Você está na página 1de 45

HISTÓRIA DA REPÚBLICA

Sumário
NOSSA HISTÓRIA ........................................................................................................ 3

CONTEÚDO: HISTÓRIA DA REPÚBLICA ................................................................ 4

- A República no Brasil ............................................................................................. 4

Primeira República (1889-1930) - A República Velha e o marco inicial do período


republicano ................................................................................................................ 6

Segunda República (1930-1945) - Era Vargas: Governo Provisório e Constitucional


de Vargas (1930-1937) e o Estado Novo (1937-1945) .............................................. 9

A consolidação de Getúlio Vargas como líder da Revolução de 1930..................... 17

As disputas pelo poder nos estados ........................................................................ 18

A realização das promessas da Aliança Liberal e da Revolução de 1930[ .......... 20

As realizações do Governo Provisório ................................................................. 21

Estado Novo (1937-1945) .................................................................................... 25

Quarta República (1945-1964) ............................................................................. 27

Ditadura Militar (1964-1985) ................................................................................. 28

O golpe – Inicio da ditadura ................................................................................. 31

Costa e Silva e o AI-5........................................................................................... 33

Médici e o “milagre econômico” ........................................................................... 34

Geisel e o início da abertura política .................................................................... 35

Figueiredo e a Lei da Anistia ................................................................................ 36

Nova República (1985 até hoje) ........................................................................... 39

Período e significado ............................................................................................ 39

Impeachment ....................................................................................................... 41

Impeachment de Dilma Rousseff ......................................................................... 43

2
NOSSA HISTÓRIA

A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários,


em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-
Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços
educacionais em nível superior.

A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de


conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no
desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além
de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que
constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de
publicação ou outras normas de comunicação.

A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma


confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica,
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido.

3
CONTEÚDO: HISTÓRIA DA REPÚBLICA

- A República no Brasil

República é a forma de governo vigente no Brasil desde 15 de novembro de 1889,


quando foi proclamada, por José do Patrocínio na Câmara Municipal do Rio de
Janeiro. Desde essa data, o Brasil já teve diferentes repúblicas, a saber:
 Primeira República (1889-1930)
 Governo Provisório e Constitucional de Vargas (1930-1937)
 Estado Novo (1937-1945)
 Quarta República (1945-1964)
 Ditadura Militar (1964-1985)
 Nova Republica (1985 até hoje)

O período Republicano no Brasil iniciou em 1889 com o declínio da monarquia


e o começo da chamada República Velha. O marco inicial desse período foi a posse
do Marechal Deodoro da Fonseca, como primeiro presidente Republicano da história
do Brasil. O período foi marcado por crise econômica, pouca participação popular e
insatisfação por parte da maioria dessa população, especialmente os mais pobres. O

4
apoio veio pela maioria elitista, que via no novo governo um meio de recuperar parte
das perdas que teve com a abolição da escravidão .

A Proclamação da República foi resultado de um golpe militar que derrubou a


monarquia brasileira, que se enfraqueceu a partir do momento em que esse regime
perdeu o apoio das elites econômicas do país. Isso aconteceu, principalmente, pela
insatisfação de dois grupos muito importantes naquele momento: o Exército e a elite
cafeeira paulista.
No caso do Exército, essa insatisfação vinha desde a Guerra do Paraguai. Os
militares consideravam-se humilhados pela monarquia e exigiam melhorias salariais
e no sistema de promoção de carreira. Além disso, não pode ser esquecida a
influência dos ideais positivistas, que difundiam o republicanismo no seio do exército.
Já no caso da elite cafeeira paulista, é importante mencionar que essa classe havia
aderido há tempos os ideais republicanos. Uma prova disso foi a criação do Partido
Republicano Paulista na década de 1870. Quando a conspiração contra a monarquia
tomou força, a elite cafeeira não colocou nenhuma resistência para a mudança de
regime.
Os historiadores também levantam a hipótese de que o desgaste nas relações
da monarquia com a Igreja e com a elite cafeeira do Vale do Paraíba foram fatores
relevantes. O historiador Boris Fausto, no entanto, comenta que o papel desses
grupos na Proclamação da República é muito pequeno, uma vez que não dispunham
de grande força de transformação política no Brasil.
A década de 1880 vivenciou uma crise política crônica no país. No final desse
período, a conspiração contra a monarquia ganhou força no Exército. Poucos dias
antes do golpe que resultou na Proclamação da República, os conspiradores
reuniram-se com o Marechal Deodoro da Fonseca para convencê-lo a aderir ao golpe.
Com a Proclamação da República, foi formado um governo provisório no qual
Deodoro da Fonseca foi nomeado o presidente provisório. Algumas mudanças foram
tomadas de imediato, como a mudança da Bandeira Nacional e a elaboração de uma
nova Constituição, que foi promulgada em 1891.

Com a Proclamação da República, o Brasil tornou-se um país federalista, isto


é, as províncias agora renomeadas de estados, passaram a ter mais autonomia em
relação ao Governo Federal, e foi adotado o presidencialismo, como determinou a
Constituição de 1891. A princípio o cargo de presidente tinha duração de quatro anos.

5
O regime republicano brasileiro tem uma história centenária e, ao longo de sua
história apresentou-se diferentes repúblicas, onde cada uma tinha suas próprias
características.

Primeira República (1889-1930) - A República Velha e o marco inicial


do período republicano

A República Velha também é conhecida como Primeira República e se estende de


1889 até 1930, quando Getúlio Vargas, através de um Golpe de Estado inicia um
novo período político.

A política de sucessão presidencial dará ainda outra denominação ao momento inicial


da República Brasileira, conhecida como política do café com leite. Nesse acordo,
centros econômicos do país ditavam a ocupação da presidência. Enquanto São Paulo
e sua agricultura cafeeira ocupava a presidência em um pleito, no próximo seria a vez
de Minas Gerais representada pela economia do gado leiteiro. Minas Gerais e São
Paulo por serem nesse momento os dois polos econômicos do Brasil forjavam as
lideranças nacionais, mantendo, porém, acordos com outros Estados para que essa
dinâmica política e econômica não fosse quebrada.

A Primeira República, também conhecida como República Velha ou República


Oligárquica, teve como grandes características o clientelismo, o mandonismo e o
coronelismo. O clientelismo pode ser definido por uma troca de favores em que
alguém concede algo em troca de benefícios políticos. Já o coronelismo é definido
pelo poder exercido pelos coronéis, grandes proprietários de terra, sobre a população,
exigindo-lhe voto como forma de atender aos interesses da oligarquia. Por fim, o
mandonismo é o controle que os grandes proprietários de terra exerciam sobre a
população comum. Outras marcas desse período foram a Política do Café com Leite
e a Política dos Governadores.
Esse grande acordo mantinha o controle político do Brasil nas mãos
daqueles que controlavam também a economia. Assim, os interesses das
classes dominantes estavam sempre em voga frente às classes menos
abastadas. Essa dinâmica política será rompida com a Revolução de 1930.

6
Assumindo a presidência do Brasil no lugar de Júlio Prestes, eleito com o
apoio do então presidente Washington Luís, Getúlio Vargas dá início ao período
conhecido como Era Vargas.
O Governo Provisório de Marechal Deodoro da Fonseca faz a transição legal,
necessária para o ajuste Nacional aos moldes republicanos. Em 1890, antes mesmo
do lançamento da Constituição é criado o Código Penal, antes do Direito a Ordem,
não se afastando do ideal de República constituída no Positivismo.

Na Constituição de 1891 a República rompe de vez com a dinâmica de Estado


Imperial. Ao definir o Estado como laico, deu fim ao Padroado e à união de Estado e
Igreja Católica. A República garante em sua Carta Magna as diretrizes sociais que
adota, no entanto, apesar de prever a Liberdade de Religião, o Código Penal condena
crenças como o Espiritismo e as religiões afrodescendentes.

A Carta Magna da República inicia também a separação tripartidária do Poder,


excluindo a mediação Imperial, que era exercida por meio do Poder Moderador. Agora
a política nacional seria dividida entre os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário.
A Dinâmica de pleito presidencial a cada 4 anos também fica decidido nesse
momento. Todo homem maior de 21 anos, que saiba ler e escrever torna-se obrigado
a votar.

Se a passagem do Império para a República foi quase um passeio, os anos que se


seguiram ao início da República foram de grande agitação social. Movimentos
insurgentes como a Revolução Federalista do Rio Grande do Sul e Guerra de
Canudos no Sertão da Bahia marcam o início da República por sua violência no
combate aos seus opositores.

O Presidente Marechal Deodoro da Fonseca renuncia em 1891 após a política


econômica de encilhamento dar errado. A proposta empreendida por Rui Barbosa,
Ministro da Fazenda do governo provisório permitia o aumento na emissão de papel
moeda gerando uma grave crise econômica.

