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1. A arte Paleocristã (sécs. II-V).

As catacumbas, os sarcófagos, a casa-igreja, a basílica


cristã e os edifícios de planta centralizada

Arte Paleocristã: arte produzida por cristãos ou para cristãos, anterior à cisão entre a Igreja Oriental e a Igreja
Ocidental (Grande Cisma, séc. XI)

Apropriação e prolongamento da arte clássica, adaptada à religião cristã, que dita a evolução artística ao longo da
Idade Média.

Arte paleocristã combina formas artísticas romanas com a mensagem profundamente espiritual e simbólica da
religião

Primeiros vestígios de arte cristã: ano 200 d.C., em Roma (não era a cidade mais cristianizada; Antioquia e Alexandria
eram muito mais).

O contexto
Permeabilidade do Império Romano a várias religiões:

 Judaísmo
 Mitraísmo
 Maniqueísmo
 Gnosticismo
 Cristianismo – difusão de Este para Oeste até ao século II (do grego para o latim)

É o movimento que alcança mais influência (mensagem de esperança e conforto; o martírio e os milagres)

1.º fase: Perseguição dos cristãos (entre os séculos I e III)

2.º fase: Tolerância do Cristianismo – 312, Édito de Milão (Imperador Constantino)


3.º fase: Religião oficial do Império, com Teodósio (380). Morte de Teodósio em 395 e divisão do Império Romano do
Ocidente e do Oriente

Catacumbas de Roma
Surgem a partir do século I d.C.

 Edificações orgânicas: longos corredores subterrâneos de sepulturas escavadas na rocha que são
aumentadas à medida das necessidades
 Funcionalidade: sepultamento (fundamental pelo pressuposto da salvação e da vida eterna) e algumas
cerimónias
 Consagra o acesso geral aos templos (inovação do Cristianismo)
 Estilo de pintura semelhante aos mosaicos romanos, mas com representações bíblicas (valor simbólico)

Quatro lunetas em torno da figura do Bom Pastor

 Cristo é representado como metáfora (Bom Pastor)


 As quatro lunetas retratam a história do profeta Jonas (que sobrevive 3 dias dentro da baleia, tal como Cristo
sobrevive no túmulo) – ligações entre Antigo e Novo Testamento
 Mensagem de conforto (perdão) num tempo conturbado

Catacumbas de Roma – a figura do Bom Pastor

Escultura tumular – os sarcófagos


 Assume um vertente antimonumental
 Decoração mais superficial,
rendilhada
 Início da escultura narrativa (que
conta histórias bíblicas)
A casa-igreja
 Primeiras reuniões de cristãos para a celebração da Eucaristia teriam lugar em casas privadas (villae)
 Em Roma, encontram-se cerca de 25 casas privadas para o culto cristão
 Exemplo: Domus ecclesiae de Dura-Europos (Síria), séc. XIII, com baptistério e pinturas murais

 Em Portugal, têm sido encontradas pequenas estruturas de domus ecclesiae (Conímbriga, Troia, Elvas, Rio
Maior, etc.)
 Quinta das Longas (Elvas), finais do séc. III, inícios do séc. IV – pavimento da sala 5 constituído por figuração
de um chrismon no centro da ábside.

Da basílica romana à
basílica cristã
312 - Édito de Milão; Cristianismo torna-se religião tolerada. Imperador Constantino converte-se ao cristianismo

Em poucos anos, surge um grande número de igrejas de grandes dimensões, patrocinadas pelo Imperador

A basílica é o modelo ideal por ser espaçoso e prestigiante (estatuto privilegiado do Cristianismo)
Mas exige adaptação

Planta/esquema de uma basílica cristã


 Uma só abside, na qual se inscreve o altar, para onde o crente deve dirigir o seu olhar
 Entrada pelo extremo oposto ao da ábside (para criar impacto do altar)
 Inclusão do transepto
 Planta em cruz latina

No caso da Basílica de São Pedro, o ponto fulcral era a sepultura de São Pedro, colocado num altar portátil (servia de
martyrium)

Edifícios de planta centralizada


 Mandado construir por Gala Placídia, membro da família imperial [Ravena é capital do Império desde 402]
 Fusão entre o mausoléu imperial e o martyrium cristão (local onde estão relíquias de mártires)
 Arcaria cega de arco de volta perfeita, em tijolo
 Exterior austero e simples…

Exterior austero e simples, que contrasta com um interior opulento e luminoso


Mosaicos parietais feitos de tesselas de vidro colorido (permite usar o dourado e tons luminosos) – característica
específica mosaica paleocristã

Os batistérios: de forma octogonal ou circular, com uma piscina ao centro para a imersão baptismal

Mais próxima da própria imagem do baptismo de Cristo

Imagens do Batistério Neoniano (ou Ortodoxo), séc. IV-V,


Ravena, Itália.

 Planta octogonal (7 dias da semana mais o dia da


ressurreição)
 Mosaicos da cúpula com a representação do
batismo de Cristo

Os batistérios
 A imersão batismal foi abolida no Concílio de Trento, séc. XVI.
 Não foi uma tipologia muito usada na Hispânia, mas há vestígios de batistérios em Idanha-a –Velha e na
Vidigueira

Arte paleocristã
 Utilização das formas arquitetónicas clássicas
 Resignificação das pinturas murais (mensagens simbólicas, espirituais)
 Adaptação da estrutura basilical romana à igreja cristã
 Desenvolvimento de edifícios de planta centralizada
 Utilização de novas técnicas: tesselas de vidro colorido, para efeito de luminosidade
 Arte ao serviço da religião (narrativa bíblica suplanta narrativa histórica)
1. A arte Bizantina (sécs. VI-XII). Contexto histórico. A “Idade de Ouro”, sob Justiniano. São Vital de Ravena e
Santa Sofia de Constantinopla. Os ícones. A crise iconoclasta. Influências bizantinas em Itália (Basílica de São
Marcos e Catedral de Monreale).

330 – Constantinopla torna-se capital do Império Romano

380 – Cristianismo torna-se a religião oficial do Império; interdição do paganismo

395 – Morte do Imperador Teodósio. Império Romano é definitivamente dividido em dois (Oriente sob Arcádio e
Ocidente sob Honório). Constantinopla torna-se capital do Império Bizantino.

402 – Honório torna Ravena a capital do Império Romano do Ocidente.

410 – Pilhagem de Roma por Alarico, rei dos Visigodos

476 – Ravena é tomada pelos Ostrogodos

540 – Ravena é tomada por Justiniano, integrando-se no Império Bizantino

558 – Construção da cúpula de Santa Sofia, Constantinopla

726 – Leão III promulga um édito que excomunga as imagens religiosas. Início da Crise Iconoclasta no Império
Bizantino.

