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Ar te europeia no século 19

[ Ro m a n t i s m o , Re a l i s m o , A r t - N o u v e a u , I m p r e s s i o n i s m o ,
Pós-Impressionismo]

Estética e História da Arte e das Técnicas


Cursos: Design | Arquitetura e Urbanismo
Prof. Ma. Mariana Rossi
Faculdades Integradas de Bauru - 2022
Pré-História Idade Moderna

4000 a.C. 476 1453 1789


Idade Antiga Idade Média Idade Contemporânea

Arte egípcia Arte românica Renascimento Século 19:


Arte grega Arte gótica Barroco Romantismo
Arte romana Rococó Realismo
Arte bizantina Neoclassicismo Impressionismo
Pós-impressionismo
Art-nouveau
Busca, através de diversas manifestações distintas,
da construção de uma ruptura em relação às
Século 20:
“regras” da arte da Academia, vigentes até então...
Vanguardas
Modernismo
Pós-Modernismo
4.000 a.C.: Invenção da escrita (região da Suméria) *Obs.: lembrar que essa
476 d.C.: Queda do Império Romano do Ocidente Arte contemporânea
periodização é apenas um
1453 d.C.: Tomada de Constantinopla pelos Turcos Otomanos recurso didático...!
1789 d.C.: Revolução Francesa
Romantismo
[século 19]

_ fortes mudanças sociais decorrentes da Revolução Industrial e Revolução Francesa: atividade


artística tornou-se mais complexa - diversos movimentos distintos
_ reação ao Neoclassicismo do século 18
[Romantismo]

Principais características:

_ Busca de liberdade em relação às convenções acadêmicas em favor


da livre expressão da personalidade do artista
_ Valorização dos sentimentos e da imaginação como princípios da
criação artística

Na PINTURA:
_ Reaproximação com as formas barrocas (negação do Neoclássico)
_ Valorização da cor, dos contrastes e efeitos dramáticos
_ Fatos da história nacional e cultura contemporânea, bem como paisagens da
natureza, predominam como tema, em detrimento da mitologia greco-romana
_ Natureza = dinamismo equivalente às emoções humanas
[Romantismo]

Principais características:

Na ESCULTURA:

_ Menor ousadia que a pintura

_ crise: a representação das figuras humanas com “realidade”, reproduzindo


o vestuário, pormenores anatômicos ou peças do mobiliário com precisão
fotográfica, não seria cair num processo de reprodução mecânica, que perderia
o sentido enquanto obra de arte?
-Apresenta ecos de As
Meninas, de Velásquez

-Também segue estilo


revivalista e também está
empenhado na ‘verdade
crua e nua’

FRANCISCO GOYA. A Família


de Carlos IV, 1800
Espanha/
França

_ representa o fuzilamento
de cidadãos espanhóis
contrários à ocupação do
território pelo exército
francês (Napoleão I)

_ universaliza o tema da
repressão política
Aspecto individualizado
dos que irão morrer x
aspecto anônimo dos
soldados

FRANCISCO GOYA. Os fuzilamentos de 3 de maio de 1808, 1814-1815. 2,63x4,10m.


FRANCISCO DE GOYA, 1795, Tres parejas de encapuchados, pincel e
aguada de tinta Nanquim sobre papel vergê creme, 176 x 261 mm,
(c) Biblioteca Nacional da Espanha, DIB-15-8-22./ Crowd in a park, c.
1812-20, Pincel e tinta ferrogálica sobre papel vergê, 206 x 143 mm.
Credit Line Harris Brisbane Dick Fund, 1935, Metropolitan Museum,
OASC, Accession No. 35.103.19. Tintas Metalogálicas: pigmentos roxo-pretos
ou castanho-pretos, feitos a partir de sais de
Fonte: HIDALGO, 2016. ferro e de ácidos tânicos de origem vegetal.
França

EUGENE DELACROIX (1799-1863)


_ entusiasmo pelo movimento da
multidão na rua
_ Exaltação à revolução de 1830
_ Experiências em viagens estrangeiras
como membro da comitiva do
embaixador da França

EUGÈNE DELACROIX. A liberdade


guiando o povo, 1830. 2,60x3,25m
Suíça

JOHN HENRY FUSELI.


