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Podemos ver pelo gráfico acima que durante a era romana de mais ou
menos 200 a.C. até a vinda de Cristo vamos ter uma época mais quente, e que
lá para 200 volta a crescer. E há uma queda leve lá para o final do século IV e
começo do V, além de ter uma grande queda no começo da Idade Média, até o
ano 750.
No entanto, o clima não é o único fator que interfere, mas também é
importante os dados sobre as chuvas do período. Por exemplo, na Pequena
Idade do Gelo vivida pela humanidade de mais ou menos 1300 até 1800, nós
não sentimos tanto a diferença, porque as chuvas não variaram muito, e
porque também já estávamos com uma tecnologia superior na agricultura e
indústria que fez com aguentássemos mais.
Além disso, você tem a inflação gerada pelos imperadores que também
vai assolar o Império e ser um dos grande motivos de sua queda. Por volta de
68, o denário tinha quase 100% de prata. A quantidade de prata foi caindo até
que em 200 tinha cerca de 60%, e durante o final da crise do século III tinha
menos de 5% em 268. O preço do trigo do Egito também subiu imensamente a
partir de 260, passando de cerca de 25 dracmas por artaba (unidade persa que
representa de 50 a 55 litros) para 250 dracmas por artaba em 290, e 300
dramas em 320.
Além disso, a partir do século III o Império Sassânida, que era persa,
estava pressionando as fronteiras orientais do Império, pois, queria uma saída
para o mar Mediterrâneo. E boa parte das tropas romanas ficavam nas
fronteiras do Reno e do Danúbio com os germânicos, e eles tiveram que levar
um grande exército para o leste, maior do que o Império poderia gerenciar
facilmente. Em 224 o moribundo Império parta é substituído pelo Império persa
revivido e com interesses expansionistas.
Além disso, ainda tem a grande ameaça dos hunos que eram um povo
caçador-coletor da Mongólia. Eles decidem em certo ponto começarem a
invadir outros povos, e invadem a China, a Índia e depois partem para o oeste
para invadirem a Europa. Os hunos eram basicamente que nem os Dothraki do
Game of Thrones, soldados montados à cavalos, que saqueiam, matam e
estupram quem estiver na sua frente. Os hunos pressionam as tribos
germânicas que passam a fugir para o sul e a entrarem no Império, às vezes
pacificamente, às vezes violentamente. Pelo mapa abaixo, podemos ver que os
ostrogodos ficavam na região da Rússia perto do Caúcaso. No outro mapa,
podemos ver a região em que os hunos chegaram na Europa, pressionando
esse povo. Os hunos inflingem uma série de derrotas terríveis nos ostrogodos,
e eles eram tão brutais, que o rei ostrogótico cometeu suicídio para não cair
nas suas mãos.
Os visigodos também são completamente derrotados, e depois que
verem o que os hunos faziam com os cativos, eles fogem desesperadamente
até atingir a fronteira com o Danúbio. Os romanos passam a perder a
confianças nos visigodos, que começam a saquear, queimar, e fazer as
habituais barbaridades nos Balcãs. E na batalha de Adrianópolis eles trucidam
os romanos, junto com os ostrogodos.
A feudalização da Europa
Os monges irlandeses são tão bem sucedidos que vão até começar um
renascimento monástico na Inglaterra, porque os mosteiros eram fortificados
para resistir às invasões dos anglo-saxões, jutos e frísios, que eram pagãos e
não arianos. A Inglaterra deixou de ser parte da Cristandade por dois séculos
depois que foi abandonada pelos romanos. Os anglo-saxões vão dar um certo
trabalho para os monges, mas depois da conversão de Etelberto de Kent em
597 ao catolicismo, as coisas começam a melhorar, e o restante dos reinos
anglo-saxões (Sussex, Essex, Wessex, Mércia, Ânglia Oriental, e Nortúmbria)
vão todos se tornar católicos até 686, e vai ter um renascimento monástico na
Inglaterra que durará até as invasões vikings em 796. Etelberto (Aethelbert) foi
convertido junto com 10.000 de seus seguidores no natal de 597, por Agostinho
de Canterbury, que foi mandado pelo papa Gregório Magno. Em 604, o rei
Seberto (Saebehrt) de Essex se converte e constrói uma igreja em Londres.
