No entanto,
por conta de o solo dessa região já estar muito esgotado devido à extensiva plantação
de cana-de-açúcar desde o século XVIII, muitos fazendeiros procuraram expandir suas
propriedades ou adquirir novas nas porções paulista e mineira do mesmo vale.
Gradativamente, o Oeste Paulista se tornou a principal zona de expansão da cafeicultura
e a maior região exportadora do grão, na segunda metade do século XIX. Contudo, em
nenhum dos lugares citados havia a terra roxa, um tipo de solo de origem vulcânica
extremamente fértil. Na realidade, este solo só era encontrado no norte do Paraná, onde
os cafeicultores começaram a se instalar somente no final do século XIX. Apenas no
século seguinte, mais especificamente a partir dos anos de 1930 é que os fazendeiros
paranaenses se tornaram os maiores produtores e exportadores de café do Brasil.
Portanto, a alternativa correta é a letra “c”.
Gabarito: C

(IFPE 2017)
“As promessas de liberdade do segundo e extenso período desde a Independência até à lei
Rio Branco datam de poucos anos relativamente a certa parte da população escrava, e do
fim do primeiro reinado relativamente à outra.
Os direitos d’esta última – que vem a ser os Africanos importados depois de 1831 e os seus
descendentes – são discutidos mais longe. Por ora baste-nos dizer que esses direitos não se
fundam sobre promessas mais ou menos contestáveis, mas sobre um tratado internacional e
em lei positiva e expressa. O simples fato de achar-se pelo menos metade da população
escrava do Brasil escravizada com postergação manifesta da lei e desprezo das penas que
ela fulminou, dispensar-nos-ia de levar por diante este argumento sobre os compromissos
públicos tomados para com os escravos.
Quando a própria lei, como se o verá exposto com toda a minudência, não basta para
garantir à metade, pelo menos, dos indivíduos escravizados a liberdade que decretou para
eles; quando um artigo tão claro como este: "Todos os escravos que entrarem no território
ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres" [...] nunca foi executado [...]que valor
obrigatório podem ter movimentos nacionais de caráter diverso, atos na aparência alheios à
sorte dos escravos, declarações oficiais limitadas ao efeito que deviam produzir? Em outras
palavras, de que servem tais apelos à consciência, à lealdade, ao sentimento de justiça da
nação, quando metade dos escravos estão ilegalmente em cativeiro?” pp. 58-59.
(NABUCO, J. O Abolicionismo. Londres: TYPOGRAPHIA DE ABRAHAM KINGDON E CA.,
1883, 256 p.).

AULA 15: HB: Do Império à República 135


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Assinale a afirmativa CORRETA a partir da análise do excerto acima.


a) O desrespeito do Estado brasileiro à Lei Eusébio de Queiroz, que proibiu o tráfico atlântico
de escravizados em 1850.
b) O sentido retórico de seu próprio texto, meramente floreio político em nome dos
escravizados, estes sem voz efetiva.
c) A injustiça e o crime da nação brasileira para com milhares de escravizados traficados
ilegalmente após a lei antitráfico apelidada de “Lei para Inglês ver”.
d) O caráter legal do sistema escravista, que não descumpria a lei positiva do Estado imperial
brasileiro em nenhum aspecto.
e) A consciência dos políticos de seu tempo, sensíveis ao cativeiro de milhares de homens
sabidamente livres, aos quais cumpria libertar.
Comentários
O tema da questão é o movimento abolicionista e a argumentação utilizada por seus
promotores para legitimar suas ações em prol da liberdade dos escravizados. Note, na
referência dada para o trecho exposto, em que ano o autor publicou o livro que integra:
1883. Ora, a década de 1880 é um momento marcante para o movimento abolicionista, no
qual a ideologia do mesmo alcançou vários setores da população, quase como se fosse um
“senso comum” de que a escravidão tinha que acabar, apesar da resistência dos poucos e
ricos proprietários de escravizados que sobraram naqueles anos. Além disso, as revoltas e
fugas de escravos se intensificavam cada vez mais. Contudo, devemos prestar atenção a
quem é o autor do texto. Joaquim Nabuco era um jurista, diplomata e político pernambucano
e abolicionista. Ou seja, ele representava o abolicionismo legal, que lutava contra a
escravidão e libertava escravizados com base nas leis já vigentes e procurando aprovar novas
legislações abolicionistas no Parlamento. Havia uma série de argumentos de cunho
ideológico e jurídico utilizado por esses abolicionistas ilustrados para embasar as ações de
liberdade que defendia na justiça ou sustentar seus argumentos a favor da abolição nos
salões das assembleias provinciais e nacional. No trecho destacado, podemos observar como
Nabuco mobiliza um argumento muito comum entre essa ala do abolicionismo brasileiro, o
qual se apoiava na primeira lei que proibiu o tráfico internacional de africanos escravizados,
de 1831. Com base nela, defendia-se a liberdade de africanos escravizados cujos senhores
não tinham como provar que os importaram antes daquele ano. Com isso em mente, vejamos
o que é correto afirmar a partir do excerto:
a) Incorreta. Nabuco faz referência a primeira lei anti-tráfico, como destaquei, a de 1831, não
a de 1850. Após a segunda lei, chamada de Eusébio de Queiroz, o Estado passou a reprimir
com mais rigor e sistematicamente a importação ilegal de escravizados no Brasil. Contudo,
muitos senhores que adquiriram africanos entre 1831 e 1850 continuavam tentando mantê-
los escravizados, alterando informações como a idade dos cativos nos documentos, ou
ocultando registros referente à compra dos mesmos. Por isso, a lei de 1831 continuava a ser
invocada por abolicionista na década de 1880.

AULA 15: HB: Do Império à República 136


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

b) Incorreta. Realmente, podemos dizer que a voz dos escravizados não está diretamente
expressa nas palavras de Nabuco. Porém, é reducionismo achar que seu texto é mero floreio
político e retórica. É preciso considerar que ao longo do século XIX, especialmente na
segunda metade, as revoltas e fugas coletivas de escravizados estavam aumentando
exponencialmente. Mesmo indivíduos isolados cometiam crimes e assassinatos para obter a
liberdade quando percebiam que estavam sendo mantidos injustamente no cativeiro. Por
incrível que pareça, não era raro eles procurarem a justiça ou a polícia logo em seguida, pois
acreditavam que a lei estaria a seu lado. Portanto, devemos considerar que de certa forma a
retórica dos abolicionistas ilustras ecoava a pressão dos próprios escravizados pela abolição.
c) Correta! O ponto principal do argumento de Nabuco é que ele define como principal
responsável pela injustiça contra dos escravizados importados ilegalmente a partir de 1831
o Estado brasileiro. Foi o próprio governo que fez vista grossa e ignorou as graves infrações
contra a liberdade de uma enorme quantidade de africanos que foram mantidos em cativeiro
de forma ilegal. Portanto, era responsabilidade do Estado reparar essa injustiça. Vale
mencionar que a Lei de 1831 era chamada “Para inglês ver”, justamente porque não era
cumprida pelo governo brasileiro, sendo resultado das pressões diplomáticas da Inglaterra,
principal parceira econômica do Brasil naquela época e que pretendia acabar com a
escravidão no mundo para que houvesse mais mercados consumidores para os produtos
ingleses.
d) Incorreta. O texto denuncia exatamente o caráter ilegal do sistema escravista que, com a
conivência do Estado imperial, descumpria uma lei vigente.
e) Incorreta. A alternativa generaliza a consciência expressa por Nabuco de modo que parece
que todos os políticos de seu tempo compartilhavam da mesma visão, quando isto não era
realidade. Mesmo na última década em que a escravidão vigorou no Brasil, havia setores da
sociedade que continuavam resistindo à abolição. Diante do constrangimento de dizer que
o cativeiro devia continuar para sempre, os últimos senhores de escravos tentavam prolongar
ao máximo da vida dessa instituição, reivindicando uma abolição lenta, gradual e segura,
com indenização aos senhores, contratos de prestações de serviços ou aprovação de leis
contra a vagabundagem. Tudo para, caso a abolição se concretizasse, a hierarquia social não
fosse profundamente alterada.
Gabarito: C

(UFRR 2017)
“ ...na cidade de Óbidos, em 11 de janeiro de 1854 [...] Raimunda, “24 anos de idade, crioula,
bem retinta, um tanto baixa, bem figurada, muito humilde” [...] estava fugida com seu
companheiro José Moisés, “de 26 anos de idade, cafuz bastante fornido do corpo, estatura
regular, mal-encarado, olhos pequenos, e fundos”. Os dois fugiram com a ajuda do forro
Antônio Maranhoto, natural do Maranhão que [...antes] “foi marinheiro de embarcação de
guerra”[...]. Em fevereiro de 1861, a escrava Benedita, “cafuza, natural de Óbidos, com falta
de dentes na frente, cabelos cacheados, cheia de corpo, cara risonha” fugiu na companhia

