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II
Nas duas últimas décadas do século XVIII e nas três primeiras do século XIX, uma nova tendência
estética predominou nas criações dos artistas europeus. Trata-se do Neoclassicismo (neo = novo), que
expressou os valores próprios de uma nova e fortalecida burguesia, que assumiu a direção da Sociedade
europeia após a Revolução Francesa e principalmente com o Império de Napoleão.
Nas palavras de Edgar Allan Poe “a glória que foi a Grécia, e a grandeza que foi Roma”.
O século XVIII tinha sido a Idade das Luzes, quando os filósofos pregavam o evangelho da razão e da
lógica. Essa fé na lógica levou à ordem e às virtudes “enobrecedoras” da arte neoclássica.
O iniciador da tendência foi Jacques-Louis David pintor e democrata francês que imitava a arte grega e
romana para inspirar a nova república francesa. A Arte “politicamente correta” era séria, ilustrando
temas da história antiga ou da mitologia, em vez da frivolidade rococó.
A linha mestra do estilo neoclássico eram as figuras severas, desenhadas com exatidão, que apareciam
em primeiro plano, sem a ilusão de profundidade dos relevos romanos ( Não negavam a perspectiva). A
pincelada era suave, de modo que a superfície da pintura parecia polida e as composições eram simples,
para evitar o melodrama rococó. Os fundos, em geral, incluíam toques romanos, como arcos ou colunas,
e a simetria e as linhas retas substituíam as curvas irregulares.
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As antigas ruinas também inspiraram arquitetura. Imitações dos templos gregos e romanos se
multiplicaram da Rússia à América. O pórtico do Panteon de Paris, com colunas e cúpulas coríntias,
copiava exatamente o estilo romano. Em Berlim, o portão de Brandenburgo era a réplica da entrada da
Acrópole de Atenas, com uma carruagem romana em cima.
Resumem-se as principais características:
Academicismo nos temas e nas técnicas, isto é, sujeição aos modelos e às regras ensinadas nas escolas
ou academias de belas-artes;
Arte entendida como imitação da natureza, num verdadeiro culto à teoria de Aristóteles;
Estilo sóbrio, antidecorativo, linear, antissensual, volta-se ao desenho, simplicidade da natureza, nobre,
sereno, histórico.
ARQUITETURA
Surgiram assim os edifícios grandiosos, de estética totalmente racionalista: pórticos de colunas colossais
com frontispícios triangulares, pilastras despojadas de capitéis e uma decoração apenas insinuada em
guirlandas ou rosetas e frisos de meandros.
Utilização de materiais nobres tradicionais como mármores, granito e madeira, e modernos como
ladrilho cerâmico e ferro fundido, de baixo custo e maior funcionalidade.
Sistemas de construção simples (trilítico) ou complexos, estruturados a partir do arco de 180 graus de
inspiração romana e adaptados aos modernos processos técnicos.
Tetos planos, abóbodas e berço ou de aresta emoldurada e cúpulas nas zonas centrais das construções e
assentes em tambores rodeados de colunas com entablamentos circulares.
As cidades tiveram de se adaptar a essas construções gigantescas. Desenharam-se largas avenidas para
abrigar os novos edifícios públicos, academias e universidades, muitos dos quais conservam ainda hoje a
mesma função.
ESCULTURA
Quanto aos materiais utilizados, os mais comuns eram o bronze, o mármore e a terracota, embora, a
partir de 1800, o mármore branco, que permitia o polimento da superfície até a obtenção do brilho
natural da pele, tenha adquirido preponderância sobre os demais. Entre os escultores mais importantes
desse período destacam-se o italiano Antonio Canova, escultor exclusivo da família Bonaparte, e o
dinamarquês Bertel Thorvaldsen, que chegou a presidir a Accademia di San Lucca, em Roma.
PINTURA
Características da pintura:
Exatidão nos contornos; sobriedade nos ornamentos e no colorido, pinceladas que não marcavam a
superfície, dando à obra um aspecto impessoal onde predominava o desenho sobre a cor;
Jean Auguste Dominique Ingres (1780-1867) francês, pintor que foi uma espécie de cronista visual da
sociedade de seu tempo. Ingres acreditava que a tarefa primordial da arte era produzir quadros
históricos. Ardoroso defensor da pureza das formas, ele afirmava, por exemplo, que desenhar uma linha
perfeita era muito mais importante do que colorir.
