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ÍNDICE

INTRODUÇÃO GERAL................................................................................................2

I – O CONTEÚDO HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA DA


PESSOA DE CRISTO...................................................................................................4

A – Período dos Pais Eclesiásticos...........................................................................4


B – Cristologia na Reforma – Século XVI...............................................................25
C – A Teologia e o Iluminismo.................................................................................26

II – O ASPECTO BÍBLICO DA CRISTOLOGIA.........................................................39

A – Preexistência de Jesus Cristo e as Objeções.................................................39


B – Encarnação e Humanidade de Cristo...............................................................53
C – Que Tipo de Humanidade Jesus Recebeu na Encarnação............................56
D – As Tentações......................................................................................................64
E – A Divindade de Cristo........................................................................................77
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INTRODUÇÃO GERAL

Quem é Jesus Cristo? É a pergunta que nos propomos responder, e o objetivo desta
matéria. Embora a mensagem apostólica e a literatura neotestamentária sejam
enfáticas em apresentar a Jesus Cristo como o Messias, Filho de homem e Filho de
Deus, digno de adoração, este mistério permanecia um desafio à razão humana, e
por isso mesmo mais perguntava-se: quem é este Homem?
As respostas a esta pergunta desde o primeiro século foram as mais variadas:
 Os arianos negavam a Cristo, sua consubstancialidade divina.
 Os docetas, gnósticos e apolinários negavam sua integridade humana.
 Os nestorianos negavam sua unidade pessoal.
 Os eutiquianos negavam sua dualidade de natureza.
 Os monotelitas negavam sua dualidade de vontades e operações.
 A corrente do Jesus histórico negou o Jesus da teologia.
Em suma, a Cristologia dividia estes homens, quando seu objetivo devia ser uni-los
e reuni-los na mesma igreja.
Neste processo histórico da Cristologia houve basicamente duas correntes que
caracterizaram e caracterizarão a igreja até o fim:
[a] Ora, a ênfase na humanidade minimizando a divindade.
[b] Ora, a ênfase na divindade minimizando a humanidade.

Contudo, no decorrer da história cristã, quatro concílios estabeleceram alguns


marcos no estudo da pessoa de Cristo: Nicéia (325AD), Constantinopla (381), Éfeso
(431) e Calcedônia (451). Nestas ocasiões a igreja definiu:
 A consubstancialidade do Verbo com o Eterno Pai.
 A integridade e realidade de sua natureza humana.
 A verdade de sua encarnação.
 A união hipostática de suas duas naturezas (em uma só pessoa).
Temos no estudo de Cristologia algumas razões subjacentes para empreendê-lo:
 Ver como o Espírito Santo tem procurado guiar as pessoas através dos séculos.
 Ver como certas idéias novas que surgem e surgiram entre os ASD, que nada mais
são do que antigas soluções diversas vezes já apresentadas, e não poucas vezes
são heresias.
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 Ver o que as pessoas crêem sobre Cristo, e esclarecer problemas de crença sobre
a pessoa de Cristo.
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I – O CONTEÚDO HISTÓRICO DO DESENVOLVIMENTO DA DOUTRINA DA


PESSOA DE CRISTO

A – Período dos Pais Eclesiásticos

Começa no ano 95 A.D., com primeira epístola de Clemente e se estende até ao


Concílio de Calcedônia em 451 A.D. Este é o mais rico na discussão cristológica.
[1] – Pais Apostólicos – são os primeiros autores do primeiro século e início do
segundo. Através de seus escritos, estes cristãos ensinaram uma bem definida
Cristologia com salientada ênfase na divindade de Cristo.
[a] Considerava-se Cristo como o Pré-Existente Filho de Deus, que participou na
obra da criação.
[b] Era visto como o Senhor do Céu, que aparecerá como Juiz dos vivos e dos
mortos.
[c] Jesus é denominado Deus nas epístolas de Inácio: “Nosso Deus, Jesus Cristo,
nascido de Maria, segundo o decreto de Deus... mas também do Espírito Santo .”
(Epístola dos Efésios XVIII, 2).
[2] – Apologistas –as acusações contra os cristãos e a atitude hostil do Império
Romano fizeram com que surgissem defensores do cristianismo, reconhecidos como
os apologistas. Através de sua defesa dos cristãos, eles deixaram entrever suas
crenças.
[a] O mais importante representante deste é Justino, o mártir. Ele via Cristo como o
Logos Divino, Mestre, Filho e Apóstolo do Pai. Por ocasião da criação do mundo, o
Logos Endiáthetos (esteve com Deus, como sua própria razão), nasceu do Pai, e
através dele o mundo veio a existir.
[b] Para Justino, o Logos Divino, na plenitude dos tempos, encarnou em Cristo, e
assim surgiu o Homem Jesus. Desta forma o Filho procedeu do Pai.
[b.1] Subordicionismo é uma conclusão natural. Os apologistas são vistos como
subordinacionistas.
[3] – Ebionitas – Cristianismo judaico – (os pobres) – sua origem está envolta em
muitas incertezas. Eram grupos sectários que surgiram da congregação de
Jerusalém, e se caracterizavam por sua confusão de elementos judaicos e cristãos.
[a] Nos escritos cristãos judaicos pode-se ver o contorno de sua cristologia:
 Cristo é posto em igualdade com os profetas do Antigo Testamento.
 Cristo é visto como um novo Moisés.
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 Para os ebionitas Cristo era apenas homem, e negavam sua encarnação virginal.
 Cristo recebera o Espírito Santo no batismo, quando foi escolhido para ser o
Messias e Filho de Deus. Foi escolhido por Deus para ser o Messias, por ter
cumprido a lei judaica de maneira plena.
 Negavam à sua morte e ressurreição qualquer poder salvífico. A salvação era
relacionada com sua vinda para fundar um reino messiânico para os judeus em
Jerusalém.
 A ênfase é posta no Jesus histórico, humano em detrimento do Cristo da fé.
[4] – O Gnosticismo – é anterior ao surgimento do Cristianismo. Era, então, um
fenômeno religioso vago e difuso. Ele procede do Oriente, influenciado pelas
religiões de Babilônia e da Pérsia. Posteriormente o gnosticismo surgiu na Síria e
em território judaico, especialmente, em Samaria, onde assumiu características
judaicas. Foi esta forma gnóstica que os apóstolos encontraram com Simão, o
mágico. A gnose cristã se inicia com Simão, conforme a tradição cristã (os pais
eclesiásticos).
[a] Características básicas do gnosticismo pré-cristão:
[1] Visão dualista do universo: o contraste entre o mundo espiritual e real das idéias
e o mundo totalmente mau da matéria, dos fenômenos materiais.
[a] O mundo espiritual, ou das idéias é o mundo bom. O homem deve se esforçar
para retornar a ele.
[b] O instrumento de libertação deste mundo mau e entrada no mundo bom, é o
conhecimento, gnósis, que é uma iluminação espiritual mística.
[c] Sincretismo – mistura de conceitos filosóficos e religiosos de Babilônia, Pérsia,
Síria, Egito.
[b] Características básicas do Gnosticismo Cristão – Em relação à Cristologia.
[1] Negação da humanidade de Cristo. Diante da glória da pré-existência de Cristo e
de sua pós-existência eterna, eles, os gnósticos, assumiram uma postura docética,
negando a existência da vida terrena de humilhação de Cristo. eles negavam a vinda
de Cristo em carne. Tratava-se apenas de uma aparência. Cristo era um ser
celestial, um fantasma, e não um homem de carne e osso.
 Logo sua encarnação não era real. Seu nascimento da virgem era aparente.
 Negavam a morte efetiva de Jesus.
 Não existia o Jesus histórico.
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[2] A morte de Cristo não tinha significado salvífico. Cristo era apenas o Revelador
da sabedoria esotérica. E este conhecimento proporcionava a salvação a um
pequeno grupo (pneumáticos) que podia entender e receber este conhecimento
salvífico. Cristo era visto, somente, como o transmissor de gnose que salvava o
perdido.
[3] Ênfase posta na divindade e negação absoluta de sua humanidade.
[c] O Gnosticismo representou a crise mais grave por que passou o cristianismo
desde os dias do primeiro concílio em Jerusalém, quando se discutiu o lugar da lei
na salvação. Foi a segunda grave crise do Cristianismo.
[1] Apóstolo João escreveu sua primeira carta direcionada à heresia gnóstica então
embrionária. (I João 4:2,3).
[5] – Os Pais Antignósticos – Caracterizaram-se sob este título por causa do seu
conflito contra o gnosticismo. Lutaram especialmente contra o repúdio gnóstico à
criação. por isso mesmo a teologia da igreja primitiva estava centrada na criação
divina, bem como na doutrina de Deus.
[a] Cristologia de Irineu. Irineu era discípulo de Policarpo, que por sua vez era
discípulo de João, o apóstolo. Para Irineu, Bispo de Lyons, no final do II século, a
Bíblia era a única fonte de fé. Era por causa disso um teólogo bíblico na acepção da
palavra.
[1] A Teologia da Salvação de Irineu pressupõe sua Cristologia. Para ele Cristo é
Verdadeiro Homem, Verdadeiro Deus (Vere Homo, Vere Deus).
“Se os inimigos do homem não foram vencidos pelo homem, não podem ter sido
verdadeiramente vencidos: além disso, se a nossa salvação não procede de Deus,
não podemos estar plenamente seguros que estamos salvos. E se o homem, não se
unisse com Deus, não lhe seria possível compartilhar a imortalidade.”
[2] O Filho existiu com o Pai desde toda eternidade.
[3] Cristo é o Segundo Adão, o oposto do primeiro. No primeiro Adão herdamos a
perdição e através do Segundo Adão recebemos a salvação. Pelo poder de sua
obediência e obra de expiação tornou-se o cabeça da nova humanidade.
[4] Cristo é a plena revelação de Deus.
[b] Cristologia de Tertuliano – nasceu e abastada família pagã em Cartago. Estudou
Direito e exerceu a profissão em Roma. Entre os anos 190 e 195 converteu-se ao
cristianismo em Roma, provavelmente. É considerado o Pai da Teologia Latina. Seu
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grande mérito foi o esclarecimento preciso de muitos termos teológicos, até então
vagos. Em Cartago foi nomeado presbítero, em Cartago faleceu.
[1] Na obra “Contra Praxeas” define sua teologia do Logos, Cristo. Faz nesta obra
declarações que antecipam as conclusões do Concílio de Nicéia, 100 anos depois.
“Todos são de um, por unidade de substância, embora ainda esteja oculto o mistério
da dispensação que distribui a unidade numa Trindade, colocando em sua ordem os
três, Pai, Filho e Espírito Santo, três, contudo... não em substância, mas em forma.”
[a] Mesma ousia (substância), mas não a mesma upostáseis – são três pessoas.
(Persona).
[2] Sua Cristologia é subordinacionista. O Logos, Cristo, procedeu da razão de Deus
na Criação (Justino). Quando Deus disse “Haja Luz”, nasceu a Palavra. Cristo
procedeu da essência do Pai, logo, o Filho está subordinado ao Pai. O Pai é Maior
que o Filho, pois é o Pai quem gera e envia o Filho.
[3] O Logos, Cristo, é distinto do Pai. O Logos é uma “Persona”. O Filho é uma
pessoa independente que veio do Pai.
[a] Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste... Não foi Deus Pai quem
clamou, pois neste caso estaria clamando a si mesmo, foi o Homem, o Filho que
clamou ao Pai.
[b] Foi enviado pelo Pai. O que envia é distinto do que é enviado.
[4] Qualidade divinas e humanas estão em Cristo. o Logos, Cristo, é uma só pessoa
com duas substâncias diferentes, que estão unidas numa só pessoa. Jesus possui
duas naturezas, divina e humana, que se uniram numa só pessoa, mas não se
combinaram. “Vemos seu duplo estado, não misturado, mas conjugado em uma
única pessoa, Jesus, Deus e Homem (“Contra Praxeas”, 27).
[a] O Logos, Cristo, apareceu em carne, revestido de forma corpórea, mas não se
transformou em carne.
[b] A pessoa de Cristo possui duas naturezas: divina e humana.
[5] A Doutrina Posterior das duas naturezas de Cristo baseou-se em Tertuliano, que
pode assim ser resumida:
 Ousia – uma substância – expressa a unidade.
 Upostáseis - três pessoas – expressa distinção de pessoas.
[6] – Teologia Alexandrina – Orígenes – Alexandria era um centro comercial e
cultural, que foi fundada por Alexandre, o Grande, em 332 AC. Em Alexandria,
Ptolomeu Soter criou uma biblioteca com mais de 700 mil volumes. Havia nela um
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museu, e uma renomada universidade, onde se reuniam os mais distinguidos


homens cultos. Era um centro de cultura helênica e semítica. Além disso outros
povos participavam da visa da cidade: babilônicos – astrologia, persas – dualismo,
religiões de mistérios. Encontra-se nesta cidade dois dos mais famosos nomes da
Igreja: Clemente de Alexandria, Orígenes.
[a] Em Alexandria havia a Escola Catequética, por volta de 185, e liderada por
Panteno. Mas foi Clemente de Alexandria que a escola adquiriu proeminência.
[b] Em Alexandria o ensino religioso não tinha as características apologéticas como
no Ocidente e Ásia Menor, onde a filosofia foi severamente condenada, vista como
incompatível com a fé cristã apostólica.
[c] Em Alexandria a filosofia era considerada como serva do cristianismo. O
resultado deste casamento foi o surgimento do gnosticismo cristão.
[d] Clemente de Alexandria foi um representante típico desta teologia
acentuadamente especulativa. Depois continuado após sua morte, por seu discípulo
Orígenes.
Cristologia de Clemente de Alexandria:
[1] O Logos Divino, tem uma função pedagógica através da história. Entre os judeus
o Logos proclamou a lei, entre os gregos a filosofia; e no Cristianismo deu-se sua
manifestação definitiva e final, em Jesus Cristo – o conhecimento salvador pelo qual
os homens são trazidos à fé.
“Nosso pedagogo é o Deus Santo, Jesus, o Verbo que é o guia da humanidade
toda”. (Pedagogo 1:7).
[2] O Logos encarnado não sentia dor nem prazer devido ao seu estágio espiritual
superior. Esta era uma visão quase docética.
[e] Orígenes, nascido de família cristã entre 182 a 185, tornou-se o mais completo
conhecedor da Bíblia entre todos os escritores da igreja primitiva. Sucedeu a
Clemente como diretor da Escola Catequética de Alexandria, no ano 203.
Perseguido pelo bispo local., foi para Cesaréia, onde fundou uma escola
catequética. Morreu em Cesaréia em 251, ou em Tiro em 254.
Cristologia de Orígenes:
[1] O Logos, faz parte do mundo espiritual criado por Deus. O Logos preexistiu
eternamente de modo independente. Disse: “Nunca houve tempo em que Ele não
existisse”.
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[2] O Logos não foi criado no início do tempo, Ele nasceu de Deus na eternidade,
como uma emanação do mundo espiritual da divindade.
[3] O Logos é uma essência do Pai, e a Ele subordinado. O Filho é um segundo
Deus. Só o Pai não nasceu, ou seja, é Agénnetos. Tanto o conceito Homooúsios
como o subordinacionismo estão presentes na teologia de Orígenes (igualdade com
Deus e mesma substância).
[f] Estas duas tendências da teologia viveram em tensão e mais tarde dividiram-se
em duas escolas:
[1] RIGHT WING – Ênfase na divindade e eternidade do Filho, o que trona Cristo
igual ao Pai. ( Homoousios ).
[2] LEFT WING – Ênfase na distinção entre o Pai e o Filho. Ele (Orígenes) se recusa
em definir esta distinção como uma limitação do Filho – Subordinacionismo. (
Homoiousios ).
[7] – Adocionismo ou Monarquianismo Dinamista – Negava-se, aqui, o conceito
de trindade, pois alegavam ser incompatível com a fé em um Deus único –
monoteísmo. O Adocionismo rejeitava o conceito da divina economia (distinção das
três pessoas da divindade condicionada ao plano da salvação).
[a] Os adocionistas repudiavam a divindade de Cristo. Acreditavam ser Cristo mero
homem. Negava sua preexistência.
[b] Ensinavam que por ocasião de seu batismo o homem Jesus recebeu o Cristo
como uma energia divina, que se tornou ativa dentro dele a partir do batismo.
[c] Cristo, assim, era um homem dotado de poder divino. E este poder era uma
energia impessoal, nunca o logos como persona, ou como hipóstase independente.
[d] O mais destacado defensor desta corrente teológica foi Paulo de Samósata,
bispo de Antioquia por volta do ano 260 A.D.
[8] – Modalismo – Não aceitava a doutrina da Trindade, sob nenhum aspecto. Só o
Pai é Deus, é o único. Para o Modalismo, o Pai e o filho são a mesma hipóstase,
mesma essência, mesma pessoa. São o mesmo Deus sob nome e forma diferentes.
A diferença entre eles está só no nome - o Filho e o Espírito Santo são apenas as
formas que a Divindade assumiu conforme a necessidade ao aparecer no mundo.
[a] Deus apareceu em formas diversas em épocas diferentes. Primeiro de modo
geral em a natureza, depois como Filho, e por fim como o Espírito Santo.
[b] As três pessoas são três diferentes modos em que o mesmo Deus se revelou.
Não são hipóstases independentes, negava também sua preexistência.
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[c] O Modalismo nem faz juz à divindade de Jesus, pois diz que se trata apenas de
modo da revelação da divindade. Nem pode , ao mesmo tempo, fazer justiça a usa
humanidade, pois Jesus é um modo de ser da divindade. Não se trata nem de outra
pessoa divina ou humana.
[d] O principal teólogo desta escola foi Sabélio, que ensinou em Roma em 215 A.D.
[9] – Cristologia de Novaciano – Teólogo do Ocidente – do III século. Era
presbítero em Roma em torno de 250 A.D. Foi o primeiro da congregação cristã a
escrever em latim. Ele se limitou a defender a corrente teológica de Tertuliano.
[a] Para ele entre o Pai e o Filho existe uma comunhão de substancialidade. É o
equivalente latino ao famoso termo posteriormente consagrado em Nicéia
“Homoousios”. Para ele, Cristo era plenamente Deus e plenamente Homem.
[b] A consubstancialidade com o Pai era contra o Adocionismo.
[c] A verdadeira humanidade de Cristo e a distinção entre as pessoas da Divindade
era contra o Modalismo.
[d] Estabelecia uma distinção entre o Pai e o Filho, que o conduziu a
subordinacionismo. O Pai é imutável e absolutamente transcendente. Por isso não
pode se comunicar com o homem. Para que a comunicação fosse possível, ela
acontecia através do Filho, portanto tratava-se de um ser inferior. O Filho esteve
eternamente no Pai, por um ato seu o Filho veio a estar com o Pai, num momento da
eternidade.
[e] Ele não nega a divindade do Filho, mas o subordina ao Pai. É esta corrente de
pensamento que vai dar origem ao Arianismo.
[10] – Concílio de Nicéia e o Arianismo – 325 A.D. – IV século.
[a] O IV século testemunhou o início de uma nova era para a igreja. Constantino
transformou a igreja perseguida na igreja tolerada; e mais tarde, com a fundação de
Constantinopla, a igreja tolerada passou a ser a igreja favorecida. Isto trouxe
algumas consequências.
[1] Agora os pais da igreja tiveram tempo para pensar. Desta época são os maiores
pais da igreja: Atanásio, Agostinho, Ambrósio e Jerônimo.
[2] Conversões em massa, comprometendo a pureza da Igreja.
[3] Desenvolvimento teológico inigualado até então sob a proteção do império.
[4] Condenação imperial por se tomar posições teológicas que não fossem do
interesse do império. As discordâncias teológicas passaram a ter uma dimensão
política.
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[b] Ário – presbítero da Igreja de Alexandria – foi treinado na tradição


