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Introdução: O Império Bizantino durou de 476 a 1453 e por mil anos foi o centro da cultura mundial.

O seu apogeu foi


durante o reinado de Justiniano (de 527 a 565), cuja maior contribuição foi o corpus iuris civilis (compilação dos direitos
civis). Posteriormente, o Império foi encolhendo aos poucos por pressão dos persas e dos mulçumanos.

 Arte Bizantina: Extremamente rigorosa na


representação de imagens para que não caísse na
iconolatria (culto às imagens). Eles não pensavam na
arte como uma atividade cultural pois era um ofício
religioso. Haviam principalmente mosaicos que
criavam desenhos “chapados” e sem perspectiva
para que a representação não fosse digna de ser
cultuada, apenas a ideia que ela passava era alvo de
adoração. A partir de um decreto de Bizantino Leão
III começou um forte movimento iconoclasta que
defendia a destruição das imagens com formas
humanas e animais, assim os artistas fugiram para o
ocidente, aonde criaram as bases da arte ocidental.
Ao final, as pinturas voltaram a ser aceitas mas as
esculturas seguiram proibidas.

(Nessa representação de Jesus os três dedos debaixo representam a Santíssima Trindade e os dois dedos de
cima representam a dualidade de cristo como homem e como ser divino. O dourado do fundo era uma cor que
representava o sagrado).

 Grande Cisma (1054): Foi o momento de divisão da igreja em Igreja Católica Apostólica Romana (chefiada pelo
papa em Roma e acreditando que o Espírito Santo derivava do pai e do filho) e Igreja Apostólica Ortodoxa
(chefiada pelo patriarca em Constantinopla e acreditando que o Espírito Santo derivava apenas do pai).
 Rotas dos Vikings: A partir das rotas dos vikings a arte, a religião e a cultura bizantina foram espalhadas pela
Europa Oriental. Os varegues foram vikings que se deslocaram (nos séculos XI e XII) para sudeste da
Escandinávia seguindo cursos de rios e se instalando nas atuais Rússia, Bielorrúsia e Ucrânia, chegando até
Jerusalém, Constantinopla e Bagdá. Eles controlavam a rota comercial do Volga (que os conectava aos árabes
e ligava o Mar Báltico ao Mar Cáspio) e a rota comercial de Dnieper (os conectava aos gregos e os ligava ao
Mar Negro e a Constantinopla), assim acabou havendo grande intercambio de pessoas e informações entre
esses povos e muitos varegues de Rus (Rússia primitiva) começaram a se converter do paganismo ao
cristianismo ortodoxo. Assim a Rus de Kiev foi cristianizada

Constantinopla: Antes se chamava Bizâncio e hoje em dia é Istambu. É um lugar de grande valor estratégico entre o
ocidente e o oriente e entre o Mar Negro e o Mar Egeu (parte do Mar Mediterrâneo, mar de Mármara). Funcionava
como guarita para o Estreito de Bósforo e havia um braço de
mar que entra na cidade (o Chifre Dourado – nos tempos da
Nova Roma era fechado por uma cancela, funcionava como um
acoradouro natural de navios). Inicialmente era uma cidade
grega (fundada aproximadamente em 670 a.C.) que foi
incorporada ao Império Romano por Vespasiano em 73 (até
então era autônoma).

A cidade era abastecida por cisternas que ficavam após a


muralha de Constantino e antes da muralha de Teodósio. No
diagrama ao lado pode ser visto como A o núcleo original da
cidade (até 196), em B a expansão de Septimio Severo, em C a
expansão de Constantino (“Nova Roma”, 330) e em D a
expansão de Teodósio em 413.

Lá havia uma absurda densidade habitacional, com 500 mil


habitantes como população máxima (chegaram a baixar um
decreto proibindo prédios com mais de dez andares) e possuía diversos elementos das cidades romanas, como os
Fóruns e um circo (agora chamado hipódromo).

Entre os fóruns os principais eram o Fórum de Constantino, o fórum tauri (inicialmente para comércio de gado e depois
virou o Fórum de Teodósio) e o Fórum Boarium (servia como um local aonde era aplicada uma tortura na qual
queimavam pessoas dentro de um boi).