Arte paleocristã:
Arte Cristã Ocidental

Arte Cristã Oriental (Bizantina)

Não diferem muito até ao século VI, mas a partir daí:

 Arte cristã ocidental – sofre alterações profundas com os povos germânicos


 Arte cristã oriental – mantém uma linha de continuidade, mas sobressaem os elementos gregos (tradição
tem um papel fundamental)

Arquitetura Bizantina
Privilegia a planta centralizada com cúpula

 Arte Cristã Ocidental – permaneceu com o modelo basilical


 Arte Cristã Oriental – optou pela planta centralizada com cúpula

Características:

 Planta octogonal, centralizada (poucos


vestígios da basílica cristã)
 “descende” da Igreja de Santa Constança,
Roma, mas mais rico e em maior escala
espacial
 Nártex desalinhado da ábside: provoca
perturbação e obriga à mudança de eixo;
distinção clara entre mundo exterior e
mundo interior (passagem do reino físico ao
espiritual)

Características:

 Desdobramento do clerestório numa série


de nichos semicirculares até ao
deambulatório: dinamismo e animação do
espaço
 Nave com um segundo andar: a tribuna
(talvez reservada às mulheres)
 Abertura de janelas grandes foi possibilitada
pela utilização de tubos de barro oco nas
abóbadas – ideia de luz e desmaterialização
Figuras altas e esbeltas, bem-trajadas,
estilizadas

Profusão do dourado – ideia de ambiente


celestial

Imperador Justiniano entra na Igreja com


os seus oficiais e membros do clero (total
de 12) e oferta pão

Escudo com chrismon

Corte secular=Corte celestial

Figura 1-O Imperador Justiniano e o seu séquito. Mosaico de São Vital de Ravena,
c. 547.

 Imperatriz Teodora entra na Igreja


com as suas aias e membros do
clero
 Teodora oferece um cálice
(Justiniano oferece pão)
 Orla inferior do manto do
imperatriz contém uma
representação dos 3 reis magos
 Imperadores como portadores de
Igreja de Santa Sofia de Constantinopla (Igreja da Santa Sabedoria)
Vista exterior e interior.

Construída em apenas 5 anos (532-537), sob Justiniano

Minaretes, medalhões com inscrições islâmicas e alguns contrafortes foram adicionados após a conquista turca de
1453

 Eixo longitudinal de uma basílica


paleocristã, mas…
 Centralidade da nave, em forma de
elipse
 Planta centralizada dividida ao
meio (modelo único)
 Uma cúpula central e duas meias
cúpulas laterais

 Todas as partes da construção são pensadas para sustentar a cúpula


 Cúpula alta (a mais elevada da época), sustentada por um sistema de quatro pendentes
 Cúpula parece flutuar – mais luminosidade
 Arquiteturas paleocristã e bizantina procura um espaço desmaterializado, através da ocultação das
estruturas de suporte (ao contrário da arquitetura clássica, que faz exibição muscular dessas estruturas)

Os ícones
Ícone, do grego eikon=imagem

Objetos de culto pessoal e veneração pública (ofereciam uma espécie de proteção totémica), que alcançaram
muito destaque na arte bizantina

Técnica: encáustica (pintura com cera) sobre madeira

Baseado nos retratos greco-romanos

Motivos: retratos de Cristo, da Virgem entronizada ou de santos

Cristo Pantocrator: é retratado com a mão direita, em posição de bênção — com o polegar voltado para si, os dedos
médio e indicador em posição oblíqua, quase vertical, e os outros dedos dobrados em direção à palma da mão. Essa
posição da mão direita, com dois dedos erguidos, indica a sua dupla natureza (divina e humana), enquanto a sua
participação na Trindade, como segunda Pessoa, é indicada pelos três dedos unidos nas pontas; na mão esquerda,
estão as Sagradas Escrituras.

Por serem baseados no retrato, os ícones foram associados à idolatria e muitos deles foram destruídos, tendo
sobrevivido poucos exemplares

A crise iconoclasta
726 – Leão III, imperador bizantino, promulga o édito que excomunga as imagens religiosas

Início da Controvérsia ou Crise Iconoclasta, que opõe iconoclastas e iconófilos

Qual a base do problema? Interpretação literal das passagens bíblicas que condenavam as imagens gravadas e a
idolatria

Os iconoclastas queriam reduzir a arte religiosa a símbolos abstratos e formas de plantas e animais

O problema tem raízes mais profundas e radica na dualidade de Cristo, enquanto deus e homem (entre humano e
divino)

O Imperador e os seus seguidores eram iconoclastas (províncias mais orientais). Monges eram iconófilos (províncias
mais ocidentais)

Tratou-se, no fundo, de uma luta pelo poder entre a Igreja e o Estado

843 – Vitória dos Iconófilos, mas…

 muita arte bizantina tinha sido destruída


 nas províncias mais orientais reduziu-se a produção de imagens sagradas
 criou-se uma cisão entre a Igreja Ocidental e Oriental (os Papas sempre recusaram a iconoclastia)

Influências da arte bizantina em Itália. A Basílica de São Marcos, Veneza


Veneza está sob domínio bizantino até meados do século VIII. Torna-se. República autónoma no séc. IX.

 Construída no século XI (após o Cisma)


 Cinco cúpulas
 Planta de cruz grega
 Profusão de mosaicos no interior e também no exterior
 Apesar de Veneza ser já independente, existia esta vontade de emular o Império Bizantino, particularmente
Constantinopla
 Em Itália, o estilo bizantino ficou conhecido como “estilo grego

Influências da Arte Bizantina em Itália. A Catedral de Monreale, Sicília


 Construída no século XII, sob ordens de Guilherme II da Sicília (rei normando)
 Contratou equipas de mosaicistas de Constantinopla, mas também artistas árabes e venezianos
 A Catedral de Monreale contém dos últimos exemplares de mosaico bizantino e tem as paredes mais vastas
revestidas a mosaico
 Conjuga uma cúpula bizantina com uma estrutura basilical
 Técnica bizantina, mas linguagem ocidental
 Exemplo de sincretismo (fusão) sócio-cultura

Arte Bizantina
 Consiste no estilo da arte paleocristã desenvolvido no Império Romano do Oriente
 Afirma um ideal de tradição, ancorado nos modelos greco-romanos
 Privilegia os edifícios de planta centralizada
 Promove a ocultação das bases de sustentação arquitetónica – leveza e desmaterialização
 Destaca-se na produção de mosaicos parietais com representações bíblicas
 Profusão de imagens – conduz à Crise Iconoclasta no século VIII - Imperador como grande impulsionador da
criação artística
 Criação artística religiosa como instrumento de legitimação do poder
 Deificação do poder imperial marca a expressão artística

2. Arte da Alta Idade Média (sécs. V-X).


2.1 Arte Anglo-Saxónica, Viking e Hiberno-Saxónica. Barcas funerárias de Sutton Hoo e
Oseberg. O Evangeliário de Lindisfarne.
O contexto

Invasões Bárbaras, a partir do séc . IV

Miscigenação cultural (Povos do


Norte+Roma+Cristianismo)

O Cristianismo já não é uma decisão individual, mas uma


opção da sociedade

Quando o chefe se convertia, todos se convertiam (como


Clóvis ou Carriarico)

Notas:

Séc. V – Anglos e Saxões, da Dinamarca e norte da Alemanha, ocupam as ilhas britânicas

Vikings – povo guerreiro e comerciante da Escandinávia (a partir do século IX instalam-se na Normandia=


normandos)
Povos germânicos trazem a arte móvel (portátil):

 Tecidos
 Objetos metálicos Elevada perícia técnica
 Joalharia Estilo animalista
 Escultura em madeira

Posse dos objetos confere prestígio aos chefes locais

Arte Anglo-Saxónica: objetos da barca funerária de Sutton Hoo


Barca funerária do séc. VII:

