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Arte Paleocristã: arte produzida por cristãos ou para cristãos, anterior à cisão entre a Igreja Oriental e a Igreja
Ocidental (Grande Cisma, séc. XI)
Apropriação e prolongamento da arte clássica, adaptada à religião cristã, que dita a evolução artística ao longo da
Idade Média.
Arte paleocristã combina formas artísticas romanas com a mensagem profundamente espiritual e simbólica da
religião
Primeiros vestígios de arte cristã: ano 200 d.C., em Roma (não era a cidade mais cristianizada; Antioquia e Alexandria
eram muito mais).
O contexto
Permeabilidade do Império Romano a várias religiões:
Judaísmo
Mitraísmo
Maniqueísmo
Gnosticismo
Cristianismo – difusão de Este para Oeste até ao século II (do grego para o latim)
É o movimento que alcança mais influência (mensagem de esperança e conforto; o martírio e os milagres)
Catacumbas de Roma
Surgem a partir do século I d.C.
Edificações orgânicas: longos corredores subterrâneos de sepulturas escavadas na rocha que são
aumentadas à medida das necessidades
Funcionalidade: sepultamento (fundamental pelo pressuposto da salvação e da vida eterna) e algumas
cerimónias
Consagra o acesso geral aos templos (inovação do Cristianismo)
Estilo de pintura semelhante aos mosaicos romanos, mas com representações bíblicas (valor simbólico)
Em Portugal, têm sido encontradas pequenas estruturas de domus ecclesiae (Conímbriga, Troia, Elvas, Rio
Maior, etc.)
Quinta das Longas (Elvas), finais do séc. III, inícios do séc. IV – pavimento da sala 5 constituído por figuração
de um chrismon no centro da ábside.
Da basílica romana à
basílica cristã
312 - Édito de Milão; Cristianismo torna-se religião tolerada. Imperador Constantino converte-se ao cristianismo
Em poucos anos, surge um grande número de igrejas de grandes dimensões, patrocinadas pelo Imperador
A basílica é o modelo ideal por ser espaçoso e prestigiante (estatuto privilegiado do Cristianismo)
Mas exige adaptação
No caso da Basílica de São Pedro, o ponto fulcral era a sepultura de São Pedro, colocado num altar portátil (servia de
martyrium)
Os batistérios: de forma octogonal ou circular, com uma piscina ao centro para a imersão baptismal
Os batistérios
A imersão batismal foi abolida no Concílio de Trento, séc. XVI.
Não foi uma tipologia muito usada na Hispânia, mas há vestígios de batistérios em Idanha-a –Velha e na
Vidigueira
Arte paleocristã
Utilização das formas arquitetónicas clássicas
Resignificação das pinturas murais (mensagens simbólicas, espirituais)
Adaptação da estrutura basilical romana à igreja cristã
Desenvolvimento de edifícios de planta centralizada
Utilização de novas técnicas: tesselas de vidro colorido, para efeito de luminosidade
Arte ao serviço da religião (narrativa bíblica suplanta narrativa histórica)
1. A arte Bizantina (sécs. VI-XII). Contexto histórico. A “Idade de Ouro”, sob Justiniano. São Vital de Ravena e
Santa Sofia de Constantinopla. Os ícones. A crise iconoclasta. Influências bizantinas em Itália (Basílica de São
Marcos e Catedral de Monreale).
395 – Morte do Imperador Teodósio. Império Romano é definitivamente dividido em dois (Oriente sob Arcádio e
Ocidente sob Honório). Constantinopla torna-se capital do Império Bizantino.
726 – Leão III promulga um édito que excomunga as imagens religiosas. Início da Crise Iconoclasta no Império
Bizantino.
Arte paleocristã:
Arte Cristã Ocidental
Arquitetura Bizantina
Privilegia a planta centralizada com cúpula
Características:
Características:
Figura 1-O Imperador Justiniano e o seu séquito. Mosaico de São Vital de Ravena,
c. 547.
