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Histórias da Arte

AS ORIGENS DAS TRADIÇÕES ESTÉTICAS:


DA ARTE RUPESTRE AO RENASCIMENTO
1º Encontro 
INTRODUÇÃO AO MÓDULO I
HISTÓRIA DA ARTE OU HISTÓRIAS
DA ARTE
Orientações
- Frequência/ausências
- Google Classroom
- Grupo WhatsApp temporário
- Trabalho
- Avaliação
- Certificado
- Visitas/lives
- Último dia do curso
- Contribuições
Apresentação
Módulo I
As origens das tradições estéticas: da arte rupestre ao Renascimento
Módulo II
O culto profano à beleza: do Renascimento ao Impressionismo
Módulo III
A tradição da ruptura: da origem da fotografia à arte conceitual
Módulo IV
Viagem pela arte brasileira
Considerações
sobre as
histórias da arte
Um historiografia em construção
A explosão dos diferentes campos científicos, dos objetos, dos métodos, a pluralidade das
abordagens e o cruzamento com outras ciências conduziram os historiadores da arte a revisar e
interrogar suas metodologias e questões epistemológicas. Eles procuram assim encontrar novas
soluções, gerando com isto mudanças na disciplina, cujas fronteiras, hoje, encontram-se
dilaceradas e povoadas por múltiplas metodologias.
(...)
A História da Arte está em construção, devendo nesse processo dinâmico e mutante procurar
iluminar o objeto visual na sua complexidade e na intricada rede de relações.

Maria Lúcia Bastos Kern


Fonte: KERN, Maria Lúcia Bastos. Historiografia da arte: revisão e reflexões face à arte contemporânea. Anais do XXIV Colóquio do CBHA.
Belo Horizonte, 2004.
Cronologia
O estudo cronológico dos
fatos e da produção
artística de uma sociedade
ou de um artista é
instrumento referencial.

O relógio de sol de 2 mil anos foi doado por um político vitorioso chamado
Marcus Novius Tubula. Foto: Faculty of Classics, University of Cambridge

Fonte:
https://www.nationalgeographicbrasil.com/historia/2017/11/descoberto-relogio-de-sol-feito-para-celebrar-
vitoria-em-eleicao-romana
Cronologia
1453 Queda do
Império bizantino
Nascimento de Cristo 500 d.c. 1000 d.c.

ANTIGUIDADE 
CLÁSSICA IDADE MÉDIA IDADE MODERNA

. Arte Grega . Arte Românica . Renascimento


. Arte Romana . Arte Gótica

. Arte Paleocristã
     . Arte Bizantina

ARTISTA-ARTESÃO E SOCIEDADE QUE ELE REPRESENTA ARTISTA E MECENAS


1826: Descoberta da Fotografia

1789: Revolução Francesa

Séc. XVI Séc. XVIII 1800 1850 1900

IDADE MODERNA SÉCULOS


IDADE CONTEMPORÂNEA
(Antigo Regime) XX E XXI

. Maneirismo . Neoclassicismo
. Barroco . Romantismo
. Rococó Realismo/Naturalismo
. . Impressionismo (entre 1860-1890)
. Simbolismo (surge na déc. 1880)
. Arte Nova/Art Nouveau)
final séc. XIX e início do séc.
XX

ARTISTA E MECENAS ARTISTA GÊNIO ARTISTA AUTÔNOMO


9
GRUPOS E COLETIVOS
Épocas Épocas

Clássicas Anti-Clássicas

Idade Média:
Grécia Românico
Roma Gótico

Maneirismo
Renascimento Barroco
Rococó

Neoclássico Romantismo

Apolíneas* Dionisíacas*
(Razão) (Emoção)

