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Atividade Avaliativa de História- Maria Clara Rosete, 242

Periodização da Primeira República


A Primeira República, conforme já mencionado, estendeu-se de 1889 a 1930. Um
período específico da Primeira República que foi de 1889 a 1894, também é
conhecido como República da Espada. Esse nome se deve ao fato de que os
dois presidentes brasileiros (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto) foram
militares. A República da Espada, porém, é um período incorporado à Primeira
República.
Toda a Primeira República pode ser dividida em três grandes fases, conforme
estabelece o professor Marcos Napolitano|1|:
 Consolidação (1889-1898): período marcado pela consolidação das
estruturas políticas e econômicas da Primeira República. Foi assinalado
por crises na política e na economia.
 Institucionalização (1898-1921): período no qual a estrutura política da
Primeira República estava devidamente consolidada. Aqui se definiram
políticas como a dos governadores e do café com leite.
 Crise (1921-1930): período no qual as estruturas políticas da Primeira
República entraram em crise por conta da incorporação de novos atores na
política brasileira. Conflitos entre as oligarquias também contribuíram
para o fim da Primeira República.
Mapa Mental - Primeira República

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Características da Primeira República
A Primeira República, além de República Velha, é muito conhecida também
como República Oligárquica e isso porque esse período ficou marcado pelo
predomínio das oligarquias sobre nosso país. As oligarquias eram forças
políticas que baseavam o seu poder em suas posses, isto é, na terra (os oligarcas
eram, em geral, grandes proprietários de terra).
O predomínio das oligarquias sobre a política do Brasil começou a ser
consolidado a partir de 1894, quando Prudente de Morais foi eleito presidente. A
eleição de Prudente de Morais também marcou o fim do citado período
conhecido como República da Espada. O predomínio das oligarquias resultou em
algumas características que são consideradas grandes marcas da Primeira
República.
Essas características são o mandonismo, o clientelismo e o coronelismo. Essas
três simbolizam o poder das elites agrárias do país manifestado na posse de
terras, além de manifestar o poder dos coronéis sobre as regiões interioranas do
Brasil e a troca de interesse, elemento fundamental para a sustentação das
oligarquias no poder.
Outras características muito importantes desse período foram as políticas que
sustentavam as estruturas no âmbito político do Brasil. Aqui estamos falando da
política dos governadores e da política do café com leite. Essas políticas foram
muito importantes, porque reduziram os conflitos entre as oligarquias, mas não
acabaram com eles.
 Política dos governadores
A política dos governadores, também conhecida como política dos estados, foi
criada durante o governo de Campos Sales, presidente do Brasil entre 1898 e
1902. Foi com a política dos governadores que o funcionamento político
brasileiro na Primeira República foi estruturado. Por meio dessa política, foi
possível realizar uma aliança entre executivo e legislativo.
O historiador Boris Fausto definiu os objetivos da política dos governadores da
seguinte maneira:
Seus objetivos podem ser assim resumidos: reduzir ao máximo as disputas
políticas no âmbito de cada Estado, prestigiando os grupos mais fortes; chegar a
um acordo básico entre a União e os Estados; pôr fim à hostilidade existente
entre Executivo e Legislativo, domesticando a escolha dos deputados|2|.
Na prática, essa política funcionava da seguinte maneira: o Governo Federal
daria apoio à oligarquia mais poderosa de cada Estado. Em troca, o governo
exigia que cada oligarquia apoiasse as propostas do Governo Federal no
legislativo.
Assim, as oligarquias deveriam eleger deputados dispostos a atuar em favor do
governo no legislativo. Com o apoio à oligarquia mais poderosa, o Governo
Federal esperava que os conflitos políticos respingassem o mínimo possível no
âmbito federal e ficassem reduzidos apenas ao âmbito estadual.
O funcionamento da política dos governadores dependia consideravelmente da
figura do coronel, pois seria ele que, a nível regional, mobilizaria os votos
necessários para eleger os candidatos certos, de acordo com o interesse de cada
oligarquia.
O coronel usava seu poder financeiro para pressionar as pessoas a votar em
determinado candidato. Essa intimidação dos eleitores é conhecida como “voto
de cabresto”. Além da intimidação, a fraude das atas que registravam os votos
eram uma prática comum.
 Política do café com leite
A política do café com leite é um conceito clássico quando nos referimos à
Primeira República. Essa política ganhou força no Brasil, sobretudo a partir de
1913, com a assinatura do Pacto de Ouro Fino, entre as oligarquias de São Paulo
e Minas Gerais. Esse conceito refere-se ao revezamento dos candidatos
lançados à presidência por essas duas oligarquias.
Segundo esse pacto, paulistas e mineiros alternavam-se na presidência da
República. O nome “café com leite” faz referência ao fato de que São Paulo era o
maior produtor de café do Brasil, enquanto que Minas Gerais era o maior
produtor de leite.
O uso desse conceito para explicar a Primeira República tem sido criticado pelos
historiadores, porque as oligarquias mineira e paulista eram importantes, mas o
funcionamento jogo político desse período não passava exclusivamente por elas,
uma vez que existiam outras oligarquias no país.
Economia da Primeira República
No campo econômico, o Brasil seguiu com grande dependência do café. O
grande produtor dele no Brasil era o estado de São Paulo. No começo do século
XX, os cultivadores começaram a aumentar a quantidade de café produzida, o
que acarretou a queda do preço desse produto, uma vez que o mercado ficou
abarrotado com a mercadoria. Visando a defender seus interesses, os
cafeicultores reuniram-se no Convênio de Taubaté.
Nesse convênio, decidiu-se que o governo brasileiro compraria o excedente de
sacas de café com o objetivo de controlar o preço desse produto no mercado
internacional. Isso garantiria os lucros dos fazendeiros e resolveria a questão do
preço do café. Além disso, decidiu-se que o Estado realizaria um empréstimo de
15 milhões de libras para conseguir realizar a compra do excedente dessas sacas.
Na Primeira República também aconteceu um pequeno desenvolvimento
industrial, sobretudo no estado de São Paulo. O desenvolvimento industrial
em São Paulo foi, em parte, financiado pela prosperidade do negócio cafeeiro e a
cidade de São Paulo concentrou grande parte desse crescimento industrial.
As indústrias receberam um grande número de trabalhadores imigrantes e o
crescimento industrial resultou no surgimento do movimento operário do Brasil,
sobretudo a partir de 1917, quando aconteceu a Revolução Russa.
Decadência da Primeira República
A Primeira República iniciou sua fase decadente na década de 1920. A entrada de
novos atores na política nacional, como os tenentistas, contribuiu para seu fim. O
desgaste do pacto que mantinha as oligarquias minimamente em paz também
contribuiu para o fim desse período da história brasileira. Na década de 1920, os
tenentistas foram uma força que abalou a estrutura da Primeira República.
Isso aconteceu porque os tenentistas reivindicavam o fim das estruturas
oligárquicas que estavam estabelecidas no país. Ao longo da década de 1920, os
tenentistas realizaram uma série de revoltas por todo o país como a Revolta
dos 18 do Forte de Copacabana, a Revolta Paulista de 1924 e a Coluna Prestes.
Importante mencionar que a Primeira República foi um período marcado por
tensões sociais que resultaram em conflitos por diferentes regiões do Brasil.
Aqui podemos citar a Guerra de Canudos, Revolta da Armada, Guerra do
Contestado, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata etc. Leia este texto para saber
mais sobre revoltas da Primeira República.
O estopim para o fim da Primeira República foi a eleição presidencial de
1930. Naquela ocasião, o presidente Washington Luís resolveu romper com o
Pacto de Ouro Fino e em vez de lançar um candidato mineiro optou por lançar
Júlio Prestes, candidato paulista. Isso desagradou profundamente a oligarquia
mineira que se aliou à oligarquia gaúcha e aos tenentistas, e juntos lançaram
Getúlio Vargas como candidato presidencial.
Getúlio Vargas foi derrotado, mas membros de sua chapa eleitoral,
inconformados com a derrota, começaram a conspirar contra o governo. A
desculpa utilizada pelos membros da Aliança Liberal (chapa de Vargas) para
iniciar uma revolta armada contra o governo foi o assassinato de João Pessoa,
vice-presidente de Vargas. O assassinato de João Pessoa, porém, não teve relação
com a disputa eleitoral entre Júlio Prestes e Vargas.
A revolta contra o governo, nomeada como Revolução de 1930, iniciou-se em 3
de outubro de 1930, e, no mesmo mês, no dia 24, resultou na deposição de
Washington Luís da presidência. Júlio Prestes foi impedido de assumir a
presidência do país e, em novembro do mesmo ano, Getúlio Vargas foi
empossado como presidente provisório do país. Esse era o fim da Primeira
República, e o início da Era Vargas, período que se estendeu por quinze anos.