Minaretes, medalhões com inscrições islâmicas e alguns contrafortes foram adicionados após a conquista turca de
1453
Os ícones
Ícone, do grego eikon=imagem
Objetos de culto pessoal e veneração pública (ofereciam uma espécie de proteção totémica), que alcançaram
muito destaque na arte bizantina
Cristo Pantocrator: é retratado com a mão direita, em posição de bênção — com o polegar voltado para si, os dedos
médio e indicador em posição oblíqua, quase vertical, e os outros dedos dobrados em direção à palma da mão. Essa
posição da mão direita, com dois dedos erguidos, indica a sua dupla natureza (divina e humana), enquanto a sua
participação na Trindade, como segunda Pessoa, é indicada pelos três dedos unidos nas pontas; na mão esquerda,
estão as Sagradas Escrituras.
Por serem baseados no retrato, os ícones foram associados à idolatria e muitos deles foram destruídos, tendo
sobrevivido poucos exemplares
A crise iconoclasta
726 – Leão III, imperador bizantino, promulga o édito que excomunga as imagens religiosas
Qual a base do problema? Interpretação literal das passagens bíblicas que condenavam as imagens gravadas e a
idolatria
Os iconoclastas queriam reduzir a arte religiosa a símbolos abstratos e formas de plantas e animais
O problema tem raízes mais profundas e radica na dualidade de Cristo, enquanto deus e homem (entre humano e
divino)
O Imperador e os seus seguidores eram iconoclastas (províncias mais orientais). Monges eram iconófilos (províncias
mais ocidentais)
Arte Bizantina
Consiste no estilo da arte paleocristã desenvolvido no Império Romano do Oriente
Afirma um ideal de tradição, ancorado nos modelos greco-romanos
Privilegia os edifícios de planta centralizada
Promove a ocultação das bases de sustentação arquitetónica – leveza e desmaterialização
Destaca-se na produção de mosaicos parietais com representações bíblicas
Profusão de imagens – conduz à Crise Iconoclasta no século VIII - Imperador como grande impulsionador da
criação artística
Criação artística religiosa como instrumento de legitimação do poder
Deificação do poder imperial marca a expressão artística
Notas:
Tecidos
Objetos metálicos Elevada perícia técnica
Joalharia Estilo animalista
Escultura em madeira
800 – Coroação de Carlos Magno pelo papa Leão III, e Roma (Imperador Romano Cristão)
➢ Inspiração cultural e política nos modelos do Império Romano (Carlos Magno visitou Ravena e Roma)
Arte Carolíngia:
Estabelecimento de uma “academia” e promoção da arte da escrita
Imperador encorajou a cópia de muitas obras da Antiguidade (de alguns só temos mesmo a versão da época
carolíngia)
416-419: Visigodos entram na Hispânia e expulsam os Vândalos silingos e os Alanos (não investem inicialmente
muito na Hispânia)
507: Batalha de Vouillé: Francos derrotam Visigodos Abdicam da Gália (ficam com um pequeno reduto) e
concentramse na Hispânia
O Reino
573: Unificação do território; transferência do centro de Toulouse para Toledo, centro da Hispânia
Combate os bascos e inicia o recuo dos bizantinos (este, completado em 620)
Controla ameaças internas (“matou todos aqueles que tinham o hábito de assassinar reis, sem deixar
nenhum que pudesse mijar contra a parede”, por Gregório de Tours)
Revê e promulga o Código Visigótico (fusão de leis romanas e godas)
585: ataca o Reino Suevo, que anexa
Cunha moedas em múltiplos locais (Leovigildus Re Portocale Victi)
601-642: período conflituoso, rápida sucessão de reis (monarquia eletiva); aumento do poder da aristocracia
Militarização da sociedade
Liderada por Pelágio (Pelayo, en cast.): não é o rei, mas é um chefe militar que consegue reunir muitas pessoas em
torno do seu objetivo de combater o domínio islâmico
Batalha pouco importante do ponto de vista militar, mas simbólica porque demonstra a progressiva união dos povos
das montanhas com os godos
A lenda…
no séc. I, Tiago tentou evangelizar a Hispânia, foi martirizado na Palestina e foi depois sepultado na Galiza
O eremita Pelayo, em 822, viu passar uma estrela (Campus Stellae) e chamou o bispo Teodomiro, da diocese
de Iría Flavia
O bispo foi conduzido ao local e teve uma revelação divina, descobrindo o túmulo do apóstolo
Afonso II viu nesta descoberta um sinal de Deus e foi o primeiro peregrino (propaganda política)
Ovetense ou A Sebastiani
Arte da Reconquista
Conjuga elementos bizantinos, romanos, carolíngios e califais (permeabilidade cultural)
Reutilização de materiais de diferentes épocas históricas (escassez de materiais e necessidade de
legitimação)
Arte ao serviço da legitimação ideológica da Reconquista
Arquitetura da Reconquista
Santa María de Naranco (Oviedo)
Construído como palácio do rei Ramiro, em 842 (e transformado em Igreja no séc. XII)
Arcadas-grelha, de tríplice arco, no belvedere (influência bizantina, trazida pelos árabes)
Utilização de abóbada de canhão ou berço - Decorações com influências bizantinas e sassânidas
Peça única, sem paralelo regional. Estilo duro e rude. Segundo Carlos Ferreira de Almeida, terá sido obra de ourives
do Norte peninsular, possivelmente portucalense.
