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Os Artífices Dionisíacos

Os Artífices Dionisíacos (por Hipólito José da Costa)


1. Hipólito da Costa viveu dois anos nos EUA (1798 a 1800), como diplomata a serviço da Coroa
Portuguesa, como observador das economias americana e mexicana, tendo sido Iniciado na
Filadélfia, sigilosamente, em 1799 (12.MAR, aos 25). Não parou de escrever a despeito de suas
andanças e movimentações políticas.
2. O mesmo homem D. João, Príncipe Regente, que o nomeara (aos 24) embaixador plenipotenciário
e que endossou sua prisão pela inquisição, foi o mesmo, já como rei D. João VI, em 1818, que assinava
sigilosamente o Correio Braziliense, de Londres!
3. Hipólito viu com clareza que “o mundo era plano” se dependesse do Atlântico, apelidado de “Lago
Maçônico”, e que nem a chacoalhante guerra da Independência americana conseguiria dissolver a
forte fraternidade maçônica dos dois lados do oceano.
4. Em 1802, em missão diplomática da Coroa Portuguesa, viajou a Londres para, dali, adquirir obras
para a Biblioteca Real e maquinário para incrementar a Imprensa Régia. Seu “alvo oculto”, no
entanto, era intensificar o intercâmbio entre as maçonarias londrina e lusitana, dado que estava
irremediavelmente arrebatado por duas Revoluções libertárias (a Americana e a Francesa).
5. A Inquisição não perdoou e, ao voltar, em 1803 foi aprisionado por lides maçônicas hereges e
conspiratórias. Bem, o filho caçula de Jorge III, Augusto Frederico, Duque de Sussex, já impressionado
pela lucidez e descortino de Hipólito da Costa, em “visita” à Corte lisboeta “resolveu a questão” e
patrocinou a fuga de Hipólito da Costa.
6. Pois bem, eis que investigando a misteriosa origem da doutrina maçônica (cuja existência da
doutrina nem todos os estudiosos atestam!), etérea segundo alguns, surge um ângulo inusitado do
personagem em tela, qual seja a preocupação com a raiz da Maçonaria nos Antigos Mistérios.
7. Em plena Era da formulação epistemológica da Ordem, sob a pressão que, mais tarde viria a
configurar-se como Era Maçônica, mercê do poderio da Ordem em envolver-se de modo intrínseco
e inexorável com Moral, Política, Religião e Ciência, as quatro principais vertentes do pensamento
humano, mesmo assim, Hipólito da Costa formulou o texto esotérico.
8. É bem provável que a força grega no Arcadismo lusitano, não só “interditou o iluminismo” no
modo de pensar português como, também, influenciou o foco de estudos maçônicos de Hipólito, por
via dos mistérios Dionisíacos e Eleusis. Além disso, ele observou, a distância, a presença desses
mistérios na Escócia e Inglaterra.
9. Segundo Hipólito, umas duas gerações (aproximadamente 50 anos) antes do templo de Salomão
(Jerusalém), uma colônia de gregos, majoritariamente de jônicos, migram para a Ásia Menor,
premidos pela explosão demográfica (chegada dos dóricos), e denominaram de Jônia a região
ocupada. Trouxeram maneiras típicas, ciências, religião e mistérios, entre outros.
10. Fixaram-se, na região, por volta do século 11 ou 12 aC e, logo, constituíram 12 cidades que
formaram a Liga Jônia. Eram muitos e bem aquinhoados pela forma de pensar e agir, de modo que o
termo jônico era considerado sinônimo de grego (embora fossem 4 (quatro) etnias. Hiram, rei de
Tiro, por volta do século 10 ou 11 aC., contratou os artífices-jônicos para o amigo rei Salomão...
11. Foram, de fato, os primeiros pensadores a dar abordagem filosófica (dos séculos 7 ao 5 aC.) ao
problema da existência suprema de uma causa, Arquiteto, Criador, sobre todas as coisas e seres.
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Os Artífices Dionisíacos

