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A CHEGADA DOS

POVOS BÁRBAROS
História – Universidade Sénior de Esmoriz
Os povos bárbaros
• Os bárbaros eram os povos ou tribos que não partilhavam da cultura, língua e
costumes romanos.

• Vistos como aguerridos, os bárbaros eram liderados por clãs ou famílias poderosas.
Muitas vezes, eram comandados por um rei ou chefe militar.

• Tinham os seus próprios cultos pagãos/politeístas, muito associados às “forças da


Natureza”.

• Viviam de uma agricultura rudimentar. Também praticavam pecuária e algum


comércio.
Os povos bárbaros
• Apesar de alguns conflitos já travados em séculos anteriores, houve também
momentos de paz e inclusão de algumas tribos bárbaras no Império Romano.

• Por exemplo, por volta dos séculos IV d.C. e V d.C., vários bárbaros foram
incorporados no Império como “federados” e os romanos arregimentavam jovens
soldados visigóticos e vândalos para seu exército. Em troca, era-lhes garantida a
exploração de terras.

• No entanto, a decadência do Império Romano trouxe a oportunidade perfeita para


que pudessem invadir os seus territórios.
Os povos bárbaros
• Em 476 d. C., o último imperador romano do Ocidente, Rómulo Augusto, é
destronado pelos hérulos, e Roma cai. Era o fim do Império Romano do Ocidente,
permanecendo apenas o Império Romano do Oriente (Império Bizantino) com
capital em Constantinopla.

• As invasões dos povos bárbaros tiveram como consequências imediatas: o


surgimento de novos reinos independentes, uma maior ruralização, o
enfraquecimento da cultura latina (embora venha a ser mesclada ou fundida com
elementos da cultura germânica) e o início da caminhada de algumas futuras
identidades nacionais.
Causas da Queda do Império Romano
Há muitas causas que podem explicar a queda do Império Romano do Ocidente em 476 d. C.:

1- Disputas internas, golpes palacianos e guerras civis.


2- Crise económica que se agravava a cada conflito interno e com a maior escassez de escravos.
3- A desvalorização da moeda romana e aumento da inflação
4- A rivalidade e divisão entre cristãos e pagãos provocou o desgaste da identidade romana.
5- As forças militares romanas começaram a ter muitos recrutas e até mesmo oficiais com origens
bárbaras (sinal de fraqueza e de eventual deslealdade embora seja um motivo de debate ainda
hoje)
6- Divisões sociais crescentes (famílias senatoriais mais ricas, camponeses e artesãos mais pobres)
7- A chegada dos povos bárbaros que atravessaram então o Reno.
Motivos que levaram os povos bárbaros a
invadir o Império Romano
Os bárbaros invadiram o Império Romano, devido a três grandes motivações:

• A procura por terras mais férteis e climas mais agradáveis.

• O crescimento demográfico das suas tribos obrigou-os a procurar territórios mais


extensos.

• A chegada dos hunos, bárbaros terríveis e implacáveis, oriundos das Estepes


Asiáticas, causou o terror entre muitos povos bárbaros que queriam encontrar um
lugar mais seguro e resguardado no Ocidente.
E quais foram os povos bárbaros que
sentenciaram o fim do Império Romano?
• Hérulos, Ostrogodos, Alanos, Anglos, Alamanos, Burgúndios, Francos, Frísios,
Ostrogodos, Visigodos, Hunos, Lombardos, Rúgios, Saxões, Suevos, Teutões,
Vândalos

• As suas migrações provocaram o colapso do Império Romano do Ocidente. Alguns


desses povos formaram reinos estáveis, enquanto outros, acabaram por ser
destruídos por outras invasões ou conflitos.
Hunos
• Oriundos possivelmente da Ásia Central, os Hunos iniciaram uma grande migração rumo
ao Ocidente, fenómeno que terá ocorrido a partir do século IV.

• Pelo caminho, aniquilaram vários povos que resistiram à sua autoridade.

• Especialistas na cavalaria (criavam excelentes cavalos) e no arco (congregavam ambas as


funções, muitas vezes), os hunos acumulavam vitórias atrás de vitórias.