“A pincelada deve ser tão fina como a casca de uma cebola”, repetia a seus alunos. Sua obra abrange,
além de composições mitológicas e literárias, nus, retratos e paisagens, mas a crítica moderna vê nos
retratos e nus o seu trabalho mais admirável. Ingres soube registrar a fisionomia da classe burguesa do
seu tempo, principalmente no gosto pelo poder e na sua confiança na individualidade. Amante declarado
da tradição. Ingres passou a vida brigando contra a vanguarda artística francesa representada pelo
pintor romântico Eugène Delacroix, contudo foi Ingres, e não o retórico e inflamado Delacroix, o mais
revolucionário dos dois. A modernidade de Ingres está justamente na visão distanciada que tinha de
seus retratados, na recusa a produzir qualquer julgamento moral a respeito deles, numa época em que
se consumava o processo de aliança entre a nobreza e a burguesia. O detalhismo também é uma das
suas marcas registradas. Seus retratos são invariavelmente enriquecidos com mantos aveludados,
rendas, flores e joias.
ROMANTISMO
História das Artes > No Mundo > Arte no Século 19 > Romantismo
O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais causadas por acontecimentos
do final do século XVIII pela Revolução Industrial, que gerou novos inventos com o objetivo de
solucionar os problemas técnicos decorrentes do aumento de produção, provocando a divisão do
trabalho e o início da especialização da mão-de-obra, e pela Revolução Francesa, que lutava por uma
sociedade mais harmônica, em que os direitos individuais fossem respeitados, traduziu-se essa
expectativa na Declaração dos Direitos do homem e do Cidadão. Do mesmo modo, a atividade artística
tornou-se mais complexa.
Um dos primeiros movimentos artísticos que surge em reação ao Neoclassicismo do século XVIII é o
Romantismo e historicamente situa-se entre 1820 e 1850. Os artistas românticos procuraram se libertar
das convenções acadêmicas em favor da livre expressão da personalidade do artista.
Características
Cultivo da emoção, da fantasia, do sonho, da originalidade, evasão para mundos exóticos onde se podia
fantasiar e imaginar;
Exaltação da natureza;
Gosto pela Idade Média (porque tinha sido o tempo de formação das nações);
Panteísmo (doutrina segundo a qual Deus não é um ser pessoal distinto do mundo, Deus e o mundo
seriam uma só substância);
Subjetivismo, o artista idealiza temas, exagerando em algumas das suas características (por exemplo, a
mulher é vista como uma virgem frágil; a noção de pátria também é idealizada).
É na Alemanha que se manifesta pela primeira vez a estética da interioridade, que considera a arte
como um instrumento para se atingir o cerne da criação, para se entrar em contato com a natureza
infinita, através do sentimento sublime.
É o início da pintura moderna de paisagem, capaz de exprimir, melhor do que outro, certos aspectos da
sensibilidade do homem oitocentista.
No século XIX aparece um movimento de reação que procura os fundamentos da arte nas antigas
realidades nacionais. O gosto pela arqueologia torna-se extensivo à Idade Média e redescobre-se o
românico e o gótico, que os artistas tentam fazer reviver em suas obras. Dedicam-se à redescoberta das
técnicas construtivas desses dois estilos, chegando à conclusão que as soluções técnicas da Idade Média
eram tão racionais como as clássicas greco-romanas.
PINTURA
Enquadramos a pintura dentro período de 1820-1850 que traz influências da pintura pré-romântica de
finais do século XVIII, do Grupo Os Nazarenos, que era um grupo de pintores alemães do tempo do
neoclassicismo que formaram em Roma uma comunidade para estudar e pintar a partir da arte italiana
do Renascimento e dos pré-rafaelitas, que era um grupo de pintores que surgiu na Inglaterra cerca de
1848 e que procurava inspiração nos pintores italianos anteriores à Rafael. Foi este grupo que trabalhou
no período tardo-romântico e fez a transição para o Realismo e para o Simbolismo.
O artista emancipa-se da encomenda e faz a sua obra baseado nos impulsos da sua alma e na sua
própria inspiração;
A pintura é bastante individualizada e diversificada no que diz respeito ao próprio estilo e aos temas;
Pretende integrar o observador, tal como no barroco, mas agora ela já não se serve dos desconcertantes
efeitos trompe l’oeil, que diluem fronteira entre a aparência e a realidade. Aqui o observador, assim
como os personagens representados principalmente de costas, contempla as paisagens distantes que se
desdobram à sua frente;
Uma pintura romântica pretende ser contemplada e o observador terá que dar um significado à pintura
consoante às suas emoções;
O pintor lança um olhar subjetivo sobre o mundo objetivo e apresenta-nos uma imagem filtrada pelas
suas emoções. O artista torna-se o intérprete do mundo.