Durante o período imperial brasileiro, uma série de revoltas eclodiram com a


intenção de questionar a ordem vigente. Ainda no Primeiro Reinado, em 1824,
eclodiu a Confederação do Equador, que se expandiu pelas províncias de
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, profundamente insatisfeitas
com as políticas centralizadoras do imperador e com a Constituição de 1824.
O movimento sofreu influência dos pensamentos iluministas que chegavam da
Europa e das próprias revoluções liberais de 1820 que ocorriam no velho
continente, logo, os revoltosos brasileiros defendiam a emancipação das
províncias do nordeste, a criação de uma Constituição liberal, a abolição da
escravidão (por uma parcela do movimento) e a criação de uma república.
Já com o fim do Primeiro reinado e o início do Período Regencial, algumas
mudanças foram realizadas na administração do Império, sobretudo por grupos
de tendências liberais que desejavam maior autonomia das províncias. Assim, a
abertura política e a autonomia cedida às províncias durante o período regencial
marcou a eclosão de diversas revoltas que colocaram em risco a unidade
territorial brasileira. Tivemos cinco revoltas principais: Cabanagem, Farroupilha,
Malês, Balaiada e Sabinada.

Cabanagem
A Cabanagem foi uma revolta popular extremamente violenta, ocorrida de 1835 a
1840, na província do Grão-Pará.
A rebelião tinha como objetivo a independência da região.
Nos anos de 1835-1840, o Império do Brasil vivia o período regencial.
Dom Pedro I havia abdicado em favor do seu filho que tinha apenas cinco anos.
Por isso, foi instituída a regência para governar o país.
Contudo, várias províncias não estavam satisfeitas com o poder centralizado e
desejavam ter mais autonomia. Algumas, inclusive, queriam separar-se do
Império do Brasil.
Insurreições como a Farroupilha, Balaiada e Sabinada, explodiram em todo
território brasileiro.

Grão-Pará
A província do Grão-Pará compreende os atuais estados de Amazonas, Pará,
Amapá, Roraima e Rondônia.
O Grão-Pará tinha mais contato com Lisboa do que com o Rio de Janeiro. Por
isso, foi uma das últimas a aceitar a independência, só fazendo parte do Império
brasileiro em 1823.
A Revolta da Cabanagem teve um alcance considerável e se espalhou pelos rios
Amazonas, Madeira, Tocantins e seus afluentes.
Curiosamente, o nome deste movimento é um termo pejorativo e se refere às
habitações típicas da província, construídas como "cabanas" ou "palafitas".
Dentre as principais causas da revolta podemos apontar:
 As disputas políticas e territoriais, motivadas pelas elites do Grão-Pará;
 as elites provinciais queriam tomar as decisões político-administrativas da
província;
 descaso do governo regencial para com os habitantes do Grão-Pará;
 os cabanos, por sua parte, queriam melhores condições de vida e trabalho.
Vale citar que, sobre isso, as referidas elites tomaram proveito da insatisfação
popular para sublevar as populações contra o governo regencial.

