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Elaborado Por Valentim Moreira

INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO PRIVADO DE MENONGUE


CURSO DE DIREITO

MANUAL DE LATIM I
Para uso exclusivo dos Estudantes do 3º
Ano de Direito

Menongue, Novembro 2021

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Elaborado Por Valentim Moreira

CAPÍTULO I – HISTÓRIA ROMANA

Objectivos: Conhecer a história da fundação de Roma; identificar os principais


períodos da história romana; reconhecer o contexto social e histórico do
surgimento do latim

1.1-Fundação de Roma

Os antigos romanos diziam que sua cidade tinha sido fundada por Rômulo. Esse
mito tem raízes na lendária Tróia, de onde o herói Enéias partiu, após a
destruição da cidade, com o propósito de fundar uma nova civilização na Itália.
Auxiliado pelos deuses, depois de navegar e vencer os perigos do mar, Enéias
chega à terra do rei Latinus, que lhe dá a filha em casamento. Dos descendentes
de Enéias teriam surgido as famílias que deram origem ao povo romano. A região
central da Itália, que se chama Lácio (Latium), vem do nome do seu rei, Latinus,
de onde também se originou o nome da língua que estamos estudando, o latim.

Segundo a mitologia, os gêmeos Rômulo e Remo eram filhos de Marte, o deus


da guerra, e de uma sacerdotisa romana chamada Réa Sílvia. Logo ao
nascerem, os meninos foram jogados por seu tio-avô no rio Tibre, em um
cestinho, para que não herdassem o trono de Alba Longa. Encontrados por uma
loba, que os amamentou, foram adotados por um casal de pastores. Quando
cresceram, retornaram à cidade natal de Alba Longa e ganharam terras para
fundar uma nova povoação. Quando estavam construindo as bases da cidade,
os irmãos brigaram e Rômulo então matou Remo, depois fundou a cidade que
se chamou Roma, por causa do seu nome.

A imagem da loba amamentando os gêmeos


representa, ainda hoje, em algumas cidades
italianas, as origens da civilização romana.

Segundo os historiadores, porém, a fundação de Roma resultou da união de três


grupos que foram habitar a região da península itálica: gregos, etruscos e

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italiotas. Esses povos viviam da agricultura e de actividades pastoris. Sua


sociedade era formada por patrícios (proprietários de terras) e plebeus
(comerciantes, artesãos e pequenos proprietários). O sistema político era a
monarquia, sob o governo de um rei de origem patrícia. Esse período teria
durado de 753 a.C. a 509 a.C.

De 509 a.C. a 27 a.C., Roma viveu seu período republicano, em que o senado
ganhou maior poder político. Os senadores, de origem patrícia, cuidavam das
finanças públicas, da administração e da política externa, enquanto os cônsules
e os tribunos da plebe exerciam as atividades executivas.

Após dominar toda a Itália, os romanos conquistaram outros territórios. Com um


exército bem estruturado, venceram os cartagineses nas Guerras Púnicas (norte
da África, no século III a.C). Essa vitória lhes garantiu o domínio no Mar
Mediterrâneo.

Roma estendeu suas conquistas para muitas regiões importantes, como a


Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Síria e a Palestina. (ver
mapas no site da aula 1). Estava formado o império romano do ocidente, que
durou de 27 a.C. até 476. Durante esse período, das grandes conquistas, o latim,
língua dos romanos, também se expandiu, dominou outras línguas e delas sofreu
influências.

Quando o poder de Roma se enfraqueceu e o império começou a se fragmentar,


o latim popular, já bastante modificado, originou novas línguas, dentre as
principais estão o francês, o italiano, o espanhol, o português e o romeno.

1.2-Principais Etapas da História de Roma

1ª Etapa: Monarquia - o tempo dos reis

O primeiro período da história de Roma denomina-se Monarquia e apresenta


mais lendas e relatos míticos do que história propriamente. Nele, conta-se que a
cidade de Roma teria sido fundada por Rômulo, seu primeiro rei, e que, durante
mais de duzentos anos, outros seis reis sucederam-no. Nessa época, os
romanos, além de vencerem os primeiros combates contra seus vizinhos,
também constituíram seu exército, dominaram a região do Lácio e edificaram
algumas de suas construções, como muralhas e templos religiosos.

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Os principais inimigos dos romanos eram os Etruscos, um povo que vivia entre
o norte e o centro da Itália. Ainda hoje se conservam algumas ruínas de
construções etruscas, o que prova a existência da civilização deles na Itália.

Segundo as lendas dos romanos, os últimos três reis que governaram Roma
eram de origem etrusca. Quando, por volta do ano 500 a.C., o rei Tarquínio foi
expulso pelos romanos, deu-se o fim da Monarquia e o posterior estabelecimento
da República.

2ª Etapa: República - o governo dos cônsules

No período republicano, os romanos organizaram o poder e criaram as


magistraturas, compostas de encarregados da administração da cidade. Dois
magistrados superiores, chamados cônsules, assumiram o governo que antes
era do rei. Os cônsules eram as autoridades mais altas, eleitos pela aristocracia,
ficavam acima do senado e das forças armadas. A república romana foi marcada
por muitos combates entre os romanos e outros povos. Dentre todos, os que
mais se destacaram foram os cartagineses, também chamados de "punos", por
isso estas lutas ficaram conhecidas como "guerras púnicas". Cartago, uma
poderosa cidade situada no norte da África, era tida pelos romanos como uma
grande ameaça, porque competia com eles. Em 146 a.C., depois de lutarem por
mais de cem anos contra os cartagineses, os romanos finalmente conseguiram
destruir Cartago e expandir seu domínio na região do mar Mediterrâneo.

