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Arquitetura Grega

• A arquitetura grega inclui vários tipos de construções (casas de habitação,


teatros, palestras, ginásios, pórticos…), mas teve a sua versão mais
perfeita nos templos, morada dos deuses e símbolos das pólis. Foi na
construção dos templos que se estabeleceram os princípios construtivos,
técnicos e estéticos, que serviram de modelo para os restantes edifícios.
• Estes princípios nasceram de um longo processo de identificação e
maturação dos problemas da edificação. Essa maturação, que se iniciou
logo na época arcaica, fez-se em permanente ligação com a matemática e
a geometria, o que demonstra o espírito racional e científico dos Gregos
na busca das soluções ideais (as universais e únicas) para cada um desses
problemas. Dessa busca nasceram as primeiras noções de medida,
proporção, composição e ritmo pelas quais qualquer concretização
plástica se devia reger.
A ACRÓPOLE COMO SÍNTESE DA ARQUITETURA GREGA

• A destruição causada pelas segundas Guerras Persas nos anos de 489-479 a. C., em Atenas, foi o
pretexto, durante a magistratura de Péricles, para uma grandiosa reforma urbana que privilegiou a
acrópole da cidade.
• Encomendado por Péricles em 447 a. C., o plano de reconstrução da acrópole foi realizado pelo escultor
Fídias que, para tal, se rodeou de arquitetos, escultores, pintores e outros artistas. Como resultado, esta
fortaleza rochosa rodeou-se de novas muralhas e encheu-se de novas e coloridas construções unidas por
relvados espaçosos.
• Entre estas novas construções contam-se os templos do Parténon (o primeiro a ser construído e aquele que,
pelas suas dimensões e localização central, preside e domina o recinto sagrado da acrópole), o do Erectéion e
o de Atena Niké, vários santuários (com o de Zeus Pólios), os tesouros dos deuses, estátuas grandiosas em
mármore e bronze, colocadas em pedestais (como a de Atena Prómaco, que segura na mão uma lança cuja a
ponta reluzente serviu de guia aos navios que entravam na barra do Pireu).
• Estes novos monumentos sintetizam as ordens da arquitetura grega e comprovam os apurados critérios
formais, métricos e estéticos que presidiram à sua conceção e construção técnica.
A GRÉCIA : BERÇO DO URBANISMO OCIDENTAL

• A Natureza e o Homem foram a medida da cidade grega, onde a vida quotidiana decorria maioritariamente ao ar
livre.
• Desde a época arcaica até à época clássica, as pólis gregas constituíam pequenos amontoados populacionais de
malha irregular e incaracterística, gerada de modo não planeado e sem ideia de conjunto. A cidade integrava-se no
meio ambiental natural pois muros, ruas e edifícios não faziam desaparecer os acidentados terrenos, apenas os
nivelavam numa proporção respeitosa; até os edifícios em ruína eram conservados ou incorporados noutros novos.
• Assim, as zonas habitacionais das cidades gregas possuíram uma especto labiríntico e desordenado, com ruas
estreitas e não pavimentadas, sem diferenciação social, nem nas casas de habitação.
• Estas, pelo pouco que hoje se conhece, eram construídas em madeira ou tijolo e cascalho misturados com
argamassa. Deviam inserir-se na tradição mediterrânia da casa que se desenvolve em torno de um pátio central
descoberto, por vezes provido de um pórtico, e quase sempre virado para sul para uma maior insolarização. Os
compartimentos internos distribuíam-se em redor do pátio, sem simetria.
• As casas podiam possuir vários andares que se adaptavam, de modo irregular, aos declives do terreno. Assim, o seu
perímetro externo era, por vezes, também irregular. A decoração parece ter sido de grande sobriedade e
austeridade.
• Com desenvolvimento da democracia, no começo da época clássica, aparecem nas cidades-estado novos
elementos urbanísticos que denunciam uma participação maior do povo nos assuntos da comunidade. Para além
dos templos, surgem, em torno da ágora, vários edifícios dedicados à vida pública e ao exercício da democracia.
• Uma outra inovação diz respeito ao aparecimento, dentro da cidade, de construções
dedicadas ao lazer e à diversão: os teatros ao ar livre e os estádios.
• Esta evolução prova que a cidade grega da época clássica deixou de ser um amontoado de
casas humildes dominado pelo palácio-templo, ou palácio-fortaleza, de um rei divinizado ou
temido, para se transformar numa estrutura mais complexa onde dominavam os elementos
destinados a uma utilização geral.
• Contudo, foi só com o Hipódam (c. 500 a. C.) da cidade jónia de Mileto (na Ásia menor) que
haveria de surgir, no pensamento grego, uma teoria racional e lógica da organização das
cidades, a qual ele mesmo teve oportunidade de pôr em prática. Por isso, Hipódamo é hoje
considerado o primeiro urbanista com critério rigoroso que o mundo conheceu.
• Nesse plano a cidade foi contruída com avenidas longitudinais que se cruzavam em ângulo
reto com as ruas transversais, formando quarteirões regulares, organizada por áreas
diferenciadas segundo a função/profissão.
• As cidades adquiriam, assim, uma malha em quadrícula, cuja invenção tem sido atribuída a
Hipódamo, embora ela já existisse nas civilizações, egípcias e mesopotâmicas.
• Reconhecimento pela funcionalidade, o plano Hipodamiano
foi aplicado na reconstrução de velhas cidades gregas (como
Atenas no porto de Pireu, Rodes e Prienne, na Ásia Menor),
mas sobretudo em cidades criadas de raiz como foram as
colónias geradas pelo expansionismo dos Gregos na bacia do
Mediterrâneo.
• A maior afirmação de urbanismo Hipodamiano fez-se,
contudo, no período helenístico, no qual, graças às
conquistas de Alexandre Magno, a cultura grega pode
expandir-se por todo o Próximo e Médio Oriente, dando
origem à criação de novas cidades que aparecem desde a
Cirenaica até ao Indo. Assim se impôs uma nova estética
urbana que os Romanos haveriam de adotar.

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