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APOSTILA DE ARTE

A Maja Vestida, c.1800, Francisco de Goya, Museu do Prado, Madri.

EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS e ENSINO MÉDIO (3ª ETAPA)


(Currículo do Estado de Goiás)

2º SEMESTRE – 2º BIMESTRE

Organização: Desafios da sala de aula


www.jucienebertoldo.com

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ARTE
2º SEMESTRE - 2º BIMESTRE
EIXOS TEMÁTICOS: Sociedade e Trabalho
CONTEÚDOS:
1. Romantismo (Página 02)
2. Teatro épico (Página 07)
3. Realismo nas artes visuais (Página 15)
4. Representação do trabalho em produções artísticas diversas (Página18)
5. Arte e funcionalidade (Página 25)

1. Romantismo

O século XIX foi agitado por fortes mudanças sociais, políticas e culturais
causadas por acontecimentos do final do século XVIII pela Revolução Industrial, que
gerou novos inventos com o objetivo de solucionar os problemas técnicos
decorrentes do aumento de produção, provocando a divisão do trabalho e o início da
especialização da mão-de-obra, e pela Revolução Francesa, que lutava por uma
sociedade mais harmônica, em que os direitos individuais fossem respeitados,
traduziu-se essa expectativa na Declaração dos Direitos do homem e do Cidadão.
Do mesmo modo, a atividade artística tornou-se mais complexa.

O Romantismo historicamente situa-se entre 1820 e 1850. Os artistas


românticos procuraram se libertar das convenções acadêmicas em favor da livre
expressão da personalidade do artista. Romântico significava pitoresco: expressão
de uma emoção que é definida e que foi provocada pela visão de uma paisagem.

Características:

 Cultivo da emoção, da fantasia, do sonho, da originalidade, evasão para


mundos exóticos onde se podia fantasiar e imaginar;
 Exaltação da natureza;
 Gosto pela Idade Média (porque tinha sido o tempo de formação das nações);
 Defesa dos ideais nacionalistas (liberdade individual, liberdade do povo);
 Panteísmo (doutrina segundo a qual Deus não é um ser pessoal distinto do
mundo, Deus e o mundo seriam uma só substância);
 Individualismo, visão de mundo centrada nos sentimentos do indivíduo.
 Subjetivismo, o artista idealiza temas, exagerando em algumas das suas
características (por exemplo, a mulher é vista como uma virgem frágil; a noção
de pátria também é idealizada).

O romantismo procura elementos rústicos e entrega-se às realizações


espontâneas, o que dá origem à incorporação, na nossa cultura, de vários
conhecimentos acumulados pelos povos primitivos ou que se desenvolveram longe
da Europa civilizada. Isto leva ao estudo das artes chinesa, japonesa, indiana e a
africana.

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Com o regresso à Idade Média, o romantismo recusa as regras impostas
pelas academias neoclássicas, pois estas eram inspiradas nos valores clássicos
(ordem, proporção, simetria e harmonia).

Os arquitetos românticos preferem:

 Irregularidades nas estruturas espaciais e volumétricas;


 Preferência pelas geometrias mais complexas e pelas formas curvas;
 Efeitos de luz;
 Movimentos dos planos;
 Pitoresco de decoração (tudo o quer pode ser pintado ou representado em
imagem).

Exemplos de arquitetura romântica

Construções Neogóticas

Em Paris temos a Igreja de Santa Clotilde que na sua construção foram


utilizados materiais modernos, exemplo disso é a abóboda central construída com
vigas de ferro e aço. A restauração da igreja de Notre-Dame de Paris, por Viollet-le-
Duc, também utilizou elementos de construção modernos.

Nos Estados Unidos destacamos a Catedral de Saint Patrick com


características neogóticas como as altas torres pontiagudas e a decoração de vitrais
e esculturas. Foi construída entre 1858 e 1878 e projetada pelo arquiteto James
Renwick, Jr.

Catedral de Saint Patrick. Fonte: https://www.historiadasartes.com

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Construções Neorromânicas

Um bom exemplo de construção


Neorromânica são as muralhas da
cidadela de Carcassone, que teve a
ocupação dos Celtas, Galo-romanos e
Visigodos. No final do século XIX, foi
redescoberta por turistas ingleses, já
em ruínas, foi, então, encomendado o
restauro do arquiteto Viollet-le-Duc.