 Encontrada (apenas o negativo) numa necrópole perto de Suffolk, em 1939


 Túmulo de um rei anglo (talvez Raedwald). Tradição anglo-saxónica de enterrar os mortos com os bens
pessoais
 Vários objetos de joalharia sofisticados (ouro, granadas, esmaltes) com temáticas animalistas
 Toda a superfície dos objetos é ornamentada, com entrecruzamento de elementos (horror vacuis)
 Motivos, técnicas e materiais revelam intensas trocas culturais

Arte Viking: objetos da barca funerária de Oseberg


Barca funerária do séc. IX (834):

 Encontrada intacta em Oseberg, sul da Noruega


 Serviu de túmulo a duas mulheres (uma talvez fosse a rainha Asa)
 Barco incluía objetos, um carro, trenós e vários cavalos
 Objetos de ouro foram roubados
 Temática animalista e naturalista nas esculturas de madeira
 Elementos naturalistas e geométricos nas tapeçarias. Algumas utilizam seda (originária da Ásia Central)

Arte Hiberno-Saxónica: o Evangeliário de Lindisfarne


Hibernos: habitantes da Irlanda, que nunca integraram o Império Romano (cultura celta)

Cristianizados no século V. Rapidamente absorveram características da civilização mediterrânica

Desenvolveram mosteiros em sítios isolados (mais de acordo com o seu sistema


rural) a partir do séc. V

Mosteiros irlandeses tornam-se centros de erudição – têm grande papel na


conversão ao cristianismo na Europa a norte dos Alpes

Desenvolvem cópias manuscritas e iluminadas da Bíblia e de outros livros


sagrados
Estilo Hiberno-Saxónico (conjuga elementos celtas e germânicos com elementos cristãos e romanos)

Figura -Moldura geométrica com motivos


animalistas entrecruzados (como alguns
objetos de Sutton Hoo) Elementos
animalistas subjugados ao poder da Cruz
(tal como as tribos celtas se converteram)

2. Arte da Alta Idade Média (sécs. V-X).


2.2 Arte Carolíngia (escultura, iluminura, arquitetura)
O contexto

771 – Carlos Magno torna-se único rei dos Francos

800 – Coroação de Carlos Magno pelo papa Leão III, e Roma (Imperador Romano Cristão)

810 – Morte de Carlos Magno

848 – Acordo de Verdun. Desmantelamento do Império Carolíngio

➢ Império Carolíngio “dita” as tendências políticas e culturais da História da Europa Ocidental

➢ Interdependência entre Igreja e Estado

➢ “Capital” no centro do poder: Aachen (ou Aix-la-Chapelle pou Aquisgrano)

➢ Inspiração cultural e política nos modelos do Império Romano (Carlos Magno visitou Ravena e Roma)

Arte Carolíngia:
 Estabelecimento de uma “academia” e promoção da arte da escrita
 Imperador encorajou a cópia de muitas obras da Antiguidade (de alguns só temos mesmo a versão da época
carolíngia)

Figura-S. Mateus, Evangeliário da Figura-Capa do Evangeliário de Lindau,


Coroação, c. 800-810. Este livro era usado c. 870. Utilização da ourivesaria na
nas cerimónias de coroação dos capa do livro=dignificação do livro,
Imperadores germânicos enquanto objeto de luxo

Arte Carolíngia: arquitetura


Marcada pelo revivalismo carolíngio (decalca os modelos romanos,
sobretudo de Ravena e Roma)

Carlos Magno manda construir um palácio imperial, com uma basílica,


que estava ligada à capela palatina
São Vital: interior ambíguo, etéreo, desmaterializado

Capela Palatina: interior robusto e sóbrio (não se ocultam os pilares)

Ditará a tendência da arquitetura Ocidental

2.3 Arte Visigótica.


2.4 Arte da Reconquista (sécs. IX-X)
Visigodos na Hispânia

416-419: Visigodos entram na Hispânia e expulsam os Vândalos silingos e os Alanos (não investem inicialmente
muito na Hispânia)

507: Batalha de Vouillé: Francos derrotam Visigodos Abdicam da Gália (ficam com um pequeno reduto) e
concentramse na Hispânia

[segue-se período conturbado, de recuperação]

O Reino

Visigótico na Hispânia (568-711)


Reinado de Leovigildo (568-586)

 573: Unificação do território; transferência do centro de Toulouse para Toledo, centro da Hispânia
 Combate os bascos e inicia o recuo dos bizantinos (este, completado em 620)
 Controla ameaças internas (“matou todos aqueles que tinham o hábito de assassinar reis, sem deixar
nenhum que pudesse mijar contra a parede”, por Gregório de Tours)
 Revê e promulga o Código Visigótico (fusão de leis romanas e godas)
 585: ataca o Reino Suevo, que anexa
 Cunha moedas em múltiplos locais (Leovigildus Re Portocale Victi)

Reinado de Recaredo (586-601)

587: Converte-se ao Cristianismo

589: Reúne o Concílio de Toledo, que preside (modelo de Constantino)

Oficialização da conversão do rei

Oficialização do Cristianismo como única religião do Estado (Unidade)

Conversão dos bispos arianos (sem necessidade de nova ordenação)

Bispo de Toledo recebe o título de Primaz das Espanhas

601: Morte de Recaredo e início do lento declínio

601-642: período conflituoso, rápida sucessão de reis (monarquia eletiva); aumento do poder da aristocracia

612-615/623-625: vitória contra os últimos redutos bizantinos

642-672: Reinados de Quindasvinto e Recesvinto

Nova versão do Código Visigótico (Liber Judicum)

Limitação progressiva do poder do rei (sintomas de pré-feudalismo)

Militarização da sociedade

Diluição das barreiras do poder/ Fragilização


progressiva das estruturas
711: Invasão Islâmica da
Península por Tariq ben
710: morte do rei Vitiza (divisão na escolha do sucessor: Rodrigo e Áquila) Zyad (com colaboração
de elementos da
aristocracia goda)

 Importante influência na toponímia (Nevogilde, Esmoriz, Romariz, etc.)


 Destacadas figuras da cultura
1. Sto. Isidoro de Sevilha (sec. VI-VII), Etimologias (20 volumes): espécie de enciclopédia avant la
lettre; indexação do conhecimento, vertente pedagógica;
2. João de Bíclaro, ou de Santarém (séc. VI-VII), Crónica
3. S. Frutuoso (século VII), Arcebispo de Braga e bispo de Dume, impulsionador de regra monástica
singular (Regula Mixta); fundou vários mosteiros na Galécia, um deles o de São Salvador (Igreja
de São Frutuoso de Montélios) A Regula Mixta regulava a vida monástica na qual conviviam
membros da nobreza com monges (singularidade e originalidade do extremo ocidental ibérico)
Arte Visigótica: o tesouro de Guarrazar
 Conjunto de 26 coroas e cruzes votivas em ouro, com pérolas, esmeraldas e safiras encrustadas (safiras
provenientes do atual Sri Lanka)
 Encontrado entre 1858 e 1861, em Guadamur (perto de Toledo)
 Várias peças foram, entretanto, roubadas (a coroa votiva de Suintila)
 Influência bizantina (nas formas das coroas), mas técnicas de incrustação das pedras e relevo metálico são
germânicas
 Coroas votivas: oferecidas pelos reis à Igreja, para pendurar por cima do altar