A revolta
No governo de D. Pedro I, os proprietários e comerciantes estavam insatisfeito
com o tratamento recebido por parte do governo central.
Além disso, sofriam com a repressão do Governador Bernardo Lobo de Sousa
desde 1833, que ordenou deportações e prisões arbitrárias para quem se opusesse
a ele.
Assim, em agosto de 1835, os cabanos se amotinam, sob a liderança dos
fazendeiros Félix Clemente Malcher e Francisco Vinagre, culminando na
execução do Governador Bernardo Lobo de Sousa.
Em seguida, indicam Malcher para presidente da província. Na ocasião, os
revoltosos se apoderaram dos armamentos legalistas e se fortaleceram ainda
mais.
Contudo, Clemente Malcher se revela um farsante e tenta reprimir os revoltosos,
mandando prender Eduardo Angelim, um dos líderes do movimento. Após um
sangrento conflito, Malcher é morto pelos “cabanos” e substituído por Francisco
Pedro Vinagre.
Em julho 1835, o então presidente da província recém-conquistada, aceita sua
rendição mediante a anistia geral dos revolucionários e por melhores condições
de vida para a população carente. Contudo, é traído e preso.
A luta na praça da Sé foi uma das mais sangrentas da Cabanagem
Inconformado, seu irmão, Antônio Vinagre, reorganiza as forças militares da
cabanagem e ataca o Palácio de Belém, conquistando-o novamente em 14 de
agosto 1835.
Na ocasião, Eduardo Angelim é feito presidente de um governo republicano
independente. No entanto, o desacordo entre os líderes do movimento enfraquece
a revolta e facilitaram o contra-ataque legalista.
Assim, em 1836, enviado pelo regente Feijó, o Brigadeiro Francisco José de
Sousa Soares de Andréa, comandante mor das forças regenciais do Grão-Pará,
autoriza a guerra total aos cabanos. Ele ordena o bombardeio à Belém e aos
assentamentos da cabanagem.
Desse modo, com a ajuda de mercenários estrangeiros e soldados imperiais, a
revolta é sufocada. Eduardo Angelim é capturado e enviado ao Rio de Janeiro.
Por fim, em 1840, a maior parte dos revoltosos já havia se dispersado ou tinham
sido presos e mortos, devido às perseguições, que seguiram mesmo após 1836.
Com a ascensão de Dom Pedro II ao trono, em 1840, os prisioneiros foram
anistiados.
Consequências
Embora a perseguição tenha sido violenta, alguns revolucionários conseguiram
escapar e fugiram para a floresta, o que permitiu a sobrevivência dos ideais da
cabanagem mesmo após sua derrota.
A Cabanagem deixou uma carnificina de mais de trinta mil mortos quase 30 a
40% de uma população da província. Dizimou populações ribeirinhas,
quilombolas, indígenas, bem como membros da elite local.
Também desorganizou o tráfico de escravos e os quilombos se multiplicaram na
região.
Curiosidades
 As mulheres foram fundamentais na Cabanagem, pois eram elas que
levavam informações e comida para o bando revoltado.
 A Cabanagem foi uma das poucas revoltas do período regencial que
congregou várias classes sociais.
 Em Belém existe o Memorial da Cabanagem que abriga os restos mortais
dos líderes da revolta.
 Em 2016, a Cabanagem inspirou um musical, escrito por Valdecir Manuel
Affonso Palhares e com música de Luiz Pardal e Jacinto Kahwage.

Farroupilha
Guerra dos Farrapos
Guerra dos Farrapos foi motivada, principalmente, pela insatisfação dos
estancieiros e charqueadores gaúchos com os altos impostos cobrados pelo
governo imperial.

A Guerra dos Farrapos, também conhecida como Revolta dos Farrapos ou


Revolução Farroupilha, foi uma das revoltas provinciais que aconteceram no
território brasileiro durante o Período Regencial. Ela ganhou notoriedade pelo
maior tempo de duração (10 anos), e, além disso, foi uma das que apresentaram
maior ameaça à integridade territorial brasileira.
Organizada como um movimento da elite gaúcha, a Guerra dos Farrapos
encerrou-se após a negociação de paz dos estancieiros gaúchos com o governo.
Os termos da rendição ficaram conhecidos como Tratado do Poncho Verde.
Causas

Em setembro de 1836, os farrapos declararam a separação do Rio Grande do Sul


do Brasil e a fundação da República de Piratini. [1]
A Guerra dos Farrapos aconteceu, principalmente, por causa da insatisfação dos
estancieiros gaúchos com a política fiscal do governo brasileiro. No século
XIX, a província do Rio Grande do Sul tinha como principal produto o charque
(carne-seca), que era vendido como principal alimentação dos escravos no
Sudeste e Nordeste do Brasil.
O charque era produzido pelos charqueadores, que compravam a carne bovina
dos estancieiros, os criadores de gado do Rio Grande do Sul. A grande
insatisfação destes estava relacionada com a cobrança de impostos realizada pelo
governo sobre a produção de charque da região. O charque gaúcho recebia uma
pesada taxa de cobrança, enquanto o que era produzido pelos uruguaios e
argentinos tinha uma taxação diminuta.