Pesadelo, 1785-90.
Inglaterra

The Hay Wain (carro de


feno), 1821, JOHN
CONSTABLE, Nacional
Gallery, Londres
Inglaterra

J. M. WILLIAN
TURNER. O Navio
Negreiro, 1839
França

FRANÇOIS RUDE. A
Marselhesa, 1833-36.
Realismo
[século 19 - ~1850-1900]

_ Surge sobretudo na pintura francesa, desenvolvida ao lado da crescente industrialização


_ Contexto: homem europeu que havia aprendido a usar o conhecimento científico e a técnica para
interpretar e dominar a natureza convence-se de que deve ser realista nas representações,
deixando de lado as visões subjetivas e emotivas da realidade.
[Realismo]

Principais características:

Na PINTURA:
_ O artista deve representar a realidade com a mesma objetividade do
cientista ao estudar fenômenos naturais
_ a beleza está na realidade tal qual ela é
_ função: relevar os aspectos mais característicos e expressivos da realidade
_ temas: fatos da realidade mais imediata, politização, recusa da mitologia

Na ESCULTURA:
_ Recusa da idealização da realidade, busca pela representação dos seres tal
como são
_ Temas contemporâneos e intenção política expressa nas obras
_ Principal representante: Auguste Rodin (1840-1917)
GUSTAVE COURBET. Os britadores de pedra, 1849. 1,60x2,59m. Antigo Museu de Pintura de Desden (destruído em 1945)
GUSTAVE COURBET. Moças
peneirando trigo, 1853-
1854. Museu de Belas-
Artes, Nantes, França
WALTER CRANE. Cartaz político
de Cartoons dor the Cause,
1886. Gravura em madeira
AUGUSTE RODIN. Balzac,
1892-1897. Jardim do
Museu Rodin, em Paris
Representação em memória de um
fato da Guerra dos Cem Anos (séc.
IV), em que o porto de Calais, na
França, fica sob cerco dos ingleses
por um ano.

AUGUSTE RODIN. Os burgueses de


calais, 1895. Jardins do Parlamento
Britânico, Londres.
Representação em memória de um
fato da Guerra dos Cem Anos (séc.
IV), em que o porto de Calais, na
França, fica sob cerco dos ingleses
por um ano.

AUGUSTE RODIN. O beijo, 1888-89.


Mármore, 181,5 × 112.3 , Museu
Rodin, Paris
Impressionismo
[século 19 - ~1850-1900]

_ revolucionou a pintura no século 19;


_ deu início, mais diretamente, às tendências artísticas do século 20.
[Impressionismo]

Principais características:

_ Busca registrar as tonalidades que o objetos adquirem ao refletir a luz num


determinado momento (noção de efemeridade; a pintura como reveladora da
percepção da luz em um momento específico pelo olho humano)
_ Realidade = efeitos de luz
_ Recusa de contornos nítidos
_ Sombras luminosas e coloridas, representando a impressão visual que nos
causam
_ Preferência por pequenas pinceladas de tonalidades diferentes, ao invés da
mistura de tonalidades na paleta do pintor
CLAUDE MONET. Impressão, nascer do sol, 1872.
CLAUDE MONET. O Rio, 1868-55. 0,81x1m. The Art Institute of Chicago (Coleção Potter Palmer)
ÉDOUARD MANET. Um Bar no Folies Bergères, 1881-82. 0,85x1,295m. Coleção The Courtauld, Londres
AUGUSTE RENOIR. Le Bal du Moulin de la Galette, 1876. 1,31x1,75m. Museu do Louvre, Paris
_a técnica flexível do pastel:
permite explorar efeitos de
traço, tonalidade e cor

_o ponto de vista inusitado –


composição totalmente
descentrada

EDGAR DEGAS. Prima Ballerina, c.


1876. Pastel, 0,584x0,42m. Museu
do Louvre, Paris
_séries de quadros representando
um mesmo assunto em diferentes
condições de luz e atmosfera
(semelhança com as ‘visões
aéreas pintadas com vapor
colorido´ de Turner)

_Monet se concentrava nos


efeitos de luz colorida, e não na
fantasia subjetiva

_Forte efeito de “cortina” (o lago


ocupa a superfície toda da tela)

CLAUDE MONET. Os Lírios da Água,


Givérny, 1907. 0,93x0,74m.
Coleção Jocelyn Walker, Londres
Pós-impressionismo
[final séc. 19 - ~1880-1910]

_ pintores de tendências diversas, identificados, inicialmente, com o Impressionismo;


_ fase tardia do Impressionismo, para alguns autores. Para outros, um “passo além”.
[Pós-impressionismo]

Principais características:

_ Experimentações com cores, por exemplo:


