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A CIVILIZAÇÃO EGÍPCIA

Professora
Andreia Regina Moura Mendes
Hino a Aton, do reinado do faraó Ikhnaton

Tu crias o Nilo no Mundo Inferior,


Tu o trazes como desejas,
Para manter vivo o povo do Egito.
Pois tu os criaste para ti mesmo,
És o senhor de todos eles, tu que te fadigas por eles;
Tu, o sol do dia, grandioso na glória.
A civilização do Nilo
Na antiguidade clássica o historiador grego Heródoto
havia notado que: “a maior parte [do Egito] é uma dádiva
do Nilo, como dizem os sacerdotes, e foi essa a minha
impressão.”
Suas origens remontam a 3. 500 anos a.C., e o seu
processo civilizacional dependeu da estabilidade
proporcionada pelo Vale do Nilo e pelo seu isolamento
geográfico, deixando livre de ameaças estrangeiras.
Num território cercado por desertos e cadeia de
montanhas, o rio Nilo com as cheias periódicas favorecia a
adubagem das terras às suas margens, fornecendo um
campo fértil para a prática da agricultura irrigada.
O trabalho dos felás, camponeses egípcios coordenado pela
nobreza, foi fundamental para a organização das obras hidráulicas
e garantia do desenvolvimento da civilização.
Geograficamente, o território dividia-se entre o delta e o vale. O
vale acompanhava o rio por mais de mil quilômetros com uma
estreita faixa de terra para o cultivo com apenas dez quilômetros
de extensão. O delta com duzentos quilômetros de lado era uma
região rica e densamente povoada.
Estas áreas eram denominadas politicamente de baixo e alto
Egito. Sua unificação ocorreu pela ação do nomarca Menés,
responsável pela reunião dos dois reinos sob sua autoridade,
tornando-se desta maneira, o primeiro faraó.
Períodos da história política egípcia
Antigo Reino
• Antigo Reino: unificação ocorrida em 3.100 a. C.
• Entre 3.100 até 2.200 a. C., o Egito foi governado por seis
dinastias, teocráticas e hereditárias. O faraó, do egípcio per-o,
que significa “casa grande”, mantinha a linhagem casando-se
com uma parente. Ele era o deus-vivo, sumo-sacerdote, chefe
dos exércitos, juíz maior e governante.
• O estado egípcio no Antigo Reino era pacifista e voltado para o
desenvolvimento interno. Não havia um exército nacional, mas
milícias disponíveis para a necessidade de combate.
• Fatores responsáveis pela crise do Antigo Reino: construção de
projetos monumentais, exploração dos trabalhadores egípcios,
domínio local dos nobres e enfraquecimento do poder central.
O Médio Reino
• Período de maior responsabilidade social e restauração do
poder monárquico com a XII dinastia: época áurea da
civilização egípcia.
• Aliança do estado com funcionários, mercadores, artífices e
camponeses: época de maior prosperidade econômica.
• Avanço da justiça e desenvolvimento de importantes obras
públicas, como projetos de drenagem e irrigação.
• Democratização da religião, baseada numa conduta moral
acertada.
• Contra-revolução do nobres e invasões estrangeiras: 1786 a
1575 a. C.
• Invasão dos hicsos: povos da Ásia Ocidental: o uso de
cavalos e carros de guerra associado com as cisões entre
os egípcios foram fatores responsáveis pela invasão.
• Os hicsos influenciaram a história egípcia: “(...) por
submetê-los à vergonha de uma tirania estrangeira,
possibilitaram-lhes esquecer suas divergências e unirem-
se numa causa comum”. BURNS, 2005, p. 23.
• Amósis, fundador da XVIII dinastia coordenou a luta pela
expulsão dos hicsos, desta forma fortalecendo o
sentimento nacionalista e aniquilando o poder dos nobres.
Império
– Período entre 1575 a 1087, governado por três dinastias
sucessivas: XVIII, XIX e XX.
– Fase de expansão territorial e imperialismo: incursões na
Palestina e Síria, dominando uma área que ia do rio
Eufrates até as mais distantes cataratas do Nilo.
– Grandes extensões dos territórios associadas às constantes
revoltas levaram ao declínio do expansionismo.
– O grande afluxo de riquezas das áreas dominadas levou ao
enfraquecimento da produção nacional.
– O governo do Império era baseado na autoridade absoluta
do faraó, ancorado num exército profissional e na aliança
com a nobreza cortesã ou burocrática.
– Ramsés III (1182-1151) foi o maior faraó da XIX dinastia.
O declínio
• Século XII: novas invasões dos líbios e núbios e
decadência social.
• Crescimento do poder dos sacerdotes:
enfraquecimento do poder criativo laico e
favorecimento da religiosidade com o aumento na
crença de ritos mágicos.
• O Egito foi conquistado sucessivamente pelos: líbios,
etíopes ou núbios (séculos X ao VIII), assírios (670 a. C.)
e persas (525 a. C.).
• Curto período de retomada egípcia: o renascimento
cultural (622 a. C. -525 a. C.).
O Faraó