Arte Visigótica: arquitetura


Igreja de San Juan de Baños (Palencia)
 Mandada construir por Recesvinto, em 661
 Considerado um dos melhores exemplos da arquitetura visigótica plena
 Planta basilical (3 naves e 3 ábsides) – tradição romana
 Reutilização de colunas de mármore (um capitel romano coríntio e os
outros são imitações)
 Utilização do arco de ferradura a 1/3 (característica específica da
arquitetura visigótica)

2.4 Arte da Reconquista, pré-românica (sécs. IX-X)


722 – Batalha de Covadonga (Astúrias)

Liderada por Pelágio (Pelayo, en cast.): não é o rei, mas é um chefe militar que consegue reunir muitas pessoas em
torno do seu objetivo de combater o domínio islâmico

Batalha pouco importante do ponto de vista militar, mas simbólica porque demonstra a progressiva união dos povos
das montanhas com os godos

Ermesinda (filha de Pelágio), casa com Simbiose entre povos das


Afonso, descendente de nobres godos montanhas e nobres godos

 A guerra não tem apenas fins


económicos (é forma de expandir
autoridade) – rei como chefe
militar
 751-754: grande conquista do
Afonso declara-se rei das Astúrias
território islâmico (galaico-
(Afonso I), 739-757
portugués, até Viseu)
Capital em Oviedo  Política militar: destruir e saquear
o territorio islâmico, matando os
muçulmanos e “raptando os
cristãos”
Afonso II das Astúrias, 792-842
 Reinado fundamental no fortalecimento das estruturas anteriores
 Derrota das incursões muçulmanas em Lugo e Pontevedra
 Incursão cristã em Lisboa (saque enviado a Carlos Magno)

822: descoberta do túmulo de S. Tiago (em Compostela)

A lenda…

 no séc. I, Tiago tentou evangelizar a Hispânia, foi martirizado na Palestina e foi depois sepultado na Galiza
 O eremita Pelayo, em 822, viu passar uma estrela (Campus Stellae) e chamou o bispo Teodomiro, da diocese
de Iría Flavia
 O bispo foi conduzido ao local e teve uma revelação divina, descobrindo o túmulo do apóstolo

Fundamento religioso da (Re)conquista cristã

Afonso II viu nesta descoberta um sinal de Deus e foi o primeiro peregrino (propaganda política)

Tiago combate as heresias = Afonso II combate os muçulmanos

As crónicas durante o reinado de Afonso III, 866-910


Crónica Profética  A invasão islámica foi um castigo divino
Crónica Albeldense (escrita no mosteiro de Albelda, devido aos pecados dos godos
na Rioja): terminada até 881 mas acrescentada até  Os reis asturianos livraram-se desses
883 pecados e vão trazer novamente a
vitória de Cristo e o triunfo do Bem
História universal, embora centrada no Islão  Os reis asturianos são legítimos
Crónica de Afonso III (escrita pelo próprio rei ou por herdeiros da monarquía visigótica cristã,
ele supervisionada, 2 versões), baseia-se nas que tinha unificado a Península no
anteriores e acrescenta a história desde Pelágio a passado (587-711) - Ideia de
Afonso III (Re)conquista

Rotense (mais rudimentar, terminada


em 883-884)

Ovetense ou A Sebastiani

Visão providencialista da História


Legitimação e Propaganda

Arte da Reconquista
 Conjuga elementos bizantinos, romanos, carolíngios e califais (permeabilidade cultural)
 Reutilização de materiais de diferentes épocas históricas (escassez de materiais e necessidade de
legitimação)
 Arte ao serviço da legitimação ideológica da Reconquista

revivalismo romano-visigótico (para combater o Islão) – apesar da permeabilidade cultural

 Arquitetura de multiplicação de pequenos espaços, em cascata, rebuscada – atormentada (liturgia marcada


pelo mistério)
 Considera-se como arte pré-românica asturiana
Nota: vários dos templos que eram considerados visigóticos, enquadram-se hoje na chamada arte da Reconquista
(séculos IX e X). A semelhança com o estilo visigótico explica-se pelo próprio programa ideológico da monarquia
asturiana.

Arquitetura da Reconquista
Santa María de Naranco (Oviedo)
 Construído como palácio do rei Ramiro, em 842 (e transformado em Igreja no séc. XII)
 Arcadas-grelha, de tríplice arco, no belvedere (influência bizantina, trazida pelos árabes)
 Utilização de abóbada de canhão ou berço - Decorações com influências bizantinas e sassânidas

Mosteiro de San Miguel de Escalada (León)


 Construído no século X (c. 913) por um conjunto de monges emigrados do Emirado de Córdova - estilo
moçárabe
 Utilizaram materiais romanos e visigóticos pré-existentes no local para a sua construção (revivalismo)
 Profusão de arcos de ferradura bastante cerrados (estilo moçárabe)

São Frutuoso de Montélios


 Inicialmente, considerada visigótica, mas essa tese tem vindo a ser contestada, sugerindo-se que se trata de
exemplo de arte de estilo moçárabe (séc. X)
 Planta de cruz grega (influência bizantina), com torre no cruzeiro – lembra Gala Placídia e S. Vital
 Utilização de arcatura-grelha de arco tríplice (típico da Reconquista)
 Utilizado para albergar as relíquias de S. Frutuoso (no contexto do repovoamento de de Afonso III das
Astúrias)
 Espaço excessivamente centralizado e fechado sobre si (liturgia intimista)
 Frisos calcários (de Coimbra)

Igreja de S. Gião (Nazaré)


 Igreja monasterial, estilo moçárabe (séc. X)
 Planta centralizada, com 3 naves (naves laterais destinar-se-iam aos internos
do mosteiro)
 Ábside quadrangular (influência carolínga)
 Porta de entrada com arco perfeito e dintel – estilo moçárabe
 Presença de iconostase, com arcos de ferradura, que separa o transepto das
naves
 Espaço muito compartimentado

O cálice de São Geraldo (Museu do Tesouro da Sé de Braga)


Cálice e patena de prata repuxada, com esmaltes (finais séc. X)

Com uma inscrição na base:

“Em nome do Senhor. Pertenço a Mendo Gonçalves e a Dona Toda.”


[Mendo Gonçalves, conde portucalense (falecido em 1008)]

 Pé com quatro arcos de ferradura


 Copa com forte ramagem, onde abrigam 3 leões e uma águia

Peça única, sem paralelo regional. Estilo duro e rude. Segundo Carlos Ferreira de Almeida, terá sido obra de ourives
do Norte peninsular, possivelmente portucalense.