AULA 15: HB: Do Império à República 137


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

do soldado mulato Francisco Lima. Levou uma rede nova, um balaio e um baú de cedro
contendo “um par de chinela, um fio de conta de ouro, uma camisa de chita amarela, uma
saia de cambraia branca com três folhos e duas camisas brancas”. Em abril do mesmo ano, a
escrava Maria, “crioula retinta, magra, alta, olhos e beiços grandes” fugiu com Hipólito,
“crioulo bem retinto, barbado, falta de dentes na parte superior”. Maria e Hipólito fugiram
pouco tempo depois do falecimento de seu senhor Antônio Guerra, diretor de índios no rio
Madeira. A viúva pedia sua captura e ainda oferecia 100 mil réis de recompensa por cada
escravo.”
CAVALCANTI, Y.R.O; SAMPAIO, P.M. Histórias de Joaquinas, Mulheres, Escravidão e
Liberdade (Brasil, Amazonas: séc.XIX). Revista Afro-Ásia, 46. p.97-120. Disponível em <
http://www.scielo.br/pdf/afro/n46/a03n46.pdf>
Com base no texto e nos seus conhecimentos sobre a escravidão negra no Brasil durante a
segunda metade do século XIX, é CORRETO afirmar:
A) A má influência masculina explica as fugas das mulheres escravas, pois o trabalho escravo
feminino era feito exclusivamente no interior das casas grandes, onde geralmente as negras
eram tratadas como parte da família;
B) O estado do Amazonas foi um dos primeiros a decidir pelo fim da escravidão e isso
aconteceu porque não havia mais escravos negros na região;
C) Em 1871, a Lei do Ventre Livre libertou milhares de filhos de escravos, diminuindo
consideravelmente as fugas de mulheres, como as apresentadas no texto;
D) Em 1850, pela Lei Euzébio de Queiroz, foi proibido o tráfico internacional e,
consequentemente, a importação de escravos, mas continuava sendo legal manter escravos
em cativeiro;
E) Embora submetidas ao trabalho compulsório, as mulheres no cativeiro recebiam especiais
cuidados e preocupação de seus senhores, por isso tinham liberdade plena para constituir e
manter laços familiares.
Comentários:
O texto mostra como os senhores viam seus escravos e como se procedia em casos de fuga.
Com base na escravidão negra no Brasil, assinalemos, portanto, a alternativa que condiz com o
excerto:
a) Incorreto. As fugas descritas no texto fazem parte do contexto da abolição da escravatura, que
ocorreu de maneira lenta e gradual no Brasil. Mesmo que vivessem dentro da Casa Grande, as
mulheres negras continuavam sendo escravas, e elas queriam sua liberdade. A partir da segunda
metade do século XIX, muitos escravos foram se libertando de diversas formas, alguns por meio
das leis, que ainda eram deficitárias ou pelas fugas, como as mencionadas acima.
b) Incorreto. O primeiro Estado a abolir a escravidão foi o Ceará. A Região Norte possuía escravos
negros, mesmo que pouco.

AULA 15: HB: Do Império à República 138


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

c) Incorreto. A Lei do Ventre Livre, considerava os filhos das escravas livres, porém, sob algumas
condições. A criança teria os senhores de sua mãe como tutor até os 8 anos de idade, e quando
chegasse essa idade, os donos poderiam escolher se queriam receber uma remuneração oferecida
pelo Estado para libertá-lo ou se usaria os serviços do jovem até ele completar 21 anos. Na prática,
essa lei não ajudou muito e não impediu as mães escravas de fugirem com seus filhos.
d) Correto. No Brasil, após a promulgação dessa lei, o uso de escravos continuou mesmo que o
tráfico internacional tenha terminado. A partir desse momento o que ocorreu foi um fluxo da mão-
de-obra negra do Nordeste para as regiões de lavouras de café no Sudeste brasileiro.
e) Incorreto. As mulheres negras não possuíam liberdade e isso fica evidente no excerto.
Gabarito: D

(UFRR 2020)

Diversos projetos abolicionistas invadiram a cena política brasileira no último quarto do século XIX.
O de André Rebouças foi um dos mais radicais. Talvez, por isso, tenha acabado derrotado. [...]
Dedicado a compreender os mecanismos que emperravam o desenvolvimento do país, chegou à
conclusão de que vivíamos um bloqueio estrutural para a emergência de indivíduos livres. E que
a libertação dos escravos, por si só, não seria suficiente. (CARVALHO, Maria Alice Rezende de.
“Liberdade é terra”. In FIGUEIREDO, Luciano (org.). A era da escravidão. Rio de Janeiro: Sabin,
2009. (Coleção Revista de História no Bolso;3), p. 85). A trajetória e as ideias do engenheiro baiano
André Rebouças – mulato e filho de um relevante membro da elite política monárquica no Brasil
– demonstram a diversidade do movimento abolicionista no século XIX.

Sobre as lutas pela abolição do sistema escravocrata brasileiro, assinale a alternativa CORRETA.

A) A luta radical pela extinção imediata da escravidão, no século XIX, comprova a existência de
uma elite aristocrática abolicionista ligada à agro exportação cafeeira em permanente
enfrentamento com a Coroa brasileira, desde os tempos da assembleia constituinte de 1823.

B) A defesa da abolição da escravidão, da reforma agrária e da consequente transformação dos


ex-escravos em pequenos produtores rurais independentes comprova a presença de um ideário
modernizante nas lutas abolicionistas no Brasil.

C) O projeto de abolição radical, que compreendia a libertação dos escravizados, mas também a
democratização do acesso à terra, teve o apoio de setores da alta cúpula do Exército, a despeito
da manutenção do respeito hierárquico à função estatal de punir as fugas de escravizados no
Brasil.

D) A proposta de promoção da cidadania política plena aos ex-escravos acompanhou o debate


abolicionista brasileiro, atenuando, ao longo do século XIX, o crescimento das revoltas escravas e,
consequentemente, arrefecendo o preconceito racial no Brasil monárquico.

AULA 15: HB: Do Império à República 139


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

E) A ala radical do movimento abolicionista consolidou a articulação de todos os senadores do


Império, ao defender a inserção dos ex-escravos na sociedade e a desobediência civil contra a
“Lei Saraiva-Cotegipe” aprovada pelo Parlamento brasileiro, na segunda metade do século XIX.

Comentários:
a) Incorreto. A elite brasileira ligada a agro exportação era escravista desde os tempos da
Independência do Brasil. O cenário só mudaria após a Guerra do Paraguai, no início dos anos de
1870.
b) Correto. O movimento abolicionista era formado não somente por ex-escravos, como também
por pessoas da classe média brasileira, que tinham ideias modernas de inserção dos negros na
sociedade, como André Rebouças.
c) Incorreto. Não houve um apoio dos militares com relação a democratização do acesso às terras
no Brasil. Muitos ex escravos ficaram a margem da sociedade e foram viver nas periferias das
cidades.
d) Incorreto. O preconceito racial é um problema estrutural da sociedade brasileira até hoje. Os
negros após a abolição da escravatura não foram inseridos nas atividades socioeconômicas e
políticas da sociedade, não podendo votar nas eleições presidenciais nem participar plenamente
dos trabalhos oferecidos no país. Nesse momento passou-se a utilizar a mão-de-obra imigrante.
Hoje, vemos o reflexo disso na desigualdade social que temos em no Brasil. Outro marcador dessa
negligência são os índices de violência, que mostram a população negra é a que mais sofre com
as perseguições policiais.
e) Incorreto. O movimento abolicionista radical não tinha tanta força e logo foi suprimido pelo
pensamento positivista militar, que proclamou a República em parceria com as elites oligárquicas.
Gabarito: B

(URCA 2018)

“A Proclamação da República no dia 15 de novembro de 1889 é, sem dúvida, um dos


acontecimentos significativos de nossa história. Feriado nacional festejado anualmente como uma
das datas cívicas mais importantes, o 15 de novembro se inscreve nos livros escolares e no
imaginário coletivo como um dos acontecimentos fundador do que somos, como um lugar de
memória” (NEVES, Margarida de Sousa. Os cenários da República. O Brasil na virada do século
XIX para o século XX. IN: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves O Brasil
Republicano: o tempo do liberalismo excludente. Da Proclamação da República à Revolução de
1930. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002. p. 26).

Sobre o advento da República no Brasil, assinale a alternativa correta:

A) A Hipótese de que a República tem sua origem no descontentamento de setores do Exército


desde ao fim da Guerra do Paraguai não se sustenta, tendo em vista que grupos das forças
armadas brasileiras têm participado de golpes contra a própria República, ao longo de sua história;

AULA 15: HB: Do Império à República 140


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

B) Ainda que seja possível identificar referências mais remotas, foi a partir do lançamento do
Manifesto Republicano, em 1870, defendendo a República, embora sem federação, que se
oficializou o republicanismo brasileiro;

C) A principal insatisfação dos Republicanos com a Monarquia foi manifestada no Congresso de


1877, quando o Imperador D. Pedro II resolveu estabelecer um Estado Federativo no Brasil;

D) Os cafeicultores escravistas formavam uma das principais bases de apoio da Monarquia, no


entanto, com a abolição da escravidão, muitos acabaram aderindo ao movimento republicano;

E) A adesão em massa da população brasileira ao movimento republicano fez com que a


Monarquia caísse de forma pacífica, salvo resistências localizadas sem maiores proporções.