Existem diversas semelhanças topográficas entre a Nova e a Antiga Roma, ambas com sete colinas. Em Constantinopla,
uma das colinas serviu como acrópole de Bizâncio enquanto cidade grega (colina 1). Algumas dessas colinas, em ambas
as cidades, eram apenas modestas elevações.
O fórum de Constantino possuía a particularidade de ter planta circular. No centro havia uma Coluna de Constantino
e anexo a ele ficava o edifício do senado, de planta circular e muito semelhante ao Pantheon.

Igrejas Bizantinas: A principal característica dessas igrejas é o uso da cúpula


com pendentes e de plantas circulares ou poligonais. Elas eram normalmente
construídas de tijolo combertos internamente com mármore e as abóbadas
cobertas com mosaicos de imagens coloridas em fundos dourados. Exemplos
como esse não são encontrados apenas em Constantinopla, já que haviam
cidades no ocidente controladas pelos bizantinos (como Ravena que recebeu
a Igreja de São Vitale e Veneza que recebu São Marco).

As cúpulas repousavam (em muitos casos) sobre plantas quadradas e, para


isso, recorria-se ao uso de pendentes. Muitas vezes eles colocavam janelas nas
bases das cúpulas, formando os anéis de luz.

Elas eram construídas usando ânforas de tamanhos variados, que eram meios
de criar a cúpula com elementos ocos (tinha ar dentro, logo o peso era menor.
Já as paredes eram principalmente construídas de tijolos, seguindo um sistema construtivo proveniente de culturas
orientais (origem na Mesopotâmia) e diferindo do uso de concreto, que era o mais frequente em Roma. (É interessante
ressaltar que a tecnologia dos mosaicos também vem de origem oriental, já que foi uma invenção dos Mesopotâmicos,
mas eles elevaram muito a técnica). Eles também conseguiram aperfeiçoar a ligação entre arcos e colunas de maneira
que as colunas viessem a ser estruturais e suportassem os arcos.

 Igreja de Hagia Irene (Santa Paz): Foi a primeira igreja construída na Nova Roma sob ordens de Constantino.
Foi destruídda na Revolta de Nika em 532 e reconstruída por Justiniano, sendo seriamente danificada em um
terremoto em 740 e adquirindo a forma atual em 753.

 Igreja de São Sérgio e São Baco (527): Ficava em Constantinopla e hoje é a Mesquita Kúçuk Ayasofya (Pequena
Hagia Sophia) e nasceu como igreja, mas após a tomada de Constantinopla pelos turcos virou uma mesquita.
No primeiro pavimento, como de costume, havia um mezanino para as mulheres (separar homens e mulheres
é característica de diversas culturas orientais). No térreo havia um peristilo e um deambulatório.

Inicialmente haviam mosaicos que foram tapados pelos mulçumanos com reboco ou foram raspados. Foram
deixados apenas detalhes ornamentais e redecoraram com caligrafia (recurso usado pelos islâmicos já que
não podiam reproduzir imagens de homens nem de animais).
 Igreja de San Vitale (526 – 547): Ficava em Ravenna, um posto
avançado do Império Bizantino na Itália. O eixo do altar fica em 45°
ao norte, coincidindo com o nascente. Não era de concreto já que
a tradição foi descontinuada (usavam apenas tijolos). Para a
construção da cúpula usaram as ânforas estruturais que eram
maiores na parte de baixo da cúpula e menores no topo, dessa
forma diminuiam o peso próprio da estrutura. A argamassa entre
os tijolos era feita com material cerâmico e as juntas tinham quase
o tamanho dos tijolos.

Possúia grande carga ornamental no interior, contrastando com o


exterior simples e despojado. Os mosaicos eram feitos pelos
artesãos bizantinos (usavam cacos bem pequenos na montagem)
e no mural da cúpula ficava o Cristo Pantocrato.
 Igreja de Hagia Sophia ou Santa Sabedoria ou Igreja de justiniano (537): Essa Igreja é o principal (e maior)
exemplo arquitetônico do Império Bizantino e mesclava a centralização oriental com a axialidade ocidental,
como pode ser percebido em planta. Foi projetada por Antêmio de Tralles e Isidoro de Mileto. Haviam diversas
janelas no espaço incluindo a base da cúpula (anel de luz).