4. Arte Românica (sécs. XI-XIII). Arquitetura do primeiro Românico europeu. Igreja de São
Vicente de Galliano e Igreja de São Vicente de Cardona. O regresso da escultura
monumental
O contexto

Antes (…)

476 – Queda do Império Romano do Ocidente

529 – S. Bento de Núrsia funda o mosteiro de Montecassino (Regra Beneditina)

589 – Visigodos convertem-se ao Cristianismo

622 – Início da era muçulmana

630-650 – Regra Beneditina alastra na Europa

800 – Coroação de Carlos Magno. Nascimento do Sacro Império Romano-Germânico

822 – Descoberta do túmulo de São Tiago, em Compostela

910 – Fundação da Abadia de Cluny (Ordem de Cluny)

A Europa do ano mil – “branco manto de igrejas”

1054 – Grande Cisma ou Cisma do Oriente (divisão entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Católica Ortodoxa)

1073-1085 – Reforma Gregoriana (muito impulsionada pela Ordem de Cluny)

1095 – Papa Urbano II exorta à 1.ª Cruzada

1098 – Fundação da Ordem de Cister, pelo abade de Molesme

1113-1119 – Surgimento da Ordem do Templo e da Ordem do Hospital (primeiras ordens religioso-militares)

Arte Românica
Desenvolve-se na Europa entre os séculos XI e XIII, mas existe românico tardio, que se funde com o gótico (até ao
séc. XVI)

Românico é um termo que surge no séc. XVIII– línguas românicas (derivadas do latim)

Historiadores de arte passaram a aplicar o termo à arte dos séculos XI a XIII, no sentido de “à maneira romana”
Bibliografia:

 A arte românica, tem presente a sua integridade e também uma grandeza estética
 Os artistas românicos também buscaram inspiração na arte influenciados pelas tradições paleocristãs,
bizantinas, germânicas celtas e islâmicas
 O reavivar dos intercâmbios comerciais abriram novos contactos mercantis e culturais, que estimularam o
florescimento da vida urbana
 No final da Alta idade média a europa tem presente uma sociedade rural, com um sistema político e social
muito descentralizado. Ao qual denominamos de feudalismo
 Os senhores das terras cediam parte das suas propriedades a cavaleiros-feudos
 Em troca estes deveriam prestar serviços militares e outros aos senhores feudais-vassalagem
 Com o crescimento abrupto das migrações e invasões estas terras cada vez mais ficaram reduzidas.
 Agora as cidades para recuperar a sua importância, tornavam-se independentes pelas cartas de foral:
o Enumeravam privilégios e isenções
o Garantiam a proteção de um senhor feudal

Contexto específico:

 Arte que surge após a ultrapassagem dos terrores do ano mil


 Arquitetura como elemento de fixação das populações, sobretudo rurais
 Consolidação do poder papal – Reforma Gregoriana
 Expansão da ordem de Cluny

Falta de sincronia na génese, evolução e dissolução – amplo território

Unidade na diversidade

 Recuperação urbana
 Avanços tecnológicos na agricultura - produção de excedentes
 Autoridade papal como força unificadora
 União em torno do ideal de Cruzada
 Reabertura de rotas comerciais
 Cristandade alcança supremacia (desfragmentação do Califado de Córdova em 1031 e Vikings convertem-se)

Por todo o mundo, em especial na Itália e na Gália, reconstroem-se as basílicas eclesiais… os povos cristãos
rivalizam na construção dos mais nobres templos e eis que toda a terra sacode os andrajos e se apressa a tapar-se
com o branco manto das igrejas”

Raul Glaber, monge beneditino do séc. XI

Primeiras manifestações do românico


Zonas: Borgonha, Catalunha e Lombardia

Nasce em terras da Lombardia - local de encruzilhada cultural

São poucos os vestígios em Itália porque foram muito modificados


Características gerais do primeiro românico:

Abobadamento em todo o edifício (substituição das arcadas em madeira) – maior monumentalidade, sentido de
proteção e melhor acústica

Utilização da planta basilical, com 3 modelos essenciais:

 Uma só nave com abside semicircular abobadada


 Uma só nave com abside quadrada (edifícios mais modestos)
 Três naves com três absides semicirculares, com a cobertura toda abobadada

Igreja de São Vicente de Galliano (perto do lago Como)


 Consagrada em 1007
 Ábside central especialmente protuberante, decorada com bandas lombardas (arcaturas cegas)
 Nave direita perdeu-se num incêndio
 Cripta por baixo do altar

Igreja de São Vicente de Cardona (catalunha, Pirenéus)


 Consagrada em 1040 (construída provavelmente por mestres lombardos)
 3 naves com 3 absides, transepto pouco pronunciado, cripta
 19 metros de altura
 Utilização de abóbada de berço na nave central e abóbada de aresta nas naves laterais (mais luminosidade)
 Torre sobre o cruzeiro, com cúpula
 Pilares compósitos, sem capitel, com projecções rectangulares – inovação do românico (unifica o alçado)

O regresso da escultura monumental


 Depois do século V, desapareçam as esculturas de vulto redondo em pedra (apenas em bronze ou marfim)
 Utilizou-se apenas o baixo-relevo escultórico de carácter ornamental

Retorno à escultura figurativa com o Românico

Lintel de Saint-Génis-des-Fontaines (1020-1021)

 Mármore; figuras simples (fazem lembrar as figuras do Evangeliário de Lindisfarne)


 Técnicas que se assemelham ao trabalho dos metais (horror vacuis)
 Cristo Pantrocrator e 6 apóstolos (harmonia e unificação da narrativa)

4.2 Arquitetura do Românico pleno. A igreja de Cluny III e o Mosteiro de São Pedro de
Moissac
A igreja da Abadia de Cluny III (Borgonha)
910 – Fundação da Abadia de Cluny (Ordem de Cluny)

Ordem de Cluny – líder no monaquismo beneditino (mais de 1400 “casas-filha” na Europa

Duas abadias foram construídas (uma em 910 e outra em 1013)

A terceira abadia foi construída em 1088 – maior igreja românica de sempre (“maior ecclesia”) – modelo replicado
na Europa

Destruída durante a Revolução Francesa (apenas subsiste o transepto sul e a torre octogonal)

Conceito de mosteiro como Cidade de Deus (autosuficiente)

A igreja

 30 metros de altura (possibilidade viável da construção em altura)


 Mais de 300 janelas (luminosidade)
 Dois transeptos (um grande e um pequeno)
 Profusão de torres
 3 naves de 187 metros de comprimento
 Proporções em rácio de números perfeitos (equilíbrio de volumes)
 Ábside com absidíolas

 Interior todo abobadado (espaço ideal para a música) – 30 metros


 Utilização de arcos de volta ligeiramente quebrada na arcaria das naves (influência islâmica?)

Excerce menos pressão do que o arco de volta perfeita - pode ser mais alto – mais abertura

 Triforium (abertura de tripla arcada) na tribuna


 Capitéis coríntios nas colunas

Mosteiro de São Pedro de Moissac


 Mosteiro Cluniacense
 Concluídos nos inícios do século XII
 Destaca-se pelo seu claustro e pelo seu portal

Claustro

 Arcos de volta quebrada


 Capitéis historiados (cenas bíblicas, folhas, pássaros, criaturas horrendas…) – profusão da imagem
Abadia de São Pedro de Moissac
O portal

 Escultura monumental figurativa


 Mainel e jambas trabalhadas

Tímpano

 A segunda vinda de Cristo


 Cristo em Majestade
 4 animais, 2 anjos, 24 anciãos
 Rendilhados dão expressão teatral
 Escultura com funções didácticas

4. Arte Românica (sécs. XI-XIII). 4.2 Arquitetura do Românico pleno. As


igrejas de peregrinação

O fenómeno da peregrinação
 A peregrinação aos lugares da vida de Cristo ou outras personagens que com ele contactaram existe pelo
menos desde o século IV (exemplo: Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém), mas ganhou especial destaque a
partir dos séculos XI-XII

No século XI, com o avanço do Islão sobre Jerusalém, passa a ser cada vez mais difícil aos cristãos visitar esses
lugares da Terra Santa - surge o movimento das Cruzadas (1.º cruzada em 1095-1099)

Os cristãos ficam restritos a outros locais que conservavam relíquias de personagens que conviveram com Cristo:

 Roma (São Pedro e São Paulo)


 Compostela (São Tiago)

Porque é que os movimentos de peregrinação foram tão populares?