Entre os 11 presidentes eleitos no período da Primeira República, um não chegou à


posse por ocasião de morte, Francisco de Paula Rodrigues Alves morreu de gripe
espanhola antes de sentar à cadeira de presidente e foi substituído por seu vice

7
Delfim Moreira da Costa Ribeiro. Já Afonso Augusto Moreira Pena morreu durante
mandato e foi substituído por Nilo Procópio Peçanha.

Os presidentes da República Velha foram:

• 1889-1891: Marechal Manuel Deodoro da Fonseca;


• 1891-1894: Floriano Vieira Peixoto;
• 1894-1898: Prudente José de Morais e Barros;
• 1898-1902: Manuel Ferraz de Campos Sales;
• 1902-1906: Francisco de Paula Rodrigues Alves;
• 1906-1909: Afonso Augusto Moreira Pena (morreu durante o mandato)
• 1909-1910: Nilo Procópio Peçanha (vice de Afonso Pena, assumiu em seu
lugar);
• 1910-1914: Marechal Hermes da Fonseca;
• 1914-1918: Venceslau Brás Pereira Gomes;
• 1918-1919: Francisco de Paula Rodrigues Alves (eleito, morreu de gripe
espanhola, sem ter assumido o cargo);
• 1919: Delfim Moreira da Costa Ribeiro (vice de Rodrigues Alves, assumiu em
seu lugar);
• 1919-1922: Epitácio da Silva Pessoa;
• 1922-1926: Artur da Silva Bernardes;
• 1926-1930: Washington Luís Pereira de Sousa (deposto pela Revolução de
1930);

• 1930: Júlio Prestes de Albuquerque (eleito presidente em 1930, não tomou


posse, impedido pela Revolução de 1930);
• 1930: Junta Militar Provisória: General Augusto Tasso Fragoso, General João
de Deus Mena Barreto, Almirante Isaías de Noronha.

8
Segunda República (1930-1945) - Era Vargas: Governo Provisório e
Constitucional de Vargas (1930-1937) e o Estado Novo (1937-1945)

Segunda República Brasileira, parte do período da história do Brasil conhecido


como Era Vargas, teve duas fases sucessivas: o período do Governo Provisório
(1930-1934), quando Getúlio Vargas governou por decreto como Chefe do Governo
Provisório, cargo instituído pela Revolução, enquanto se aguarda a adoção de uma
nova constituição para o país, o período da constituição de 1934 (quando, na
sequência da aprovação da nova constituição pela Assembleia Constituinte de 1933-
34, Vargas foi eleito pela Assembleia ao abrigo das disposições transitórias da
constituição como presidente, ao lado de um poder legislativo democraticamente
eleito).

O segundo período da República no Brasil começou com a tomada do poder


por Getúlio Vargas, em 1930. No ano de 1937, Getúlio instala a ditadura no país, que
se estende até 1945. O período é marcado por muita violência e repressão. Foi criado
o Departamento de Imprensa e Propaganda, que era encarregado de censurar as
emissoras de rádio e jornais. A Era Vargas também foi marcada pelo avanço da
industrialização do país e pelo estabelecimento da Consolidação das Leis do Trabalho
somente para as pessoas do meio urbano .

9
Governo Provisório (1930 – 1934)
Uma república nova

Capa da Revista do Globo sobre a vitória da Revolução de 1930. Detalhe: gaúchos amarrando os
seus cavalos no obelisco da Rio Branco.

Fotografia publicada pela revista Paratodos com o título: A Revolução Triumphante. Ao centro:
Miguel Costa, Góis Monteiro e Getúlio Vargas.

Às 3 horas da tarde de 3 de novembro de 1930, a Junta Militar Provisória


passou o poder, no Palácio do Catete, a Getúlio Vargas, (que vestia farda militar pela
última vez na vida), encerrando a Primeira República, passando a nominá-la de
República Velha. No discurso de posse, Getúlio estabelece 17 metas a serem
cumpridas pelo Governo Provisório. Na mesma hora, no centro da cidade do Rio de
Janeiro, os soldados gaúchos cumpriam a promessa de amarrar os cavalos no
obelisco da Avenida Central, atual Avenida Rio Branco, marcando simbolicamente o

10
triunfo da Revolução de 1930. Dos principais tenentes de 1930, o único a estar
presente ao ato foi o tenente João Cabanas que aparece nas fotografias do evento.
Esse gesto dos gaúchos foi cantado por Almirante, numa marchinha de Lamartine
Babo chamada O barbado foi-se: "O Rio Grande sem correr o menor risco, amarrou,
por telegrama, o cavalo no obelisco". E a letra dizia ainda: "De sul a norte, todos viram
a intrepidez de um Brasil heroico e forte a raiar no dia 3... A Paraíba terra santa, terra
boa, finalmente está vingada, salve o grande João Pessoa..."Doutor Barbado" foi-se
embora, não volta mais".

Getúlio reconheceu, em um discurso agradecendo o apoio do povo mineiro a


ele, (discurso publicado em A Nova Política do Brasil, volume 1, página 93), em Belo
Horizonte, em 23 de fevereiro de 1931, a primazia de Antônio Carlos Ribeiro de
Andrada como o primeiro político a intuir que uma revolução se aproximava. Getúlio
reconheceu também Antônio Carlos como o político que lançou sua candidatura a
presidente: "Queria expressar-vos, pessoalmente, o meu profundo reconhecimento
pela espontaneidade e entusiasmo com que o povo mineiro aceitou minha candidatura
sugerida pela palavra, nesse momento precursora, de Antônio Carlos, o primeiro que,
numa clarividente certeza, vislumbrou na curva longínqua do horizonte, a borrasca
revolucionária".

Getúlio tornou-se Chefe do Governo Provisório com amplos poderes. Os


revolucionários não aceitavam o título "Presidente da República". Seu governo
provisório foi o segundo da república. O primeiro governo provisório fora o de
Deodoro da Fonseca. Getúlio governava através de decretos que tinham força de lei.
Esses decretos sempre começavam assim: "- O 'Chefe do Governo Provisório' da
República dos Estados Unidos do Brasil, considerando que:..." No dia 11 de
novembro de 1930 foi baixado o decreto nº 19.398 [3] que instituiu e regulamentou o
funcionamento do Governo Provisório. Este decreto:

• Suspendeu as garantias constitucionais da Constituição de 1891, exceto o habeas


corpus para crimes comuns.
• Confirmava a dissolução do Congresso Nacional do Brasil, dos congressos
estaduais e das câmaras municipais. Os deputados, senadores e presidentes de
estados, eleitos em 1930, nunca chegaram a tomar posse dos seus mandatos.
• Confirmava também todos os atos da Junta Militar Provisória.

11
• Autorizou Getúlio a nomear e exonerar, a seu livre critério, interventores para os
governos estaduais, na maioria tenentes que participaram da Revolução de 1930.
• Excluía de apreciação judicial os atos do Governo Provisório e os atos dos
interventores federais nos estados. Assim, nenhum ato e nenhum decreto do
Governo Provisório e dos interventores podia ser contestado na justiça brasileira.
• A atuação dos interventores federais nos estados era disciplinada, no Governo
Provisório, pelo "Código dos Interventores", nome pelo qual ficou conhecido o
decreto nº 20.348,[4] de 29 de agosto de 1931, que instituiu "conselhos consultivos
nos Estados, no Distrito Federal e nos municípios e estabelece normas, sobre a
administração local".

12
Getúlio Vargas nomeando os seus ministros em 3 de novembro de 1930. Em pé, de
óculos: Lindolfo Collor, avô do ex-presidente Fernando Collor.

Getúlio com os seus ministros, Governo Provisório.


Os oficiais das forças armadas que permaneceram fiéis ao governo deposto,
tiveram suas carreiras abortadas, sendo colocados, por decreto, na reserva militar.
No Supremo Tribunal Federal, em fevereiro de 1931, 6 ministros, apoiadores do

13
governo deposto, foram aposentados compulsoriamente, e o número de ministros
reduzido de quinze para onze. Mesmo na Marinha do Brasil, que não havia combatido
os revolucionários de 1930, houve, por insistência de Getúlio, aposentadorias
forçadas, o que levou o ministro da Marinha, José Isaías de Noronha a pedir
exoneração do seu cargo.

Foram investigadas minuciosamente as administrações e os políticos da


República Velha, através de uma chamada "Justiça Revolucionária" e de um "Tribunal
Especial", criados em 1930, pelo decreto que instituiu o Governo Provisório e
organizado pelo decreto 19.440 [5] de 28 de novembro de 1930, com o objetivo de:
"processo e julgamento de crimes políticos, funcionais e outros que serão
discriminados na lei de sua organização".

