Você está na página 1de 14

Arquitetura no Renascimento Carolíngio: O nome do império Carolíngio vem de Carlos Martel, que impediu a

expansão mulçumana pela Europa. O seu neto, Carlos Magno, teve grande importância na expansão do cristianismo
pela Europa e na criação de mosteiros, já que ele era um grande apoiador dessas instituições.

O Império Carolíngio não tinha capital, mas possuía uma espécie de quartel general (em torno do ano 800) em uma
cidade que hoje fica na fronteira entre Alemanha e Bélgica chamada Aix-la-Chapelle (em francês) ou Aachen (em
alemão). Não se sabe muito como era esse espaço mas havia uma capela (que talvez servisse como mausoléu).

A sala do trono se assemelhava a uma basílica e no perímetro tinha uma terma, tudo isso indicando o reverenciamento
do Carlos Magno à cultura do Império Romano. Hoje em dia a única construção em pé é a Capela, que tinha elementos
da arte bizantina como decoração, no entanto em volta dela foi construída uma catedral no período gótico (apesar do
interior ser bem preservado).

O período é chamado de Renascimento Carolíngio pois ele financiou a cultura na Europa Ocidental, que estava
adormecida desde a queda de Roma. Como ele ajudou muito na expansão do catolicismo, Carlos Magno foi coroado
imperador por Leão III em 800.
Mosteiros: A arquitetura Pré-Românica tem como principal tipo construtivo o
mosteiro e, nas origens desse tipo de edificação estão os eremitas e anacoretas.
Eles eram homens com dificuldade em aceitar a estrutura social das cidades que
saiam em busca de isolamento em montanhas, cavernas ou colunas e
teoricamente nunca saíam de lá.

Faziam isso em nome de deus e costumavam flagelar o próprio corpo como


forma de sacríficio. Um grande exemplo foi São Simeon Sylite que ficava num
alto de um pilar. Com o tempo, as pessoas começaram a reverenciar eles
(viravam milagreiros e santos).

No fim do século IV já haviam cerca de 20.000 anacoretas só no Egito. Essa


quantidade absurda permitiu o início que eles se reunissem em sociedade
(cenobitas) que evoluíram para os primeiros mosteiros.

O primeiro mosteiro no ocidente foi o de São Bento de Nursia (480-560), que


ficava no Monte Cassino na Itália (era o início da Ordem dos Beneditinos). Ele
propôs que os mosteiros deveriam ter como regra as seguintes:

 Pobreza
 Castidade
 Celibato
 Obediência
 Taciturnidade
 Valorização da vida comunitária (supressão do indivíduo)
 Celebração/adoração a Deus e a sua obra (seis orações por dia além da missa)
 Trabalho
 Autoridade absoluta do abade
 Hospitalidade
 Isolamento da vida mundana
 Autossuficiência

Os mosteiros, portanto, começaram a ser implantados em espaços isolados (diferente dos eremitas que ficavam
relativamente próximos as cidades, já que se alimentavam por doações de fieis). Assim eles escolhiam novos espaços
para cristianizar e lá criavam espaços aonde era produzido todo o necessário para a sobrevivência, desde alimentos
até roupas.

Os mosteiros foram os espaços que guardaram os textos antigos e a cultura na Europa Ocidental (na Oriental foi o
Império Bizantino).

Eventualmente os senhores de terra começaram a financiar mosteiros (principalmente com a doação de terras) por
dois grandes motivos: primeiramente pela devoção a Deus e, em segundo lugar, para dar um destino seguro aos seus
filhos não primogênitos ou filhas mulheres, que não virariam proprietários das terras (não que a vida de monges e
monjas fosse agradável, mas pelo menos continuariam
vivos). Muitas vezes as famílias que financiavam tinham certo
poder sobre o mosteiro (nomeando cargos por exemplo).

As ordens monásticas mais importantes foram:

 Beneditinos – Século VI: foram os primeiros e entre


eles estão os Cluniacenses (Século X)
 Cistercienses – Século XI: fundada em protesto
contra as extravagâncias beneditinas
 Agostinianos – Século XII
 Premonstratenses – Século XII
 Cartusianos/Cartuxos – Século XI
 Ordens Mendicantes: Dominicanos, Franciscanos e Carmelitas – Século XII
 Ordens Militares: Hospitalários e Templários – Século XII

Mosteiro de St Gallen: Não foi um mosteiro executado e existiu apenas em planta, mas indica tudo o que era essencial
ao se planejar um mosteiro.