Construções Neobarrocas

A Ópera de Paris tem seu edifício


sobrecarregado e de uma vulgaridade
luxuosa. Reflete o gosto da classe
criada pela Revolução Industrial,
novos ricos que se viam a si próprios
como herdeiros da velha aristocracia
e assim achavam os estilos pré-
revolucionários mais atraentes que o
Clássico ou o Gótico

Construções Neomedievais

O Castelo de Pierrefonds é original do


século XII, no século XVII foi sitiado e
invadido pelas tropas de Richelieu e
chegou ao século XIX em ruínas. Em
1810, foi comprado por Napoleão
Bonaparte por 3 mil francos. Em
virtude da redescoberta da arquitetura
da Idade Média, em 1857, o
Imperador Napoleão III contrata o
arquiteto Eugéne Viollet-le-Duc para a
restauração do edifício. O projeto
ganha amplitude e se faz dele uma
residência imperial.

A sociedade desta época alimentou o gosto pelo exótico e raro, pois a alta
burguesia apoiava-se no seu dinheiro para cultivar a sua excentricidade,
demonstrada pelas viagens e pelo consumo da arte. Esta nova tendência utiliza a
arquitetura para recriar ambientes e cenários de outras culturas.

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Construções Neoárabes

O Pavilhão Real, em Brighton na Inglaterra,


apresenta cúpulas em forma de cebola, derivam da
arquitetura mongol, é uma metáfora exótica que
representa o Império Britânico. Chaminés disfarçadas
de minaretes e grades trabalhadas em formato de
ferradura.

Pintura

Enquadramos a pintura dentro período de 1820-1850 que traz influências da


pintura pré-romântica de finais do século XVIII, do Grupo Os Nazarenos, que era um
grupo de pintores alemães do tempo do neoclassicismo que formaram em Roma
uma comunidade para estudar e pintar a partir da arte italiana do Renascimento e
dos pré-rafaelitas, que era um grupo de pintores que surgiu na Inglaterra cerca de
1848 e que procurava inspiração nos pintores italianos anteriores à Rafael. Foi este
grupo que trabalhou no período tardo-romântico e fez a transição para o Realismo e
para o Simbolismo.

As principais características da pintura romântica são:

 Corte com o academicismo neoclássico;


 O artista emancipa-se da encomenda e faz a sua obra baseado nos impulsos
da sua alma e na sua própria inspiração;
 A pintura é bastante individualizada e diversificada no que diz respeito ao
próprio estilo e aos temas;
 Uma pintura romântica pretende ser contemplada e o observador terá que dar
um significado à pintura consoante às suas emoções;
 O pintor lança um olhar subjetivo sobre o mundo objetivo e apresenta-nos
uma imagem filtrada pelas suas emoções. O artista torna-se o intérprete do
mundo.

O Romantismo no Brasil teve raízes nas primeiras décadas do século XIX,


com o aparecimento de vários naturalistas estrangeiros que vinham em busca de
terras ainda por explorar. Além da motivação puramente científica dessas
expedições, entre eles havia diversos pintores e ilustradores impulsionados pela
tendência romântica de valorização da natureza e pelo fascínio para com o exótico.

Escultura

A escultura teve que encontrar meios técnicos de expressividade para


representar o espírito romântico exaltando sentimentos e emoções. Expressa reação
ao Neoclassicismo, evitando as composições estáticas e as superfícies lisas e
polidas. Há a exaltação da expressividade através de composições movimentadas e
de sentido dramático. A temática em geral era natureza, animais e plantas, temas
heroicos e cenas de fantasia e da imaginação.
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Destacamos alguns escultores
românticos:

Antoine-Louis Barye (1796-1875)


francês nascido em Paris, começou
sua carreira como ourives e estudou
na École des Beaux Arts, em 1818,
mas foi só em 1823 que descobriu sua
vocação, ao iniciar seus estudos em
desenho e modelagem de esculturas
em escala reduzida. É considerado
um dos principais artistas em
representação de animais da escola
francesa.

François Rude (1784-1855) nasceu em


Dijon, na França, extremamente patriótico e
devoto de Napoleão, ele foi um dos
escultores que participou artisticamente na
construção do monumento Arco do Triunfo,
em Paris, com sua obra em alto relevo A
Partida dos Voluntários.

Jean-Baptiste Carpeaux (1827-1875), nasceu em Valenciennes, na França. Em


1842, foi para Paris e trabalhou em diversos lugares para pagar alguns e completar
sua formação.