subordinacionista de Orígenes (Left Wing). Negava a consubstancialidade do Filho
no Pai. Foi discípulo de Luciano de Antioquia que foi seguidor de Paulo de
Samósata, (Adocionismo) por volta do ano 310 A.D.
[1] Monoteísmo Absoluto – Deus não podia conferir sua essência e qualquer outro
ser por se tratar de um ser uno e indivisível. Assim o Filho não podia ser uma
emanação do Pai, nem parte de sua substância, nem outro similar ao Pai.
[2] O Filho não pode ser preexistente, sem começo, poios neste caso seria irmão e
não Filho de Deus. Houve um tempo em que Ele não era, foi criado, quando Deus
resolveu criar o homem, e através dele, Filho, fomos criados.
[3] O Filho veio a existir por um ato criador de Deus. para Ário, Cristo é uma
Criatura. Assim, o Filho tem começo. Houve um tempo em que Ele não existia.
[4] Cristo era, para Ário, um Ser intermediário: inferior a Deus e superior ao homem.
Contudo, conferia-lhe atributos divinos no sentido honorífico em função do
significado de Cristo na salvação do homem. Estes ensinos se alastraram pelo
Oriente.
[c] Alexandre, bispo de Alexandria, convoca um sínodo, que tem a participação de
100 bispos egípcios. Por motivo de heresia, ele depõe e condena Ário por volta do
ano 320 A.D.
[d] Ário escreveu a simpatizantes de sua causa, conseguindo apoio especial de
Eusébio de Nicomédia, que o recebe em sua diocese sob os protestos de Alexandre,
bispo de Alexandria. Esta disputa ameaçava a unidade da igreja e a coesão do
Império Romano.
[e] Constantino – Ele sonhou que o cristianismo seria a causa da unidade do
império. Agora ele o via à beira de uma cisma. Isto colocava em jogo também a
unidade do próprio império. (hósio/hóssio).
[1] Para solucionar esta crise, e como não entendia o alcance do assunto, enviou
seu conselheiro teológico: Hósio de Córdoba, ao Oriente como seu representante
para conciliar as duas partes. Vendo Hósio que a divisão entre os partidos era
profunda demais para ser resolvida por esforço de conciliação, informou a
Constantino sobre a seriedade da crise.
[2] Constantino, então, resolveu convocar um concílio para a cidade de Nicéia, na
Bitínia, em 325 A.D. O assunto era o problema de Ário. Participaram deste concílio
300 bispos, que se dividiram em três grupos:
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[a] Pequeno grupo liderado por Eusébio de Nicomédia, que pensava ser fácil
alcançar a adesão da grande maioria. Este era o grupo de arianos puros.
[b] Pequeno grupo de opositores do Arianismo liderado por Alexandre, Bispo de
Alexandria. Ao seu lado estavam Atanásio, seu diácono e Hósio de Córdoba.
[c] 3º grupo formava a grande maioria, liderado por Eusébio de Cesaréia. Este
grupo não tinha opinião firme e não percebia a importância do assunto. E por medo
do sabelianismo (modalismo) , eram relutantes em condenar o subordinacionismo de
Ário em termos radicais.
[d] Além disso estava a influência do imperador, mais interessado na unidade do
império do que no problema teológico. Ele queria encontrar uma fórmula mais
aceitável que conciliasse a maioria.
[3] Julgando os arianos ser fácil conseguir a adesão do grande grupo, Eusébio leu,
cruamente, a posição ariana. Diante das claras implicações do arianismo os bispos
se escandalizaram e daí em diante a causa ariana estava perdida.
[f] Implicações de doutrina de Ário afetavam a doutrina de Deus e a da salvação.
[1] Introduziu idéias politeístas e adoração à criatura.
[2] Destruiu a base da salvação por negar a divindade de Cristo.
[3] Idolatria.
[g] A fórmula de Nicéia foi aceita sob a sugestão do imperador Constantino ao
apresentar a palavra Homoousios (mesma substância) para acabar com a discussão
de que o Filho não era criatura de Deus. Palavra que diferia de homoiousios, que
significa substância parecida, semelhante. Cristo, na decisão de Nicéia é
consubstancial, ou seja, possui a mesma substância do Pai.
[1] O credo afirmava que o Filho era verdadeiro Deus do Verdadeiro Deus, da
mesma substância – Homoousios.
[2] Além disso o credo (niceno) acrescenta, no final, uma seção de anátemas. Ficava
claro que se visava não deixar nenhum espaço para o Arianismo que a partir daí foi
considerado como herético.
[h] Devido às diversas maneiras como foi interpretada a palavra Homoousios por
diversos grupos, a discussão se estendeu por mais 50 anos.
[1] Homoousios – unidade de substância, tradução aproximada.
[2] Homoousios – unidade absoluta entre o Pai e o Filho, sem distinções
fundamentais (similar a anterior).
[3] Homoousios – eternidade e divindade do Filho. Mesma substância.
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[4] Homoousios – Arianos: substâncias diferentes – um grupo de arianos assinou o


credo e os anátemas, procurando conciliar o credo com suas idéias; um segundo
grupo aceitou o credo e recusou assinar os anátemas; o terceiro grupo recusou
assinar o documento por inteiro. Aqueles que recusaram assinar parte ou todo do
documento foram banidos do império e excomungados.
[i] A ascensão de Constâncio (Ariano) – Os maiores oponentes do arianismo no
Oriente foram: Eustáquio de Antioquia, Marcelo de Ancira, Atanásio de Alexandria,
amigo e substituto do bispo de Alexandria, Alexandre, após sua morte. Todos os três
foram condenados e banidos pela habilidade política de Eusébio de Nicomédia. O
mais proeminente entre eles foi Atanásio. Era o mais temido devido a importância de
sua sede, Alexandria. Além disso era um dos maiores homens da igreja de todos os
tempos. Era um defensor da fé nicena. Banido duas vezes, conseguiu assumir sua
diocese 362 A.D. Com a morte do imperador Constâncio, em 361 A.D., ariano, foi
restabelecida a fé nicena sob a influência de Atanásio.
[11] – O Concílio de Constantinopla (381 A.D.) e os Três Capadócios – Basílio, o
Grande, m. 379, arcebispo de Cesaréia, figura principal na vitória final da teologia
nicena sobre o arianismo; Gregório de Nissa (m. em torno de 384), irmão mais moço
de Basílio, e Gregório de Nazianzo. Por causa da influência destes três se deu a
derrota final do arianismo. Eles prepararam o caminho para a vitória da ortodoxia.
[a] A Solução da Controvérsia Ariana – A falta de precisão nos termos empregados
na decisão foi uma das causas da dificuldade.
[1] No Ocidente havia uma terminologia mais ou menos fixa, já por este motivo não
houve muito problema.
[a] No Ocidente, desde a época de Teturliano usava-se o termo substância para
indicar o elemento comum da divindade, sua natureza básica.
[b] E a palavra persona para falar da personalidade do Pai, do Filho e do Espírito
Santo. Distinção das pessoas.
[2] No Oriente não havia a mesma precisão de termos. As palavras ousia e
hipostasis eram usadas como sinônimos. Não havia um que pudesse traduzir
adequadamente a palavra persona do latim.
[3] Quando os defensores do credo niceno falavam de ousia, muitos bispos viam
muito perigo de sabelianismo (modalismo) porque entendiam ousia como pessoa.
Eles entendiam mesma substância, por mesma pessoa, quando a intenção era falar
da substância.
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[4] Quando os outros bispos do oriente falavam da dualidade de ousias (diferença de


substâncias), os nicenos pensavam que eles estavam falando de
subordinacionismo. Eles entendiam como diferença de substâncias e não distinção
de pessoas, quando a intenção era falar da distinção de pessoas.
[5] Foi Atanásio, que, reunindo o sínodo de Alexandria, em 362, declarou que as
diferenças verbais não eram importantes desde que o significado do que se dizia
ficasse claro.
[a] Primeiro, que três hipóstases não fosse concessão ao triteísmo.
[b] Segundo, que uma hipóstase não fosse concessão ao sabelianismo.
[b] Os três capadócios tomaram sobre si a tarefa de definir os termos. Criaram uma
terminologia capaz de clarificar e harmonizar os dois polis em litígio. A solução foi
baseada na distinção entre ousia e hipostasis. Em Nicéia, os termos eram usados
sinônimos com a tradução de substância.
[1] Os capadócios reservaram o termo hipostasis para indicar real individualidade,
logo o Pai, o Filho e o Espírito Santo são três pessoas distintas. São substâncias
distintas em uma ousia.
[2] Ousia – uma só substância, a mesma substância. Pai, Filho e Espírito Santo
possuem a mesma substância.
[c] O imperador Teodósio convocou o Concílio de Constantinopla, em 381. Foi a
fórmula dos capadócios que ganhou a decisão da maioria dos bispos.
[1] Este concílio condenou todas as formas de arianismo. A partir das decisões do
Concílio de Constantinopla, o arianismo deixou de ter importância nas questões
teológicas e ficou restrito aos bispos bárbaros: vândalos, visigodos e lombardos.
[2] Quatro razões para o declínio do arianismo.
[a] Superioridade intelectual dos seus adversários.
[b] Durante toda controvérsia todos os bispos do Ocidente e a maioria do Oriente
permaneceram ao lado da posição nicena.
[c] As fragmentações do arianismo.
[d] A tentativa do arianismo de introduzir no cristianismo a prática de adorar a
criatura, um ser menor do que Deus, além de comprometer a salvação, uma vez
que o pecado trouxe a morte, a salvação só poderia ser conseguida se a morte
fosse vencida. E só um ser de vida própria, não derivada, poderia descer ao túmulo
e por seu próprio poder vital voltar a viver, ressuscitando-se a si mesmo. Isto foi
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negado pelo arianismo, ao colocar o Filho de Deus como um ser criado, com vida
derivada, não-própria.
[12] – O Problema Cristológico do Final do IV até o VI Século – Como se
relaciona com a humanidade de Cristo com sua divindade? Como pode aquele, que
é Verdadeiro Deus, ser ao mesmo tempo homem? Como um Ser Divino pode
aparecer em forma humana? Em suma, qual a relação entre divino e humano na sua
pessoa? O credo niceno não se preocupava com este aspecto, nem mesmo
Atanásio, o seu grande campeão.
[a] Já por influência de Tertuliano o Ocidente se manteve unido em torno da plena
divindade e da plena humanidade que existiam em Cristo, sem confusão e sem
diminuição das qualidades inerentes a cada um desses elementos.
[b] O Oriente estava dividido por sua teologia mais profunda.
[c] Os dois extremos da questão:
[1] Alexandria – realçou a tal ponto a unidade de Cristo, que acabou falando da
absorção da sua humanidade pela divindade.
[2] Antioquia – afirmou a integridade dos dois elementos (divino e humano), que deu
lugar a se dizer que havia em Cristo dois seres separados.
[d] Apolinário - Sua proposta pode ser chamada de Psicológica. Sua Cristologia é
uma tricotomia. Dizia ele que o homem é composto:
[1] Soma – Corpo.
[2] Psiquê – Alma irracional.
[3] Nous – Alma racional (posição platônica).
Em Cristo o Logos desalojou a alma racional e nela foi colocado o Logos. De tal
forma isso se deu, que apenas o seu corpo era humano. Jesus tinha corpo e alma
animal iguais ao homem, mas sua alma racional era o Logos. Assim o princípio
determinador da vida dele não era a razão humana, mas uma mente divina. Tinha
que ser assim para Apolinário, pois para ele a mente humana era corrompida,
estando a serviço das paixões carnais. Para ele a natureza humana de Cristo foi
transmutada pela natureza divina. Cristo, segundo ele, não recebeu sua natureza
humana da virgem Maria, mas trouxe do céu uma espécie de carne celestial.
[e] Esta posição pecava por negar a realidade da humanidade de Cristo. Sua
posição foi rejeitada sucessivamente por Roma em 377 e 382 A.D., em Antioquia em
379 A.D. e no segundo Concílio Ecumênico de Constantinopla em 381 A.D.
16