Comentários:
A Proclamação da República está inserida dentro de um contexto nacional e internacional
do final do século XIX e início do Século XX. Entre as causas que culminaram na derrubada
da Monarquia, vejamos a correta:
a) Incorreta. A Guerra do Paraguai se transformou em um dos pivôs do descontentamento
do exército com a Monarquia, uma vez que após o conflito muitos passaram a defender o
movimento republicano positivista e o movimento abolicionista. Ademais, os golpes militares
nunca estiveram contra a República. Todos tinham caráter republicano, porém com
autoritarismo e a não promoção plena das Instituições Democráticas.
b) Incorreta. Pelo contrário, os líderes do manifesto eram a favor do federalismo.
c) Incorreta. A mesma resposta da alternativa acima, a proposição não condiz pois os
republicanos defendiam o Federalismo, enquanto a Monarquia o repudiava.
d) Correta. A República era uma questão de tempo. A escravidão se enfraquecia e alguns
grupos, visto as condições desfavoráveis, acabaram por aderir ao movimento republicano.
e) Incorreta. A adesão foi parcial, muitos populares gostavam da Monarquia e a maioria da
população não podia participar das decisões políticas do Estado. Então, os opositores ao
Impérios se concentraram entre os militares, religiosos e alguns setores da classe média
abolicionistas. Assim, como na Independência, o povo brasileiro foi excluído da passagem
da Monarquia para a República, sendo ela feita por militares.
Gabarito: D

(URCA 2018)
A fim de regulamentar a propriedade da terra de acordo com as novas necessidades
econômicas e os novos conceitos de terra e de trabalho, diversas leis importantes foram
decretadas em diferentes países durante o século XIX. No Brasil, a lei para este fim ficou
conhecida como a Lei de Terras de 1850, sobre a qual podemos corretamente afirmar:

AULA 15: HB: Do Império à República 141


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

A) Proibia a aquisição de terras que não fosse exclusivamente pela posse ou doação feita
pela Coroa.
B) Determinava que todos aqueles que tinham adquirido a terra, nos anos precedentes à Lei,
por ocupação ou doação, perderiam a terra, ainda que tivessem como legalizá-las mediante
o pagamento de taxas cartoriais.
C) Limitou o tamanho das terras adquiridas pela ocupação que não poderia ser maior do que
a maior porção de terra doada no distrito em que se localizava.
D) Os produtos das vendas das terras públicas e das taxas de registro das propriedades
seriam utilizados para importar mão de obra escrava.
E) Se antes da lei, somente poderiam adquirir terras aqueles que tivessem condições de
explorá-las lucrativamente, com a lei, somente poderiam adquirir aqueles que prestassem
serviços à Coroa Imperial.
Comentários:
A Lei de Terras no Brasil, foi estabelecida em um contexto de expansão de imigrações
europeias para o território sul-americano. Em meio aos seus processos de unificação, na Alemanha
e Itália muitos camponeses foram expulsos de suas terras. Visto isso, encontraram na América do
Sul ambiente propicio para morarem. Porém, até esse período, não havia uma clara divisão das
terras públicas e privadas no país. Por isso, o Estado brasileiro viu a necessidade de regulamentar
e limitar as terras, devido a vinda de inúmeras famílias europeias para o país.
Então, sobre essa lei, olhemos a afirmação que explica seu funcionamento:
a) Incorreta. A concessão de terras desocupadas no Brasil estava sob a posse do Estado e só
poderiam ser adquiridas por meio da compra.
b) Incorreta. Todas as posses adquiridas após a independência (1822), assim como as sesmarias
concedidas ainda na época da colônia deveriam ser cadastradas nos Registros Paroquiais de Terras
para então serem demarcadas.
c) Correta. Essa foi uma forma de estabelecer um limite entre as terras públicas e privadas no
Brasil.
d) Incorreta. A partir da Lei de Terras de 1850, o Brasil não podia mais importar escravos de fora
do país.
e) Incorreta. Antes, as terras eram doadas pela Coroa. Não podia explorara-las sem o
consentimento do Estado Imperial.
Gabarito: C

(UEA – 2011)
A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, proibiu o tráfico de escravos da África para o Brasil.
Estima-se que entravam no país, no período imediatamente anterior à Lei, 50 mil escravos
por ano. A proibição desse comércio

AULA 15: HB: Do Império à República 142


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(A) provocou desentendimentos e conflitos do governo brasileiro com o Parlamento inglês,


porque trouxe prejuízos monetários às companhias inglesas de comércio de escravos.
(B) precipitou a queda da monarquia brasileira, que perdeu o apoio político e o auxílio
econômico dos senhores de escravos do Norte e do Sul do país.
(C) liberou e disponibilizou capitais que foram aplicados em atividades industriais e de
transportes, de que é exemplo a Companhia de Navegação a Vapor do rio Amazonas.
(D) determinou o crescimento de cidades no país, porque favoreceu a libertação voluntária
dos escravos por seus senhores, que foram atingidos pela falta de mão de obra.
(E) dividiu geograficamente o país em duas regiões distintas, uma que explorava o trabalho
escravo e outra que estimulava o emprego do trabalho assalariado.
Comentários:
A Lei Eusébio de Queirós (1850) está inserida em um contexto de abolição da escravatura
em diversos países do mundo. Isso porque, durante o século XIX, o mundo passou para uma
segunda fase da Revolução Industrial, em que os países indústrias necessitavam de novos
mercados consumidores para comercializarem seus produtos. Dentre eles a Inglaterra, principal
economia do mundo e maior parceira comercial do Reino de Portugal, até aquele momento. A
coroa inglesa, mediante a esse contexto global então pressionou a portuguesa a abolir o tráfico
em suas colônias, porém de nada adiantou. Os escravos africanos continuaram chegando às
terras americanas. Até mesmo alguns acordos firmados entre os dois países antes e depois da
declaração de independência foram o suficiente para que essa atividade comercial parasse.
Muito se deve pela forma que se regia a economia no Brasil (baseada em produção agrária com
mão de obra escrava, indígena ou negra).
Todavia, em 1850, após diversas represálias do governo britânico, mesmo com a
resistência dos políticos brasileiros, o governo do Imperador D. Pedro III determinou a proibição
do tráfico negreiro no Brasil. Assim, a partir desse momento, o Império buscou combater de
maneira efetiva o comércio transatlântico de escravizados para o território brasileiro, sendo
criado um tribunal especial na Marinha para julgar os traficantes e reenviar os africanos
encontrados em portos e navios de volta para a África. Contudo, aqueles que fossem flagrados
comprando cativos contrabandeados – ou seja, os fazendeiros – seriam encaminhados para a
justiça comum, o que lhes dava maiores chances de serem anistiados.
Essa lei também não reverteu o status daqueles que foram ilegalmente escravizados
desde 1831, ano que ficou conhecido pela lei Feijó, que o governo brasileiro promulgou com
o intuito de acabar com o comércio dessa atividade, porém que não teve o menor rigor de ser
cumprida pelos donos de terra (apelidada como “lei para inglês ver”). Ou seja, garantia à classe
senhorial o direito à propriedade adquirida até o momento. Ademais, o combate à entrada de
navios negreiros a partir da Lei de 1850 influenciou a baixa oferta de mão de obra escrava no
território, e consequentemente, seu encarecimento. As áreas cafeeiras passaram a comprar
escravizados de outras regiões do país.
Com isso, olhemos as alternativas e vejamos qual está correta:

AULA 15: HB: Do Império à República 143


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

A) Incorreta. Como exposto nos comentários acima, essa era uma das mais reivindicadas
medidas cobradas pelo governo inglês ao brasileiro. Isso possibilitaria justamente que os
negócios britânicos impulsionados pela Revolução Industrial, pudessem ser expandidos
em terras brasileiras.
B) Incorreta. A monarquia brasileira só iria cair quase 50 anos depois, no ano de 1889.
Mesmo com o fim do tráfico, a escravidão interna ainda foi muito influente nos anos
seguintes, enquanto o movimento abolicionista ainda estava em estágio embrionário.
C) Correta. Pois a lei impulsionou uma política de imigração, impulsionada pelo governo
brasileiro, para que estrangeiros de diversas regiões do mundo viessem viver no Brasil.
Além disso, o fim do comércio de escravos possibilitou que fosse empregado e aplicado
capital financeiro na indústria e nos transportes. Um exemplo foi a criação da Companhia
de Navegação a Vapor do rio Amazonas, em 1850, como mencionado nessa alternativa.
D) Incorreta. A população negra ainda foi escravizada nas próximas quatro décadas. Mesmo
que o tráfico internacional tivesse diminuído drasticamente, o nacional aumentou, em
contrapartida.
E) Incorreta. Mesmo que em alguns territórios, especialmente ao Sul e Sudeste, devido ao
início de uma incipiente industrialização e venda de terras a estrangeiros imigrantes, isso
não foi o suficiente para dividir o país em dois territórios distintos, como o que ocorreu
nos Estados Unidos, após sua declaração de independência.
Gabarito: C

(UEA – 2011)
Somos da América e queremos ser americanos. A nossa forma de governo é, em sua essência
e em sua prática, antinômica e hostil ao direito e aos interesses dos Estados americanos.
(Manifesto Republicano. Jornal A República, 03.12.1870.)
Segundo o trecho do Manifesto Republicano, o Brasil adotava, em 1870, uma forma de
governo que poderia ser um fator de
(A) expansão do caudilhismo nas repúblicas americanas.
(B) fortalecimento da solidariedade continental.
(C) desestabilização política no continente.
(D) democratização política dos países fronteiriços.
(E) aproximação dos povos da América com as monarquias europeias.
Comentários:
Essa é uma questão sobre a Crise do Período Imperial. A partir de 1860, diversos
processos influenciaram para que algumas áreas da sociedade brasileira, de uma forma geral,
se tornassem contrária à Monarquia. Dentre as principais transformações sociais desse
momento estava o surgimento do sistema produtivo, bancário e financeiro. Elas foram