Entretanto, como o próprio Getúlio confirma no Diário, no dia 4 de dezembro


de 1932, nada foi encontrado de irregularidades e de corrupção naquele regime
deposto em 1930, motivo pelo qual, mais tarde, surgiria a expressão: "os honrados
políticos da República Velha". O Tribunal Especial foi dissolvido, em 1932, sem ter
condenado ninguém.

Houve, no início do Governo Provisório, uma espécie de "comando


revolucionário", denominado oficialmente de Conselho Nacional Consultivo, criado
pelo decreto que regulamentou o Governo Provisório, e que recebeu o apelido de
"Gabinete Negro", do qual faziam parte Getúlio Vargas, Pedro Ernesto, o general José
Fernandes Leite de Castro, Ari Parreiras, Osvaldo Aranha, Góis Monteiro, José
Américo de Almeida, Juarez Távora e o tenente João Alberto Lins de Barros, (quando
este, que era interventor federal em São Paulo, ia ao Rio de Janeiro), entre outros. O
"Gabinete Negro" se sobrepunha ao gabinete ministerial, tomava as decisões e
definia os rumos da revolução.

Juarez Távora, além de ministro da Viação e depois da Agricultura, fora,


através de decreto secreto, arquivado na secretaria do Ministério da Guerra, atual
Comando do Exército, nomeado chefe de uma "Delegacia do Norte", o que lhe dava
o controle de todos os interventores do nordeste brasileiro, e lhe valeu o apelido de
"Vice-Rei do Norte".

A radicalização política dos tenentes representou o seu maior perigo para


Getúlio em 25 de fevereiro de 1932, quando foi destruído, na cidade do Rio de Janeiro,
(por empastelamento), um jornal da oposição ao Governo Provisório, o Diário Carioca.

14
A recusa de Getúlio de punir os tenentes envolvidos no caso fez com que o ministro
do trabalho Lindolfo Collor, o ministro da justiça Maurício Cardoso e o chefe de polícia
do Rio de Janeiro, João Batista Luzardo pedissem exoneração de seus cargos. João
Neves da Fontoura também rompeu com Getúlio. Batista Luzardo denunciou, em
carta, o envolvimento do Governo Provisório no atentado ao Diário Carioca. Os jornais
do Rio de Janeiro ficaram 2 dias sem circular, em solidariedade ao Diário Carioca.

Sobre o atentado ao Diário Carioca, Getúlio anotou no Diário, na seção de 24 a 29 de


fevereiro de 1932: "Tenho que me decidir entre as forças militares que apoiam o
governo e um jornalismo dissolvente, apoiado por políticos e instigado mesmo por
estes contra o governo. Estou numa encruzilhada em que urge uma decisão. Foi
aberto um inquérito militar e outro civil".

Os tenentes se encontravam e se organizavam nos Clubes "3 de Outubro", e


só voltaram finalmente aos quartéis após promulgada a Constituição de 1934. Porém,
em meados de 1932, Getúlio Vargas já havia conseguido se livrar da influência dos
tenentes sobre o comando da Revolução e governar somente com o

ministério, prescindindo do "Gabinete Negro", embora os governos estaduais,


na grande maioria, continuassem ainda nas mãos dos tenentes.

Luiz Vergara, no livro Eu Fui Secretário de Getúlio, registra o que Getúlio


pensava das reuniões, tarde da noite, no Palácio Guanabara, do "Gabinete Negro":
"Eles me trazem sugestões, discutem medidas que lhes parecem úteis e oportunas.
Eu escuto atentamente, demonstrando interessar-me, mas o que mais me interessa
realmente é conhecê-los melhor para saber como tratá-los".

O general Góes Monteiro, no livro "O General Góes Depõe", assim descreve
as reuniões do "Gabinete Negro": "As discussões eram acesas, principalmente entre
os srs. Oswaldo Aranha e Ari Parreiras. Todas elas estéreis e intermináveis, não raro
entrando madrugada adentro, até depois das 2 horas".

15
Getúlio Vargas como presidente, em pintura de 1930.

O gabinete ministerial do Governo Provisório, composto de apenas nove


pessoas (7 civis e dois militares), foi cuidadosamente montado, para premiar e
contentar todos os 3 estados, partidos políticos ( Partido Libertado r, PRR, PRM,
Partido Republicano Paraibano e o Partido Democrático (1930 )), tenentes e a Junta
Militar Provisória, que, juntos, fizeram a Revolução de 1930.

A grande dificuldade que Getúlio tinha com os tenentes nos estados, além das
rivalidades entre eles, era o despreparo deles para governar. Com poucas exceções
como Juraci Magalhães, os tenentes fizeram administrações ruins, e o desempenho
dos tenentes foi avaliado assim, em fevereiro de 1932, 4 meses antes da eclosão da
Revolução de 1932, pelo tenente João Cabanas, um dos chefes da Revolução de
1924 e revolucionário de 1930, no seu livro "Fariseus da Revolução", que escreveu,
em fevereiro de 1932, pouco antes da Revolução de 1932, sobre o tenente João
Alberto Lins de Barros, que governou São Paulo, entre 1930 e 1931, e sobre os
demais tenentes interventores federais nos estados:

“ João Alberto serve como exemplo: Se, como militar, merece respeito, como homem
público não faz jus ao menor elogio. Colocado, por inexplicáveis manobras e por
circunstâncias ainda não esclarecidas, na chefia do mais importante estado do Brasil,
revelou-se de uma extraordinária, de uma admirável incompetência, criando, em um
só ano de governo, um dos mais trágicos confucionismos de que há memória na vida

16
política do Brasil, dando também origem a um grave impasse econômico (déficit de
100.000 contos), e a mais profunda impopularidade contra a "Revolução de Outubro"..
e ter provocado no povo paulista, um estado de alma equívoco e perigoso. Nossa
história não registra outro período de fracasso tão completo como o do “Tenentismo
inexperiente".

O conflito com a esquerda revolucionária, da qual faziam parte muitos militares,


e que se intensificaria posteriormente, começou logo no início do governo provisório:
Em 22 de janeiro de 1931 foi descoberto um plano subversivo nos sindicatos em
Santos e no Rio de Janeiro. Entre os presos estava o jovem Carlos Lacerda. Por
causa desse caso, foi suspenso o desfile do dia do trabalhador de 1931.

A consolidação de Getúlio Vargas como líder da Revolução de


1930
Dos principais líderes tenentistas e revolucionários de 1930, os que foram mais
difíceis para Getúlio Vargas enquadrar, a fim de consolidar o seu poder, foram: o
general José Antônio Flores da Cunha, interventor e depois governador do Rio
Grande do Sul, e o ex-presidente de Minas Gerais Antônio Carlos Ribeiro de Andrada.

Flores da Cunha dispunha de uma poderosa polícia militar e do Corpo de


Provisórios, uma milícia muito bem armada, que fora organizada para combater São
Paulo na Revolução de 1932. Flores da Cunha interferia vigorosamente na política de
outros estados e na política nacional, e que, somente próximo ao golpe do Estado
Novo, em 1937, abandonou o cargo de governador gaúcho e se exilou no Uruguai.

Antônio Carlos, chamado por Getúlio, em seu diário, de "a velha raposa",
presidiu a assembleia nacional constituinte de 1933 a 1934, e presidiu a Câmara dos
Deputados de 1934 a 1937. Neste ano Antônio Carlos não conseguiu se reeleger
presidente da Câmara dos Deputados, sendo derrotado pelo candidato apoiado por
Getúlio, Pedro Aleixo. Logo em seguida, com o advento do Estado Novo, Antônio
Carlos abandona a vida pública.

O major Miguel Costa foi cassado depois da Intentona Comunista; Juarez


Távora, aos poucos ficou só em cargos burocráticos; Juraci Magalhães foi fiel, no
início, a Getúlio, mas não aceitou o Golpe de Estado de 1937, quando deixou o

17
governo da Bahia e voltou para os quartéis. Carlos de Lima Cavalcanti, líder da
revolução de 1930 em Pernambuco, é deposto do cargo de governador pelo golpe do
Estado Novo, em 1937. Em maio de 1937, Lima Cavalcanti apoiara Antônio Carlos na
sua tentativa de ser reeleito presidente da Câmara dos Deputados.

Os mais fiéis e influentes militares, durante os 15 anos de Getúlio no poder, foi


o general Pedro Aurélio de Góis Monteiro, e, em seguida, o general Eurico Dutra,
ministro da Guerra de 1936 a 1945, o capitão Filinto Müller, por vários anos, fiel chefe
de Polícia do Rio de Janeiro (1933 - 1942), e o coronel João Alberto Lins de Barros.

As disputas pelo poder nos estados

Getúlio Vargas recebendo no Palácio do Catete o ministro fascista Italo Balbo, em


15 de janeiro de 1931.

