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CENTRO PAULA SOUZA

DISCIPLINA: HISTÓRIA
DOCENTE: LOUIZE MARGUTTI FERNANDES

EGITO ANTIGO
“O Egito é uma dádiva do Nilo.” A frase do historiador Heródoto, que viveu entre
485 a.C. e 420 a.C., lembra a importância desse rio na formação do povo egípcio. Às
suas margens criaram uma cultura e uma maneira de se organizar totalmente novas.
Suas águas cortam o nordeste da África, uma região desértica, e transbordam todos
os anos ocupando as margens, deixando-as férteis, especialmente por causa do
húmus. Terminada a temporada das cheias, suas águas voltam a ocupar o leito normal
e deixam as margens prontas para o plantio.

Os nomos: as primeiras comunidades agrícolas

Estudos arqueológicos revelam que a região do vale do rio Nilo já era habitada
por grupos humanos desde antes de 5000 a.C. O clima e a vegetação da região eram
bem diferentes do que se conhece atualmente. Áreas que hoje fazem parte de
desertos eram verdes e abrigavam animais como elefantes, girafas, avestruzes,
antílopes, por exemplo. Tais características atraíram grupos humanos desde a época
paleolítica.

Em torno do Nilo, os núcleos humanos neolíticos passaram a cultivar grãos,


criar gado e a organizar as primeiras comunidades agrícolas, chamadas nomos.
Essas aldeias eram autônomas, ou seja, independentes umas das outras. Com o
desenvolvimento dos nomos e o crescimento da população, foi necessário aumentar
a produção de alimentos. Com as margens do Nilo ocupadas por plantações, as
comunidades locais descobriram que, com a irrigação, era possível cultivar em áreas
bem além das margens do rio. A agricultura (cultivo de trigo, cevada, algodão, papiro
e linho) era a atividade mais importante do Egito antigo. Os egípcios dedicavam-se
também à criação de animais (cabras, carneiros e gansos) e à pesca. Eles
comercializavam entre si e com outras civilizações, sob controle do Estado.

Os nomarcas e o faraó

Com o aumento da população e da produção de excedentes, surgiu a


necessidade de controlar os estoques e as trocas de mercadorias, supervisionar as
construções de diques e fortificações e administrar os serviços públicos. Para
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solucionar esses problemas, surgiu a figura do nomarca (líder do nomo), que passou
a chefiar a comunidade.
Por volta de 3500 a.C., os nomos da região do delta (no norte) se uniram para
formar o reino do Baixo Egito, sob uma liderança única. O mesmo ocorreu com os
nomos do sul, que formaram o reino do Alto Egito. Esses dois reinos estão entre os
mais antigos Estados de que se tem notícia. Ao que parece, por volta de 3200 a.C.,
um chefe do Alto Egito chamado Narmer ou Menés (não se sabe ao certo) uniu os
dois reinos.
Nessa época, a autoridade máxima era o rei ou faraó, que tinha a função de
manter a unidade, a ordem e a continuidade do Estado egípcio. Assim, foi criado um
Estado forte, que impunha a ordem sobre os 42 nomos, subordinados ao governo
central, cujos nomarcas tornaram-se representantes locais do faraó. Os egípcios
consideravam que o faraó era um deus vivo. Assim, estabeleceu-se no Egito uma
monarquia teocrática (teo = Deus; cracia = governo), na qual o faraó possuía o poder
político e o poder religioso, obtidos em sua coroação. Quando um faraó morria,
geralmente era sucedido por um membro da família.

A sociedade egípcia

O topo da pirâmide da sociedade egípcia era ocupado pelo faraó e sua família.
A seguir vinham os sacerdotes, os funcionários do Estado (burocratas e militares) e
os nobres, muitos deles descendentes das famílias que controlavam os nomos.
Na base da pirâmide social egípcia estavam os camponeses e os escravos. A
função dos sacerdotes era interpretar os desejos dos deuses e cuidar dos cultos. Para
isso, recebiam tributos e tinham isenção de impostos. Devido a essas características,
os sacerdotes chegaram a formar o grupo mais rico e influente do Egito.
Os escribas (do grupo dos burocratas) fiscalizavam a administração e
registravam por escrito o valor de impostos recolhidos e a quantidade de alimentos
estocados. A maioria da população egípcia era analfabeta, portanto, dominar a escrita
era uma forma de obter poder político.
Os camponeses, conhecidos como felás, eram obrigados a pagar tributos com
trabalhos forçados e estavam sujeitos a castigos impostos por funcionários do Estado.
Os escravos trabalhavam nas minas e pedreiras do Estado, nas terras reais e
nos templos. Em geral, eram prisioneiros de guerra e não constituíam um grupo
numeroso.
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O período dinástico

Depois da unificação do Egito por volta de 3200 a.C., uma sequência de faraós
pertencentes à mesma família (dinastias) sucederam-se no poder, até a conquista do
Egito pelos persas, em 525 a.C. Esse longo tempo ficou conhecido como Período
Dinástico e costuma ser dividido em Antigo Império, Médio Império e Novo Império.