Durante a república, também ocorreram vários conflitos sociais devido às


desigualdades entre os romanos. Os plebeus, menos favorecidos, lutavam
contra os patrícios, mais beneficiados, pela igualdade de direitos. No final do
período republicano, Caio Júlio César tomou o poder e governou Roma até que
foi assassinado pelos próprios companheiros. César e também Sila, que o
antecedeu, realizaram algumas construções importantes para a urbanização de
Roma.

3ª Etapa: Império - Muitos poderes nas mãos de um só

Após sucessivas guerras, conflitos, corrupções e perseguições que motivaram a


crise da república, iniciase o período conhecido como império romano, que durou

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até 476 d.C. Destaca-se, no ano 31 a.C., Octavianus, conhecido na história como
o imperador Otávio Augusto, que governou Roma até 14 d.C.

Durante sua administração, Otávio concentrou em suas mãos todos os poderes:


militar, econômico, legislativo, religioso e judiciário. Reestabeleceu a paz em
Roma e realizou diversas reformas em todos os segmentos. Incentivou a
produção artística, resgatou os princípios religiosos e morais do povo romano.
Ele se autodenominou "Princeps" (príncipe, o primeiro dos senadores) e
"Augustus" (o iluminado, título religioso).

Roma tornou-se, no tempo do império, a capital de um imenso território, que


abrangia a maior parte da Europa, o norte da África e o ocidente da Ásia. A
cultura romana, levada a todas essas regiões, foi tomada, em muitas delas, como
modelo. Por isso hoje podemos encontrar, em várias partes do mundo, estilos
de construções, modos de vida, costumes, leis, instituições e comportamentos
sociais herdados dos romanos.

4ª Etapa: Augusto e o auge do latim e da cultura romana

Durante governo de Augusto, o latim se tornou uma língua altamente


sistematizada e enriquecida, na qual foram escritas as mais importantes obras
da literatura latina, como a "Eneida", de Virgílio, muitas poesias de Horácio,
Ovídio e Catulo.

Essa intensa produção literária fez do latim uma língua estudada por todos
aqueles que tinham acesso aos bens culturais, durante muitos séculos. Ainda
hoje, muitos buscam conhecer essas obras e usufruir de sua leitura na língua
original em que foram escritas, o latim clássico.

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CAPÍTULO II – INTRODUÇÃO AO LATIM

Objectivos: identificar os diversos tipos de latim; reconhecer as letras latinas

2.1-Variedades do Latim

O latim, como qualquer língua, também era composto de muitas variedades. A


variante chamada clássica era ensinada nas escolas, utilizada na escrita de
documentos, de textos artísticos e usada pelas classes dominantes de Roma; é
o latim das obras literárias, estudado ainda até hoje, também chamado de língua
“morta”, por não ser mais representativo de nenhuma nação, embora usado
oficialmente em cerimônias religiosas e na redação de documentos no Estado
do Vaticano. Esse latim escrito também passou por algumas transformações ao
longo dos séculos, sem, contudo, sofrer grandes alterações estruturais. Além
das instituições religiosas, foi usado nas Universidades européias, até o século
o XVIII, como língua internacional na escrita de tratados filosóficos e científicos,
bem como de vários documentos.

Paralelamente ao latim clássico, havia a língua falada pelas diferentes camadas


sociais do império romano. Era um latim menos complexo no aspecto
morfossintático e, em seu léxico, incorporava elementos diversos, de acordo com
o contexto em que era utilizado. Os estudiosos convencionaram chamar este
latim de vulgar, adjetivo derivado da palavra "vulgus", que significa "povo".
Latim vulgar, portanto, é o mesmo que latim popular. Dessa modalidade de
língua não existem obras escritas, porque era uma língua usada na fala
quotidiana. Como fontes para o seu conhecimento, temos alguns fragmentos de
textos da época, como cartas familiares, receitas de cozinha, inscrições
tumulares e outros gêneros populares. Há também algumas marcas que
aparecem na fala de personagens de comédias do escritor latino Plauto. Esses
vestígios da língua popular são conhecidos como vulgarismos e, através deles,
podemos verificar que o latim apresentava muitas variantes.

A influência que recebeu de outros povos, associada aos factores que


contribuíram para a fragmentação do império romano, fez com que o latim vulgar
evoluísse até se transformar em novas línguas.

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Assim, podemos dizer que o latim é uma língua que está morta e viva ao mesmo
tempo, dependendo do nosso ponto de vista. Se tomarmos o latim clássico,
podemos chamá-lo de língua morta. Se levarmos em conta, porém, o latim
vulgar, ao falarmos português, podemos dizer que estamos falando latim
atualizado.

2.2-O Alfabeto Latino

Quando o latim surgiu, há muitos séculos atrás, não havia gravadores de som e
nenhum outro equipamento que pudesse registrar a fala das pessoas. A escrita,
então, tinha uma importância enorme para os romanos, tanto que eles
acreditavam que ela era uma obra divina, dada aos homens pelos deuses.
Através dos sinais gráficos, eles poderiam transmitir às gerações futuras as leis
e os princípios de sua civilização.