 A condição de peregrino reduzia todos à mesma condição, dissolvendo normas e hierarquias sociais
 Fuga às preocupações quotidianas (viagem introspetiva)
 Fortalecimento do sentido de comunidade Concessão de indulgências

O fenómeno de Santiago de Compostela


822: descoberta do túmulo de S. Tiago (em Compostela)
A lenda…

 no séc. I, Tiago tentou evangelizar a Hispânia, foi martirizado na Palestina e foi depois sepultado na Galiza
 O eremita Pelayo, em 822, viu passar uma estrela (Campus Stellae) e chamou o bispo Teodomiro, da diocese
de Iria Flavia
 O bispo foi conduzido ao local e teve uma revelação divina, descobrindo o túmulo do apóstolo

Fundamento religioso da (Re)conquista cristã


Afonso II viu nesta descoberta um sinal de Deus e foi o primeiro peregrino (propaganda política) Tiago combate as
heresias = Afonso II combate os muçulmanos

Os movimentos de peregrinação intensificam-se nos séculos XI e XII

Visitar Compostela era o equivalente a visitar a Terra santa, uma vez que a Península estava sob domínio muçulmano
(dezenas de milhar de peregrinos no século XII)

Formaram-se vários circuitos organizados com destino a Santiago (caminhos) por toda a Europa, destacandose o
caminho francês

Catedral de Santiago de Compostela


Existiram dois templos (um primitivo, do século IX e outro pré -
românico, de inícios do séc. X)

997 – Almançor incendeia a cidade e o templo de Santiago de


Compostela (apenas o túmulo é poupado)

Em 1075, são iniciadas as obras da grande catedral românica (em


granito ), sob o impulso de Afonso VI. Três fases:

1.ª fase (1075 -88) Sob o bispo Diego Páez, a cargo dos mestres:

Bernardo, o Velho

Galperino Roberto

2ª fase (1093 -1122) sob Diego Gelmírez e o bispo Dalmácio

3.ª fase (1140 -1211) com a construção do pórtico da Glória (Mestre


Mateus), do claustro, da fachada ocidental e vários elementos de
escultura monumental;

[varias obras foram realizadas desde então]

Naves laterais que circundam a igreja continuamente até à abside, atravessando o transepto e existência de
deambulatório e absidíolas (capelas radiantes)

Permite que os peregrinos deambulem pela igreja e visitem as relíquias nas várias capelas (absidíolas) mesmo
durante os períodos de celebração (mimetiza a própria viagem de peregrinação)
Sistema de proporções e múltiplas unidades modulares:

 os tramos (unidades rítmicas) da nave e do transepto apresentam metade do tamanho do cruzeiro


 Os tramos das naves laterais têm um quarto do tamanho do cruzeiro e metade do tamanho dos tramos da
nave central

Utilização de pilares compósitos (como em São Vicente de Cardona), que confere unidade ao espaço

Devido à utilização de grandes abóbadas de berço, não foi construído clerestório: A luz provém das naves laterais
(em abóbada de aresta) e das tribunas

Pórtico da Glória

Construído pelo Mestre Mateus (concluído em 1188)

Representação da cidade celeste Constituído por três arcos de volta perfeita.

O Arco central tem o dobro do tamanho dos laterais e é o único que possui tímpano, estando dividido por um mainel

Alvo de restauro entre 2006 e 2018

[algumas das figuras já não são as originais]

São João e a águia – enfatiza o carácter divino de Cristo

São Lucas e o touro – enfatiza o carácter sacrificial de Cristo

São Mateus como homem – enfatiza a humanidade de Cristo

São Marcos e o leão – enfatiza a majestade e dignidade real de Cristo

Arquivolta do tímpano com a representação dos 24 anciãos do Apocalipse, que tocam diversos instrumentos
musicais – mensagem de felicidade

Rompe com a tradição do Juízo Final


Igreja de Saint-Sernin, Toulouse

Igreja de Santiago

 Caminhos de Peregrinação
 Multiplicação de igrejas de peregrinação nos caminhos (São Martinho de Tours, São Marçal, em Limoges,
Saint-Foye em Conques; Saint-Sernin, em Toulouse, entre outras)

 Uma das maiores igrejas românicas de França


 Concluída no século XII - Planta semelhante a Santiago de Compostela
 Diferença: 5 naves
 Utilização de pilares compósitos (unificação do espaço)

Arte Românica (sécs. XI-XIII). 4.3 Variantes regionais do Românico: França (Poitou e
Provença) e Toscana (Pisa e Florença)
Arte Românica

Falta de sincronia na génese, evolução e dissolução – amplo território

Surgimento de variantes regionais, influenciadas por diferentes realidades sócio-políticas (França, Itália, Alemanha,
Normandia e Inglaterra, Península Ibérica)

Românico em França (Poitou). Igreja de Notre -Dame -la - Grande, Poitiers


 Construída em pedra calcária branca
 Fachada com ampla superfície de decoração escultórica – exposição visual da doutrina cristã
 Conjuga elementos do Antigo e Novo Testamento (Eva e Maria)
 Portal recuado, sem tímpano, mas com várias arquivoltas
 Coberturas cónicas das torres que quase atingem a altura da empena
 Nave central com abóbada de berço e naves laterais em abóbada de aresta

Cristo em Majestade

12 apóstolos e 2 bispos

Friso com cenas bíblicas, do pecado original ao nascimento de Cristo (catequese visual)

Românico em França (Provença). Igreja de Saint-Gilles-du-Gard


 Igreja monástica (Ordem de Cluny)
 Construída entre 1120 e 1160
 Fachada composta por três arcos (à semelhança do arco triunfal romano)
 Cidade de Saint-Gilles é principal porta de embarque dos cruzados franceses

Lintel com cenas do Novo Testamento:

- Lava-pés

- Última ceia

Lintel do tímpano esquerdo: entrada triunfante de Cristo sobre Jerusalém Relação com o espírito de
Cruzada

Românico na Toscana. Catedral, Batistério e Torre de Pisa


Toscana na Idade Média: cidades-estado independentes:

 Pisa
 Florença
 Livorno
 Prato

Românico toscano conserva muito a influência da arquitetura paleocristã e clássica (por isso mantém os batistérios)

 Torre (campanile); tradição da torre destacada da igreja é típica de Itália


 A torre de Pisa foi desenhada por Bonnano Pisano
(1174-1186) e começou a ficar inclinada antes de estar
concluída (problemas de más fundações)
 Intervencionada nos finais do séc. XX para evitar
queda. Reaberta em 2001, com garantia de
estabilidade por mais 300 anos…

Românico na Toscana. Catedral de Pisa


 Tecto da nave central em madeira, com caixotões
 Tetos das naves laterais em abóbada de aresta
 Ábside com semi-cúpula no teto (com mosaico de Cristo Pantocrator, do séc. XIII – influência bizantina)
 Não utiliza os pilares compósitos de outros exemplos do românico europeu – muito preso aos modelos
clássicos

