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História da Fenícia

História de Arte – Universidade Sénior de Esmoriz


Os Fenícios (1500 a. C. – 539 a. C.)

 Os Fenícios evidenciaram-se enquanto potência marítima, comercial e


económica entre 1500 a. C. (atingindo o seu auge entre 1200 e 800 a. C.) e
539 a. C., altura em que o imperador persa Ciro, o Grande conquista a região.

 Desenvolveram na região da Palestina, ocupando manchas territoriais que


hoje correspondem ao Líbano, Israel e Síria.

 As principais cidades fenícias foram Sidon, Tiro e Biblos.


A antiga cidade
portuária de Biblos
Fenícios – uma civilização vocacionada
para o comércio
 Os fenícios eram extremamente conhecidos pela habilidade na navegação e
possuíam um comércio bastante desenvolvido, contactando com outros povos.

 Eles desenvolveram navios avançados que lhes garantiam as condições de


navegar por todo o Mar Mediterrâneo.

 Os navios fenícios eram adornados com uma cabeça de cavalo em referência a


um deus chamado Yam, considerado o deus portador do caos e aquele que era
responsável por manter o mar calmo.
Barco mercante
fenício
Até onde chegou o comércio dos
fenícios?
 De acordo com vestígios arqueológicos, os fenícios desenvolveram contactos permanentes
com a Grécia e Egipto Antigos, civilização minóica (Creta), Chipre, Norte de África – onde
chegaram a criar colónias, nomeadamente a de Cartago (actual Tunísia).

 Os fenícios terão chegado no seu expoente máximo a alcançar a Britânia (actual


Inglaterra), visto que aí foram achados artefactos dessa civilização.

 Os fenícios exportavam vidros, joias, cerâmica, tinta púrpura (muito cobiçada pelos
povos da antiguidade e que terá dado à sua designação enquanto civilização), madeira,
escravos, vinho, metais (cobre, estanho e bronze), etc.

 O comércio era a grande potencialidade fenícia visto que a agricultura fenícia era
condicionada pela limitação da terra fértil disponível.
Cultura Fenícia – a invenção do
alfabeto
 A primeira forma escrita alfabética da história da humanidade foi inventada
pelos fenícios.

 Por volta de 1100 a. C., esse sistema foi utilizado para registar a transação e
comércio de mercadorias por parte dos fenícios.

 Eram, no total, 22 caracteres ou letras, cada um equivalente a um som


diferente. A combinação desses caracteres possibilitava a formação de
palavras, o que tornava mais prática a comunicação.

 Os gregos herdaram o seu alfabeto, tendo acrescentado as vogais.


Cultura Fenícia – A sua religião

 Tal como muitas civilizações do seu tempo, os fenícios eram politeístas, isto é,
veneravam uma diversidade de deuses.

 Cada cidade-estado da Fenícia possuía um deus-patrono diferente, com um templo


dedicado a ele. Os templos eram confiados aos sacerdotes. Também se poderiam
encontrar locais de culto em florestas e montanhas.

 A adoração dos deuses fenícios poderia contemplar o sacrifício de animais e vidas


humanas, realizado em altares sacrificiais de pedra. No que diz respeito à adoração à
deusa Astarte, as sacerdotisas praticavam a prostituição sagrada.

 No panteão fenício, encontramos alguns deuses conhecidos que elencaremos em


seguida.
Deuses Fenícios

 Baal era a divindade mais importante dos fenícios. Considerado como deus do céu, das
tempestades, do orvalho, da vegetação e da fertilidade da terra e ainda rei dos deuses. Mas a
designação da Baal também era utilizado para designar os “senhores” ou patronos de cada
cidade.

 Por exemplo, o Patrono/Senhor (“Baal”) de Sidon era Eshmun (Deus da Saúde e da Cura).

 A cidade de Biblos adorava Adónis (deus da vegetação), cujo culto se associava ao de Astarte,
deusa da fertilidade, do amor e da primavera, da fecundidade e da alegria – também estava
ligada à Lua.

 Em Tiro rendia-se culto a Melcart (deus tutelar) e, em Cartago, colónia fenícia, apreciava-se
Tanit.

 As divindades fenícias eram também identificadas com as forças da natureza ou com astros.
Deuses Fenícios

 Para aplacar a ira dos deuses sacrificavam-se animais. E, às vezes,


realizavam-se terríveis sacrifícios humanos.