Esse quadro tornava o produto gaúcho menos competitivo, uma vez que seu
preço era maior. A principal exigência dos estancieiros era que o charque
estrangeiro fosse taxado para tornar a concorrência entre o produto nacional e o
estrangeiro mais justa. No entanto, outras razões ajudam a entender o início dessa
revolta:
 Insatisfação com a taxação sobre o gado na fronteira Brasil–Uruguai;

 Insatisfação com a negativa do governo em assumir os prejuízos causados
por uma praga de carrapatos que atacou o gado na região em 1834;
 Insatisfação com a centralização do governo e a falta de autonomia da
província;
 Circulação dos ideais federalistas e republicanos na região.
 A soma desses fatores levou os gaúchos a rebelarem-se contra o governo
central em 20 de setembro de 1835. Em um primeiro momento, a revolta
não tinha caráter de separatismo, mas, à medida que a situação avançou, a
saída separatista ganhou força.

Resumo dos acontecimentos


Como vimos, a revolta realizada pelos farrapos iniciou-se em 20 de setembro de
1835 e espalhou-se por parte considerável do território do Rio Grande do Sul.
Entretanto, o anúncio da separação da província só aconteceu em setembro de
1836, dando origem à República Rio-Grandense, também conhecida como
República de Piratini.
A Guerra dos Farrapos teve como líder o estancieiro Bento Gonçalves, que,
inclusive, foi o presidente da República Rio-Grandense por algum tempo. Outros
nomes importantes foram o do italiano Giuseppe Garibaldi e o do militar
brasileiro David Canabarro. Ambos foram responsáveis por levar a guerra
contra o império para a província de Santa Catarina, fundando lá a República
Juliana, em julho de 1839.
Giuseppe Garibaldi foi um dos grandes nomes da Guerra dos Farrapos e teve
papel expressivo na fundação da República Juliana, em 1839.
A República Juliana, no entanto, teve curta duração, pois essa região foi
retomada pelo governo imperial em novembro do mesmo ano. A Guerra dos
Farrapos, apesar da sua longa duração e da sua extensão para outra província do
Sul do Brasil, teve, em geral, combates de baixa intensidade. Isso é perceptível,
pois, ao longo de 10 anos, cerca de três mil pessoas morreram (a Cabanagem, por
exemplo, em cinco anos, resultou em 30 mil mortos).
Um ponto importante é que não há consenso entre os historiadores sobre se os
farrapos queriam de fato separar-se do Brasil ou se apenas queriam garantir mais
autonomia para sua província. Outro ponto que merece ser considerado é que a
luta dos farrapos não contou com o apoio de toda a população gaúcha (a cidade
de Porto Alegre, por exemplo, não os apoiou), pois, conforme afirma Boris
Fausto:
[…] a revolta não uniu todos os setores da população gaúcha. Ela foi preparada
por estancieiros da fronteira e algumas figuras da classe média das cidades,
obtendo apoio principalmente nesses setores sociais. Os charqueadores que
dependiam do Rio de Janeiro — maior centro consumidor brasileiro de charque e
de couros — ficaram ao lado do governo central.
Os combates concentraram-se em confrontos de cavalaria, dos quais pode-se
destacar a vitória dos farrapos na Batalha de Seival. No entanto, à medida que a
reação imperial consolidava-se, os farrapos perderam força e partiram para a
guerra de guerrilha. O professor e jornalista gaúcho Juremir Machado da Silva
afirma que os farrapos assumiram essa estratégia a partir de 1842, quando,
segundo ele, o conflito já estava liquidado a favor do Império Brasileiro.
Para conter a revolta na província do Rio Grande do Sul, o governo brasileiro
nomeou Luís Alves de Lima e Silva, o Barão de Caxias (futuro Duque de
Caxias). A ação de Caxias à frente de 12 mil homens foi muito eficiente, pois
conseguiu sufocar os farrapos com ações militares estratégicas e, com a
diplomacia, levá-los à negociação.

Fim da Guerra dos Farrapos


A paz foi assinada no Tratado de Poncho Verde, em que os farrapos colocaram
fim na revolta e, na condição de derrotados, aceitaram os termos propostos pelo
governo.
O acordo realizado entre o governo brasileiro e os farrapos estipulou:
 Taxação em 25% sobre o charque estrangeiro;
 Anistia para os envolvidos com a revolta;
 Incorporação dos militares dos farrapos ao exército imperial, mantendo
sua patente;
 Os provincianos teriam direito de escolher o próprio presidente de
província (entretanto, isso não foi cumprido);
 Os escravos que lutaram do lado dos farrapos seriam alforriados (item
também não cumprido).
Revolta dos Malês
Revolta dos Malês é conhecida por ter sido a maior revolta de escravos da
história brasileira, mobilizando 600 africanos escravizados que lutaram pela sua
liberdade.

A Revolta dos Malês foi a maior revolta de escravos do Brasil e aconteceu em


Salvador, na Bahia.*
A escravidão foi uma instituição que existiu no Brasil durante mais de 300 anos,
e indígenas, africanos e seus descendentes foram escravizados ao longo desse
período. A história da escravização é também a história das fugas, das lutas, isto
é, da resistência em geral daqueles que foram escravizados.
O Brasil foi o país que recebeu o maior número de africanos escravizados: quase
cinco milhões. Isso significa que, ao longo dos séculos, a resistência contra a
escravidão manifestou-se de diversas maneiras, e locais como o Quilombo dos
Palmares foram transformados em um dos grandes símbolos de luta.

As revoltas de escravos também foram uma das formas de resistência


extremamente comuns e aconteceram em todo o país. Poderiam ser violentas e
resultarem na morte de senhores de escravos e suas famílias, e muitas
procuravam a subversão da ordem. Quanto mais escravos presentes em uma
região, maiores as chances de que revoltas acontecessem, e a Bahia do começo
do século XIX ficou marcada por isso.