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2. Teatro: Arte cênica

2.1 – Introdução ao Teatro

O teatro é o lugar onde um grupo de pessoas assiste a outro grupo de


pessoas que representam. Os que representam são chamados de atores e o local
onde desempenham sua função é chamado palco. O público ou espectadores são
aqueles que assistem à representação e a plateia é o local onde ficam
acomodados.
Os atores que estão no palco interpretam papéis e personagens, ou seja,
"representam" ou tornam presentes os gestos e ações de outras pessoas, de
animais, ou até de objetos.

2.2 – Teatro como uma Arte

No teatro estão presentes as mais diversas modalidades artísticas: música,


dança, desenho, pintura, literatura, escultura, expressão corporal, maquiagem. O
teatro e os profissionais que nele atuam (diretor, ator, atriz), bem como os
elementos que a ele pertencem (cenário, figurino, trilha sonora, iluminação), nos
oferecem a oportunidade de conhecer e confrontar culturas em momentos
históricos distintos, possibilitando a ampliação dos nossos conhecimentos e do
nosso repertório artístico.
Esses elementos, entretanto, só terão significados se você souber
decodificar as expressões faciais, os gestos, as ações, os cenários, o fundo
musical, os figurinos. No teatro, os atores representam ou interpretam papéis
comunicando as ideias por meio do diálogo entre palco e plateia. Papel é o
personagem representado pelo ator, e palco ou espaço cênico é o local onde os
atores trabalham, atuando, representando, fazendo-se passar por outra pessoa.

2.3 - Teatro Grego

O teatro nasceu, mais ou menos, no século VI a.C na velha Grécia. A


consolidação do teatro, enquanto espetáculo, na Grécia antiga deu-se em função
das manifestações em homenagem ao deus do vinho, Dionísio. A cada nova safra
de uva, era realizada uma festa em agradecimento ao deus, através de procissões.
Com o passar do tempo, essas
procissões, que eram conhecidas como
"Ditirambos", foram ficando cada vez mais
elaboradas, e surgiram os “diretores de
coro” (os organizadores das procissões).

Nas procissões, os participantes se embriagavam, cantavam, dançavam e


apresentavam diversas cenas das peripécias de Dionísio. Em procissões urbanas,
se reuniam aproximadamente vinte mil pessoas, enquanto que em procissões de
localidades rurais (procissões campestres), as festas eram menores.
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O "Coro" era composto pelos narradores da história, que através de
representação, canções e danças, relatavam as histórias do personagem. Ele era o
intermediário entre o ator e a plateia, e trazia os pensamentos e sentimentos à tona,
além de trazer também a conclusão da peça. Também podia haver o “Corifeu”, que
era um representante do coro que se comunicava com a plateia.
Em uma dessas procissões, Téspis inovou ao subir em um "tablado" (Thymele
- altar), para responder ao coro, e assim, tornou-se o primeiro respondedor de coro
(hypócrites). Em razão disso, surgiram os diálogos e Téspis tornou-se- o primeiro
ator grego.

2.4 - Os gêneros teatrais

Entre os tipos de peças ou gêneros teatrais na Grécia estão: a tragédia, a


comédia e a sátira. A tragédia era o gênero mais respeitado por ser considerada
mais séria e superior. Tratava de temas religiosos e do conflito entre os grandes
heróis e heroínas com as leis divinas e o destino. Imaginava-se que assistir à
representação das tragédias “purificava” ou “transformava” os espectadores.
A comédia era considerada menos nobre e tratava de assuntos cotidianos.
Os autores gregos as escreviam para divertir os espectadores com situações
ridículas que se referiam, por vezes, ao comportamento de políticos e pessoas
importantes da sociedade grega. As sátiras, ou dramas satíricos, eram tragédias
mais curtas, mas tratadas com humor e ironia.
Durante os festivais, a cada dia um ator apresentava três tragédias e uma
comédia. Isso provavelmente porque para os gregos qualquer assunto poderia ser
levado a sério ou criticado, mas tudo deveria terminar de um jeito divertido.
São quatro os principais gêneros dramáticos conhecidos:
A tragédia, nascida na Grécia, segue três características: antiga, média e
nova. É a representação viva das paixões e dos interesses humanos, tendo por fim
a moralização de um povo ou de uma sociedade.
A comédia representa os ridículos da humanidade ou os maus costumes de
uma sociedade e também segue três vertentes: a política, a alegórica e a moral.