[f] Nestório, respeitado pregador, presbítero e monge de Antioquia, tornou-se


patriarca de Constantinopla em 428 A.D. Era representante da Escola de Antioquia,
que procurava fazer justiça tanto ao elemento divino como ao histórico e humano de
Cristo.
[1] O veredicto da história sobre Nestório, inicialmente, foi injusto. Foi declarado
herege pelo Sínodo de Éfeso em 431 A.D. Dizia-se que ele ensinava a doutrina dos
“Dois Cristos”, um divino e outro humano, invalidando assim a fé cristã. Era
considerado como o protótipo do ponto de vista que apresenta uma falsa antítese
entre o divino e o humano na pessoa de Cristo, como se fora dois cristos.
[2] A pesquisa moderna descobriu outras obras de Nestório. Entre elas,
principalmente, se encontra, uma obra autobiográfica: “Tratado de Heráclides de
Damasco”. Com isso a pesquisa moderna pôde fazer justiça a Nestório, pois havia
sido mal compreendido e mal interpretado por seu adversário Cirilo. Nestório, de
fato, não admitia que houvesse em Cristo duas pessoas. Nestório dava ênfase na
realidade e na plenitude do humano e do divino em Cristo, bem como na união de
vontades entre eles (elemento divino e humano). “Nenhum dos grandes hereges da
história do dogma ostentaram este nome tão injustamente como Nestório”, segundo
Seeberg.
[a] Apesar disso Nestório foi longe demais para distinguir as duas naturezas, a ponto
de dizer que não via unidade real na pessoa de Cristo. “Distingo as duas naturezas,
mas adoro apenas um” (Cristo). Isto foi chamado de diofisismo.
[g] O mais acirrado adversário de Nestório era Cirilo, patriarca de Alexandria (412 a
444). Apesar de ambicioso e inescrupuloso de caráter, Cirilo não lançou seus
ataques contra Nestório a não ser por causa de sua fidelidade à tradição Alexandria.
Ele procurou reunir os conceitos básicos da teologia antioquiana com os da tradição
alexandriana. Cirilo ensinava que há uma união verdadeira, substancial entre as
duas naturezas de Cristo, rejeitando a idéia de união moral ou devocional. O Logos,
que veio de Deus Pai se uniu hipostaticamente com a carne para formar um Cristo,
Deus e Homem ao mesmo tempo. Para Cirilo a união entre Deus e o homem é uma
união física ou substancial. União com respeito à hipóstase, ou seja, união pessoal,
ou unio personalis. Em Cirilo esta união em hipóstase não significa pessoa, é antes
empregada como ousia, isto é, substância. Isto significa união com respeito à
essência. O que ele quer dizer é que se trata de união real, implícita em Cristo
mesmo.
17

[1] Apesar disso, Cirilo afirmava que as duas naturezas precisam manter sua
identidade separada. Então, o que ele fez, foi colocar as duas naturezas distintas ao
lado da idéia alexandrina de união física. Este paradoxo, mais nitidamente
delineado, foi finalmente fixado e aceito como definitivo no Concílio de Calcedônia
em 451.
[2] Resumo: “Duas naturezas em uma pessoa. É o Logos que constitui a pessoa de
Cristo, que assumiu a natureza humana e se uniu a ela e agiu através dela. Cristo é
apenas uma pessoa, e esta pessoa leva a marca da natureza divina, embora se
enfatize a distinção entres as duas naturezas.” História da Teologia”, Bengt
Hàgglund, página 82.
[h] Eutiques, abade do Mosteiro de Constantinopla, dizia que Cristo depois de se
tornar Homem, tinha apenas uma natureza (monofisismo). E sua humanidade não
era da mesma natureza da nossa. Foi excomungado em Constantinopla. No Sínodo
de Éfeso em 449 A.D., Eutiques foi posto em seu cargo de novo. Este Sínodo é
lembrado como o “Sínodo dos Ladrões”, porque transcorreu em atmosfera muito
tumultuada, por isso mesmo nunca foi reconhecido como concílio ecumênico.
[1] Foi, nestas circunstâncias, e para desfazer as decisões de Éfeso, que o Papa
Leão I convocou o Sínodo de Calcedônia. A decisão de Calcedônia é o resultado
final das controvérsias cristológicas ocorridas desde o 1º Século.
“Confessamos um e o mesmo filho (contra Nestório que falava da existência de dois
Filhos), Nosso Senhor Jesus Cristo, que é perfeito em divindade (contra o
dinamismo, Ário e Nestório) e perfeito na humanidade com alma racional e corpo
(contra Apolinário), de uma essência com o Pai segundo a divindade e da mesma
essência que nós segundo a humanidade (contra Eutiques), igual a nós em todas as
coisas, exceto que não tinha pecado; que segundo sua divindade foi gerado pelo Pai
antes de todos os tempos, e que segundo a humanidade, nasceu da virgem Maria,
Mãe de Deus, para nossa salvação: um e o mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito,
revelado em duas naturezas sem confusão, sem modificação (contra Eutiques,
Apolinário e outros), indivisivelmente e inseparavelmente, sendo a distinção das
naturezas de nenhum modo eliminada pela união, sendo preservadas as
propriedades de cada natureza, convergindo elas em uma pessoa, uma hipóstase,
não separadas ou divididas em duas pessoas, mas um e o mesmo Filho e Unigênito
de Deus, Logos, o Senhor Jesus Cristo.”
18

[2] Aqui ficaram combinadas as idéias de Roma, Alexandria e Antioquia numa


formulação doutrinária comum e ortodoxa.
[3] Após Calcedônia, discussões se levantaram contra a fórmula deste concílio
apenas para repisar os conceitos já anteriormente discutidos – como o monofisitismo
de Severo, ou o docetismo incorruptível defendido por Julião de Halicarnasso.
[4] A definição de Calcedônia foi aceita pelos católicos, ortodoxos e protestantes.
“É mediante a operação do Espírito Santo que Deus se comunica com o homem.”
PP, 405.

B – Cristologia na Reforma – Século XVI

[1] – Desde 451 A.D., Concílio de Calcedônia, até 1546 na morte de Martinho Lutero,
não houve mudanças na Cristologia.
[a] A única referência, mais significativa, é a Cristologia de Calvino, como explicação
da ceia. Ele dizia que o corpo de Cristo está no céu, localmente limitado, não pode
estar presente nos elementos da ceia de modo físico, substancial.
[b] Só o Espírito de Cristo é capaz de unir os fiéis com Cristo no céu. Pois o Espírito
que não está limitado ao espaço pode unir os pólos separados: fiéis na Terra e
Cristo no céu.
[c] Pela mediação do Espírito, os fiéis podem participar do corpo e do sangue do
Senhor. Esta comunhão ocorre na Ceia do Senhor.
[2] – A fórmula de Concórdia ou Bergisches Buch, formalizada em 1576, fala de uma
Cristologia que surgiu da discussão sobre a ceia, conhecida como (Comunicatio
Idiomatum) comunicação dos atributos. São de três tipos:
[a] Atributos. Os atributos que pertencem a uma natureza, pertencem a mesma
pessoa, que é simultaneamente divina e humana – Genus Idiomaticum.
[b] Os Ofícios. Os ofícios de Cristo (Profeta, Sacerdote e Rei) não são exercidos
apenas em, com e através de uma das naturezas mas em, com e através de ambas.
Genus Apostelematicum. Foi a tradição protestante, a primeira a falar sobre os três
ofícios de Cristo.
[1] Como Rei, Cristo reina sobre os fiéis e sobre a criação.
[2] Como Sacerdote, Cristo apresentou seu sacrifício pelos pecados dos homens e
por eles intercede.
19

[3] Como profeta, Cristo proclamou o decreto eterno da salvação de Deus e


continuamente opera na congregação e no mundo através do ministério da Palavra.
[c] As naturezas – a natureza humana recebeu majestade, glória e poder divinos,
que transcendem seus atributos originais. A natureza divina não se modificou (Deus
é imutável) com esta comunicação. Seus atributos divinos não são nem diminuídos,
nem aumentados por causa da comunicação das naturezas. Genus Majestaticum. E
o que acontece à natureza humana? Assemelha-se a Nestório.

C – A Teologia e o Iluminismo

[1] – Antecedentes – a intolerância e as guerras religiosas vieram no bojo da


antipatia entre católicos e protestantes. De ambos os lados se partia do princípio que
era impossível aceitar diversidades de credos religiosos dentro das fronteiras de
qualquer país.
[a] O Catolicismo assassinou Giordano Bruno, um dos primeiros defensores da
Teoria Heliocêntrica de Copérnico. Queimado em 1600 A.D.
[b] O Protestantismo Calvinista assassinou Miguel Serveto, o descobridor da
circulação pulmonar do sangue. Foi lentamente queimado por rejeitar a doutrina da
Trindade. Calvino tentou substituir este tipo de execução, fazendo recomendação
para uma decapitação “misericordiosa”, contudo tal sugestão não foi aceita.
[c] Essas atitudes de intolerância levaram a Europa a uma prolongada guerra
religiosa, que durou cerca de 100 anos. Desde o primeiro conflito, a guerra da Liga
de Schmalkalden (1546 – 1547). Provocada por Carlos V no esforço de restaurar a
unidade do Sacro Império Romano sob a fé Católica, até ao final da guerra dos 30
anos, com a assinatura do Tratado de Paz de Westfália, em 1648. (França,
Huguenotes, 1562 e 1598; Países Baixos, Bélgica e Holanda, 1567 a 1609).
[d] A Reforma Protestante e suas ramificações trouxeram benefícios à sociedade
européia e mundial, que possibilitaram, entre outros, o surgimento do Iluminismo:
[1] Individualismo. Autonomia da liberdade da consciência individual. Direito de
julgamento individual.
[2] Educação das massas. Fundaram escolas para o povo comum.
[3] Através do Congregacionalismo, os protestantes introduziram o princípio da
Democracia. Primeiramente em sua estrutura religiosa e depois foi sugerida para os
governos do estado.
20

[e] Até esta época, a Igreja dirigia cada aspecto da vida do homem. Toda
universidade, sem exceção, na Europa, sempre começava com a Teologia, que era
a rainha das ciências. Neste período, se alguém queria informação sobre qualquer
questão, deveria primeiro perguntar à Igreja, se fosse católico, ou à Bíblia, se fosse
protestante.
[2] – Contudo desde a Renascença, com o seu antropocentrismo, o homem
despertou, a partir do século XV, para as potencialidades do próprio homem. O
homem, com sua capacidade, passou a ser o centro do pensamento em geral:
Filosofia, Literatura, Pintura e Ciências.
[3] – Os séculos XVII e XVIII mergulharam na atmosfera cultural conhecida como o
Iluminismo. A razão, até então, serva da religião, passou a ser o padrão de todas as
medidas. A razão e a Filosofia passaram a ser o meio de se provar a verdade sobre
todas as coisas. A razão é o critério para tudo. A confiança foi posta na razão
humana. Agora a Teologia é serva da razão. Os olhos se voltaram para o mundo
material com toda a sua diversidade. O objetivo da Filosofia era de ensinar o homem
a entender e controlar seu ambiente e gozar a felicidade neste mundo.
[a] Era como se o homem dissesse: Parem de dizer o que devemos fazer. O que
vocês fizeram durante 1700 anos? Quase nada. Então dê uma chance à razão. O
centro da verdade deixou de ser o templo, para ser o laboratório. É a idade da razão
e da liberdade individual de pesquisa. O homem voltado para a religião é substituído
por um homem voltado para dentro de si mesmo e do mundo circundante em busca
das respostas às suas inquirições. O objetivo era explicar o mundo com base nos
princípios da razão humana.
[1] A Revolução Francesa, em 1789, é a hegemonia da razão contra a Igreja e a
Monarquia absoluta. Em 1800 toda a Europa está mergulhada no Iluminismo.
Perdeu-se a confiança na Igreja. Em 1798 dá-se o aprisionamento do Papa Pio VI.
Desaparecem os reis, libertam-se os povos. Surgem as primeiras repúblicas.
[4] – O Iluminismo e Sua Influência sobre a Teologia. Nesta época, a Cristologia foi
muito afetada, assim como as outras doutrinas.
[a] Apenas na 2ª metade do século XVIII que a Teologia Racionalista, Neologia,
começou a aparecer entre os protestantes. Sua primeira característica foi o conceito
de religião natural.
21

[1] Há uma religião natural, comum a todos os homens, que os torna felizes, sem a
necessidade da revelação especial. Cristo é visto como um Mestre de sabedoria e
um padrão moral.
[2] A Teologia passou a ser dependente do pensamento racionalista. A
argumentação racional foi posta em pé de igualdade com a revelação e a revelação
devia ser justificada diante do tribunal da razão. Na revelação não se podia
encontrar nada em contradição com a razão.
[a] As verdades bíblicas devem ser despidas do elemento milagroso ou sobrenatural.
Rejeição do que é lendário, místico e sobrenatural.
[3] Tendência moralizante. Moralidade era a principal finalidade do cristianismo.
[4] Concepção individualista. A certeza se baseava na experiência da própria
pessoa.
[5] Humanização do Cristianismo. Preocupação com a felicidade neste mundo.
[6] Ampliação dos estudos textuais e históricos da Bíblia.
[7] Distinguia as verdades permanentes da Escritura e os elementos devido às
circunstâncias do tempo em que foram escritos. Verdades subjacentes.
[8] Negação de igual valor de revelação de todas as partes das Escrituras. A
revelação está na Escritura, mas toda Escritura não é revelação.
[a] Principais teólogos alemães do início do Iluminismo Teológico: Cristiano Wolf,
Johann Lorentz, Hermann Samuel Reimarus, Jean Astruc.
[9] Negação da Religião Ortodoxa. O Racionalismo procurou expor ao descrédito a
religião, especialmente, em sua forma ortodoxa. Luta entre ciência e religião é
sempre o vilão que procura obliterar ou tragar a verdade.
[a] Heliocentrismo – suas consequências.
[b] Evolucionismo – suas consequências.
[c] Comunismo – sociedade mais justa. A religião é uma das barreiras.
[d] Psicanálise. Para Freud, religião é uma ilusão, pois se baseava na recusa de
aceitar a realidade da existência.
[10] Nietzche – Teologia da morte de Deus. Deus estava fora de perspectiva para o
homem moderno. E cabe ao homem ocupar o lugar de Deus.
[11] Autoridade máxima em religião passou a ser a iluminação interior, e não a
Bíblia. A Bíblia foi submetida a um exame crítico-histórico e gramatical. Criticismo.
22

[a] Baixa Crítica – trata dos problemas relacionados com o texto e procura pesar o
valor dos manuscritos da Bíblia, procurando sempre o melhor texto. Buscar maior
exatidão das datas atribuídas aos manuscritos mais antigos.
[b] Alta Crítica – Interessa-se pela semântica do texto. Significação das palavras. Ele
procura a lição real dos acontecimentos escriturísticos. Para conseguir isto, eles
precisam fixar bem o tempo quando foi produzida cada passagem da Escritura,
quem a escreveu e para quem. É preciso ter toda a situação contemporânea do
texto em mente. Exemplo: Salmo. Não foi escrito por Davi, como informa a tradição
teológica (ortodoxia), mas é o resultado de cânticos populares surgidos dos
sofrimentos ocorridos pelos judeus no exílio. (Crítica Histórica). Resultados: Moisés
não escreveu o Pentateuco, mas foi escrito pelo menos por 4 autores diferentes.
Semelhantemente, com relação a Isaías – não há profecia, tais textos foram escritos
após terem os fatos acontecidos (Ciro).
[5] – Um dos Desenvolvimentos do Alto Criticismo foi a Teologia do “Jesus
Histórico”. A idéia que o Jesus que viveu na história da humanidade foi diferente do
Jesus dos evangelhos. Para os teólogos da corrente, Jesus histórico, a Igreja
Primitiva e os evangelhos fizeram muitos acréscimos ao relato propriamente bíblico.
Assim, a tarefa deles era fazer um levantamento entre os ditos e feitos de Jesus,
para estabelecer os que lhe eram autênticos.
[a] Por causa do exposto surgiram inúmeras biografias de Jesus no século XIX, cada
uma forcejando por apresentar o autêntico perfil de Cristo. Duas são bem
conhecidas: a Vida de Jesus, de David Friedrich Strauss (M.1836), e a Vida de
Jesus de Renan (1863).
[1] Todas estas biografias procuram eliminar elementos miraculosos. Os milagres,
segundo estes autores, são uma impossibilidade à luz da Ciência, e disseram que
Jesus jamais ensinou ser o Messias ou que o mundo se aproximasse de uma
consumação. Assim, o Jesus da Teologia não é o verdadeiro.
[2] Isto levou alguns a um extremo (Redultio Ad Absurdum), em que eles concluíram
que Jesus jamais existiu, em face da falta de fidedignidade do evangelho. Jesus não
passava de um mito inventado pela Igreja Cristã. Rejeição da natureza divina de
Jesus.
[b] Albert Schweitzer escreveu o livro “A Questão do Jesus Histórico” (1906). Nesta
obra ele fez uma análise das obras sobre o Cristo, neste período, defendendo a
idéia de que estas obras não passavam de representações imaginárias de um
23

personagem que nada tinha a ver com o primeiro século, porém, mais parecia um
intelectual do XIX século.
[1] Schweitzer disse que Jesus tinha clara consciência de sua messianidade, e que o
Reino de Deus desceria do céu e a Terra seria recriada.
[2] A ética de Jesus visava nortear a conduta dos seus seguidores até a vinda do
seu reino.
[3] Jesus pensou que enfrentando a morte, apressaria o estabelecimento do reino,
porém tudo não passou de uma ilusão. Jesus se enganou.
[6] – Friederich Schleiermacher (M.1834). Substituiu o relacionalismo do século
XVIII, pelo Romantismo Subjetivo do século XIX em sua teologia. Segundo
Schleiermacher, cada homem tem um sentimento de Deus. Jesus tinha este
sentimento no mais alto grau. E por isso ele mereceu e merece ser chamado de
Deus. Ele não é Deus, mas deve assim ser chamado por causa do alto nível deste
sentimento nele. O que interessa não é sua morte e ressurreição, mas seu
sentimento de Deus (Consciência de Deus). Por isso que só Cristo, por ter tal
consciência, era um homem pleno de Deus, e apenas Ele estava capacitado a
comunicar esta consciência (sentimento) de Deus.
[a] Assim o centro da autoridade religiosa foi deslocado da Escritura para a
experiência do homem.
[b] Pelo fato do pecado ter acarretado uma separação entre Deus e o homem, e com
seus semelhantes, Deus enviou um Mediador do homem na pessoa de Jesus, como
portador do conhecimento, cuja função é comunicar a consciência de Deus, de
modo vital e vitalizante. Esta consciência de Deus é comum a todas as religiões, a
despeito de suas diferenças doutrinárias. Por isso que religião para Ele não é o
assentimento a um corpo de doutrinas.
[1] Para Schleiermacher, religião é a experiência individual subjetiva do sentimento
de Deus, que em Jesus havia em toda plenitude.
[2] Não há, portanto, religiões falsas e verdadeiras, pois todos os progressos da
religião na história são verdadeira religião. O que se deve procurar em cada uma é o
seu grau de eficiência em comunicar o sentimento de Deus.
[a] De todas elas o Cristianismo é a melhor, pois é nela onde se alcança mais
cabalmente o alvo de todas elas: o sentimento (consciência de Deus).
[c] Cristo ocupa o lugar central, pois une o temporal ao infinito, o homem a Deus.
Religião cristocêntrica.
24

