Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Imprimir
Texto:
A+
A-
Acredita-se que foi a partir do século V a.C. que o termo bárbaro começou a ser
de fato utilizado para referir-se às diferenças entre gregos e não gregos de
maneira geral, não se resumindo apenas ao idioma. Isso porque, na cultura, além
do idioma, ele foi usado para estabelecer critérios de diferenciação entre gregos
e não gregos.
Para os romanos, todo aquele que habitasse além das fronteiras de seu império
era um bárbaro. No caso dos germânicos, essa fronteira estava estabelecida nos
rios Reno e Danúbio. Todos os que habitavam as regiões além desses rios eram
germânicos e, na ótica romana, bárbaros. A região para além desses rios ficou
conhecida para os romanos como Germânia.
A classificação utilizada por Júlio César acabou sendo replicada por outros
intelectuais romanos, como Tácito, historiador e político romano conhecido
por escrever um livro relatando o modo de vida dos povos germânicos.
Como podemos identificar aqui, os povos germânicos, portanto, não foram
apenas um povo, mas sim diversos povos reunidos pelos romanos dentro do
mesmo grupo étnico. De fato, existia uma consanguinidade entre os
germânicos, mas cada grupo organizava uma grande confederação militar que
formava um povo germânico diferente do outro.
• Francos
• Alamanos
• Visigodos
• Ostrogodos
• Vândalos
• Jutos
• Anglos
• Saxões
• Hérulos
• Suevos
Além disso, sabe-se que, em alguns povos germânicos, existiam leis que
estabeleciam critérios para punir pessoas que mantinham uma conduta
inadequada. Nessas leis estabeleciam-se multas para pessoas que cometessem
algum delito e critérios para resolução de conflitos e a manutenção da
paz interna. Acredita-se que elas tenham começado a ser elaboradas a partir do
século III d.C.
Estátua em homenagem a Armínio, líder dos queruscos e responsável pela
dizimação de legiões romanas na Batalha da Floresta de Teutoburgo, em 9
d.C.
Ainda assim, havia conflitos entre os povos germânicos, e o historiador romano
Tácito registrou como os desentendimentos entre eles facilitavam o trabalho
de assimilação e conquista realizado pelos romanos|3|.
• Invasões germânicas
Até o século III d.C., os povos germânicos ficavam em limes, região fronteiriça
do Império Romano. A partir desse século, os diferentes povos germânicos
começaram a mover-se e a migrar para dentro das terras romanas. Isso acabou
precipitando o fim do Império Romano do Ocidente, uma vez que nessas terras
estabeleceram-se diferentes povos estrangeiros.
Os historiadores especulam que três fatores podem ter sido cruciais para as
migrações germânicas. Havia a procura por terras mais fertéis e a procura
por locais com climas mais amenos para que pudessem estabelecer-se. Por
fim, a chegada dos hunos, um povo vindo da Ásia Central, teria sido o terceiro
fator. Os hunos eram temidos, e sua chegada teria disseminado pânico e feito
com que diferentes povos começassem a migrar para fugir deles.
Notas
|1| PETROPOULOS, Ioannis. Desconstruindo o conceito de bárbaro com a ajuda de Kaváfis. Para
acessar, clique aqui.
|2| LE GOFF, Jacques. A civilização do Ocidente medieval. Petropólis: Vozes, 2016. p. 23-24.
|3| GONÇALVES, Ana Teresa Marques. A construção da imagem do outro: romanos, germanos nas
fronteiras do Império; uma análise da Germânia de Tácito. Para acessar, clique aqui.
Escrito por: Daniel Neves SilvaFormado em História pela Universidade Estadual de Goiás
(UEG) e especialista em História e Narrativas Audiovisuais pela Universidade Federal de
Goiás (UFG). Atua como professor de História desde 2010.