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A tragicomédia é a transição da comédia para o drama. Representa
personagens ilustres ou heróis, praticando atos irrisórios. O drama (melodrama) é
representado acompanhado por música. No palco, episódios complicados da vida
humana como a dor e a tristeza combinados com o prazer e a alegria.

Peça A Fuga com mostra consumo e consequências dramáticas da droga


nas famílias. As representações desses tipos de peças constituíam um grande
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acontecimento. Todos os anos eram organizados festivais em dias fixos, quando
quase todos os moradores da cidade e de localidades próximas compareciam. Os
cidadãos ricos patrocinavam os festivais, oferecidos para toda comunidade. Os
autores (é a pessoa que escreve uma peça de teatro, o roteiro de um filme, ou o
enredo de uma novela ou de um livro) recebiam honrarias e prêmios pelos textos e
se tornavam famosos entre seus compatriotas. Também eram muito criticados caso
não agradassem ao público. Os mais conhecidos autores de tragédias são Ésquiles,
Sófocles e Eurípedes: os mais conhecidos por suas comédias são Aristófanes e
Menandro, e Pátrinas foi um grande escritor de sátiras.
Essas peças escritas há 2500 anos são representadas até hoje. Elas tratam
dos sentimentos mais profundos dos seres humanos, que não mudaram desde a
Grécia antiga, como, por exemplo, o amor, o ódio, o ciúme e a inveja.

2.5 – Elementos formais do teatro

O Teatro é uma forma de manifestação artística, geralmente baseado na


Literatura, e que emprega recursos das artes visuais e musicais. No Teatro, uma
história e seu contexto se fazem reais e verídicos pela representação de atores, para
um público de espectadores, geralmente em um cenário montado num espaço
cênico.

O Teatro, embora não seja a única arte cênica, merece destaque especial
por ser aquela que deu origem a todas as outras (danças dramáticas, circo, musical,
ópera, e etc.). Fisicamente o teatro pode ser assim composto:

Cortina do palco do Cine Teatro Central de Juiz de Fora.

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Teatro: É o local construído para a ação dramática, representada por atores a um
público. Compreende o palco para a representação e as acomodações para o
público, e nele atuam a equipe dramática e a equipe técnica, que se ocupam de
todos os elementos da representação incluídos seus acessórios e adereços.

Palco: Estrutura sobre a qual são conduzidas as representações teatrais em uma


casa de espetáculos. Os palcos assumem as mais variadas formas e localizações
em função da plateia.

Bastidores: Pares de painéis verticais retangulares, de madeira e pano, que


escondem do espectador as dependências laterais do palco. São também chamadas
pernas.

Camarim: Recinto reservado, próximo ao palco, onde os atores se vestem e se


maquilam para a cena, ajudados pelos técnicos das áreas respectivas.

Cenário: Conjunto recursos visuais utilizados para criar o ambiente e a atmosfera


própria na representação do drama. Compreende painéis, móveis, adereços,
bambolinas, bastidores, efeitos luminosos, projeções etc.

Cortina: Peça, geralmente em tecido, que resguarda o palco. Abre e fecha nas
mudanças de ato, e ao fim ou início do espetáculo.

Espaço Cênico: Área do palco ocupada com a representação. Divide-se


primeiramente em direita e esquerda, conforme a visão do público.

Proscênio: Um avanço do palco, além da boca de cena, que se projeta para a


plateia. Seu limite, comumente em forma de arco, é a ribalta

Público: São os frequentadores do teatro e os que apenas ocasionalmente assistem


a um espetáculo teatral. É chamado plateia por extensão do nome da parte do
auditório fronteira ao palco, devido à grande parte dos teatros disporem apenas
desses assentos. O público também se dispõe nas GALERIAS, FRISAS e
CAMAROTES, quando o teatro dispõe destas estruturas.

Hall ou Foyer: Área externa dos auditórios, onde geralmente se realizam coquetéis,
apresentações, exposições, vernissages (abertura de exposições) etc.

Figurino: Vestimenta utilizada pelos atores para caracterização de seus


personagens de acordo com sua natureza, e identifica, geralmente, a época e o local
da ação. Traje de cena.

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2.6 – Principais profissionais do teatro

A representação teatral será o resultado do trabalho de muitos profissionais: do


dramaturgo, dos atores maiores e menores, do cenógrafo, da orquestra, e de outros
de cujo talento e competência a arte da dramaturgia depende para atingir seu
objetivo.

