Você está na página 1de 6

Concílio de Nicéia

O cristianismo foi a princípio uma religião urbana, das cidades. Por esse motivo, ao estudarmos
a história da instituição eclesiástica, nos pegamos estudando praticamente a história do clero e
das decisões dos líderes da Igreja, desde os diáconos e presbíteros, até chegarmos ao
complexo esquema hierárquico já existente no quarto século, com secretários, leitores das
escrituras, porteiros, teólogos, monges e a figura dos patriarcas nos três primeiros grandes
centros cristãos: Antioquia, Alexandria e Roma1. É óbvio porém que, nesse sentido que
consideramos aqui, existe então uma outra história que não a História da Igreja, há também a
História do Rebanho ou algo que poderíamos chamar de a História da Fé, afinal não podemos
nos esquecer de que para o Logos jamais foram os mais chegados a ele o motivo de sua
vinda, pelo contrário, Jesus veio para estender seu arraial (Jl 2:11; Mt 12.46-50), e não para
dar atenção a um pequeno grupo; é uma visão distorcida da missão evangélica imaginar o
clero como superior ao rebanho, pois diante de Deus somos todos irmãos em Seu Filho (At
10.34; Tg 2.1-13), sendo o papel do clero não reinar, pois só há um rei, mas ter por meio de
uma vida consagrada a Deus, o direcionamento do Espírito Santo para servir às ovelhas do
Bom Pastor (como Jesus ensinou aos discípulos: “o maior entre vós seja como o menor; e
quem governa, como quem serve”; e a Pedro disse “[...]tu pois, quando te converteres,
fortalece os teus irmãos.” – Lc 22).

Sendo a nós impossível estudarmos a história do rebanho, pois essa não foi registrada em
riqueza de detalhes na História, cabe-nos atentar para as decisões da liderança da Igreja, e
imaginar como foi a vida de um rebanho liderado com tais ordenações. Por isso, falamos sobre
uma Igreja temente a Deus até a morte, pois olhamos para os três primeiros séculos e vemos
os apóstolos e bispos sendo martirizados por Jesus, e falamos sobre cristãos orgulhosos de
sua fé como candeias colocadas em postes nas ruas de todo o Império, pois vemos no início
do quarto século um imperador que reúne em Roma o poder religioso e o poder civil, a lei de
Deus e a lei dos homens. Ou seja, o que sabemos do cristianismo ao longo da História é uma
imagem, uma construção da imaginação, alimentada por informações que colhemos por parte
de cartas conciliares, registros de autores como Eusébio, Teodoreto e Gelásio de Cízico e, em
grande parte, dos documentos oficiais dos bispados por sés em todo o mundo. Uma regra que
é válida hoje, e certamente o foi ao longo dos últimos dois mil anos, é que o rebanho é um
reflexo e uma consequência do pastorado, e em tempos de fraqueza eclesiástica, Deus levanta
dentre suas ovelhas novas lideranças, como fez com o simples escravo negro Calisto, elevado
a Papa Calisto I, e John Bunyan, um simples consertador de panelas no interior da Inglaterra,
que após ser sua conversão se tornou um dos maiores pregadores de todos os tempos.2

1
Aos três patriarcados, somava-se já nos primeiros séculos o de Jerusalém, que apesar de estar ligado ao bispado de
Cesareia era tido como um patriarcado honorífico, situação que ainda se mantém nos dias de hoje quando o bispado
de Jerusalém está sujeito à Roma. Já no Concílio de Nicéia é reconhecido oficialmente o patriarcado de Antioquia, o
primeiro a ser fundado na história da expansão da Igreja, o de Alexandria, subsequente ao primeiro, e o Romano,
considerado o centro da Igreja Ocidental desde os primeiro séculos pré-nicenos. Nessa ordem, a Tradição da Igreja
considera como tendo sido o primeiro patriarca de Antioquia, São Pedro; de Alexandria, Marcos, o evangelista; e de
Roma, São Pedro.
2
John Bunyan (1628 – 1688) é autor do clássico “O peregrino”.