Os romanos chamavam o conjunto de suas letras de "alfabetum". O nome se


refere às letras gregas "alfa" (a) e "beta" (b)

O alfabeto latino teria sido criado cerca de 700 anos antes de Cristo, baseado no
alfabeto etrusco, que, por sua vez, derivava do grego. Os romanos adotaram
vinte e uma das vinte e seis letras etruscas originais. Mais tarde, para transcrever
empréstimos da língua grega, incorporaram as letras Y e Z, ficando com 23
letras: A B C D E F G H I K L M N O P Q R S T V X Y Z

As letras minúsculas foram criadas bem mais tarde, pelos copistas medievais.

O alfabeto latino se disseminou pelo mundo e atualmente é usado no ocidente


composto por 26 letras:

ABCDEFGHIJKLMNOPQRSTUVWXYZ

O alfabeto da língua portuguesa é o mesmo que o latino, com excepção das


letras de origem anglo-germânica k, y e w.

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CAPÍTULO III – FONÉTICA E FONOLOGIA DO LATIM

Objectivos: Conhecer o funcionamento sonoro do latim; identificar o som das


letras latinas; pronunciar correctamente as palavras latinas

3.1- Pronúcia Latina: Aspectos Fonéticos

Regra geral, o latim tem a mesma pronúcia que a língua portuguesa, embora
existam algumas diferenças.

De acordo com Maraschin (sine date), existem três tipos de pronúcias do latim:

I. Pronúncia Restaurada ou Clássica

Foi reconstituída através de pesquisas fonéticas e propõe reproduzir a


pronúncias das elites de Roma no período clássico (106 - 43 a.C.) , do latim
literário. Hoje é usada nas academias e nos congressos de estudos clássicos.
Apresenta as seguintes características:

1) O c tem sempre som de [k]: Cicero → [Kíkero] = nome próprio de um


escritor;

2) O g tem sempre som de [g]: gigas → [gigas] = gigante; gens →


[gens]=gente, família, raça;

3) O t é sempre pronuncia-se [t]: iustitia → [ iustitia] = justiça;

4) O v tem sempre valor de [u]: civis → [kíuis]=cidadão, civil; vita →


[uita]=vida, existência;

5) No grupo gn pronunciam-se ambas as letras [g] e [n]: agnus →


[ágnus]=cordeira, anho;

6) Vogais em geral pronunciam-se abertas, mesmo quando seguidas de


consoantes nasais: campus → [kámpus] = campo;

7) O ditongo ae pronuncia-se [áj]: Caesar → [Káisar] = nome próprio de uma


imperador; caelum → [kájlum] = ceu, clima, ar;

8) O ditongo oe pronuncia-se [ôj]: poena → [pôjna] =pena, punição, castigo,


multa;

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9) O grupo ch pronuncia-se [k]: chorda → [korda] =corda; schola → [skola]


=escola;

10) O x soa sempre como [ks]: maximus → [máksimus] = o maior;

11) Também o grupo cc seguido de e ou de i pronuncia-se como [ks]: accedo


= [aksedo] = forma da primeira pessoa do presente do indicativo do verbo
chegar, aproximar-(se), atacar;

12) O y tem som de [ü] (como em francês): lympha → [lümfa] = água, linfa;

13) O j tem som de [i]: justus → [iustus] = justo, bom, conveniente;

14) As letras m e n não nasalizam as vogais precedentes:


amantis→[ámántis]= do amante (genitivo de amans =amante, apaixonado;

15) O s intervocálico ou não soa sempre [s]: asinus→[ásinus]= burro,


jumento;

16) O grupo ph soa como [f]: philosophia → [filosofia] =desinação de uma


ciência; forma de pensar;

II. Pronúncia Romana ou Eclesiástica

É usada nos cânticos religiosos e bastante conhecida; foi difundida pela Igreja
católica de Roma, por isso é italianizada:

1) A letra c, antes de e, i ou ae soa [tʃ]: caelum → [tʃaelum]=ceu; Cicero →


[tʃítʃero];

2) A letra g, antes de e e i soa [dƷ]: Georgicae → [dƷeórdƷitʃe] = nome


próprio;

3) O grupo gn soa [ŋ]: agnus → [aŋus] = cordeiro;

4) O j soa i: justus →[iutus] = justo, bom, conveniente.

5) O s final é sempre sibilante [s]: flores → [flores] = flor

6) O z soa [dz]: zelus → [dzélus] = zelo

7) As letras m e n no final não nasalizam as vogais precedentes: rosam


→[Rosam].

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Os outros sons não alteram, ou seja, são lido como na pronúcia restaurada ou
clássica.

III. Pronúncia Tradicional – usada pelos magistrados e pelos estudiosos do latim


em geral, assemelha-se muito à do português, com a diferença de que:

1) As vogais e consoantes finais são pronunciadas claramente: amat


→[amat];

2) O c tem som de [s] diante de e e de i: Cicero = [sísero];

3) O g tem o som de [Ʒ] antes de e e de i: gigas → [Ʒígas];

4) O t, precedido de i e uma vogal, tem som de [s], tal como na pronúcia


romana: oratio → [orásio]=fala, linguagem, oração. Só conserva o som de [t]
quando precedida de s, t e x: ostium →[ostium]=porta, entrada, Attius
→[atius]=Acio nome próprio, mixtio→ [mikstio]=mistura

5) O ditongo ae pronuncia-se [é]: caelum → [sélum] (assim como na


pronúncia romana).

6) O ditongo oe pronuncia-se [ê]: poena → [pêna] (de igual modo na


pronúncia romana)

7) O y tem som normal de [i] como nromana:yaena→[iena] = hiena;

8) O j se consonantiza ou seja soa [Ʒ]: justitia [Ʒustisia];

9) O m e o n podem nasalizar as vogais precedentes: rosam→[Rozɐ]̃

10) O s intervocálico se sonoriza, ou seja, [z]: rosam →[Rozɐ̃].