12. Os jônicos, de avançada cultura e ciência, tinham proficiência em arquitetura, a arte de construir,
e dominavam sistemática própria: a Ordem Jônica. A sociedade formada por eles, então, objetivava,
primordialmente, construções arquitetônicas.
13. Mais do que sociedade, a expansão de suas obras e construções apresentavam, cada vez mais, o
estilo corporativo e o rígido caráter de seita, com pilares morais: eis os Artífices Dionisíacos. Mais
tarde essa forma institucional influenciará os “construtores romanos”.
14. Com a notoriedade conquistada os Artífices Dionisíacos estenderam-se para a Síria, Pérsia e Índia,
ramificando-se no oriente.
15. Do ponto de vista de seita, a moralidade foi “inserida no arsenal de ferramentas e métodos”,
bem como os utensílios da arte da construção passaram a ser símbolos da arte de pensar e da
moralidade, tal o entrelaçamento da vida, da profissão e dos rumos a seguirem.
16. Filósofos pitagóricos e platônicos absorveram inúmeros conceitos e palavras derivadas como
retidão, obrigação, esquadro, esquadrinhar, justo agir, pedra (mente) bruta, pedra (mente) polida
etc...
17. Um grupo de artífices foi aceito e protegido por Cambises (+-530 aC), rei da Pérsia,
18. O desconforto foi grande ao ler a densidade importante do resumo do texto “Os Artífices de
Dionísio”, de Hipólito da Costa, não por seu conteúdo magistral, mas, sim, por ser mundialmente
conhecido e reconhecido, até os dias atuais, como obra raríssima, de valor incomensurável e de
representar iniciativa e empenho de entidades estrangeiras que, ao que parece, valorizam muito
mais do que os brasileiros, o vulto altaneiro de Hipólito da Costa.
19. Descoberto pela Sociedade Americana de Pesquisa da Imprensa, foi “escaneado” em 1936 e,
desde então (com unicodes digitais em Grego e Hebraico), encontra-se sob a guarda da Biblioteca
Central, da Grande Loja Maçônica de Cedar Rapids, em Iowa, EUA.
20. Vale a pena mostrar, já agora com o Esoterismo Ocidental sendo considerado o terceiro pilar, de
arcabouço acadêmico, ao lado da racionalidade grega e da fé (cristã), para a formação do
pensamento humano; ainda que superficialmente, pequeninos fragmentos do pensamento de
Hipólito da Costa, como sejam:
“Os Mistérios dos antigos (e Antigos Mistérios), bem como as Associações que
embasaram suas doutrinas, têm sido duramente consideradas nos tempos atuais, e
com o viés de depreciar e ridicularizar esses conhecimentos.
Os sistemas da antiga mitologia são tratados como absurdos monstruosos, que
minam a razão e o racional, e leva à idolatria e ao favorecimento de costumes
depravados.
Quando os homens foram privados da “luz da revelação”, aqueles que formaram o
sistema de moralidade para guiar as criaturas, de acordo com os ditames da razão,
mereceram os agradecimentos da humanidade; no entanto, esse sistema pode ter
vulnerabilidades ou ser “atropelado” pelo passar do tempo. O que aqueles primeiros
formuladores precisam é respeito e, não, escárnio.
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Os Artífices Dionisíacos

