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A ARQUITETURA

GÓTICA
Professora Msc. Livia Gaby Costa
Apogeu do gótico: Século XII
Contexto:
Século XII: Apogeu do gótico: Baixa Idade Média onde ocorre a crise do feudalismo

Ressurgimento urbano e comercial

Século XII As relações do feudalismo afrouxam: Em algumas partes da


Europa consolida-se o poder real

O centro das relações humanas deixa de ser o campo e passa


a ser a cidade + O centro da produção artística deixa de ser
os monastérios, as ordens religiosas e passa a ser a cidade
Contexto:
Dois fenômenos importantes:

Crescimento populacional e Ascensão da escolástica como


ferramenta de pensamento da
econômico época

Dinamismo intelectual → Especificação da mão de obra → Construtores


(controle total da obra)

Desenvolvimento econômico → Aumento da atividade construtiva:

Construção imponente:
Cidade com mais dinheiro
Maneira de demonstrar poder

Arquitetura como demonstração do


crescente poder do monarca
Vídeo:
Contexto gótico
• É possível localizar um centro geográfico, a França, onde um grupo de construtores define
a nova linguagem em um espaço de tempo relativamente curto, entre 1150 e 1200, e
acompanha a sua difusão na Europa ao longo dos cento e cinquenta anos que se seguiram
• Solo fértil → França: 1180 e 1270, o final do período do alto gótico, foram construídas só
na França cerca de oitenta catedrais.
• Foi nas catedrais que o novo estilo arquitetônico gótico encontrou o seu caráter
modelar.
E QUEM FOI O RESPONSÁVEL POR
RENOVAR A ARQUITETURA?
Abade Suger: “CRIADOR DO GÓTICO”
• A arte gótica é de origem francesa, surgiu por volta de 1140 no que hoje
conhecemos como Paris, a cidade do Rei.

• O abade Suger de St. Denis foi quem deu início ao que entendemos como
gótica na catedral de St-Denis.
Nomeou
Luis VII Suger Como abade de
(2° administrad St. Denis desde
Acreditava-se que ali
cruzada) or do reino 1122
existia o túmulo do
1147-1149 → Santo padroeiro da
“pai da França> São Dionísio
pátria”

OU SEJA, ERA UM ESPAÇO SAGRADO



COM O PRESTÍGIO QUE O ABADE TINHA PERANTE
O REI, ELE CONSEGUE RENOVAR A IGREJA

O SUGER DE SAINT-DENIS TORNA-SE ENTÃO O


“CRIADOR DO GÓTICO”
• Reconstrução que ele faz em Saint-Denis é na fachada oeste e no coro
Uma série de
O primeiro elemento de Saint- "tríades" no projeto
Denis a ser reconstruído foi a referenciavam à
fachada oeste Santíssima
→ Trindade: três
fachada era vista como a parte portas, três estratos
menos sagrada da antiga basílica. verticais e vários
grupos de arcos
triplos formam a
parte inferior da
fachada.

A fachada, apesar de suas atualizações, era essencialmente


românica e não introduziu nenhuma inovação estilística
particular; Foi no coro que a igreja da abadia começaria a
codificar um novo estilo arquitetônico.
AS INOVAÇÕES TÉCNICAS E VISUAIS QUE APARECEM EM SAINT-
DENIS REUNIDAS PELA PRIMEIRA VEZ EM UM CONJUNTO GÓTICO
ENCONTRAM-SE NA REFORMA DO CORO:

NA ARQUITETURA ROMANICA: CAPELAS


RADIANTES
NA ARQUITETURA ROMANICA: SAINT-DENIS: CAPELAS RADIANTES

Coro: Atrás do cruzeiro (altar) da igreja Capelas


são
Capelas abertas
→ →
Salas vitrais
fechadas
Deambulató
rio: Ala que
nos leva por
trás do altar
ENTÃO A RECONSTRUÇÃO DO CORO FEITA PELO
SUGER SE DEU ABRINDO AS CAPELAS QUE FICAVAM
NO ENTORNO DO CORO E DO DEAMBULATÓRIO.

E COMO FEZ ISSO?