11) O qu é pronucicado, em todoas as pronúncia, soa [ku] seguido de vogal


resultando num ditongo: aquila →[akuila]=águia

Exercício de Leitura

Lê as seguintes frases ou máximas latinas:

Aquila non capit muscas (a águia não captura moscas); Aliquando, dormitat
Homerus (às vezes Homero também dormia); Actus corruit omisa forma legis (o
acto é nulo quando omite a forma da lei; Abysus abysum invocat (o abismo atrai

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abismo); Ad paenitendum properat, cito qui judicat (quem julga com pressa,
depressa se arrepende).

3.2-Quantidade e Acentuação em Latim

No latim, as vogias estão classificadas em breves e longas tendo em conta o


esoaço de tempo gasto na pronúncia das mesmas. Assim sendo, será breve a
vogal ou sílaba pronunciada com menos espaço tempo, e longa a pronunciada
com mais espaço de tempo (Figueiredo e Almendra, 1958):

Vogais breves (pronunciadas em um tempo): ă, ĕ, ĭ, ŏ, ŭ; vogais longas


(pronunciadas em dois tempos): ā, ē, ī, ō, ū.

Ex.: mĭhi (i breve) = de mim; cōgo (o longo)=forma da primeira pessoa do


presente do indicativo do verbo reunir, obrigar, constranger.

A distinção entre as vogais longas e breves está na acentuação ortográfica da


vogal.

Quanto a acentução, em latim as palavras conservam o acento tónico na


penúltima ou na antepenúltima sílaba, nunca na última sílaba (Almeida, 2000).

Regras de Acentuação Tónica

Nas palavras de uma sílaba ele recai sobre ela. Ex.:tē = te

Nas palavras dissilábicas, o acento tónico recai sempre na penúltima sílaba. Ex.:
Homo = homem; rosa = rosa.

Nas palavras polissilábicas, o acento recai na penúltima sílaba se for longa;


entretanto, se a penúltima sílaba for breve, o acento recai na antepenúltima
sílaba. Ex.: dierum = dos dias; regibus = aos reis.

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CAPÍTULO IV: MORFOLOGIA DO LATIM

Objectivos: identificar os elementos constituintes das palavras em latim;


identifcar a função dos casos da declinação latina; identificar a estrutura das
palavras latinas; declinanar correctamente as palavras em latim; identificar o
funcionamento morfológico das classes gramaticais do latim: substantivos,
verbos, adjectivos, preposições e advérbios.

4.1- Estrutura das palavras em Latim

Numa palavra latina consira-se os seguintes elementos estruturantes: radical,


característica, tema e desinência (Figueiredo & Almendra, 1958).

O radical é a parte de base, geralmente imutável na flexão ou declinação das


palavras. Ex.: rasam = a rosa; amat = ele ama.

A característica temática é a letra que se liga ao radical para determinar o


tema. É o elemento que determina o tema Ex.: rasam; amat.

O tema é a união do radical com a característica temática. Ex.: rasam; amat.

A desinência é a letra ou conjunto de letras que se juntam ao tema ou radical


para indicar os casos nos substantivos, adjectivos, numerais e pronomes,
desinências sausais e as pessoas nos verbos desinência pessoais. Ex.: rosam;
amat.

4.2-Os Casos da Declinação Latina e Suas Funções

De acordo com Figueiredo e Almendra (1958), as palavras variáveis (nomes,


adjectivos e pronomes) na língua Latina aprsentam, tendo em conta a função
sintáctica que desmpenham na frase, seis formas ou casos diferentes. O
conjunto dessas seis formas ou casos é denominado por Declinação.

Desta forma, a flexão nominal em Latim envolve: a variação em casos e suas


respectivas funções sintácticas (nominaivo, vocativo, genitivo, acusativo,
dativo e ablativo); a variação em número (singular e plural) e género (masculino,
feminino e neutro).

Ex.: RosA pulchrA est ( A rosa é linda/bela) as terminação “A” indicam que elas
pertencem ao caso nominativo, são do singular e do feminino.

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4.1.1-Funções dos Casos

Caso Nominativo: é o caso das palavras que desempenham as funões de


sujeito e nome predicativo do sujeito. Reponde à pergunta “quem ou o quê?”
(Stock, 2012).

Ex.: RosA pulchra est (A rosa é linda).

Caso Vocativo: é o caso que desempenha a função sintáctica de vocativo e


indica chamamento (Figueiredo & Almendra, 1958).

Ex.: RosA, pulchra es (Rosa, és linda)

Caso Genitivo: é aquela cujas palavras desempenham a função de


complemento nominal deteminativo. Responde à pergunta “ de quem?” (Stock,
2012).

Ex.: RosAE odor (O perfume da rosa).

Caso Acusativo: é o caso do complemento directo e de alguns casos de


complementos circunstanciais. Reaponde à pergunta “quem ou o quê?” (Stock,
2012).

Ex.: RosAS amo. (Amo as rosas).

Caso Dativo: próprio das palavras que desempenham a função sintáctica de


complemento indirecto. Responde à pergunta “a quem?” (Stock, 2012).

Ex.: RosAE pluvia nocet (A chuva faz mal à rosa)

Caso Ablativo: é o caso das palavras que desempenham a função de


complemento circunstancial. Responde às perguntas “com quem? por onde?
como? de onde? onde? quando?” (Stock, 2012).