Durante o Governo Provisório, foram bastante intensas as disputas políticas em torno


das interventorias nos estados, que eram disputados pelos tenentes e pelos políticos
vitoriosos de 1930. Um novo "Gabinete Negro" fora formado, em maio de 1932,
chamado no "Diário" de "Conselho Secreto", para cuidar exclusivamente das disputas
políticas nos estados, sobrando, assim, mais tempo para Getúlio poder administrar

18
os negócios públicos. Deste novo "Gabinete Negro", sabe-se, com certeza,
observando-se o diário de Getúlio, que participavam o general Góis Monteiro e o
coronel João Alberto Lins de Barros.

O caso mais grave foi o de São Paulo, o qual levou os paulistas a uma revolução
contra o Governo Provisório em 1932. Outro caso tenso de disputa pelo poder nos
estados ocorreu em Minas Gerais, e iniciou-se em 5 de setembro de 1933, chamado
de "O caso mineiro", onde houve uma acirrada disputa política, durante 97 dias de
crise política, sobre quem seria o sucessor de Olegário Maciel, que havia falecido no
cargo de governador de Minas Gerais. O vice-presidente de Minas Gerais Pedro
Marques de Almeida, um carlista, havia renunciado, em 1931, para ser prefeito de
Juiz de Fora. Assumiu interinamente o governo mineiro, o secretário do interior
Gustavo Capanema que depois seria ministro da educação e saúde até 1945.

Este clima tenso levou Getúlio a escolher, em 12 de dezembro de 1933, um ainda


desconhecido deputado federal para ser o interventor federal em Minas Gerais:
Benedito Valadares, a fim de não desagradar nenhuma das correntes em disputa pelo
governo de Minas Gerais. E nesta disputa, além dos políticos mineiros, entraram
ministros, o coronel João Alberto e o interventor gaúcho Flores da Cunha.

Em 6 de dezembro, Getúlio anota no Diário, a propósito do "Caso Mineiro": "Resumo:


todos julgam que devo decidir, mas, se nomeio Capanema, renunciam os ministros
da fazenda e exterior (Osvaldo Aranha e Afrânio de Melo Franco) e seus adendos; se
nomeio Virgílio renuncia o Flores e desgosto a maioria da bancada mineira".

m 12 de dezembro, Getúlio explica no "Diário", a escolha de Benedito Valadares:


"Porque escolhi o sr. Benedito Valadares? Porque todos tinham candidato e queriam
apenas que eu adotasse as preferências alheias. Só eu não podia ter candidato, e
pensei que deveria tê-lo. Escolhi esse rapaz tranquilo e modesto, que me procurou
antes, sem nunca pensar que seu nome pudesse ser apontado como interventor".

Afrânio de Melo Franco, porém, deixou o ministério, logo em seguida, em 28 de


dezembro de 1933. Resolvido o problema da sucessão de Olegário Maciel, Minas
Gerais retornou à sua estabilidade política, com Benedito Valadares governando até
1945. Minas Gerais, Goiás e o Paraná foram os estados que tiveram maior
estabilidade política durante os 15 anos de Getúlio no poder. Goiás foi governado, de
1930 a 1945, pelo médico Pedro Ludovico Teixeira, que, em 1933, construiu a nova
capital Goiânia. O Paraná, depois de uma séria crise com os tenentes daquele estado,

19
conseguiu estabilidade política, com a nomeação, por Getúlio, de Manuel Ribas como
interventor federal, sendo que Manuel Ribas governou de 1932 a 1945.

A realização das promessas da Aliança Liberal e da Revolução de


1930[

Getúlio Vargas ao lado do Presidente de Minas Gerais Olegário Maciel, em reunião


com autoridades mineiras, em Juiz de Fora.

Getúlio Vargas cumpriu as principais promessas da Revolução de 1930:

• Anistiou, através do decreto nº 19.395, [10] de 8 de novembro de 1930, "todos os


civis e militares envolvidos nos movimentos revolucionários ocorridos no país", o
que incluía todos os revolucionários dos anos 1920: Levante do Forte de
Copacabana de 1922, Revolução de 1924 e da Coluna Prestes.
• Criou, pelo decreto nº 19.433, de 26 de novembro de 1930, [11] o Ministério do
Trabalho, Indústria e Comércio, (posteriormente desmembrado em Ministério do
Trabalho e Ministério da Indústria e Comércio), e criou o Ministério da Educação
e Saúde Pública, pelo decreto nº 19.402, de 14 de novembro de 1930, [12] e que
foi, posteriormente, desmembrado em Ministério da Saúde e Ministério da
Educação e Cultura, o Mec.
• Criou, em 24 de fevereiro de 1932, (o dia 24 de fevereiro lembra a data da
Constituição de 1891) o primeiro Código Eleitoral do Brasil, pelo decreto nº
21.076,[13] que estabelecia: o voto obrigatório, o voto secreto, o voto feminino e a
Justiça Eleitoral e ordenava novo alistamento eleitoral. Esse Código Eleitoral fez
diminuir muito a fraude eleitoral no Brasil. Ficou mantida, porém, a proibição do

20
voto aos mendigos, aos analfabetos, aos menores de 21 anos de idade e aos
praças das forças armadas.

• Em 14 de maio de 1932, pelo decreto 21.402, [14] foram marcadas eleições diretas
e secretas para o dia 3 de maio de 1933, com o objetivo de eleger os membros de
uma Assembleia Nacional Constituinte.
• Ampliou os direitos trabalhistas, consolidando-os pela CLT, instituída mais tarde
em 1943.
• Houve uma tentativa enérgica de cortes de gastos públicos, que fora promessa da
Aliança Liberal, para eliminar o déficit público no orçamento federal. Esta tentativa
que foi muito prejudicada pelos grandes gastos que o Governo Provisório foi
obrigado a realizar por causa das compras dos estoques de café, ordenadas pelo
decreto nº 19.688,[15] de 11 de fevereiro de 1931, o qual foi modificado pelo decreto
nº 20.003,[16] de 16 de maio de 1931, por causa da guerra contra os paulistas em
1932, guerra esta que ocasionou grandes despesas, e, pela "Grande Seca",
ocorrida no nordeste do Brasil, também em 1932, e que ocasionou queda da
arrecadação de impostos e grandes gastos no socorro às vítimas da "Grande
Seca" de 1932.

As realizações do Governo Provisório

Durante o governo provisório deu-se início à modernização do Estado brasileiro.

• Em 18 de novembro de 1930, criou, através do decreto nº 19.408, a Ordem


dos Advogados do Brasil (OAB)[17]
• Em 15 de dezembro de 1930, pelo decreto nº 19.488, reduz o número de
feriados nacionais de doze para seis. [18] Este decreto nº 19.488 eliminara o
feriado de Tiradentes, o qual foi restabelecido pelo decreto nº 22.647,[19] de 17
de abril de 1933.
• Em 1931, criou o Correio Aéreo Militar, depois denominado Correio Aéreo
Nacional e o Departamento de Aviação Civil

21
• Em 11 de abril de 1931, o decreto nº 19.851 disciplina o ensino superior no
Brasil dando preferência para o ensino superior ministrado em
universidades.[20]

• Em 16 de maio de 1931, pelo decreto nº 20.003,[16] é criado o Conselho


Nacional do Café, substituído, em 10 de fevereiro de 1933, pelo Departamento
Nacional do Café, através do decreto nº 22.452, posteriormente mudado para
Instituto Brasileiro do Café (IBC) durante o segundo governo Vargas.[21]
• Em 1 de outubro de 1931, pelo decreto nº 20.466, é estabelecido, pela primeira
vez, o horário de verão no Brasil.[22]
• Em 26 de dezembro de 1931, criou, por meio do decreto nº 20.859, o
Departamento de Correios e Telégrafos, atual ECT.[23]
• Em 11 de janeiro de 1932, o decreto nº 20.931 regulamentou, no Brasil, o

exercício da medicina, odontologia, medicina veterinária, da enfermagem e da


profissão de farmacêutico.[24]

• Em 21 de março de 1932, instituiu, através do decreto nº 21.175,[25] a carteira


de trabalho, ou carteira profissional.
• Em 22 de março de 1932, através do decreto nº 21.186,[26] foi garantida, aos
trabalhadores do comércio, a jornada de trabalho de 8 horas diárias e 48 horas
semanais.
• Em 4 de maio de 1932, através do decreto nº 21.364,[27] essa duração da
jornada de trabalho foi estendida aos trabalhadores da indústria.
• Em 1 de junho de 1933, através do decreto nº 22.789,[28] criou o Instituto do
Açúcar e do Álcool, IAA.
• Em 23 de janeiro de 1934, pelo decreto nº 23.793,[29] criou o Código Florestal,
vigente até 1965.
• Em 6 de julho de 1934, através do decreto nº 24.609,[30] criou o Instituto
Nacional de Estatística, atual IBGE.
• Em 10 de julho de 1934, pelo decreto nº 24.642,[31] foi criado o Código de Minas
que vigorou até 1940, quando foi substituído por outro do mesmo nome. [32] Este
Código de Minas de 1934 foi muito criticado por Monteiro Lobato, no livro "O
Escândalo do Petróleo", e, em cartas, que o considerava restritivo quanto à
lavra de petróleo.[33][34]

22
• Em 10 de julho de 1934, pelo decreto nº 24.643,[35] instituiu o Código das
Águas, que com alterações, ainda está em vigor, segundo a Casa Civil da
Presidência da República.