• Após a morte de Bleda (assassinado por Átila ou morto por causa natural), o seu irmão
Átila (406-453 d. C.) assumiu o poder e conseguiu unificar o Império Huno e as suas
hordas.
Hunos
• Muitos povos bárbaros sentem-se obrigados a atravessar as fronteiras do Império
Romano com medo das represálias e dos terrores perpetrados pelas acções
imprevisíveis dos hunos.

• Por volta de 450 d. C., os hunos chegaram a apoderar-se de vastas regiões da


Europa Central, e os seus domínios estenderam-se para o Mar Negro, Rio Danúbio
e Mar Báltico. Chegaram também a sitiar Constantinopla e a invadir os Balcãs.

• No Ocidente, os romanos cristãos já apelidavam Átila de “Flagelo de Deus”. Os


hunos condicionavam já a psicologia colectiva dos povos, instigando temores e
receios infindáveis.
Hunos
• Mas Átila quer chegar mais longe, e conquistar a Europa Ocidental e o coração do Império
Romano que ainda existe oficialmente, embora já vivesse os últimos fôlegos.

• No início de 451 d. C., Átila atravessou o Rio Reno e invadiu a Gália que já se encontrava dividida
entre romanos e bárbaros.

• Nessa altura, romanos, visigodos, francos, alanos, burgúndios, saxões, bretões e outros povos
bárbaros uniram-se e formaram um exército heterogéneo para enfrentar Átila que também tem
alguns aliados.

• A batalha irá dar-se nos Campos Cataláunicos (hoje região de Champanha – França) nesse ano
de 451 d.C. Ambas as forças contam com mais de 100 mil homens e os dois lados perderão
dezenas de milhares de homens.
Hunos
• As forças hunas não conseguiram furar as linhas romano-germânicas, e surpreendidos pela
feroz resistência, acabaram por se desorganizar, permitindo o contra-ataque de romanos e
visigodos. Após muitas baixas de ambos os lados, o acampamento de Átila ficará praticamente
cercado, contudo este acabará por escapar com vida, juntamente com parte do exército que
sobreviveu à batalha.

• Apesar da derrota, Átila quer recuperar o prestígio e decide, em 452, invadir a Itália, obrigando
o Imperador Romano Valentiniano a fugir de Ravenna para Roma. Os hunos pilham com
sucesso Pádua, Verona, Milão e Pavia.

• No entanto, o imperador envia uma delegação liderada pelo Papa Leão I (com pontificado
entre 440 e 461 d. C.) para negociar um acordo de paz e convencer Átila a abandonar a
Península Itálica bem como o objectivo de tomar a capital do moribundo império - Roma.
Hunos
• Não se sabe quais os argumentos utilizados pelo Papa Leão I nas conversações com
Átila, mas certo é que o líder huno acedeu retirar-se de Itália.

• Acredita-se que Átila teria já nas suas mãos um imenso saque derivado das pilhagens,
além de que as epidemias se abateram sobre as suas forças, provocando um número
significativo de baixas. Além disso, vivia-se um ano de más colheitas, e o abastecimento
alimentar das suas tropas poderia estar em risco, caso prosseguissem com a ambiciosa
campanha.

• Em 453 d. C., Átila morre após uma noite de núpcias, depois de ter bebido bastante
aquando da celebração. Ainda hoje, se discutem as causas da sua morte: natural (dizem
que teve sangramento nasal) ou a noiva tratou de o assassinar.
A Cavalaria Huna
em Acção
Batalha dos Campos Cataláunicos
O Papa Leão I convence Átila a não
invadir a Itália
Alanos
• Possivelmente oriundos do Irão ou do Cáucaso, os alanos foram derrotados pelos hunos.
Este povo posteriormente se dispersou, uns juntaram-se aos hunos e outros tentaram a
sua própria sorte.

• O grupo de alanos, que se submeteu aos hunos, participaram na batalha de Adrianópolis


em 378, na qual o imperador romano Flávio Valente tomba em batalha.

