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A ARTE NA IDADE MÉDIA

Prof. Dr. Carlos Edinei de Oliveira (org.)

Idade Média
Em 476, com a tomada de Roma pelos povos
bárbaros, tem início o período histórico
conhecido por Idade Média.
Na Idade Média a arte tem suas raízes na época
conhecida como Paleocristã, trazendo
modificações no comportamento humano, com o
Cristianismo a arte se voltou para a valorização
do espírito. Por que a expressão Igreja Militante?
Os valores da religião cristã vão impregnar todos  A tarefa da Igreja é combater as forças
os aspectos da vida medieval. das TREVAS até que a hora do triunfo
A concepção de mundo dominada pela figura de desponte no dia do JUIZO FINAL.
Deus proposto pelo cristianismo é chamada de Decoração da Igreja
teocentrismo (teos = Deus). Tudo que tinha na Igreja tinha sua função
Deus é o centro do universo e a medida de todas definida e expressava uma ideia precisa,
as coisas. A igreja como representante de Deus relacionada aos ensinamentos da Igreja.
na Terra tinha poderes ilimitados. Os ensinamentos da Igreja acerca do objetivo
Arte Românica final de nossa vida terrena foram
A arte românica, desenvolveu-se desde o consubstanciados nessas esculturas do pórtico de
século XI até o início do século XIII, período uma igreja.
caracterizado pela crise do sistema feudal. Arquitetura
No entanto, a Igreja ainda conservava grande  No final dos séculos XI e XII, na Europa,
poder e influência, determinando a produção surge a arte românica cuja a estrutura era
cultural e artística desse período, cuja semelhante às construções dos antigos
representação típica são as basílicas. romanos.
 As características mais significativas da
A Igreja Militante arquitetura românica são:
 * abóbadas em substituição ao telhado
das basílicas;
 * pilares maciços que sustentavam e das
paredes espessas;
 * aberturas raras e estreitas usadas
como janelas;
 * torres, que aparecem no cruzamento
das naves ou na fachada; e
 * arcos que são formados por 180 graus.
O que significava a Igreja no século XII
 A primeira coisa que chama a atenção
Único edifício de pedra em toda redondeza;
nas igrejas românicas é o seu tamanho.
Construção de considerável envergadura;
Elas são sempre grandes e sólidas. Daí
Campanário (Torre de sinos) – ponto de
serem chamadas: fortalezas de Deus.
referência;
 A explicação mais aceita para as formas
Ponto de encontro aos domingos.
volumosas, estilizadas e duras dessas
igrejas é o fato da arte românica não ser
fruto do gosto refinado da nobreza nem
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das ideias desenvolvidas nos centros  A figura de Cristo, por exemplo, é

urbanos, é um estilo essencialmente sempre maior do que as outras que o
clerical. cercam.
 A arte desse período passa, assim a ser  O colorismo realizou-se no emprego de
encarada como uma extensão do serviço cores chapadas, sem preocupação com
divino e uma oferenda à divindade. meios tons ou jogos de luz e sombra, pois
 A mais famosa é a Catedral de Pisa sendo não havia a menor intenção de
o edifício mais conhecido do seu imitar a natureza.
conjunto o campanário que começou a  Na porta, a área mais ocupada pelas
ser construído em 1174. esculturas era o tímpano, nome que
 Trata-se da Torre de Pisa que se inclinou recebe a parede semicircular que fica
porque, com o passar do tempo, o logo abaixo dos arcos que arrematam o
terreno cedeu. vão superior da porta.
 Na Itália, diferente do resto da Europa,  Imitação de formas rudes, curtas ou
não apresenta formas pesadas, duras e alongadas, ausência de movimentos
primitivas. naturais.

Capitel Românico
Afresco de Cristo
Catedral de Pisa.
Pintura e escultura
Numa época em que poucas pessoas sabiam
ler, a Igreja recorria à pintura e à escultura para
narrar histórias bíblicas ou comunicar valores
religiosos aos fiéis. Não podemos estudá-las
desassociadas da arquitetura.
A pintura românica desenvolveu-se
sobretudo nas grandes decorações murais,
através da técnica do afresco, que originalmente
era uma técnica de pintar sobre a parede úmida.
 Os motivos usados pelos pintores eram
de natureza religiosa.
 As características essenciais da pintura
românica foram a deformação e o
colorismo.
 A deformação, na verdade, traduz os
sentimentos religiosos e a interpretação
mística que os artistas faziam da
realidade.