*NIETZSCHE, Friedrich. A Visão Dionisíaca do Mundo. São Paulo: Editora Martins Fontes, 2005.
Interpretação
Quanto mais antiga a civilização, mais
difícil é a interpretação exata dos fatos
e razões que levaram a determinada
produção artística, a maior parte das
informações disponíveis são baseadas
em algumas evidências materiais,
interpretações de estudiosos e apenas
alguns registros escritos.
Os conservadores do arquivo do Museu do Prado, em Madrid,
encontraram uma cópia do quadro mais famoso de Leonardo Da
Vinci, a Mona Lisa, ou ‘La Gioconda’, que teria sido pintado por
um dos seus pupilos, anunciado em 1º/02/2012.
A descoberta foi considerada uma das mais importantes da
História da Arte, foi feita na pinacoteca do museu e confirmada
depois de vários meses de análises.
Segundo a imprensa especializada, incluindo o ‘The Art
Mona Lisa de Newspaper’, e alguma imprensa internacional, a obra teria sido
Madrid pintada por Andrea Salai – que mais tarde seria amante de Da
Vinci – ou por Francesco Melzi. Ambos estavam entre os pupilos
favoritos do mestre italiano.
Os especialistas do Prado dedicaram vários meses a estudar,
limpar e retirar o verniz escuro que cobria o quadro.
Durante anos a obra foi considerada simplesmente uma simples
cópia, mas os especialistas sugerem agora que foi pintada ao
mesmo tempo que Da Vinci pintava o original no seu estúdio em
Florença.
Deslocamentos
Os deslocamentos geográfico, cultural e
temporal interferem em nossa visão sobre
uma produção estética pela nossa
incapacidade de compreender na sua
totalidade o ambiente, a cultura e a
sociedade em que foi concebida.

Máscara Mwana Pwo, autor desconhecido, séc. XX, proveniente de Angola.


Museum Fine Arts Boston.
Fonte: https://collections.mfa.org/objects/4794
Interferências
A maioria das produções artísticas não permanece
exatamente como foram criadas. 
Decomposição de materiais, interferências de outras
culturas, má preservação e restaurações ruins são
interferências frequentes que dificultam uma leitura
precisa.

Michelangelo Buonarroti, Juízo Final, 1537-1541


Michelangelo Buonarroti, Marcello Venusti.
Juízo Final, 1537-1541 Cópia do Juízo Final de Michelangelo. 1549.
Michelangelo Buonarroti, Concílio de Trento (1545 a 1563) levou ao fim a
Juízo Final, 1537-1541 liberdade nas relações entre Igreja e arte, a teologia
assume o controle e impõe restrições às excentricidades
maneiristas em busca de uma recuperação do decoro.
Juízo Final de Michelangelo têm suas partes pudendas
repintadas e cobertas de panos pelo artista Daniel de
Volterra, em 1559, por ordem do papa Pio V.
A Torre de Pisa, também conhecida como a "Torre Inclinada de Pisa",
está localizada na cidade de Pisa, mais precisamente, na Piazza del
Duomo, conhecida como "Praça dos Milagres". Esta torre famosa
começou a inclinar-se logo após o início da sua construção em
1173. A Torre de Pisa possui 55,86 metros de altura, um peso de
aproximado de 14.700 toneladas e uma inclinação de quase 4 graus
que representa 3,9m da vertical. Em 1964 o governo italiano pediu
ajuda para impedir que a Torre de Pisa desmoronasse.

Em 1987, a UNESCO declarou Patrimônio da Humanidade todo o


conjunto de monumentos da Praça dos Milagres. Em 1990, a Torre
Inclinada de Pisa fechou suas portas ao público como medida se
segurança e após vários trabalhos de reestruturação, abriu
novamente em 16 de junho de 2001

Fonte: https://www.florence-museum.com/br/torre-inclinada-de-pisa.php
Cautela
Embora exista muita concordância entre
os estudiosos sobre determinados fatos,
vez por outra a história pede revisão de
uma teoria. Pode haver discordância
entre temas específicos devido a novas
descobertas ou a formulação de novos
conceitos e/ou teorias.

À esquerda, o arqueiro troiano do Templo de Afaia do século V aC,


na Grécia, e à direita, uma reconstrução de como teria sido.

Gods in Color - https://buntegoetter.liebieghaus.de/en/


Quando algo pode
Quem determina o
O que é arte? ser considerado
que é arte?
arte?
Qual o propósito
da arte?

Ela tem que ter


uma mensagem?

Jô Soares - Entrevista Eila Ampula


801 definições
sobre arte e o
sistema da arte
“Em nossa língua tukano daxsea não existe uma palavra
para “arte”... ro’ri para nosso povo quer dizer miração da
ayahuasca, a miração do capi, que é a miração da
cerimônia, que é a miração do sonho, que é a visão
espiritual e dessa miração que vem todos os desenhos
que estão na nossa cestaria, na nossa cerâmica, no nosso
corpo, nas nossas malocas... ro’ri é mais que arte!”
(transcrição de depoimento feito na live Mulheres artistas indígenas: que
stões de gênero na produção e reconhecimento)
– Daiara Tukano
Do yorubá, família linguística
nígero-congolesa, a palavra
Ogbon significa sabedoria,
criação e arte. Ao mesmo tempo,
Itan remete à história verdadeira
que será contada.