4. Arte Românica (sécs. XI-XIII). Arquitetura do primeiro Românico europeu. Igreja de São
Vicente de Galliano e Igreja de São Vicente de Cardona. O regresso da escultura
monumental
O contexto
Antes (…)
1054 – Grande Cisma ou Cisma do Oriente (divisão entre a Igreja Católica Romana e a Igreja Católica Ortodoxa)
Arte Românica
Desenvolve-se na Europa entre os séculos XI e XIII, mas existe românico tardio, que se funde com o gótico (até ao
séc. XVI)
Românico é um termo que surge no séc. XVIII– línguas românicas (derivadas do latim)
Historiadores de arte passaram a aplicar o termo à arte dos séculos XI a XIII, no sentido de “à maneira romana”
Bibliografia:
A arte românica, tem presente a sua integridade e também uma grandeza estética
Os artistas românicos também buscaram inspiração na arte influenciados pelas tradições paleocristãs,
bizantinas, germânicas celtas e islâmicas
O reavivar dos intercâmbios comerciais abriram novos contactos mercantis e culturais, que estimularam o
florescimento da vida urbana
No final da Alta idade média a europa tem presente uma sociedade rural, com um sistema político e social
muito descentralizado. Ao qual denominamos de feudalismo
Os senhores das terras cediam parte das suas propriedades a cavaleiros-feudos
Em troca estes deveriam prestar serviços militares e outros aos senhores feudais-vassalagem
Com o crescimento abrupto das migrações e invasões estas terras cada vez mais ficaram reduzidas.
Agora as cidades para recuperar a sua importância, tornavam-se independentes pelas cartas de foral:
o Enumeravam privilégios e isenções
o Garantiam a proteção de um senhor feudal
Contexto específico:
Unidade na diversidade
Recuperação urbana
Avanços tecnológicos na agricultura - produção de excedentes
Autoridade papal como força unificadora
União em torno do ideal de Cruzada
Reabertura de rotas comerciais
Cristandade alcança supremacia (desfragmentação do Califado de Córdova em 1031 e Vikings convertem-se)
Por todo o mundo, em especial na Itália e na Gália, reconstroem-se as basílicas eclesiais… os povos cristãos
rivalizam na construção dos mais nobres templos e eis que toda a terra sacode os andrajos e se apressa a tapar-se
com o branco manto das igrejas”
Abobadamento em todo o edifício (substituição das arcadas em madeira) – maior monumentalidade, sentido de
proteção e melhor acústica
4.2 Arquitetura do Românico pleno. A igreja de Cluny III e o Mosteiro de São Pedro de
Moissac
A igreja da Abadia de Cluny III (Borgonha)
910 – Fundação da Abadia de Cluny (Ordem de Cluny)
A terceira abadia foi construída em 1088 – maior igreja românica de sempre (“maior ecclesia”) – modelo replicado
na Europa
Destruída durante a Revolução Francesa (apenas subsiste o transepto sul e a torre octogonal)
A igreja
Excerce menos pressão do que o arco de volta perfeita - pode ser mais alto – mais abertura
Claustro
Tímpano
O fenómeno da peregrinação
A peregrinação aos lugares da vida de Cristo ou outras personagens que com ele contactaram existe pelo
menos desde o século IV (exemplo: Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém), mas ganhou especial destaque a
partir dos séculos XI-XII
No século XI, com o avanço do Islão sobre Jerusalém, passa a ser cada vez mais difícil aos cristãos visitar esses
lugares da Terra Santa - surge o movimento das Cruzadas (1.º cruzada em 1095-1099)