Equipe dramática: A produção de um espetáculo teatral depende do trabalho de


vários componentes, cada qual com funções específicas, dentro desta equipe. São
eles:

Ator ou Intérprete: Intérprete de um papel teatral. O que interpreta um personagem

Cenógrafo: Também chamado cenarista, é aquele que cria o projeto cenográfico e


monta o espaço cênico de modo realista ou conforme idealizado pelo dramaturgo.

Diretor: Coordenador geral de todos os aspectos envolvidos com o espetáculo,


aprova a escolha do elenco, o cenário, o figurino, iluminação, etc. É também
chamado de DIRETOR GERAL, quando a equipe compreende outros diretores de
áreas específicas como DIRETOR DE ATOR, DIRETOR DE CENA, DIRETOR
MUSICAL, etc.

Dramaturgo: É o literato que escreve a peça teatral. Autor de um texto dramático,


que é a literatura destinada ao teatro.

Elenco: É o conjunto de atores em uma representação teatral.

Figurante: Pessoa que entra em cena para fazer um papel anônimo, como parte de
grupos ou da multidão.

Figurinista: É aquele que cria, orienta e acompanha a feitura dos trajes para um
espetáculo teatral.
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Iluminador: É o técnico que faz o projeto de luz para um espetáculo de teatro, com
os efeitos adequados ao clima do drama e à valorização do trabalho do ator.

Ponto: Técnico da equipe de produção que acompanha o desenrolar da


representação a partir de um ponto no proscênio, e lê o roteiro ao longo do
espetáculo de modo a ajudar os atores no diálogo e nos movimentos em cena.
Ocupa um fosso cujo alçapão ou anteparo o mantém oculto para a assistência.

Produtor: É aquele que financia a produção do espetáculo.

2.7 - Vocabulário do teatro

Um espetáculo teatral é composto de vários elementos (não físicos) cujos


principais serão descritos abaixo.

Ação. Se diz não apenas dos movimentos do ator na representação do seu papel,
mas também do desenrolar de toda a trama, ou dos atos e cenas do drama, assim
também como do cinema e mesmo no romance escrito. Essa generalidade se aplica
também ao movimento implícito na mudança de humor e na expressão dos
sentimentos, considerada uma ação interna.

Aparte. Esclarecimento, comentário crítico, dito mordaz que o ator faz para a plateia,
e que supostamente não será ouvido pelos outros personagens da cena.

Ato. Divisão do drama feita para distinguir etapas pelas quais passa o
desenvolvimento da trama no sentido de sua solução, dentro de uma fração do
tempo de apresentação que distribui tão igualmente quanto possível a duração da
apresentação.

Batidas. Três golpes com um bastão de madeira dado sobre o piso do palco para
atrair a atenção do público anunciando a eminência do levantamento da cortina para
início do espetáculo.

Cena. Segmento do drama em que a ação se desenvolve no mesmo ambiente, na


mesma época e com os mesmos atores. A alteração em qualquer desses elementos
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determina uma nova cena. É também a parte do palco limitada pelo cenário e
destinada a representação.

O Ginásio do Teatro (Von Menzel): Nesta obra a ação dramática acontece em um teatro onde
podemos ver, atores, figurino, cenário e plateia.

Drama. História escrita com diálogo e indicações para ser representada

Espetáculo. A encenação ou representação de uma peça no teatro para uma


plateia.

Libreto. Livro com o texto de um drama preparado para representação teatral


cantada e musicada para orquestra. Contém todas as indicações próprias do roteiro
teatral como papel de cada personagem, cenário, divisão em cenas e atos,
decoração e vestimentas, efeitos de luz, e o diálogo a ser cantado pelos atores. Sua
diferença para o um drama comum é a maior brevidade (por isso o nome de
“pequeno livro”), motivada pelo fato de que o texto cantado faz um espetáculo mais
longo que o texto escrito. Muitos libretos são condensações de peças teatrais.

Papel. As ações e as palavras de um personagem em um drama.

Plano da peça. Também chamado Quadro detalhado dos atos e cenas da peça, que
servirá de base para o desenvolvimento do roteiro ou script da peça.

Ponta. Papel de pouca extensão. Papel pequeno, porém, maior que o do figurante.

Rubrica. As Rubricas (também chamadas “Indicações de cena” e “indicações de


regência”) descrevem o que acontece em cena; dizem se a cena é interior ou
exterior, se é dia ou noite, e o local em que transcorre e todas as ações e sentimentos
a serem executados e expressos pelos atores.