• O grupo que fugiu ao domínio uniu-se aos vândalos (asdingos) e acabaram por abraçar a
religião cristã ariana (o Arianismo cultivava o Cristianismo, mas negava que Jesus fosse
Deus – Jesus era filho, e Deus seu pai). Admiravam Jesus, mas negavam a sua divindade.
Para os arianos, Cristo não é mais do que a primeira das criaturas, um mero instrumento
de Deus. (Ensinamentos inspirados pelo presbítero Ario de Alexandria).
Alanos
• Entre 408 e 409, o grupo dispersante invadiu a Península Ibérica.
• Os grupos de alanos, com maior poder militar na Península Ibérica, ocuparam o
território romano da Lusitânia, entre a zona sul do rio Douro e a zona
cartaginense. Aqueles que tinham menos poder avançaram para a Galícia dos
Suevos.
• No entanto, em 417 foram dizimados pelos Visigodos. Os sobreviventes uniram-se
aos Vândalos, rumando ao Norte de África.
• No século V, acabaram por ficar diluídos entre diversos povos, e perderam assim o
seu rumo.
Relevo com um
cavaleiro alano
Trajectória dos Alanos
Vândalos
• Com origens na Germânia Oriental, os Vândalos eram conhecidos por saquear os povos
que encontravam no seu caminho.

• No início do século V, entraram no Império Romano. Tiveram grandes enfrentamentos


com os francos, perdendo cerca de 20 mil homens, apesar de terem saído vitoriosos.
Nessas batalhas travadas em solo germânico, perderam mesmo um dos seus reis –
Godegisílio.

• Depois de atravessarem a Gália, os vândalos chegam à Península Ibérica (ano de 409) e,


em duas fases distintas, chegam a ocupar a Galécia e depois a Bética. No entanto, os
suevos, as forças imperiais de Roma ainda presentes e os recém-chegados visigodos
obrigam-nos a rumar para o Norte de África.
Vândalos
• Em 429, depois de se tornar rei, Genserico cruzou o estreito de Gibraltar e
começou a construir o seu reino no Norte de África, tomando a célebre cidade de
Cartago.

• Em 455, ainda no reinado de Genserico, os vândalos lançaram uma frota pelo


Mediterrâneo e saquearam Roma, a capital do moribundo Império Romano,
durante duas semanas, pilhando inúmeros tesouros e bens de valor.

• No entanto, o reino vândalo receberia, entre 533 e 534, a vingança do Império


Bizantino (Império Romano do Oriente), quando o imperador bizantino Justiniano
I (ou Justiniano, o Grande) enviou o seu general exímio Flávio Belisário que,
mesmo com um exército em inferioridade numérica, derrubou as forças vândalas,
culminando no desaparecimento desta civilização.
O Saque de Roma pelos Vândalos em 455 d. C.
Francos
• Oriundos da margem leste do rio Reno, os francos ultrapassaram este obstáculo
natural e entraram no território do Império Romano, invadindo a região da Gália.

• A partir de 406, vagas sucessivas de francos começam a conquistar


progressivamente o Nordeste e depois o Norte da atual França. A Renânia foi
ocupada por outra comunidade de francos.

• De acordo com a Infopédia, a partir de Clóvis, filho de Childerico I e neto de


Meroveu (herói da batalha dos Campos Cataláunicos, em 451, em aliança com os
Romanos contra os Hunos de Atila), nasce a dinastia merovíngia, que reinará na
França ocidental (dos Sálios) até 751, quando Pepino o Breve chega ao poder.
Francos
• O advento do reinado de Clóvis é fundamental (reina entre 481 e 511). Além de ser
o primeiro soberano franco a converter-se ao catolicismo e de se tornar aliado do
Papado, consegue finalmente unir todas as tribos francas sob o seu governo.

• Em 486, ele conquistou o resto do Reino bastião de Soissons que ainda era fiel ao
que restava do Império Romano do Ocidente.

• Em 507, os francos liderados por Clóvis atacaram, desta feita, o reino visigótico de
Toulouse. O rei visigodo Alarico II foi morto na Batalha do Campo Vogladense,
próximo de Poitiers, e este povo bárbaro perdeu muitos territórios para os francos,
tendo que praticamente se refugiar na Hispânia. Clóvis foi visto, por muitos, o
primeiro construtor da França.
Francos
• Clóvis derrota as forças turíngias e alamanas que também vagueavam pelo território,
consolidando o seu poder.

• Em tempos subsequentes, os francos acabaram igualmente por se expandir para as


regiões da Provença e da Borgonha.

• Os francos viriam a originar as bases do futuro Império Carolíngio.