 Igreja: Maior elemento, normalmente com uma divisão no meio que impedia que os monges e as pessoas de
fora compartilhassem o mesmo espaço. Isso acontecia para evitar fugas do celibato. Tinha o altar para leste e
a entrada para oeste.
 Claustro: Como uma praça do mosteiro, era um pátio aberto com ambulatório em volta que pode ser
comparado ao peristilo das casas romanas (não é um átrio pois é uma área mais reservada). Normalmente é
localizado embaixo do braço sul da igreja. Na construção em volta do claustro ficavam os espaços para as
principais funções dos mongesn, incluindo os quartos, os refeitórios e as salas de estar (sala dos monges).
Normalmente na parte ao leste da construção (bem ao lado da Igreja) ficava a Sala de Capítulo que era aonde
haviam reuniões ou assembleias dos monges. No caso especifico de St Gallen, a Sala de Capítulo ficava no
subsolo. Ela tinha esse nome porque no início de cada reunião eles liam um capítulo da bíblia.
 Área dos noviços: Normalmente com claustros próprios e igrejas menores.
 Casa dos hóspedes e alojamento para cortes: indicando a hospitalidade dos mosteiros.
 Escola: indicando a preocupação com a educação.
 Morada do abade: o abade era quem governava o mosteiro. Quando havia um abade, poderia ser chamado
de abadia, de modo que toda abadia é um mosteiro mas nem todo mosteiro é abadia.
 Casa de sangria: eles costumavam sangrar os doentes para tirar as impurezas do sangue.
 Casa do médico: outra obrigação do mosteiro, eles cultivavam hortas e ervas na propriedade.
 Guardas de bichos: indicando a autossuficiência desses espaços.
 Casa de artesãos
 Ferrarúrgicas
 Cemitério: muitas vezes o solo (que é fértil) era coberto por pomares e hortas. Normalmente ficava no leste.
 Muro: Os mosteiros eram murados para proteção contra bárbaros (principalmente) e contra ocasionais
ataques de outros mosteiros rivais. Os pés da igreja tinha porta para fora dos muros para receber os fiéis que
não eram monges (podem ser chamados de conversos).

A centralização da Igreja no projeto indica como todas as funções econômicas do mosteiro estão subordinadas à
religiosa.

Com o tempo, os mosteiros foram se consolidando e ganhando mais riquezas, dessa forma começaram a ter luxos
(melhor comida, menos trabalho braçal, monges mais importantes pensando e conversando com Deus o dia inteiro e
os novos plantando e sofrendo, etc.), divergindo das ideias iniciais.

Mosteiro de Cluny (910): Esse mosteiro due origem a uma ordem monástica muito importante do período (como
indicado no mapa lá em cima), com diversos mosteiros que era como colônias autônomas mas ligadas culturalmente
e com obediência implícita ao primeiro. Inclusive, os abades de Cluny eram extermamente importantes, com os seis
primeiros sendo considerados as pessoas mais importantes da Europa durante a época em que comandavam o
mosteiro (até reis respondiam a eles).

O mosteiro foi destruído na Revolução Francesa mas existem muitos registros de como ele era. Uma particularidade
é que, como ele foi se expandindo, haviam três igrejas, com a terceira sendo a maior (de 1050) e a segunda sendo
seccionada pelo claustro principal (deixaram a entrada oeste como uma entrada para o claustro e o altar como uma
capela).

Na construção, foram usadas colunas romanas no claustro, que foi construído em torno de 1040.
Mosteiro de Citeaux (1098): Foi o primeiro mosteiro dos cistercienses e sobrou muito pouco dele.

Nesses mosteiros os monges estavam autorizados a receber ajuda de conversos no trabalho e com o tempo se
converteram em uma sociedade de duas classes. Eram de rotina muito rigorosa (no inverno das 2h as 16h e no verão
das 2h as 20h) possuindo 6 a 7h por dia reservadas para cânticos. Como não havia aquecimento na Igreja nem nos
dormitórios, a expectativa de vida era abaixo dos 30 anos.
Mosteiro de Fontenay (1139): Ficava próximo a um curso d’água, o que ajudava na limpeza de latrinas e na metalurgia.
Era um mosteiro cisterciense e por isso não tinha ornamentações. As igrejas eram baixas e sombrias (não haviam
janelas de clerestório e as naves eram iluminadas apenas por janelas nas extremidades.

Mosteiro de Fountains Abbey: Também de ordem cisterciense.


Abadia de Le Thoronet: Tinha claustro no norte pois o terreno era em declive e se colocassem no sul o claustro ficaria
mais alto que a própria igreja. Na planta podem ser vistos o armarium, aonde guardavam os itens para rituais, e a

sacristia, aonde fica a hóstia. A parte hexagonal do projeto é aonde ficava a fonte ou chafariz.
Fortificações Medievais: Não deve-se confundir castelos e palácios pois os primeiros são construções aonde o caráter
defensivo se sobressai ao de residência (fortificações).

Entre os aspectos importantes na concepção de um castelo está o fato de normalmente ser construído em elevações
(caso não houvessem elevações na região, eles construíam uma para recebe-lo). Como mecanismos de defesa
poderiam haver fossos inundados com pontes levadiças também.