Nigéria, cabeça de
bronze da Ifé, autor
desconhecido, Séc.
XII a XV
Nada existe realmente que se
possa dar o nome de Arte.
Existem somente artistas[...]
Existem razões erradas para não
se gostar de uma obra de arte. -
E. H.Gombrich
Entre o retrato que
Rubens fez de seu filho
e o Dürer fez de sua
mãe qual é mais belo?
Peter Paul Rubens – Retrato de
seu filho Nicholas, c. 1620, giz
preto e vermelho sobre papel,
25,2 x 20,3 cm; Albertina,
Viena.
Albrecht Dürer, Retrato de sua
mãe, 1514, giz preto sobre
papel, 42,1 x 30,3 cm;
Kupferstichkabinett, Staatliche
Mussen, Berlim
Bartolomé Estebán Murillo,
Crianças sem lar, c. 1670-5,
óleo sobre tela, 146 x 108 cm;
Alte Pinakothek, Munique.
Pieter de Hooch, Interior com
mulher descascando maçãs,
1663, óleo sobre tela, 70, 5 cmx
54,3cm; Wallace Collection,
Londres.
Melozzo da Forli, Anjo,
c. 1480, detalhe de um afresco; Pinacoteca, Vaticano
Hans Memling, Anjo, c.
1490, Detalhe de um altar;
óleo sobre madeira;
Koninklijk Museum voor
Schone Kunsten, Antuérpia
O problema é que
gostos e padrões de
beleza variam
muitíssimo.
Guido Reni, Cristo coroado com espinhos, c. 1639-
40, óleo sobre tela, 62 x 48 cm; Louvre Paris.
O Crucifixo com oito histórias da Paixão (Croce n. 434, do número de inventário de
1890) é uma pintura a têmpera e ouro sobre madeira (250x200 cm) de um mestre
toscano anônimo ("Maestro della Croce 434"), datado de 1240 -1245 e mantido na
Galeria Uffizi em Florença.
Depois que adquirimos
entendimento dessas
linguagens diferentes,
poderemos até preferir
obras de arte com
expressões menos óbvias
do que a de Reni
Rembrandt é necessariamente menos
perfeito porque mostra menos detalhes?

Albrecht Dürer, Lebre, 1502, aquarela e


guache sobre papel, 25 x 22,5 cm; Albertina,
Viena.

Rembrandt van Rijn, Elefante, 1637, giz preto


sobre papel, 23 x 34 cm. Albertina Viena
“Os principiantes
geralmente querem
admirar a perícia do
artista em representar
as coisas tal como eles
as vêem.”
Os que penetram no mundo
encantado de Disney não estão
preocupados com a Arte com A
maiúsculo. Não vão para seus
espetáculos armados dos
mesmos preconceitos com que
visitam uma exposição de
pintura moderna.
Pablo Picasso, O Galo, 1936, nanquim sobre papel. Pablo Picasso, Galo Novo, 1938, Carvão sobre papel.
Ao examinarmos um quadro que
julgamos estar distorcido, devemos
nos perguntar primeiro se o artista
não teria suas razões para mudar a
aparência daquilo que viu.
Anita Malfatti, A Boba, 1915/1916
óleo s/ tela, 61 x 50,6 cm
Anita Malfatti,
Itanhaém. 1948-49. óleo
s/ tela (72x92). Col.
Manuel Alceu Affonso
Ferreira, SP.
Nunca devemos condenar uma
obra por estar incorretamente
desenhada, a menos que
tenhamos a mais profunda
convicção de que nós estamos
certos e o pintor, errado.
Théodore Gericault,
Corrida de Cavalos em
Epson,
1821, óleo sobre tela, 92 x
122, 5 cm; Louvre, Paris
Eadweard Muybridge,
Movimento de um cavalo a
galope, 1872
Sequência fotográfica;
Kingston-upon-Thames
Museum
Ao examinarmos uma
obra de arte devemos
estar abertos à
proposta de um novo
olhar para o universo
isentos de
preconceitos.
Caravaggio, São Mateus, 1602
Duas versões:
Retábulo; óleo sobre tela, 223 x 183 cm; destruído; antes no Kaiser-Friedrich
Museum, Berlim