• A lei sálica deve-se essencialmente aos francos (determinava, por exemplo, que mulher
alguma poderia herdar propriedades, as quais deveriam ser transmitidas apenas para os
herdeiros masculinos).
Clóvis, rei dos Francos, converte-se ao
Cristianismo Católico
Suevos
• Os suevos eram originários da região germânica localizada entre os rios Elba e Oder.

• Com o rei Hermerico (409-438), os suevos avançaram sobre o rio Reno, entrando no Império
Romano e acabando por se instalar na Hispânia.

• Em 409, os suevos fundaram um reino na zona da Galécia (Galiza e Norte de Portugal; no


período máximo da sua extensão chegaram até ao rio Tejo), instalando a sua capital em Braga
(antiga Bracara Augusta).

• Com a fama inicial de serem quezilentos, a verdade é que, quando tiveram novas terras para
cultivar, acabaram por trocar a espada pelo arado, desenvolvendo melhores relações com os
galécios (habitantes locais).
Suevos
• O Reino Suevo criou raízes, lançou estruturas e aproveitou o que os romanos
tinham feito, tal como as estradas, as pontes, os aquedutos e outras obras na área
das comunicações.

• O rei Requiário (448-456) adotou o catolicismo em 449. Foi ainda o primeiro


soberano suevo a cunhar uma moeda com o seu próprio nome.

• Em 456, romanos e visigodos uniram-se numa expedição para castigar os suevos


que não tinham cumprido o tratado de não voltar a entrar na zona da
Tarraconense. Os suevos são derrotados na batalha de rio Órbigo. Requiário foge e
refugia-se no Porto, mas é capturado e assassinado pelos visigodos que sitiaram a
região.
Suevos
• Após a morte de Requiário, o reino suevo entrou numa era de divisões e guerras fratricidas,
com reis distintos a governarem diferentes partes do território, ora aderindo ao Cristianismo
ora ao Arianismo.

• O reinado de Carriarico, entre 550 e 559, converteu o reino novamente ao catolicismo, o que
significou uma rutura imediata com os visigodos (pró-arianos, na altura) que mantinham
alguma influência nos domínios suevos.

• Com Teodomiro (559-570), os suevos voltaram a ter um soberano de respeito. É no seu


reinado que se celebra o Primeiro Concílio de Braga (561) e esta assembleia se tornará
mesmo num órgão assessor do rei.

• Neste período, temos ainda Martinho de Dume que muito trabalhou para a organização
territorial e conversão cristã das comunidades suevas, conduzindo a um governado estável e
a uma população mais coesa.
Suevos
• No ano 583, Miro organizou uma campanha de apoio a Sevilha, tentando intervir
na guerra civil do reino Visigodo. Hermenegildo, filho do rei visigodo Leovigildo e
católico, revoltou-se contra o pai (defensor do arianismo) e pediu ajuda a Miro.

• Miro foi em seu socorro, mas Hermenegildo (mas tarde canonizado pela Igreja
Católica) foi derrotado e executado por se ter recusado a renunciar ao catolicismo.
Por sua vez, o rei Miro terá morrido durante a expedição, faltando saber em que
contexto (em batalha ou se depois na retirada).

• Em 585, Leovigildo, rei visigodo, beneficia do seu ascendente vitorioso e derrota


Andeca, último soberano suevo que foi obrigado a radicar-se num mosteiro. O
reino suevo deixaria de existir, tendo sido os seus territórios anexados pelo reino
visigodo.
Suevos
• Os suevos deixaram como herança cultural: os arados (de formato quadrangular),
o mangual, o espigueiro, as técnicas e alfaias agrícolas, e a influência de alguns
dos seus nomes nas designações de pessoas e lugares.

• Uma das teorias existentes refere que Hermerico, rei dos suevos, poderá ter
designado o nome da cidade de Esmoriz, e de outras terras com nome similar. Há
também uma necrópole no Chão do Grilo (entre os lugares da Torre e Gondesende)
que pode ter sido igualmente usada por este povo.
São Martinho de Dume, bispo de Braga e de Dume,
fundou vários mosteiros e igrejas no reino suevo, e
ajudou o rei suevo a governar de forma sábia.
Visigodos
• Os visigodos derivam da ascendência dos Godos, oriundos da Escandinávia.