Ex.: RosIS puellae se ornant (As meninas enfeitam-se com rosas).

4.3-A Primeira Declinação

Tema -a, genitivo singular –ae: fabula, ae = história, narrativa, fábula

Singular Plural

N fabul-ă (a história) fabul-ae

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V fabul-ă (ó história) fabul-ae

A fabul-ăm ( a história) fabul-ās

G fabul-ae (da história) fabul-ārum

D fabul-ae (à história) fabul-īs

Ab fabul-ā (com, na, pela história) fabul-īs

Exercíco de Consolidação

1-Decline: magistra, -ae (f): professora; discipula, -ae (f): aluna.

2-Identifique os casos das palavras sublinhadas nas seguintes frases:

a)-Aquila muscam non captat.

b)-Magistra legit fabulam discipulae.

Vocabulário da primeira declinação (memorise):

Ab brupto = de improviso, sem preparação; advena, ae =estrangeiro; agricula,


ae=lavrador, agricultor; aqua,ae=água; aquila,ae=águia; bestia,ae=animal;
insula,ae=ilha; pecunia,ae=dinheiro; pluvia,ae=chuva; preda,ae=presa;
puella,ae=menina; villa,ae=casa de campo; cura,ae=cuidado; flama,ae=chama;
schola,ae=escola; alta,ae=alta; bona,ae=boa; emo,-is, -ere, -emi, -
emptum=comprar; educo, -as, are, -aui, -atum=educar; descendo, -is, -ere, -
ensum=descer.

4.4-Conjugação de verbos Regulares

Em latim, tal como em português, a conjugação verbal é dependente da vogal


que indica (vogal temática). Assim, vogal temática –ā (amāre=amar) indica a 1ª
conjugação; a vogal –ē (monēre=aconselhar) indica a 2ª conjugação; a vogal –ĕ
(legĕre=ler) e (capĕre=pegar, captar, caçar) indica a 3ª conjugação e a vogal –ī
(audīre = ouvir) indica a 4ª conjugação (Rosário, 2011).

Desta forma, conclui-se que em latim, diferente do português, existem quatro


conjugações.

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INDICATIVO PRESENTE DA 1ª CONJUGAÇÃO TEMA EM –ā

(amo/sou amado)

voz activa voz passiva

ămo amŏr

amās amaris/-re

amăt amatur

amāmus amamur

amātis amamĭni

amānt amantur

Como amāre podem ser conjugados (memorise): laudāre = louvar; donāre =


dar; mandāre = confiar; narrāre = narrar, falar, contar; parāre = preparar;
pugnāre = lutar; putāre = julgar, pensar; rogāre = rogar, pedir; servāre = salvar;
conservar; turbāre = perturbar; vocāre = chamar; dāre = dar; secāre = cortar;
stāre = estar de pé.

INDICATIVO PRESENTE DA 2ª CONJUGAÇÃO TEMA EM –ē

(destruo/sou destruído)

voz ativo voz passivo

delĕo delĕor

deles delēris/-re

delet delētur

delēmus delēmur

delētis delēmini

delent delēntur

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Como delēre podem ser conjugados (memorise): debēre = dever; docēre =


ensinar; habēre = ter; implēre = encher; monēre = exortar, avisar; movēre =
mover; parēre = obedecer; placēre = agradar; suadēre = persuadir; vidēre =
ver.

INDICATIVO PRESENTE DA 3ª CONJUGAÇÃO TEMA EM ––ĕ/Ø

(leio/sou lido)

voz ativa voz passiva

lego legor

legis legĕris/-re

legit legĭtur

legĭmus legĭmur

legĭtis legimĭni

legunt leguntur

Como legěre, podem ser conjugados: agěre = fazer; dicěre = dizer; discěre =
aprender; ducěre = conduzir; mittěre = enviar; poněre = pôr; scriběre =
escrevar; tribuěre = dar; ruěre = derrubar; metuěre = recear; statuěre =
estabelecer.

PRESENTE DO INDICATIVO DA 4ª CONJUGAÇÃO TEMA - ī

(ouço /sou ouvido)

ativo passivo

audio audĭor

audis audīris/-re

audit audītur

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audīmus audīmur

audītis audimĭni

audīunt audiuntur

Como audīre, podem ser conugados: munīre = fortificar; punīre = castigar;


reperīre = encontrar; scīre = saber; venīre = vir. Também os verbos: capěre =
tomar, captar; accipěre = receber; adspicěre = olhar; cupěre = desejar; jacěre
= atirar; adjicěre = acrescentar (embora tenham o tema em ě).

Exercíco de Consolidação

1-Passe para a forma passiva as seguintes frases:

a)-Discipulae magistram audīunt. b)- Magistra fabulas legit. c)-Agriculae pluvia


amant.

2-Conjugue no presente do indicativo na voz activa e passiva os verbos: donāre;


munīre; cupêre; metuěre; discěre.

4.5-Conjugação dos Verbos Irregulares (esse, posse)

Os verbos regulares são aqueles cujos radicais alteram na medidad que forem
conjugados tal como podemos ver nos guadros a seguir.

PRESENTE DO INDICATIVO PRETÉRITO IMPERFEITO DO


INDICATIVO
(sou, estou, existo) (era, estava, existia)

sum eram
es eras
est erat
sumus erāmus
estis erātis
sunt erant

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PRESENTE DO INDICATIVO PRETÉRITO IMPERFEITO DO


INDICATIVO

(posso) (podia)

possum potĕram

potes poteras

potest poterat

possumus poterāmus

potestis poterātis

possunt poterant

Como sum e possum, podem ser conjugados: absum = estar ausente; adsum
= estar presente; desum = faltar; insum = estar em; intersum = estar entre,
assistir; obsum = ser prejudicial; praesum = estar à frente de; prosum = ser útil;
subsum = estar debaixo; supersum = sobrar, sobreviver.