ARCOS OGIVAIS, ABOBODA DE NERVURA NO TETO
ESSAS INOVAÇÕES TÉCNICAS E VISUAIS APARECEM
EM SAINT-DENIS REUNIDAS PELA PRIMEIRA VEZ
EM UM CONJUNTO GÓTICO

Abade Suger ao reconstruir o coro > Cria um caráter novo as igrejas, a ideia de luz continua, ideia de
divindade ligada à luz → expressão luz divina
“INVENÇÃO” DO ESTILO GÓTICO
• Pode-sedizer com segurança, quem quer
que tenha projetado o coro em Saint
Denis, essa pessoa inventou o estilo
gótico, embora as características desse
estilo já tivessem se manifestado aqui e
ali e tenham sido até mesmo desenvolvidas,
com uma certa regularidade, no Centro da
França, nas províncias ao redor de Saint-
Denis (PEVSNER, 2002, p. 82)
Vídeo:
Saint Denis
A remodelação de Saint-Denis permeará mudanças
significativas em como essa “nova sociedade” da
Baixa Idade Média lidou com a morada de Deus:
• Aqui se inicia um novo tipo de relação da igreja com a sociedade medieval:

• A IGREJA MEDIEVAL NÃO É MAIS UM REFÚGIO, MAS SE COMUNICA COM


UMA TOTALIDADE VASTA E FUNCIONA COMO O CENTRO DE UM ORGANISMO
ESPECIAL SIGNIFICATIVO, A CIDADE.
O caráter da igreja gótica é novo:
• Com o ressurgimento urbano e comercial + Findar da cruzadas + Retorno da
democracia = Diminuição do poder da igreja

• Recuperar o poder = Mostrar a imponência da morada de Deus

• Morada de Deus deveria ser exuberante > Não poderia ser uma “cabana”: Deve ser a
EXALTAÇÃO À DEUS > Deveria sobrepor-se em relação ao entorno
O caráter da igreja gótica é novo:
• Com o desenvolvimento do urbanismo, a catedral se converteu no edifício
mais importantes

• O EXTERIOR DA CATEDRAL PERDEU SUA EXPRESSÃO MACIÇA > O


MESMO É O RESULTADO DO DESEJO DE TRANSMITIR AO
AMBIENTE CIRCUNDANTE O ESPAÇO ESPIRITUALIZADO DO
INTERIOR > O Significado da igreja, deixou de ser fechado em si mesmo e
se converteu em parte integrante do entorno

• Para alcançar esse fim, a escultura, a pintura e a arquitetura contribuíram


para produzir uma “obra de arte total”.
Vídeo:
Caráter das catedrais góticas
“Arquitetura gótica” aplica-se a um grupo de
experiencias mais homogêneas e mais fáceis de
delimitar que a arquitetura românica:
ARCO OGIVAL ARCOBOTANTE ABOBODA NERVURADA
Como chegamos da horizontalidade e
robustez da arquitetura românica a
verticalidade e paredes finas de vitrais
da arquitetura gótica...
Na arquitetura românica:
Na Arquitetura românica utilizava-se comumentemente o arco de volta
perfeita:

O arco de volta perfeita cria esforços em que a tendência é abrir > Força as
colunas para fora > Se for muito alto ou largo tende a ceder no meio e desaba

Então os tetos em abóboda de berço (composto pelo arco de volta perfeita):

O peso é distribuído sobre toda a extensão das duas paredes, criando paredes
grossas para sustentar a elevada carga > Por isso a arquitetura românica
apresentava poucas janelas e robustez
Na arquitetura românica:
• Passasse a utilizar tetos em abóboda de aresta: Intersecção de duas abóbodas de berço
apoiada em pilares > são criados então para dividir o peso em 4 pontos diminuindo e
distribuindo a carga entre os pilares

• Mas obrigatoriamente era necessário usar as abóbodas de aresta em vãos quadrados, de


ângulo reto

• Caso contrário, se a base fosse retangular os arcos teriam 3 diâmetros diferentes,


gerando um arco abatido que apresenta grande risco de desabamento
Força

Arco
abatido:
No gótico passasse a utilizar os arcos ogivais que
permitem a verticalidade e abertura de vitrais nas
catedrais:
Arco ogival 1° avanço que leva a catedrais imponentes:

Redireciona a linha de estresse para o solo ao invés das laterais:

Menor pressão lateral > Permite aos engenheiros construir mais alto

Força direcionada para baixo e não para fora como nos arcos de volta
perfeita
Mídia 1
Utiliza-se então nos tetos das catedrais
as abóbodas nervuradas:
As abóbodas nervuradas são a junção de arcos ogivais e compõem o teto das catedrais góticas:

Teto: Abóboda Nervurada


Abóbodas nervuradas:
• Comparado as abóbodas de aresta, as abóbodas nervuradas duplicam o
numero de pontos de apoio como podemos ver na comparação das imagens
abaixo: Isso diminui pela metade o peso possibilitando construir estruturas
com paredes menos espessas

• Além disso, as abóbodas nervuradas permitem a construção em vãos


retangulares.
Mas mesmo o arco ogival apresenta
suas limitações:
Mesmo redirecionando a força ele gera estresse no topo das colunas, que
em grandes dimensões, como nas igrejas góticas, apresentariam sérios
riscos de desmoronamento
Mídia 2
Solução para construís então cada vez mais alto e com cada vez mais aberturas de vitrais nas
paredes menos espessas foi o uso dos arcobotantes:
Mídia 3
TEMOS AQUI ENTÃO AS PRINCIPAIS CARACTERISTICAS QUE
COMPÕEM O GÓTICO
ARCO OGIVAL ARCOBOTANTE ABOBODA NERVURADA
ESSAS MUDANÇAS PERMITEM:
- Verticalidade e luz: Construções extremamente altas com paredes finas de inúmeras aberturas
(vitrais).

