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HISTÓRIA DA ARQUITETURA

AULA 06: NEOCLÁSSICO, ECLETISMO E ECLETISMO NO BRASIL

Profa. Mônica Cianfarani


LINHA DO TEMPO DA ARQUITETURA

Idade dos Idade Idade Idade Idade


Pré História Antiga
Metais Média Moderna Contemporânea

Paleolítico Civilização Egito Arquitetura Renascimento Neoclássico


Neolítico Suméria Grécia Barroco Ecletismo
Bizantina
Roma Rococó Modernismo 1ª Fase
Românica
- Art Nouveau
Gótica
- Pré Modernismo
- Década de 20 Séc. XX

Modernismo 2ª Fase
- Pós Guerra - 1945
- Pós-Moderno 1970 / 80

23.000 a.C. 4.000 a.C. 3.000 a.C. 476 d.C. 1453 1789
(Criação da (Queda do (Queda do (Revolução
Escrita) Império Império Francesa)
Romano do Romano do
Ocidente) Oriente)
Idade Contemporânea: a partir de 1789 d.C.
Neoclássico Ecletismo

✓ Iluminismo ✓ Revolução Industrial


✓ Revolução Francesa ✓ Segunda metade do
✓ Necessidade de formação do século XIX.
artista. ✓ O Ecletismo surgiu
✓ Criação de Academias – Exaltação
junto com a
da Grécia, Roma e Mitologia.
arquitetura do ferro.
✓ Relacionado com a Revolução
Industrial, mudanças tecnológicas, ✓ Período Vitoriano na
impacto no processo produtivo, Inglatera.
econômico e social ( meados séc. ✓ Revivals.
XVIII e séc. XIX.
Arquitetura Neoclássica
Por arquitetura neoclássica entende-se o estilo arquitetônico que, em linha com a tendência artística
universal do neoclassicismo, resulta da recuperação da gramática formal da antiguidade clássica
grega e romana.
O espírito iluminista aplicado ao repertório da tradição renascentista recolhe naquelas formas dois
princípios fundamentais: a correspondência com os modelos da arquitetura antiga grega e romana,
e a racionalidade das próprias formas assimiladas a elementos arquitetônicos tradicionais e
elementos de construção
O neoclassicismo setecentista foi essencialmente uma reação ao Rococó. Para além da
recuperação dos princípios da arquitetura do século XVI e Palladiana, o início do racionalismo
neoclássico surge como resposta anti-barroca.
Porta de Brandemburgo, Berlim,
Alemanha. 1789-1794. É uma obra
do arquiteto Karl Gottard
Langhans. Imponemtes colunas
dóricas se apóiam em um
pavimento retangular onde está a
estátua da deusa grega Irene -
deusa da paz, em uma biga
puxada por quatro cavalos
Suas dimensões são: 26 m de
altura, 11 m de profundidade e 65
m de largura. (visto de frente).
Tanto nas construções civis quanto religiosas, a
arquitetura neoclássica seguiu o modelo dos templos
greco romanos ou das edificações do Renascimento
Italiano.

CARACTERÍSTICAS DO NEOCLACISSISMO

✓ Contrapõe à arquitetura e artes do Barroco


(figura religiosa, pesado, sério) e Rococó (
leveza, fútil, divertimento), associada à excesso
e a detalhes ornamentais e sinuosidades.
✓ Relacionado com a Revolução Industrial,
mudanças tecnológicas, impacto no processo
produtivo, econômico e social ( meados sec XVIII
e séc XIX)
✓ Retorno à cultura clássica , modelo de equilíbrio ,
clareza e proporção– ordem Jônica, Dórica e
Corintia, readaptada.
✓ Expedições para as escavações em Pompéia e
Herculano (Pesquisas arqueológicas ).
✓ Surgimento dos críticos de obras e da evolução
dos artistas.
✓ Caráter político ( prédios públicos ) e Urbanista,
atendendo às funções das cidades.
Panteão Nacional, Paris (1757-1792). Projeto
de Jacques Germain Souflot.
Marcado por uma Arquitetura e Artes decorativas

✓ Formas geométricas, regulares, simétricas com função para uma espacialidade calculada e
racional.
✓ Abóbadas, Arco pleno, Arco abatido, vergas, platibanda, cúpulas,pórticos, entablamento,platibanda,
colunatas,frontões,cornijas, linha horizontal como dominante.
✓ Revalorização das plantas quadradas, retangulares, centralizadas formando uma composição.