Nós nada sabemos sobre a história antiga dos Citas e dos Massagetas (persas), mas
sabemos que eles disputam antiguidade com os egípcios antigos e que os princípios
atribuídos a Zoroastro (ou Zaratrusta) têm aplicação quase exclusiva à Cítia e aos
Citas.
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No décimo século, durante as guerras das Cruzadas, algumas sociedades foram
instituídas na Palestina e Europa, que adotaram regulações assemelhadas às das
antigas fraternidades. Mas foi na Inglaterra, e principalmente na Escócia, onde o
remanescente dos velhos sistemas, identificados com os “Artesãos de Dionísio”, e os
mistérios dionisíacos, foram descobertos nestes modernos tempos”.
21. E mais a seguinte miscelânea):
-- alguns estudiosos creem ter sido introduzido, na Grécia, por Orfeu, os mistérios Dionisíacos ou, o
que é o mesmo, mistérios Eleusis; esses mistérios vieram do Egito (originados dos persas, que os
receberam dos Citas);
-- o aspirante ao ingresso nesses mistérios tem de ter uma idade mínima, pré-estabelecida, não são
aceitos quem tenha transgredido regras da sociedade;
-- durante a cerimônia o candidato é colocado em um quarto escuro (“capela mística”); tem de
responder as questões interpostas; é vendado; envolvido em uma capa;
-- três pessoas conduzem o candidato: o comandante-chefe, o capitão que regula a marcha; e o
capitão do descanso, quando a marcha faz recesso;
-- os mistérios são revelados gradualmente, em três partes;
-- há um estágio em que o candidato se vê confrontado, simbolicamente, com sua própria morte e
ressurreição;
-- perto de 50 anos antes da construção do Templo de Salomão, desgostosos com o aumento da
população (pela chegada dos dóricos) e com a disseminação indevida dos mistérios, um grupo de
gregos, principalmente jônicos, e mudaram-se para a Ásia Menor, denominando de Jônia sua nova
região;
-- dotados de conhecimentos aprofundados sobre os mistérios dionisíacos, eles montaram uma
sociedade de estudos com o nome de “Artífices de Dionísio”;
-- expandiram suas atividades e chegaram à Síria, Pérsia e Índia; data deste período a correlação de
elementos da astronomia (que deu origem aos ritos dionisíacos) com a arte de construir;
-- a sociedade conseguiu espraiar sua moral societária e as ideias da arte de construir, a todas as suas
atividades profissionais, comunitárias e, até, na benemerência;
-- sua discrição era velada e protegida por emblemas da lide arquitetônica e certas palavras;
-- na construção do Templo de Salomão, Hiram, rei de Tiro, indicou para seu amigo Salomão
estrangeiros com extrema proficiência em construção; eram os Artífices, que dominavam o estilo
grego, chamados de Giblins, vindos de Biblos (onde estava o templo de Apolo, dos mistérios Eleusis);
-- esse grupo, hábeis reparadores do Templo, formaram as seitas essênias; eles são referidos como
assideus, apegados com força à lei, protetores dos desassistidos, e podem ser “encontrados” em I
Macabeus 2:42 (livro bíblico católico);
-- nos encontros da seita eles não admitiam mulheres;
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Os Artífices Dionisíacos

-- Flávio Josefo, o historiador judeu do primeiro século depois de Cristo, entre outras peculiaridades,
salienta a conformidade das ideias dos essênios com as dos platônicos e dos dionisíacos, quanto à
natureza da alma, tudo temperado por símbolos, alegorias e parábolas;
-- fora da Judeia, e com o mesmo substrato de ideias e ideais, sociedades idênticas sobreviveram até
o século 18, na Síria, Índia, Pérsia;
-- com a ação predatória consequente das invasões bárbaras, o Cristianismo ganhou foros
institucionais e conquistou o manejo do poder temporal, como limítrofes de moralidade;
-- a expansão da ciência contribuiu para um “olhar depreciativo”, quase fanático, em relação às
antigas doutrinas e velhos sistemas de moralidade, que consideraram ateísmo e idolatria as práticas
vetustas;
-- a história “congelou” maiores pesquisas sobre esses mistérios, que permaneceram “latentes” na
Escócia (principalmente) e na Inglaterra, talvez com a movimentação acarretada pelas Cruzadas, que
instituíram sociedades similares na Palestina e na própria Europa.

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