Tema. Assunto em torno do qual é desenvolvida uma história dramática.


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Texto dramático. Texto próprio para o teatro.

Tipo ou Caráter. Personagem do drama com as peculiaridades físicas e morais de


personalidade criada pelo dramaturgo.

Trama dramática. Teia de acontecimentos cujo entrelaçamento e cuja solução


constitui o enredo da peça.

Troupe. Grupo de teatro constituído de pequeno número de atores e técnicos.

3. Realismo nas artes visuais

Durante a primeira metade do século XIX, o homem europeu, diante da


industrialização e aprendido a utilizar o conhecimento científico e a técnica para
interpretar e dominar a natureza, se convenceu de que precisava ser realista,
inclusive em suas criações artísticas, deixando de lado as visões subjetivas e
emotivas da realidade.

Em certo sentido o realismo tinha sempre feito parte da arte ocidental. Durante a
Renascença, os artistas superaram as limitações técnicas e representavam a
natureza com a acuidade fotográfica.

O “novo” Realismo insistia na imitação precisa de percepções visuais sem


alteração. Também eram diferentes em seus temas, os artistas se limitavam a fatos
do mundo moderno à medida que os experimentavam pessoalmente; somente o que
podiam ver ou tocar era considerado real. Deuses, deusas e heróis da antiguidade
estavam “fora”. Camponeses e a classe trabalhadora urbana estavam “dentro”. Em
tudo, de cor ao tema, o Realismo trazia para a arte uma sensação de sobriedade
silenciosa.

São características gerais:

 O cientificismo;
 A valorização do objeto;
 O sóbrio e o minucioso;
 A expressão da realidade e dos aspectos descritivos.

3.2 - Arquitetura

Os arquitetos e engenheiros procuram responder adequadamente às novas


necessidades urbanas, criadas pela industrialização. As cidades não exigem mais
ricos palácios e templos. Elas precisam de fábricas, estações, ferroviárias,
armazéns, lojas, bibliotecas, escolas, hospitais e moradias, tanto para os operários
quanto para a nova burguesia.

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Em 1850, Joseph Paxton construiu o
Palácio de Cristal que abrigou a 1ª
Feira Mundial em Londres,
demonstrou as possibilidades
estéticas do uso do ferro fundido.

Em 1889, Gustavo Eiffel levanta, em


Paris, a Torre Eiffel, hoje logotipo da
“Cidade Luz”. Triunfo da engenharia
moderna ostenta seu esqueleto de
ferro e aço, sem alusões a estilos
arquitetônicos do passado.

3.3 - Escultura

René-François-Auguste Rodin (1840-1917) foi um importante escultor


francês. Desde criança demonstrou grande interesse por esculturas. Aos 13 anos de
idade, entrou para uma academia de arte para aprender os princípios básicos
das artes plásticas. Interessou-se e estudou também, por conta própria, anatomia
humana para utilizar os conhecimentos na elaboração de suas esculturas. Aos 18
anos de idade, começou a trabalhar como modelador e ornamentista. Especializou-
se na elaboração de esculturas em bronze. Auguste Rodin não se preocupou com a
idealização da realidade. Ao contrário, procurou recriar os seres tais como eles são.
Além disso, os escultores preferiam os temas contemporâneos, assumindo muitas
vezes uma intenção política em suas obras. Sua característica principal é a fixação
do momento significativo de um gesto humano.

3.3 - Pintura

Características da pintura:

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 Representação da realidade com a mesma objetividade com que um cientista
estuda um fenômeno da natureza, ou seja, o pintor buscava representar o
mundo de maneira documental;
 Ao artista não cabe “melhorar” artisticamente a natureza, pois a beleza está
na realidade tal qual ela é;
 Revelação dos aspectos mais característicos e expressivos da realidade.

Temas da pintura:

 Politização: a arte passa a ser um meio para denunciar uma ordem social que
consideram injustas; a arte manifesta um protesto em favor dos oprimidos.
 Pintura social denunciando as injustiças e as imensas desigualdades entre a
miséria dos trabalhadores e a opulência da burguesia. As pessoas das
classes menos favorecidas – o povo, em resumo – tornaram-se assunto
frequente da pintura realista. Os artistas incorporavam a rudeza, a fealdade,
a vulgaridade dos tipos que pintavam, elevando esses tipos à categoria de
heróis. Heróis que nada têm a ver com os idealizados heróis da pintura
romântica.

