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ESCOLA DE REFERÊNCIA EM ENSINO MÉDIO ABÍLIO MONTEIRO

RUA JOÃO MONTEIRO, S/N. Centro. LAGOA DO OURO – PE


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Nas duas últimas décadas do século XVIII e


nas três primeiras do século XIX, uma nova tendência
estética predominou nas criações dos artistas
europeus. Trata-se do Neoclassicismo (neo = novo),
que expressou os valores próprios de uma nova e
fortalecida burguesia, que assumiu a direção da
Sociedade europeia após a Revolução Francesa e
O termo Neoclássico foi criado no século XIX principalmente com o Império de Napoleão.
com rótulo pejorativo para denunciar o vazio e a Nas palavras de Edgar Allan Poe “a glória que
carência, consequentemente para encontrar a beleza foi a Grécia, e a grandeza que foi Roma”.
racional é necessário estudar em academias, isso Esse reviver do austero Classicismo na
acabava sufocando a liberdade artística. O artista pintura, na escultura, na arquitetura e no mobiliário
deve procurar “o belo ideal”, seja, a síntese abstrata constituiu uma clara reação contra o enfeitado do
de todas as belezas. Entretanto essa busca é vã, uma estilo rococó. O século XVIII tinha sido a Idade das
vez que esse ideal já foi atingido e elevado ao máximo Luzes, quando os filósofos pregavam o evangelho da
pelos antigos gregos; a tarefa do artista é, portanto, razão e da lógica. Essa fé na lógica levou à ordem e
imitar a Antiguidade. às virtudes “enobrecedoras” da arte neoclássica.
Prega ainda pela volta aos temas gregos, o O iniciador da tendência foi Jacques-Louis
abandono da ilusão de movimento nas obras de arte, David pintor e democrata francês que imitava a arte
assim elas se aproximariam da imobilidade majestosa grega e romana para inspirar a nova república
das antigas estátuas. Com isso, o artista deixa de ser francesa. A Arte “politicamente correta” era séria,
um criador para tornar-se um mero copista da ilustrando temas da história antiga ou da mitologia,
Antiguidade. em vez da frivolidade rococó.
Forte influência da arquitetura neoclássica A linha mestra do estilo neoclássico eram as
foi a descoberta arqueológica das cidades italianas figuras severas, desenhadas com exatidão, que
de Pompéia e Herculano que, no ano de 79 d.C., foram apareciam em primeiro plano, sem a ilusão de
cobertas pelas lavas do vulcão Vesúvio. A cidade de profundidade dos relevos romanos. A pincelada era
Pompeia, coberta não de lava fluída, mas de lapilli suave, de modo que a superfície da pintura parecia
(pedaços de lava, ficando soterrada e conservada). polida e as composições eram simples, para evitar o
As escavações começaram em 1748, emocionando melodrama rococó. Os fundos, em geral, incluíam
toda a Europa, a maior parte dos objetos encontrados toques romanos, como arcos ou colunas, e a simetria
foi confiada ao Museu de Nápoles, hoje Museu e as linhas retas substituíam as curvas irregulares.
Arqueológico Nacional de Nápoles. Depois de 1860, as As antigas ruinas também inspiraram
escavações foram dirigidas com sucesso cada maior, arquitetura. Imitações dos templos gregos e romanos
pelo arqueólogo italiano Giuseppe Fiorelli (1823- se multiplicaram da Rússia à América. O pórtico do
1896). Panteon de Paris, com colunas e cúpulas coríntias,
Diante daquelas construções, num erro de copiava exatamente o estilo romano. Em Berlim, o
interpretação, os historiadores de arte acreditavam portão de Brandenburgo era a réplica da entrada da
que os edifícios gregos eram recobertos com Acrópole de Atenas, com uma carruagem romana em
