Mais poderoso que exércitos

Escrito por Llewellyn H. Rockwell Jr.

Mises costumava dizer que as ideias são mais poderosas do que os

exércitos. No meio da guerra - e todos os governos estão, até certo ponto, em
guerra com seu próprio povo - pode ser preciso muita fé para concordar. Mas
se você voltar atrás e olhar para o progresso que as ideias de liberdade estão
fazendo, é fácil acreditar que o que Mises disse estava exatamente certo. As
ideias não conhecem fronteiras. Eles não são inibidos por considerações de
espaço. Eles podem comer até o limite do tempo. Eles crescem e se espalham
por meio de decisões e ações individuais que ninguém pode controlar. No final,
os governos não conseguem administrar ideias e até mesmo ficam impotentes
por elas.

Gostaria de compartilhar um exemplo de como isso funciona com base

em minha recente viagem ao Brasil.

O pano de fundo nos remete a 51 anos atrás, quando Mises viajou à

Argentina para dar uma série de palestras. Ele ajudou a cultivar as sementes
da liberdade em uma região cada vez mais sob o controle e intervenção do
governo. Suas palestras foram publicadas, traduzidas para vários idiomas e
continuam a exercer influência entre as novas gerações.

Árvores enormes com essas sementes estão prosperando hoje na

América Latina. No mês passado, o empresário financeiro e ideológico
brasileiro Hélio Beltrão convidou uma delegação do Instituto Mises para a
inauguração formal do novo Instituto Ludwig von Mises Brasil. A ideia era dar a
essa instituição um excelente ponto de partida para se tornar outra instituição
de impacto ideológico revolucionário, florescendo na América Latina como o
Mises Institute nos Estados Unidos.

O Mises.org.br já é substancial e sério. Eu estava lá para patrocinar o

MisesBrasil da primeira conferência de economia austríaca na história do país.
Centenas de jovens se reuniram em Porto Alegre para ouvir Joe Salerno, Mark
Thornton, Tom Woods e eu, dos Estados Unidos, e Antony Mueller, Rodrigo
Constantino, Fabio Barbieri e Urbiratan Iorio, do Brasil. David e Patri Friedman
também estavam conosco.

Os moderadores foram Hélio e a jornalista da TV Globo Maria Beltrão.

Houve tradução simultânea inglês-português e português-inglês, e todo o
programa foi transmitido pela web. Todas as palestras serão arquivadas no
site, com legendas em inglês ou português conforme a necessidade.

Entre muitos outros projetos, a MisesBrasil também está trazendo de

volta à publicação a excelente tradução para o português de Ação Humana,
além de outros livros de Mises. Já está impressa a tradução de Política
Econômica, aquelas mesmas palestras proferidas por Mises há 51 anos, com o
título bem melhor em português de Seis Lições.

Este ano, foi realizada na Pontifícia Universidade Católica de Porto

Alegre a 23ª conferência do aliado Fórum da Liberdade, promovido pelo
Instituto de Estudos Empreendedores. O tema foi a vida e obra de Ludwig von
Mises. Cada um dos 5.500 alunos presentes recebeu uma cópia das Seis
Lições.

O ponto alto da conferência foi a entrega do prestigioso prêmio de

liderança na liberdade a Hélio, e a palestra que proferiu foi um apelo intelectual
às armas. O amor pela liberdade e pelo aprendizado era palpável, mas também
o era o desejo de ação prática. Como em toda a história do liberalismo, isso
significa encontrar uma maneira de se livrar do jugo do poder central.

Portanto, existe um sentimento secessionista vivo no Brasil. Os alunos,

docentes e empresários representavam ritualisticamente o hino nacional, mas
cantavam com gosto o hino do Rio Grande do Sul, estado mais ao sul cuja
capital é Porto Alegre. Todos saúdam associações formadas organicamente e
abaixo com coletivos coagidos!

Também soube que o estado de São Paulo - nós norte-americanos

voamos para sua capital, um grande polo comercial - travou uma guerra pela
independência contra o governo central e seu novo ditador e constituição em
1932. Há um monumento muito impressionante aos separatistas e uma
tradição. E na conferência de Helio, Patri Friedman falou em parte sobre a
secessão, a base de seu Seasteading Institute. E fiquei comovido ao ver como
seu pai David se assemelha a Murray Rothbard.

Os impostos do Brasil - um IVA gigantesco sendo o pior - são ainda

maiores do que os planos de Obama. O intervencionismo neste país é
verdadeiramente horrível. As tarifas também são abusivas. Mas um povo
caloroso, bem-educado e generoso pode ajudar a compensar um estado frio e
cruel. E fiquei impressionado por não ter que tirar meus sapatos no aeroporto,
nem meu laptop fora da capa; por chuveiros de fluxo livre; e por cardápios de
restaurantes que apresentavam preços mais baixos para mulheres do que para
homens, para citar apenas algumas das coisas brasileiras proscritas na Terra
dos Livres.

Agradeço também a Graziella Beltrão por uma das grandes festas da

história do hemisfério ocidental, realizada na casa espetacular de Helio e
Graziella, em homenagem a Joe, Mark e a mim (Tom ainda não chegou),
completa com comida tradicional brasileira, banda e cantor.

Também impressionantes foram os "Talibãs" de Helio (como são

provocativamente conhecidos), os jovens misesianos-rothbardianos lidos que o
ajudaram com o Instituto. Muito obrigado a Cristiano Chiocca, Leandro Roque,
e Fernando e Roberto Chiocca, entre muitos, por toda a ajuda.

Uma pessoa reclamou da inclusão apropriada de Rothbard e também de

Mises no belo brasão de MisesBrasil. Espere até que ele veja o brasão do novo
Swedish Mises Institute - fundado em nossa conferência em Salamanca em
discussões com Helio. Apresenta Mises e Hoppe.

Esse tipo de movimento, resultado de grandes quantidades de energia e

inspiração humana, não pode ser montado por uma burocracia governamental,
nem pode ser interrompido por ela. É a manifestação da energia humana,
aplicada com visão e empreendedorismo, impulsionada por uma técnica
brilhante e trabalho árduo, e com seu propósito seguro em uma paixão ardente
pela liberdade e pela verdade.

Há muito sabemos que o austrolibertarianismo é o único movimento

político-econômico verdadeiramente internacional fora do marxismo. Como é
emocionante ver um boom sem fronteiras, não apoiado pelo FED, mas
baseado na verdade. Esta é uma luta mundial e agora, especialmente,
devemos trabalhar juntos, na tradição de Mises e Rothbard, para o bem de
todos.