Os cristãos ficam restritos a outros locais que conservavam relíquias de personagens que conviveram com Cristo:
A condição de peregrino reduzia todos à mesma condição, dissolvendo normas e hierarquias sociais
Fuga às preocupações quotidianas (viagem introspetiva)
Fortalecimento do sentido de comunidade Concessão de indulgências
no séc. I, Tiago tentou evangelizar a Hispânia, foi martirizado na Palestina e foi depois sepultado na Galiza
O eremita Pelayo, em 822, viu passar uma estrela (Campus Stellae) e chamou o bispo Teodomiro, da diocese
de Iria Flavia
O bispo foi conduzido ao local e teve uma revelação divina, descobrindo o túmulo do apóstolo
Visitar Compostela era o equivalente a visitar a Terra santa, uma vez que a Península estava sob domínio muçulmano
(dezenas de milhar de peregrinos no século XII)
Formaram-se vários circuitos organizados com destino a Santiago (caminhos) por toda a Europa, destacandose o
caminho francês
1.ª fase (1075 -88) Sob o bispo Diego Páez, a cargo dos mestres:
Bernardo, o Velho
Galperino Roberto
Naves laterais que circundam a igreja continuamente até à abside, atravessando o transepto e existência de
deambulatório e absidíolas (capelas radiantes)
Permite que os peregrinos deambulem pela igreja e visitem as relíquias nas várias capelas (absidíolas) mesmo
durante os períodos de celebração (mimetiza a própria viagem de peregrinação)
Sistema de proporções e múltiplas unidades modulares:
Utilização de pilares compósitos (como em São Vicente de Cardona), que confere unidade ao espaço
Devido à utilização de grandes abóbadas de berço, não foi construído clerestório: A luz provém das naves laterais
(em abóbada de aresta) e das tribunas
Pórtico da Glória
O Arco central tem o dobro do tamanho dos laterais e é o único que possui tímpano, estando dividido por um mainel
Arquivolta do tímpano com a representação dos 24 anciãos do Apocalipse, que tocam diversos instrumentos
musicais – mensagem de felicidade
Igreja de Santiago
Caminhos de Peregrinação
Multiplicação de igrejas de peregrinação nos caminhos (São Martinho de Tours, São Marçal, em Limoges,
Saint-Foye em Conques; Saint-Sernin, em Toulouse, entre outras)
Arte Românica (sécs. XI-XIII). 4.3 Variantes regionais do Românico: França (Poitou e
Provença) e Toscana (Pisa e Florença)
Arte Românica
Surgimento de variantes regionais, influenciadas por diferentes realidades sócio-políticas (França, Itália, Alemanha,
Normandia e Inglaterra, Península Ibérica)
Cristo em Majestade
12 apóstolos e 2 bispos
Friso com cenas bíblicas, do pecado original ao nascimento de Cristo (catequese visual)
- Lava-pés
- Última ceia
Lintel do tímpano esquerdo: entrada triunfante de Cristo sobre Jerusalém Relação com o espírito de
Cruzada
Pisa
Florença
Livorno
Prato
Românico toscano conserva muito a influência da arquitetura paleocristã e clássica (por isso mantém os batistérios)
- Utilização das formas dos portais do românico francês (arcos perfeitos, arquivoltas e tímpanos)
O Cardeal português era D. Jaime, neto de D. João I e filho de D. Pedro, encontra-se aí sepultado
N
a
Na sequência da Batalha de Alfarrobeira teve de fugir, inicialmente para a Flandres e depois para Itália
N
a
Em 1453, foi nomeado arcebispo de Lisboa, mas dirigiu a diocese sempre a partir de Itália; tornou-se cardeal em
1456
O Românico Português
Contexto Inicial
A arquitetura
Igrejas
Focos de disseminação da arte e arquitetura românicas.