Em 605, o rei de Redualdo (Redwald) da Ânglia Oriental se converte ao
catolicismo, mas parece que depois abandonou a religião e ele pode ser o rei
pagão enterrado em Sutton Hoo. Em 627, o rei Eduíno (Edwin) é batizado sob
a influência de sua esposa católica. Bento Biscop (628-690) funda um convento
de monges em Jarrow, na Nortúmbria. O santo Beda, o Venerável (672-735), é
um grande historiador da Idade Média, que escreveu o Historia ecclesiastica
gentis Anglorum (732), que escrevia em prosa latina, e preservou a cultura
saxã. A diferenças dos católicos da Inglaterra e Irlanda para os do continente é
que eles ainda escreviam em línguas bárbaras como o inglês, e quando
escreviam em latim, tinham que aprender a língua como se fosse estrangeira.
Depois Narses, outro general bizantino em 551, inflinge uma derrota nos
ostrogodos que fazem eles se retirarem para além dos Alpes, e Narses
governa a Itália a partir de Ravena, mas governa uma Itália despovoada e
despedaçada. A Itália não se recupera em termos populacionais até 1100.
(Conquistas de Justiniano em 565)
No século III a.C. o norte da África era dominado por Cartago, uma
potência semítica, e logo seria o maior inimigo de Roma. Após as três guerras
púnicas de 264 a.C. até 146 a.C., Roma destrói completamente a cidade de
Cartago em 146 a.C., queimando a cidade e salgando a terra para nada
crescer ali. Depois o território se torna província romana, e Cartago é
reconstruída em 49 a.C. por Júlio César só que agora com arquitetura e
admnistração romana, com uma população de 500.000 pessoas 150 anos
depois, sendo a segunda maior cidade do Ocidente e uma das mais ricas.
As cidades do norte da África depois de serem romanizadas, ainda
falavam púnico e bérbere além do latim. As cidades grandes falavam latim,
mas quando você ia para as cidades pequenas, as vilas, e os distritos rurais, é
bem provável que ninguém entenderia você falando em latim. Além disso a
literatura latina no norte da África tinha seu próprio ramo, com pessoas como
Santo Agostinho de Hipona, São Cipriano de Cartago, Tertuliano, etc.
Vale lembrar que o deserto da Saara foi se formando aos poucos. Cerca
de 8000 anos atrás o eixo de inclinação da Terra começou lentamente a ir de
24,1° para os atuais 23,5° e isso fez com que lentamente ao longo de milhares
de anos, o norte da África fosse ficando mais seco e o deserto fo Saara fosse
avançando ao norte, até chegar no que é hoje. Hoje apenas uma certa região
costeira do norte da África não é deserto e tem o clima mediterrâneo, com
verões secos e invernos chuvosos. Mas antigamente o Saara era uma savana
de clima tropical, que foi lentamente se transformando em um deserto.
Hunerico governa até 484, que mistura uma política de tolerância com
uma de perseguição aos católicos. Até 482 ele tolera, mas começa a perseguir
por temor a Constantinopla, proibindo o culto católico e expulsando boa parte
do clero, com muitos sendo torturados ou tiveram a língua cortada. Foi por
causa dessa perseguição que surgiu o termo vandalismo. De 484 até 496,
reina Guntamundo que buscou a paz com os católicos e acabou com a
perseguição mais uma vez. Durante seu reinado os vândalos vão perder a
Sicília para os Ostrogodos. De 496 até 523 reina Trasamundo, que devido o
seu fanatismo ariano, volta a perseguir os católicos, mas se limita a
perseguições sem derramamento de sangue. No entanto, ele incentivou
debates teológicos entre arianos e trinitários e quem se destacou foi Fulgêncio
de Ruspe (460-533), pela defesa da Santíssima Trindade. Seu sucessor,
Hilderico, que governou até 530, foi o mais tolerante de todos, e os sínodos
católicos foram mais uma vez realizados no Norte da África. Ele era sobrinho
de Valentiniano III, mas ele tinha pouco interesse em guerra, e deixou isso a
um membro de sua família, Hoamero. Quando Hoamero sofreu uma derrota
contra os mouros, a facção ariana dentro da família real liderou uma revolta,
erguendo a bandeira do arianismo nacional, e seu primo Gelimero. Gelimero é
o último rei vândalo, reinado até 533. O imperador Justiniano declarou guerra
com a intenção de colocar Hilderico de volta no trono.
Depois disso, a África vai continuar rica, e vai ser uma das regiões bizantinas
mais ricas, e com uma alta cultura, experimentando até um renascimento com
a patrística. Cartago vai cair para os muçulmanos em 698, dando fim a era
romana e cristã em todo o norte da África.