Antigo Império (± 3200 a.C. a 2000 a.C.)

• Os faraós promoveram a expansão do território para oeste, sul e nordeste e


consolidaram seu poder sobre todo o Egito antigo.
• Por volta do ano de 2200 a.C., as cheias do Nilo diminuíram, trazendo redução
das safras e fome para a população.
• Para controlar a crise, vários nomarcas contestaram o poder central do faraó.
• O enfraquecimento político no Egito favoreceu as invasões de povos asiáticos
na região do delta do Nilo.

Médio Império (± 2 000 a.C. a 1 580 a.C.)

• Aproximadamente em 2000 a.C., os nomarcas da região de Tebas, no alto


Nilo, expulsaram os invasores asiáticos e devolveram a unidade do Império aos
faraós.
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• Por volta de 1800 a.C., começou uma nova onda de invasões. Os hicsos, um
povo vindo da Ásia, dominaram boa parte da região, mas a cidade de Tebas, ao sul,
resistiu à sua conquista.
• Com os hicsos os egípcios aprenderam a usar o cavalo e o carro de guerra e
a produzir utensílios e instrumentos de bronze, mais resistentes que os de madeira,
pedra e cobre.
• Os egípcios conseguiram expulsar os invasores em 1580 a.C., sob o comando
do faraó Amósis I.

Novo Império (1580 a.C. a 525 a.C.)

• Conquistas militares ampliaram as fronteiras do império egípcio. Destaque


para a atuação dos comerciantes, que exerciam atividades dentro do Egito e com a
Ásia, inclusive tráfico de escravos.
• No século XIV a.C., o sistema de irrigação foi aperfeiçoado, com o uso de um
mecanismo conhecido no Egito atual como shaduf. Os templos de Karnac e Luxor,
dedicados ao deus Amon, são exemplos da fase de esplender do Novo Império.
• O governo de Necao II (610 a.C.-595 a.C.) intensificou o comércio com a Ásia.
• Depois de Necao II, surgiram disputas políticas entre a nobreza, os
burocratas, os militares e os sacerdotes. Os camponeses revoltaram-se contra as
condições em que viviam.
• Com o império enfraquecido, as invasões tornaram-se frequentes até que, em
525 a.C., os persas conquistaram o Egito, transformando-o em uma província do
Império Persa.

Crenças religiosas e ciência

A religião no Egito antigo caracterizava-se pelo politeísmo, ou seja, a crença


em vários deuses (polys = vários). Os deuses tinham forma humana e animal e
representavam elementos da natureza.

Cada nomo tinha seus próprios cultos e divindades. Após a unificação, o


governo dos faraós buscou impor a toda a população egípcia o culto aos deuses
Amon-Rá (o Sol), Osíris (a morte) e Ísis (a fertilidade). Porém, mesmo com essa
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exigência, as divindades locais dos antigos nomos foram preservadas ao longo da
história egípcia.

Os egípcios acreditavam que, após a morte, a alma era enviada ao reino dos
mortos. Depois de julgada no tribunal de Osíris, a alma voltaria ao mesmo corpo para
uma nova vida. De acordo com o Livro dos mortos, a eternidade só seria conquistada
por quem provasse ter sido justo durante a vida. Para isso, diante de Osíris, o deus
Anúbis colocava o coração do morto em uma balança, junto com uma pena, que
simbolizava a justiça (ma’at). Se o coração tivesse o mesmo peso que a pena, o morto
seria recebido no reino de Osíris. Se pesasse mais, sua alma seria destruída.

Para o corpo se conservar e voltar a abrigar a alma, os egípcios aperfeiçoaram


a técnica de mumificação dos cadáveres. A mumificação era comum aos mortos das
famílias mais ricas, pois era muito cara. Controlada pelos sacerdotes, a mumificação
permitiu aos egípcios desenvolver o conhecimento sobre a anatomia humana. Isso
favoreceu o avanço da Medicina e o surgimento de especialistas em áreas como
fraturas e doenças do estômago e do coração.

Os egípcios também desenvolveram a Astronomia e a Engenharia. Elaboraram


um calendário solar que determinava as épocas de plantio e de colheita. A Engenharia
evoluiu com a construção de obras públicas. A Matemática avançou com a cobrança
de impostos.

TIPOS DE ESCRITA

No Egito antigo existiam três tipos de escrita: escrita hieroglífica (sagrada):


utilizada nas paredes de templos e túmulos; escrita hierática (para documentos):
usada em papiros e placas de barro; e escrita demótica, de uso popular.
Com a conquista do Egito por outros povos, essas escritas foram pouco a pouco
deixando de ser usadas. Em 1799, foi encontrada uma pedra que continha um mesmo
texto em hieróglifo, demótico e grego na região de Roseta, no Egito. Ao comparar as
inscrições, o estudioso francês Jean François Champollion conseguiu decifrar as
antigas escritas egípcias. A partir daí, iniciaram-se estudos cada vez mais
aprofundados sobre o Egito antigo.
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