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DA ARTE PALEOCRISTÃ A escultura românica recebe três tipos de influências: 1

À ARTE DOS
INVASORES • a tradição artística dos «invasores», os povos germânicos (as
BÁRBAROS culturas celtas e visigóticas), refletida nos trabalhos
ornamentais de raízes geométricas, orgânicas e abstratas;
• a influência das culturas orientais
transmitidas pela arte bizantina, evidenciada
nos motivos ornamentais de caráter
geométrico e vegetalista;
Capitéis bizantinos, Basílica de São Vital, Ravena, 526-547. • a influência da Antiguidade Clássica greco-
romana na representação de figuras de
corpo inteiro, com o olhar frontal e o
semblante hierático, a plástica das
roupagens, os gestos e as atitudes
majestáticas.
Com o Românico a escultura renasceu
para acentuar a mensagem da
arquitetura.
Tímpano do Portal Ocidental, Catedral de Poitiers, século XII. Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
© Raiz Editora, 2021. Todos os direitos reservados.
A ESCULTURA A escultura românica desenvolveu-se em articulação direta 2
ROMÂNICA: OS com a arquitetura, uma vez que são os elementos
PODERES DA IMAGEM
arquitetónicos – tímpanos, arcos, colunas, capitéis, cornijas –
que servem de suporte à escultura.
A escultura vai desenvolver-se nos seguintes
espaços e elementos arquitetónicos: portais,
arcadas, capitéis e claustros.
Os temas eram definidos pelos teólogos (os
«doutores» da Igreja), aqueles que refletem e
escrevem sobre as questões doutrinárias da Igreja.
Para cada tema escolhido, tudo devia ser
definido previamente:
• as figuras a representar, de acordo com o tema
definido;
• o lugar a ocupar por cada figura, de acordo
com uma hierarquia divina;
• as dimensões relativas de cada figura;
• a localização dos temas dentro do espaço da Paulo Simões Nunes

igreja. História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano


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A ESCULTURA Os artistas medievais eram monges artesãos com competências
ROMÂNICA: OS próprias às artes manuais, dominando o talhe da pedra: o corte a 3
PODERES DA martelo e a cinzel.
IMAGEM
CRISTO PANTOCRATOR Como todo o trabalho era dedicado
na mandorla
S. MATEUS (Anjo) S. JOÃO (Águia) a Deus, também os mestres
S. MARCOS (Leão)
S. LUCAS (Touro)
artesãos (escultores) se mantinham
anónimos, atendendo a que,
segundo a Regra beneditina, o
orgulho e a vaidade eram
pecados.

Estes mestres artesãos deviam


dominar os significados, os
condicionalismos e as limitações
de cada trabalho, adaptando
cada tema ao espaço disponível:
a um capitel, a uma arquivolta
ou a um tímpano.
Cristo Pantocrator com os Quatro Evangelistas, Igreja de Saint Trophime, Arles,
França, século XII. Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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A ESCULTURA
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ROMÂNICA: OS As figuras eram concebidas em
PODERES DA função dos espaços, condição
IMAGEM
CRISTO PANTOCRATOR que caracterizou a plástica
na mandorla
S. MATEUS (Anjo) S. JOÃO (Águia) românica:
S. MARCOS (Leão)
S. LUCAS (Touro) • a ausência de cânone – as
figuras «esticam» e
«encolhem» para se
acomodarem ao espaço
disponível, a um tímpano ou a
um capitel;
• as figuras não se organizam
segundo fórmulas naturalistas,
submetem-se a esquemas de
natureza abstrata.

Cristo Pantocrator com os Quatro Evangelistas, Igreja de Saint Trophime, Arles,


França, século XII. Paulo Simões Nunes
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O PORTAL E O Principais temas da escultura 5
CLAUSTRO COMO românica:
ROTEIROS DA Claustro da Igreja Abacial de • imagem de Cristo Pantocrator na
ASCESE Moissac, Aquitânia, França, 1115-
1153. mandorla;
• a Virgem Maria com o Menino;
• episódios da vida de Cristo;
• a vida dos Santos (os martírios, as
virtudes e os prodígios dos Santos);
• o Homem, enquanto ser mortal e
pecador;
• o quotidiano dos Homens
condenados ao trabalho e
submetidos às leis e à vontade de
deus;
• visões fantásticas do Bestiário
Medieval e do Apocalipse – o feio, o
ignóbil e o monstruoso do Inferno.
Paulo Simões Nunes
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A ESCULTURA O objetivo da escultura românica era obter uma representação
ROMÂNICA: OS 6
conceptual, era representar uma expressão de ideias (cristãs).
PODERES DA IMAGEM
Características da escultura românica:
• Estilização das figuras
Acentuação da espiritualidade, a sua deformação
aumenta a expressividade.
• Posições inverosímeis das figuras
As figuras dão a sensação de movimento,
adaptam-se ao espaço da arquitetura.
• Submissão das figuras a uma «perspetiva
Tímpano e Pórtico da Igreja de São Pedro, Carennac, França, século XII.
hierárquica»
A figura de Cristo Pantocrator é maior porque é
mais importante.
As figuras devem submeter-se ao espaço
arquitetónico, pois é a arquitetura que
incorpora o «divino absoluto» – é na
arquitetura que Deus se revela.
Paulo Simões Nunes
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O PORTAL E O Na igreja românica são, sobretudo, os portais e os claustros
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CLAUSTRO COMO que recebem os programas iconográficos mais importantes.
ROTEIROS DA ASCESE
São os portais e os claustros que se enchem de figuras
e de elementos decorativos transmitindo as Verdades
TÍMPANO
da Fé. Os portais e os claustros
ARQUIVOLTAS COLUNELOS
transformam-se em autênticos
roteiros da ascese:
• são lugares privilegiados na
igreja para a busca e o
aperfeiçoamento espiritual;
• são imagens que convidam à
renúncia dos prazeres
LINTEL
mundanos através da
MAINEL
inspiração nas figuras e nos
temas escultóricos ali
tratados.

Portal da Igreja Abacial de Moissac, Aquitânia, França, 1115-1153. Paulo Simões Nunes
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