Visigodos na Espanha (418-711)
O reino visigótico foi formado em 411, ocupando quase toda a Espanha
e o sudoeste da França. No entanto, em 507 na batalha de Vouillé, Clóvis
derrotou os visigodos, matando Alarico II e conquistando as posseções na
França. Sob o governo de Leovigildo, a capital foi estabelecida em Toledo, e
ele subjulgou o reino do Suevos em 585, que já eram católicos desde 550.
Hermenegildo (564-585) foi o primeiro rei a se tornar católico, mas ele foi
derrotado em 584 e morto em 585. Em 587, Recaredo I tornou o credo nicênico
a religião oficial do reino.
Após ser chamado de volta pelo califa, Muça deixou seu filho Abdalazize
ibne Muça no comando. Cerca de 716, muito da Península Ibérica estava sob
comando islâmico, com a Gália Narbonense tomada entre 721 e 725. A única
resistência efetiva foi nas Astúrias, onde um nobre visigótico chamado Pelágio
revoltou-se em 718, aliado com os bascos e derrotou os muçulmanos
na Batalha de Covadonga. A resistência também continuou em regiões ao
redor dos Pireneus e as regiões montanhosas do norte da Hispânia, onde os
muçulmanos estavam desinteressados em mantar a autoridade. Os berberes
se estabeleceram no sul de Meseta Central, em Castela. Inicialmente, os
muçulmanos geralmente deixaram os cristãos sozinhos para praticar a religião
deles, embora não-muçulmanos fossem sujeitos a lei islâmica e foram tratados
como cidadãos de segunda classe.
Os anglo-saxões na Inglaterra (410-1066)
Do ano 400 até 550, nós temos muitas poucas fontes sobre o que
aconteceu com a Britânia, então é considerada uma era obscura, uma Era das
Trevas. As fontes que temos são Gildas (500-570), um monge britânico que
escreveu em 530 o On the Ruin of Britain com denúncias retóricas sobre os
vícios que os britânicos tinham, que fez com que os bárbaros conseguissem
invadir o país. Não ajuda. Então temos alguém chamado Nennius, um
historiador britânico do século IX, que escreveu o Historia Brittonum e também
pode descartar, porque foi produzido 400 anos antes do evento, e é cheio de
alegações sem sentido, mas parece ter uma certa quantidade de informações
verdadeiras. Então você tem Beda, o Venerável (673-735), que escreveu o
História Eclesiástica do Povo Inglês, a grande obra de história produzida na
Idade Média, que realmente merece o título de história. É uma obra escrita com
muito cuidado, e tem uma agenda que exige a supressão silenciosa de uma
grande quantidade de informações muito importantes. Você tem referências
dispersas em grego, latim e línguas galêgas. Procópio de Cesareia menciona a
Britânia, mas de forma muito ambígua.
Não é que Gildas não seja um historiador confiável, é que ele não é um
historiador, e não estava querendo noticiar as coisas, apenas ficava apontando
os vícios dos britânicos. Beda é o mais confiável, mas ele trata o povo inglês
como se fosse o povo escolhido por Deus, para deslocar os habitantes
aborínges da Grã-Bretanha, porque eles se tornaram corruptos. Beda descreve
a colonização dos anglo-saxões em três etapas. A primeira é a fase de
exploração, quando mercenários saqueiam tudo. Quando Honório fala que não
consegue ajudar os britânicos, provavelmente os britânicos levantaram um
exército deles mesmos. Mas na real eles contrataram mercenários bárbaros, e
olharam para a região com interesse. Então você tem a fase de migração, e a
fase de estabelecimento, onde os anglo-saxões começaram a controlar áreas.
(Mateus Evangelista)
(O fólio 27r dos Evangelhos de Lindisfarne contém o incipit do Evangelho de
Mateus)
Sabe aquele mito que seu professor comunista falava, de que na Idade
Média não tinha limpeza nenhuma e por isso que a peste negra matou tanta
gente, enquanto o Império Romano tinha as suas famosas termas públicas?
Mais uma mentira para denegrir a Idade Média, a qual eu chamo de Idade da
Luz. Tomar banho na Inglaterra era bastante comum até 1520, e havia uma
gigantesca doença da transpiração, que parece ter matado um terço da
população. Uma das formas de controlar a doença do suor, era fechar todas as
casas de banhos públicas, e as pessoas passaram a ser bem mais sujas.