PANTHEÃO NACIONAL (ST GENVIÉVE) FRANÇA -1757-90

O edifício perfeito construído por colunas


portantes independentes. Primeiro grande
monumento do neoclássico.
Tem 110 metros de comprimento e 84
metros de largura. A fachada principal está
decorada com um pórtico de colunas de
estilo coríntio que apoiam um frontão
triangular. O edifício, em forma de cruz
grega, é coroado por uma cúpula de 83
metros de altura, com um lanternim no
topo. O seu interior está decorado por
pinturas académicas de Pierre Puvis de
Chavannes, Gros e Cabanel, entre outros.
IGREJA DE MADELEINE, PARIS. PIERRE-ALEXANDRE VIGNON 1764 -1828
Foi na França pós revolução que o estilo Neoclássico mais se consagrou.
A Igreja de Madaleine, é uma Igreja católica consagrada a Santa Maria Madalena. Se destaca pela
arquitetura em forma de templo clássico grego.
Durante a Revolução Francesa,
as obras foram suspensas de
1790 a 1805. Em 1806, por
conta da tendência anticlerical
da época, se transformou em
um templo em homenagem ao
Grande Exército, função que
desempenhou até a construção
do Arco do Triunfo, que a
substituiu nessa função.
A Igreja da Madeleine é
muito chamativa do
exterior devido ao
seu aspecto neoclássico
similar ao dos templos
gregos. O edifício é
formado por 52 colunas
coríntias de 20 metros de
altura que lhe outorgam
um aspecto imponente. Na
fachada principal está
o extenso frontão no qual
se representa um alto-
relevo do Juízo Final.
O interior da Igreja,
levemente iluminado, é
formado por uma só nave
com três cúpulas que não
são visíveis do exterior.
GRAND THÉÂTRE DE BORDEAUX, BORDEAUX. VICTOR LOUIS. 1780
Em Bordeaux, nos anos setenta do século XVIII, foi construído o Grand Théâtre, o mais belo teatro
francês da época. Foi projetado como um reino da arte e luz, com uma fachada neoclássica dotada
de um pórtico com 12 colunas de ordem coríntia que sustentam um entablamento coroado por 12
estátuas que representam as nove musas e três deusas (Juno, Vênus e Minerva). É constituído por
um bloco retangular, com uma fachada precedida por doze grandes colunas coríntias.
ARCO DO TRIUNFO, PARIS. JEAN CHALGRIN. 1806-1836
O Arco do Triunfo é um monumento construído em comemoração às vitórias militares do Napoleão
Bonaparte, o qual ordenou a sua construção em 1806. O monumento tem 50 metros de altura, 45
metros de largura e 22 metros de profundidade. O Arco de Tito, em Roma, serviu de inspiração
para a sua concepção.

Arco de Tito
NEOCLÁSSICO INGLÊS
CHISWICK HOUSE, CHISWICK, LONDRES - 1723-2, BURLINGTON E KENT

Construção em estilo palladiano mais famosa da Inglaterra. Modelo das casas de campo
inglesas. A villa com cúpula octogonal ao gosto de Andrea Palladio é inspirada na Villa Capra.
Difere da Villa Capra por ter três desenhos diferentes para as fachadas.
NEOCLÁSSICO NORTE AMERICANO

A origem do neoclassicismo nos Estados Unidos, conhecido por Estilo Georgiano, inspira-se de
forma direta no neo-palladianismo inglês. A partir do final do século XVIII houve também
grande expressão do revivalismo grego. Um dos principais arquitetos são Thomas Jefferson e
Benjamin Latrobe.
O estilo neoclássico predomina na arquitetura americana durante todo o século XIX e início do
século XX. Cidades como Washington

Rotunda da Universidade de Virginia. Palácio da Suprema Corte. Washington.


1932-1935
Thomas Jefferson - Autor da declaração da
independência dos EUA
Arquitetura com elementos palladianos adaptados à
fachada.