• Faraó: o rei surge com seu poder legitimado pelos


deuses. Era o chefe militar e senhor dos exércitos
além de sumo sacerdote principal.
• “Mais que senhor dos exércitos ou supremo juiz, o
faraó é o símbolo vivo da divindade”. PINSKY, 2006,
p. 95.
• O rei tinha uma vida dupla: em público era
considerado um deus vivo para quem se devia uma
série de cultos, em sua vida privada, mantinha o
contato com a família, o lazer e diversões.
A religião egípcia

• A religião egípcia era politeísta e


antropozoomórfica, tinha um papel
predominante na vida social, influenciando as
artes, as práticas culturais e os
comportamentos.
• Religião e política se entrelaçavam, pois o
governo era uma monarquia teocrática
alicerçada no poder dos sacerdotes.
• No início, cada localidade mantinha o culto a
uma divindade tutelar ou uma personificação
das forças da natureza. As divindades foram
fundidas com a unificação territorial. A
principal deidade era o deus Rá. Depois
intitulado Amon-Rá. Osíris personificou as
divindades da natureza, era também
conhecido como o deus Nilo.
O culto de Osíris
• O culto iniciou como uma religião da natureza. Osíris
personificava a vegetação e as águas do Nilo. Sua origem
remonta a diferentes lendas, ele aparece como um guia
que ensinou aos homens o cultivo da terra e outras
práticas culturais, mas foi assassinado pelo seu irmão
Set, sendo trazido à vida por sua irmã e esposa real Ísis.
Osíris ressuscitado transformou-se no juiz dos mortos e
responsável pelo julgamento para a outra vida. Segundo
BURNS: “ A morte e ressurreição de Osíris simbolizavam
a retirada das águas do Nilo no outono e a volta da
inundação na primavera”. BURNS, 2005,p.27.
A crença na vida após a morte
• Crença no retorno do KA (alma) para abrigar o corpo após
o julgamento de Osíris.
• O processo de mumificação garantia a preservação do
corpo (Ba) para o retorno e reconhecimento do espírito
(Ka).
• Conduta moral e religiosa acertada para herdar a vida
eterna num reino celestial de gozos e prazeres diversos.
• Com o estabelecimento do Império, a religião perdeu seu
caráter ético e tanto a magia quanto a superstição
ganharam espaço nas práticas religiosas.
• Degradação da religião provocada pelos sacerdotes:
venda de feitiços e o comércio de fórmulas retiradas do
Livro dos Mortos: inscrições mortuárias.
O monoteísmo de Ikhnaton
• A degradação religiosa fez o faraó Amenotep iniciar uma reforma religiosa,
enfraquecendo o poder dos sacerdotes, abolindo o culto às diversas
divindades e instalando a adoração a Áton, antiga denominação para o sol
físico. Representado como deus uno, justo e benévolo, não assumia forma
alguma, apenas dos raios solares.
• Construiu uma nova capital dedicada ao novo culto: El-Amarna, criando
uma religião de monoteísmo restrito. Restaurou o caráter ético da religião
egípcia, tornando-se o único adorador do deus, enquanto todos deviam
adorar o próprio faraó.
• Sem o apoio da massa na manutenção do novo sistema de crenças, os
antigos sacerdotes aliaram-se com os sacerdotes de Áton e realizaram o
retorno para o antigo culto aos deuses. O novo faraó, Tutankhamen
demonstrou devoção a antiga religião politeísta, sendo o seu funeral uma
prova de suas relações com o antigo sistema de crenças.
Bibliografia
• BURNS, Edward McNall. História da Civilização
Ocidental. São Paulo: Globo, 2005. 44 ed.
Capítulo 2. A civilização egípcia.
• LOON, Hendrik Willem. A história da
humanidade. São Paulo: Martins e Fontes, 2004.
• PINSKY, Jaime. As primeiras civilizações. São
Paulo: Contexto, 2006. 23 ed.
• ____________ 100 textos de História Antiga.
São Paulo: Contexto, 1991, 5 ed.

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