(Inglaterra em 650)
(cidade de York em 1060, no final da era anglo-saxã)
Podemos dizer que o período bárbaro da Europa vai de 400 até 800. A
partir de 400 os bárbaros entram no Império e começam a estabelecer seus
reinos que vão se completar por volta da metade do século V. Uma vez que o
Império Ocidental terminou de cair, os reinos bárbaros vão ter uma certa
ascenção, um ápice e depois vão cair. O reino burgúndio vai ser conquistado
pelos francos em 535, um ano antes o reino vândalo é conquistado pelo
Império Bizantino, o reino de Odoacro é conquistado pelos ostrogodos em 493,
e o reino Ostrogótico vai ser conquistado pelos bizantinos em 553. Os anglo-
saxões vão pressionando os celtas cristãos para o oeste na Inglaterra, até 838,
quando os celtas são conquistados e formam os estados Welsh e Strathclyde.
De 709 a 711 quem era o rei visigótico era Rodrigo (Roderico). Segundo
os muçulmanos, Rodrigo, que se tornara rei por um golpe contra Achilla II, filho
do antigo rei Wittiza, teria estuprado Florinda, filha do conde Julião de Ceuta.
Devido a isso, um dos nobres partidários de Achilla II decidiu cruzar Gibraltar e
pedir apoio a Tariq Ibn Ziyad, para que com os seus homens derrotassem
Rodrigo e restabelecessem a ordem. Então em 710, o chefe berbere Tarif ben
Ziyad, com a conivência de um dignitário visigodo rebelde de nome Julian,
conduz uma força invasora através do Estreito até Tarifa. Em 711 ocorre a
batalha do Guadalete, onde Rodrigo perde para Tariq Ibn Ziyad e todo o reino
visigótico cai nas mãos do califado Omíada. Tariq governava agora a Espanha
e cobrava impostos dos chefes militares visigóticos, que se mantiveram como
governantes das cidades. Mesmo que fosse verdade que os nobres pedissem
ajuda aos muçulmanos, as terras tinham que voltar para as mãos dos
visigodos, e não dos muçulmanos.
De 711 a 714, Tarif ben Ziyad e Musa ibn Nusair, são emires na
Península Ibérica, tirando um pequeno território no norte, chamado reino das
Astúrias, que vai começar a Guerra de Reconquista. De 711 a 756 há a
penetração e instalação de sucessivos grupos bérberes e árabes na península.
Em 712, o general árabe Musa ibn Nusair toma Medina, Sidônia e Sevilha,
além de cercar Mérida, que resiste por muitos meses, rendendo-se, sob pacto,
em junho de 713. Em 713, Musa ibn Nusair instala-se, com a ajuda dos judeus
revoltados, na capital (Toledo), submete também Huelva, Ossónoba (Faro) e
Beja. Os visigodos de Niebla e Beja ocupam Sevilha, mas são dominados por
Abd al-Aziz (filho de Musa ibn Nusair). Em 714, ocorre a segunda campanha de
Musa ibn Nusair: após ter-se reunido com Tarif ben Ziyad em Toledo (aí
passando o inverno de 713–714), toma Burgos, Leão, Astorga, Lugo e talvez
Viseu. Musa retorna a Damasco, cai em desgraça e é substituído pelo seu filho
’Abd al-Aziz (com o título de váli da Hispânia): realiza novas campanhas no
território da Lusitânia — Évora, Santarém e Coimbra. De 714 a 717, Abd al-
Aziz é o emir da Península.
Carlos Magno, uma das maiores figuras da Idade Média, acabou com a
desordem que estava nos últimos anos do reino merovíngio, e também acabou
com a ameaça externa de bárbaros não cristianizados do norte e do centro da
Europa. Os saxões apesar de invadirem a Inglaterra, ainda estavam no
continente, e os que estavam na Saxônia ainda eram pagãos, e faziam
incursões contra os francos. Então de 777 a 797, Carlos Magno esmaga a
Saxônia, conquistando seu território, fazendo vários massacres, e promovendo
conversões forçadas de pagãos ao Cristianismo. O mesmo ocorreu com a
Bavária e a Caríntia em 788. Em 774 Carlos Magno conquista os lombardos e
é coroado como rei dos lombardos, anexando seus territórios acima dos
Estados Papais. E ele continua a expasão territorial para o leste, fazendo a
mesma coisa que fez com a Saxônia com os Abroditas, Veletos, Sorábios,
Tchecos, Morávios, Ávaros, Croatos e Sérvios. No entanto, esses 8 últimos,
apesar de sofrerem a cristianização forçada, não foram integrados diretamente
ao Império Carolíngio, mas eram territórios dependentes.