Monticello, Virginia 1769-1809. Thomas Jefferson

Capitólio dos Estados Unidos, Washington – 1793-


1800. William Thornton, Stephen Hallet, Benjamin
Latrobe
Holkham Hall, sala de estar. Norfolk. Kent e
Burlington 1734

INTERIORES NEOCLÁSSICOS

Liberdade e diversidade de adaptação dos estilos


antigos
Interior ornamentado combina elementos da antiga
Roma, e o renascimento de Palladio e Inigo Jones.
Típicos do estilo inglês do séc. XVIII
Dormitório da Imperatriz Josefina
PAISAGISMO - ESTILO INGLÊS

✓ O pitoresco teve origem da arte dos jardins mais do que da própria arquitetura; o parque
inglês deriva portanto dos jardins renascentistas italianos,
✓ Esses jardins imitavam a natureza em seu traçado livre e sinuoso, onde a água corria
livremente em seus regatos ou compunham-se de grutas e com ruínas que se casavam
mais com o Romantismo presente na época.

Jardins da Stourhead House implantados entre 1741 e 1780


✓ A partir de 1700, escritores ingleses e francês começaram um movimento de oposição ao
estilo Barroco. Cansados de tanta riqueza de detalhes, ordem e simetria, eles propuseram
um jardim “paisagístico” inspirados nas concepções orientais do velho império chinês.
✓ Os ingleses acabaram formando parques e jardins públicos para arejamento de áreas
urbanas, pratica esta adotada depois em outros países.

Jardins do Castelo de Windsor – Inglaterra.


Arquitetura Eclética
O Ecletismo surgiu junto com a arquitetura do ferro. E foi predominante durante o século XIX na Europa e
início do séc. XX.
O termo ecletismo significa: a combinação de diferentes estilos históricos em uma única obra sendo:
grego, romano, gotico, renascentista e barroco, juntamente com arquiteturas exóticas – chinesa, japonesa,
indiana, mourisca; e com isso produzir um novo estilo. O ecletismo é a mistura de estilos arquitetônicos
do passado para a criação de uma nova linguagem arquitetônica.
Além do uso e mistura de estilos estéticos históricos, a arquitetura eclética de maneira geral se
caracterizou pela simetria, busca de grandiosidade, rigorosa hierarquização dos espaços internos e riqueza
decorativa. A arquitetura eclética tem para a história grande valor porque relata momentos de profundos
paradoxos na vida do homem moderno.
Parlamento. Londres, 1836-52. Proto-
ecletismo neo-gótico. Arq. Sir Charles Barry e
Augustus Pugin.
PAVILHÃO REAL DE BRIGHTON, INGLATERRA. 1815-21. ECLETISMO NEOMOURISCO. SIR
JOHN NASH.

O Royal Pavilion é uma antiga residência real. Possui arquitetura de visão Romântica e
Pitoresca. Estilos misturados sem considerar harmonia
STRAWBERRY HILL HOUSE,
INGLATERRA - 1749-77. SIR
HORACE WALLPOLE

A casa de Strawberry Hill foi o


primeiro edifício sem qualquer
elemento medieval preexistente,
isto é, construído a partir do
zero, em estilo gótico. Por esse
motivo é considerado o primeiro
edifício em estilo neogótico.
O prédio evoluiu sem um
projeto. O proprietário adotou
caprichosamente novos
elementos ao longo de um
período de quase trinta anos.
Foi completado com os projetos
de um arquiteto profissional em
1776.
GRANDE ÓPERA DE PARIS (ATUAL ÓPERA GARNIER) - 1861-74. ARQ. CHARLES
GARNIER.

O ecletismo tem uma forte presença na segunda metade do século XIX na França onde foi
realizada a construção de vários edifícios ecléticos como o Teatro Ópera de Paris, projetado
por Charles Garnier (1825 - 1898). O edifício é considerado uma das obras-primas da
arquitetura de seu tempo. Construído em estilo neobarroco.

,
OBSERVATÓRIO DE NICE, FRANÇA – 1887. GUSTAVE EIFFEL E CHARLES GARNIER

Semelhante a um templo grego, com uma fachada de colunas jônicas e uma cúpula de 92
toneladas cobrindo o que já foi o maior telescópio do mundo.
GALERIE DES MACHINES, PARIS,1889

A Galerie des machines foi um pavilhão construído para a Exposição Universelle (1889) em Paris.
Localizado no distrito de Grenelle, o enorme pavilhão foi feito de ferro, aço e vidro. Foi demolida
posteriormente.
Engenharia se sobrepõe à arquitetura para suprir a demanda de uma nova ordem social:
A cidade industrial
TORRE EIFFEL, PARIS – 1888-1889. GUSTAVE
EIFFEL.