Os temas da pintura romântica são divididos em três grupos. O primeiro, não são temas novos, mas são
tratados com a mentalidade romântica e seus novos conceitos artísticos: históricos, literários,
mitológicos, retratos e autorretratos. O segundo, são temas que representam a alma romântica,
emocional e apaixonada, idealista e simples, como:
Retirados da atualidade político-social da época (naufrágios, revoltas sociais, lutas nacionalistas e seus
heróis, lutas pela libertação de minorias);
Tradições, hábitos e raças exóticas (civilizações não europeias, como a China, Japão, Índia e Norte da
África)
Paisagens (retratadas com simplicidade e nostalgia, de uma forma dramática e emocional, projetando o
estado de espírito do próprio artista).
REALISMO
História das Artes > No Mundo > Arte no Século 19 > Realismo
Durante a primeira metade do século XIX, enquanto se travava o embate entre Neoclassicismo e
Romantismo, o Realismo, força que iria dominar a arte na segunda metade do século, começa
lentamente a aparecer.
Em certo sentido o realismo tinha sempre feito parte da arte ocidental. Durante a Renascença, os
artistas superaram as limitações técnicas e representavam a natureza com a acuidade fotográfica.
O “novo” Realismo insistia na imitação precisa de percepções visuais sem alteração. Também eram
diferentes em seus temas, os artistas se limitavam a fatos do mundo moderno à medida que os
experimentavam pessoalmente; somente o que podiam ver ou tocar era considerado real. Deuses,
deusas e heróis da antiguidade estavam “fora”. Camponeses e a classe trabalhadora urbana estavam
“dentro”. Em tudo, de cor ao tema, o Realismo trazia para a arte uma sensação de sobriedade
silenciosa.
O cientificismo;
A valorização do objeto;
O sóbrio e o minucioso;
ARQUITETURA
Em 1850, Joseph Paxton construiu o Palácio de Cristal que abrigou a 1ª Feira Mundial em Londres,
demonstrou as possibilidades estéticas do uso do ferro fundido.
Em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da “Cidade Luz”. Triunfo da
engenharia moderna ostenta seu esqueleto de ferro e aço, sem alusões a estilos arquitetônicos do
passado.
ESCULTURA
Auguste Rodin não se preocupou com a idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres
tais como eles são. Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas
vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica principal é a fixação do momento
significativo de um gesto humano.
PINTURA
Características da pintura:
Representação da realidade com a mesma objetividade com que um cientista estuda um fenômeno da
natureza, ou seja, o pintor buscava representar o mundo de maneira documental;
Ao artista não cabe “melhorar” artisticamente a natureza, pois a beleza está na realidade tal qual ela é;
Temas da pintura:
Politização: a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que consideram injustas; a
arte manifesta um protesto em favor dos oprimidos.
Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a miséria dos trabalhadores e
a opulência da burguesia. As pessoas das classes menos favorecidas – o povo, em resumo – tornaram-
se assunto frequente da pintura realista. Os artistas incorporavam a rudeza, a fealdade, a vulgaridade
dos tipos que pintavam, elevando esses tipos à categoria de heróis. Heróis que nada têm a ver com os
idealizados heróis da pintura romântica.
Principais pintores:
Gustave Courbet (1819-1877) homem de grande pragmatismo desafiou o gosto convencional por
pinturas históricas e temas poéticos, insistindo que a “pintura é essencialmente uma arte concreta e tem
de ser aplicada às coisas reais existentes”. Sua crença era “tudo que não aparece na retina está fora do
domínio da pintura”. Foi considerado o criador do realismo social na pintura, pois procurou retratar em
suas telas temas da vida cotidiana, principalmente das classes populares. Manifesta sua simpatia
particular pelos trabalhadores e pelos homens mais pobres da sociedade no século XIX.
Jean-François Millet (1814-1875) pintor romântico e um dos fundadores da Escola de Barbzon na França
rural. É conhecido como percursor do realismo, pelas suas representações de trabalhadores rurais.Junto
com Courbet, Millet foi um dos principais representantes do realismo europeu surgido em meados do
século XIX. Sua obra foi uma resposta à estética romântica, de gostos um tanto orientais e exóticos, e
deu forma à realidade circundante, sobretudo a das classes trabalhadoras. Sensível observador da vida
campestre, criou uma obra realista na qual o principal elemento é a ligação atávica do homem com a
terra. Foi educado num meio de profunda religiosidade e respeito pela natureza. Trabalhou na lavoura
desde muito cedo. Seus numerosos desenhos de paisagens influenciaram, mais tarde, Pissarro e Van
Gogh.