Exercício de Concolidação

1-Conjugue, no presente e pretérito imperfeito do indicativo os verbos: supesum;


insum; adsum; subsum.

4.6-Segunda Declinação

A segunda declinação, cujo genitivo do singular é a desinência “i”, diferente da


primeira declinação, apresenta três formas segundo a terminação do nominativo
do singular (Figueira & Ana, 1958). Assim sendo, temos: 1º os substantivos com
o nominativo do singular “us” (dominus = senhor); 2º substantivos com o
nominativo singular em “er” ( ager = campo); 3º os substantivos com o
nominativo singular em “um” ( bellum = guerra).

Regra geral, de acordo com (Figueira & Ana, 1958), os substantivos da primeira
forma “us” e os da segunda forma “er”, são do género masculino com excepção

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Elaborado Por Valentim Moreira

aos femininos ( alvus = ventre; humus = a terra) e os neutros (pelăgus = o mar;


virus = veneno. Os do terceiro grupo “um” são geralmente neutros.

A)-Paradigma da Primeira Forma “us”

SINGULAR PLURAL

N - discipulŭs discipulī

V - discipulĕ discipulī

A – discipulŭm discipulōs

G - discipulī discipulōrŭm

D - discipulō discipulīs

Ab - discipulō discipulīs

Como discipulus, podem ser declinados: animus = espírito; cibus = alimento;


digĬtus = dedo; dominus = senhor; equus = cavalo; ficus = figueira; hortus =
jardim; legatus = embaixador; locus = lugar; ludus = escola, jogo; popŭlus =
povo; servus = escravo; altus = alto; bonus = bom; longus = longo.

B)-Paradigma da Sugunda Forma “er”

SINGULAR PLURAL

N - magistĕr magistrī

V - magistĕr magistrī

A - magistrŭm magistrōs

G - magistrī magistrōrum

D - magistrō magistrīs

Ab - magistrō magistrīs

Como magister (mestre, professor) podem ser declinados: ager = campo; aper
= javali; arbiter = árbitro; liber = livro; minister = escravo, servidor; puer =
menino; vir = homem, macho.

C)-Paradigma da Terceira Forma “um”

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Elaborado Por Valentim Moreira

SINGULAR PLURAL

N - verbŭm verbă

V - verbŭm verbă

A - verbŭm verbă

G - verbī verbōrŭm

D - verbō verbīs

Ab - verbō verbīs

Como verbum (palavra), podem ser declinados (memorise): bellum = guerra;


convivum = banquete; forum = praça pública; gaudium = alegria; oppidum =
cidade fortificada; ovum = ovo; pomum = fruto; prandium = almoço; praelium
= combate; regnum = reino; scutum = escudo; signum = estandarte, bandeira,
símbolo; velum = vela.

Exercício de Consolidação

1-Como estão classificados os substantivos da segunda declinação?

2-Decline: equus, hortus; minister; vir; gaudium; prandium.

4.7-Os Adjectivos da Primeira Classe

São considerados adjectivos da primeira classe aqueles que seguem o


paradigma da segunda e primeira declinações. Os da primeira forma da segunda
declinação “us” e os da segunda forma “er” correspondem ao gènero masculino,
ao passo que os da terceira forma “um” correspondem ao género neutro. Os da
primeira declinação correspondem ao género feminino (Figueira & Ana, 1958).

Ex.: altus (masculino, como a 2ª decinação), alta (feminino, como a 1ª


declinação), altum (neutro, como a terceira forma da 2ª declinação).

Assim sendo, temos os seguintes adjectivos: amicus, amica, amicum = amigo;


bonus, bona, bonum = bom; clarus, clara, clarum = notável; doctus, docta,
doctum = sábio; jucundus, jucunda, jucundum = agradável; perītus, perīta,
perītum = hábil; pulcher, pulchra, pulchrum = belo; aeger, aegra, aegrum =

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Elaborado Por Valentim Moreira

doente; liber, libera, liberum = livre; piger, pigra, pigrum = preguiçoso; sacer,
sacra, sacrum = sagrado. (para memorisar).

Exercíco de Consolidação

1-Decline: liber, libera, liberum; aeger, aegra, aegrum; altus, alta, altum e
prandium jucundum; dominus doctus; discipula perita.

4.8- Pronomes Latinos: Pessoais e Possessivos

Os pronomes em latim, tal como os substantivos e adjectivos, são também


declináveis. Os pessoais têm uma declinação própria. Já os adjectivos seguem
o paradigma de declinação dos adjectivos ( meus como a segunda declinação;
mea como a primeira declinação; meum como a terceira forma da segunda
declinação). Repare os quadros seguintes:

A) Pessoais

1a. Pessoa 2a. Pessoa

SINGULAR PLURAL SINGULAR PLURAL

N ĕgō (eu) nōs tū vōs

A mē (me) nōs tē vōs

G mĕī (de mim) nostrī/nostrŭm tŭī vestrī/uestrŭm

D mĭhī ( a mim, me) nōbīs tĭbī vōbīs

AB mē (por, em, para mim) nōbīs tē vōbīs

3a. pessoa

singular plural

Acusativo: sē (se) Dativo: sĭbī (de si)

Genitivo: sŭī (de si) Ablativo: sē (por, em si)

B)-Pronomes Possessivos

1a. pessoa singular: meus, mea, meum (meu, minha, algo meu);

1a. pessoa plural: noster, nostra, nostrum (nosso, nossa, algo nosso);

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Elaborado Por Valentim Moreira

2a. pessoa singular: tuus, tua, tuum (teu, tua, algo teu);

2a. pessoa plural: vester, vestra, vestrum (vosso, vossa, algo vosso);

3a. pessoa singular: suus, sua, suum (seu, sua, algo seu);

3a. pessoa plural: sui, suae, sua (seus, suas, algumas coisas suas).