A Torre Eiffel é uma torre treliça de ferro do


século XIX localizada no Champ de Mars, em
Paris, que se tornou um ícone mundial da
França.
Nomeada em homenagem ao seu projetista,
o engenheiro Gustave Eiffel, foi construída
como o arco de entrada da Exposição
Universal de 1889.
PALÁCIO DE CRISTAL, LONDRES – 1850-1851. SIR JOSEPH PAXTON
Criado por Sir Joseph Paxton - horticultor e construtor de estufas - o Palácio de Cristal foi
uma enorme construção em ferro fundido e vidro erguida no Hyde Park, em Londres,
Inglaterra, para albergar a Grande Exposição de 1851
O edifício da tinha 564 metros de comprimento, com uma altura interior de 33 metros e 3.300
pilares de ferro.
Foi construído em 6 meses e após a exposição realocado, em 1936 pegou fogo.
PENNSYLVANIA ACADEMY OF FINE ARTS - FRANK FURNESS E GEORGE
HEWIT, 1872-76

Mistura de estilos históricos:gótico (arcos),francês (telhado, de mansarda, pavilhão central


projetado),grego (painéis de tríglifos gravados)
Mix de materiais: Tijolos cor terra, vermelho e preto, arenito pardo e granito e arenito rosa
A rápida urbanização e crescimento populacional exigem soluções práticas, rápidas
e eficazes
O planejamento urbano surge como solução para problemas da cidade. A visão
sanitarista e higienicista no combate a insalubridade dos meios urbanos.

REFORMA URBANA DE PARIS – 1852 – 1870. GEORGES-EUGÈNE HAUSSMANN


Foi o Barão de
Haussmann além de
prefeito, era um urbanista
francês, responsável pela
abertura em Paris de
largas avenidas
e boulevards, para além de
parques e belos edifícios,
que ao traçar os novos
planos de urbanização de
da capital francesa.
LINHA DO TEMPO DA ARQUITETURA

Brasil Brasil Brasil


Colônia Império República
Arquitetura Colonial

Arquitetura Chã Barroco Neoclássico e Ecletismo - Art Nouveau


Brasileiro Brasileiro - Art Decó

Modernismo
Arq. Contemporânea
Brasileira

1500 Séc. XVIII 1808 1822 1889


Descobrimento Ciclo do ouro Vinda da Independê Proclamação
do Brasil Brasileiro Família ncia do da República
Real Brasil
Arquitetura Neoclássica no Brasil
Em 1808, com a transferência da corte portuguesa para a colônia e com a chegada da família real
de Dom João VI no Brasil, iniciou-se uma nova fase na arquitetura brasileira.
A origem do neoclássico do Brasil geralmente é atribuída à Missão Francesa, (1816-1820)
contratada para fundar e dirigir no Rio de Janeiro a Escola de Artes e Ofícios, conhecida mais
tarde, em 1826, como Imperial Academia de Belas Artes.
Missão Cultural Francesa ( Lebreton 1816-1820),introduziu o sistema acadêmico e fortaleceu o
Neoclassicismo e a importação de Produtos da Europa.

Quinta da Boa Vista, Rio de Janeiro


A arquitetura da época firmou-se em duas versões: o neoclássico oficial, da Corte, quase todo
feito de importações, e a versão provinciana, simplificada, feita por escravos, exteriorizando nos
detalhes as ligações dos proprietários com o poder central.
O neoclássico oficial se desenvolveu nos centros maiores do litoral, como Rio de Janeiro, Belém e
Recife, que tinham contato direto com a Europa, e que desenvolveram um nível mais complexo de
arte e arquitetura e se integraram nos moldes internacionais da sua época. Na arquitetura urbana
prevaleceu clareza construtiva.

Palácio do Itamaraty no Rio de Janeiro, 1855.


As casas rurais obedeciam aos padrões da arquitetura residencial urbana mais modesta, era nos
interiores que mais se aproximava dos padrões da Corte, onde graças à cultura do Café se
desenvolvia uma intensa vida social. As transformações arquitetônicas mais uma vez se limitavam
as superfícies, com papéis decorativos ou pinturas sobre as paredes de terra criando a ilusão de
um espaço novo.