mármore branco, ocasionando a construção de tantos cima.
edifícios brancos, como por exemplo, a Casa Branca
nos Estados Unidos. Resumem-se as principais características:
▪ Retorno ao passado, pela imitação dos
modelos antigos greco-latinos;
▪ Academicismo nos temas e nas técnicas,
isto é, sujeição aos modelos e às regras
ensinadas nas escolas ou academias de
belas-artes;
▪ Arte entendida como imitação da
natureza, num verdadeiro culto à teoria
de Aristóteles;
▪ Estilo sóbrio, antidecorativo, linear, ESCULTURA
antissensual, volta-se ao desenho, Já as esculturas do Neoclassicismo trazem, em
simplicidade da natureza, nobre, sereno, suas formas, elementos como:
histórico. • representação de figuras heroicas e/ou
mitológicas;
ARQUITETURA • assuntos sérios e densos;
• simetria;
A arquitetura no Neoclassicismo traz • beleza humana e formas realistas;
características marcantes, como: • personagens como idealizados ou como
• uso de colunas marcantes e robustas; “gente como a gente”;
• utilização de elementos da arquitetura • esculturas de tamanho real (como
Dórica; bustos) ou de grandes proporções, mas
• construções monumentais e em grande raramente em miniaturas.
escala;
• uso de formas geométricas e muita Respeitavam-se movimentos e posições reais
simetria; do corpo, embora a obra nunca estivesse isenta de
• paredes claras e sem muitos elementos certo realismo psicológico, plasmado na expressão
decorativos. pensativa e melancólica dos rostos. A busca do
equilíbrio exato entre naturalismo e beleza ideal
Os fundadores da jovem ciência da ficava evidente nos esboços de terracota, nos quais
arqueologia proporcionaram as bases documentais os volumes e as variações das posições do corpo eram
dessa nova arquitetura de formas clássicas. estudados com cuidado. O escultor neoclássico
Surgiram assim os edifícios grandiosos, de encontrou o dinamismo na sutileza dos gestos e
estética totalmente racionalista: pórticos de colunas suavidade das formas.
colossais com frontispícios triangulares, pilastras Quanto aos materiais utilizados, os mais
despojadas de capitéis e uma decoração apenas comuns eram o bronze, o mármore e a terracota,
insinuada em guirlandas ou rosetas e frisos de embora, a partir de 1800, o mármore branco, que
meandros. permitia o polimento da superfície até a obtenção do
Utilização de materiais nobres tradicionais brilho natural da pele, tenha adquirido
como mármores, granito e madeira, e modernos como preponderância sobre os demais. Entre os escultores
ladrilho cerâmico e ferro fundido, de baixo custo e mais importantes desse período destacam-se o
maior funcionalidade. italiano Antonio Canova, escultor exclusivo da família
Sistemas de construção simples (trilítico) ou Bonaparte, e o dinamarquês Bertel Thorvaldsen, que
complexos, estruturados a partir do arco de 180 chegou a presidir a Accademia di San Lucca, em
graus de inspiração romana e adaptados aos Roma.
modernos processos técnicos.
Tetos planos, abóbodas e berço ou de aresta
emoldurada e cúpulas nas zonas centrais das
construções e assentes em tambores rodeados de
colunas com entablamentos circulares.
As cidades tiveram de se adaptar a essas
construções gigantescas. Desenharam-se largas
avenidas para abrigar os novos edifícios públicos,
academias e universidades, muitos dos quais
conservam ainda hoje a mesma função. PINTURA
A pintura desse período foi inspirada
principalmente na escultura clássica grega e na
pintura renascentista italiana, sobretudo em Rafael,
mestre inegável do equilíbrio da composição.