1
Buscando a unificação doutrinária
Com a entrada do Imperador na Igreja de Cristo, o clero passou por uma importante mudança.
Ainda que em seu interior (doutrina, liturgia e ofícios) nada tenha mudado com a chegada do
novo ilustre líder romano, em seu exterior, a face da Igreja diante do mundo, ocorria a maior
mudança jamais imaginada desde os judeus que esperavam Jesus entrar em Jerusalém com
um manto real, montado sobre um poderoso cavalo de batalha. O quarto século se iniciou com
o Imperador colocando fim à perseguição aos cristãos e, ao receber um sonho da parte de
Deus, decidiu fundar uma nova capital para a parte oriental do império em Bizâncio, no
Bósforo, com o objetivo de ter ali uma "Nova Roma", dotando-a de duas nobres igrejas
dedicadas aos apóstolos e à paz. A Igreja dos Santos Apóstolos foi erguida em 330, e
Constâncio II, filho de Constantino, ergueu a segunda edificação, a Basílica de Santa Sofia3.

Tal decisão foi significativas para a Igreja, pois com o fim da perseguição voltava a expansão
do rebanho com novas conversões, e com a transferência da capital do Império, a Igreja
Oriental se fortificava em autoridade e a Igreja Ocidental (centrada em Roma) se distanciava
dos centros de discussão política podendo dedicar-se com mais afinco a gerenciar a atuação
dos bispos ao redor do mundo.

Sendo Roma essa espécie de centro administrativo do mundo cristão, esperava-se que as
reuniões conciliares ocorressem lá, o que não aconteceu pois os primeiros concílios
centralizavam-se todos no oriente. O motivo dessa estranheza é compreensível, era no oriente
que todas as discussões teológicas se iniciavam e se desenvolviam, e era de lá que vinha a
maior parte dos apologistas e teólogos como Inácio e Teófilo, de Antioquia; Clemente,
Orígenes, Atanásio, Ambrósio e Cirilo, todos de Alexandria; Irineu, Papias e Policarpo, de
Esmirna. E dentre todos esses grandes nomes, nenhum se fez mais presente nas discussões
teológicas no terceiro e quarto século que Orígenes.

Agora unida ao poder do Estado, a Igreja


Cristã podia começar a intentar uma
mudança administrativa da maior
importância, a unificação da Igreja Oriental
e Ocidental, o que não necessitava de ser
feito no aspecto político, com a união dos
Patriarcados – o que jamais ocorreu –, mas
doutrinariamente, com a unificação da fé
iniciada desde o primeiro concílio da
História, o de Jerusalém (At 15).

Sempre que a Igreja entende ser


necessária uma unificação doutrinária, seja
no aspecto positivo de redigir uma norma, Figura 1 – Afresco na Capela Sistina, no Vaticano,
representando o Concílio de Nicéia em 325 d.C
seja no aspecto negativo de condenar uma
heresia e proclamar anátemas, ela
convoca um Concílio. Se a questão é local,
o concílio é local como foi o de Jerusalém
(51 d.C) que visava resolver uma

3
A igreja dos Apóstolos foi destruída pelos turcos no século XV, mas a igreja de Irene de Justiniano construída no
mesmo lugar ainda permanece, adornada com esplêndida decoração iconoclasta. A antiga igreja de Santa Sofia (de
Cristo, a Sabedoria divina) pereceu pelo fogo na Revolta de Nica (séc. VI).

2
controvérsia iniciada em Antioquia, ou o Concílio de Alexandria (231) convocado por Demétrio
para discutir a possível excomunhão de Orígenes; se o tema é de interesse de toda a
comunidade cristã ao redor do mundo, o Concílio é Ecumênico, como o foi o niceno e o
constantinopolitano.

No início do quarto século era chegada a hora de buscar a unificação relativa aos dois
principais pontos teológicos da época, Trindade e Cristologia. Essas questões são importantes
por se tratar da forma como a Igreja entende o Deus Criador, e o Filho Salvador (apenas
posteriormente os bispos passaram a discutir a pessoa do Espírito Santo). Adicionalmente a
esse debate a Igreja precisaria discutir anátemas, e dispor sobre pontos menores relacionados
ao monasticismo e a reintegração dos apóstatas. E qual era o ponto de divergência teológico
relativo ao Pai e ao Filho? Vejamos.