Principais pintores:

Gustave Courbet (1819-1877) homem de grande pragmatismo desafiou o gosto


convencional por pinturas históricas e temas poéticos, insistindo que a “pintura é
essencialmente uma arte concreta e tem de ser aplicada às coisas reais existentes”.
Sua crença era “tudo que não aparece na retina está fora do domínio da pintura”. Foi
considerado o criador do realismo social na pintura, pois procurou retratar em suas
telas temas da vida cotidiana, principalmente das classes populares. Manifesta sua
simpatia particular pelos trabalhadores e pelos homens mais pobres da sociedade
no século XIX.

Jean-François Millet (1814-1875) pintor romântico e um dos fundadores da Escola


de Barbzon na França rural. É conhecido como percursor do realismo, pelas suas
representações de trabalhadores rurais. Junto com Courbet, Millet foi um dos

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principais representantes do realismo europeu surgido em meados do século XIX.
Sua obra foi uma resposta à estética romântica, de gostos um tanto orientais e
exóticos, e deu forma à realidade circundante, sobretudo a das classes
trabalhadoras. Sensível observador da vida campestre, criou uma obra realista na
qual o principal elemento é a ligação atávica do homem com a terra. Foi educado
num meio de profunda religiosidade e respeito pela natureza. Trabalhou na lavoura
desde muito cedo. Seus numerosos desenhos de paisagens influenciaram, mais
tarde, Pissarro e Van Gogh.

A palavra realismo designa uma maneira de agir, de interpretar a realidade. Esse


comportamento caracteriza-se pela objetividade, por uma atitude racional das coisas
pode ocorrer em qualquer tempo da história.

4 - Representação do trabalho em produções artísticas diversas


Embora o Dia do Trabalho seja comemorada no Brasil desde 1895, a data
só se tornou feriado nacional a partir de 1925, por um decreto do então presidente
Arthur Bernardes. Vale relembrar que o Dia Mundial do Trabalho foi criado em 1889
por um congresso socialista realizado em Paris. A data foi escolhida para
homenagear os oito líderes trabalhistas norte-americanos que morreram enforcados
em Chicago em 1886, por terem insuflado a primeira greve geral realizada no
principal centro industrial dos Estados Unidos, exatamente a 1º de maio daquele ano.

A greve contou com a participação de milhares de trabalhadores que foram


às ruas protestar contra as condições desumanas a que eram submetidos nas
empresas. Manifestações, passeatas, piquetes e discursos movimentaram a cidade
com os manifestantes exigindo a redução da jornada de trabalho de 13 para 8 horas
diárias.

Em memória desses mártires, de suas reivindicações e por tudo o que esse


dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, o dia 1º de maio foi
instituído como o Dia Mundial do Trabalho.

Alguns artistas enfocaram trabalhadores rurais e urbanos, comerciantes,


pescadores, pintores e artistas circenses.
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Connie " O Pescador " Os temas de suas obras e, em particular, quando se
trata de figuras humanas, são aprofundados e na sua realística transparência nos
aparecem vivos e animados.

Ary de Queiróz Barros " Carnelosso Pintando " Ao retratar, o pintor segue
religiosamente aquela tradição pictórica de largo respiro, que tudo resgata e reduz
aos seus valores reais, paralelamente a uma plena autonomia poética.

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Arlete Coleto " Trabalhadores " Nesta obra, o cromatismo assume um caráter
predominante, tornando-se condição essencial através da qual a artista alcança a
completa realização do tema em exame.

Fumiko " Rede de Pescador " A artista opera uma interpretação da realidade
com a inteligente utilização das cores para exprimir mais do que a área envoltória da
paisagem, o próprio espírito da terra, ou melhor, dos personagens que retrata.

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Duxtei " Os Três Boiadeiros " Encontrar na pintura as formas, a cor, a luz de
uma paisagem para realçá-la a uma nova vida constitui o testemunho e o sinal do
íntimo elã afetivo que leva a artista à humanização das coisas.

Gilberto Masson " Vendedor de Aves " Seu meio estilístico exprime em
formas antiacadêmicas o seu "realismo populista". Suas figuras se movimentam
seguindo esse realismo, no qual cor e forma, realidade e fantasia, riqueza e
ingenuidade encontram um modo de se amalgamarem como as notas de uma
sinfonia campestre, repleta de recordações de juventude numa típica família de
imigrantes peninsulares.