Em 12 de dezembro de 1930, através do decreto nº 19.482,[36] é fortemente


restringida a entrada de imigrantes no Brasil, medida que vigorou até 1933, para evitar
o aumento do número de desempregados, na época, chamados de semtrabalho, e
também exigido, por este decreto, que todas as empresas brasileiras tenham, pelo
menos, 2/3 de trabalhadores brasileiros em seus quadros, (a "Lei dos 2/3"), para
proteger o trabalhador nacional.

A partir de 1931, se generalizou no brasil, o cargo de prefeito municipal, e, em


definitivo, se concretizou a separação dos poderes na esfera municipal de governo.
Na República Velha, somente poucos municípios tinham o cargo de prefeito e
prefeitura municipal, outros eram governados por intendentes eleitos pela Câmara
Municipal, e, a maioria dos municípios era governado pela Câmara Municipal.

Em 19 de março de 1931, pelo decreto nº 19.770, [37] é regulamentada a


sindicalização das classes patronais e operárias, tornando-se obrigatória a aprovação
dos estatutos dos sindicatos trabalhistas e patronais pelo Ministério do Trabalho.

O decreto nº 19.808,[38] de 28 de março de 1931, suspendia "a execução da lei nº


4.982, de 24 de dezembro de 1925, e do respectivo regulamento (que concedia férias
anuais de 15 dias e que foi regulamentada pelo decreto 17.496 de 30 de outubro de
1926), e estabelece nova modalidade para a concessão de férias a operários e
empregados". Este decreto foi depois alterado pelo decreto nº 23.103 [39] de 19 de
agosto de 1933, que regulava "a concessão de férias aos empregados em
estabelecimentos comerciais e bancários e em instituições de assistência privada
bem como em secções comerciais de estabelecimentos industriais", e pelo decreto nº
23.768, de 18 de janeiro de 1934, regulava a "concessão de férias aos empregados
na indústria, sindicalizados".

Getúlio conseguiu o restabelecimento de relações amistosas entre o estado


brasileiro e a Igreja Católica, muito influente naquela época, e que estava rompida

23
com o governo brasileiro desde o advento da república e do casamento civil. O
restabelecimento do ensino religioso nas escolas públicas, em 30 de abril de 1931,
pelo decreto nº 19.941,[41] facilitou esta reconciliação com a Igreja Católica.

Em 1931, veio ao Brasil, a convite do governo provisório, o especialista em


finanças Sir Otto Niemeyer, na chamada "Missão Niemeyer", para reestruturar as
finanças do governo brasileiro, oportunidade que foi sugerida por Niemeyer a criação
de um banco central. Em agosto de 1931, foi declarada uma moratória e renegociada
a dívida externa brasileira, com um funding loan de 3 anos, contado a partir de outubro
de 1931, autorizado, em 2 de março de 1932, pelo decreto nº
21.113.[42]

Foi permitido e regulamentado, pelo decreto nº 21.111,[43] de 1 de março de 1932,


a propaganda comercial nas emissoras de radiodifusão. Antes de se permitir anúncios
comerciais nas rádios, estas eram financiadas por clubes de ouvintes. Foi, também,
por aquele decreto, regulamentada as concessões de estações de rádio no Brasil, e
vigorou até 1962, quando surgiu o Código Brasileiro de Telecomunicações.

O decreto nº 21.366,[44] de 5 de maio de 1932, declara que o segundo domingo de


maio é consagrado às mães.

Juarez Távora, Getúlio Vargas e o então interventor da Bahia, Juracy Magalhães,


um ano após a vitória da Revolução de 1930. Os dois romperam com Getúlio depois
do Golpe de 1937.

Em 12 de outubro de 1931 foi inaugurada a estátua do Cristo Redentor.

Foram abolidos e proibidos, em 17 de maio de 1932, pelo decreto nº 21.418,[45] os


antiquados impostos sobre o comércio interestadual e sobre o comércio
intermunicipal, extinguindo-se as barreiras nas fronteiras interestaduais. Também, no
mesmo dia, o decreto nº 21.417-A,[46] regulamentou as condições do trabalho das
mulheres nos estabelecimentos industriais e comerciais, ordenando que se pagasse,
a elas, salários iguais aos dos homens e proibindo o trabalho a gestantes, um mês
antes e um mês após o parto.

24
Foi proibido, em 7 de abril de 1933, os juros bancários abusivos, através do
decreto nº 22.626,[47] conhecido como lei da usura, não revogado até hoje. Em 15 de
janeiro de 1934, pelo decreto nº 23.746,[48] é revogado o decreto nº 4.743,[49] de 1923,
que era uma lei sobre crimes de imprensa muito repressiva, chamada de "lei infame",
e são anistiados todos os condenados por aquele decreto. Em 1934, é iniciada a
construção do Aeroporto Santos Dumont no Rio de Janeiro. As obras foram
concluídas em 1936.

Em 10 de julho de 1934, o decreto nº 24.645[50] estabelece medidas de proteção


aos animais. Este decreto ficou conhecido como lei de proteção aos animais. Está
ainda em vigor.

Realizaram-se seguidas e grandes queimas de café, de 1931 até 1943, em um


total estimado entre 50 a 70 milhões de sacas, em Santos, e em outros portos, para
a valorização do preço do café, o qual tinha caído muito durante a Grande Depressão
de 1929]. O total de sacas de café queimadas equivalia a 4 anos da produção
nacional.

Estado Novo (1937-1945)

Logo que decretou o Estado Novo, Getúlio Vargas realizou o anúncio de uma
nova constituição para o Brasil. Conhecida como “Constituição Polaca”, a
Constituição de 1937 reafirmou vários dispositivos que alargaram os poderes
do presidente e acabaram com os partidos políticos que disputavam vagas no
Poder Legislativo. Dessa forma, eram lançadas as bases de sustentação dessa
novaditadura.

Além de desmobilizar os grupos políticos do país, Vargas também reforçou o


apoio ao regime ao fortalecer o tom populista que intermediava sua relação
com os trabalhadores. A efetivação dos direitos trabalhistas e a propaganda
positiva dedicada ao governo logo surtiu efeito quando observamos
manifestações de oposição mínimas ao Estado Novo. Vargas era aceito

25
enquanto líder capaz e necessário para se combater a ameaça comunista e
promover o desenvolvimento nacional.

No âmbito econômico, o Estado Novo abriu vários institutos e agências


responsáveis pela regulamentação de várias atividades. Além disso, vale
destacar o grande investimento feito na indústria pesada. A Fábrica Nacional
de Motores, a Companhia Siderúrgica Nacional, a Companhia Vale do Rio
Doce e a Hidrelétrica do Vale do São Francisco eram algumas das estatais que
deveriam abrir portas para o surgimento de outras indústrias no país.
Mostrando sua faceta controladora, Vargas criou o Departamento de Imprensa
e Propaganda (DIP). Esse órgão tinha como função primordial enaltecer os
feitos do governo através de cartazes, notícias e imagens enaltecedoras. Por
outro lado, esse mesmo órgão promovia a censura de todo o material ou
manifestação artística interessada em criticar as ações do
Estado Novo.

Fortalecendo seu elo com as classes trabalhadoras, Vargas oficializou a


jornada de trabalho com 44 horas semanais, criou a carteira de trabalho e
determinou o salário mínimo do trabalhador. Por meio desse conjunto de ações,
ele buscava desmobilizar qualquer possibilidade de insatisfação contra seu
regime. Para muitos trabalhadores, o ditador era visto como agente dos
interesses nacionais e defensor das necessidades dos menos privilegiados.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, a autonomia da política externa


de Vargas tomou outros rumos. Antes disso, o habilidoso político demonstrava
favor ao regime nazista ao mesmo tempo em que preservava relações com o
governo norte-americano. Dada a eclosão da guerra, o posicionamento neutro
de Vargas logo se tornou insustentável. Após receber um empréstimo de 20
milhões de dólares dos EUA e ter navios brasileiros afundados pelos alemães,
o Brasil aderiu ao bloco dos países aliados.