Jeová e Jesus Cristo


No segundo século o cristianismo foi defendido pela primeira vez diante do Império por um
apologista chamado Atenágoras, que escrevendo a Marco Aurélio em defesa da fé cristã,
apresentou uma vigorosa argumentação que se propunha a retirar de sobre os seguidores do
Evangelho do Nazareno três grandes acusações: ateísmo, imoralidade e antropofagia4. Em seu
escrito, o apologista demonstra a Marco Aurélio que ele deve ser honrado, não adorado, e que
isso se deve pelo esclarecimento revelado nas escrituras judaicas que evidenciam ser
unicamente a Deus devido o culto de adoração. A fé dos cristãos, para Atenágoras, é uma fé
inteligente, de pessoas que entenderam a posição do homem no mundo e diante de Deus nos
céus, e assim o primeiro apologista mostra que o Deus Criador é uma Trindade:

“O próprio Espírito Santo também, que opera nos profetas, afirmamos ser uma
efluência de Deus, fluindo d’Ele e retornando novamente como um raio de sol. Quem,
então, não se surpreenderia ao ouvir homens que falam de Deus Pai, e de Deus Filho,
e do Espírito Santo, e que declaram tanto seu poder na união quanto sua distinção na
ordem, serem chamados ateus?”5

Após tão bela e corajosa defesa da fé cristã, Tertuliano se dirige à Igreja de Roma para mostrar
a Triunidade, e já temos aqui iniciada a jornada teológica em busca da compreensão mais
aproximada da essência de Deus. Sendo porém essa compreensão impossível em plenitude, a
Igreja precisava refinar ao máximo sua compreensão, para evitar inclusive os maiores
problemas internos nascidos nesses três primeiros séculos, as discordâncias teológicas que já
haviam ocasionado um número imenso de cismas, como o de Blasto, em Roma (Eusébio, HE
V, XV), o de Népos, no Egito (Ibdem, VII, XXIV), de Novato, em Roma (Ibdem, VI, XLIII)
levando Cipriano a escrever sua famosa obra A unidade da igreja6, o Cisma Donatista na Igreja
da África no séc. IV, paralelamente ao cisma de Melício, no Egito, quando confessores
passaram a ser mais admirados que alguns bispos, e assim eram ordenados pela própria

4
Ateísmo pois não fazendo os cristãos utilização de imagens (nem pinturas, nem estátuas), os policiais do Império
retornavam em seus relatórios a afirmação de que os cristãos prestavam cultos a nada, e isso era ateísmo; imoralidade
pois aquele estranho grupo que se reunia antes do nascer do sol, ao encontrar-se saudavam uns aos outros com beijos
(ósculo santo) e, abraçando-se calorosamente eram vistos como um grupo que não resguardava diferença entre os
sexos, todos reunindo-se sobre um mesmo lugar longe das vistas dos populares; e antropofagia porque o culto cristão
tinha como ápice beber o sangue e comer o corpo de um homem chamado Jesus, filho de Maria. As acusações que
hoje podem parecer loucas, até engraçadas, nos primeiros séculos não eram incríveis pois os cultos pagãos
realizavam rituais tão – e até mais – loucos do que esses dos quais os cristãos eram acusados.
5
Atenágoras, Petição em favor dos Cristãos, X.
6
Conforme vimos no Capítulo anterior.

3
congregação como bispo local, isso sem contar a grande divisão entre a Igreja do Ocidente e a
Igreja do Oriente, que começou discutindo a controvérsia quartodecimana sem chegar a uma
unificação de pensamento, mas apenas a uma pacificação momentânea que não resistiria por
muito.