Essas fortalezas eram um método de defesa a ataques que tinham tradição romana (excessão: canhão, inventado na
Idade Média), inclusive não havia o costume da artilharia de pólvora, algo inexistente na Europa até o século XIV e que
foi a primeira tecnologia bélica a superar as técnicas romanas.
Em relação aos espaços presentes em um castelo, o mais importante era a Casa Torre, que era o reduto mais defendido
e era para onde a família do senhor e os mais próximos iam se abrigar em casos extremos. Esses eram também os
moradores do castelo que ficavam na palas enquanto não estavam sofrendo ameaças (durante os ataques alguns
camponeses que levavam animais para alimentação dos nobres também entravam na fortaleza).

Ao analisar esses espaços, é importante ver que quanto mais longe do núcleo (Casa Torre) menos defendido, indicando
que nas extremidades ficava tudo o que era menos importante para o senhor.

Um sistema de defesa frequente era o merlão e a ameia. Os cavaleiros conseguiam se proteger atrás do merlão e
atacar diagonalmente pela ameia.

Normalmente haviam dois pátios, algo que veio da tradição islâmica, e o pátio com poço era próximo à Casa Torre
(dentro dela havia também um espaço para estocagem de comida).

A muralha possuía uma passagem coberta que permitia a visão de dentro para fora mas não permitia a de fora para
dentro, o que ajudava na defesa.

Em alguns castelos havia uma área sem cobertura na entrada aonde poderiam encurralar os atacantes.

Muzenberg: Esse castelo possuía duas torres, criando dúvida nos atacantes já que escondia a hierarquia normalmente
visível nessas fortificações (enquanto a torre não era usada como proteção, ela servia de mirante). Também é
perceptível o caminho labiríntico na entrada, técnica desenvolvida com ideias de defesa. A aldeia se localizava no sopé
da elevação.
Sopé dos Pirineus: Uma cadeia de castelos próximos usados pelos franceses para se defender na fronteira com a
Espanha. Entre eles estavam o Quéribus e o Peyrepertuse .

Peyrepertuse (806) é o maior de todos os castelos medievais e fica 300 metros acima de uma planície, sendo um lugar
muito protegido já que os atacantes precisariam escalar para chegar até ele.

Quéribus (Século XIII) fica bem próximo a Peyrepertuse e era bem fechado, sendo muito difícil de invadir (uma
fortaleza dessas só seria atacada no interior por erros como deixar uma janela aberta, por exemplo).
Chateau Gaillard: Um castelo inglês nas proximidades de Paris (da época em que a Inglaterra possuía terras na França).
É um castelo muito avançado e possuía duas partes, com uma sendo um posto avançado de defesa (Ouvrage Avancé).
Ele possuía paredes de até 4m de espessura, uma boa defesa contra canhões, e ficava próximo ao Rio Sena, de maneira
que poderiam “vigiar” quem passava por lá. Essa proximidade ao rio tornou o espaço um Belvedere.

A área chamada de Donjon é a Casa Torre. Esse castelo foi atacado apenas uma vez quando deixaram uma janela
aberta no Ouvrage Avancé.

Mont Saint Michel: Uma fusão de mosteiro beneditino e castelo. Ele foi construído seguindo as características de
fortificação mas no topo haviam todos os espaços básicos de um mosteiro. Fica na Normandia, aonde se instalaram
vikings que depois colonizaram a Inglaterra.
Entre as especificidades dessa construção está o fato do claustro ficar ao norte, pois assim se encaixava melhor para
que o Mont Saint Michel servisse como posto de observação (dado o caráter defensivo). Outro aspecto importante é
o fato de que quando a maré subia era impossível chegar na ilha, já que não havia nenhuma passagem (até hoje
quando sobe a maré é difícil de chegar pois cobre a ponte), dessa forma eles usavam o mar como fosso.

Observando as características arquitetônicas, é possível encontrar um claustro gótico, uma sala de refeitório românica
e uma sala dos monges intermediária entre os dois estilos.

É importante ressaltar que a torre central é uma construção do século XIX (apesar de inicialmente haver uma torre no
cruzeiro da igreja) e que muitas estruturas acabaram sendo construídas para ampliar a área útil (causando alguns
colapsos).

Feudalismo: É como é chamada a relação entre castelo, unidade rural produtiva e


aldeia durante a idade média. Muitas vezes a aldeia feudal cresceu e se emancipou
se tornando uma cidade. O castelo era a casa do senhor que era o soberano de
todo o feudo (aplicando multas, taxas, pedágios, impostos, etc). Inclusive, para o
uso de equipamentos do feudo como paiol, moinho e forja era preciso pagar ao
senhor.

Você também pode gostar