26
O breve e bem-sucedido papel das tropas brasileiras na Segunda Guerra
acabou gerando uma contradição: a ditadura de Vargas mandou tropas para
defender a democracia no continente europeu. Mediante essa situação, fortes
pressões se mobilizaram para que o Estado Novo chegasse ao fim. Em 1945,
o governo marcou eleições diretas para presidente no mês de dezembro.
Deposto pelos militares em 30 de outubro daquele mesmo ano, o expresidente
disputou e venceu as eleições como senador pelo Rio Grande do Sul.

Quarta República (1945-1964)

A Quarta República Brasileira foi o período da história do Brasil que se iniciou em


1945, com o fim da Era Vargas, e que foi finalizado em 1964, com o Golpe CivilMilitar
que deu início ao período da Ditadura Militar. Nesse período, o Brasil teve um grande
salto no crescimento econômico e industrial, bem como houve uma rápida
urbanização. No entanto, as desigualdades sociais existentes também aumentaram.

Características e fatos históricos do período:

- Período marcado pelo populismo.

- Avanços significativos na industrialização do Brasil, principalmente durante o


governo JK.

- Aumento significativo da migração de brasileiros da região nordeste para o sudeste.

- Em 1946, entre em vigor uma nova Constituição.

- Neste período, vigorou o regime democrático, com eleições diretas e


pluripartidarismo.

27
- Criação do BNDES em 1952.

- Criação da Petrobras, em 1953, durante o governo de Getúlio Vargas.

- Suicídio de Vargas em 24 de outubro de 1954.

- Inauguração de Brasília em 21 de abril de 1960. A capital do Brasil é transferida do


Rio de Janeiro para Brasília.

Presidentes que governaram na Quarta República:

- 1946 a 1951: presidente Eurico Gaspar Dutra

- 1951 a 1954: presidente Getúlio Vargas

- 1954 a 1955: presidente Café Filho

- 1955: presidente Carlos Luz

- 1955 a 1956: presidente Nereu Ramos

- 1956 a 1961: presidente Juscelino Kubitschek

- 1961: presidente Jânio Quadros

- 1961: presidente Ranieri Mazzilli

- 1961 a 1964: presidente João Goulart

Ditadura Militar (1964-1985)

28
A ditadura militar no Brasil durou 21 anos, teve 5 mandatos militares e instituiu 16 atos
institucionais – mecanismos legais que se sobrepunham à constituição. Nesse
período houve restrição à liberdade, repressão aos opositores do regime e censura.

Antes de entender o período militar brasileiro, é preciso compreender os eventos que


levaram até ele – os antecedentes do golpe militar de 1964.

O primeiro momento é marcado por Jânio Quadros – que assumiu a presidência em


1961 e nesse mesmo ano renunciou ao cargo. A partir disso, seu vice – João
Goulart – foi quem assumiu seu lugar. A questão é que Jânio Quadros e João Goulart
eram de partidos políticos diferentes e tinham projetos opostos para o país. O projeto
de Jango – apelido por qual era conhecido o novo presidente – estava apoiado em
“reformas de base” – como fiscal, administrativa, universitária e, principalmente,
agrária. Além disso, o presidente era um representante trabalhista, do legado de
Getúlio Vargas.
Assim, a reforma agrária era uma das principais propostas do governo Jango e
também a que mais gerava polêmica. Afinal, era combatida pelos grandes
latifundiários e por grande parte dos parlamentares no Congresso Nacional.

29
Esse foi um momento de bastante efervescência e polarização política entre a
população. Houve apoio de parte da população para a derrubada do governo –
principalmente dos setores mais conservadores da sociedade e de partes da classe
média. É por esse motivo, inclusive, que muitas vezes o termo ditadura civil-militar é
utilizado.

Neste período o mundo vivia sob a ameaça da Guerra Fria e havia medo de um
suposto “perigo comunista”. Assim, no conflito que começou logo após o final da
Segunda Guerra Mundial e foi responsável pela bipolarização ideológica – em que os
Estados Unidos – defensores do capitalismo – e a União Soviética – defensora do
socialismo – disputavam hegemonia econômica, política e militar no mundo.

Nesse cenário, os Estados Unidos, com medo da expansão socialista –


principalmente depois da Revolução Cubana – passou a intervir ativamente nos
países da América Latina para impedir o crescimento das ideias consideradas
comunistas. As ditaduras militares na região foram então mecanismos para frear
esses movimentos e tanto no Brasil, quanto em outros países latino americanos,
foram apoiadas pelos Estados Unidos.

Em 2014, documentos liberados pelos Estados Unidos – e investigados pela


Comissão Nacional da Verdade – revelaram que mais de 300 militares passaram uma
temporada na Escola das Américas (o instituto de guerra dos Estados Unidos no
Panamá). Lá, entre 1954 e 1996, os militares brasileiros tiveram aulas teóricas e
práticas sobre tortura.

Além disso, gravações liberadas pela Casa Branca das conversas entre o
expresidente John Kennedy e o embaixador do Brasil no momento – Lincoln Gordon
– comprovam o envolvimento estadunidense na ditadura militar brasileira.

30
O golpe – Inicio da ditadura

No dia 31 de março de 1964, tanques do exército foram enviados ao Rio de Janeiro,


onde estava o presidente Jango. Três dias depois, João Goulart partiu para o exílio
no Uruguai e uma junta militar assumiu o poder do Brasil.
No dia 15 de abril, o general Castello Branco toma posse, tornando-se o primeiro de
cinco militares a governar o país durante esse período. Assim se inicia a ditadura
militar no Brasil, que vai durar até 1985.

Castello Branco e os atos institucionais

No governo de Castello Branco (1964-67) foi declarado o primeiro ato institucional da


Ditadura Militar no Brasil – conhecido como AI 1.

Atos institucionais eram decretos e normas, muito utilizados durante a ditadura – eles
davam plenos poderes aos militares e garantiam a sua permanência no poder. Dentre
as principais medidas asseguradas pelo AI 1 estava o fim das eleições diretas, isto é,
a partir desse momento, as eleições para presidente seriam feitas pelo Congresso

31
Nacional e não pela população. Nesse mesmo governo, as eleições diretas estaduais
também foram suspensas e em 1967 uma nova Constituição entrou em vigor.

Em 1965 –o Ato Institucional nº 2 – determinou que todos os partidos políticos fossem


fechados e foi adotado o bipartidarismo, ou seja, a partir desse momento passaram
a existir apenas dois partidos: a Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e o
Movimento Democrático Brasileiro (MDB).

Enquanto o primeiro apoiava o governo, o segundo partido representava a oposição


consentida (mas atenção: havia várias restrições à sua atuação!). Essa medida, ao
mesmo tempo em que fortalecia o Poder Executivo, proporcionava uma imagem de
legalidade à ditadura, pois mantinha o Congresso Nacional em funcionamento
(apesar de ter sido fechado em alguns momentos). Além disso, unir todos os partidos
de oposição em apenas um partido – o MDB – também foi uma estratégia dos
militares de facilitar a repressão aos opositores do regime.

O AI-2 mudou ainda dispositivos constitucionais, alterando o funcionamento do Poder


Judiciário e concentrando cada vez mais poder no Executivo.

32
Costa e Silva e o AI-5
O governo de Costa e Silva (1967-69) foi marcado por muita repressão, violência,
tortura aos opositores do regime e restrição aos direitos políticos e à liberdade de
expressão.

A insatisfação de parcelas da população com as medidas antidemocráticas fez


crescer o número de manifestações, sendo uma das maiores a Passeata dos 100 mil.
Nessa ocasião, o estudante Edson Luís foi morto em confronto com a polícia, o que
gerou grande comoção e fortaleceu a oposição ao regime.

Em resposta, Costa e Silva promulgou o AI 5, que fechou o Congresso por tempo


indeterminado; decretou estado de sítio; cassou mandatos de prefeitos e
governadores e proibiu a realização de reuniões.
Como esse decreto dava o direito ao governo de punir arbitrariamente os inimigos do
regime, é considerado o golpe mais duro da Ditadura Militar no Brasil. Nesse período,
também conhecido como “anos de chumbo”, em resposta ao regime repressivo,
começaram a surgir grupos armados, contra os quais houve forte repressão por
parte dos militares.

33
Médici e o “milagre econômico”

O Governo de Médici (1969-74) é considerado o período de maior repressão da


Ditadura Militar no Brasil. A censura dos meios de comunicação se intensificou e
muitos prisioneiros políticos foram torturados. Afinal, os movimentos de oposição ao
regime eram reprimidos por diversas frentes do governo militar.

Além disso, o período também ficou conhecido como o “milagre econômico”. Isso
porque algumas medidas econômicas adotadas pelo governo como a restrição ao
crédito, o aumento das tarifas do setor público, a contenção dos salários e direitos
trabalhistas, e a redução da inflação resultaram em taxas de crescimento do PIB
acima de 10% e grandes investimentos em infraestrutura.