Bahia escravista do século XIX


A Bahia do começo do século XIX ficou marcada por um grande número de
revoltas de escravos. A Bahia também foi um dos estados que mais recebeu
africanos escravizados pelo tráfico negreiro. Desses, os dois principais grupos
eram os nagôs (iorubás) e os haussás. A quantidade de revoltas de escravos está
diretamente relacionada com o alto número de escravos naquela província.
A grande presença de nagôs e haussás também contribui para isso, pois eram
povos que tinham histórico recente de envolvimento com guerras. Assim, a Bahia
da primeira metade do século XIX abrigou trinta revoltas de escravos, sendo
que metade dessas aconteceu na década de 1820.|1| Uma das primeiras agitações
desse período foi a Revolta de 1807.
Esse levante foi descoberto antes de ser iniciado, e sua descoberta aconteceu no
mês de maio de 1807. Os escravos que se organizavam tinham em seus planos a
realização de ataques contra igrejas católicas e suas imagens e queriam
instalar uma autoridade muçulmana no poder de Salvador. Depois planejavam
conquistar outros locais do Nordeste.
Inúmeras revoltas aconteceram nos anos seguintes, mas a história da resistência e
das revoltas escravas ficou marcada pela Revolta do Malês, que aconteceu em
Salvador, em 1835, e mobilizou 600 escravos em busca de sua liberdade. O
temor causado por essa insurreição ficou gravado no imaginário dos senhores que
temiam que uma nova ação desse tipo acontecesse no Brasil.
Participantes
A Revolta do Malês aconteceu em Salvador e passou-se na madrugada do dia 25
de janeiro de 1835. Naquela época, essa capital era uma das principais cidades
escravistas do Brasil e possuía apenas 22% de sua população formada por
brancos livres. Os escravos africanos (e seus descendentes) eram 40% da
população total da cidade que, na época, era de 65 mil habitantes.|2|
Foi nesse cenário que se deu a maior revolta de escravos do Brasil. Os
participantes da Revolta dos Malês foram na sua maioria nagôs, mas sabe-se
também que o levante contou com a participação de africanos haussás e tapas
(conhecidos também como nupes). A maioria dos envolvidos era muçulmana,
mas muitos também eram adeptos de religiões de matriz africana.
O envolvimento dos muçulmanos foi algo marcante nesse acontecimento e
evidenciou o papel da religião na luta por transformação social. A importância
dos muçulmanos foi tão grande que influenciou na forma como essa revolta foi
chamada. A palavra malês é oriunda de imalê, expressão que no idioma Iorubá
significa muçulmano.
A revolta contou com a participação de 600 africanos escravizados, e os líderes
dela combinaram para que ela acontecesse no final do Ramadã, mês sagrado
para os muçulmanos.

Os participantes da Revolta dos Malês eram todos africanos, e existem


evidências que apontam que, se vitoriosos, os rebeldes pretendiam voltar-se
contra toda a população nascida no Brasil. Os envolvidos também eram
majoritariamente escravos urbanos, e pouquíssimos escravos da lavoura
participaram dessa revolta. Os poucos escravos da lavoura que participaram eram
do Recôncavo Baiano (arredores de Salvador).

Líderes
A Revolta dos Malês teve oito líderes, cuja maioria era nagô. Seus nomes eram
Ahuna; Pacífico Licutan; Sule ou Nicobé; Dassalu ou Damalu; Gustar; Manoel
Calafete (liberto); Luís Sanim; e Elesbão do Carmo ou Dandará. A listagem
desses nomes foi apresentada pelo historiador João José Reis.|3|
Desfecho
A Revolta dos Malês eclodiu abruptamente na madrugada do dia 25 de janeiro,
porque a trama havia sido denunciada e todo o planejamento ruiu-se quando
isso aconteceu. A revolta tinha sido planejada pelos escravos urbanos, que se
aproveitavam da maior liberdade de locomoção que possuíam em relação aos
escravos que trabalhavam na lavoura.
Como mencionado, a revolta teve um forte envolvimento com o islamismo, e isso
ficou perceptível porque os africanos que se rebelaram estavam usando um
abadá branco, traje típico dos muçulmanos. Além disso, muitos deles usavam
amuletos com passagens do Corão escritas em árabe. Eles acreditavam que esses
amuletos protegeriam seus corpos.
Os combates espalharam-se horas a fio pelas ruas de Salvador e resultaram na
morte de 70 dos africanos envolvidos e em nove mortes nas forças que lutavam
contra os rebeldes. A última batalha deu-se em um local de Salvador chamado
Água de Meninos. Muitos dos africanos, encurralados, procuraram fugir pelo
mar e acabaram afogados. A Revolta dos Malês, portanto, fracassou.

Punições
As punições contra os envolvidos foram severas e alcançaram até os libertos que
não se envolveram com a dita revolta. Os punidos sofreram com a prisão, o
açoite, a deportação e a execução. Ao todo, quatro dos envolvidos foram
condenados à morte, sendo eles: Jorge da Cruz Barbosa (Ajahi), Pedro,
Gonçalo e Joaquim. Esses quatro foram executados por fuzilamento.
Essa intentona contribuiu para aumentar a repressão sobre a população de
escravos e libertos em Salvador. Uma lei aprovada naquele ano determinava que
todos os africanos e descendentes suspeitos de envolverem-se com revoltas
escravas seriam deportados para o continente africano. Existem estatísticas que
apontam que houve a deportação de milhares de negros para a África.

Balaiada
Balaiada foi uma revolta popular que aconteceu no Maranhão, entre 1838 e 1841,
em prol dos menos favorecidos. Tinha esse nome por causa dos balaios
fabricados na região.

Na cidade de Caxias, no Maranhão, existe um memorial que recorda a Balaiada,


revolta ocorrida entre 1838 e 1840.