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representações de animais míticos com

Pinturas e suas formas entrelaçamento de formas vegetais.
 Os principais trabalhos são a pintura O arquiteto e o escultor quando não são a
mural, as iluminuras e as tapeçarias. mesma pessoa trabalham lado a lado, como
 A pintura parietal, ou seja, executada Lanfranco e Wiligelmo na catedral de Módena –
nas paredes, era dependente da Itália.
arquitetura, como pode-se deduzir,
tendo aquela somente função didática.
 Em um período em que a grande maioria
da população era analfabeta a pintura
era uma forma de transmitir os
ensinamentos do Cristianismo
Iluminura de Paulo

A fachada da Catedral de Módena / Itália.

Mosaico  Essa catedral, iniciada em 1099,

A técnica da decoração com mosaico, isto é, apresenta uma arquitetura românica de
pequeninas pedras, de vários formatos e cores, tipo emiliano: fachada com beirais em
que colocadas lado a lado vão formando o diferentes níveis, quebrando o contorno
desenho, conheceu seu auge na época do do teto.
românico.  Uma galeria de arcos dá vida à superfície
Usado desde a Antiguidade, é originária do de arenito;
Oriente onde a técnica bizantina utilizava o azul e  Um prótiro encimado por uma edícula
dourado, para representar o próprio céu. protege o portal maior e é sustentado
por duas colunas apoiadas sobre leões;
A Bíblia esculpida em pedra  Os painéis esculpidos do grande mestre
No período românico a escultura está ainda Wiligelmo, ao que parece, originalmente
estreitamente vinculada à arquitetura: adorna estavam no interior e não na fachada;
fachadas, portais, capitéis, conta histórias de
Evangelhos, eventos bíblicos, combina

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Teto com contorno

quebrado

Trifório

Contrafortes Verticais

Edícula

Galeria com Painéis de Wiligelmo

arcadas abetas

Entrada principal com porta Entrada lateral

A linguagem expressiva
 Sua linguagem fortemente expressiva
As cenas esculpidas ilustram a Criação bíblica do comunica o sentido trágico da queda do
homem, a Expulsão do Paraíso, a Morte de Caim e homem.
se desenvolvem sem interrupção de continuidade, A Escultura
sob um elemento ornamental com pequenos Na idade média as imagens esculpidas nos
arcos cegos tipicamente românicos. edifícios destinados ao culto diziam respeito ao
homem na sua totalidade: a sua alma e o seu
trabalho; a oração e as tarefas cotidianas. Boa
parte da sociedade era formada por camponeses
e artesãos, motivo pelo qual sobre os umbrais das
catedrais vemos se desenrolar a representação
dos Meses, das Estações que regulam a atividade
rural, reproduzidos com cenas ao mesmo tempo
Wiligelmo, A criação de Eva.
realistas e alegóricas.
Características da obra Wiligelmo

O monumento e as esculturas
 Formas esquemáticas, rudes, vigorosas e
Estreitamente ligada à forma arquitetônica, a
solenes;
escultura muitas vezes era obra de um escultor –
 Os corpos são sólidos e pesados,
arquiteto. Benedettto Antelami (atuante entre
desprovidos de qualquer suavidade;
1178 – 1227) é a segunda grande personalidade
da arte romântica italiana. Projetou o batistério
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de Parma, um dos mais perfeitos exemplos da As estrelas, as estações, o trabalho

arquitetura românica. Com seus discípulos, criou Apesar de as formas das figuras serem muito
para esse monumento uma decoração de grande simplificadas e os volumes dos corpos, maciços, as
força plástica. Nos portais, as esculturas com imagens dos Meses são vivas, e os gestos precisos
cenas da Vida de Cristo se destacam do fundo em do vinhateiro e do ceifeiro nos levam a imaginar a
forte relevo. No interior do edifício admiramos a dura vida nos campos.
belíssima série dos Meses, atribuída aos Cada mês é caracterizado pelo correspondente
escultores que trabalhavam sob a direção de signo zodiacal que liga as estrelas à atividade
Antelami. humana, segundo um simbolismo muito antigo,
que facilitava a leitura das imagens e ampliava o
seu significado.

O camponês
Faca para cortar os fazendo a
cachos de uva vindima

As videiras com
os cachos

Batistério de Parma – exterior

A balança signo
zodiacal de
setembro-
outubro, os
meses dedicados
à vindima.

O mês de setembro, uma escultura do ciclo

Batistério de Parma – interior dos meses no batistério de Parma.
Referências
 BAUMGART, F. Breve História da Arte. São
Paulo: Martins Fontes, 1999.
 GOMBRICH. E. H. A História da Arte. Rio
de Janeiro: Zahar Editores, 1985.
 JANSON, H. W. História da Arte. Lisboa:
Fundação Calouste Gulbenkian, 1992.
 PRETTE, Maria Carla. Para entender a
arte: história, linguagem, época, estilo.
São Paulo: Globo, 2008.
Batistério de Parma – interior  RAMALHO, G. Saber Ver a Arte Românica.
São Paulo: Martins Fontes, 1992.

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