Ainda, nesse momento foram construídas mais de 1 milhão de casas, financiadas


pelo Banco Nacional de Habitação (BNH) e o setor de bens duráveis e
eletrodomésticos cresceu. Por isso, a impressão que se passava a partir dos
resultados dessas medidas era a de crescimento econômico, ou como se costuma
chamar: “milagre econômico”.

34
O crescimento da economia somado à euforia após a conquista do tricampeonato
mundial de futebol levou o governo militar a adotar campanhas publicitárias ufanistas,
como “Brasil, ame-o ou deixe-o” ou “Ninguém mais segura esse país”. Você talvez já
tenha ouvido falar delas, não é mesmo?

Esse “milagre”, no entanto, deixou uma dívida externa muito grande para o país –
equivalente hoje a uma dívida no valor de US$ 1,2 trilhão, muito maior que a atual,
cujo valor registrado em 2017 foi de US$ 37,36 bilhões. Isso significa que o “milagre
econômico” gerou na realidade a dependência brasileira por empréstimos externos
nos anos que seguiram.

Além disso, o milagre foi acompanhado de maior desigualdade de renda. Ou seja, a


riqueza se concentrou ainda mais nas mãos dos ricos e a camada de pobres da
população teve sua situação econômica e social ainda mais precarizada. O índice de
Índice de Gini – que mede a concentração de renda de um país – alcançou em 1977
o pior nível da história, com o número de 0,62. Isso significa uma concentração de
renda maior do que a registrada atualmente em países como Namíbia e Haiti!

Em 1973, houve a crise do petróleo no mercado internacional. Com o aumento do


preço do combustível, a inflação no país continuou a subir e em 1974 a inflação era
de quase 30% ano – chegando a taxa de 242,24% ao final da ditadura. Além disso,
os investimentos na economia brasileira caíram, reduzindo o consumo e a geração
de empregos. Diante dessas dificuldades, o governo militar passa a perder apoio.

Em 1971, foi promulgado um decreto-lei que tornava ainda mais rígida a censura à
imprensa, os grupos de esquerda sofriam fortes repressões e foram criadas
instituições para lutar contra eles, como o Departamento de Operações Internas (DOI)
e o Centro de Operação da Defesa Interna (CODI). Estes órgãos eram utilizados
como centros de aprisionamento e tortura e estavam localizados nas principais
cidades do Brasil.

Geisel e o início da abertura política

Geisel (1974-79) iniciou seu governo com uma abertura política lenta, gradual e
segura. Na prática, isso significava a transição para um regime democrático,
mantendo os grupos de oposição e movimentos populares excluídos dos processos

35
de decisão política. Essa transição também tinha como razão o desgaste das Forças
Armadas após anos de repressão, violência e restrição à liberdade.

As violações aos direitos humanos e repressões violentas continuaram apesar do


início da abertura. O caso mais grave ocorrido durante o governo de Geisel, como já
mencionamos, foi a tortura e morte do jornalista Vladimir Herzog, em 1975. Esse
episódio gerou grande comoção popular, mas Geisel não tomou providências para
punir os responsáveis.

A crise econômica também se agravou e em 1978 operários metalúrgicos do ABC


iniciaram o maior ciclo de greves da história do Brasil.

Diversos setores da sociedade começaram a se mobilizar e denunciar as atrocidades


cometidas pelo governo, a situação ficava ainda mais insustentável para a
manutenção da Ditadura Militar no Brasil. Diante da pressão da população e do
surgimento de movimentos contrários ao regime, em 1978, o presidente revogou
diversos decretos-lei, inclusive o AI 5.

Em termos de investimento, no governo do Geisel, foram registrados os mais altos


aportes em infraestrutura e industrialização desde o início da ditadura militar,
atingindo 23,3% do PIB. Esse é um valor alto se considerado o investimento no início
do regime – de 15%. Alguns dos exemplos desses investimentos foram a
Transamazônica, a Ponte Rio-Niterói, as Usinas Nucleares de Angra e a hidrelétrica
de Itaipu.

Figueiredo e a Lei da Anistia

O Governo de Figueiredo (1979-85) durou 6 anos e colocou fim ao período ditatorial.


Em 1979, foi promulgada a Lei de Anistia. Aos poucos, presos políticos foram sendo
libertados e os exilados voltaram ao país.

Uma polêmica sobre a Lei de Anistia é que ela excluía os guerrilheiros condenados
por atos terroristas, mas incluía os agentes de repressão policial e militar,
responsáveis por violações aos direitos humanos, como torturas e mortes.

A partir desse momento, tornou-se possível a criação de novos partidos políticos,


muitos desses existem até hoje. Mas essa abertura do final do regime não era aceita

36
por todos os militares, algumas alas desejavam manter a ordem vigente. Considerado
um ato de terrorismo, militares contrários à abertura explodiram uma bomba num
centro de convenções no Rio de Janeiro durante uma comemoração ao dia do
trabalho, em 1981. Neste caso também não houve investigações ou punições.

Ao final do mandato de Figueiredo, a população mobilizou-se pela realização das


eleições diretas, pois segundo a Constituição, o sucessor seria eleito pelo Congresso.
As demandas, no entanto, não foram atendidas. Tancredo Neves foi eleito por voto
indireto e somente em 1989 a população brasileira teve o direito de votar diretamente
para a presidência.

Diretas Já!
Manifestações pelas eleições diretas para a presidência da
República no Plenário da Câmara dos Deputados.
Durante a ditadura militar, motivados por ideais socialistas, foram criados grupos
armados de esquerda que acreditavam que outro sistema poderia resolver as
injustiças sociais geradas pelo capitalismo. Esse não foi um movimento exclusivo do
Brasil, as revoluções armadas aconteceram ao longo da história, especialmente
quando “pegar em armas” se mostrava como o único caminho possível para lutar
contra o autoritarismo do regime militar.
Esses grupos agiam na clandestinidade e muitos guerrilheiros afastaram-se da vida
civil para planejar e executar suas ações. Para combater a luta armada, os militares
utilizaram inúmeros recursos jurídicos, políticos e militares. A tortura foi uma das
formas que o Estado utilizou para conseguir informações sobre esses grupos e suas
estratégias e enfraquecer sua atuação.

A Ditadura Militar no Brasil foi um longo período da nossa história no qual a


democracia foi suprimida por um regime autoritário.

37
É verdade que houve crescimento econômico, porém sem distribuição de renda.
Também é verdade que outras ditaduras na América Latina foram mais violentas do
que aqui. Entretanto, sabe-se que este foi um período de restrição das liberdades de
expressão, e que a violência e a tortura foram utilizadas como a principal forma de
repressão. Apesar de página dura da nossa história, conhecer esse momento político
contribui para o entendimento da nossa sociedade e para prevenir que os valores
democráticos sejam desrespeitados novamente.

38
Nova República (1985 até hoje)

Constituição de 1988: um dos marcos da Nova República

Período e significado

A Nova República é um período da História do Brasil que tem início com o final da
Ditadura Militar (1985) até os dias de hoje. Ou seja, este período começa com a saída
do general Figueiredo da presidência do Brasil e a entrada de um civil no cargo, José
Sarney. Esta fase da História do Brasil também é conhecida como Sexta República.

Esse período retrata nascimento de um novo período democrático, em oposição ao


antigo governo que representava a censura, falta de democracia e repressão aos
movimentos sociais.

39
Esse período da história política brasileira, conhecido como Nova República,
teve em início em 1985 com eleição indireta de Tancredo Neves para
presidente no Colégio Eleitoral. O vice de Tancredo, José Sarney, fora
ligado ao regime militar. Até pouco tempo antes, era presidente da Arena,
partido de sustentação da ditadura, e do PDS, herdeiro daquela legenda.

orém, diante de divergências com relação ao processo sucessório, Sarney


e outros militantes do partido contrários à indicação de Paulo Maluf a
candidato à Presidência da República saíram do PDS e criaram a Frente
Liberal, futuro PFL e atual DEM. A Frente Liberal indicou Sarney para
compor a chapa com Tancredo, do PMDB, formando a Aliança
Democrática.

Problemas de saúde impediram Tancredo de tomar posse, o que foi feito


por Sarney. Semanas depois, com a morte do presidente eleito, Sarney foi
confirmado no cargo. Foi uma saída política para evitar que novas eleições
fossem marcadas. Havia o temor de uma crise política e de um possível
retorno dos militares. A “Nova” República nasceu sob o signo do velho, de
um ex-colaborador do regime militar, que construiu sua carreira à sombra
da ditadura.