[d] O resultado deste sentimento de Deus no homem, através do Mediador, Cristo, é


a moralidade.
[1] Schleiermacher é o pai da Teologia Liberal, o seu teólogo mais influente.
[7] – Albrecht Ritschl – Com ele se inicia, no final do final do século XIX, uma outra
escola do pensamento: a religião como algo de caráter eminente prático. Ritschl se
voltou para a vida de Jesus, e sua mensagem. O que ele proclamou? Qual o centro
de sua mensagem (kerigma)? O centro da sua mensagem é o reino de Deus, cuja
principal natureza é o amor por toda a humanidade. O reino de Deus é um reino de
amor, que nos liberta, não só de nossos pecados, mas do nosso egotismo também.
[a] Cristo merece ser chamado Deus, porque Ele é o clímax do amor.
[b] Já que sua busca é o aspecto prático da religião, e a rejeição de toda discussão
teológica metafísica, a ele interessava a pesquisa em torno do Jesus histórico.
[c] Ritschl busca a harmonia entre a ciência e a religião, postulando que isto é
possível, se cada uma se mantiver dentro dos limites de sua área de pesquisa. A
religião não deve ousar fazer declarações de valor dos fatos científicos, como a
ciência não pode avaliar os postulados da Teologia com base em leis e teorias
científicas.
[1] Isto não significa que elas nunca possam ter diálogos entres suas duas
realidades.
[2] Ciência e religião são duas formas distintas através das quais a existência pode
ser observada.
[3] Isto fez com que se avaliasse o criticismo bíblico, que pretende ter forum de
ciência. A descoberta de fatos relacionados à religião não significa, necessariamente
mudança de valores. O Jesus histórico do criticismo bíblico não pode afetar os
valores, no coração do crente, do significado divino de Cristo.
[d] Para Ritschl, Jesus é divino porquê Ele pode fazer por nós aquilo que só Deus
poderia realizá-lo.
[8] – A Teologia Iluminista reduziu a confiança na Bíblia e na Igreja à quase total
insignificância. Não há autoridade na Bíblia nem na Igreja. Além disso, Jesus Cristo
foi designado pelo racionalismo, quando se rejeitou o sobrenatural aplicado a Ele,
porque se rejeitou a fidedignidade dos evangelhos.
[a] Nesta ocasião veio a catástrofe da I Guerra, e o sonho do progresso ilimitado
com o racionalismo se desmoronaram. Nestes conceitos não podia estar a solução.
25

Depois de 200 anos o racionalismo se mostrou inoperante. No início do século XX,


(1918), a Teologia estava sem perspectiva.
[b] Nesta época surge o Marxismo, que fez com que a Rússia aumentasse de
importância no cenário mundial.
[c] Neste contexto surge a Teologia Dialética ou Neo Ortodoxia.
[9] – Karl Barth, criado e educado no liberalismo, verificou que o liberalismo não o
ajudava em dar apoio espiritual aos membros que passavam dificuldades várias. Ele
convidou o povo a uma reforma – a nova ortodoxia. Em 1920 e 1930 o racionalismo
foi abandonado como uma solução. A Bíblia voltou a ter autoridade.
[a] Nesta ocasião surgem os Três B da Teologia: Karl Barth, Emil Brunner, Rudolf
Bultman.
[b] Logo após a I Guerra Mundial, foi publicado um comentário sobre a carta aos
Romanos (Der Romerbrief, 1919) pelo Pr. Karl Barth. Esta obra foi um libelo contra a
Teologia Contemporânea e contra a tradição teológica que se vinha formando desde
Schleiermacher. Der Romerbrief foi um protesto contra as escolas que tinham
transformado a Teologia em Ciência da Religião e tinham feito uma análise histórico-
crítica da Bíblia.
[c] A Segunda edição desta sua obra (1922) foi reconhecida como o início da nova
escola teológica conhecida como Escola Dialética, que em Barth é a busca mais
profunda da verdade com base no contraste fundamental entre eternidade e o
tempo, entre Deus e o homem. Para ele, neste contraste teológico, está o tema da
Bíblia. Contudo o divino implica a negação do humano. Com isso ele nega a teologia
natural, porque é impossível o divino estar imanente na natureza humana.
[1] A Bíblia é vista como uma mera analogia da palavra. A Bíblia apenas aponta para
a verdadeira revelação divina, ou seja, a Palavra de Deus em sentido absoluto e
transcendental.
[2] O esclarecimento da revelação divina só pode ser feito com base no confronto
permanente de afirmações contrastantes. Princípio hermenêutico.
[3] A proclamação, a palavra anunciada, assume posição central, pois é o momento
em que o ouvinte se defronta com a “Palavra de Deus”. Essa confrontação com a
Palavra de Deus pode se dar também através da palavra escrita (Bíblia), que dá as
normas para a pregação. Contudo, a Escritura não é a “Palavra de Deus”, ela
apenas se refere à palavra revelada, ou seja, o aparecimento do Deus oculto em
26

Cristo. Assim a Escritura não é, em sentido direto, a Palavra de Deus, a Bíblia


aponta para ela.
[4] A Bíblia dá testemunho da revelação que ocorreu com a vinda de Cristo. Uma
vez que a Bíblia está no nível temporal ela só pode apenas apontar para o divino.
[d] O abismo entre Deus e o homem é transposto na encarnação, quando a Palavra
de Deus assumiu a natureza humana, o que se deu em Jesus Cristo. Por isso, a
Cristologia ocupa lugar central em Barth.
[e] Cristo para Barth é a revelação do Verdadeiro Deus e Verdadeiro Homem.
[f] Cristo, mediante sua obra, venceu, perdoou e destituiu o pecado do seu terror.
Através dele, o homem pode usufruir a nova vida, que é a vitória de Cristo sobre o
pecado.
[g] A encarnação de Cristo, visa, também mostrar ao homem o que é ser verdadeiro
homem, enquanto julga o homem em seu atual estado de pecaminosidade. Só que o
juízo caiu sobre Deus mesmo em Cristo, isto só foi possível, pela realidade da
encarnação. Com esta atitude Cristo liberta o homem do juízo, da separação e da
morte. E a ressurreição, que é a garantia dessa nova vida, foi dada ao homem.
[h] Em Cristo está a dupla predestinação, e não que Deus destinou homens para
perdição ou salvação. Cristo representa a escolha e a rejeição do homem. O destino
sofrido por Cristo é uma escolha feita dentro da Trindade, no qual Deus permite que
o Filho se submeta à morte, para que possa ser ressuscitado para a glória eterna na
ressurreição e através dela. Este sofrimento de Jesus, representa a rejeição dele por
Deus. Cristo é rejeitado no lugar do homem. Assim, a predestinação é uma decisão
eterna feita por Deus, significando que todos os homens são admitidos para
salvação, enquanto o próprio Deus, na forma de Filho, toma sobre si mesmo a
condenação. Este fato se deu como um processo dentro da Divindade. Assim a
morte e a ressurreição de Jesus para Barth é uma analogia no processo eterno de
Deus em rejeitar o Filho no sofrimento da morte, e na ressurreição a sua eleição.
[1] A Cristologia de Barth tem tendências docéticas e nestorianas. É docética
porque aquilo que é relatado no evangelho é apenas uma ilustração do evento
intratrinitariano. É nestoriana porque a humanidade de Cristo nunca é identificada
com sua divindade, é vista como uma analogia, ou seja, o seu relato histórico só é
significativo se expressa o modo como o Pai trata com o Filho dentro da relação na
divindade.
27

[2] Cristo na história não é nem Filho de Deus, nem Filho do homem em sentido
exato. Cristo, apenas, por analogia, ilustra e nos apresenta as ações do Eterno Filho
de Deus e nos fornece o modelo para o papel do homem diante de Deus. Cristo,
como pessoa histórica, não realizou a salvação do homem. No contexto da mesma
história, apenas Ele deu testemunho da salvação eterna, operada
intratrinitarianamente. A realidade da salvação se encontra no decreto divino
efetuado dentro da divindade, antes do tempo.
[10] – Rudolph Bultmann – Em 1941, ele publicou o livro “Novo Testamento e a
Mitologia”. Nesta obra ele fala que universo bíblico do N. T. é incompatível com o
conceito de realidade do homem moderno. Conceitos tais como demônios, milagres,
ações sobrenaturais, preexistência de Cristo, cataclismos mundiais são aceitáveis à
mentalidade moderna. A esses elementos ele os chama de mitológicos, não para
eliminá-los, mas interpretá-los conforme sua finalidade original. A isso Bultmann
chamava de desmitificação, ou seja, a interpretação dos relatos sobrenaturais e sua
significação para a existência humana.
[a] Assim ele reinterpreta a morte e sua relação com a vida presente do homem
moderno. Esta visão teológica de Bultmann é existencialista, e por isso rejeita a
história, pois para o existencialismo o passado nada tem a revelar. Só o presente
apresenta ao homem a realidade das coisas. E Bultmann, através da teologia, quer
dar um novo significado dos elementos da história bíblica, reinterpretando-os e
aplicando às necessidades do homem moderno.
[b] Nesta visão sua cristologia rejeita e reinterpreta a pessoa de Cristo. nega sua
preexistência, divindade, Jesus é apenas um homem excepcional.
28

II – O ASPECTO BÍBLICO DA CRISTOLOGIA

A – Preexistência de Jesus Cristo e as Objeções

[1] – Jesus preexistiu eternamente antes do nascimento em Belém. Visão do Antigo


Testamento.
[a] Is 9:6 – Este verso faz parte de um contexto maior (vs. 2 e 7). Ele ocupa o centro
da mensagem. Esta perícope fala do fim de uma era de sofrimento (trevas, região da
sombra da morte, jugo, vara que fere, opressor, botas de guerra e vestes embebidas
em sangue) e do início de uma nova era de felicidade e paz ( resplandece grande
luz, alegria, fim da opressão e fim da guerra).
[1] A causa dessa transformação é o nascimento de um Rei, cujas características, só
podem se referir ao Rei messiânico, que veio para governar; é um Rei de um reino
futuro. Seus característicos transcendem tudo o que o homem é ou possa vir a ser.
[2] Maravilhoso Conselheiro – Ele transcende os limites comuns da humanidade (cf.
Jz 13:11,18 e 22) e por isso é chamado de Maravilhoso. É Conselheiro, porque
sendo ungido pelo Espírito Santo com sabedoria tem os conselhos sábios tão
necessários para o exercício do ofício real. Fazer decisões sábias.
[3] Deus Forte – A execução dos seus conselhos como governante está garantida,
porque unida à sabedoria está a força do seu poder divino. Este Menino é
transcendente, sábio e divino.
[4] Pai da eternidade – fala de sua preexistência. Se a eternidade, que é algo que
não tem começo nem fim, se tivesse começo, este Menino, este Filho seria o
iniciador dela. O Messias é alguém que possui a eternidade, na qualidade amorosa
de um Pai. (Sl 90:2). Isso iguala o Messias ao Pai: Ele é transcendentemente sábio,
possui poder divino, por ser chamado de Deus Forte, e é Agenétos (não nascido,
sem início) por ser chamado de Pai da Eternidade.
[b] Mq 5:2 – A mensagem de Miquéias é uma advertência dirigida a Israel do Norte e
do Sul, quanto ao grave risco de sofrerem os juízos de Deus, por causa de sua
apostasia. Nesta segunda unidade de seu livro (3:1 a 5:15), o profeta adverte os
dirigentes da nação. Apesar disso, a situação espiritual e política do reino do Norte
rapidamente se deteriorou. Como eles não foram sensíveis aos reclamos de Deus,
Ele permitiu que fossem levados em cativeiro pelos assírios em 722 A.C. Judá
29

seguiu a mesma direção de Israel e em 586 A.C. Jerusalém foi, também, invadida e
destruída por Babilônia.
[1] Nos anos que antecederam a estes dois juízos, Miquéias promete um Rei que
trará paz ao seu povo. É o Rei messiânico, que nascerá em Belém, cujas saídas são
desde os dias da eternidade.
[2] O termo é Motsa’oth, era traduzido corretamente como saídas e não origens.
Esta profecia é interpretada no Novo Testamento em referência ao seu nascimento
no tempo (nascimento virginal) e no espaço (em Belém). (Mt 2:5,6; Jo 7:42). A
expressão “cujas saídas são desde os dias da eternidade”, se referem à
preexistência do Messias, pois o termo hebraico não exclui a idéias de eternidade. Sl
90:2 é interpretado por EGW em 1º ME, 248, como falando da preexistência de
Cristo.
[a] EGW, assim interpreta o texto: “declara-se Aquele que tem existência própria,
Aquele que fora prometido a Israel, ‘cujas saídas são desde os tempos antigos,
desde os dias da eternidade”(DTN, 354).
[b] “Cristo é o Filho de Deus, preexistente... falando de sua preexistência, Cristo
reporta sua mente através dos séculos incontáveis. Afirma-nos que nunca houve
tempo que Ele não estivesse em íntima comunhão com o Eterno Deus”.
(Evangelismo, 615).
[2] – Preexistência de Cristo no Novo Testamento.
[a] Textos implícitos sobre a preexistência – vem, foi enviado. O pensamento se
acha contido no texto subrepticiamente (veladamente).
[1] Lc 19:10 – Veio, de onde? Veio antes. Este é o método paciente de Cristo
ensinar – “O Filho do homem veio.”
[2] Mc 10:45 – “O Filho do homem não veio para servir.” De onde?
[3] Mc 2:17 – “não vim chamar justos...” De onde?
[4] Mt 15:24 – “Não fui enviado senão...” – Mulher cananéia.
[5] Jo 3:13 – “Aquele que desceu do céu.”
[6] Jo 6:62 – “Lugar onde primeiro estava.”
Cristo expôs a verdade de sua preexistência, paulatinamente, até poder declará-la
explicitamente.
[b] Textos explícitos sobre a preexistência:
[1] Jo 8:23 – “Eu não sou deste mundo, eu sou de cima”. Nunca ninguém fez tal
declaração. Veio do reino superior.
30

[2] Jo 16:28 – “Vim do Pai e entrei no mundo.”