• Os visigodos instalaram-se posteriormente no Leste Europeu, começando pelos


Balcãs no séc. IV d. C., e travaram confrontos com o Império Romano do Oriente, e
depois, com o Império Romano do Ocidente, ameaçando a Península Itálica.

• A relação entre visigodos e romanos foi ambígua e instável. Chegaram a ser


aliados quando tinham o mesmo inimigo em comum (caso dos hunos), mas
também inimigos entre si, quando os seus objectivos colidiam. Em 410 d.C.,
chegam a saquear Roma, causando um choque tremendo na civilização ocidental.
Visigodos
• Ainda assim, e devido ao contacto frequente com os romanos, os visigodos foram o
povo bárbaro que mais assimilou os direitos e costumes romanos. Por exemplo, o
Direito Visigótico é uma compilação jurídica e cultural da forma de pensar dos
romanos.

• Entretanto, os Visigodos atacaram o sul da França e lá estabeleceram um duradouro


reinado, o Reino de Toulouse, que durou de 418 até 507. Contudo, viriam a ser
derrotados e expulsos pelos Francos que se apoderaram do território da Gália.

• Com o fim do seu reinado, os visigodos decidiram intensificar a ocupação da


Hispânia e criaram um reino com a capital em Toledo que vigorou entre 507 e 711.
Visigodos
• Em 585, os visigodos liderados pelo rei Leovigildo (governou entre 569 e 586 d.C.)
derrotam e anexam o reino Suevo, unificando praticamente a Hispânia sobre o seu
domínio.

• Inicialmente, seguiam o arianismo. Recaredo (586-601 d. C.), filho de Leovigildo,


comovido ou não, pelo martírio de Hermenegildo (seu irmão), aderiu ao Catolicismo,
em 587, logo após a morte de seu pai.

• Isidoro de Sevilha (560-636; ou São Isidoro), arcebispo desta cidade, desempenhou


papel primordial na conversão dos soberanos visigodos e de todo o povo ao
Catolicismo. Sucedeu, no arcebispado de Sevilha, ao seu irmão São Leandro de
Sevilha que tinha convertido anteriormente o mártir Hermenegildo ao catolicismo.
Ambos trabalharam na conversão de Recaredo.
Visigodos
• Isidoro de Sevilha compôs ainda a “Etymologiae”, uma enciclopédia em que reunia
todo o conhecimento da Antiguidade sobre as mais diferentes matérias. Escreveu
ainda a História dos reis godos, vândalos e suevos bem como tratados religiosos.

• A monarquia visigótica era eletiva: o rei era escolhido pelos nobres, o que
provocava grandes disputas entre as famílias mais poderosas, enfraquecendo a
monarquia.

• Em 654, no reinado de Recesvinto (soberano legislador tal como seu pai -


Quindasvinto) dá-se a promulgação de um código uno, o Liber Judiciorum, doze
livros de leis inspiradas no direito romano. É o famoso código visigótico.
Visigodos
• Seguiram-se posteriormente reinados conturbados, avolumando-se as divisões e acções
de rebeldia, acabando mesmo por deflagrar em guerras civis.

• Em 710, o rei Vitiza falece, e logo abre uma guerra terrível entre partidários de dois
candidatos que se proclamaram como soberanos: Ágila II e Rodrigo.

• O conflito tornou-se mais acérrimo, e em jeito de desespero, os partidários de Ágila II


pediram auxílio militar aos muçulmanos do Norte de África, de forma a conseguirem
derrotar a facção de Rodrigo que parecia estar a reunir mais apoios na altura. Tratou-se
dum gravíssimo equívoco visto que os muçulmanos, que viriam a ser liderados por Tarik Ibn
Ziyad e Musa ibn Nusair (este entra mais tarde em cena), rapidamente transformaram a
expedição de auxílio numa larga campanha de conquista.

• Em 711, as forças do rei Rodrigo são destroçadas na batalha de Guadalete – o soberano


desapareceu ou foi morto em combate, e os muçulmanos acabaram com o reino visigodo
Visigodos
• Como legado, os visigodos deixaram-nos: o Direito e o Código Visigótico que
constituiu as bases da estrutura jurídica medieval na Península Ibérica,
influenciaram também formas artísticas originais, dentro da arquitectura, como o
arco de ferradura, a planta cruciforme das igrejas e os capitéis.
Isidoro de Sevilha foi um grande erudito que contribuiu para a conversão
católica do povo visigodo
O Desastre de
Guadalete em 711
Ostrogodos
• Tal como os visigodos, os ostrogodos derivam dos “Godos”, um povo da região
meridional da Escandinávia. Poderão ter iniciado a sua migração a partir do Báltico.