Assembléia Constituinte
O mandato de Sarney foi extremamente conturbado e ambíguo. Vários
ministros tinham sido aliados da ditadura, assim como o presidente. Na
economia, a crise provocou uma verdadeira convulsão social, com diversas
mobilizações pelo país. Para reprimi-las, Sarney fez uso do arcabouço
autoritário da ditadura, ou seja, dos dispositivos legais que não tinham sido
abolidos com o fim do regime militar.
Do ponto de vista político, seu governo manteve uma relação clientelística
com os parlamentares, negociando cargos, liberando verbas e concedendo
emissoras de rádio e TV em troca de apoio. Assim, o presidente conseguiu
aprovar a polêmica extensão de seu mandato, prorrogado em mais um
ano. O próprio Sarney foi acusado de corrupção por uma CPI.

40
Na economia, seu governo foi marcado pela inflação descontrolada, por graves
problemas nas contas públicas, pela moratória ao FMI e por planos que tentaram
resolver os desajustes econômicos. No total, foram 4: Cruzado 1 e 2, Bresser e Verão.
Com eles o Brasil mudou de moeda duas vezes, passando de Cruzeiro para Cruzado
e depois para Cruzado Novo. Apesar de algum sucesso inicial, todos fracassaram.
Em 1987, a inflação era de 20% ao mês.

O Congresso Nacional foi transformado em Assembleia Constituinte. Os


parlamentares eleitos em 1986 ficaram responsáveis por elaborar a nova
Constituição, aprovada dois anos depois, num processo democrático em que a
sociedade organizada pode apresentar sugestões (foram 120 no total). A Constituição
trouxe uma série de mudanças importantes, tais como:

• definição dos crimes de tortura e ação armada como inafiançáveis e insuscetíveis


de graça ou anistia;
• instituição de jornada de trabalho de 44h semanais;
• criação do seguro-desemprego e do FGTS;
• ampliação da licença maternidade para quatro meses;
• garantia do direito de greve;
• estabelecimento de vários direitos coletivos e individuais;
• extensão do direito de voto para analfabetos, cabos e soldados.

Impeachment

Em 1989, o Brasil elegeu seu primeiro presidente pelo voto direto depois de quase 30
anos, Fernando Collor de Mello. Em seu curto governo, Collor lançou dois planos
econômicos, mudando a moeda do país para Cruzeiro novamente. No final de 1990,
a inflação acumulada em um ano tinha passado de 1000%. O plano Collor 1 confiscou
os depósitos em poupança acima de 50 mil cruzeiros de todos os brasileiros. Com
seu fracasso, veio o Collor 2, que igualmente não conseguiu controlar os desajustes
econômicos.

Em 1992 surgiram as primeiras denúncias de corrupção envolvendo o presidente da


República, sua esposa, seu ex-tesoureiro de campanha, Paulo César Farias, além de

41
amigos e ministros. Era a chamada “República de Alagoas”, em alusão ao estado de
origem do presidente. Uma CPI foi criada para investigar as denúncias e Collor foi
afastado do cargo. Em dezembro, ele renunciou à Presidência. Mesmo assim, o
Senado votou por seu “impeachment” e pela suspensão de seus direitos políticos.

Plano Real
Com a saída de Collor assumiu o vice Itamar Franco, que fez um curto governo de
coalizão nacional, visando superar a crise política deixada pelo ex-presidente. Itamar
teve sucesso em atrair para o governo quase todas as forças políticas da época,
fazendo uma transição pacífica para seu sucessor, Fernando Henrique Cardoso.

FHC era ministro da Fazenda quando o Plano Real foi lançado. Foi o primeiro pacote
econômico a produzir resultados efetivos e duradouros desde os anos 1980. Seu
sucesso foi determinante para a vitória de FHC em 1994. O Brasil mudou novamente
de moeda: de Cruzeiro para Cruzeiro Real e depois para Real, que permanece até
hoje. Com a estabilização econômica, o país conseguiu melhorar os indicadores
sociais.

O governo FHC deu continuidade às políticas liberais iniciadas por Collor, com a
privatização de grandes empresas públicas. Em 1997 também foi aprovada a
polêmica emenda da reeleição, que permitiu a FHC disputar mais um mandato,
quando derrotou Luiz Inácio Lula da Silva (era a terceira vez consecutiva que Lula se
candidatava ao cargo e perdia).

Em 2002, Lula foi eleito presidente da República. Seu governo manteve a estabilidade
política e econômica alcançada nos anos anteriores. Com as bases lançadas por
Itamar e FHC, Lula pode aprofundar várias conquistas, ampliando e redirecionamento
programas sociais. Do ponto de vista econômico, o Brasil se beneficiou de um bom
momento internacional, o que lhe permitiu projetar-se como um país importante, com
ativa participação e liderança em fóruns no exterior.

Em seu primeiro mandato, Lula enfrentou uma grave crise política, o chamado
mensalão, com denúncias de corrupção que atingiam seu partido, o PT, e alguns de
seus principais auxiliares. Apesar da crise, foi reeleito e conquistou altos índices de
aprovação pessoal e de governo até o final do mandato. Em 2010, conseguiu fazer a

42
sucessora, Dilma Rousseff. Sua vitória, ocorrida no momento em que a Nova
República completava 25 anos, evidenciou a consolidação do regime democrático no
Brasil.

Impeachment de Dilma Rousseff

O impeachment de Dilma Rousseff consistiu em uma questão processual aberta com


vistas ao impedimento da continuidade do mandato de Dilma Rousseff como
presidente da República Federativa do Brasil.[1] O processo iniciou-se com a
aceitação, em 2 de dezembro de 2015, pelo presidente da Câmara dos Deputados,
Eduardo Cunha, de uma denúncia por crime de responsabilidade oferecida pelo
procurador de justiça aposentado Hélio Bicudo e pelos advogados Miguel Reale
Júnior e Janaina Paschoal,[2][3] e se encerrou no dia 31 de agosto de 2016, resultando
na cassação do mandato de Dilma. Assim, Dilma Rousseff tornou-se a segunda
pessoa a exercer o cargo de Presidente da República a sofrer impeachment no Brasil,
sendo Fernando Collor o primeiro em 1992.

As acusações versaram sobre desrespeito à lei orçamentária e à lei de improbidade


administrativa por parte da presidente, além de lançarem suspeitas de envolvimento
da mesma em atos de corrupção na Petrobras, que eram objeto de investigação pela
Polícia Federal, no âmbito da Operação Lava Jato.[4] Havia, no entanto, juristas que
contestavam a denúncia dos três advogados, afirmando que as chamadas
"pedaladas fiscais" não caracterizaram improbidade administrativa e que não existia
qualquer prova de envolvimento da presidente em crime doloso que pudesse justificar
o impeachment.

A partir da aceitação do pedido, formou-se uma comissão especial na Câmara dos


Deputados, a fim de decidir sobre a sua admissibilidade. O roteiro começou com os
depoimentos dos autores do pedido e teve seguimento com a apresentação da defesa
de Dilma. Enquanto isso, manifestações de rua a favor e contra o impedimento
ocorriam periodicamente em todo o país.

O relatório da comissão foi favorável ao impedimento da presidente Dilma: 38


deputados aprovaram o relatório e 27 se manifestaram contrários. [12] Em 17 de abril,
o plenário da Câmara dos Deputados aprovou o relatório com 367 votos favoráveis e
137 contrários.

43
O parecer da Câmara foi imediatamente enviado ao Senado, que também formou a
sua comissão especial de admissibilidade, cujo relatório foi aprovado por 15 votos
favoráveis e 5 contrários.

Em 12 de maio o Senado aprovou por 55 votos a 22 a abertura do processo,


afastando Dilma da presidência até que o processo fosse concluído. Neste momento,
o vice-presidente Michel Temer assumiu interinamente o cargo de presidente.

Em 31 de agosto de 2016, Dilma Rousseff perdeu o cargo de Presidente da República


após três meses de tramitação do processo iniciado no Senado, que culminou com
uma votação em plenário resultando em 61 votos a favor e 20 contra o
impedimento.[15] Porém, em seguida, o Senado rejeitou, por 42 votos a 36, a
inabilitação de Dilma para exercer cargos públicos por oito anos, conforme previa a
constituição.

44
Bibliografia:
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.
1995.

LINHARES, Maria Yedda (ORG.). História Geral do Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier,
2000.

Arquivado em: Brasil Republicano, História do Brasil

Ditadura militar e democracia no Brasil: história, imagem e testemunho /


organização Maria Paula Araujo, Izabel Pimentel da Silva, Desirree dos Santos. – 1.
ed. – Rio de Janeiro : Ponteio, 2013.

DEL ROIO, Marcos. Resenha de: SAES, Décio. República do capital: capitalismo e
processo político no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2001, 136 p. São Paulo, Boitempo,
v.1, n. 14, 2002, p. 175-179. Palavras-chave: Capitalismo; Política; Brasil.

45

Você também pode gostar