Já na nova capital, o Imperador iniciou uma série de tentativas de estabelecer o cristianismo


como religião popular naquele Império de tradição pagã, não apenas construiu importantes
igrejas nas principais cidades, como financiou o trabalho de copistas para tradução e cópia das
Escrituras Sagradas, enviou equipes para localizar o Santo Sepulcro onde Cristo havia sido
sepultado, assim como o local de sua crucificação, dando início à construção da Basílica do
Santo Sepulcro; o imperador desejava ainda ser batizado no rio Jordão.

Constantino representava o momento perfeito para colocar fim à divisão formal da Igreja, e as
primeiras discordâncias a serem resolvidas pelos teólogos diziam respeito aos principais
personagens da fé cristã no quarto século, o Pai e o Filho.

Resultados do Concílio de Nicéia


Após o cisma donatista, não apenas a Igreja Ocidental encontrava-se separada da Igreja
Oriental, como os cristãos do oriente se separavam também em dois grandes blocos, os que
apoiavam a visão de Ário, e seus opositores. Para Ário, Deus é um só e, assim, Jesus não era
Deus, mas sim um filho subordinado ao Criador. Com as definições doutrinárias dos pais
apologistas como Atenágoras, Tertualiano e Orígenes, a Igreja entendia cada vez melhor que o
Deus de Abraão, Isaque e Jacó se apresentava desde o início como Atenágoras dizia, em trias,
trindade. Porém, para um mundo tomado pelo politeísmo, voltar os olhos dos seguidores de
Jesus Cristo para uma divindade trina, era um movimento muito arriscado que poderia
descambar para o retorno à adoração de diversos deuses, afinal, se o cristão pode adorar três
deuses, porque não poderia adorar quatro, cinco ou nove? Não bastasse a cisão teológica
causada por Ário, diácono de Alexandria, grandes nomes da Igreja oriental aderiram à sua
visão e passaram a defendê-lo publicamente, como Eusébio de Cesaréia e Eusébio de
Nicomédia. Foi então que Constantino, em uma tentativa política de colocar fim ao conflito,
enviou um emissário (Ósio de Córdova) para conciliar a questão, convocando o Concílio de
Nicéia para acontecer após a Páscoa do ano 325.

Uma vez que o objetivo do Concílio convocado pelo Imperador era pacificar toda a situação da
[des]união da Igreja, foram convocados participantes de todo o mundo cristão, ainda que
praticamente a totalidade dos bispos fosse do oriente, com exceção do próprio Ósio e dois
presbíteros, Vito e Vicente, ambos vindos de Roma. Reunindo-se no dia 20 de maio de 325 no
palácio imperial de Nicéia, os bispos juntamente com o Imperador – que então presidiu a
sessão inaugural – deram início à assembleia e seu resultado consta dos 20 cânones
resultantes da reunião e, principalmente, de seu símbolo de fé, o Credo Niceno7.

7
https://ccel.org/ccel/s/schaff/npnf214/cache/npnf214.pdf

4
Cremos em um só Deus, Pai todo-poderoso, criador de todas as coisas visíveis e invisíveis.

Ε em um só Senhor Jesus Cristo, o Filho de Deus, gerado unigênito do Pai, isto é, da substância do
Pai;

Deus de Deus, luz de luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não feito, consubstancial ao
Pai;

por quem foram feitas todas as coisas que estão no céu ou na terra.

O qual por nós homens e para nossa salvação, desceu, se encarnou e se fez homem.

Padeceu e ressuscitou ao terceiro dia e subiu aos céus

Ele virá para julgar os vivos e os mortos.

E no Espírito Santo.

E quem quer que diga que houve um tempo em que o Filho de Deus não existia, ou que antes que
fosse gerado ele não existia, ou que ele foi criado daquilo que não existia, ou que ele é de uma
substância ou essência diferente (do Pai), ou que ele é uma criatura, ou sujeito à mudança ou
transformação, todos os que falem assim, são anatematizados pela Igreja Católica.