[3] Jo 17:5 – “Glorifica-me com a glória que eu tive junto de Ti, antes que houvesse
mundo.”
[4] Jo 8:58 – “antes que Abraão existisse, Eu Sou.”
Os verbos não estão em relação temporal (pret. imperfeito do subjuntivo e pres. do
indicativo). Ele não diz simplesmente que Ele era antes de Abraão. O verbo está no
presente. E na regência de verbo intransitivo, indicando existência eterna. É ser de
forma absoluta, é a existência de um Ser eternamente preexistente, cuja existência
se estende para toda eternidade futura, e para toda eternidade passada do ponto de
vista do momento em que Ele o declara, o presente. (Cf. Êx 3:13,14 ). Eu Sou o que
Sou, Eu Sou me enviou a vós outros. Jesus existe sem referência ao tempo. (Cl
1:17).
[5] “Desde toda eternidade esteve Cristo unido ao Pai, e quando assumiu a natureza
humana, era ainda um com Deus...” (1ME, 228). “Mas ao mesmo tempo que a
Palavra de Deus fala da humanidade de Cristo quando aqui na Terra, também fala
ela, positivamente, em sua preexistência. A palavra existiu como Ser divino, a saber
o Eterno Filho de Deus, em união e unidade com o Pai. Desde a eternidade Ele é o
Mediador do Concerto.” (1Me, 247).
“O Senhor Jesus Cristo, o Divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade, como
pessoa distinta, mas um com o Pai.” (1Me, 247).
[c] Declarações de outras testemunhas.
[1] Jo 1:29 e 30. João Batista eram mais velho do que Jesus seis meses. João,
apesar disso, disse: “Porque já existia antes de mim. Logo João Batista cria na
preexistência de Cristo.
[2] Jo 1:14 – “E o Verbo se fez carne”. Ele existiu antes de sua vida na carne, e
como Verbo Ele era Deus.
[3] 1Tm 1:15 – “Jesus veio ao mundo para salvar.”
Se Ele veio ao mundo para salvar é porque Ele existia antes.
[4] Hb 7:1 e 3 – Melquisedeque é um personagem verdadeiro, pois Abraão lhe
devolveu os dízimos. Por ser rei e sacerdote, tendo recebido dízimos de Abraão e o
tendo abençoado, é dito ser superior a este. E por não se registrar sua genealogia
na Bíblia nem anterior, nem posteriormente, é dito ser Ele sem fim, e sem começo
de dias. Assim ele se torna, mesmo como personagem real, um tipo de Cristo, que
não sendo da tribo de Levi, é sacerdote, mas também rei. Logo o seu sacerdócio
31

não é levítico e sim segundo a ordem de Melquisedeque. E como tal, na realidade,


não tem começo nem fim de dias, é preexistente.
[5] Fp 2:5-8 – “... Ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou por usurpação o ser
igual a Deus... assumindo forma de servo, tornando-se em semelhança de homem.”
[a] Em forma de Deus (Morphe Theou) – Morphe indica que substancialmente Cristo
é igual ao Pai. Refere-se à natureza essencial. Possui a mesma natureza de Deus.
Igualdade de substância. uJpavpcwn - nom, sing, masc, Part Pres, (linear,
contínua) – existindo permanentemente. (Preexistência de Deus).
[b] Não julgou por usurpação o ser igual a Deus. Harpagmos é traduzida por
usurpação. Seu sentido básico é “uma ato de pilhagem”, “um sanque”. Ou seja, não
é uma injustiça Cristo ser igual a Deus, pelo simples fato de que Ele é igual a Deus.
Cristo não considerou a igualdade dele com Deus como se fosse violência à verdade
dos fatos.
[c] Forma de servo. De novo aparece Morphe. Substancialmente Ele tornou-se um
Escravo (doulos).
[d] Semelhança de homem – semelhança ( oJmoiwvmati - homoioma). É o mesmo
que dizer que Jesus era homem completo, sem perder sua ligação superior com a
divindade. genovmeno" – nom, sing, masc, part 2º Aor, (pontilear) – tornou-se, veio
a ser homem, nasceu como homem.
[e] Figura humana – figura (skema). O vocábulo destaca a aparência ou forma
externa. Quem o via exteriormente, só o via como homem. Nada vendo,
exteriormente, nele que indicasse sua substância divina, que estava velada aos
olhos humanos, e que só percebiam a forma externa. (cf. Hb 2:17).
[6] Cl 1:16 e 17 – Cristo é retratado como o Criador de todos os seres e mundos e
poderes. Ele é a origem da criação e também sua finalidade, porque tudo não só foi
criado por, mas para Ele. A conclusão natural vem no verbo seguinte sua
preexistência: “Ele é antes de todas as coisas.”
[3] – Primeira objeção, Filho Unigênito. A argumentação é que, se Jesus é Filho
Unigênito de Deus, isto vem significar que Ele foi gerado pelo Pai, logo Ele teve um
princípio. A palavra usada é monogenes, que é traduzida por Unigênito.
[a] Monogenes aparece no N. T. 9 vezes. Cinco delas se aplicam a Jesus, e as
outras 4 se aplicam às outras pessoas.
[1] A Jesus: Jo 1:14; Jo 1:18; Jo 3:16; Jo 3:18; 1Jo 4:9.
32

[2] Outras pessoas: Lc 7:12; Lc 8:42; Lc 9:38 e Hb 11:17.


[3] Monos e Genos – o que significam? A tradução Unigênito (filho único) é errada,
porque monos se traduz por único, e genos, por espécie. Sua tradução deveria ser:
um da espécie, ou único de uma espécie.
(a) Unigênito é monogennetos (Monos e Gennao).
[4] Assim as Bíblias traduzem Monogenes como se fosse Monogennetos . o que é
um erro à luz das maiores autoridades do grego: Liddell e Scott, no Greek English
Lexicon, definem Monogenes como “Único membro de um título, único, singular,
exclusivo.”
[5] Kittel em sua Teologia do N. T., vl. 4, p. 745-750, defende o mesmo conceito.
[6] Bruce em seu Comentário de João, p. 46, define como Amado e Filho Único.
[7] A BJ traduz, no rodapé, na página 1384, por “Deus, Filho Único. Jesus é o Filho
Único de Deus, Amado pelo Pai, em intimidade perfeita e recíproca com Ele, no
conhecimento e no amor.” Então nos textos onde Monogenes é traduzido por
Unigênito é errado, deveria ser único de uma espécie.
[8] Na LXX e a palavra hebraica traduzida por Monogenes é YACHID, cujo sentido
no hebraico é querida, muito amada.
[a] l 22:20. O Messias clama por socorro, por livramento diante do sofrimento a que
é exposto. “Livra... das presas dos cães a minha vida (minha YACHID). Literalmente,
meu Único – que é tudo quanto me sobra, a minha única e mais preciosa
possessão.
[b] Sl 35:17 – Davi clama por socorro e refere-se a sua vida como a “minha predileta
(YACHID). Refere-se, a si mesmo, como querido, predileto, único, mais amado.
[c] Jz 11:34 – Jefté, ao voltar da batalha contra os amonitas, encontra-se com sua
filha a quem qualifica de filha única, YACHID, portanto, a mais querida.
Na evidência baseada neste texto podemos dizer que Monogenes significa único,
mais querido, íntimo, particular.
[9] No N. T. Monogenes possui o mesmo sentido.
[a] Lc 7:112 – vendo Cristo o sofrimento da viúva de Naim, compadeceu-se dela por
estar sepultando o seu filho único, Monogenes, que é assim chamado, não porque
ela o gerou, mas, que depois da morte de seu marido, era o seu maior bem. Além
disso era uma tragédia não ter filho. Assim Monogenes tem o sentido de mais
querido, único.
33

[b] Lc 8:41-42 – filha de Jairo. É dito ter uma filha única, mesmo que houvesse
outros filhos (homem), ela ainda era a mais querida e íntima, por ser a única daquela
espécie (feminina).
[c] Lc 9:37, 38 – Os discípulos lutam com um endemoniado, enquanto ocorre a
transfiguração, sem nada poder resolver. O Pai, em desespero, suplica a Cristo por
seu filho, e querendo persuadir Cristo a ajudá-lo, acrescenta ao pedido o significado
que o filho tinha para ele, é o meu único, Monogenes.
[d] Hb 11:17,18 – Isaque, unigênito (único) de Abraão. É assim identificado, não
apenas por ter sido gerado por Abraão, mas porque ele era o único conforme a
promessa. Ele era único, por ser da espécie da promessa.
[b] Como o Unigênito veio a ser colocado no texto bíblico? Cerca de 380 A. D. as
versões latinas estavam corrompidas, então Damásio, bispo de Roma, pediu a
Jerônimo que fizesse uma revisão nas versões e apresentasse uma que fosse
confiável.
[1] Em 382 A. D., ele partiu para a Palestina, onde estudou o hebraico por 20 anos.
Deste empenho de Jerônimo surgiu a Vulgata Latina, que foi oficialmente,
reconhecida no Concílio de Trento (1545 e 1563).
[2] As versões latinas da época traduziram Monogenes por unicus. Jerônimo,
entretanto, substituiu o termo Unicus por Unigenitus. A base para a sua tradução do
Pai como gerador e o Filho como gerado, é que o Filho de alguém é da mesma
substância do seu pai, assim como um camelo só pode gerar outro da mesma
espécie. Há uma identidade de natureza entre o gerador e o gerado. Esta tradução
só ocorreu nos textos aplicados a Cristo, logo se tratou de uma tradução com
intenção interpretativa.
[3] No pensamento Joanino Jesus é Único (Monogenes), Filho de Deus, exaltado em
status, acima de toda criatura no céu e na Terra, por ter uma exclusiva função, que é
única e singular: a de revelador do Pai e Redentor dos Homens.
[4] Cristo é ainda apresentado em seu caráter exclusivo nos escritos joaninos porque
João lhe reservou o título de Filho, usando a palavra HUIOS só para Cristo (Jo
1:34,49; 5:25; 10:36; 11:4, 20:31; 1Jo 1:3; 3:7,8,23; 5:5,9,10,12,16,20) enquanto
para os filhos dos homens ele usa TEKNA (1Jo 2:12; 3:1,2; 3Jo 3).
[4] – Segunda Objeção – Prototokos, primogênito. Este título é usado para Jesus
com freqüência no N. T. e possui o seguinte significado: Protos – primeiro, Tikto –
refere-se ao momento da criança sair do ventre materno. Em relação a Cristo, o
34

termo é usado 6 ou 7 vezes dependendo do manuscrito usado. O sentido literal


indicava que Cristo teve um começo, como alguns interpretam Cl 1:15 “Primogênito
da Criação”.
[a] Primogênito de Maria.
[1] Mt 1:25 – Texto questionável, onde Prototokos é usado nos manuscritos
bizantinos (28, 565, 700, 892, 1009...).
[2] Lc 2:7 – “Deu à luz a seu Filho Primogênito.”
Ambos os textos são usados em referência ao seu nascimento.
[b] Primogênito entre os irmãos.
[1] Rm 8:29 – Designa a prioridade de Cristo entre muitos.
[c] Primogênito de toda a criação.
[1] Cl 1:15 – Designa a Cristo como a causa e a primazia da criação.
[d] Primogênito dos mortos.
[1] Cl 1:18 – causa da vida pela sua ressurreição.
[2] Ap 1:4,5 – Causa da vida pela sua ressurreição.
[e] Primogênito.
[1] Hb 1:6 – Indica a superioridade de Cristo acima dos anjos, digno de adoração.
[5] – Primogenitura – Constitui os deveres e os direitos do primogênito, o primeiro
macho nascido. Sob a legislação mosaica, os privilégios da primogenitura eram:
exercer o sacerdócio da família, herdar a autoridade oficial do pai, herdar uma dupla
porção da propriedade paterna. Na família de Abraão se acrescentavam os
seguintes privilégios: a herança da promessa da posse da Canaã terrestre e as
bênçãos do pacto, a honra de ser o progenitor da semente ou descendente
prometido. Depois da experiência da páscoa, o filho primogênito, depois de ser
redimido pelo pagamento do resgate, era especialmente dedicado ao serviço de
Deus. Gn 48:13-18; Dt 21:15-17; 2Cr 21:3; Êx 13:2,12; Nm 3:13; Êx 13:13-15.
[a] O termo primogênito tem também um sentido figurativo como em Jó 18:13,
primogênito da morte, significando o principal dos males que devorará os ímpios.
[1] Em Is 14:30, os primogênitos dos pobres serão apascentados, significando o
mais pobre dos pobres.
[b] O uso figurativo de Prototokos explica o seu uso, não para o primeiro nascido em
ordem cronológica, mas o primeiro em importância.
[1] Isaque é o segundo filho de Abraão, mas chamado de primogênito, por ser o filho
da promessa, o primeiro em importância. Gn 22:2.
35

[2] Efraim é chamado de Primogênito, quando Manassés é o primeiro nascido, Jr


31:9 cf. Gn 41:50 e 52, cf. Gn 48:17 e 19. A ordem, aqui, de novo, não é do
nascimento, mas de importância. E apesar da intervenção de José a bênção da
primogenitura foi dada a Efraim, o segundo filho.
[3] Davi, em Sl 89:20-27, é chamado de primogênito, não por ele ser o primeiro
nascido, mas por ser o mais elevado, por ser o escolhido de Deus, a quem Deus
conheceu de antemão, por isso foi o escolhido entre tantos irmãos mais velhos. 1Sm
16:10-12. (Davi era o mais moço).
[4] Israel, dos filhos de Isaque, não é o primeiro a nascer (Gn 25:25,26), e sim seu
irmão Esaú, contudo é chamado de primogênito em Êx 4:22.
[c] Jesus é chamado Prototokos no sentido figurado. Não por ser o primeiro nascido,
mas antes por ser o mais elevado, o mais importante, o mais exaltado. É Aquele que
possui os privilégios, prerrogativas e direitos de sua posição como Criador e
Salvador do homem. Prototokos é um título que retrata a sua importância, como o
mais eminente.
[1] Ele é o Primogênito dos mortos, não porque foi o primeiro ressuscitado, pois
Moisés ressuscitou antes dele, como muitos outros. Ele é assim retratado para
mostrar a importância da sua ressurreição como a garantia dos benefícios já
desfrutados por aqueles que foram ressuscitados e trasladados, como a garantia
dos que um dia ressuscitarão.
[2] Ele é o Primogênito da criação, não porque foi o primeiro a ser criado, mas
porque nele foram criadas todas, todos os seres, todas as autoridades na Terra e no
céu. Ele é origem da criação universal, Ele é mantenedor desta mesma criação e
sua eterna finalidade. Isto indica a sua primazia. Cl 1:15-20.
[d] Logo Mogenes e Prototokos são títulos aplicados em Jesus, não para diminuir,
mas para exaltar a sua pessoa divina e humana. Ele é posto à parte, como o mais
destacado, o maior em importância, o mais exaltado, o primeiro.
[6] – Terceira Objeção – Hb 1:5 “Tu és Meu Filho e hoje te gerei.” Refere-se esta
passagem a um dia do calendário em que Jesus foi gerado pelo Pai? O verbo aqui
usado é Genao, que aparece três vezes no N. T.: At 13:33; Hb 1:5 e 5:5 . Todas elas
são citações do Salmo 2, e especialmente do v. 7.
[a] Este é um salmo de coroação, que foi escrito para a coroação de um rei, ocasião
em que Ele foi ungido. Segundo Abraham Cohen, é comum interpretar o texto em
conexão com Davi, à luz da declaração de 2Sm 5:17.
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[1] A entronização de um rei era sempre um momento de crise. O novo rei era
inexperiente no ato de governar. Por causa disso os povos vassalos, através de uma
conspiração e motim, aproveitavam o momento para se libertar do domínio do novo
rei.
O primeiro verso, e os versos 4 a 6, declaram a inutilidade desta tentativa vã. Os reis
procuram escapar do domínio do rei de Israel e Deus ri-se, porque Ele dominará a
situação.
[2] Neste contexto da entronização de um novo rei, o Espírito Santo coloca aspectos
que são, inegavelmente, messiânicos. Abraham Cohen declara que no Comentário
Rashi é dito que os rabinos interpretam este Salmo como se referindo ao Rei
Messias.
[3] Nos vv. 7 a 9, Deus está falando ao novo rei no momento da sua coroação, cujo
rei está nesta posição por decreto divino. Este rei é também declarado filho. No Sl
89:27 Deus diz que Davi é seu filho. Por que? Porque no momento da coroação o rei
foi gerado por Deus, na qualidade de seu servo para guiar os destinos do seu povo.
Isto se harmoniza, perfeitamente, com o momento em que Deus prometeu a
Salomão o trono, nesta ocasião Deus disse: “Eu lhe serei por Pai, e ele me será por
filho”. 2Sm 7:14.
[4] Quando Deus diz: “Tu és Meu Filho, Eu hoje te gerei”, não é uma referência à
geração física por Deus em algum dia do remoto passado. Não. Mas refere-se à
coroação do rei, quando o rei passa a ter uma nova relação com Deus, é neste
momento, da coroação, que ele é gerado por Deus.
[5] Os comentaristas judeus apoiam esta interpretação. S. B. Frehof – Sl 2:7 “hoje te
gerei”, quer dizer “este dia você foi ungido rei. Portanto não é nascimento físico, mas
é na colocação no trono.
COHEN – “Eu hoje te gerei”, deve ser entendido figuradamente, com respeito a sua
ascensão ao trono...”.
[b] O mesmo acontece com Hb 1:5, Hb 5:5 e At 13:33. Deve ser entendido
figuradamente segundo a opinião dos judeus.
[1] Hb 5:5 – Refere-se ao início do seu ministério como mediador. Nesta ocasião Ele
foi entronizado para o exercício de sua obra intercessória. (Sl 24:7-10) cf. Mc 16:19
e Zc 6:13. Jesus foi gerado pelo Pai no sentido figurado, espiritual, como o Sumo-
Sacerdote. (Hb 5:7-10). O rei dos reinos da graça (Hb 4:16), e como tal foi coroado.
37