• Objetos coloridos de modo “arbitrário”, ou não convencional;
• Grandes áreas de cores puras nas telas
• Cores representando emoções
_ Experimentações com traços de aspectos variados, conforme o artista
PAUL CÉZANNE. Auto-retrato, c.
1879. 0,350x0,270m. The Tate
Gallery, Londres
PAUL CÉZANNE. O Monte
Sainte-Victoire Visto do
Planalto de Bibemus, c.
1898-1900. The Baltimore
Museum of Art
VINCENT VAN GOGH. Auto-retrato,
1889. 0,57x0,43m. Coleção Mr. e
Mrs. John Hay Whitney, Nova Iorque
VINCENT VAN GOGH. Seara de Trigo com Ciprestes, 1889. 0,72x0,91m. The National Gallery, Londres
VINCENT VAN GOGH. Noite estrelada, 1889. 0,737x0,921m. Museu de Arte Moderna, NY
PAUL GAUGUIN. A Visão depois do Sermão, 1888. 0,73x0,93m. National Gallery of Scotland, Edimburgo
A arte dos cartazes
publicitários
Palavras + imagens

TOULOUSE-LAUTREC.
Moulin Rouge: La Goulue,
litografia em cores
(cartaz). 1,91x1,17m.
Civica Racolta di Stampe
Bertarelli, Milão e Jane
Avril no Jardim de Paris,
1893, 54x40cm. Museu
Toulouse-Lautrec, Albi.
WILHELM LEHMBRUCK. Jovem de pé, 1913 ERNST BARLACH. Homem puxando da
espada, 1911
Movimento das Ar tes e Ofícios e

Art Nouveau
[séc. 19: ~1835 - início do séc. 20]

_ Relação entre as artes e a indústria (decorrência da Revolução Industrial)


_ 1835: criadas escolas oficiais de desenho inglesas para aprimorar o design das manufaturas e
tornar a arte compatível com a industrialização
_ Movimentos pelo retorno da importância da tradição artesanal (John Ruskin e William Morris),
em repúdio à padronização e vulgarização dos produtos industriais
[Ar ts and Craf ts / Ar t Nouveau]

Principais características:

_ movimento mais ligado ao design gráfico e de produtos (móveis e objetos decorativos,


sobretudo) e à arquitetura
_ preferência por curvas e linhas sinuosas nas composições
_ valorização da assimetria
_ inspiração em motivos da natureza (fauna e flora)
_ atmosfera de leveza, alegria, delicadeza (uso de cores e de dourados)
_ influência da arte japonesa
_ valorização da ornamentação
_ integração entre artes aplicadas e arquitetura: uso de materiais industriais, como aço
e vidro, em uma nova linguagem
_a “arte utilitária” de William Morris (1834-1896)
Tapeçaria, 1879
Troilus and Criseyde, Chaucer, com ilustrações de Burne-Jones e decoração e tipografia de Morris.
Papel de parede Pimpernel, 1876

https://www.yourstylishhome.co.uk/william-morris-and-co-pimpernel-wallpaper-216856.html; https://pt.wikipedia.org/wiki/William_Morris
Jarra de vidro (c. 1879) com detalhes de
metal, de Christopher Dresser (1834-
1904)
Abajur e joias desenhados por Louis C.
Tiffany (1848-1933).
A mulher libélula, de René Lalique. Museu
Gulbenkian, Lisboa.
Henry Van de Velde. Cadeira com braços. 1900’s.

https://www.jacksons.se/products/oak-chair-15405/
Hector Guimard. O portão do Castel
Béranger (1894-8). Paris. Mesa
lateral, 1904-7. Escrivaninha, 1899

https://www.moma.org/artists/2407
Victor Horta: Hotel Aubecq (1899-1903),
hoje destruído, em Bruxelas
Entrada de Estações de
Metrô em Paris - Hector
Guimard (1867-1942)

https://www.archdaily.com.br/br/880796/classicos-da-arquitetura-entrada-das-estacoes-de-metro-de-paris-hector-guimard
Antoni Gaudí. Casa Milá, bloco
apartamentos em Barcelona, 1905-7.
https://www.archdaily.com.br/br/799966/classicos-da-arquitetura-casa-mila-antoni-gaudi;
https://runnerbeantours.com/casa-mila-or-casa-batllo-which-gaudi-house-to-visit/;
https://pt.wikiarquitectura.com/constru%C3%A7%C3%A3o/casa-mila/#
Almanaque de 1884. Kate Greenway
Ilustração de Walter Crane (1845-1915) para o Will Bradley. Capa do livro “When hearts are
livro A bela e a fera, edição londrina de George trumps”, de Tom Hall. 1895.
Routledge and Sons, 1874
Capa da revista La
Plume, fundada em
1889, em Paris
Eugène Grasset.
Cartaz para Le
Salon des Cent,
1897.