As pinturas do Neoclassicismo, por sua vez, podem


ser facilmente identificadas por:
[[
• pintura suave e delicada;
• uso de linhas firmes e retas;
• poucas cores e, normalmente, em tons
mais frios;
• formas claras de bem definidas,
utilizando elementos da realidade.
• uso inteligente de sombras e de luz para
a criação de profundidade;
▪ utilização frequente dos conceitos de
perspectiva
▪ Formalismo na composição, refletindo
racionalismo dominante;
▪ Exatidão nos contornos; sobriedade nos
ornamentos e no colorido, pinceladas que
não marcavam a superfície, dando à obra
um aspecto impessoal onde predominava o
desenho sobre a cor;
▪ Harmonia e equilíbrio do colorido. Jean Auguste Dominique Ingres (1780-
1867) francês, pintor que foi uma espécie de cronista
Os maiores representantes da pintura neoclássica visual da sociedade de seu tempo. Ingres acreditava
são: que a tarefa primordial da arte era produzir quadros
Jacques-Louis David (1748-1825) pintor históricos. Ardoroso defensor da pureza das formas,
francês, foi considerado o pintor da Revolução ele afirmava, por exemplo, que desenhar uma linha
Francesa, mais tarde, tornou-se o pintor oficial do perfeita era muito mais importante do que colorir.
Império de Napoleão. Durante o governo de “A pincelada deve ser tão fina como a casca
Napoleão, registrou fatos históricos ligados à vida do de uma cebola”, repetia a seus alunos. Sua obra
imperador. Suas obras geralmente expressam um abrange, além de composições mitológicas e
vibrante realismo, mas algumas delas exprimem literárias, nus, retratos e paisagens, mas a crítica
fortes emoções. David demonstrou a diferença entre moderna vê nos retratos e nus o seu trabalho mais
o velho e o novo através do contraste dos admirável. Ingres soube registrar a fisionomia da
contornos retos e rígidos dos homens com as formas classe burguesa do seu tempo, principalmente no
curvas, suaves das mulheres. Situou cada figura como gosto pelo poder e na sua confiança na
uma estátua, iluminada por um feixe de luz, contra um individualidade. Amante declarado da tradição.
fundo simples de arcos romanos. Com o fim de Ingres passou a vida brigando contra a vanguarda
assegurar a precisão histórica, vestiu manequins com artística francesa representada pelo pintor
roupas romanas e fez capacetes romanos para então romântico Eugène Delacroix, contudo foi Ingres, e
copiar. Por três décadas a arte de David foi o modelo não o retórico e inflamado Delacroix, o mais
oficial do que considerava ser a arte francesa e, por revolucionário dos dois. A modernidade de Ingres
extensão, a arte europeia. está justamente na visão distanciada que tinha de
seus retratados, na recusa a produzir qualquer
julgamento moral a respeito deles, numa época em
que se consumava o processo de aliança entre a
nobreza e a burguesia. O detalhismo também é uma
das suas marcas registradas. Seus retratos são
invariavelmente enriquecidos com mantos aveludados,
rendas, flores e joias.
• A Porta de Brandemburgo, em Berlim
(Alemanha);
• A Catedral de Santo Isaac, em São
Petersburgo (Rússia);
• O Museu Britânico, em Londres
(Inglaterra);
• O Capitólio, em Washington (Estados
Unidos);
• O Teatro de Santa Isabel, em Recife
Neoclassicismo no Brasil (Brasil).

Como falamos no comecinho deste post, Neoclassicismo: resumo


o Neoclassicismo no Brasil também foi um Por fim, que tal fazemos um resumo do
movimento marcante e que deixou o seu Neoclassicismo? É breve, apenas para relembrarmos
legado, apesar de não ter sido tão forte por aqui. alguns pontos principais! Vamos lá?
Os artistas brasileiros — como veremos no decorrer
da História, especialmente no contexto da Semana • Séculos: XVIII a XIX;
de Arte Moderna — sempre estiveram ligados às • Origem: Europa;
vanguardas e tendênciasartísticas da Europa. • Contexto histórico: Revolução Francesa
No Brasil, o Neoclassicismo foi fortemente e Iluminismo;
patrocinado por D. Pedro II, que traz para o país a • Características: exaltação do passado
Missão Francesa, com uma série de artistas artístico; influência do Classicismo; uso da
europeus. Assim, surgem nomes importantes para a proporção e perspectiva; racionalismo;
arte brasileira, como: temas da mitologia grega e romana;
• Pedro Américo; valorização da beleza estética e da
• Vítor Meirelles; perfeição das formas;
• José Ferraz de Almeida Junior. • Principais áreas: arquitetura, pintura e
O que realmente se fortaleceu aqui foi esculturas;
o Arcadismo, um estilo literário e artístico inspirado • Principais artistas: Antonio Canova;
no Neoclassicismo. Ele tem praticamente as mesmas Jacques-Louis David; Jean-Baptiste
características, mas com uma diferença primordial: Debret.
a relação do artista com a natureza.
Enquanto o Neoclassicismo valoriza a
natureza de uma maneira mais distanciada, o
Arcadismo trata o ambiente rural como uma espécie
de lar. O árcade é a representação do pastor, de tom
bucólico, que vive no campo e trava com ele uma
relação de dependência emocional.

Principais obras do Neoclassicismo


Veremos, agora, algumas das obras mais
importantes desse período. Aproveite para pesquisar
cada uma delas e veja, na prática, as características
que mencionamos antes!
• Eros e Psique, de Antonio Canova;
• Voltaire, de Jean-Antoine Houdon;
• O juramento dos Horácios, de Jacques-
Louis David.
Temos, também, ótimos exemplos da arquitetura.
Alguns deles são:
• O Panteão, em Paris (França);
• A Igreja de São Francisco de Paula, em
Nápoles (Itália);

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