AULA 15: HB: Do Império à República 144


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

impulsionadas principalmente como reflexo do florescimento da produção cafeeira. Com o


desenvolvimento da economia do café, isso possibilitou a expansão das malhas ferroviária, e
com ela, a urbanização e o crescimento das cidades. Outro fator que contribuiu para que as
mudanças sociais acelerassem no Brasil, foi à proibição do tráfico de escravos, e o gradativo
aumento no movimento abolicionista e republicano.
Visto esses pontos, em uma perspectiva internacional, a expansão dos ideais liberais ao
longo da segunda metade do século XIX, em países como Estados Unidos, Inglaterra e França
teve efeito também no país. Os cafeicultores paulistas passaram a pressionar o Governo
Monárquico por modificações políticas e administrativas para que o Estado brasileiro se
adequasse ao dinamismo do mercado internacional. Esse grupo então fundou em 1873, em Itu,
o Partido Republicano Paulista. Este se caracterizou pela defesa de um liberalismo moderado
federalista. No Rio, as ideias republicanas se concentraram em um discurso radical e
democrático (mais parecido com o modelo francês), por parte da imprensa republicana
fluminense. Nisso está incluso esse manifesto de 1970, em que o excerto nitidamente
demonstra o seu posicionamento claro de oposição ao sistema de governo brasileiro, por
possuir práticas contraditórias e hostis aos interesses dos países americanos (maioria com
sistemas políticos republicanos). Além de ser excludente aos novos grupos sociais que passaram
a compor a sociedade brasileira.
Visto isso, a alternativa (C) está correta, pois devido o pensamento da Monarquia
Nacional Brasileira ser diferente do resto do continente, isso poderia causar situações de perigo
para a estabilidade política da região.
Gabarito: C

Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 168 e 167.


Quando as grandes secas de 1879-1880, 1889-1890, 1900-1901 flamejavam sobre os sertões
(...) e as cidades do litoral se enchiam em poucas semanas de uma população (...) de famintos
assombrosos, devorados das febres e das bexigas – a preocupação exclusiva dos poderes
públicos consistia no libertá-las quanto antes daquelas invasões de bárbaros moribundos que
infestavam o Brasil. Abarrotavam-se, às carreiras, os vapores, com aqueles fardos agitantes
(...) Mandavam-nos para a Amazônia – vastíssima, despovoada (...).
(Euclides da Cunha. Um clima caluniado, In À margem da história, 1909.)
(UEA – 2011)
O texto refere-se ao contingente populacional que foi empregado na extração da borracha
e que se submeteu na Amazônia
(A) às condições de melhoria de vida e, na maioria dos casos, de enriquecimento,
considerando que as seringueiras espalhavam-se pela floresta imensa e sem proprietários.
(B) a um regime de trabalho em que a mão de obra vivia endividada com o dono da
exploração, que lhe vendia os instrumentos de trabalho e os gêneros alimentícios.

AULA 15: HB: Do Império à República 145


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(C) às dificuldades de sobrevivência em um ambiente hostil, embora contasse com assistência


médica gratuita e salários pagos pelo governo.
(D) a uma situação econômica semelhante a do interior do nordeste brasileiro, em que a
produção estava baseada nas pequenas propriedades e no trabalho familiar.
(E) a um processo de colonização pensado e planejado pelo Estado brasileiro, que tinha
como finalidade tomar posse do imenso território vazio da floresta.
Comentários:
O processo de migração para a Região Norte foi incentivado pelo Estado Brasileiro,
principalmente durante a segunda metade do século XIX e início do século XX. Ele se deu
devido ao avanço da produção industrial mundial, que necessitava de um material muito
encontrado na floresta amazônica, a borracha.
Porém, a Amazônia era um dos espaços nacionais menos povoados, por causa das
negligências e descasos dos governos tanto portugueses quanto brasileiros, com o território
até aquele momento. Então, uma forma que o Estado encontrou de impulsionar os negócios
da borracha no Vale Amazônico foi convidar diversas famílias pobres oriundas do sertão
nordestino para trabalhar nos seringais. O governo central inclusive chegou a investir em
propagandas e transporte para que nordestinos fugidos das secas trabalhassem na extração do
látex na Amazônia. Era prometido a eles uma vida de sucesso, enriquecimento e que
proporcionaria a esses viajantes voltarem para suas terras após certo tempo. Porém, o que
aconteceu na prática foi que o contingente populacional que migrou para o Norte, se tornou
escravo de um regime de trabalho baseado na exploração da força produtiva dessas pessoas,
em troca alimento, moradia e instrumentos para o exercício da profissão, oferecidos pelos
donos das plantações.
Baseado nisso, analisemos as alternativas:
A) Incorreto. Essa foi a visão prometida pelo governo brasileiro, mas que na realidade não
foi cumprida. O que aconteceu de fato foi exatamente o contrário dessa situação.
B) Correto. Como mencionado nos comentários, o endividamento foi um fator recorrente
na exploração da borracha da região, e muitos desses trabalhadores foram explorados
até que a morte os levasse, ou o momento que tentassem fugir das terras às quais
estavam ligados.
C) Incorreto. Não havia assistência médica gratuita nem salário bancado pelo Estado nessa
atividade econômica.
D) Incorreto. O trabalho produtivo não estava vinculado aos pequenos proprietários e à
família, e sim aos negócios internacionais e aos grandes donos de terra da região
amazônica.
E) Incorreto. O Ciclo da Borracha foi marcado por um crescimento produtivo e habitacional
da região Norte, porém não se caracterizou por um Projeto Nacional de Desenvolvimento

AULA 15: HB: Do Império à República 146


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

da região, com crises econômicas e sociais aflorando no território após o surto dessa
atividade.
Gabarito: B

(UEA – 2011)
A extração da borracha na área da floresta amazônica foi responsável pelo enriquecimento
e crescimento populacional de cidades como Manaus e Belém. O auge da exploração da
borracha amazônica liga-se à
(A) segunda revolução industrial, que empregou a borracha como importante matéria-prima.
(B) procura do produto pelos países capitalistas desenvolvidos, que participaram da primeira
guerra mundial.
(C) anexação pelo Brasil de territórios cobertos pela floresta tropical, que pertenciam a
pequenos países da América do Sul.
(D) concorrência da produção asiática, que exigiu dos empresários brasileiros uma diminuição
dos custos de produção.
(E) concentração das árvores nas vizinhanças dos portos de exportação, o que permitiu o
emprego de uma técnica sofisticada de extração do látex.
Comentários:
Como mencionado na questão anterior, a economia da Borracha estava intrinsecamente
ligada ao crescimento produtivo da indústria na Europa e Estados Unidos. A Revolução
Industrial, portanto, foi o ponto de partida da exploração do produto no Brasil. Em 1839, o
norte-americano Charles Goodyear se consagrou após desenvolver a vulcanização da
borracha (procedimento que conferia ao produto grande elasticidade e resistência).
Décadas depois, a descoberta foi fundamental para o florescimento da indústria
automobilística no hemisfério norte, sendo o material empregado na fabricação de pneus.
Outros produtos também derivaram da manipulação do látex natural, como correias, solas
de sapato e brinquedos.
Com isso, a alternativa (A), “segunda revolução industrial, que empregou a borracha
como importante matéria-prima.” é a resposta correta para o desenvolvimento de Manaus,
Belém e de toda a região Norte.
Gabarito: A

Instrução: Leia o texto para responder às questões de números 05 e 06.


José do Patrocínio, um dos mais importantes abolicionistas da história do Brasil, editava, em
1875, um jornal intitulado Os Ferrões. Na edição de 1.º de setembro de 1875, ele escreveu:
O governo formulou a lei de liberdade aos nascidos após este bendito dia [o dia 28 de
setembro de 1871], e pensando que nem só isto bastava, falou em criação de hospícios, em
remuneração aos senhores, em mil coisas enfim. Ora lá se vão quase quatro anos e o governo

AULA 15: HB: Do Império à República 147


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

está ainda com os braços cruzados. O que quer? (...) Quer que esses redimidos venham
desempenhar na sociedade simplesmente, naturalmente, graciosamente o papel de
consumidores de aguardente, mascadores de fumo e irmãos do santo ócio? Quebrar os
grilhões do cativeiro nada é, ficando intactos os não menos pesados grilhões da ignorância.
O escravo não se redimirá somente com a liberdade, é complemento dessa redenção – o
livro e a oficina.
(UEA – 2011)
De acordo com José do Patrocínio,
(A) a extinção da escravidão no Brasil atiraria os libertos a um estado de penúria econômica
e moral mais grave que o dos tempos da escravidão.
(B) a lei da liberdade aos nascidos teria sido o resultado de uma decisão política das elites
brancas, que não teve importância para os escravos.
(C) os libertos estariam condenados, juntamente com seus descendentes, a uma vida de
ignorância e miséria, independentemente das atitudes do governo.
(D) as leis abolicionistas que não fossem complementadas por medidas de caráter social e
cultural deixariam os antigos escravos em uma situação de marginalidade social.
(E) a rebelião armada dos escravos contra os seus dominadores seria o único caminho seguro
para sua efetiva e real libertação.
Comentários:
O excerto acima faz alusão a “Questão Abolicionista”, vivida na época final do Império
brasileiro. O escritor faz uma reflexão crítica às medidas tomadas pelo Governo Federal no
decorrer da década de 1870, em meio ao crescimento do Movimento Abolicionista. Em
específico, ele menciona a Lei do Ventre Livre, criada em 1871, e que garantia que aos nascidos,
(filhos de escravos) fossem livres. Porém, tanto essa, como outras leis criadas a partir da segunda
metade do século XIX, colecionaram uma característica em comum: eram criadas por homens
brancos e não tinham o intuito de tirar essa parte da população da marginalidade, e sim exclui-
la. Como Patrocínio menciona esse povo, formado por ex-escravos, não poderia se tornar
consumidor em uma sociedade racista, onde os negros não fossem inseridos no mercado de
trabalho, através de políticas públicas de caráter social.
Com base então nesses comentários, analisemos para as alternativas:
A) Incorreto. O trabalho escravo era desumano e o fim dele, mesmo que não significasse o
término do racismo e da segregação racial, significava uma pequena melhora nas
condições humanas dessa população marginalizada e subjugada.
B) Incorreto. Mesmo com suas contradições, como os senhores de escravos poderem
permanecer como tutor dos filhos dos seus escravos até os 21 anos, sendo obrigados a
libertá-los, sem receber indenização após esse período, ou libertá-los quando fizessem
oito anos de idade, e, nesse caso, os proprietários receberiam uma indenização de 600