É nesse contexto de Carlos Magno que surge um poema épico que teve
enorme influência na Idade Média, a Canção de Rolando. O poema narra o fim
heroico do conde Rolando, sobrinho de Carlos Magno, que morre junto aos
seus homens na batalha de Roncesvales, travada no desfiladeiro do mesmo
nome contra os sarracenos. A base histórica do poema é uma batalha real,
ocorrida em 15 de agosto de 778 entre a retaguarda do exército de Carlos
Magno, sob o comando de Rolando, um dos Doze Pares de França, que
abandonava a Península Ibérica, e um grupo de montanheses bascos, que a
chacinou.
(Batalha de Roncesvales (778): a morte de Rolando (iluminura de Jean
Fouquet, "Grandes Chroniques de France", 1455-1460, BNF).)
Apesar de Carlos Magno ser muito importante para a Idade Média e para
a história da Cristandade, ele também fez coisa abomináveis. Para começar,
ele matou muitos pagãos e forçou a cristianização de muitos outros nos lugares
que ele conquistou. Segundo que ele promoveu uma centralização política
tentando recriar o Império Romano, e os impostos e o controle governamental
foram aumentados, além de uma certa expansão monetária, que em certo nível
gerou ciclos econômicos. Além disso, Carlos Magno era mais ou menos que
nem o Constantino, que era católico, mas queria usar a Igreja a seu favor.
Magno vai interferir nos assuntos da Igreja, nomeando ele mesmo os bispos e
cardeais, coisa que depois a Igreja vai ter que combater, para não virar um
braço do Estado. A escravidão vai retornar nesse período devido ao comércio
de escravos com os árabes, mas a Igreja que sempre combateu, vai voltar a
combater mais fortemente até ela ser extinta na Europa cristã no século X e XI.
No mais é isso, Carlos Magno fez muitas coisas boas, mas também fez coisas
ruins apesar de não ser um demônio na Terra, e bem melhor do que qualquer
coisa que veio depois da formação dos Estados Nacionais.
Freysgoða)
Em 844, uma esquadra viking com mais de 150 barcos navegou pelo
Atlântico até Lisboa, então controlada pelo Emirado de Córdoba. Registros da
época contam que as velas marrons cobriram o estuário do Tejo como
pássaros negros. Após 13 dias de saques, três batalhas contra os mouros, não
conseguiram conquistar a cidade, e a frota seguiu em direção à Espanha. Em 2
de outubro, a expedição subiu o rio Guadalquivir até Sevilha. Tomada com
pouca resistência, grande parte da população fugiu para Carmona, e os
homens que ficaram foram mortos; as mulheres e crianças foram escravizadas.
Eles ficaram cinco semanas em Sevilha e saqueavam vilarejos a cavalo. O
emir de Córdoba organizou um exército, e com o elementos surpresa e
catapultas conseguiu recuperar a cidade. Prisioneiros foram enforcados nas
palmeiras e, para comprovar a vitória, 200 cabeças decapitadas foram
enviadas ao emir de Tânger (Marrocos), incluindo a do líder da expedição.
A presença viking na França foi tamanha que Paris foi saqueada três
vezes na década de 860, além de sitiada em 885. Melhor preparada do que
nos anos anteriores, a cidade se negou a pagar tributos resistindo ao cerco por
oito meses e impedindo que os navios seguissem o curso do Sena. No fim,
para descontentamento dos parisienses que mantiveram a cidade, o rei Carlos,
o Gordo, permitiu a passagem deles, desde que atacassem a Borgonha, que
tinha se rebelado contra os francos.
A Inglaterra era o principal alvo dos vikings e foi o país que mais sofreu
com os ataques, tendo boa parte de seu território ocupada e regida diretamente
pelos nórdicos. Em 838, os vikings se uniram aos celtas da Cornualha contra
os saxões liderados pelo rei Egbert, e ao Sul, frotas escandinavas se
revezavam em saques nos dois lados do Canal da Mancha. Londres não era
capital de nenhum reino, mas era um porto importante e movimentado. Os
vikings saqueiam a cidade em 842 e passam a navegar no Tâmisa em 851,
com uma forta estimada de 350 barcos. O novo ataque a Londres foi um
grande massacre, e os vikings ainda pilharam Cantebury, antes de, pela
primeira vez, montar um acampamento de inverno na Inglaterra. Quatro anos
depois, os nórdicos repetiram a experiência, no que é considerado o prelúdio
para a invasão do Grande Exército Pagão.