A Balaiada foi uma revolta popular ocorrida na província do Maranhão, entre


1838 e 1841. Seu nome se referia aos balaios, cestos fabricados na região. As
classes menos favorecidas estavam insatisfeitas com a situação precária vivida e
não toleravam mais os desmandos dos líderes locais que governavam a província
de forma autoritária. Os revoltosos entraram em combate contra as tropas do
governo central e foram derrotados. O então coronel Luís Alves de Lima e Silva,
futuro duque de Caxias, liderou as tropas que derrotaram definitivamente a
revolta.

Resumo sobre a Balaiada


 Foi uma revolta popular contra as péssimas condições de vida e os
desmandos dos governantes da província do Maranhão, entre 1838 e 1840.
 Seu nome foi uma referência aos cestos fabricados na região do conflito.
 Os revoltosos entraram em confronto contra as tropas imperiais e foram
derrotados por Luís Alves Lima e Silva, futuro duque de Caxias, em 1840.
 Sua principal consequência foi a garantia da unidade territorial do império
brasileiro.
Objetivos da Balaiada
Os objetivos da Revolta da Balaiada foram:
 melhorar as condições de vida da população mais pobre do Maranhão;
 acabar com as injustiças e as perseguições cometidas pelo governo
maranhense.

Causas da Balaiada
Por conta do Ato Adicional de 1834, as províncias tiveram mais autonomia para
governar, o que motivou a disputa de poder entre grupos regionais. Quem
estava no poder usou de todos os meios autoritários disponíveis para se manter
no governo, enquanto os grupos rivais pegaram em armas para assumir o
comando provincial. Além disso, os graves problemas sociais enfrentados pela
população mais pobre fizeram com que o movimento ganhasse apoio popular.
O Nordeste brasileiro foi diretamente afetado pela crise do açúcar, no final do
século XVIII, quando os holandeses se tornaram grandes concorrentes da
produção açucareira produzida na região. A descoberta das primeiras minas de
ouro nas regiões de Minas Gerais e Goiás transferiu para o centro-sul da
colônia o eixo econômico. Além disso, a capital do Brasil foi transferida de
Salvador, na Bahia, para o Rio de Janeiro, ou seja, a sede administrativa da
colônia ficou mais distante das províncias nordestinas.

Revolta da Balaiada
A princípio, o movimento estava concentrado nas classes dominantes, mas, com
o agravamento da crise social, os mais pobres aderiram à revolta e se uniram às
tropas rebeldes para derrubar o governo provincial. As disputas internas e a
participação da população carente acirraram o embate entre os grupos opostos.
Além disso, a forma autoritária com que a província do Maranhão era governada
motivou o embate armado.
A Balaiada começou em dezembro de 1838, quando o vaqueiro Raimundo
Gomes invadiu a cadeia da cidade maranhense de Vila da Manga para libertar
seu irmão, acusado de assassinato, e outros presos que cumpriam pena. Os
guardas não reagiram ao ataque e aderiram ao movimento. Raimundo procurou
mais aliados para formar uma tropa de rebeldes contra o governo provincial.
Negros fugidos que moravam nos quilombos seguiram os revoltosos sob a
liderança de Cosme Bento, que chefiava um dos quilombos no Maranhão.
Manoel dos Anjos Ferreira era um fabricante de balaios, por isso o nome da
revolta, e se revoltou contra um soldado que havia desonrado uma de suas filhas.
Determinado a se vingar, Ferreira saiu em busca de apoio por onde passava e
organizou um grupo armado que atacava vilas e fazendas da região.
Em 1839, os revoltosos dominaram Vila de Caxias e Vargem Grande, formando
uma junta provisória para governar o território conquistado. Apesar das vitórias
obtidas no começo da revolta, os balaios começaram a perder força logo após a
morte de Manoel dos Anjos Ferreira, alvejado em um dos conflitos contra as
tropas imperiais.
Sabinada
Podemos citar como principais causas da revolta:
 Insatisfação diante da falta de autonomia política e administrativa da
província, pois aos olhos dos revoltosos, o governo regencial era
ilegítimo.
 o recrutamento obrigatório imposto aos baianos em função da Guerra dos
Farrapos.
Principais Características
A Sabinada foi mais uma rebelião do período regencial, junto à Balaiada no
Maranhão, a Cabanagem no Pará e a Farroupilha no Rio Grande do Sul. Porém,
ela se diferencia dos movimentos acima porque não tinha intenção separatista.
A intenção dos revoltosos era apenas constituir uma “República Bahiense” até D.
Pedro II alcançar a maioridade. Portanto, sua insatisfação foi estritamente
dirigida ao governo regencial.
Além disso, é preciso notar que a Sabinada não pretendia romper com a
escravidão, pois desejava o apoio das elites escravocratas, o que não ocorreu.
Entretanto, isso afastou a população escrava, a qual não foi convencida pela
promessa de concessão de liberdade aos que lutassem e apoiassem o governo
republicano.
Desta maneira, o levante contou com a adesão das camadas médias urbanas,
principalmente oficiais militares, funcionários públicos, profissionais liberais,
comerciantes, artesãos e uma parcela das camadas mais pobres da população.

Revolta
Bandeira da República Bahiense utilizada pelos membros da Sabinada
No dia 7 de novembro de 1837, um grupo de revoltosos comandados por
Francisco Sabino se sublevaram em Salvador. Esse grupo conquista a simpatia
das tropas do Forte de São Pedro, as quais aderiram ao movimento e auxiliaram
na conquista da cidade.
Por sua vez, a primeira força legalista enviada para debandar os amotinados
acabou se juntando a eles, engrossando ainda mais suas fileiras.
Assim, com a Câmara Municipal ocupada, Sabino foi nomeado secretário de
governo da “República Bahiana”.
Em seguida, nomeia dois lideres para seu governo: Daniel Gomes de Freitas,
como Ministro da Guerra e Manoel Pedro de Freitas Guimarães, como Ministro
da Marinha.
Num período de quatro meses, os revoltosos conquistaram diversos quartéis
militares nos arredores de Salvador. Enquanto isso, as forças legalistas se
reagrupavam no Recôncavo Baiano para o contra-ataque.
Com efeito, no dia 16 de março de 1838, tem início a ofensiva regencial, com o
bloqueio terrestre e marítimo da cidade. Assim que foi sitiada, a emigração
maciça da população de Salvador começou; em pouco tempo, houve escassez de
alimentos.