Fazenda do Secretário, em Vassouras, no Rio de Janeiro, século XVIII


Uso de cornijas, platibanda, corpos de entrada (escadaria, frontões,colunatas na arquitetura.
Cores suaves na pintura externa.
Valorização dos interiores - disfarça com aplicações superficiais, com papéis decorativos ou
pinturas sobre as paredes de terra criando a ilusão de um espaço novo que contrapõe a falta de
saneamento e a precariedade da mão-de-obra escrava.
Com uma arquitetura que estava na dependência de importação de materiais e mão-de-obra
especializada ou que apenas disfarça com aplicações superficiais a precariedade da mão-de-obra
escrava, o neoclássico não chegou a corresponder a o aperfeiçoamento maior da construção no
Brasil.
Integração Arquitetura e Paisagismo (árvores e plantas européias, exceção palmeiras imperiais).

Palácio Imperial, Petrópolis - RJ, 1854.


CASA FRANÇA BRASIL, RIO DE JANEIRO – 1819-1820. GRANDJEAN DE MONTIGNY

Trata-se de um imponente solar neoclássico, projetado por Grandjean de Montigny, integrante da


Missão Artística Francesa (1816) e professor da Academia Imperial de Belas-Artes.
Encomendado por João VI de Portugal em 1819 para a instalação da primeira Praça do Comércio
da cidade, foi inaugurado em 13 de maio de 1820.
O edifício, considerado um dos primeiros registros do estilo neoclássico no país, apresenta linhas
neoclássicas puras com sólidas paredes, colunas e claraboias.
ACADEMIA IMPERIAL DE BELAS ARTES, RIO DE JANEIRO – 1826.
GRANDJEAN DE MONTIGNY .
É considerado o primeiro prédio neoclássico construído no Brasil, sendo o arquiteto francês
Grandjean de Montigny (1776 – 1850) - integrante da Missão Francesa e professor de arquitetura
civil na referida Academia, além de ter sido um dos membros da missão artística que mais tempo
viveu no Brasil - considerado o responsável pela introdução do estilo no país.
O prédio, que se localizava na Rua do Ouvidor, foi demolido na década de 1930.
Como de costume nas construções da
época, foi empregado o granito carioca
para a construção do prédio. Nas laterais
do portal de entrada, placas de mármore
branco foram utilizadas, como que para
acrescentar um ar racional, europeizado, a
este material tropical.
Encontramos três colunas de cada lado, na
arcada superior, bem como dois pedestais,
destinados a abrigar esculturas de Marc
Ferrez (1788 - 1850), escultor da Missão.
Suas proporções são de acordo com a
ordem jônica, o que é sugerido pela
presença de seis colunas dessa ordem na
parte superior da fachada. A julgar pela
aquarela feita por Debret, o portal da
Academia ficaria exatamente no centro da
sua fachada, bem de acordo com os
projetos neoclássicos.
Além disso, a leveza aparente, conferida
pela colunata da metade superior é
rebatida nas colunatas que se seguiam
aos lados do portal, explicando melhor a
grande massa da metade inferior de
acordo com os ideais neoclássicos de
totalidade nas obras, mutilado após a
demolição do restante do prédio.

Após a demolição, o frontão foi realocado


para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
PALÁCIO DA QUINTA DA BOA VISTA, RIO DE JANEIRO
Quinta da Boa Vista. Gravura de
Debret. 1834

Em 1803 o terreno pertencia ao


comerciante português Elias Antonio
Lopes que construiu um casarão com
vista para a baía de Guanabara. Em
1808 com a vinda da família Real o
comerciante cedeu sua residência para o Príncipe Regente.
A residência foi reformada em 1816 e estendendo-se até 1821 para as núpcias de D.Pedro I com
projeto do arquiteto inglês John Johnston
Entre 1826-31 o arquiteto Pedro José Pèzeart deu-lhe sua característica neoclássica.
Com o advento da República, a Quinta sediou os trabalhos da Assembleia Nacional. Com o passar
dos anos e diversos usos, o palácio foi desprovido de suas características internas originais,
destruídas ou vendidas após a Proclamação da República.
JARDIM BOTÂNICO, RIO DE JANEIRO - 1808
Foi criado como Jardim da Aclimação em 1808 para
aclimatar plantas exóticas do oriente.
Em um Jardim neoclássico, as espécies são
racionalmente dividas e classificadas, as vias são
precisas e tudo leva a um centro conhecido, ou uma
via principal. O próprio Jardim Botânico, com suas
colunatas floridas e vastas passagens por entre os
canteiros é um Jardim neoclássico, embora elementos
românticos variados possam ser vistos, como as
pontes de concreto imitando troncos ou bambus, o que
é facilmente compreendido devido às reformas no
parque desde a sua inauguração até os dias atuais.
PAÇO IMPERIAL DE PETRÓPOLIS, RJ – 1845-1862. JULIO FREDERICO KOELER
O Paço Imperial de Petrópolis, em estilo Neoclássico , construído entre 1845-62 com projeto de Julio
Frederico Koeler, serviu como marco urbanizados da cidade, localizado onde antes havia a Fazenda
do Córrego Seco.
Arquitetura Eclética no Brasil
No Brasil, a arquitetura eclética foi uma tendência dentro do chamado academicismo
propagado pela Academia Imperial de Belas Artes e pela sua sucessora, a Escola
Nacional de Belas Artes, ao longo do século XIX. Assim, o ensino arquitetônico
acadêmico no Rio de Janeiro, que, inicialmente, privilegiou o neoclassicismo, mais tarde
adotou o ecletismo de origem europeia.
Em São Paulo, o ecletismo arquitetônico teve, em Ramos de Azevedo, seu principal
nome.