AULA 15: HB: Do Império à República 148


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

mil-réis, essa lei foi importante para o avanço e crescimento do movimento abolicionista
no Brasil.
C) Incorreto. O autor defende que caso houvesse uma sensibilização do governo para com
essa população, eles poderiam ter uma vida digna, decente, sem miséria e com
liberdade.
D) Correto. O texto expressa o sentimento abolicionista de atitudes mais incisivas por parte
da Monarquia, para que os ex-escravos fossem inseridos na sociedade brasileira. Entre
elas, estavam transformações sociais e culturais radicais para que negro fosse inserido
no mercado de trabalho e não marginalizado.
E) Incorreto. Essa não foi uma proposta mencionada pelo escritor em seus manifestos.
Gabarito: D

(UEA – 2011)
A Lei Áurea, assinada pela princesa Isabel e que produziu, no dia 13 de maio de 1888, um
clima de alegria e festa na cidade do Rio de Janeiro,
(A) indenizou os proprietários de escravos.
(B) concedeu lotes de terra para os libertos.
(C) instituiu um feriado em homenagem a Zumbi dos Palmares.
(D) estabeleceu o ensino público e obrigatório no Brasil.
(E) decretou o fim da escravidão.
Comentários:
Essa é uma questão simples e fácil. A Lei Aurea, promulgada pela princesa Isabel, ao final
do século XIX, foi à última de uma série de leis que foram assinadas pela coroa brasileira,
durante a segunda metade do século XIX, e que garantiu o fim da escravidão no Brasil. Assim,
os poucos escravos que ainda existiam naquele momento, devido à gradativa política de
extinção dessa mão-de-obra, tiveram suas cartas de alforria assinadas, sem que os proprietários
tivessem qualquer indenização financeira. Porém, para a população negra não foi concedido
lotes de terras, fazendo com que estes se estabelecessem à margem da sociedade branca, nas
periferias das cidades.
Visto isso, olhando as alternativas, a resposta (A) e (B) não poderia ser. Além disso, a letra
(C) e (D) também não poderia ser por não ter qualquer relação com a criação dessa lei. Portanto,
a alternativa (E) “decretou o fim da escravidão.” é a resposta correta.
Gabarito: E

(UEA - 2012)
Os acordos e as discussões sobre a definição das fronteiras no sul do Brasil estenderam-se
do período colonial ao Brasil independente. Vários tratados, muitos deles não cumpridos,

AULA 15: HB: Do Império à República 149


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

foram assinados entre Portugal e Espanha, visando estabelecer os limites entre as duas
possessões no estuário do rio da Prata. Com a Revolta dos Farrapos no Rio Grande do Sul,
entre 1835 e 1845, a questão das fronteiras na região voltou à ordem do dia, devido
(A) às relações políticas e militares dos revoltosos com os países do cone sul da América, em
particular, o Uruguai.
(B) à extinção da economia do charque gaúcho pelo governo brasileiro, apoiando, dessa
forma, a pecuária do Uruguai.
(C) à importância da economia gaúcha na pauta das exportações brasileiras e à ameaça de
anexação do Rio Grande do Sul pelos uruguaios.
(D) à intervenção militar da República Argentina no Sul do Brasil, visando garantir a República
Gaúcha.
(E) à união alfandegária estabelecida entre os governos da Argentina e do Uruguai com o
governo rebelde do Rio Grande do Sul.
Comentários:
Essa é uma questão regionalista. Trata-se de onde hoje conhecemos pelo Estado do Rio
Grande do Sul. Durante o período colonial, e posteriormente na época do Império, sem dúvida
essa foi uma das áreas mais conflituosas e importantes politicamente para os países integrantes
da Bacia do Rio da Prata (Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai). Visto isso, as possessões dos
territórios cisplatinos diversas vezes trocaram de lado, ficando em primeiro momento dividido
entre Portugal e Espanha, e depois entre Brasil e Argentina. Com isso, os moradores locais da
fronteira criaram um vínculo forte com castelhanos, mesmo após a declaração de independência
da República Oriental do Uruguai a dominação brasileira na região da Cisplatina.
Em paralelo a isso, por volta de 1835, na Província do Rio Grande do Sul, surgiu um
movimento liderado pela oligarquia local, formada por pecuaristas. Nele, os estancieiros
(grandes proprietários de terra dessa região) queriam melhores condições para o comércio de
gado e para o fortalecimento do charque (carne seca) no mercado brasileiro. Essa elite
reclamava da centralização do poder no Rio de Janeiro e das imposições desvantajosas feitas
pela coroa brasileira à compra desses produtos locais. Porém o Governo Central pouco ligou
para as exigências dos gaúchos, acarretando na Insurreição, que se chamou Revolta dos
Farrapos, e que começou com a deposição do presidente da Província, nomeado pelo Poder
Regencial.
Essa “Revolução”, chamada pelos revoltosos, tinha forte influência liberal e republicana, visto
a proximidade do espaço com o vizinho brasileiro recém-independente. Então, o líder
Farroupilha Bento Gonçalves da Silva (1788- 1847), filho de um rico proprietário de terra, invadiu
a cidade de Porto Alegre. Em setembro de 1836 o movimento proclamou a República de Piratini
e Bento Gonçalves foi declarado presidente. Porém, a coroa não permitiu isso, enviando para
ao local, tropas militares para reprimir os revoltosos. É interessante ressaltar, que em razão do
caráter elitista do conflito, essa repressão foi mais amena comparada a outras revoltas
regenciais mais populares. Por isso, o movimento durou anos e o desfecho foi por meio de uma

AULA 15: HB: Do Império à República 150


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

saída negociada, em um acordo ao estilo de um armistício. Nas cláusulas dessa trégua,


celebrada em 1845, o governo do Rio de Janeiro concordou em sobretaxar o charque
importado em 25%, como forma de estimular o charque gaúcho, e os farrapos foram anistiados.
Mediante a esse contexto, passemos a analisar as alternativas disponíveis na questão:
A) Correto. Devido se tratar de um território fronteiriço, as movimentações políticas e
militares eram grandes, ainda mais pelos interesses brasileiros ao controle da Bacia do
Rio da Prata.
B) Incorreto. Como mencionado, o Governo brasileiro assinou um acordo com os rio-
grandenses para que se mantivessem os negócios do charque com a coroa e as outras
províncias.
C) Incorreto. A economia gaúcha era praticamente para abastecimento do mercado interno
brasileiro, e não para exportação. Já a união da província com Uruguai era um risco que
poderia ter acontecido.
D) Incorreto. Não houve intervenção militar argentina na região.
E) Incorreto. Não houve uma união alfandegária com o Uruguai e a Argentina pelo Governo
Farroupilha.
Gabarito: A

(UEA - 2012)

A vitória do Brasil na Guerra do Paraguai (1864-1870) foi celebrada por obras de arte
encomendadas e patrocinadas pelo governo imperial. O mais conhecido pintor da época,
Pedro Américo, retratou a vitória do Conde D´Eu, genro do imperador, na batalha de Campo
Grande. Analisando o quadro de Pedro Américo, percebe-se que o artista
(A) fez uma crítica sutil aos comandantes brasileiros, pintando a sua falta de heroísmo e
insignificância na batalha.