Românico na Toscana. Batistério


 Batistério de planta redonda e não hexagonal (à imagem do Tempo de Jerusalém)
 Desenhado por Diotisalvi
 Maior batistério de Itália
 Destaca-se pela sua acústica (ecos)
Românico na Toscana. San Miniato al Monte, Florença
 Modelo basilical
 Cobertura em madeira - 3 naves
 Utilização de mármores brancos e verdes
 Semi-cúpula com mosaico na abside (séc. XIII)

Românico diferente, mas também semelhante:

- Organização em módulos, como as igrejas de peregrinação

- Utilização das formas dos portais do românico francês (arcos perfeitos, arquivoltas e tímpanos)

Um pormenor (não românico)

A Capella del Cardinale del Portogallo (séc. XV)

O Cardeal português era D. Jaime, neto de D. João I e filho de D. Pedro, encontra-se aí sepultado

N
a

Na sequência da Batalha de Alfarrobeira teve de fugir, inicialmente para a Flandres e depois para Itália
N
a
Em 1453, foi nomeado arcebispo de Lisboa, mas dirigiu a diocese sempre a partir de Itália; tornou-se cardeal em
1456

O Românico Português
Contexto Inicial

 Arte do tempo dos nossos primeiros reis;


 Estilo das nossas mais velhas catedrais nas cidades, mas também, das freguesias e lugares rurais;
 De pendor europeu, é bem recebido no nosso território, reaproveitando soluções artísticas, mas também
ensaiando novas abordagens, sempre adaptadas ao edificado em questão;
 Intimamente ligado à Igreja e à organização territorial que se evidenciava através das paróquias;
 A inovação e destaque do românico português não se vê tanto na dimensão dos templos, como acontecia
em França ou na Itália, por exemplo, mas sim nas soluções decorativas e na depuração e robustez das linhas
e formas construtivas.
 Principais estaleiros e difusores da arte românica em Portugal – Coimbra (conquistada definitivamente em
1064) e Braga.

A paisagem- A arte no seu território

 O templo religioso como um símbolo de uma comunidade definida e autónoma;


 Associação a espaços monásticos e de peregrinação;
 Construções que acompanham o habitat onde se inserem, por exemplo, no uso dos materiais da zona;
 Maior predominância a norte do território;
 “o espírito do lugar” – comunhão entre a Humanidade e a Natureza traduzida para a Arquitetura do seu
tempo.

A arquitetura

Igrejas
Focos de disseminação da arte e arquitetura românicas.

Como se construía?

Plantas: centradas (cruz grega/hexagonal ou circular) ou as de planta basilical (cruz latina), como a que vemos na
imagem ao lado, sendo as dominantes
Os templos fora dos grandes centros urbanos
 Igreja de S. Pedro das Águias, Tabuaço, Viseu. Numa paisagem agreste, ergue-se a meia encosta de uma
ravina abrupta que cai sobre o rio Távora, a pequena igreja de São Pedro Velho.
 Igreja de S. Romão de Arões, Fafe. Um exemplar típico do românico português, de aspeto robusto e paredes
maciças onde a entrada de luz é pontual. Fachada ocidental depurada, com portal com tímpano onde se
inscreve a imagem de um Agnus Dei.

Mas nem só de arquitetura religiosa se faz o Românico…

Paço da Loba, ou Casa da Loba, Fonte Arcada, Sernancelhe (Viseu). Fundada no século XIII por Fernão Sanches, filho
bastardo de D. Dinis. Construção feita em granito, aproveitando o material da zona. De realçar a mísula com a forma
de uma loba, na fachada principal, junto da porta acima das escadas.

E ainda em Fonte Arcada, Sernancelhe, vale a pena referir a existência de mais duas jóias românicas:

Ecos do passado românico em construções civis imediatamente seguintes:

“ (…) Edificado no século XIV e classificado como monumento nacional em 1978, o Paço de Dona Loba e a área
envolvente foram adquiridos recentemente pelo Município de Amarante.

O Paço de Dona Loba foi um edifício de cariz habitacional e seria composto por dois pisos. No primeiro, que seria
abobadado segundo descrição do século XVIII e testemunho das mísulas remanescentes, localizar-se-ia a sala
nobre. O andar superior poderia ser completado com uma espécie de balcão de madeira, a modo de varanda. (…)

A vossa atenção para as semelhanças com a Casa da Loba, em Sernancelhe:

• uso de aparelho isódomo, mais evidente aqui;


• definição de um vão de entrada ao nível do rés-do-chão;

• uso recorrente de mísulas - suporte e/ou arranque de pisos elevados.

O que é o aparelho isódomo?

 Técnica de construção clássica - Grega (?).


 Aparelho isódomo: tipo de montagem de um muro onde os silhares são de igual altura, à mesma que a das
fiadas. Deste modo o muro adquire uma forma completamente regular.
 Aparelho pseudo-isódomo: aparelho composto por fiadas de diferentes alturas, mas onde os silhares de
cada fiada são da mesma altura, embora possam ter diferentes comprimentos.

Castelos, torres, memoriais românicos e pontes


Situado outrora na Terra de Basto, enquadra-se no movimento de encastelamento que entre os séculos X e XII
marcou o território europeu.

Destaque para estes aspetos da sua construção:

 torre de menagem (cujo último piso e conjunto de ameias foram reconstituídos no século XX)
 o torreão quadrangular
 uma única porta
 e a cisterna.

Vestígios arqueológicos atestam a ocupação desta fortaleza entre os séculos XIV e XVI. Porém, esta época seria já de
decadência da estrutura que, em tempo de paz, era um mero símbolo de organização administrativa e do poder
senhorial que tutelava o território.

 Enquadra -se na linha dos edifícios de poder simbólico da nobreza senhorial, constituindo um importante
exemplo da domus fortis ou residência fortificada no território do Tâmega e Sousa.
 Deverá ter sido construída entre a segunda metade do século XIII e o início do século XIV, embora o primeiro
testemunho desta Torre esteja datado do século XV. Segundo as Inquirições [inquérito administrativo] de
1258, Sancte Marie de Vilar era uma Honra pertencente à família de D. Gil Martins, da família dos Ribavizela.
 De planta retangular, a Torre de Vilar ergue -se sobre um afloramento granítico que coroa uma pequena
elevação; com aparelho regular, é possível encontrar ao longo de todo o seu pano murário várias marcas de
canteiro .
 O último piso corresponderia ao adarve ou espaço de vigia e deveria igualmente possuir ameias e merlões,
entretanto desaparecidos, que coroavam o parapeito da Torre.
A função deste tipo de monumentos, embora não esteja ainda totalmente esclarecida, deverá relacionar-se tanto
com a colocação de túmulos, como com a evocação da memória de alguém, como ainda com a passagem de cortejos
fúnebres.

Estão habitualmente situados em caminhos ou cruzamento de vias.

 De forma geral, as pontes da Idade Média, embora em alguns casos, reaproveitando estruturas pré-
existentes, cuidaram mais dos alicerces do que as pontes romanas e procuraram sítios mais firmes para a sua
instalação;
 Símbolo de percursos transregionais ou nacionais, frequentemente associados a rotas de peregrinação.

À esquerda: Ponte românica da Logoncinha, Vila Nova de Famalicão. Ponte construída no início da época medieval,
sobre uma provável pré-existência romana, de arco, com tabuleiro ligeiramente rampante, assente sobre arcos
desiguais, protegidos por talhamares.

