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A Basílica de São Pedro situa-se em Roma, na Colina Vaticana, a oeste do Rio Tibre (em
italiano Tevere) perto da Colina Janículo e do Mausoléu de Adriano (atual Castel Sant’Angelo) e
a menos de 150 metros do local de martírio dos cristãos de Roma, entre eles o notório martírio
do Apóstolo Pedro.
Após ser perseguido e crucificado de cabeça para baixo no Circo de Nero, São Pedro foi
sepultado numa colina muito próxima. Sua sepultura inicialmente teria sido marcada apenas
por uma pedra vermelha que simbolizava seu nome. Nos anos que decorreram,
posteriormente ao seu sepultamento, um pequeno santuário formou-se entorno do seu
sepulcro e com o passar do tempo e devido à vontade de outros cristãos de serem sepultados
nas redondezas do que seria o túmulo de São Pedro, o pequeno santuário transformou-se
gradativamente em uma grande necrópole sagrada.
O crescente número de peregrinos ao santuário formado, fez com que alguns séculos
depois, com a ascensão do catolicismo ao poder imperial, Constantino I ordenasse a
construção da antiga basílica de São Pedro no intuito de dignificar a memória do Apóstolo e de
atrair e acomodar ainda mais peregrinos ao túmulo de São Pedro e consequentemente a
Roma.
ANÁLISE FUNCIONAL E FORMAL
A antiga basílica de São Pedro em Roma talvez seja o exemplo mais sobressaliente da
arquitetura deste período, substituída entre os séculos XVI e XVII, hoje temos uma noção real
da imagem do antigo edifício e de sua história construtiva através das escavações e descrições,
de antigos desenhos e pinturas.
Para vencer o desnível do terreno, os muros de fundação das naves no lado sul tiveram
de se elevar 8 metros acima da encosta da colina, enquanto no lado norte cortavam a parte
superior da encosta. A construção avançou rapidamente apesar das dimensões do edifício e da
complexidade do projeto.
Por volta do ano de 329 a basílica estava concluída e ao ano de 337, quando morre
Constantino, estavam em seus lugares as inscrições dedicatórias em mosaico do arco da abside
e o arco triunfal. Os murais da nave central, visíveis até o século XVI, datavam de meados do
século V.
O projeto original parece não ter sofrido alterações durante sua execução: os muros de
fundação foram feitos todos por uma só vez com 2 metros de espessura e revestidos com
tijolos (técnica construtiva do Opus Listatum) desde os níveis mais profundos, isto devido à
forte inclinação do terreno. A “memória” de São Pedro, desde o seu martírio venerada pela
cristandade, agora era acessível às multidões de peregrinos para cultos e celebrações dentro
da monumental basílica.
A basílica de São Pedro, basílica cemitério, servia aos mortos, a aqueles que desejavam
estar juntos de São Pedro ao fim de suas vidas e também aos vivos, para celebrações tais como
os banquetes funerários. As funções de martirium e sala funeral justificam o tamanho e planta
do edifício, multidões de Romanos reuniam-se para venerar o apóstolo, centenas desejavam
enterrar-se naquele solo sagrado.
Sob o terreno, escavado no século XVI, estavam inúmeras tumbas, algumas inclusive
com sarcófagos do século IV. As paredes estavam cercadas de luxuosos mausoléus e tumbas
imperiais de outras datas posteriores ao século IV.
Por trás do altar e pelos lados do relicário se alinhavam os clérigos que assistiam aos
cultos, sobressaindo-se o bispo e o alto clero por detrás das cortinas da abside. O Transepto
era a zona comum para a congregação e também para o clero, servindo de localização para
todos os ritos em que ambos participavam ativamente: a veneração do relicário e a comunhão.
A parede da nave central alcançava uma altura total de 32 metros. A dupla fila de
frescos do antigo testamento e suas molduras de estuque, pertencentes ao século V, ainda no
século XVI encontrava-se em bom estado de conservação. Onze amplas entradas de luz,
colocadas alternadamente entre vãos de colunas, iluminavam a nave central.
Como em Latrão, as colunas que separavam a nave central das laterais assentavam-se
sobre altos pedestais e apoiavam-se, sobre uma arcada, uma parede aonde eram apoiados os
telhados das naves colaterais. Uma sequência de vãos no alto destas paredes aligeirava o peso
que carregavam as colunas, as naves laterais eram todas a mesma altura e as naves interiores
não possuíam iluminação, sendo somente as naves laterais exteriores e o transepto dispostos
de iluminação.
Somente no início de 1500 voltou-se a falar em uma nova basílica quando Papa Júlio II
encomendara seu túmulo a Michelangelo. O artista Florentino projetou um grandioso
monumento em forma de pirâmide cujo qual não acabaria por ser muito grande para ser
abrigado na atual Basílica de São Pedro, as precárias condições do antigo edifício aliados a
vontade do Papa de ter um digno local para seu túmulo impulsionaram então, definitivamente,
a construção da nova basílica.
Sucedendo Raffaello veio Antonio Da Sangallo que esteve à frente do projeto de 1520
a 1546. Período em que a obra não pode prosseguir devido a problemas financeiros da igreja.
Sangallo ampliou a planta de Bramante, de modo a cobrir toda a superfície da antiga basílica.
De facto, esta área tinha sido considerada solo sagrado e Leão X pretendia que fosse incluída
na nova construção. Para chegar ao seu objetivo, o arquiteto projetou a fachada entre duas
torres sineiras, ligada ao corpo principal da igreja por um vestíbulo.
Em 1603 a nova São Pedro convivia, ainda, com a antiga basílica. Nesse meio tempo,
cresceu o partido daqueles que não desejavam o arrasamento da antiga igreja, mas, sugeriam
integra-la como uma espécie de átrio para o novo templo.
Apesar disso, o Papa Paulo V, decidiu por derrubar as velhas paredes que já naquele
ponto haviam sido retirados daquelas blocos de mármore. Para isto, contratou Carlo Maderno
para que estendesse a ala leste da nova igreja, incorporando, desse modo, a superfície da
antiga basílica. Assim sendo, a fachada ficaria muito mais à frente. Maderno realizou uma
estrutura de três naves para liga-la ao edifício de Michelangelo. A Basílica de são Pedro obteve,
então, uma forma longitudinal, com planta em cruz latina.
Finalmente em 1626, a Basílica de São Pedro como conhecemos hoje foi concluída e
consagrada pelo Papa Urbano VII.
CONCLUSÃO
O objeto de estudo nos ensina também a maneira como o sítio age sob a arquitetura,
como a história por vezes não delimita ou patrimonializa as intervenções mas sim às
condiciona. O carácter das colinas vaticanas, sua história pesada de atrocidades, sofrimento e
esperança que uma vez condicionaram a construção da maior obra paleocristã, e por sua vez a
maior obra do período barroco, jamais aceitaria algo menor do que o maior possível.