• Os ostrogodos chegaram a controlar uma região a norte do Mar Negro.

• Este povo destacou-se por se organizar em aldeias rurais, praticando o cultivo de cereais,
trigo, feijão, ervilha e cevada. Recorriam ainda à pecuária e aos saques a povos vizinhos.

• O seu culto era politeísta. Destaque para a adoração a Odin, deus da guerra, sabedoria e
morte.
Ostrogodos
• Vitimiro iniciou a linhagem em 375 d. C.

• Os godos derrotam os romanos na batalha de Adrianópolis (378), mas em 453, e ao


contrário da maior parte dos povos bárbaros, os ostrogodos aceitam ajudar Átila e
o Império Huno, na batalha dos Campos Cataláunicos, contudo são derrotados
pelo exército confederado liderado por romanos e visigodos, e composto por
outros povos bárbaros.

• Em 455, os ostrogodos libertam-se da influência ou submissão aos hunos, tendo


triunfado numa batalha que ocorreu nas margens do rio Nedao.
Ostrogodos
• Em 488, Teodorico, rei dos Ostrogodos, decide invadir a Península Itálica, desafiando os
hérulos que já tinham provocado, em 476, a queda de Roma e do Império Romano do
Ocidente.

• Apesar do sucesso inicial dos Ostrogodos, a verdade é que o assédio a Ravenna será
inconclusivo. Odoacro, rei dos hérulos, fez um acordo com Teodorico, soberano dos
ostrogodos, mas este último assassina-o num banquete.

• Teodorico assumiu o poder em Itália, embora tenha reinado com maior tolerância em
relação aos cidadãos romanos, aceitando que estes se regessem pelas suas leis
tradicionais. O seu falecimento abrirá fissuras internas e crises de poder.

• Entre 547 e 553, os bizantinos liderados pelos generais Flávio Belisário e Narses terminam
Mapa do Reino Ostrogodo
Anglo-Saxões
• Saxões, anglos, frísios e jutos, vindos da Escandinávia, iniciaram as invasões à Grã-
Bretanha, no século III, as quais se intensificaram por volta do século V.

• As facções romanas, em número cada vez mais reduzido, não conseguiram conter o
volume de contingentes de bárbaros.

• Ao fim de algum tempo, os bárbaros teriam sim a concorrência de celtas e pictos, povos
autóctones da Britânia, contudo estes últimos acabarão por sofrer derrotas e ter de
partilhar o destino com os novos residentes que assumirão o poder nos tempos
vindouros. Os anglo-saxões estão também na origem da construção da identidade
inglesa ou britânica, juntamente com os normandos/viquingues que mais tarde
surgiram.
Outros povos bárbaros
• Hérulos- Liderados por Odoacro tomam Roma em 476 d. C. Poucos anos depois,
são absorvidos pelo reino Ostrogodo.

• Alamanos – Povo germânico que viria ocupar regiões como a Alsácia, a Baviera e
as actuais Suíça e Áustria.

• Burgúndios- De origem germânica ou escandinava, ocuparam a região do


Borgonha e na zona da Gália Oriental. Absorvidos posteriormente pelos francos.
Outros povos bárbaros
• Lombardos – Povo de origem germânica ou escandinava, chegaram a colonizar a
região do vale do Danúbio. Com a liderança de Alboíno, os Lombardos chegaram
em 568 à Itália bizantina, invadindo a região e estabelecendo o Reino Lombardo
no Norte de Itália. Serão derrotados por Carlos Magno, líder do Império Carolíngio
e dos francos.

• Rúgios – Oriundos do sul da Noruega, aliam-se aos ostrogodos e derrotam os


hérulos pela conquista da Península Itálica. No entanto, tanto rúgios como
ostrogodos acabam por desaparecer gradualmente após a conquista da região
pelos bizantinos.
Visualização de vídeo sobre os povos
bárbaros
• https://www.youtube.com/watch?v=JVfixKZZNy4

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