À direita: Ponte românica de Vilela, Arcos de Valdevez. Ponte de arco assente em dois arcos desiguais e de perfil
irregular. A sua excelente adaptação ao terreno conferiu-lhe um perfil pouco frequente, uma vez que do lado N. a
rampa do cavalete é muito acentuada, enquanto a do S. ao se adaptar ao terreno de um nível mais elevado, mais
parece uma plataforma direita.

A Escultura
Devocional, arquitetónica e tumular
a) Santa Maria de Guimarães. Museu Alberto Sampaio.

b) Igreja de S. Salvador de Bravães, Ponte da Barca. Portal ocidental.

c) Túmulo de Egas Moniz, Mosteiro de Paço de Sousa.

a) Santa Maria de Guimarães


Autor: Desconhecido
Data: Século XIII
Material: Madeira de pereira policromada
Dimensões (cm): alt. 84 x larg. 32
Proveniência: Guimarães, Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira
Escultura românica, feita em madeira de pereira, símbolo da fertilidade, representando a Virgem sentada no
trono, segurando o Menino ao colo, ambos em posição frontal e formando um conjunto estático
profundamente dominado pelas regras de simetria. Obedece ao esquema iconográfico bizantino da Virgem
em Majestade.

Como é característico do estilo românico, esta Virgem apresenta um sorriso indefinido, olhar ausente e sem
expressão e uma postura muito hirta. Nela ainda é visível a policromia reveladora do gosto do Homem
medieval pela cor. No século XVII, verificou-se uma tendência que pretendia aumentar o realismo da
imaginária sagrada, vestindo as imagens de vulto. Por isso, eliminaram-se os braços da Senhora, assim como
as zonas laterais do trono e o Menino que estaria no seu colo, mutilando profundamente a imagem.

Apesar da destruição a que foi sujeita, esta escultura ocupa um lugar especial na história da arte portuguesa.
Com efeito, é uma das mais antigas (das poucas) esculturas devocionais românicas em madeira que se
conhece em Portugal e a mais antiga imagem da Virgem da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira que
conseguiu chegar até aos nossos dias.

b)
Arquivoltas: um arco envolvente, ornado com pequenas
rosetas e pontuais corações invertidos, de origem
bracarense, delimita este conjunto escultórico
românico. As duas arquivoltas exteriores mostram
sequências de aves e animais, de grande relevo,
tratados ao modo de capitéis, desenvolvendo-se no
sentido das aduelas.

Capitéis: apresentam temas iconográficos


característicos da escultura dos capitéis da área da
diocese de Tui e do Alto Minho vendo-se aves
debicando de uma taça ou com o pescoço entrelaçado
ou serpentes míticas mostrando cabeças humanas e
cabeleiras.

Fustes: é visível a figura de Santiago e também visível uma representação da Anunciação, com o arcanjo
Gabriel e a Virgem Maria, que se assume como uma Nossa Senhora do Ó, pois tem o mão esquerda apoiada
no ventre.

 Um dos poucos tímpanos historiados românicos que se conservam;


 O que se representa? Maiestas Domini, bastante depurada. Cristo surge entronizado e envolvido por
uma mandorla toreada, segurada pelas mãos de duas figuras, anatomicamente desproporcionadas
(possivelmente anjos).
 De referir ainda que o tímpano é sustentado por duas mísulas onde foram esculpidas cabeças de
touro.
c)

 A música representada na pedra;


 Os programas e modelos escultóricos minhotos relacionados com a Galiza, nomeadamente com Tui, onde
ficava a sede episcopal, da qual dependemos até 1378.
 A representação de instrumentos musicais e derivados é uma dessas influências;
 Peças localizadas, normalmente, nos cachorros e capitéis dos templos ou nas aduelas dos seus vãos de
entrada

A arte dos metais


Os objetos
 Formas de glorificação religiosa e de poder;
 Resultam, em vários casos, de situação de mecenato e/ou doação;
 “O ouro como a luz materializada”;
 Cálices, relicários de várias formas, jóias (ex. anéis de bispos), báculos e cruzes processionais são os melhores
exemplos que nos chegam até aos dias de hoje

A arte da cor-Pintura
 A importância da cor no mundo medieval como uma manifestação do próprio sagrado;
 Da arte da cor em suporte murário, nomeadamente no interior das igrejas, pouco nos chega aos dias de
hoje, fruto das reformas contínuas dos espaços;
 No entanto, existem fragmentos dispersos de pintura mural deixadas nas nossas igrejas (capitéis,
arquivoltas, etc.);
 A pintura móvel, em tela, é praticamente inexistente no nosso território;
 Em suporte de papel, de realçar os manuscritos iluminados de Lorvão, Alcobaça e Santa Cruz de Coimbra.

Deformação: para transmitir os sentimentos religiosos, as figuras nem sempre eram produzidas nas proporções
certas. Uma personagem poderá ser representada maior do que as outras para reforçar a sua importância.

Cor: aplicação de cores puras, sem meios-tons e preocupação com jogos de luz e sombra.

A arquitetura românica como expressão artística


 Dois séculos de história com uma acentuada variedade artística, fruto das suas geografias diversas e da sua
duração no tempo;
 Assume uma linguagem quase vernacular, nomeadamente nas localizações mais ruralizadas;
 Arquitectura como forma de expressão de um tempo e de um povo e do seu gosto ;
 Importância dos materiais: no geral usa -se o que está por perto, por questão de custos e de facilidade de
transporte - granito a norte, pedra ançã na região de Coimbra, por exemplo;
 Vale a pena relembrar: as arquitecturas de que falamos acompanham o habitat onde se inserem ;
 O impacto na paisagem da construção de uma igreja – ponto de referência geográfica e fonte simbólica da
identificação de uma população.
A importância do local de implantação dos templos

Plantas
 Uma só nave, retangular;
 Capela-mor mais baixa e mais estreita, retangular ou semicircular;
 Muros exteriores reforçados;
 Um ou dois portais laterais, além do ocidental (principal);
 Corpos adossados ao espaço principal (ex: sacristia) serão adições posteriores no tempo.
Igreja de Sanfins de Friestas, Valença do Minho.

• Igreja conventual de planta composta por uma nave (a) e cabeceira contrafortada (b), de dois tramos, o
primeiro da mesma largura e o segundo semicircular, formando três volumes escalonados, da primeira fase do
Românico Português, que adapta cabeceira redonda (influência pré-românica).

• Igreja com nave estreita, quase com a mesma largura da capela-mor (c), e de grande altura, adotando dois
níveis de frestas para solucionar o problema da iluminação.

Portais ocidentais - Tímpano do portal da Igreja de Santa Eulália do Mosteiro de Arnoso, V. N.

A fachada principal possui um portal de tímpano vazado em cruz com três arquivoltas de arco redondo. O arco
intermédio é decorado com motivos geométricos, lanceolados e entrelaçados. O arco interno é profusamente
decorado, com lavores biletados na esquina das aduelas, onde se destacam as representações de alguns animais
Vãos de iluminação – frestas

Nas imagens: Igreja de Santa Eulália de Refóios do Lima, Ponte de Lima. Frestas na parede sul e na fachada
ocidental.

Simplicidade da sua construção – muitos destes exemplares não resistiram à passagem do tempo porque no
seu lugar se rasgaram janelas mais amplas, largas e/ou profundas para uma maior entrada de luz.

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