Retábulo; óleo sobre tela, 296,5 x 195 cm; igreja de S. Luigi dei Francesi, Roma
Aquilo com que um artista
se preocupa quando planeja
seus quadros, faz seus
esboços ou se interroga
sobre se completou ou não
uma tela é algo muito difícil
de converter em palavras.
A maioria das pinturas e esculturas
que hoje se alinham ao longo das
paredes dos nossos museus e galerias
não se destinava a ser exibida como
Arte. Foram feitas para uma ocasião
definida e um propósito determinado
que habitava a mente do artista
quando pôs mãos à obra.
Rafael
Virgem no Prado, 1505-6

óleo sobre madeira,


113 x 88 cm; Kunsthistorisches Museum, Viena
O artista não obedece
regras fixas.
Ele simplesmente intui
o caminho a seguir.
Thomas Gainsborough,
O Rapaz de Azul, 1770
Os grandes mestres entregaram-se
por inteiro, sofreram por elas,
sobre elas suaram sangue e, no
mínimo, têm o direito de nos pedir
que tentemos compreender o que
quiseram realizar.[...] Nunca se
acaba de aprender no campo da
arte.
O alerta de Gombrich 

Eu gostaria de ajudar a abrir olhos, não a


soltar línguas.

Falar argutamente sobre arte não é difícil,


porque as palavras que os críticos usam
têm sido empregadas em tantos contextos
diferentes que perderam toda a sua
precisão.

Mas olhar um quadro com olhos de


novidade e aventurar-se numa viagem de
descoberta é uma tarefa muito mais difícil,
mas também mais compensadora.

É incalculável o que se pode trazer de volt
a de semelhante jornada. 
Qual a necessidade da arte?
Reflexões para
o próximo Proposta de atividade
encontro Assistir o documentário
“O Ateliê de Luzia” (2003)
Referências bibliográficas
BEDIN, Franca. Como Reconhecer A Arte Chinesa. Portugal: Ed. 70, 1991.
COLI, Jorge. O que é Arte. São Paulo: Editora Brasiliense, 1994.
CONTI, Flavio. Como Reconhecer A Arte Grega. Portugal: Ed. 70, 2000.
___. Como Reconhecer A Arte Românica. Portugal: Ed. 70, 1995.
FAVRE, Henri. A civilização inca. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2004.
GENDROP, Paul. A civilização maia. Rio de Janeiro: Zahar Ed., 2005.
GOMBRICH, E.H. A História da Arte. Rio de Janeiro: LTC - Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1999. 16ª Edição.
GOMPERTZ, Will. Isso é arte? 150 anos de arte moderna, do impressionismo até hoje. Trad. Maria Luiza Borges. Rio de Janeiro: Zahar ed., 2013.
GOZZOLI, Maria Cristina. Como Reconhecer a Arte Gótica. São Paulo: Martins Fontes, 1986.
KERN, Maria Lúcia Bastos. Historiografia da arte: revisão e reflexões face à arte contemporânea. Anais do XXIV Colóquio do CBHA. Belo Horizonte, 2004. Disponível
em: Acesso em: < http://www.cbha.art.br/coloquios/2004/anais/textos/75_maria_lucia_kern.pdf > 17 ago. 2022.
LISE, Giogio. Como Reconhecer a Arte Egípcia. Portugal: Ed. 70, 1979.
MANDEL, Gabriele. Como Reconhecer A Arte Islâmica. Portugal: Ed. 70, 1989.
MALRAUX, André. O Museu Imaginário. Portugal: Ed. 70, 2011
MOSCATI, Sabatino. Como Reconhecer A Arte Mesopotâmica. Portugal: Ed. 70, 1989.
SOUSTELLE, Jacques. A Civilização Asteca. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2002.
STACCIOLI, Rômulo. Como Reconhecer A Arte Etrusca. Portugal: Ed. 70, 2000.
TERELA, Alda. Como Reconhecer A Arte Romana. Portugal: Ed. 70, 1994.
Wladimir Wagner Rodrigues
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