Internamente a igreja era revestida de mármore colorido com colunas que vieram de um antigo templo
romano. Estruturalmente a igreja era feita de tijolos e pedra e, durante a construção, perceberam que a
estrutura não estava suficientemente dimensionada para receber os empuxos da cúpula central, por isso
foram adicionados contrafortes no nordeste e sudoeste que forneciam rigidez (a cúpula acabou sendo
destruída por terremotos em 553 e 557, a fragilidade dela foi decorrente da rapidez na construção já que não
dava tempo de curar a argamassa de cal, isso acabou exigindo que futuramente fossem adicionados mais
contrafortes, totalizando quatro). A cúpula tinha revestimento de lâminas de chumbo (6mm de espessura ficas
com sarrafos presos à superfície externa da casca) e a casca era de tijolos (65cmx65cmx5cm) e juntas de
espessura similar (o diâmetro total da cúpula era de 35m e o topo ficava a 40m do chão).
Em planta podem ser percebidas as presenças de um átrio (com uma estátua equestre do Justiniano) que não
existe mais e de dois nárthex, um interno (que tinha no primeiro pavimento um mezanino para o imperador)
e um externo que era parte do átrio. Ele não era voltado para oeste como é o tradicional (seguindo a ideia do
altar no leste, mas nesse caso o altar ficava no lado oposto). Internamente podem ser percebidos um peristilo
e um deambulatório mais discretos. Dentro haviam galerias no primeiro pavimento que eram para as
mulheres, assim como nas outras igrejas bizantinas.

Após a conquista de Constantinopla pelos Turcos, Hagia Sophia virou uma mesquita e foram adicionados
minaretes ao projeto e os mosaicos com figuras de santos foram cobertos com figuras de vegetação. É
importante ver que templos bizantinos posteriormente serviram como referência às mesquitas construídas
pelos mulçumanos. Depois do fim do Império Turco na década de 1930, a igreja virou um museu.
Apesar de serem automaticamente analisados em conjunto, o Pantheon e a Hagia Sophia possuem diversas
diferenças, incluindo as plantas (circular no primeiro e quadrada no segundo).

 Catedral de São Marcos (1042 – 1085): A arquitetura bizantina também teve impacto no ocidente, com seu
principal exemplo sendo a Catedral de São Marcos em Veneza, uma cidade que empreendeu um extenso
comércio com Constantinopla e era inicialmente subordinada ao Império Bizantino (um posto avançado dees
na Itália). Ela é um exemplo de igreja com planta em cruz grega (um exemplo de centralidade já que não existe
eixo com força maior – esse tipo de construção remete à Basílica dos Apóstolos em Constantinopla) na qual
quatro braços quadrados se projetam a partir de um quadrado central levemente maior, sendo cada um deles
coberto por uma cúpula (cinco ao total com a cúpula da interseção sendo maior). O nártex envolvia toda a
parte anterior da nave principal.

A Catedral de São Marcos atual lembra muito pouco a construção original já que grande parte foi refeita
(Veneza é uma cidade portuária, logo recebe influência do mundo inteiro assim como a maioria das cidades
que são “abertas para o mundo”). Logo pode ser entendida hoje em dia como uma colagem arquitetônica
(alguns arcos de influência islâmica, outros do renascimento e assim por diante.)
As cúpulas vistas na parte externa da construção não são
as bizantinas, já que foram cobertas pelos islâmicos por
cascas de revestimento em madeira. Já os mosaicos
vistos são de diversas épocas: nos mosaicos externos
podem ser vistos exemplares que, apesar de usarem a
técnica bizantina, tinham representação em perspectiva,
indicando que vinham do renascimento. Já no interior
haviam mosaicos estilizados que também remetiam aos
bizantinos e que foram feitos no Século XIX. Um deles é
realmente bizantino (o que representa a Hagia Sophia)
pois é muito esquematizado.

As cúpulas internas são bizantinas e feitas de tijoos com anel de janelas na base. As juntas entre os tijolos
eram finas, indicando a tradição ocidental.
Catedral de São Basílio: Em Moscou, os bulbos não vieram do Império Bizantino mas existem referências que podem
ser encontradas a essas arquiteturas.

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