- Aumento da área de construção, devido a possibilidade de construir em vãos retangulares


TUDO QUE É ESTÁTICO NO ROMÂNICO
SE TORNA DINÂMICO NO GÓTICO:
Horizontal Verticalidade

Escuro Luz
E PARA COMPOR A ARQUITETURA QUE
REPRESENTAVA DEUS NA TERRA

É PRODUZIDA UMA OBRA DE ARTE
TOTAL
O EDIFICIO:
MAS O ORGANISMO ROMANO É TRANSFORMADO:
COM A INTEGRAÇÃO ESPACIAL E FORMAL

PERDA DE INDEPENDÊNCIA DAS VÁRIAS PARTES DA IGREJA ROMÂNICA

TORRES SÃO
ABDORVIDAS POR UMA
VERTICALIDADE
GERAL QUE
CARACTERIZA O
EDIFICIO

ASSEMELHA-SE A UM TODO
ÚNICO
GÓTICO

ARTICULAÇÃO
PERMANECE MAS DE
ROMÂNICO MANEIRA MAIS SUTIL

A NAVE CENTRAL
É ENCURTADA

A PROJEÇÃO DO
CRUZEIRO É MENOS
ÓBVIA

O CORO É MAIS
AMPLO

A INTRODUÇÃO DA
ABÓBODA NERVURADA
TORNA POSSÍVEL UMA
TOTAL INTEGRAÇÃO DOS
DIFERENTES ELEMENTOS
GEOMÉTRICOS DA PLANTA
INTEGRAÇÃO ESPACIAL E FORMAL IMPLICA NA RELATIVA
PERDA DE INDEPENDÊNCIA DAS VÁRIAS PARTES DA
IGREJA ROMÂNICA

A TOTAL INTEGRAÇÃO CRIADA

FAZ COM QUE O EXTERIOR DA


CATEDRAL VÁ PERDENDO SUA
EXPRESSÃO MACIÇA:

O EXTERIOR DA CATEDRAL BUSCA


AGORA, TAMBÉM, TRANSMITIR AO
AMBIENTE CIRCUNDANTE O ESPAÇO
ESPIRITUALIZADO DO INTERIOR
E COMO ERA ESSE INTERIOR NA
ARQUITETURA GÓTICA CLÁSSICA?
A articulação das paredes interiores é uma continuação do processo iniciado nas igrejas românicas
maduras com a intenção de transformar a massa em um estrutura diáfana

AS PRIMEIRAS
CATEDRAIS: COMO LEÓN
(1170)

PAREDE COM ZONAS


SUPERPOSTAS
RELATIVAMENTE
INDEPENDENTES

ARCADA, GALERIA,
TRIFÓRIO, CLERESTÓRIO
PAULATINAMENTE AS JANELAS DO CLERESTÓRIO SE
AMPLIAM, A GALERIA DESAPARECE E O TRIFÓRIO SE UNE
AO CLERESTÓRIO PARA FORMAR UMA ÚNICA ZONA
LUMINOSA ENCIMADA POR UMA ARCADA

AO MESMO
TEMPO ACENTUA-
SE A
CONTINUIDADE
VERTICAL DOS
MEMBROS E OS
PILARES SÃO
SUBSTITUIDOS
POR VIGAS COM
EIXOS ESBELTOS
ISSO PRODUZ UMA ESTRUTURA
DE PAREDE TÍPICA DO GÓTICO
Vídeo:
Obra de arte total parte 1
ARQUITETURA GÓTICA:ESCULTURAS
HÁ UMA INTEGRIDADE CONSTRUTIVA NA IGREJA GÓTICA
PEDRA

Essa igreja foi


espiritualizada:
Pedra com
sensações
plásticas
contrárias a ela

Sensação de
leveza
ARQUITETURA GÓTICA:ESCULTURAS
Gótico: Esculturas independentes da
Românico: Parte integrante da construção estrutura da parede → mas ainda não
há uma completa independência
Gótico