Consequências
Com a ajuda do exército e de milícias locais, as forças governamentais
reconquistaram a cidade. A revolta foi duramente reprimida e deixou um saldo de
aproximadamente duas mil mortes e três mil prisões.
Os principais líderes do movimento foram condenados à pena de morte ou prisão
perpétua e alguns foram de fato executados e degredados.
Ainda houve quem conseguisse fugir e se juntar à Revolução Farroupilha.

Primeira República
A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República e ficou
marcada pelo predomínio das oligarquias na política nacional. Esse período
encerrou-se em 1930.

Campos Sales, presidente brasileiro entre 1898 e 1902 e o arquiteto da política


dos governadores.*
A Primeira República é o período da história do Brasil que aconteceu de 1889 a
1930, tendo sido iniciado com a Proclamação da República que aconteceu em 15
de novembro de 1889 e encerrou-se com a deposição de Washington Luís como
consequência da Revolução de 1930. Esse período é conhecido por muitos como
República Velha, mas entre os historiadores o termo utilizado para referir a esse
período é Primeira República.
Resumo sobre a Primeira República
 A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República em 15
de novembro de 1889.

 A posse de Getúlio Vargas como presidente, após a Revolução de 1930,
marcou o fim desse período.
 A política dos governadores e a política do café com leite eram práticas
importantes desse período.
 A Primeira República pode ser dividida em República da Espada e
República Oligárquica.
 Outras características importantes desse período foram mandonismo,
clientelismo e coronelismo.
 O Convênio de Taubaté foi um acontecimento importante, pois garantiu os
interesses dos cafeicultores paulistas.

Proclamação da República
A Primeira República foi iniciada com a Proclamação da República, que
aconteceu no dia 15 de novembro de 1889. A derrubada da monarquia ocorreu
pela perda de apoio político fazendo com que esse regime se tornasse impopular
entre as elites do Brasil. Os militares, insatisfeitos com a monarquia há tempos, e
uma parcela da sociedade civil, sobretudo os oligarcas paulistas, organizaram um
movimento para derrubar a monarquia.
Em 15 de novembro, liderados pelo marechal Deodoro da Fonseca, os militares
destituíram o Visconde de Ouro Preto do Gabinete Ministerial. Ao longo do dia,
as movimentações políticas levaram José do Patrocínio a proclamar a República
na Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Isso marcou o início da Primeira
República Brasileira.

Periodização da Primeira República


A Primeira República, conforme já mencionado, estendeu-se de 1889 a 1930. Um
período específico da Primeira República que foi de 1889 a 1894, também é
conhecido como República da Espada. Esse nome se deve ao fato de que os
dois presidentes brasileiros (Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto) foram
militares. A República da Espada, porém, é um período incorporado à Primeira
República.
Toda a Primeira República pode ser dividida em três grandes fases, conforme
estabelece o professor Marcos Napolitano|1|:
 Consolidação (1889-1898): período marcado pela consolidação das
estruturas políticas e econômicas da Primeira República. Foi assinalado
por crises na política e na economia.
 Institucionalização (1898-1921): período no qual a estrutura política da
Primeira República estava devidamente consolidada. Aqui se definiram
políticas como a dos governadores e do café com leite.
 Crise (1921-1930): período no qual as estruturas políticas da Primeira
República entraram em crise por conta da incorporação de novos atores na
política brasileira. Conflitos entre as oligarquias também contribuíram
para o fim da Primeira República.
Mapa Mental - Primeira República