Em 8 de julho de 860, uma frota de 200 langskips viajou pelo Mar Negro
até o Estreito de Bósforo, encontrando a cidade despreparada. O imperador
Miguel e a elite militar estavam fora de Constantinopla lutando contra os
árabes. Monastérios e vilarejos foram pilhados e destruídos, e suas populações
dizimadas. No entanto, quem estava dentro da cidade saiu ileso. Após um mês
de cerco, os russos de kiev saíram frustados, não conseguindo invadir as
grandes e poderosas muralhas de Constantinopla.
Quem governou de 899 a 924 foi Eduardo, o Velho, que, com sua
irmã, Etelfleda, Senhora dos mércios, revelam charters, encorajaram as
pessoas a comprar propriedades dos dinamarqueses, para reafirmar algum
grau de influência inglesa em território que havia caído sob controle
dinamarquês. David Dumville sugere que Eduardo talvez tenha estendido essa
política recompensando seus apoiadores com com concessões de terras nos
territórios recentemente conquistados pelos dinamarqueses e que quaisquer
cartas emitidas em relação a tais subsídios não tenham sobrevivido. Seja com
for, em 918 Wessex e Mércia reconquistam parte do sul da Inglaterra,
conquistando a Ânglia Oriental e partes de Danelaw, no entanto Wessex e
Mércia vão se fundir e Wessex vai ser o único estado inglês. Em 910, as forças
combinadas de Wessex e Mércia venceram os vikings da Nortúmbira na
Batalha de Tettenhall, o que é a batalha onde se vê a derrota do último grande
exército dinamarquês para devastar a Inglaterra.
Eduardo, o Velho foi sucedido por seu filho Etelstano que Simon Keynes
chama a "figura imponente na paisagem do século X". Sua vitória sobre uma
coalizão de seus inimigos – Constantino, Rei dos Escoceses, Owen I de
Strathclyde, Rei dos Cúmbrios, e Olavo de Dublim - na Batalha de Brunanburh
em 937, comemorada por um poema famoso na Crônica Anglo-Saxã abriu o
caminho para que ele fosse saudado como o primeiro rei de toda a Inglaterra.
Ele era intransigente em sua insistência no respeito pela lei, mas esta
legislação também revela as dificuldades persistentes que o rei e seus
conselheiros enfrentaram em trazer pessoas problemáticas sob alguma forma
de controle. Sua afirmação de ser "rei dos ingleses" não foi amplamente
reconhecida. A situação era complexa: os governantes hiberno-nórdicos de
Dublin ainda cobiçavam seus interesses no reino dinamarquês de York; os
termos tinham que ser feitos com os escoceses, que tinham a capacidade não
apenas de interferir nos assuntos da Nortúmbria, mas também de bloquear
uma linha de comunicação entre Dublin e York; e os habitantes do norte da
Nortúmbria consideraram uma lei para si mesmos. Foi somente após vinte
anos de desenvolvimentos cruciais na sequência da morte de Etelstano em 939
que um reino unificado da Inglaterra começou a assumir a sua forma familiar.
No entanto, o principal problema político para Edmund e Edredo, que
sucederam a Etelstano, continuou a ser a dificuldade de subjugar o norte. Em
927, eles terminaram de expulsar os dinamarqueses das ilhas Britânicas e a
Inglaterra estava praticamente formada, exceto pela Nortúmbria, País de Gales
e Strathclyde. A Inglaterra foi unificada depois dos conflitos de Edredo em 953.
https://historiasderoma.com/2019/08/24/o-saque-de-roma/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Federados_(Roma_Antiga)#:~:text=foederati)
%20nos%20prim%C3%B3rdios%20da%20Hist%C3%B3ria,caso%20isso
%20lhe%20fosse%20solicitado.
https://en.wikipedia.org/wiki/Socii
https://stringfixer.com/pt/Lindisfarne_Gospels
https://www.medieval.eu/early-medieval-london-c-770-950/
https://www.timetoast.com/timelines/roman-saxon-and-viking
https://www.visualcapitalist.com/chart-deaths-roman-emperors-vs-coinage-
debasement/
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https://apologistasdafecatolica.wordpress.com/2020/06/01/a-conversao-dos-
vikings/
https://pt.wikipedia.org/wiki/Leges_Barbarorum