AULA 15: HB: Do Império à República 151


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

(B) considerou que as tropas brasileiras eram muito semelhantes às paraguaias na


indumentária e no equipamento bélico utilizado.
(C) expressou princípios da propaganda republicana brasileira, que argumentava que a
monarquia era uma flor exótica na América.
(D) representou os soldados brasileiros de maneira diversa e antagônica à dos paraguaios,
retratados como bárbaros e truculentos.
(E) exprimiu, paradoxalmente, pontos de vista contrários à violência militar, ao mesmo tempo
em que criou um novo gênero artístico, a pintura de batalha.
Comentários:
Essa é uma questão sobre o Brasil Império. Dela o importante de se entender é que foi
um conflito militar entre Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai, envolvendo a expansão dos
paraguaios e interesses políticos brasileiros na Bacia do Rio da Prata (região de convergência
entre os rios Paraná, Paraguai e Uruguai). Desde a época da colônia essa era uma região de
intensas disputas territoriais por se tratar do local onde era escoado a prata vindo das minas de
Potosí na Bolívia. Porém essa briga se estendeu após a Independência das colônias americanas
também, gerando uma guerra entre Brasil e Uruguai, pela independência do vizinho que
originalmente era território brasileiro (a Província da Cisplatina).
Portanto, após esse conflito com a Independência completa dos uruguaios, dois partidos
lideraram a política local do país: os blancos (pecuaristas), que queriam a anexação do país a
Argentina, e os colorados (comerciantes), que eram favoráveis ao livre comércio na região e
contavam com o apoio do Brasil. Isso a partir de 1839 gerou uma guerra civil que contou com
o apoio tanto de argentinos quanto de brasileiros, e que durou até 1851.
Após essa disputa, o cenário político internacional só foi se alterar na região quando uma
inédita aliança de colorados com apoio de ambos os países vizinhos, derrotam o representante
blanco, que depois da derrota forma uma aliança com o Paraguai, que estava em uma notória
expansão territorial e desenvolvia a passos largos suas indústrias. Liderados pelo ditador Solano
Lopez, o Paraguai após a derrota dos seus aliados no Uruguai, decide invadir as terras brasileiras
e argentinas e declarar guerra aos seus vizinhos.
Isso gerou uma reação oposta ao que o general esperava, com uma formação de aliança
entre Brasil, Uruguai e Argentina, chamada de Tríplice Aliança, para derrotar os militares
paraguaios, que mesmo que em menor número, eram mais preparados que os exércitos dos
outros países da Bacia do Prata. Essa guerra durou 6 anos, e após ela, o país vizinho foi
devastado e dizimado quase que toda a população do país.
Assim, a partir dessa contextualização, olhemos a alternativa que melhor se encaixa com
o quadro:
A) Incorreto. O quadro de Pedro Américo, pelo contrário, tenta glorificar os comandantes
militares brasileiros nessa batalha, que saíram mais poderosos do que fracos, visto o sucesso do
Brasil de se perpetuar como principal força hegemônica na região.

AULA 15: HB: Do Império à República 152


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

B) Incorreto. Nitidamente as roupas usadas pelas tropas brasileiras foram representadas de


maneira diferente pelas que usaram os paraguaios, para demonstrar o grau de superioridade
do exército do Brasil, perante o Paraguai.
C) Incorreto. Nesse momento o Brasil não possuía um movimento republicano forte até esse
conflito. Foi ele um dos grandes pivôs que fez o movimento republicano crescer, visto que os
soldados que lutaram na guerra e saíram vivos da batalha, tiveram suas cartas de alforria
assinadas, e no ano de 1870, era fundado o Partido Republicano Paulista, em Itu.
D) Correto. Pelas representações no quadro, percebe-se notoriamente o antagonismo
empregado por Américo em suas pinturas para passar a imagem gloriosa do exército brasileiro
em comparação a derrota humilhante dos bárbaros paraguaios.
E) Incorreto. Não exprimiu um ponto de vista contrário a violência militar e nem criou o gênero
artístico de batalha.
Gabarito: D

(UECE 2020)
A queda do império no Brasil não se deu apenas por uma causa, mas por um acúmulo de
fatores. Analise os fatos apresentados a seguir e assinale o que NÃO corresponde a uma
causa para o fim da monarquia no Brasil.
A) Guerra de Canudos, ocorrida em uma comunidade rural no interior da Bahia, que
provocou milhares de mortes e abalou a popularidade do império.
B) Movimento Abolicionista, que provocou o fim da escravidão no império, causando a ira
de muitos latifundiários escravistas.
C) Questão Militar, em que oficiais do exército brasileiro se opuseram à monarquia, o que
conduziu muitos militares aos quadros do movimento republicano.
D) Questão Religiosa, oriunda do choque entre a maçonaria, liderada pelo próprio
imperador, e clérigos da igreja católica, o que agravou a imagem da monarquia.
Comentários:
O Império Brasileiro durou de 1822 a 1889. O imperador D. Pedro II governou de 1840 a 1889 no
período que chamamos de Segundo-Reinado. A monarquia caiu ao final de seu governo, devido
a muitas questões que foram se aprofundando à medida que as demandas sociais do país iam se
alterando. Porém, as estruturas sociais do Império não se alteraram significativamente em um
primeiro momento. Sobre os fatores que contribuíram para a queda do Império no Brasil, vejamos
qual NÃO corresponde a este fato:
a) Incorreto. A Guerra de Canudos foi uma revolta do Período Republicano e não da época do
Brasil Império. Ela ocorreu entre 1896 e 1897.
b) Correto. O movimento abolicionista foi fundamental para o fim da escravidão no Brasil,
causando um incomodo entre as elites latifundiárias.

AULA 15: HB: Do Império à República 153


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

c) Correto. O exército brasileiro possuía inúmeros ex-escravos libertos, por defenderem o país na
Guerra do Paraguai. Assim, boa parte deles se juntou ao movimento republicano e abolicionista.
D. Pedro II como resposta passou a perseguir inúmeros militares que se posicionavam contra as
ações da monarquia, causando uma cisão entre exército e o Imperador.
d) Correto. O Padroado e o Beneplácito aplicado pelo Imperador estava causando incomodo entre
os Bispos brasileiros, principalmente a partir de 1864 – na época a Igreja Católica tinha proibido
qualquer relação da Igreja com a Maçonaria. Porém, boa parte das elites do país, incluindo o
imperador eram maçons, e visto isso, D. Pedro mandou prender e fechar as Dioceses dos bispos
de Belém e Olinda. Isso causou um impasse entre a Igreja e a Monarquia.
Gabarito: A

(UECE 2020 - 4000159395)


Atente para o seguinte excerto a respeito da abolição da escravatura no Brasil:
“[…] a abolição da escravatura não eliminou o problema do negro. A opção pelo trabalhador
imigrante, nas áreas regionais mais dinâmicas da economia, e as escassas oportunidades
abertas ao ex-escravo, em outras áreas, resultaram em uma profunda desigualdade social da
população negra. Fruto em parte do preconceito, essa desigualdade acabou por reforçar o
próprio preconceito contra o negro. Sobretudo nas regiões de forte imigração, ele foi
considerado um ser inferior, perigoso, vadio e propenso ao crime; mas útil quando
subserviente”. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Edusp, 2013, p. 169.
Considerando o processo histórico de abolição da escravatura no Brasil, é correto afirmar
que
A) foi, além de muito rápido, suficiente para acabar com o escravismo e logo inserir o ex-
escravo, de forma igualitária, nos diversos espaços da sociedade brasileira.
B) além de lento, considerando-se o lapso temporal entre a Lei Eusébio de Queirós, de cunho
abolicionista, de 1850, e a Lei Áurea, de 1888, não representou o fim da marginalização da
população negra.
C) o país, por ser pioneiro na abolição da escravatura, encontrou grande dificuldade, pois,
não havendo exemplos a serem seguidos, obrigou-se a construir seu próprio modelo de
inclusão social para os ex-escravos.
D) como nos EUA, onde os ex-escravos foram plenamente aceitos na sociedade por sua
capacidade de produção, os ex-escravos brasileiros também tiveram oportunidade de
ingressar no mercado de trabalho e experimentar chances iguais para vencer na vida.
Comentários:
O texto traz como enfoque a abolição da escravidão. Entre os pontos citados pelo autor,
ele aborda um preconceito racial muito forte no período imperial, inspirado em teorias racialistas
trazidas da Europa, as quais defendiam a superioridade da raça branca sobre outros povos. Em
1859 o naturalista britânico Charles Darwin (1809-1882) publica o livro A Origem das Espécies,

AULA 15: HB: Do Império à República 154


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

defendendo a teoria de que a evolução dos seres vivos se dava por meio de seleção natural,
processo no qual sobreviviam somente os exemplares mais fortes. Suas ideias acabaram
alimentando o surgimento de uma corrente de pensamento intitulada darwinismo social, que
utilizava o mesmo argumento para justificar a supremacia da Europa sobre os demais continentes.
No Brasil, intelectuais fizeram uso dessas ideias para justificar o atraso do país diante dos países
considerados “civilizados”, afinal, aqui o elemento europeu se encontrava em desvantagem frente
a um grande contingente de indígenas e africanos. Conhecemos essas teorias no Brasil como
Teoria do Embranquecimento. Assim, amparada por estas ideias de hierarquia entre raças,
políticos e pensadores do Império passaram a apoiar a entrada de imigrantes europeus a fim de
branquear a população, o que contribuiria para que fossem atingidos os mesmos padrões de
civilidade que os do “Velho Mundo” europeu.
Portanto, a questão negra e de racismo no Brasil é complexa e entre as características da abolição
da escravatura, vejamos a alternativa correta:
a) Incorreto. A afirmação está totalmente contrária ao que foi explicitado no texto. O excerto
começa com “a abolição da escravatura não eliminou o problema do negro” e a alternativa diz
que o processo foi “suficiente para acabar com o escravismo e logo inserir o ex-escravo, de forma
igualitária, nos diversos espaços da sociedade brasileira.”
b) Correto. Como bem explicado no escrito, a imigração estrangeira fez com que os ex-escravos
fossem colocados à margem das atividades econômicas mais importantes do país, causando uma
profunda desigualdade e um racismo estrutural marcante até hoje.
c) Incorreto. O Brasil foi o último país da América a abolir a escravidão e não criou um modelo de
inclusão social dos negros na sociedade brasileira.
d) Incorreto. Tanto no país, quanto nos EUA, os ex-escravos foram segregados do restante da
população e não tiveram a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho, nem experimentar
chances iguais para viver.
Gabarito: B