Como se construía?
Plantas: centradas (cruz grega/hexagonal ou circular) ou as de planta basilical (cruz latina), como a que vemos na
imagem ao lado, sendo as dominantes
Os templos fora dos grandes centros urbanos
Igreja de S. Pedro das Águias, Tabuaço, Viseu. Numa paisagem agreste, ergue-se a meia encosta de uma
ravina abrupta que cai sobre o rio Távora, a pequena igreja de São Pedro Velho.
Igreja de S. Romão de Arões, Fafe. Um exemplar típico do românico português, de aspeto robusto e paredes
maciças onde a entrada de luz é pontual. Fachada ocidental depurada, com portal com tímpano onde se
inscreve a imagem de um Agnus Dei.
Paço da Loba, ou Casa da Loba, Fonte Arcada, Sernancelhe (Viseu). Fundada no século XIII por Fernão Sanches, filho
bastardo de D. Dinis. Construção feita em granito, aproveitando o material da zona. De realçar a mísula com a forma
de uma loba, na fachada principal, junto da porta acima das escadas.
E ainda em Fonte Arcada, Sernancelhe, vale a pena referir a existência de mais duas jóias românicas:
“ (…) Edificado no século XIV e classificado como monumento nacional em 1978, o Paço de Dona Loba e a área
envolvente foram adquiridos recentemente pelo Município de Amarante.
O Paço de Dona Loba foi um edifício de cariz habitacional e seria composto por dois pisos. No primeiro, que seria
abobadado segundo descrição do século XVIII e testemunho das mísulas remanescentes, localizar-se-ia a sala
nobre. O andar superior poderia ser completado com uma espécie de balcão de madeira, a modo de varanda. (…)
torre de menagem (cujo último piso e conjunto de ameias foram reconstituídos no século XX)
o torreão quadrangular
uma única porta
e a cisterna.
Vestígios arqueológicos atestam a ocupação desta fortaleza entre os séculos XIV e XVI. Porém, esta época seria já de
decadência da estrutura que, em tempo de paz, era um mero símbolo de organização administrativa e do poder
senhorial que tutelava o território.
Enquadra -se na linha dos edifícios de poder simbólico da nobreza senhorial, constituindo um importante
exemplo da domus fortis ou residência fortificada no território do Tâmega e Sousa.
Deverá ter sido construída entre a segunda metade do século XIII e o início do século XIV, embora o primeiro
testemunho desta Torre esteja datado do século XV. Segundo as Inquirições [inquérito administrativo] de
1258, Sancte Marie de Vilar era uma Honra pertencente à família de D. Gil Martins, da família dos Ribavizela.
De planta retangular, a Torre de Vilar ergue -se sobre um afloramento granítico que coroa uma pequena
elevação; com aparelho regular, é possível encontrar ao longo de todo o seu pano murário várias marcas de
canteiro .
O último piso corresponderia ao adarve ou espaço de vigia e deveria igualmente possuir ameias e merlões,
entretanto desaparecidos, que coroavam o parapeito da Torre.
A função deste tipo de monumentos, embora não esteja ainda totalmente esclarecida, deverá relacionar-se tanto
com a colocação de túmulos, como com a evocação da memória de alguém, como ainda com a passagem de cortejos
fúnebres.
De forma geral, as pontes da Idade Média, embora em alguns casos, reaproveitando estruturas pré-
existentes, cuidaram mais dos alicerces do que as pontes romanas e procuraram sítios mais firmes para a sua
instalação;
Símbolo de percursos transregionais ou nacionais, frequentemente associados a rotas de peregrinação.
À esquerda: Ponte românica da Logoncinha, Vila Nova de Famalicão. Ponte construída no início da época medieval,
sobre uma provável pré-existência romana, de arco, com tabuleiro ligeiramente rampante, assente sobre arcos
desiguais, protegidos por talhamares.