Pinacoteca
do Estado
de São
Paulo
(Antigo
Liceu de
Artes e
Ofícios)
Ramos de
Azevedo,
1905
Jockey Club
Campineiro
(1925),
Campinas,
Brasil

A casa urbana brasileira passa a ter uma tipologia de construção nova para a época. Acontecia um
crescimento rápido de muitas cidades brasileiras, de maneira que no início do séc. XX, a casa
passa a ter sua fachada principal alinhada à testada do lote, ganha um acesso e varanda laterais e
comumente é geminada com sua vizinha. Os portões e gradis são de ferro e essa casa pode
receber ainda uma profusão de influências de períodos distintos do passado.
Esse ecletismo, mesmo que discreto, acompanha a arquitetura brasileira até a década de
trinta do séc. XX.
O uso de cores fortes é uma influência da proposta contemporânea do art décor. Os gradis
de ferro são presença quase obrigatória nos prédios da época.

Fundação Oswaldo Cruz – Prédio neomourisco


Avenida Central (atual Rio Branco)

O ecletismo surge no Brasil no


começo do século XX, juntamente
com a reurbanização das grandes
cidades como Rio de Janeiro que foi
realizado pelo engenheiro Francisco
Pereira Passos (1836 - 1913).

Porto e a igreja da Candelária - Projeto


Engenheiro Militar Sargento -Mor
Francisco João Roscio -1775/1811
O THEATRO MUNICIPAL, RIO DE JANEIRO - 1909. FRANCISCO DE OLIVEIRA
PASSOS
O Theatro Municipal do Rio de Janeiro, foi projetado por Francisco de Oliveira Passos, filho de
Francisco Pereira Passos que era o prefeito da cidade do Rio de Janeiro.
O Teatro Municipal do Rio de Janeiro,foi inaugurado a 14 de julho de 1909. Projetado em estilo
eclético, inspirado na Ópera
de Paris (1875), de Garnier, o
Teatro tem vários detalhes com
bronze dourados, vitrais,
lustres de cristal, mosaicos,
colunatas e escadarias de
mármore, conta também com
as pinturas em suas cúpulas,
nas abóbadas e nas
decorações parietais.
Este aparece como o maior
simbolo do ecletismo no Brasil.
O THEATRO MUNICIPAL, SÃO PAULO - 1903-1911. RAMOS DE AZEVEDO
Seu estilo arquitetônico é semelhante ao dos mais importantes teatros do mundo e foi
inspirado na Ópera de Paris.O estilo arquitetônico da obra é o eclético, em voga na Europa
desde a segunda metade do século XIX. São combinados os estilos Renascentista, Barroco
do setecentos e Art Nouveau, sendo o último o estilo da época.
CATEDRAL DA SÉ, SÃO PAULO – 1913 -
1954. MAXIMILIAN EMIL HEHL.

Em 1913, iniciou-se a construção da Catedral


como é hoje, elaborada pelo alemão
Maximilian Emil Hehl, professor de
Arquitetura da Escola Politécnica. O templo
foi inaugurado em 25 de janeiro de 1954, na
comemoração do 4º Centenário da Cidade de
São Paulo, ainda sem as duas torres
principais. A demora na execução foi devido
as duas grandes guerras. A Catedral é um
dos cinco maiores templos neogóticos do
mundo.