(UECE 2019)
Diversas características culturais marcaram o Brasil durante o Segundo Reinado (1840-1889),
dentre as quais destacou-se
a) a realização da Semana de Arte Moderna, também chamada de Semana de 22, que
ocorreu em São Paulo e congregou grandes nomes do modernismo.
b) o surgimento de uma literatura que unia o lirismo à crítica social e ao realismo fantástico
e que tinha em Jorge Amado e Dias Gomes seus grandes ícones.
c) o aparecimento de grupos teatrais como o Oficina e o Arena, que davam ênfase aos
autores nacionais e usavam a arte para criticar a situação do País.
d) o predomínio de uma literatura de construção da identidade nacional, como o romantismo
indianista de José de Alencar e Gonçalves Dias

AULA 15: HB: Do Império à República 155


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Comentários
A – errada, a Semana da Arte Moderna ocorreu em 1922, ou seja, durante a República Velha, fora
do contexto do Segundo Reinado.
B – Realismo fantástico, Jorge Amado e Dias Gomes pertencem a meados do século XX em diante.
C – Os teatros Oficina (São Paulo) e Arena surgiram no contexto da virada da década de 1950
para 1960, até hoje são atuantes. O Oficina ganhou grandes projeções em meio ao movimento
tropicalismo, em 1967 o espetáculo “O Rei da Vela” fez grande sucesso. Em suma, bem longe do
Segundo Reinado.
D – Bingo, vimos esses aspectos na parte teórica da aula.
Gabarito: D

(UECE 2018)
O processo que conduziu à abolição da escravidão no Brasil e que contou com a atuação de
nomes como José do Patrocínio, Joaquim Nabuco, Luís Gama, Castro Alves, Rui Barbosa e
muitos outros intelectuais teve seu desenlace com a assinatura da Lei Áurea em 13 de maio
de 1888; contudo, conforme o excerto a seguir, muitos veem esse processo como inacabado.
“Conservadora e curta, com pouco mais de duas linhas, a Lei nº 3.353, a chamada Lei Áurea,
decretou, no dia 13 de maio de 1888, o fim legal da escravidão no Brasil. Mas se a escravidão
teve seu fim do ponto de vista formal e legal há 130 anos, a dimensão social e política está
inacabada até os dias atuais. Essa é a principal crítica de estudiosos e militantes dos
movimentos negros à celebração do 13 de maio como o dia do fim da escravatura”.
GONÇALVES, Juliana. 130 anos de abolição inacabada. Brasil de fato. Acessível em:
https://www.brasildefato.com.br/2018/05/13/130-anosde-uma-abolicao-inacabada/acesso
em 05/07/2018.
Em relação ao fim da escravidão no Brasil, na perspectiva do trecho acima, pode-se afirmar
corretamente que
a) atrasou o estabelecimento de um governo republicano que inserisse a população
afrodescendente na sociedade brasileira com igualdades de condições aos demais grupos,
o que só correu no Estado Novo em 1937.
b) por ter sido muito tardio, proporcionou condições para uma adequada inserção da
população de ex-escravos na sociedade brasileira na condição de proprietária das terras a
ela destinadas pelo governo.
C) apressou a queda do já combalido sistema monárquico e sua substituição por uma
república em 15 de novembro de 1889, mas não criou condições necessárias para a plena
integração dos libertos na sociedade brasileira.
D) ocorreu exclusivamente pelo interesse da monarquia em angariar o apoio do movimento
abolicionista, que era muito popular junto à população, e em se opor aos seus rivais
tradicionais, os latifundiários e os militares.

AULA 15: HB: Do Império à República 156


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Comentários
A crítica sintetizada no trecho do enunciado da questão é no sentido do descaso com os negros
libertos e da exclusão deles, após 1888. Há, portanto, uma crítica à falta de política de integração
do ex-escravo. O movimento abolicionista também deve ser compreendido à luz do processo de
instauração da República. A luta pela liberdade dos negros ao mesmo tempo que se alimentava
do ideário republicano, também contribuía para fortalecê-lo. Isso porque, o sistema escravista
estava personificado no governo Imperial o qual representava a continuidade das relações sociais
do Brasil colônia. Diante disso, nosso gabarito é a letra C.
A – está errado disposto nessa alternativa, pois, logo após a Lei Áurea, em 1888, veio a
proclamação da República, em 1889. Além disso, até os dias atuais, não há igualdades materiais
de condições de vida. É um exagero afirmar que essa igualdade foi conquistada a partir do período
ditatorial (Estado Novo) de Getúlio Vargas.
B – utopia, os negros libertos foram deixados de lado, seja pelos ex-proprietários, seja pelo
governo, seja pela elite brasileira. Apenas após a Constituição de 1988 foi iniciado um processo
gradual de políticas públicas de combate ao racismo.
C – Bingo.
D – O movimento abolicionista, somado às resistências e lutas dos escravos ao longo da história
do Brasil, são diferentes variáveis que contribuíram para a abolição da escravatura. Soma-se a isso
a pressão internacional da Inglaterra. Dessa forma, é errado afirmar que o fim da escravidão
ocorreu exclusivamente por interesse da monarquia.
Gabarito: C

(UECE 2017)
Atente aos dois excertos a seguir que tratam da legislação eleitoral durante o período
imperial no Brasil. O primeiro diz respeito às alterações promovidas no sistema eleitoral do
Império pela Lei Nº 387 de 19 de agosto de 1846, e o segundo apresenta o artigo 2º do
Decreto Nº 2.675 de 20 de outubro de 1875, que reformava a legislação eleitoral: “De acordo
com a legislação eleitoral do período, as faixas mínimas de rendas estabelecidas para
participação no pleito eram as seguintes:
a) 200$000 para ser eleitor de primeiro grau;
b) 400$000 para ser eleitor de segundo grau, candidatar-se a Juiz de Paz e candidatar-se a
vereador;
c) 800$000 para candidatar-se a deputado;
d) 1.600$000 para candidatar-se a senador.”;
FARIA, Vanessa Silva de. Eleições no Império: considerações sobre representação política
no segundo reinado. on-line. XXVII Simpósio nacional ANPUH. Natal, 2013 p. 2. Disponível
em: www.snh2013.anpuh.org/resources/.../1364925577_ARQUIVO_artigoanpuh2013. pdf

AULA 15: HB: Do Império à República 157


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

“Art. 2º O Ministro do Imperio fixará o numero de eleitores de cada parochia sobre a base
do recenseamento da população e na razão de um eleitor por 400 habitantes de qualquer
sexo ou condição, com a unica excepção dos subditos de outros Estados. Havendo sobre o
multiplo de 400 número excedente de 200, accrescerá mais um eleitor”.
Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto2675-20-
outubro-1875-549763-publicacaooriginal-65281-pl.html
Com base nos textos acima, pode-se concluir acertadamente que durante o Império
a) havia limitações à participação popular no processo eleitoral.
b) havia uma representatividade muito maior do que a atual, pois um a cada quatrocentos
habitantes podia votar como eleitor de primeira.
c) o sistema de colégio eleitoral fazia com que o eleitor de primeira pudesse escolher o chefe
do executivo provincial e do executivo imperial.
d) apesar da limitação no número de eleitores, o acesso da população à candidatura era bem
mais fácil.
Comentários
Apesar de existirem eleições durante o Brasil Império, elas eram limitadas, ou seja, poucas pessoas
participavam das votações. Isso porque o voto era censitário, conforme a renda, tal como expresso
no enunciado da questão. Com isso, a maioria da população ficava fora do processo eleitoral.
Gabarito letra A, B e D, erradas por exclusão. Ressalto, também, uma observação sobre a
alternativa C. Ela sugere que o voto era direto, ou seja, os eleitores votavam diretamente no
representante que iria ocupar o cargo no Executivo. Contudo, havia níveis diferentes de votação,
de modo que predominava a eleição indireta.
Gabarito: A

(UECE 2017)
O Brasil foi o último país da América a acabar, oficialmente, com a escravidão em seu
território. Apesar do pioneirismo das províncias do Ceará e do Amazonas, que aboliram a
escravidão em 1884, o processo que levou até a assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de
1888, teve início com a Lei Eusébio de Queirós, de 4 de setembro de 1850, que proibia o
tráfico de escravos para o Brasil. Atente ao que diz o Professor Antonio Torres Montenegro
a esse respeito: “Com o passar dos anos, vai-se tornando evidente que a extinção do tráfico
de escravos, por si, não é suficiente para garantir um fim próximo para a escravidão. Existia,
agora, o comércio de escravos entre as províncias, que começava a gerar outros problemas.
Isso porque as províncias do Norte e Nordeste passaram a vender grandes quantidades de
escravos para o Sul e Sudeste. [...] O Norte e o Nordeste passam, então, a adotar,
crescentemente, o trabalho livre, tornando-se aos poucos, mais flexíveis em relação a um
prazo imediato para o fim da escravidão do que o Sul, que tinha acabado de realizar um
grande investimento na compra de escravos”.