À direita: Ponte românica de Vilela, Arcos de Valdevez. Ponte de arco assente em dois arcos desiguais e de perfil
irregular. A sua excelente adaptação ao terreno conferiu-lhe um perfil pouco frequente, uma vez que do lado N. a
rampa do cavalete é muito acentuada, enquanto a do S. ao se adaptar ao terreno de um nível mais elevado, mais
parece uma plataforma direita.
A Escultura
Devocional, arquitetónica e tumular
a) Santa Maria de Guimarães. Museu Alberto Sampaio.
Como é característico do estilo românico, esta Virgem apresenta um sorriso indefinido, olhar ausente e sem
expressão e uma postura muito hirta. Nela ainda é visível a policromia reveladora do gosto do Homem
medieval pela cor. No século XVII, verificou-se uma tendência que pretendia aumentar o realismo da
imaginária sagrada, vestindo as imagens de vulto. Por isso, eliminaram-se os braços da Senhora, assim como
as zonas laterais do trono e o Menino que estaria no seu colo, mutilando profundamente a imagem.
Apesar da destruição a que foi sujeita, esta escultura ocupa um lugar especial na história da arte portuguesa.
Com efeito, é uma das mais antigas (das poucas) esculturas devocionais românicas em madeira que se
conhece em Portugal e a mais antiga imagem da Virgem da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira que
conseguiu chegar até aos nossos dias.
b)
Arquivoltas: um arco envolvente, ornado com pequenas
rosetas e pontuais corações invertidos, de origem
bracarense, delimita este conjunto escultórico
românico. As duas arquivoltas exteriores mostram
sequências de aves e animais, de grande relevo,
tratados ao modo de capitéis, desenvolvendo-se no
sentido das aduelas.
Fustes: é visível a figura de Santiago e também visível uma representação da Anunciação, com o arcanjo
Gabriel e a Virgem Maria, que se assume como uma Nossa Senhora do Ó, pois tem o mão esquerda apoiada
no ventre.
A arte da cor-Pintura
A importância da cor no mundo medieval como uma manifestação do próprio sagrado;
Da arte da cor em suporte murário, nomeadamente no interior das igrejas, pouco nos chega aos dias de
hoje, fruto das reformas contínuas dos espaços;
No entanto, existem fragmentos dispersos de pintura mural deixadas nas nossas igrejas (capitéis,
arquivoltas, etc.);
A pintura móvel, em tela, é praticamente inexistente no nosso território;
Em suporte de papel, de realçar os manuscritos iluminados de Lorvão, Alcobaça e Santa Cruz de Coimbra.
Deformação: para transmitir os sentimentos religiosos, as figuras nem sempre eram produzidas nas proporções
certas. Uma personagem poderá ser representada maior do que as outras para reforçar a sua importância.
Cor: aplicação de cores puras, sem meios-tons e preocupação com jogos de luz e sombra.
Plantas
Uma só nave, retangular;
Capela-mor mais baixa e mais estreita, retangular ou semicircular;
Muros exteriores reforçados;
Um ou dois portais laterais, além do ocidental (principal);
Corpos adossados ao espaço principal (ex: sacristia) serão adições posteriores no tempo.
Igreja de Sanfins de Friestas, Valença do Minho.
• Igreja conventual de planta composta por uma nave (a) e cabeceira contrafortada (b), de dois tramos, o
primeiro da mesma largura e o segundo semicircular, formando três volumes escalonados, da primeira fase do
Românico Português, que adapta cabeceira redonda (influência pré-românica).
• Igreja com nave estreita, quase com a mesma largura da capela-mor (c), e de grande altura, adotando dois
níveis de frestas para solucionar o problema da iluminação.
A fachada principal possui um portal de tímpano vazado em cruz com três arquivoltas de arco redondo. O arco
intermédio é decorado com motivos geométricos, lanceolados e entrelaçados. O arco interno é profusamente
decorado, com lavores biletados na esquina das aduelas, onde se destacam as representações de alguns animais
Vãos de iluminação – frestas
Nas imagens: Igreja de Santa Eulália de Refóios do Lima, Ponte de Lima. Frestas na parede sul e na fachada
ocidental.
Simplicidade da sua construção – muitos destes exemplares não resistiram à passagem do tempo porque no
seu lugar se rasgaram janelas mais amplas, largas e/ou profundas para uma maior entrada de luz.