 Queimavam-se, inclusive, os próprios filhos. Em algumas ocasiões, 200 recém-


nascidos foram lançados, ao mesmo tempo, ao fogo - enquanto as mães
assistiam, impassíveis, ao sacrifício.

 Os templos fenícios, administrados pelos sacerdotes, possuíam muitas


propriedades rurais, o que lhes garantiam bons recursos económicos. Os
sacerdotes constituíam uma classe privilegiada.
Astarte,
Baal, deus Deusa do
supremo dos Amor e da
fenícios Sexualidade
A Bíblia e a visão negativa sobre a
religião fenícia
 Os sidónios tinham uma religião depravada: lascívias e orgias relacionadas
com a deusa Astarte eram uma parte destacada da sua adoração. Os
israelitas, por permitirem que os sidónios permanecessem no meio deles,
foram por fim enlaçados pela adoração de deuses falsos (Livro dos Juízes,
10:6-13).

Deusa Astarte
Ruínas do Templo
de Eshmun - Sidon
Arte Fenícia – Arquitetura e Escultura

 Ao nível da arquitetura, os fenícios fundaram templos, obeliscos, necrópoles


(com sarcófagos em pedra ou mármore)

 Na escultura, teremos estatuetas (torsos – com funcionalidade ritual),


alabastros, relevos, figuras em terracota. São representadas divindades,
mulheres, crianças… Criaram ainda sarcófagos em pedra e estelas.

 A arte fenícia recebeu as influências de diversas comunidades da região,


nomeadamente dos povos grego, egípcio e assírio.

 A sua arte era também impressa em escaravelhos de jaspe verde, usados com a
simbologia de amuletos.
Estatueta do Deus
Fenício Melqart (séc.
VIII-VII a. C.)
Busto da Deusa Tanit
O Templo dos Obeliscos
na antiga cidade fenícia
de Biblos
Sarcófago de Ahiram, rei de Biblos
Arte Fenícia - Pintura

 Os fenícios produziram ainda pinturas de alguma qualidade, embora os


registos escasseiem sobre esta vocação em concreta.

 A pintura funerária de estelas, objetos votivos e murais encontrados nos seus


túmulos mostra-nos como pintavam em tons policromados em alguns casos ou
mesmo apenas em dois tons; vermelho e azul no ocre das paredes de pedra.

 As pinturas representam diferentes elementos de sua vida tão importantes


como religiosos, sociais, funerários e sua rotina diária, como navegar ou
comercializar.
Arte Fenícia - Pintura

 Padrões de Pintura Fenícia eram constituídos por uma sequência de flores,


pétalas ou vinhas que decoravam as paredes. As grinaldas são um motivo
frequente nas suas pinturas, assim como motivos que representam animais
com (ou sem) figuras humanas presentes.

 Como eram pessoas que viviam perto do mar, acredita-se que criaturas dos
oceanos como peixes, corais, conchas e polvos também devem ter sido
representadas.

 A pintura fenícia não era, como a egípcia, destinada às paredes dos templos,
nem era, como a grega, usada para a decoração das casas. Em certa medida,
usavam tinta nas estátuas, não para cobrir toda a figura, mas com delicadeza
e discrição, para destacar certos detalhes e enfatizar certas partes do
desenho.
Créditos: https://historiadelarteen.com/
Créditos: https://historiadelarteen.com/
Declínio da civilização fenícia

 A chegada de Ciro, o Grande ao trono persa foi sinal de vitórias para este
império. Os persas conquistaram a Anatólia, partes da Ásia Central, a zona do
Médio Oriente, onde se incluía a Fenícia.

 A Fenícia era uma grande potência marítima e económica, mas em termos


militares, não dispunha de um exército poderoso.

 A Fenícia foi conquistada pelos persas em 539 a. C.


Declínio da civilização fenícia

 Em 350 e 345 a.C. uma rebelião em Sidon liderada foi esmagada pelo
imperador persa Artaxerxes III.

 No âmbito da guerra contra o Império Persa, Alexandre, o Grande conquistou


Tiro em 332 a.C. após o Cerco de Tiro. Alexandre foi excepcionalmente cruel
com a cidade, executando 2 000 de seus principais cidadãos.

 A Fenícia deixava de existir enquanto civilização, contudo a sua herança


comercial não pode ser ignorada.
Cerco de Tiro por Alexandre, o
Grande
Vídeos

 https://www.youtube.com/watch?v=Q80f0jDPQo8, (A história dos Fenícios).

 https://www.youtube.com/watch?v=y46eSr6M4h4, (A Arte Fenícia).

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