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Villarta " Confluência de Lugares Luzentes III " Por uma necessidade íntima
que a pressiona, sua característica fundamental é de contar, afinada que está a uma
visão já absorvida. Sua produção pictórica é o singular fruto evidente de uma longa
meditação que se conclui no imediatismo da execução.

Inos Corradin " Dois Equilibristas " A obra possui um conteúdo lírico que
avança na progressão direta da pesquisa construtiva da composição, no filtro
geometrizado pelo qual as formas são medidas, transformando o visível numa
espécie de equação luminosa.

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Thereza Toscano " Cores da Barra II " A imagem que nasce possui vida
própria e além do tema aparece um vulto que emerge da matéria informe assumindo
uma qualidade figurativa através de forte cromatismo expressionista.

Jerci Maccari " Colheita no Cafezal " Se o pintor tem na alma a paisagem e
os frutos da terra, não há dúvida que, em torno desse tema, o artista desenvolve com
grande efeito a sua obra: uma visão que sugere " inspirada nas lembranças de
criança e na tenacidade de pintor " um diálogo com a realidade e o despertar de um
Brasil pujante graças à sua agricultura.

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Jurandi Assis " Mulheres com Feixes de Lenha " Contemplando afetivamente
a realidade, o artista a condensa em termos, lineamentos e volumes essenciais,
revelando sua alma poética e seu significado cósmico. Expressionista de traço firme,
de colorido temperado ao rigor do seu desenho, ele demonstra ser um pintor que
impõe à natureza a totalidade de seu caráter.

Vera Ojuara " Baianas " Sua pintura é viva, expressiva e permeada de um
realismo sintético. Suas obras possuem um acentuado cromatismo e uma
luminosidade vibrante e não constituem mera contemplação lírica, mas o resultado
de reflexões sobre a vida hodierna brasileira.

O trabalho também é ricamente representado em esculturas. Obra do artista


plástico Murilo Sá Toledo, o mesmo autor da escultura Apóstolo Paulo, na Praça da
Sé, o conjunto é constituído de quatro esculturas que representam algumas das
categorias representadas pelo sindicato. A saber o gari, a copeira, o jardineiro e a
faxineira.

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5. Arte e funcionalidade

A arte tem várias funções na vida do homem. Entre elas, podemos destacar
a função de educar, informar e entreter. A arte estimula a percepção, a sensibilidade,
a cognição, a expressão e a criatividade. Além disso, a arte tem sua função social,
pois é capaz de reinserir pessoas na sociedade e de ampliar os horizontes de
cidadãos marginalizados.
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Por sua função social, a arte é empregada em diversos projetos em periferias
das grandes cidades. A força da arte está em suas mais variadas formas de
manifestação, como a música, o desenho, a pintura, a dança e a interpretação.
Também como função social, a arte transmite ideias e informações, levando ao
desenvolvimento do senso crítico e de uma melhor expressão oral e comunicativa.

A arte também tem uma função ambiental, que está baseada na


alfabetização estética, ou ensinar o homem a organizar formas, luzes e cores,
garantindo equilíbrio e harmonia a sua vida. A arte ainda ajuda a manifestar as
qualidades étnicas e psíquicas de uma nação, e expõe sentimentos e anseios
individuais.

A arte deve ser analisada sob uma concepção humanística, que mostra que
as manifestações artísticas existem para tornar a vida mais bela.

A arte deve ser valorizada em todas as suas concepções. Podemos afirmar


que a arte tem 3 funções principais: a função pragmática, a naturalista e a formalista.

Entenda:

Função pragmática – A arte tem uma finalidade não-artística. Os critérios


de avaliação da arte são exteriores à obra. Não está relacionada à qualidade
estética, mas sim ao critério moral e eficaz.

Função naturalista – O conteúdo da obra é mais importante do que seu


modo de apresentação. Avalia a integridade da arte.

Função formalista – Está focada na apresentação da arte e se apega à


estética, à organização dos elementos que compõem uma obra de arte

Fontes consultadas:

https://pt.thpanorama.com/blog/arte/
https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-19/realismo/
https://www.historiadasartes.com/nomundo/arte-seculo-19/romantismo/
https://arteducacao.wordpress.com/teatro/
https://www.al.sp.gov.br/noticia/?id=317585
http://www.saopauloantiga.com.br/monumento-ao-trabalhador/
https://www.grupoescolar.com/pesquisa/funcoes-da-arte.html

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