Exercício de Consolidação

Decline: meus; mea; suus; vester; vestrum.

4.9-Preposições Latinas

A preposição é a palavra invariável que tem como função reger outras palavras
dentro de uma oração. A preposição latina tem como finalidade ajudar a
expressão dos complementos ou adjuntos circunstanciais.

Pela estrutura da língua latina o ablativo deveria bastar para exprimir a


circunstância. Porém, as preposições vieram modificar de certa maneira esta
estruturação. Dois casos podem ser regidos por preposição, a saber: acusativo
e o ablativo. Quando uma palavra é regida por preposição, em latim, só pode
exercer na oração a função de adjunto circunstancial e raramente de
complemento indireto. Uma preposição não pode reger senão um caso.

Quando rege acusativo, não pode reger ablativo e vice-versa. 4 preposições


fogem excepcionalmente a esta regra, mas, mesmo assim, a significação varia
conforme a regência que elas têm. São elas:
In em
Sub sob
Subter sob
Super sobre
A)-Preposições que regem o
acusativo:
Ad para
Adversus, adversum em frente
Ante antes
Apud em, junto de
Circa em redor de
Circiter cerca de
Circum em redor de

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Elaborado Por Valentim Moreira

Cis aquém de
Citra aquém de
Contra em frente de,
contra
Erga para com
Extra fora de
Infra abaixo de
Inter entre
Intra dentro de
Iuxta perto de
Ob por causa
de
Penes entre
Per por
Pone atrás de
Post depois de
Praeter além de
Prope perto de
Propter por causa
de
Secundum por trás de
Supra sobre
Trans além de
Ultra além de
Usque até
Versum na direção
de
B)-Preposições que regem o
ablativo:
A – ab – abs de
Coram em
presença
de
Cum com
De de cima de
E – ex de – fora de
Prae diante de
Pro diante de
Sine sem
Tenus até
Versus para
A preposição tenus vem sempre colocada depois da palavra
regida por ela.

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Elaborado Por Valentim Moreira

Execíco de Consolidação

1-Crie frases usando as seguintes preposições: cum; tenus, in; ad.

4.10 – Advérbios Latinos

A classe de advérbios costuma ser distribuída em três grupos, segundo as


circunstâncias que indicam: lugar, tempo e modo, compondo uma considerável
quantidade de advérbios dicionarizados. Mas além desses, também dá-se a
formação de advérbios a partir de adjetivos, mormente os adjetivos de modo. E,
sendo formados a partir de adjetivos, podem sê-lo a partir dos três graus dos
adjetivos:

Positivo

Ao radical dos adjetivos da 1ª classe acrescenta-se o sufixo -e: clarus, a, um;


(advérbio): clar-e.

Aos adjetivos do grupo vocálico (i) da 2ª classe acrescenta-se o sufixo -iter:


grauis, e; (advérbio): grau-iter.

Aos adjetivos que têm o radical terminado em -nt, acrescenta-se o sufixo -er:
diligens, diligentis; (advérbio): diligent-er.

Comparativo

O advérbio no comparativo é igual ao nominativo singular neutro dos adjetivos


no comparativo: clar-ius, pulchr-ius, grau-ius, celer-ius.

Superlativo

O advérbio formado do adjetivo no grau superlativo recebe o sufixo -e, como os


advérbios formados a partir de adjetivos de 1ª classe no grau positivo: clarissim-
e, pulcherrim-e, difficillim-e.

Especificidades de alguns advérbios:

Adjetivo Adjetivo Advérbio positivo


positivo comparativo

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Elaborado Por Valentim Moreira

bonus melior, melius bene


facilis facilior, facilius facile
audax audacior, audacius audacter

alius aliter

Advérbio Advérbio Advérbio


positivo comparativo superlativo
diu muito
diutius diutissime
tempo
magnopere
magis maxime
muito
saepe
saepius saepissime
frequentemente

Execício de Consolidação

1. Forme advérbios a partir dos substantivos, e depois passe-os para o


comparativo e superlativo:
a) stultus, a, um – stulte; stultius; stultissime
b) audax, audacis –
c) uerus, a, um –
d) breuis, e –
e) facilis, e –

4.11- A interrogação em Latim

São pronomes interrogativos os que participam de orações interrogativas: Quem


vem lá? Quantos dias ainda faltam? Qual o nome deste rio? Que horas são?

A) Em Latim, o pronome interrogativo mais usado é quis (quem? qual?), cuja


declinação é muitíssimo semelhante à dos pronomes relativos (62), e pode ser
classificado conforme seu uso, seja como substantivo, seja como adjetivo. Os
pronomes são considerados substantivos quando valem por substantivos, e são
considerados adjetivos quando acompanham substantivo. A diferença entre as
declinações dos interrogativos substantivos e adjetivos é mínima, sendo
observada apenas no nominativo singular para os três gêneros.

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Elaborado Por Valentim Moreira

Quis est ille?