[2] Hb 1:5,6 – É uma clara referência à encarnação. Cristo é figurada e


espiritualmente gerado no momento da sua encarnação.
[a] Lc 3:21,22 – Por ocasião do batismo de Jesus Cristo é dito: “Tu és Meu Filho
amado, em Ti me comprazo”. Contudo em alguns manuscritos como o Codex reza,
em vez desta expressão, dizem: “Tu é Meu Filho, hoje te gerei”. A tradição diz que a
Igreja primitiva entendia o batismo de Jesus como um cumprimento do Sl 2:7. Cristo
foi entronizado no batismo
[3] At 13:33 – Gerado na ressurreição.
[c] Portanto, não faz referência ao momento da origem de Cristo, mas ao momento
da sua coroação. Trata-se assim da exaltação de Cristo na encarnação, no seu
batismo, no início do seu ministério sumo-sacerdotal e na sua ressurreição. A
conclusão a que chegamos é que gegenneka é para exaltar a Cristo acima da
criação – Ele é Deus.
[1] Jesus é Filho de Deus, não por uma causa genética, mas porque Ele partilha da
mesma natureza, da sua essência, porque Ele é consubstancial com o Pai. Isto
porque a idéia da filiação envolve dizer que alguém partilha do caráter e atributos do
outro: filhos do trovão, filhos da iniqüidade, filhos da ira, filhos da obediência. Do
mesmo modo Cristo é Filho de Deus porque é substancialmente igual ao Pai, assim
como todo filho, na natureza toda, o é.
B – Encarnação e Humanidade de Cristo

[1] – A Bíblia se refere à encarnação como um ministério: o mistério da piedade,


1Tm 3:14-16, cf. 1Co 15:51,52, cf. Ef 3:3,6,9.
[a] Em Timóteo, Paulo fala do mistério da piedade, para então declarar o que ele é.
O mesmo Jesus que encarnou, que foi manifestado em carne, é o mesmo que foi
justificado em espírito... O mistério da piedade, não é algo reservado só para Deus,
mas é uma verdade muito importante que só pode ser conhecida quando revelada
por Deus, pois não pode ser percebida pela inteligência do homem. Mt 16:16, 17. (só
pela revelação).
[b] Em 1Co 15 fala-se de um mistério para logo se explicar o que ele é, em que
consiste: quase todos morreremos, todos seremos transformados, todos serão
ressuscitados, num corpo incorruptível e imortal.
[1] Mistério é alguma coisa que só conhecemos por termos sido ensinados por
revelação especial. Conhecemos o que conhecemos porque nos foi revelado. Só
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através da revelação pode ser conhecido. O mistério, é o conhecimento de algo que


só conhecemos porque foi revelado.
[2] “A encarnação de Cristo é um mistério. A união da divindade com a humanidade
certamente é um mistério, oculto com Deus, ‘mistério escondido desde os séculos’.
Foi guardado em silêncio eterno por Jeová, e primeiro foi revelado mediante a
profecia do descendente da mulher... “SDA Bible Commentary, EGW, v. 7, p. 1082.
[3] “Apresentar ao mundo este mistério que Deus manteve em silêncio durante
séculos eternos, antes que o mundo fosse criado, era a parte que Cristo devia
cumprir na obra que Ele empreendeu quando veio a esta Terra. E este mistério da
encarnação de Cristo e a expiação que fez, deve ser declarado a cada filho e filha
de Adão (Signes of the Times, 30/01/1912, SDA Bible Commentary, 1082, v. 6).
“A encarnação de Cristo é o mistério de todos os mistérios (carta 276, 1904, SDA
Bible Commentary, 1082, v.6).
[c] O cristianismo, incluso o adventismo, tem professado que há um só Jesus Cristo
perfeito em divindade e perfeito em humanidade. Há suficiente evidência bíblica que
confirma esta convicção. Rm 1:2,3.
[2] – A Humanidade de Jesus. Jesus se refere a si mesmo, como homem, em Jo
8:39,40. No verso 40, no original, aparece a palavra Antropon, que é uma referência
de Cristo a si mesmo. O termo é omitido nas traduções de língua Portuguesa,
substituído pelo pronome oblíquo tônico de primeira pessoa.
[a] Alguns homens se referiram a Jesus como homem.
[1] Pilatos. Jo 19:5.
[2] Os guardas. Jo 7:46.
[3] O centurião. Mc 15:39.
Jesus era homem porque as pessoas o viam como Homem, e Ele também.
[b] Os evangelhos o reconhecem como Homem, sujeito às contingências da vida
humana; cansaço, fome, sede, desenvolvimento físico, orgânico e intelectual.
[1] Sua genealogia. Mt 1:16 e Lc 3:23 e 38.
“... José, marido de Maria, da qual nasceu Jesus.”
“... Jesus... Filho de José, filho de Heli...”
[2] Seu desenvolvimento foi como de qualquer outro homem.
Lc 2:40 e 42 e 52 cf. Lc 1:80 – Jesus e João Batista. Ele estava se submetendo às
mesmas leis biológicas de qualquer outro ser humano, aprendendo a falar, andar,
ler.
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[3] Cristo sujeito às contingências humanas, às necessidades biológicas comuns a


todos os seres humanos: fome, sede, cansaço, etc... Jo 4:7; Jo 19:28; Lc 24:42,43;
Jo 4:6.
[4] Há outros textos que confirmam a humanidade do Filho do homem. 1Jo 4:2 “...
Todo o que confessa que Cristo veio em carne é de Deus”. Rm 5:18,19.
[5] Pelo testemunho da Escritura fica suficientemente esclarecido que Jesus era
homem.
[3] – Textos do Espírito de Profecia sobre a natureza humana de Cristo:
“Quando Jesus tomou a natureza humana, e se tornou semelhante ao homem,
possuía todo o organismo humano. Suas necessidades eram as necessidades de
um homem.” SDA B. C., v.5, p.1130.
“Enquanto Ele trabalhava, na infância e na mocidade, iam-se-lhe desenvolvendo a
mente e o corpo”. L A., p. 290.
“A humanidade do Filho de Deus é tudo para nós. É a corrente de ouro que liga
nossa alma a Cristo, e por meio de Cristo a Deus. Isto deve constituir nosso estudo.
Cristo foi um homem real; deu prova de sua humanidade, tornando-se homem.
Entretanto, era Ele Deus na carne.” 1ME, p. 244.
“... A divindade e a humanidade achavam-se misteriosamente combinadas, e o
homem e Deus tornaram-se um” (Fé Pela Qual Eu Vivo, p. 48).

C – Que Tipo de Humanidade Jesus Recebeu na Encarnação

[1] – Entre o homem e Adão há similaridades e diferenças. O Adão antes da queda,


embora um ser humano, era diferente do homem hoje. “Quando o Adão saiu das
mãos do Criador, trazia ele em sua natureza física, intelectual e espiritual, a
semelhança de seu Criador.” (Gn 1:27). Ed, p. 15.
“Não havia no Adão original qualquer propensão corrupta ou tendência para o mal”.
1BC, p. 1083 (MM 1974, p. 342).
“Antes da fundação do mundo estava em harmonia com o determinado conselho de
Deus que o homem fosse criado, dotado com poder para fazer a vontade divina...”
ST, 25/4/1892, MM 1974, p. 27).
[a] A principal diferença entre Adão antes da queda e homem hoje, não estava na
estatura, longevidade, capacidade mental, força física, mas na esfera moral. O
40

homem após a queda nasce com uma irresistível tendência para pecar, enquanto
Adão não. Rm 5:12.
[2] – Tinha Jesus ou não tendência ou propensão para o pecado?
Alguns ASD pensam que sim outros não. No meu curso teológico tive
representantes das duas linhas: Bruno Steinweg, Elias Gomez e Dean Davis.
[a] É preciso se saber que em alguns casos, para se entender a verdade, deve-se
manter os paradoxos: santidade e pecaminosidade em Cristo, unidade e trindade na
divindade, fraco e forte na vida cristã, liderança e serviço. Em todos estes casos é
conveniente que mantenha os paradoxos bíblicos, por que esta é uma forma de
pensar do judeu.
[b] Neste caso é necessário que se tenha em vista os textos que enfatizam a
semelhança da natureza humana de Cristo com o homem e as suas
dessemelhanças, e como uma pode explicar a outra, dando os limites dessa
similaridade ou desse diferença. Este paradoxo é percebível tanto na Bíblia como no
Espírito de Profecia.
[3] – Textos que enfatizam a Natureza Carnal – 1º grupo.
[a] Fp 2:5-7 – Quando se declara a preexistência divina se usa o verbo Hupárkon, ( u

´Jpa´´´vrcwn ), nom, sing., masc, Part. Pres. At., linear, ação contínua – existindo
permanentemente.
[1] Quando se declara sua humanidade usa-se a palavra Homoiomati (
oJmoiwvmati ), que se traduz por semelhança, similaridade, similitude. E nesta
caso, é que Ele tornou-se (Genómenos), nom, sing, masc., Part., 2º Aor, médio,
pontilear, ação realizada e terminada no passado. A idéia é “veio a ser homem,
nasceu como homem, tendo se tornado homem. Sua definitiva entrada no tempo
através de sua humanidade. A similitude é entre o que Ele é em si mesmo e a
natureza com que Ele apareceu aos olhos dos seres humanos; ou até que ponto Ele
assumiu a natureza humana.
[a] O texto não fala que Ele transformou-se em homem, mas que adquiriu uma
Segunda natureza, semelhante aos homens.
[b] Rm 8:3 – “Enviando seu próprio Filho em semelhança de carne pecaminosa” e no
tocante ao pecado ( en oJmoiwvmati sarkov" aJmartiva").
[c] Hb 2:14 “... Os filhos têm participação comum de carne e sangue, destes
também, Ele, igualmente, participou...”.
41

Argumentos da Posição Pós-Lapsariana.


[1] Por causa destes textos muitos vêem base bíblica para ensinar a natureza
humana de Cristo com tendência para o pecado.
[2] Pensam assim, porque acham que natureza pecaminosa não é pecado, e
portanto Cristo poderia tê-la sem comprometer a declaração que Ele não cometeu
pecado. E que ver pecado na natureza pecaminosa é uma identificação com a
doutrina do pecado original da Igreja Católica, em que o homem não só adquiriu a
natureza pecaminosa através de Adão, mas também sua culpa.
[3] Pensam ainda, que Cristo só poderia ser suficiente Salvador se tivesse descido
até onde o pecado lançou o homem: o homem com a propensão para o pecado.
Caso contrário esta salvação seria uma farsa.
[4] – Textos que Enfatizam a Natureza Humana sem Propensão para o Pecado. 2º
grupo.
[a] 2Co 5:21. “Aquele que não conheceu pecado, Ele o fez pecado por nós”.
[1] Ele não só cometeu pecado, Ele não o conheceu. Como o conhecedor judaico,
semita, é mais do que compreensão intelectual, isto significa, que na sua forma de
viver Ele não teve relacionamento íntimo com o pecado. ( ginwvskw – oi\da )
(Ginosko e oida). Oida é conhecer mentalmente, percepção mental, conhecimento
objetivo, enquanto Ginosko é conhecer por experiência subjetiva. É conhecer como
se conhecem os casais nas suas mais íntimas relações.
[a] 1Pe 2:22; Hb 4:15; Hb 7:26.
[b] 1Jo 3:5 – “N’Ele não existe pecado”. ( aJmartiva ejn aujtw/////////////~ ouk e[stin
). Pecado é usado aqui no sentido coletivo singular. É o princípio pecaminoso que
não está nele, não porque não pecou e sim porque o pecado não está em sua
natureza. Este texto fala do pecado numa perspectiva muito mais ampla do que atos
pecaminosos. Fala do pecado como um princípio na natureza humana.
[c] Jo 14:30 – “... aí vem o príncipe deste mundo, e ele nada tem em mim”. Satanás
nada tinha em Jesus em relação ao pecado, nem como ato, como origem, ou suas
consequências na natureza humana. Aceitamos que nada temos que ver com a
culpa do pecado de Adão. Contudo, não podemos deixar de reconhecer que nossa
propensão para o pecado, é uma conseqüência do pecado na natureza do homem.
É a fonte de onde começa o ato pecaminoso. É a nossa irresistível vontade de
pecar.
42

[1] Quando Cristo diz que não conheceu, não há, e nada tem nele do pecado e seu
originador, Ele está se referindo à natureza, inclinação ou propensão ao pecado e
não só ao ato pecaminoso.
[2] Se houvesse um homem que não pecasse, mas que tivesse propensão para o
pecado não poderia dizer que não conhece o pecado, ou que não há nele o pecado,
ou que Satanás nada tem nele. Pois o princípio originador do pecado como ato está
neste homem.
[a] Por isso Cristo disse: “Quem dentre Vós me vence de pecado” Jo 8:46. Pergunta
retórica de valor negativo. Resposta: Ninguém.
[3] Jo 14:30 – Está dentro do contexto de Jo 14:1-30, onde Cristo fala sobre sua
unidade com o Pai. “Quem vê a mim, vê o Pai.” v. 9 “eu estou no Pai e que o Pai
está em mim”. Ele fala não só de sua unidade, mas de sua igualdade e mútua
habitação. E ao falar da sua relação com o diabo, Ele diz que “O princípio do mundo
nada tem em mim”. Como Deus não pode ter tendência ou propensão ao pecado, e
como Jesus diz que “Eu e o Pai somos um”. “Quem vê a mim vê o Pai” e “Eu estou
no Pai e o Pai em mim”, logo conclui-se que Cristo, à luz da Escritura, não possui
tendência para o pecado. Cristo é Cordeiro perfeito, sem mancha nenhuma, oferta
pelo nosso pecado, portanto sem propensão ao pecado.
[d] Objeção: Não é justo esperar de um homem a mesma perfeição que houve em
Cristo. Jesus não teve tendência para o pecado e o homem tem. Cristo estava em
vantagem. Acontece que Cristo é identificado como o Segundo Adão, possuindo
semelhança de carne pecaminosa, não identidade, o quê o primeiro Adão não
possuía. No plano moral Cristo tinha vantagem em relação a um homem comum,
que tem a carne pecaminosa, mas desvantagem em relação a Adão, que não tinha
semelhança de carne pecaminosa.
[1] No plano espiritual Cristo estava em desvantagem em relação a ambos, porque
tendo a possibilidade de pecar, não podia contar com o perdão, pois o pecado nele
seria a ruína de todo universo e de todo homem.
[2] Sendo que Ele veio como segundo Adão, Ele veio para lutar contra na natureza
moral em que Adão caiu, ou seja, natureza sem propensão ao pecado. A
comparação é feita com Adão, e não com Moisés, Elias, Abraão ou qualquer outro,
mas com Adão. Ele é o segundo Adão.
[a] Cristo veio para mostrar que mesmo em situação desvantajosa em relação a
Adão, que Ele, Adão, poderia viver sem pecado: Cristo não veio mostrar que o
43

homem com tendência para o pecado pode viver sem pecado. Simplesmente,
porque depois da queda nunca houve um homem que pudesse viver sem pecado.
Rm 3:10-12; 3:23; 5:12. Ele veio, sim, para mostrar como o pecador pode ser livrar
do pecado, de sua condenação e do seu poder. Rm 3; 4-8, porque Ele foi isento de
pecado.
[3] Há que diferenciar entre as três seguintes idéias: natureza pecaminosa (qualquer
homem após o pecado), semelhança de natureza pecaminosa (consequências
físicas e biológicas do pecado, mas não propensão ao pecado (Cristo), sem
natureza pecaminosa (Adão antes da queda,...). Cristo foi enviado em semelhança
não em identidade da natureza pecaminosa.
[e] A Bíblia não está falando de duas idéias incongruentes entre si. Mas de verdades
que se completam e explicam. A ênfase na natureza humana, não é para falar de
Cristo como um homem com propensão ao pecado, mas que recebeu uma natureza
humana real, enfraquecida pela lei da hereditariedade por 4000 anos. E que apesar
dessa desvantagem, sua natureza moral sem tendência para o pecado, e sem poder
contar com o perdão, saiu vitoriosa, usando os mesmos recursos que nós
precisamos para lutar contra o pecado: o estudo da Escritura, a comunhão com
Deus e o testemunho. Sendo que o homem conta com a grande vantagem de ter
direito ao perdão.
[5] – A natureza de Cristo e EGW – Há em EGW os mesmos dois grupos de
passagens como na Bíblia.
[a] Primeiro grupo de textos, ênfase na natureza humana de Cristo, semelhante à de
Adão após o pecado.
“Por quatro mil anos estivera a raça a descrer em forças físicas, vigor mental e valor
moral; e Cristo tomou sobre si as fraquezas da humanidade degenerada, mas Nosso
Salvador revestiu-se da humanidade com todas as contingências da mesma...” DTN,
82.
“Cristo carregou os pecados e as enfermidades da raça como existiam... A favor da
raça, com as fraquezas do homem caído sobre si, Ele devia enfrentar as
tentações...” 5BC 1081.
“Mas Jesus aceitou a humanidade quando a raça caída havia sido enfraquecida por
quatro mil anos de pecado. Como qualquer filho de Adão, aceitou os resultados da
grande operação da grande lei da hereditariedade... veio com essa hereditariedade
para partilhar de nossas dores e tentações...” DTN, 33,34.
44