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Características da Primeira República
A Primeira República, além de República Velha, é muito conhecida também
como República Oligárquica e isso porque esse período ficou marcado pelo
predomínio das oligarquias sobre nosso país. As oligarquias eram forças
políticas que baseavam o seu poder em suas posses, isto é, na terra (os oligarcas
eram, em geral, grandes proprietários de terra).
O predomínio das oligarquias sobre a política do Brasil começou a ser
consolidado a partir de 1894, quando Prudente de Morais foi eleito presidente. A
eleição de Prudente de Morais também marcou o fim do citado período
conhecido como República da Espada. O predomínio das oligarquias resultou em
algumas características que são consideradas grandes marcas da Primeira
República.
Essas características são o mandonismo, o clientelismo e o coronelismo. Essas
três simbolizam o poder das elites agrárias do país manifestado na posse de
terras, além de manifestar o poder dos coronéis sobre as regiões interioranas do
Brasil e a troca de interesse, elemento fundamental para a sustentação das
oligarquias no poder.
Outras características muito importantes desse período foram as políticas que
sustentavam as estruturas no âmbito político do Brasil. Aqui estamos falando da
política dos governadores e da política do café com leite. Essas políticas foram
muito importantes, porque reduziram os conflitos entre as oligarquias, mas não
acabaram com eles.
 Política dos governadores
A política dos governadores, também conhecida como política dos estados, foi
criada durante o governo de Campos Sales, presidente do Brasil entre 1898 e
1902. Foi com a política dos governadores que o funcionamento político
brasileiro na Primeira República foi estruturado. Por meio dessa política, foi
possível realizar uma aliança entre executivo e legislativo.
O historiador Boris Fausto definiu os objetivos da política dos governadores da
seguinte maneira:
Seus objetivos podem ser assim resumidos: reduzir ao máximo as disputas
políticas no âmbito de cada Estado, prestigiando os grupos mais fortes; chegar a
um acordo básico entre a União e os Estados; pôr fim à hostilidade existente
entre Executivo e Legislativo, domesticando a escolha dos deputados|2|.
Na prática, essa política funcionava da seguinte maneira: o Governo Federal
daria apoio à oligarquia mais poderosa de cada Estado. Em troca, o governo
exigia que cada oligarquia apoiasse as propostas do Governo Federal no
legislativo.
Assim, as oligarquias deveriam eleger deputados dispostos a atuar em favor do
governo no legislativo. Com o apoio à oligarquia mais poderosa, o Governo
Federal esperava que os conflitos políticos respingassem o mínimo possível no
âmbito federal e ficassem reduzidos apenas ao âmbito estadual.
O funcionamento da política dos governadores dependia consideravelmente da
figura do coronel, pois seria ele que, a nível regional, mobilizaria os votos
necessários para eleger os candidatos certos, de acordo com o interesse de cada
oligarquia.
O coronel usava seu poder financeiro para pressionar as pessoas a votar em
determinado candidato. Essa intimidação dos eleitores é conhecida como “voto
de cabresto”. Além da intimidação, a fraude das atas que registravam os votos
eram uma prática comum.
 Política do café com leite
A política do café com leite é um conceito clássico quando nos referimos à
Primeira República. Essa política ganhou força no Brasil, sobretudo a partir de
1913, com a assinatura do Pacto de Ouro Fino, entre as oligarquias de São Paulo
e Minas Gerais. Esse conceito refere-se ao revezamento dos candidatos
lançados à presidência por essas duas oligarquias.
Segundo esse pacto, paulistas e mineiros alternavam-se na presidência da
República. O nome “café com leite” faz referência ao fato de que São Paulo era o
maior produtor de café do Brasil, enquanto que Minas Gerais era o maior
produtor de leite.
O uso desse conceito para explicar a Primeira República tem sido criticado pelos
historiadores, porque as oligarquias mineira e paulista eram importantes, mas o
funcionamento jogo político desse período não passava exclusivamente por elas,
uma vez que existiam outras oligarquias no país.
Economia da Primeira República
No campo econômico, o Brasil seguiu com grande dependência do café. O
grande produtor dele no Brasil era o estado de São Paulo. No começo do século
XX, os cultivadores começaram a aumentar a quantidade de café produzida, o
que acarretou a queda do preço desse produto, uma vez que o mercado ficou
abarrotado com a mercadoria. Visando a defender seus interesses, os
cafeicultores reuniram-se no Convênio de Taubaté.
Nesse convênio, decidiu-se que o governo brasileiro compraria o excedente de
sacas de café com o objetivo de controlar o preço desse produto no mercado
internacional. Isso garantiria os lucros dos fazendeiros e resolveria a questão do
preço do café. Além disso, decidiu-se que o Estado realizaria um empréstimo de
15 milhões de libras para conseguir realizar a compra do excedente dessas sacas.
Na Primeira República também aconteceu um pequeno desenvolvimento
industrial, sobretudo no estado de São Paulo. O desenvolvimento industrial
em São Paulo foi, em parte, financiado pela prosperidade do negócio cafeeiro e a
cidade de São Paulo concentrou grande parte desse crescimento industrial.
As indústrias receberam um grande número de trabalhadores imigrantes e o
crescimento industrial resultou no surgimento do movimento operário do Brasil,
sobretudo a partir de 1917, quando aconteceu a Revolução Russa.
Decadência da Primeira República
A Primeira República iniciou sua fase decadente na década de 1920. A entrada de
novos atores na política nacional, como os tenentistas, contribuiu para seu fim. O
desgaste do pacto que mantinha as oligarquias minimamente em paz também
contribuiu para o fim desse período da história brasileira. Na década de 1920, os
tenentistas foram uma força que abalou a estrutura da Primeira República.
Isso aconteceu porque os tenentistas reivindicavam o fim das estruturas
oligárquicas que estavam estabelecidas no país. Ao longo da década de 1920, os
tenentistas realizaram uma série de revoltas por todo o país como a Revolta
dos 18 do Forte de Copacabana, a Revolta Paulista de 1924 e a Coluna Prestes.
Importante mencionar que a Primeira República foi um período marcado por
tensões sociais que resultaram em conflitos por diferentes regiões do Brasil.
Aqui podemos citar a Guerra de Canudos, Revolta da Armada, Guerra do
Contestado, Revolta da Vacina, Revolta da Chibata etc. Leia este texto para saber
mais sobre revoltas da Primeira República.
O estopim para o fim da Primeira República foi a eleição presidencial de
1930. Naquela ocasião, o presidente Washington Luís resolveu romper com o
Pacto de Ouro Fino e em vez de lançar um candidato mineiro optou por lançar
Júlio Prestes, candidato paulista. Isso desagradou profundamente a oligarquia
mineira que se aliou à oligarquia gaúcha e aos tenentistas, e juntos lançaram
Getúlio Vargas como candidato presidencial.
Getúlio Vargas foi derrotado, mas membros de sua chapa eleitoral,
inconformados com a derrota, começaram a conspirar contra o governo. A
desculpa utilizada pelos membros da Aliança Liberal (chapa de Vargas) para
iniciar uma revolta armada contra o governo foi o assassinato de João Pessoa,
vice-presidente de Vargas. O assassinato de João Pessoa, porém, não teve relação
com a disputa eleitoral entre Júlio Prestes e Vargas.
A revolta contra o governo, nomeada como Revolução de 1930, iniciou-se em 3
de outubro de 1930, e, no mesmo mês, no dia 24, resultou na deposição de
Washington Luís da presidência. Júlio Prestes foi impedido de assumir a
presidência do país e, em novembro do mesmo ano, Getúlio Vargas foi
empossado como presidente provisório do país. Esse era o fim da Primeira
República, e o início da Era Vargas, período que se estendeu por quinze anos.

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