Quem é esse? (quis é substantivo)

Qui homo est ille?

Que homem é esse? (qui é adjetivo)

Ӳ quis? quid? (substantivo) - quem? o quê?

Singular Plural

Casos Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

nom. quis quis quid qui quae quae

gen. cuius cuius cuius quorum quarum quorum

acus. quem quam quid quos quas quae

dat. cui cui cui quibus quibus quibus

abl. quo qua quo quibus quibus quibus

Quis pode vir aumentado do sufixo -nam para reforçar o pronome:

Quisnam?

Quem (pois, então)?

Ӳ qui? quae? quod? (adjetivo) - qual? que?

Singular Plural

Casos Masc. Fem. Neutro Masc. Fem. Neutro

nom. qui quae quod qui quae quae

gen. cuius cuius cuius quorum quarum quorum

acus. quem quam quod quos quas quae

dat. cui cui cui quibus quibus quibus

abl. quo qua quo quibus quibus quibus

Quis es?

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Elaborado Por Valentim Moreira

Quem és tu?

Quid facis?

Que fazes?

Quam mulierem uidebas? Que mulher vias tu?

Cuius filius est? De quem é filho?

Cui librum dabis?

A quem darás o livro?

Quibus hominibus persuadebis? A que homens persuadirás?

B) Outro pronome interrogativo, uter, utra, utrum (qual dos dois?) emprega-se
quando a pergunta refere-se apenas a duas pessoas ou coisas, a dois grupos.

Vtra manus?

Qual mão? Qual das (duas) mãos?

Ӳ uter, utra, utrum - quem, qual (dentre dois)?

Singular

Casos Masc. Fem. Neutro

nom. uter utra utrum

gen. utrius utrius utrius

acus. utrum utram utrum

dat. utri utri utri

abl. utro utra utro

Vter consul?

Qual consul? Quem dos (dois) cônsules?

Vtrum consilium capiam? Qual dos planos seguirei?

mas: Quis militum?

Quem dos soldados? (mais de dois).


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Elaborado Por Valentim Moreira

Vter, utra, utrum é também pronome indefinido ou adjetivo.

Ӳ uterque, utraque, utrumque - ambos, cada um dos dois:

Vtraque securis acuta est.

Cada uma das machadinhas está afiada; ambas as machadinhas estão afiadas.

C. Outros interrogativos, empregados sobretudo como pronomes


adjetivos:

Ӳ Qualis, qualis, quale? qual? (de que espécie? de que qualidade?)

Ӳ Quantus, quanta, quantum?

quanto? (de que tamanho? que quantidade?)

Ӳ Quam multi, multae, multa? quantos?

Ӳ Quot?

( indeclinável) quantos? (sempre no plural )

Ӳ Quotus, quota, quotum?

que? qual? em que número? (a interrogação sempre no singular,

embora com significado no plural)

Qualis uictus?

Que tipo de alimento?

Quanta urbs?

De que tamanho é a cidade?

Quot homines sunt?

Quantos homens há?

Quotus homo est?

Quantos homens há?

Quota hora est?

Que (quantas) horas são?

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Elaborado Por Valentim Moreira

D) O interrogativo exclamativo. O pronome adjetivo interrogativo pode ser


também exclamativo:

Quam multi pueri! Quantos meninos!

Quantum periculum adiit! Que perigo ele afrontou!

Qualis artifex! Que artista!

4.11.1-Particulas Interrogstivas

Sempre que, em latim, ocorre uma oração interrogativa direta que não utilize
advérbios (quando, ubi, unde, quo, quomodo, cur, etc.) ou pronomes (quis, quae,
quod, qualis, etc.) interrogativos, utilizam-se partículas interrogativas, que
servem, pois, para caracterizar a presença e o tipo de uma interrogação. São
elas: ne, num, nonne.

Ne é uma partícula enclítica, ou seja, colocada no final da primeira palavra da


oração interrogativa, e indica que o interrogante não sabe se a resposta é
afirmativa ou negativa. Também apresenta a particularidade de produzir a sílaba
tônica sobre a sílaba anterior. Para a tradução, pode- se utilizar algum recurso
que realce a ênfase na pergunta. Por exemplo :

Potēsne me audire?

Podes ouvir-me? ou Podes realmente ouvir-me?

Num introduz uma interrogação cuja resposta esperada venha acompanhada de


uma negação:

Num patrem necauisti?

Mataste teu pai? ou Acaso mataste teu pai?

Nonne introduz uma interrogativa cuja resposta comporta uma afirmação:

Nonne nox nigra est?

Acaso não é a noite escura?

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Elaborado Por Valentim Moreira

Exercício de Consolidação

1. Escolha uma partícula adequada – ne, num, nonne – e traduza as orações


atentando para a produção de sentidos diferentes: a) _____ legistis _____
librum?

b) _____ me _____ audiuiste?

c) _____ potes _____ nos intelligere?

d) _____ amamus _____ uitia?

e) _____ uenis _____ nobiscum?

f) _____ uenis _____ nobiscum?

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Elaborado Por Valentim Moreira

Bibliografia

Figueiredo, José Nunes de & Almendra, Maria Ana(1958). Compêmdio de


Gramática Latina. Sine editora.

Stock, Leo (2012). Gramática de Latim. Presença.

Juniro, Juvino Alves Maia ( 2017). Latim: Teoria e Prática nos Cursos
Universitários. 6ª Edição. Edeia Editora.

Rosário, Miguel Barbosa do (2011). Latim Básico. Sine editora.

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