“Tomando sobre si a natureza do homem e sua condição caída, Cristo... foi sujeito
pelas fraquezas e enfermidades que envolvem o homem”. SDA B. C., v.5, p. 1131.
“A fim de realizar seu desígnio de amor em benefício da raça caída, Ele se tornou
osso de nosso osso e carne de nossa carne...” “A fé pela qual vivo”, 48.
“Tomando sobre si a natureza humana em seu estágio decaído, Cristo... era sujeito
às debilidades e fraquezas que atribulam o homem.” 1ME, 256.
“Ele tomou sobre sua natureza sem pecado a nossa pecaminosa natureza. MS, 181.
“Ele tomou sobre sua natureza sem pecado a nossa pecaminosa natureza.”
“O Filho de Deus humilhou-se e tomou a natureza humana, depois de haver a raça
vagueado quatro mil anos fora do Éden e do seu estado original de pureza... Em
favor da raça, tendo sobre si as fraquezas do homem caído, devia Ele resistir às
tentações. 1ME, 267, 268.
[b] Segundo grupo de textos, ênfase na natureza humana sem pecado.
“Cristo veio à terra, tomando a natureza humana na posição de representante do
homem, para mostrar na controvérsia com Satanás que o homem, como Deus o
criou, conectado com o Pai e o Filho, podia obedecer cada mandamento divino.” ST,
8 de junho, 1898.
“Ele (Cristo) começou onde o primeiro Adão começou. Logo, Ele venceu onde o
primeiro Adão caiu”. YI, 2 de junho, 1898.
“Quando Adão foi assaltado pelo tentador no Éden, ele estava sem a tendência do
pecado.” RH, 28/7/1874.
“Ele venceu Satanás na mesma natureza sobre a qual, no Éden, Satanás obteve a
vitória.” YI, 25/4/1901.
“Nós não teríamos receio em olhar para a perfeita ausência de pecado da natureza
de Cristo. “ 5BC, 1131; ST, 9/6/1898.
“Em nenhum momento houve n’Ele uma má propensão”. 5BC, 1128.
“Ele não foi enviado diante do povo como um homem com propensões ao pecado.
5BC, 1128.
“Nunca, de maneira nenhuma, deixe a mais leve impressão sobre a mente humana
que a mancha de, ou inclinação à corrupção ficou sobre Cristo, ou que Ele, de
alguma forma consentiu com a corrupção.” 5BC, 1128, 1129.
“Ele nasceu sem a mancha do pecado.” Letter 97, 1898.
“Ele tomou sobre sua natureza sem pecado nossa pecaminosa natureza, para que
pudesse saber socorrer aqueles que são tentados.
45

“Identificando-se a si mesmo com nossas necessidades, nossas fraquezas e nossos


sentimentos... Ele foi um poderoso intercessor, não possuindo as paixões de nossa
natureza caída.” Testimonies, v.2, 508,509.
“Sede cuidadosos, extremamente cuidadosos quando tratais com o tema da
natureza humana de Cristo. Não o apresenteis perante as pessoas como um homem
com as propensões para o pecado. Ele é o segundo Adão. Ele poderia ter caído,
mas nem por um momento houve n’Ele uma propensão maligna...” SDA BC, v.5,
1131.
[c] – Conclusão. Cristo assumiu a natureza humana com enfraquecimento na força
física e mental, embora sem se envolver com o pecado. Ele estava sujeito às
enfermidades e fraquezas desta experiência, conseqüência da lei da hereditariedade
por 4000 anos de pecado. Identificou-se com todo tipo de necessidade e debilidades
tão comuns à raça humana.
[1] A humanidade de Cristo não foi a humanidade de Adão antes da queda, pois
Cristo estava enfraquecido física e mentalmente, nem foi a humanidade de Adão
após a queda, pois Cristo não tinha propensão para o pecado. Sua natureza era
mais apropriadamente a nossa humanidade, porém sem tendência para pecar e sem
pecado. Pois estava sujeito à fome, dor, tristeza, cansaço, sede e enfermidades,
contudo sem tendência para o pecado.
[2] Esta é a posição do Pr. Froom, Moviment of Destiny, p. 300. Esta é a posição do
livro Questions on Doctrines, 650-660. Esta é a posição do Dr. Edward Heppenstall,
The Man Who is God, p. 129-150. Esta é a posição do livro Nisto Cremos, pp. 65-72.

D – As Tentações

A palavra Peirasmós, no sentido de tentação aparece vinte e uma (21) vezes no N.


T. Ela tem o sentido de por em prova, tentar, examinar e contestar. Satanás utiliza a
tentação com a finalidade de conduzir o homem ao pecado para afastá-lo de sua
filiação divina e fazer dele um filho de Satanás. 1Jo 3:7-10. Cristo permite a tentação
para o progresso ético deste mesmo homem. Tg 1:2-4 cf. 1Co 10:13. Cristo tem uma
relação com a tentação e o pecado, que é única e singular. A sua resistência até à
morte ao pecado, não só lhe dá o progresso ético ao clímax, como esta obediência
até à morte possibilita ao homem a salvação. 2Co 5:21; 1Pe 2:22; 1Jo 3:5 e 1Pe
3:18; 1Co 15:3.
46

[1] – Pecado – Da noção do que seja pecado depende nossa noção de salvação,
santificação e justificação.
[a] Pecado pode ser errar o alvo de Deus para sua vida. ( aJmartiva) ou (

aJmarthma).
[1] Pecado como um princípio ou um poder da vida, conjunto de pecados.
[2] Um ato de pecado.
[b] Pecado é o ato de passar além da linha ( paravbasi") –estabelecida por Deus. (Ec
7:16).
[c] Pecado é a desobediência a uma voz. (parakohv).
[1] Ouvir com má vontade que resulta em desobediência.
[d] Pecado é cair quando era obrigado a ficar em pé (ereto). ( paravptwma).
[1] Tropeço, desvio da verdade.
[e] Pecado é ignorância do que se devia conhecer. ( ajgnovhma).
[1] Cegueira moral, ofensa impensada, falta de conhecimento.
[f] Pecado é escassez ou diminuição do que se devia possuir em plenitude.
(h{tthma).
[1] Falta de poder, abatimento.
[g] Transgressão de uma lei. (ajnomiva).
[1] Desobediência, ato contra a lei.
[h] Pecado é uma discórdia. (plhmmevleia).

[i] Pecado é uma dádiva à justiça divina. (ojfeivlhma).


[1] Ofensa.
[2] – Na base de todo pecado está o espírito de independência e revolta, falta de
confiança. Atitudes por não pôr a Deus como o primeiro. Este foi o sentido em que
Jesus foi tentado em todas as coisas como todo homem. Pecado não é só
transgressão da lei. É rebelião contra uma pessoa. É quebrar um relacionamento
com uma pessoa que nós amamos – Deus. É uma rebelião eterna, que está no
coração.
[3] – A Bíblia testifica da veracidade e realidade das tentações de Cristo.
[a] 1Pe 2:20-22 – Cristo é nosso exemplo não por ter sofrido, mas porque sofreu
sendo tentado. E assim, pode socorrer aos que são tentados. Em Cristo a tentação é
singular, porque o seu sofrimento na tentação é vicário e messiânico.
47

[b] Hb 2:18,17 – Cristo experimentou o poder da tentação na sua natureza para


poder ser misericordiosos Sumo-Sacerdote, e para fazer propiciação pelos pecados
da humanidade. Pois naquilo que sofreu sendo tentado, pode socorrer os que por
sua vez são tentados. Quem experimentou a tentação é magnânimo. Cristo está
perto dos que são tentados, porque Ele, no padecimento enfrentado na tentação,
pode salvar perfeitamente a todos os que a Ele se achegam.
[1] Para que a tentação seja real, o pecado tem que ser uma possibilidade. Só na
encruzilhada da opção e da decisão livre é que a tentação tem sentido.
[c] Lc 22:28 – Todo o caminho de Cristo até à paixão foi palmilhado pela tentação.
[4]– Natureza da Tentação de Cristo.
[a] Hb 4:14,15 – “Tentado em todas as coisas.” Isto não significa que Cristo
enfrentou todas as tentações do ser humano em todas as circunstâncias, pois Ele
era uma pessoa específica que nasceu e viveu em condições específicas. Ele não
podia ser tentado em coisas que estavam fora de suas circunstâncias:
[1] Como as tentações próprias do sexo feminino, pois era homem.
[2] Nem sofreu as tentações de uma pessoa de classe social rica, porque era pobre,
nem de um casado, porque era solteiro.
[3] Também não enfrentou tentações que não eram próprias de sua época:
programas pornográficos de TV, cinema, uso de drogas injetáveis e muitas outras.
[b] Além do mais o caráter das tentações de Cristo estavam relacionados com a sua
missão e natureza divina. Eram tentações que tinham perspectivas cósmicas, pois
sua vitória sobre elas vindicava o caráter justo de Deus, sustava apostasia iniciada
no céu e a salvação da raça humana.
[1] Foi tentado em usar a divindade para fins próprios, interesse particular, pois tinha
que viver como o segundo Adão. Era o representante da raça na tentação.
Tentações específicas dele.
[c] Ele era um Ser santo (1Pe 3:18). Cristo é o Santo de Deus, Lc 1:35 e Jo 6:69, e
como tal o pecado lhe era mais ofensivo e agressivo do que ao pecador.
[d] Foi tentado em não cumprir a missão do Messias Sofredor.
[e]Cristo foi “tentado em todas as coisas como nós” significa que foi tentado na
mesma base de toda tentação: confio em Deus realmente, para esperar só nele, ou
sou independente? A base da tentação é a mesma: confiar em Deus ou em mim?
Deus é o Primeiro em todas as circunstâncias da minha vida? Esta é a base da
tentação. Foi neste ponto de rebeldia contra Deus, de independência, falta de
48

confiança que Adão foi tentado, nós e Cristo. É neste sentido que Cristo foi tentado
em tudo como nós, a um nível muito mais intenso quanto mais intensa foi a sua
reação para não pecar.
[f] Contudo houve ainda uma outra diferença, em relação à tentação enfrentada pelo
homem e Cristo, que mostra a natureza de sua tentação.
[1] O homem é induzido ao pecado por tentações interiores (Tg 1:14, 13, 15), e por
aquelas que nos induzem a partir do exterior. Só as pessoas com propensão ao
pecado podem sofrer tentações interiores. Cristo não podia ter tal tentação porque
não tinha propensão ao mal. Neste sentido a natureza de suas tentações era
diferente da nossa. Não devia isto causar estranheza, pois quando diz que “foi Ele
tentado em todas as coisas”, diz também a “nossa semelhança” ( oJmoiwvmati), isto
não significa igualdade. Adão foi tentado sem ter propensão e caiu.
[5] – A Resistência de Cristo à Tentação – foi um processo de aprendizagem, que
lhe deu progresso ético ou moral. Hb 5:7-9. Embora seja Filho de Deus, Jesus teve
que suportar com paciência o sofrimento proveniente da obediência, seu progresso
moral, porque Jesus, como em todas as outras coisas, era um aprendiz da
obediência, no sentido que a obediência e sofrimento juntos eram uma maturação
do cumprimento da função cristológica: o seu sacrifício. Cada novo dia através deste
sofrimento na obediência, Ele entendia melhor o significado do Messias sofredor.
[a] Hb 10: 7-10 – Depois de falar da inoperância do sistema sacrifical, mostra que
aquilo em que Deus se deleita é o fazer a vontade de Deus. E esta vontade de
Cristo (de obediência) é que santifica, porém através dos méritos do seu sacrifício,
que é o clímax da sua obediência: obediência até à morte
[1] Esta obediência no sofrimento o conduz desde a tentação no deserto, passando
pelas palavras aliciadoras de Pedro, negação por Pedro, traição de Judas,
abandono dos discípulos, Getsêmane, onde toma a decisão final de sorver até a
última gota do cálice do sofrimento do Messias até ao sacrifício da cruz.
[2] Em todo este processo, a tentação de Lúcifer era oferecer-lhe o mundo que Ele
vinha conquistar sem sofrimento. Contudo Cristo sabia que não podia separar o
sofrimento da obediência. A negação do primeiro implicava a rejeição do segundo. E
sem ambos não haveria redenção. Por isso esta era a vontade de Cristo (Jo 4:31e
34) cf. Jo 17:4. Era a obediência em meio à angústia do terrível juízo, a ira de Deus
contra o pecado, o quinhão de Cristo, a sua missão: Jo 12:20-36.
49

[a] O segredo de sua vitória foi pôr Deus em primeiro lugar em sua vida, isto é, saber
a sua vontade em cada situação. Daí a necessidade de relacionamento pelo estudo
da Bíblia.
[6] - O Conflito na Tentação.

A IRRUPÇÃO DO REINO DOS CÉUS

Na tentação. A palavra peirasmós aparece vinte e uma vezes no Novo Testamento.