Em termos arquitetônicos, a igreja tem forma


de cruz latina, com cinco naves e transepto
com cúpula sobre o cruzeiro. A fachada,
dotada de um portal principal e uma grande
rosácea, é flanqueada por duas altas torres.
O estilo elegido foi o neogótico, então em
voga no Brasil, mas a cúpula é inspirada por
estruturas renascentistas.
SOLAR DA MARQUESA DE SANTOS, RIO DE JANEIRO

É um edifício de dois pavimentos em estilo neoclássico com traços do barroco colonial, uma vez
que foi uma ampliação de uma construção anterior. Foi erguido próximo do Palácio da Quinta da
Boa Vista, com um projeto de Pierre-Joseph Pézerat. Tem um pórtico coroado por frontão clássico
centralizado, ladeado por dois volumes laterais idênticos. A decoração interna é requintada e foi
entregue a artistas de renome na época.
SOLAR DA MARQUESA DE SANTOS, SÃO PAULO – SÉC. XVIII.

O Solar da Marquesa de Santos, localizado na região central de São Paulo, é sede do Museu da
Cidade de São Paulo.
A residência, feita à base de taipa de pilão, foi construída por volta da segunda metade do século XVIII.
Entre 1834 e 1867, o prédio serviu de moradia para Domitila de Castro Canto e Melo, conhecida como
Marquesa de Santos, que adquiriu o imóvel após o rompimento de suas relações com D. Pedro I.
O Solar da Marquesa de Santos é visto como um dos raro exemplos de residência urbana característica
do século XVIII. O prédio mantêm as características arquitetônicas decorrentes das muitas reformas
realizadas durante os séculos. Podemos encontrar no local algumas das características originais da
construção, como as paredes de taipa de pilão e algumas estruturas de concreto e alvenaria de tijolos.

A fachada principal mantêm a composição neoclássica do século XIX, apresentando frontões, platibanda
ocultando a cobertura de telhas cerâmicas, vãos emoldurados e balcões em detalhada serralheria. Todos
os vãos da residência guardam esquadrias de madeira almofadadas, sendo que as portas-balcão
possuem também postigos de madeira e, assim como as janelas, são seguidas externamente por
esquadria de madeira com panos de vidro
NEOCOLONIAL BRASILEIRO
O estilo neocolonial no Brasil está ligado à busca de uma arte
genuinamente nacional. O marco de lançamento do movimento foi a
conferência "A Arte Tradicional no Brasil" ditada em 1914 na Sociedade
de Cultura Artística de São Paulo pelo arquiteto e engenheiro
português Ricardo Severo.
Este estilo foi muito popular nas residências da elite paulista e depois
se expandiu para outros locais. Há registros de edificações
neocoloniais sendo construídas até meados da década de 1950.

Escola Estadual Pedro II, em Belo Horizonte, construída Igreja Nossa Senhora do Brasil
na década de 1920 (inaugurada em 1940), em São Paulo
Casa da década de 30, construída em estilo neocolonial. Ela tem representação de uma
caravela portuguesa em alto mar, feita em azulejos e posicionada acima da entrada
principal de pedestres.
Este estilo também foi popular nos outros países da América Latina, como nos Estados
Unidos e México, elementos do neocolonial destes países - conhecido como estilo Missões
– foi importado e agregado na arquitetura residencial brasileira.
Bibliografia
ARGAN, Giulio Carlo. História da Arte como História da Cidade. São Paulo:
Martins Fontes, 1998.
CHING, Francis D.K., Dicionário Visual de Arquitetura. São Paulo: Martins
Fontes, 1999.
FABRIS, Annateresa. Ecletismo na arquitetura brasileira. São Paulo: Nobel,
1987.
LEMOS, Carlos A C. Arquitetura brasileira. São Paulo: Editora Melhoramentos,
1974. (Série Arte e Cultura).
KOCK, W., Estilos de arquitetura. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
PEVESNER, N., Historia de las tipologias arquitectônicas. Barcelona: Gustavo
Gili, 1980.
PROENÇA, Graça. História da Arte. São Paulo: Ed. Ática, 2010.
SEGAWA, Hugo. Arquiteturas no Brasil: 1900-1990. São Paulo: Edusp, 1998,
224 pp, il. p&b.
SUMMERSON, J. N. A linguagem clássica da arquitetura. 3. ed. São Paulo: M.
Fontes, 1997. 148p.

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