Aubrey Beardsley.
Anúncio para a
máquina de
costura Singer.
1898.
[A fotografia no século 19]

_ 1822: 1ª imagem fotográfica permanente; inventor francês Joseph Nicéphore Niépce (1765-1833)
_ 1839: primeira exibição pública do “daguerreótipo” (máquina fotográfica inventada por Louis
Jacques M. Daguerre (1789-1851) – início da ‘idade da fotografia’
“A fo to g r a f i a é , e m s i , u m “ m e i o ” , c o m o o
óleo ou o pastel, usado para criar ar te,
não podendo, por si só, reclamar-se
c o m o t a l . ” ( JA N S O N , 2 0 01 , p . 87 8 )

O que distingue ar te da técnica é a


razão pela qual é produzida e não o
modo de produção.

fotografia é arte?
Mas a fotografia também implica
criatividade e recorre à imaginação! Seu
tema e estilo dizem -nos tanto sobre o
mundo interior do fotógrafo quando sobre
o e x t e r i o r.
(Gaspard-Félix Tournachon -
caricaturista e jornalista francês. Usava
as capturas de fotos, no início, como
forma de capturar as feições para
elaboração de caricaturas)

NADAR. Sara Bernhardt, 1859.


Fotojornalismo

ALEXANDER GARDNER (fotógrafo


escocês, migrou para os EUA). O
lar de um Rebelde atirador de
elite, Gettysburg, 1863. Fotografia
com chapa úmida
O papel da fotografia
documental (e realista)

Denúncia de situações de
criminalidade e condições de
vida degradantes
principalmente dos bairros
pobres

O desprezo por esse tipo de


fotografia (na Inglaterra, a arte
bela deveria ser séria,
moralizadora, nobre – clássica)

JACOB RIIS. O Covil dos


Bandidos, c. 1888. Fotografia.
Museum of the City of New York
O lirismo e a
graciosidade nas
fotografias do tipo retrato

JULIA M. CAMERON. Retrato de


Ellen Terry, 1864. Fotografia com
chapa de albumina. The
Metropolitan Museum of Art, Nova
Iorque
A corrente “secessionista” e o “fazer
fotografia de modo que se parecesse
com pintura”

Controle sobre o processo de revelação


(adição de substâncias ao papel de
impressão, por ex.)

A sutileza, a profundidade, o caráter


“etéreo”, a sensação da presença de
“forças espirituais”...

GERTRUDE KÄSEBIER. A Bola de Cristal,


Chapa de platina. Royal Photographic
Society, Bath
EADWEARD MUYBRIDGE. Woman Pouring a Basin of Water over her Head, illustration
from 'The Human Figure in Motion', 1904
Ensaios de ÉTIENNE-JULES MAREY
ÉTIENNE-JULES MAREY. Homem de Roupa
Negra com Listras Brancas nos Braços e nas
Pernas Andando em Frente de uma Parede
Negra, c. 1884. Cromofotografia
Referências bibliográficas:

CHAMPIGNEULLE, B. A “Art Nouveau”. São Paulo: Verbo; EdUSP, 1976.


COLI, Jorge. O que é arte. 3ª Ed. São Paulo: Brasiliense, 1983.
GOMBRICH, E. H. A História da Arte. São Paulo: LTC, 1999.
HIDALGO, B. A originalidade técnica no desenho de Goya e seus contemporâneos: Abordagens sobre o
desenho na segunda metade do século XVIII. Varia Historia [online]. 2016, v. 32, n. 60 [Acessado 5 Maio
2022] , pp. 639-668. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/0104-87752016000300004>. ISSN
1982-4343.
JANSON, Horst Woldemar. História geral da arte. São Paulo: Martins Fontes, 1993. (Vol. 2: Renascimento
e Barroco e Vol. 3: O Mundo Moderno)
JANSON, H. W.; JANSON, A. E. Iniciação à História da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
SCHNEIDER, Beat. Design – uma introdução. O design no contexto social, cultural e econômico. São
Paulo. Editora Blucher, 2010.
WÖLFFLIN, Heinrich. Conceitos fundamentais da História da Arte. Trad. João Azenha Júnior. São Paulo:
Martins Fontes, 2015.

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