Ela tem o sentido de pôr em prova, tentar, testar, examinar e contestar. Mateus
localiza a tentação, definindo o tempo (então), o lugar (no deserto) e a extensão (40
dias).1 O tempo salvífico, o reino dos céus, irrompe no tempo de prova e
contestação contra Jesus. O caminho através da tentação é o único que conduz ao
reino de Deus. O princípio da distinção e do antagonismo aos reinos deste mundo e
ao Diabo, é a única forma de estabelecer o reino dos céus. “A vida de Cristo foi uma
guerra perpétua contra os agentes de Satanás.” 5 SDA BC, 1080.
Este princípio se torna mais evidente na essência das tentações. Na base delas está
a contestação à declaração do Pai. “Tu és o meu filho amado, em quem me
comprazo.” Através da conjunção SE ele introduz uma oração de condição de
primeira classe, que declara uma verdade duvidando-a. Seria uma oração
conclusiva e condicional ao mesmo tempo. Gramaticalmente condicional, e
ideologicamente conclusiva: Já que você é filho de Deus, se de fato é. Aqui Jesus é
tentado e Deus é contestado.
Através da história da aliança de Deus com os homens, sua fé é sempre testada,
para verificar até que ponto há contestação de Deus, ou confiança implícita. São
exemplos eminentes de fé provada: Abraão e Jó. De Abraão é dito que ele ousou
esperar sem haver esperança. (Rm 4:18), e Tiago referindo-se a Jó declara:
“Ouvistes falar da constância de Jó e vistes o fim que o Senhor lhe concedeu, pois o
Senhor por fim é tão misericordioso e compassivo” (Tg 5:11). Jesus da mesma
forma foi provado para ver se estava disposto a deixar a via fácil da aprovação social
pelo caminho da renúncia e sofrimento (Is 53).
A tentação básica era Jesus ser o Messias-Rei sem ser o Messias-Sofredor. 2 Os
reinos deste mundo tinham que ser conquistados através da luta contra o príncipe
1
A. T. Robertson. Word Pictures in the New Testament., (Tenessee:
Broadman Press, 1930), Vol. I, p. 30.
2
Joachin Jeremias, Teologia do Novo Testamento, (São Paulo: Edições
Paulinas, 1977), p. 119.
50

deste mundo. Só poderia haver reino dos céus pela destruição do reino e rei deste
mundo. Pecado e morte são correlativos e ambos pertencem a Satanás cujo reino
se opõe ao de Cristo. O apóstolo João condiciona a presença do reino, ou a
presença da salvação, no fato de Lúcifer ser deitado abaixo (1Jo 3: 8). “Também Ele
participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o
império da morte, isto é, o diabo” (Hb 2:14, 15; Jo 16:11; cf. Rm 8:13 e Fp 2:6-11).
Não sem obstáculos, devia o comandante celestial conquistar a humanidade para
Seu reino. Desde criancinha, em Belém, foi continuamente assaltado pelo maligno...
e nos conselhos de Satanás, decidiu-se que fosse vencido... Foram-Lhe soltas no
encalço as forças da confederação do mal, empenhando-se contra Ele, no intuito de,
se possível, vencê-Lo.1
No princípio desta inimizade inerente dos reinos, está estabelecido o reino de Deus
e a destruição do reino de Satanás neste mundo. Nisto há um paralelo com a
história da queda no A. T. Na inimizade contra a serpente estava o segredo da
reconciliação. Tudo isto se daria através de um descendente que esmagaria a
cabeça da serpente, e a posteridade é Cristo (Gl 3:16). Por isso Cristo rejeitou o
conselho de Pedro que se esquivasse da paixão. O Servo-Sofredor era a sua
missão como Messias.
A missão de Cristo só se podia cumprir através de sofrimento. Achava-se diante dEle
uma existência de dores, privações, lutas e morte ignominiosa. Cumpria-Lhe
carregar sobre Si os pecados de todo o mundo. Tinha de sofrer a separação do
amor do Pai.2
Assim como a tentação se deu em três aspectos, a irrupção do reino, igualmente, se
deu em três níveis correspondentes: Palavra, Confiança e Sofrimento.
O que mantém a vida no reino não é a satisfação da necessidade do pão, mas da
Palavra. Foi pela Palavra que Deus através da história deu o pão. No lançar a
dúvida da Sua filiação divina, Satã quis colocar a ordem de prioridade em sentido
inverso. Primeiro o pão, depois a Palavra. Esta ordem nega a confiança na Palavra e
está posto o pecado. No reino cabe à Palavra a prioridade. O reino de Deus só
irrompe pela primazia da Palavra. Assim toda e qualquer teologia que condiciona o
ouvir a Palavra à satisfação do pão, está estabelecendo o reino de Satanás
pensando estabelecer o reino de Cristo. Era este o propósito último do inimigo que
foi frustrado por Cristo. Assim irrompeu o reino dos céus no mundo pela primazia da
Palavra sobre o Pão.
1
Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, (Santo André, São
Paulo: Casa Publicadora Brasileira, 1979), p. 101.
2
Idem., p. 113.
51

Satanás queria que Jesus legitimasse sua confiança em Deus, através da


manifestação miraculosa, a que Deus seria constrangido a realizar. A legitimação
necessária da confiança em Deus, não é confiança. Condicionar confiança ao
milagre é fazer surgir no homem a presunção, e tentar a Deus ao mesmo tempo. No
reino do céu o milagre é contingente e não condicional, só a confiança incondicional
na declaração de Deus introduz o Reino. E esta confiança de Jesus fez irromper o
Reino. A atmosfera do reino é a de uma confiança incondicional.
Na terceira alternativa Satã propôs a Cristo realizar sua missão sem sofrimento.
Estabelecer o reino dos céus sem o sofrimento do Messias, incluía troca de
autoridade, e mudança de adoração. O reino dos céus se fundamenta no sofrimento
do Messias e na adoração da divindade. Quando o homem adora a Deus,
compungido pelo sofrimento do Messias, ele entra no reino dos céus, e só assim
irrompe no mundo o reino de Deus.
Ora, o tentador oferecia entregar-Lhe o poder que usurpara. Cristo poderia livrar-Se
do terrível futuro mediante o reconhecimento da supremacia de Satanás. Fazer isso,
porém, era renunciar à vitória no grande conflito. 1
Cristo entrou no mundo escravizado pelo Diabo, com Sua filiação divina, não apenas
para outorgar o perdão. Ele veio para o terreno do inimigo para uma luta. As
expulsões de demônios das criaturas possessas são uma evidência disto. E mais,
que o reino de Deus é chegado. “Se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus,
é conseguintemente chegado a vós o reino de Deus.” (Mt 12:28).
“Estas vitórias sobre o poder do mal não são apenas irrupções isoladas no reino de
Satã. Significam mais. São a aurora do tempo salvífico, e começo na aniquilação de
Satã.”2
O que se pretende declarar é que na tentação do deserto o tempo da salvação está
a irromper, pelo fato de que a tentação e o tentador foram vencidos pelo Messias. E
esse era o único caminho: fazer surgir o reino, mediante luta e vitória contra
Satanás, através da soberania da Palavra, da prioridade da confiança e da primazia
do sofrimento do Messias.
Nos milagres de cura. Jesus pretende que os eventos de cura sejam um
cumprimento das profecias vétero-testamentárias. Em pelo menos duas ocasiões ele
relaciona cura e cumprimento. Em Lucas 4:16-21, Ele assegura que os adoradores
em Nazaré são testemunhas oculares de que a Escritura se cumpre diante deles. É

1
Ibid., p. 113.
2
Teologia do Novo Testamento, Op. Cit., p. 148.
52

o que quer significar o texto “én toîs ôsin hynon”. A Escritura caiu em seus ouvidos. 1
E o que eles testificam é que: “apregoar liberdade aos cativos”, “dar vistas aos
cegos”, “pôr em liberdade os cativos” implica em dizer que o reino dos céus está a
irromper (cf. Is 61:1).
Na resposta à pergunta de João Batista “És tu aquele que havia de vir, ou
esperamos outro?” (Mt 11: 2-6), está mais uma vez posto o evento da cura como
cumprimento do tempo salvífico (cf. Is 29:18 e Is 35:5).
As figuras de que lançam mão – luz para os cegos, ouvir dos surdos, grito jubiloso
do mudo, etc. – constituem no Oriente expressões antiquíssimas para dizer o tempo
da salvação, no qual não haverá sofrimento, nem grito de luto ou de dor. 2
Seis vezes, aparece relacionada aos milagres de cura a referência de Jesus à fé: Mc
5: 34, 36; Lc 10:52; 17:19; Mt 8:10; Mc 9:23. Assim as curas concluem com o
pensamento: “A tua fé te salvou”. Em todas estas narrativas há um necessitado em
busca de auxílio, que desistiu de se ajudar, e que só encontra a sanidade nEle,
quando crê nEle. Isto é, confia que nEle se pode concretizar a promessa, e prepara-
se para o futuro, o reino. As mesmas narrativas que falam da fé do indivíduo
asseguram o poder de Deus para operar conforme a necessidade do que O busca.
Fé é a confiança de que o suprimento da necessidade, impossível ao ser humano, é
possível a Deus, porque Ele pode, como se vê em seus atos através da história do
homem e do mundo, como Criador e Redentor. Assim a relação com Deus é o
essencial e a sanidade física pelo milagre, o secundário.
Por isso o essencial nos milagres de Jesus não é a diferença exterior constatável
desses milagres frente ao que normalmente ocorre no mundo, mas a quebra do
esquema da recompensa: o homem recebe graça onde deveria contar com a
desgraça e merecê-la.3
Portanto, o poder salvador do reino de Deus prometido está a irromper. O servo
sofredor toma as doenças dos outros sobre si (Mt 8:17), pondo fim ao poder de Satã.
É a presença do tempo da salvação em realização. O que era a promessa no Antigo
Testamento, o que era pré-anúncio em João Batista, é agora com Jesus Cristo, em
sua tentação, em seus milagres e palavras, a realização do reino dos céus.
Alie-se a isto que havia a crença comum de que toda sorte de doenças era atribuída
diretamente aos demônios. Assim, o oriental via nas curas de Jesus uma vitória

1
Idem., p. 162.

2
Loc Cit.
3
Leonhard Goppelt, Teologia do Novo Testamento, (Petrópolis, RJ: Editora
Sinoda/Vozes, 1976), p. 174.
53

sobre os demônios que os possuía. 1 E estas vitórias são a aurora do tempo salvífico.
É sempre um reino espiritual e nunca um reino eterno de Deus sobre Israel como
nação e na presente era. A vitória é o anúncio de que a hora escatológica chegou
em Cristo.
Nas núpcias. Na resposta de Jesus à pergunta: “Por que os teus discípulos não
jejuam?” está configurado mais uma vez o ensinamento da presença da salvação.
As núpcias tiveram seu início, o noivo está presente, há júbilo. Quem pode, em tal
situação, jejuar? Esta é mais uma figura para apresentar a contemporaneidade do
reino. Na declaração de Batista em se declarar amigo do noivo, evidencia-se uma
vez mais este ensinamento. O “sosheben”, amigo do noivo, era uma figura social,
cuja função era fazer todos os preparativos da festa e da noite de núpcias. E guardar
de forma especial o leito conjugal, para o encontro dos noivos. E quando isso
ocorria, a ele cabia desaparecer na escuridão da noite. Assim o encontro de Cristo
com sua noiva era o clímax do banquete nupcial. De forma alguma cabia no clímax
do banquete espiritual o jejum. Cristo encontrou-se com o homem perdido. E a
função de Batista era propiciar este encontro, e não enciumar-se por causa do novo
Mestre. O reino espiritual da graça, no interior do homem, estava presente com a
chegada do noivo que se encontra com seu povo transviado.

[7]- Segredos da Vitória de Cristo em Face da Tentação:


[a] Jesus venceu pela Palavra.
“Está escrito” era sua norma de resistência, e esta é a espada do Espírito que cada
ser humano pode usar”. 5 BC, 1128,1129.
“Por que meio Jesus venceu no conflito contra Satanás? Pela Palavra de Deus,
unicamente pela Palavra, pôde resistir à tentação... Quando assaltados pela
tentação, não olheis às circunstâncias, ou à fraqueza do próprio eu, mas ao poder
da Palavra. Pertence-vos toda a sua força...” DTN, 87.
[b] Cristo venceu pela oração.
“Como uma pessoa identificada conosco, participante de nossas necessidades e
fraquezas, dependia inteiramente de Deus e no lugar de oração, buscava força
divina, a fim de poder sair escudado para o dever e a provação.” DTN, 269.
[c] Cristo vence por sua confiança em seu Pai.

1
Joachin Jeremias, Op. Cit., p. 146.
54

“Confiava no poder de seu Pai. Foi pela fé, fé no amor e cuidado de Deus que Jesus
repousou, e o poder que impôs silêncio à tempestade, foi o poder de Deus.” Como
Jesus descansou pela fé no cuidado do Pai, assim devemos repousar no de nosso
Salvador”. DTN, 249
“... pela fé saiu Cristo vitorioso”. DTN, 563, 564.
[d] Cristo venceu pela presença interior e graça do Espírito Santo.
“A humanidade de Cristo estava unida à divindade, estava habilitado para o conflito,
mediante a presença interior do Espírito Santo... Deus nos toma a mão da fé e a
leva a apoderar-se firmemente da divindade de Cristo, a fim de atingirmos a
perfeição de caráter”. DTN, 87.
[e] Segredos e alvos na tentação do homem.
“As tentações muitas vezes parecem irresistíveis porque, pela negligência da oração
e estudo da Bíblia, o que é tentado não pode facilmente, lembrar-se das promessa
de Deus e enfrentar Satanás com as armas das Escrituras. CS, 599.
“Se formos a Deus em fé, Ele nos receberá e nos dará força para alcançarmos a
perfeição...” MM, 1974, p. 283.
“Tende o alvo de tornar vossos filhos perfeitos no caráter...” OC, 73.
“Nenhum dos apóstolos e profetas declarou jamais estar sem pecado. Homens que
viveram mais próximos de Deus... confessaram a pecaminosidade de sua natureza.”
AA, 561.

E – A Divindade de Cristo

A divindade de Nosso Senhor Jesus está estabelecida por pelo menos em dez
evidências distintas, que reunidas formam um todo, que estabelece com toda
segurança a divindade dele.
[1] – O título Filho de Deus aplicado por Jesus a si mesmo. Mt 27:41-43 – “Porque
disse: sou Filho de Deus” cf. Jo 8:58,59, cf. Jo 10:28-31 – O pecado de blasfêmia é
acusação lançada contra Cristo com o conseqüente apedrejamento, por se declarar
Deus, que se fundamenta em três afirmações que se equivalem por causarem a
mesma acusação e a mesma pena, são elas: Eu sou, Eu e o Pai somos um, Sou
Filho de Deus.
[a] Outros personagens o reconheceram como Filho de Deus.
[1] Mt 16: 15-17 – Pedro.
55

[2] Jo 1:32-34 – João Batista.


[3] Jo 1:48,49 – Natanael – associa onipresença ao título Filho de Deus.
[4] Jo 11:27 – Marta.
[5] Jo 20:28 – Tomé.
[b] Este título: Filho de Deus, da mais explícita forma, incorpora, seu relacionamento
único com o Pai. Sendo Filho, por força do título é da mesma natureza do seu Pai:
Deus.
[2] – Aplicação a Jesus Cristo de uma relação de nomes e títulos reservados à
divindade.
[a] No A. T. cerca de 70 nomes e títulos são aplicados a Cristo, e no N. T. são
relacionados 170 mais.
[b] Os nomes restritos exclusivamente à divindade são:
Deus – Jo 1:1
Deus conosco – Mt 1:23
O Grande Deus – Tt 2:13
Deus bendito – Rm 9:5
Filho de Deus (cerca de 40 vezes)
O Verdadeiro Deus – 1Jo 5:20
Senhor (usado continuamente)
Senhor da Glória – 1Co 2:8
Rei da Glória – Sl 24:8-10
Maravilhoso – Is 9:6
Pai da Eternidade – Is 9:6
Verbo de Deus _ AP 19:13
Emanuel – Mt 1:23
Rei dos reis, Senhor dos senhores – Ap 19:16
[3] – Aplicação a Cristo de atributos exclusivos da divindade:
[a]Onipotência – Mt 28:18; Ap 1:8; 2:8; 21:6; 22:13.
[b] Onisciência – Mt 9:4
[c] Onipresença – Mt 18:20, Jo 1:47-49
[d] Imutabilidade – Hb 13:8
[4] – Aplicação a Cristo de ofícios e prerrogativas só atribuídos a Deus:
[a] Criador – Jo 1: 1-3
[b] Preservação do universo – Hb 1:3
[c] Direito e poder para perdoar – Mc 2:5-12; 1Jo 1:9.
[d] Direito e poder para julgar – At 17:31; Tg 4:12.
[e] Autoridade e poder sobre a morte – Jo 10:17,18; 1Tm 6:14-16.
[f] Transforma nosso corpo – Fl 3:21
56

[5] – Aplicação do Eu Sou do A.T. a Cristo:


[a] Jo 8:58 cf Êx 3:14
[6] - Aplicação do nome Jeová a Cristo no N. T.:
[a] Sl 102:22-28 cf Hb 1:10-12
[b] Hc 2:2,3 cf Hb 10:37
[c] Jr 31:31 cf Hb 8 e 10
[d] Zc 11:4,12,13 cf. Mt 27:3-8
[e] Is 40:3 cf. Mt 3:3
[7] – Igualdade do Pai e Filho
[a] Mesma honra – Jo 5:23
[b] Ver a Cristo é ver o Pai – Jo 14:7-9
[c] Crer em Cristo é crer em Deus – Jo 12:44
[d] Cristo faz as mesmas obras do Pai – Jo 5:19
[e] Cristo tem o mesmo poder de ressuscitar – Jo 5:21
[f] Como o Pai, Cristo tem vida em si mesmo – Jo 5:26
[g] Pé de igualdade nas fórmulas bíblicas – 2Co 13:13; Mt 28:19
[h] Digno de adoração e oração
[1] Anjos e homens rejeitaram a adoração por considerá-la prerrogativa exclusiva de
Deus. – Ap 19:10; At 10:25,26
[2] Ap 5:7-9; Mt 14:33, Mt 28:9,17
[8] – Plenitude da divindade – Cl 2:8,9
[9] – Deus o Pai o chama de Deus – Hb 1:8
[10] – Textos de EGW.
“...’Eu e o Pai somos um’. As palavras de Cristo estavam repletas de significação ao
apresentar a reivindicação de que Ele e o Pai eram de uma substância, e
possuidores dos mesmos atributos.” ST, 27/11/1893.
“Todavia, o filho de Deus, era o reconhecido Soberano do céu igual ao Pai em poder
e autoridade.” CS, 495.
“Cristo era Deus essencialmente, e no mais elevado sentido. Estava com Deus
desde toda eternidade, Deus sobretudo, eternamente bendito”. RH, 5/4/1906.

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