Românico
GÁRGULAS E QUIMERAS:
ARQUITETURA GÓTICA: VITRAIS
A verticalidade das igrejas passará
também aos vitrais LIGAÇÃO DIRETA ENTRE DIVINDADE E LUZ

Permanecem para catequização, mas
agora há realismo

Maria com papel relevante
Vídeo:
Obra de arte total parte 2
Vemos então as características do
gótico formadas:
A – Nave Central

B – Nave lateral ( poderia apresentar naves


duplas indo de 3 a 5 naves totais)

C- Pilar

D – Arco ogival

E – Abóboda nervurada

F – Fecho da abóbodas

G – Contraforte

H – Arcobotante

I - Vitral
ARCO OGIVAL ARCOBOTANTE ABOBODA NERVURADA
Verticalidade e espaços internos mais
amplos:
Luz> Iluminação: filtrada e colorida
• Rosáceas e Vitrais
Decoração exterior abundande:
• tímpanos,

• arquivoltas,

• colunelos,

• mainéis,

• cornijas,

• gárgulas,

• botaréus,

• Arcobotantes,

• pináculos
Torres pontiagudas e esguias
• Normalmente duas delas, na fachada principal: Não eram idênticas e não
possuíam simetria
O gótico foi então alterando-se da sua
fase inicial ao que chamaremos de sua
fase madura...
Alterações na estrutura formal da
fase inicial à fase madura:
O transepto quase tão largo quanto o corpo principal, pouco ou nada saliente
Alterações na estrutura formal da
fase inicial à fase madura:
A abside se torna mais complexa e maior
Alterações na estrutura formal da
fase inicial à fase madura:
Como mencionado anteriormente, os pilares interiores aumentam em número e tornam-
se mais finos e altos devido ao aumento da altura das catedrais
Alterações na estrutura formal da
fase inicial à fase madura:
Como mencionado anteriormente, na fase madura a ordenação da parede lateral em
arcadas, galerias, trifórios e clerestórios desaparece. Há o alongamento das arcadas e o
clerestório amplia-se > As janelas ocupavam então toda a parede
Alterações na estrutura formal da
fase inicial à fase madura:
As rosáceas tornam-se imponentes permitindo uma melhor iluminação
Alterações na estrutura formal da
fase inicial à fase madura:
Verticalidade realçada pelas torres, que se elevam terminando em telhados cônicos ou
em flechas rendilhadas, e que se prolongam ainda mais com elementos como pináculo e
agulhas
Do gótico clássico, modelo francês a partir do
qual se desenvolveu o estilo, seguido por
vários países onde:
CONSTRUTOR → CONTROLE DA OBRA COMO UM TODO.

CONTROLES RACIONAIS DO SISTEMA ESCOLÁSTICO E ALGÉBRICO –


HOMOGEINEIDADE

GÓTICO TARDIO, PERDE-SE UM MÉTODO DE CONTROLE GERAL:


CONSTRUÇÕES IRRACIONAIS → NÃO TEM MAIS UMA LÓGICA
ESTRUTURAL ANTERIOR
REPERTÓRIO ESTILÍSTICO SE AMPLIA EXTRAORDINARIAMENTE
Inglaterra:
Prevalência de Catedrais monásticas, de corpo alongado, aberturas menores,
cabeceiras quadradas e transeptos duplos
Alemanha:
Igrejas salão, espaço interno unificado, abóboda de filete (um tipo decorativo
de abóbada em que as nervuras cruzavam em um padrão de malha). Seguem
modelo francês mas apresentam torres muito mais altas.
Espanha:
• Apresentou um estilo particular, devido ao uso de elementos decorativos de
influência árabe – estilo plateresco
Itália, gótico flamejante:
Surge tardiamente, mantém poucas aberturas nas paredes e executa pintura
em vez do uso dos vitrais
Percebe-se então que o gótico, em suas últimas décadas, de fato
apresentava repertório estilístico extremamente amplo
• BUSCA-SE ENTÃO UM NOVO MÉTODO DE CONTROLE

• Peste Negra
Na história da cultura OCIDENTAL A ARQUITETURA
GÓTICA ENCERRA UMA ÉPOCA DENOMINADA
“IDADE DA FÉ”
A CATEDRAL FOI O ESPELHO DO MUNDO – IGREJA DETENTORA DA CULTURA

A CATEDRAL FOI A MANIFESTAÇÃO DO COSMOS CRISTÃO → A ILUMINAÇÃO GÓTICA


SIGNIFICA MAIS QUE A PRESENÇA DA LUZ DIVINA, IMPLICA ESCLARECIMENTO E
COMPREENSÃO
Vídeo:
Final

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