Logo no início do Credo vemos a temática principal relativa à questão ariana, a substância de
Deus em Cristo (ousia, do grego οὐσίας substância, essência). Essa expressão denota a maior
vitória do primeiro concílio ecumênico, a conclusão doutrinária de que Jesus é Deus, e não
apenas um representante encarnado do Criador. Em seguida, a afirmação de que Jesus havia
sido gerado (gennithénta, do grego γεννηθέντα que quer dizer nascido). Afirma o credo ainda
que Jesus Cristo não é o Verbo apenas da criação terreal, mas também celestial ([...]que estão
no céu ou na terra). A conclusão tenta reunir todas as possibilidades heréticas que pairavam
sobre o arianismo, referindo Jesus a uma existência a partir de um momento determinado na
linha do tempo cósmica, o que é descartado com os dizeres “E quem quer que diga que houve
um tempo em que o Filho de Deus não existia..., são anatematizados”.

Além do símbolo de fé, principal objetivo da reunião, foram redigidos ainda 20 cânones para
instrução da Igreja de Cristo na Terra, referindo-se a questões como a ordenação de eunucos
para o clero (c. 1); a instituição do celibato para todo o clero (c. 3); a primazia das sés
metropolitanas de Antioquia, Alexandria e Roma sobre suas regiões (c. 6); o posto honorífico
do bispo de Aélia (Jerusalém; cf. c. 7); deposição imediata de todos os que haviam apostatado
e agora exerciam posto no clero (c. 10); fim das transferências de bispos, presbíteros e
diáconos de uma cidade para outra (c. 15); e a proibição da prática da usura por parte do clero
(c. 17).

5
A Igreja pós Nicéia
As palavras de Giuseppe Alberigo em História dos Concílios Ecumênicos fazem excelente
síntese das consequências do primeiro concílio ecumênico, diz o autor:

A época que segue a Nicéia pode ser vista, em grandes linhas, como história da
recepção do concílio, processo mediante o qual as Igrejas, em meio a uma série de
dificuldades e lutas, foram se apropriando das decisões de Nicéia, não só em sentido
negativo, associando se à sua condenação do arianismo, mas também em sentido
positivo, repensando o conteúdo do seu símbolo de fé e reconhecendo-o como
tradição, ou seja, como expressão dogmática vinculativa de certo modo, definitiva.8

Não é porque a doutrina da Igreja estava definida que, de imediato, a cristandade ao redor do
Império Romano deixaria de acreditar no que acreditava no dia anterior. O que saiu de Nicéia
não foi uma transformação de mentes e corações, mas uma redação eclesiástica para guiar as
catequeses e, nos casos dos bispos discordantes, espicaçar seus sermões com o temor de
estar indo não apenas contra a ordem da Santa Igreja, mas do próprio Imperador. E ao longo
dos anos que vão do concílio até a morte do imperador (337 d.C), não apenas o arianismo
continua a crescer em todo o mundo, como o próprio Ário que havia sido exilado ao fim de
Nicéia, foi reabilitado 10 anos depois, no Sínodo de Alexandria juntamente com seus
partidários. Não apenas o Concílio de Nicéia fracassou em aplicar seu símbolo em toda a Igreja
Católica, como a igreja cismada mostrava ser impossível a unificação doutrinária, mesmo que o
Imperador se assentasse nas reuniões conciliares.

Com a morte de Constantino, seu substituto no oriente é Constâncio II, seu filho, favorável a
Ário e, portanto, de posicionamento teológico oposto ao do ocidente, agora que Constante, seu
irmão, se assenta no trono. Assim, não apenas a Igreja no oriente tem posicionamento oposto
à Igreja do ocidente, como também os posicionamentos políticos são opostos. Se antes de
Nicéia havia uma clara divisão entre leste e oeste, agora tudo estava potencializado em
campos políticos e religiosos.

Logo em seguida à morte de Constantino, diferentes concílios locais passaram a ser


conclamados, o que acabou fazendo com que a unidade do símbolo niceno perdesse
aplicabilidade prática ao redor do mundo, e até mesmo os exilados fossem perdoados e
retomassem seus postos, como aconteceu com Ário e seus defensores.

Fernando Melo
Brasília, 8 de junho de 2022

8
ALBERIGO. G. História dos Concílios Ecumênicos. Editora Paulus. São Paulo, 1995.

Você também pode gostar