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OS PRIMÓRDIOS DA O período paleocristão refere-se à produção artística

ARQUITETURA CRISTÃ dos primeiros cristãos na parte ocidental do Império.1


Este período coincide com o arte Bizantina que se
desenvolveu no império romano do oriente.
Estabelecido o Cristianismo como religião oficial
do Império, foi necessário encontrar um tipo de
edifício adequado ao culto público e à celebração
dos rituais cristãos.
NAVE
As primeiras igrejas cristãs adotam a estrutura da
NARTEX NAVE
LATERAL CENTRAL «planta basilical» inspirada na Basílica romana.
BASÍLICA ROMANA
Edifício público, laico, que servia para
atividades comerciais, atos administrativos e
judiciais, e não tinha ligações aos cultos pagãos.
ABSIDE

A organização espacial axial favorecia a


concentração dos crentes nas naves,
dirigindo a atenção sobre o altar (na abside)
Basílica de Constantino, 306-313.
onde se situava o sacerdote e se celebrava a Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano

Eucaristia. © Raiz Editora, 2021. Todos os direitos reservados.


A PRIMITIVA BASÍLICA DE S. Uma das maiores basílicas de Roma foi construída no
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PEDRO (319-329) sítio onde, segundo a tradição, se admite ter sido
sepultado S. Pedro, o primeiro papa da Igreja, após
ter sido martirizado.
Construída por Constantino, era um edifício com
o comprimento total de 203,9 metros, sendo
TRANSEPTO
que só a nave media 92 metros de
comprimento. O seu interior organizava-se em
NAVE CENTRAL
cinco naves, com a nave central
mais larga, orientadas para a
CLERESTÓRIO abside onde se situava o altar, a
NAVES LATERAIS partir do qual o sacerdote
PÓRTICO
NARTEX dirigia os rituais litúrgicos.
A Igreja Cristã
ÁTRIO
desenvolveu outros tipos
FONTE DAS
de edifícios como os
ABLUÇÕES batistérios, os
mausoléus e os
martyria, destinados aos
túmulos dos mártires.
Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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A PRIMITIVA BASÍLICA DE 3
S. PEDRO (319-329)

O átrio é um espaço aberto As naves estão separadas O transepto é uma nave


intermédio (profano- por arcos e colunas, transversal que separa o
-sagrado) destinado aos direcionadas para a espaço do público (profano)
catecúmenos. cabeceira. do espaço do sacerdote
(sagrado).

Na cabeceira, em forma de
abside, situa-se o altar.

Fonte das
abluções

Pórtico

O nártex é um espaço de
antecâmara (vestíbulo) de
acesso ao interior da Igreja. Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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Após a queda de Roma e do Império Romano do Ocidente, a
A ARQUITETURA 4
BIZANTINA Oriente formou-se o Império Bizantino com a capital em
Constantinopla.
O Império Bizantino resultou da fusão de
três culturas:
• a cultura greco-romana, recebendo
influências das origens da Antiguidade
Clássica;
• a cultura oriental, recebendo influências
das tradições orientais devido à
Muralhas de Constantinopla, século V.
proximidade geográfica;
• a cultura cristã, que foi a base religiosa da
sua sociedade.
No reinado do Imperador Justiniano (527-
565) Constantinopla tornou-se numa grande
capital cultural e artística, exercendo
domínio sobre todo o Ocidente.
Justiniano e o seu Séquito,
mosaicos da Basílica de S. Vitale,
Paulo Simões Nunes
Ravena, Itália, 540-547. História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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A O reinado de Justiniano foi a Idade de Ouro da cultura bizantina,
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ARQUITETURA num período de expansão do Império que ocupou o Sul da Itália.
BIZANTINA
A obra mais representativa da Idade
de Ouro de Justiniano foi a Igreja de
Santa Sofia, em Constantinopla, na
qual quis representar um símbolo e o
poder do seu reinado.
A ênfase colocada no espaço interior,
no ambiente de luz trémula captada
por inúmeras janelas, refletindo-se nos
mosaicos e filtrando-
-se na neblina de incenso da liturgia
bizantina, pretendia:
• criar a imagem do Céu;
• celebrar a fusão do poder imperial
(temporal) com o poder espiritual;
• recriar o Céu na Terra.
Igreja de Santa Sofia,
Constantinopla, Turquia,
532-537. Paulo Simões Nunes
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As Características da Igreja de Santa Sofia
A ARQUITETURA 6
BIZANTINA • evidencia a herança da matriz antiga
(clássica):
• planta centrada, de forma quadrada e em
cruz grega;
• planta basilical romana;
• utilização do arco, da abóbada de berço e da
cúpula central.
• A nave axial paleocristã forma, no centro,
um quadrilátero coroado por uma enorme
cúpula, apoiada nas extremidades por
outras cúpulas de menor dimensão.
ABSIDE

A estrutura da Igreja de Santa


Sofia representa simbolicamente
a união do Império com a Igreja,
Igreja de Santa Sofia,
ou seja, da Terra com o Céu.
Constantinopla, Turquia,
PÓRTICO NÁRTEX EXEDRAS NAVE CENTRAL
532-537. Paulo Simões Nunes
NAVES LATERAIS História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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Num período de expansão do Império, Justiniano estabeleceu um
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A ARQUITETURA
BIZANTINA exarcado em Ravena (Itália), onde construiu obras muito
importantes, como a Basílica de S. Vitale.
A Basílica de S. Vitale desenvolve-se numa planta
centralizada de forma octogonal, com um
deambulatório em torno do espaço central, coroado
por uma cúpula.

DEAMBULATÓRIO ESPAÇO CENTRAL


A sua estrutura segue o modelo de Santa
Sofia: a cúpula está apoiada em oito
colunas, unidos por êxedras de dois níveis.

NÁRTEX
A planta, centrada, prolonga-se para a
abside da cabeceira, formando um espaço
poligonal e axial, direcionado para o altar.
ABSIDE

Basílica de S. Vitale,
EXEDRAS Ravena, Itália, 526-547.
Paulo Simões Nunes
História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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A ARQUITETURA Os interiores de S. Vitale estão revestidos com um dos mais8
BIZANTINA notáveis painéis de mosaicos bizantinos que testemunham o
esplendor do reinado de Justiniano.
A arquitetura e a arte bizantinas
perduraram até à queda de Constantinopla,
conquistada pelos Otomanos, em 1453.
A sua influência estendeu-se a toda a
Europa central e oriental, prevalecendo a
estruturas de planta centrada em cruz
grega, de forma quadrada ou octogonal,
com sistemas de construção de origem
romana: o muro, a coluna, o arco de volta
inteira, a abóbada e a cúpula.
Os interiores são profusamente decorados
com mosaicos de motivos ornamentais e
figurativos que refletem a fusão de
influências orientais, romanas e cristãs.
Basílica de S. Vitale, Paulo Simões Nunes
Ravena, Itália, 526-547. História da Cultura e das Artes 10 | 10.º ano
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