AULA 15: HB: Do Império à República 158


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

MONTENEGRO, Antonio Torres. Reinventando a liberdade: A abolição da escravatura no


Brasil. 9ª ed. São Paulo: Atual, 1989, p. 9-10.
De acordo com o texto acima, pode-se concluir acertadamente que
a) a partir da edição da Lei Eusébio de Queirós, em 1850, que proibia o tráfico de escravos
para o Brasil, garantiu-se o fim do comércio de escravos no país.
b) o comércio interprovincial de escravos favoreceu a que as províncias do Ceará e do
Amazonas abolissem a escravidão ainda em 1884, cerca de 4 anos antes da assinatura da Lei
Áurea.
c) no Sul e Sudeste, em virtude da compra de escravos das províncias do Norte e Nordeste,
surgiu um movimento de apoio à abolição por parte dos grandes latifundiários cafeicultores.
d) o fim da escravidão no Brasil foi um processo demorado porque apenas questões étnicas
impediam a realização da abolição.
Comentários
A – a partir do disposto no texto do enunciado, percebemos que o comércio de escravos
continuou, ou seja, alternativa errada.
B – perfeita análise. Com a diminuição de escravos oriundos da África, em função da proibição
estabelecida pela Lei Eusébio de Queiroz, o comércio escravagista entre as províncias do Império
foi estimulado. Como a economia do sudeste (café) demandava mais escravos, os senhores
proprietários do norte e nordeste passaram a vender seus escravos para as regiões mais
economicamente mais dinâmicas do Império. Assim, exigiu-se mais rapidamente o emprego de
mão de obra livre no norte e nordeste do Brasil. Tal fato contribui para acelerar a abolição nas
províncias dessas regiões.
C – errado, o movimento abolicionista não contou com apoio dos cafeicultores.
D – não, a estrutura escravista brasileira, desde os tempos coloniais, foi difícil de ser superada.
Nessa estrutura, podemos influir aspectos da dependência da mão de obra escrava, da cultura
racista que se formou, das relações sociais estabelecidas, etc. Por isso, muitos aspectos
contribuíram para retardar a abolição da escravidão no Brasil. A rigor, a questão étnica é um dos
menores empecilhos, pois a elite branca não estava preocupada nas divisões entre os africanos e
seus descendentes.
Gabarito: B

(UECE 2016)
Em 1850, ano de extinção oficial do tráfico de escravos no Brasil, foi votada a Lei de Terras.
Esta lei, em linhas gerais, determinou que
I. todo proprietário registrasse suas terras, ficando proibida a doação de propriedades ou
qualquer outra forma de aquisição de bens fundiários, a não ser por meio da compra.

AULA 15: HB: Do Império à República 159


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

II. se mantivesse o alto custo do registro imobiliário, impedindo que os posseiros mais
pobres obtivessem a propriedade do solo onde plantavam.
III. ficasse assegurado o direito dos imigrantes ― cujo trabalho, em muitos casos, substituiria
o trabalho dos escravos ― de se tornarem proprietários das terras onde laboravam.
IV. fossem possíveis a aquisição e a posse de terras públicas, a baixo custo, pelos grandes
proprietários, seus herdeiros e descendentes.
Estão corretas as complementações contidas em
a) I, II, III e IV.
b) I e II apenas.
c) II, III e IV apenas.
d) I, III e IV apenas.
Comentários
Essa questão tem um ou outro item mais difícil, como o II. Por isso, vamos analisar os mais fáceis
e, depois, eliminamos. OK?
III – A Lei de Terras, de 1850, favorecia os grandes proprietários e praticamente inviabilizou a
possibilidade de comprar pelos imigrantes. Grandes fazendeiros e políticos latifundiários também
se anteciparam nas compras a fim de impedir que negros, tão logo chegasse à abolição, pudessem
se tornar donos de terras. Lembro também que só poderiam adquirir terras por compra e venda
ou por doação do Estado. Não seria mais permitido obter terras por meio de posse, o chamado
usucapião. Aqueles que já ocupavam algum lote receberam o título de proprietário. A única
exigência era residir e produzir nesta localidade. Logo essa afirmação está errada. Com isso,
repare, já mataríamos a questão.
IV – baixo custo? Não, a lei não determinou aspectos em torno do preço. Pelo contrário, a
regulamentação de um sistema de compra e venda, juntamente com a concentração de terras nas
mãos dos grandes proprietários, fez com que o valor das terras passasse a ser alto.
Diante dessas considerações, o que se afirma nos itens I e II está certo.
Gabarito: B

(UECE 2016)
Atente às seguintes afirmações acerca do momento histórico brasileiro conhecido como
Segundo Reinado:
I. Esse período, no primeiro momento, constituiu a luta a favor da permanência da
monarquia, sob a égide de Pedro I.
II. A crise interna do sistema escravista, aliada aos vários conflitos e revoltas internas
observados durante esse período, contribuíram para por fim ao Segundo Reinado.

AULA 15: HB: Do Império à República 160


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

III. O final do Segundo Reinado representou o fim do período Imperial no Brasil e o início do
sistema republicano.
É correto o que se afirma somente em
e) I e II.
f) I e III.
g) II.
h) III.
Comentários
I – fácil eliminarmos essa afirmação. No Segundo Reinado, o Imperador era D. Pedro II.
II – em termos de quantidade de revoltas, o Período Regencial contou com um maior número do
que no momento do Segundo Reinado. A rigor, D. Pedro II conseguiu certa habilidade política
para distensionar diversos focos de insatisfação: em relação às elites, ele promoveu uma
alternância de poderes entre liberais e conservadores; em relação ao movimento abolicionista,
apesar dos protestos, das campanhas de rua, D. Pedro II foi gradualmente construindo e apoiando
saídas jurídicas que levassem ao fim da escravidão. Dessa forma, não é correto afirmar que as
revoltas internas estiveram diretamente relacionadas ao fim do 2º Reinado.
III – afirmação correta.
Repare que, mesmo que ficassemos em dúvidas em torno do item II, chegaríamos ao gabarito,
pois não há alterantivas para considerar o item II e III corretos. Ainda bem que a prova só foi até
a letra D, pois se tivessse um espaço para a letra E, aí sim o examinador colocaria II e III, muita
gente erraria essa questão. Vamos que vamos!!!!
Gabarito: D

(UECE 2015)
Atente para as afirmações a seguir, acerca do Processo de Abolição dos Escravos no Brasil,
e assinale com V as afirmações verdadeiras e com F, as falsas.
( ) Em 1850, o Brasil foi levado a extinguir o tráfico internacional, porém, surgiu o tráfico
interno com a venda de escravos das áreas mais pobres para as mais desenvolvidas.
( ) Nesse processo, algumas leis foram aprovadas com o objetivo de acalmar os abolicionistas
e ir lenta e gradualmente extinguindo a escravidão, quais sejam: Lei do Ventre Livre, Lei do
Sexagenário.
( ) Nesse movimento não se tem notícias de insurreições ou ações dos próprios escravos em
prol da própria liberdade, em virtude da forte repressão presenciada nos últimos momentos
do período escravocrata.
( ) A abolição da escravatura se deu ainda no Reinado de D. Pedro II e representou um grande
avanço para a inserção do ex-escravo como cidadão na sociedade brasileira.

AULA 15: HB: Do Império à República 161


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

A sequência correta, de cima para baixo, é:


a) V, V, V, F.
b) V, V, F, F.
c) F, V, F, V.
d) F, F, F, V.
Comentários
I – o disposto nesta frase faz referência à Lei Eusébio de Queiroz, a qual determinou o fim do
comércio escravista intercontinental. A partir desse momento, o comércio de escravos dentro
do Império brasileiro passou a ser estimulado. Em particular, as províncias do Norte e Nordeste
do país passaram a vender escravos para os fazendeiros de café do sudeste.
II – verdade. Por sinal, a estratégia do Império, segundo a visão de D. Pedro II, era estabelecer
um processo gradual (aos poucos) até se chegar à abolição completa da escravidão. Para tanto,
antes de 1888, determinadas legislações foram implementadas com o intuito de tornar os
escravizados libertos.
IIII – o movimento abolicionista contou com a participação dos negros sim. Falsa.
IV – também é falsa, pois não houve um processo de integração, ou mesmo reparação, dos
negros à sociedade brasileira.
Gabarito: B

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Queridos, minha mãe me falava umas coisas que eu carrego para minha vida. As vezes
compartilho. Uma delas era: Ninguém pode atrasar quem veio para vencer!!! Nem sei de onde ela
tirou isso, mas eu carreguei comigo como amuleto. Compartilho com vocês, pois tenho certeza
que nesse momento vocês estão dando seu melhor!
E não esquece: cada dia, cada hora, cada minuto que você se envolve com a tarefa de
adquirir mais conhecimento, gravar mais uma informação, colar mais um post it é uma riqueza
infinita. Ninguém tira de você aquilo que está acumulado: o seu capital cultural. S2

Não esqueça do mantra: Não existe solução mágica, mas existem estratégias que, se utilizadas
com afinco e dedicação, podem realizar sonhos. Nós estamos JUNTOS nesse caminho!!! Contem
comigo, meus querida e querido alunos.

Utilize o Fórum de Dúvidas. Eu responderei suas perguntas com esmero.


E não se esqueça de que não existe dúvida boba. Quanto mais você pergunta,
mais conversamos e mais você sintetiza o conteúdo, certo!
Também me procure nas redes sociais. Lá tem dicas preciosas para te
ajudar na sua preparação.

AULA 15: HB: Do Império à República 162


163
Profe Alê Lopes
Estratégia Vestibulares – Aula 15 – HB: Do Império à República

Um grande abraço estratégico,


Alê Lopes

AULA 15: HB: Do Império à República 163


163

Você também pode gostar