Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
HISTÓRIA
DA
IGREJA:
ANTIGA E
MEDIEVAL
HISTÓTIA DA IGREJA: ANTIGA E MEDIEVAL
SUMÁRIO
Pág.
- INTRODUÇÃO 03
- CAPÍTULO I
IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DA HISTÓRIA 04
- CAPÍTULO II
O AMBIENTE DO PERÍODO NEOTESTAMENTÁRIO 08
- CAPÍTULO III
EXPANSÃO DO CRISTIANISMO NOS TRÊS PRIMEIROS SÉCULOS 11
- CAPÍTULO IV
PERSEGUIÇÃO DA IGREJA NOS SÉCULOS I A III 14
- CAPÍTULO V
OS PAIS APOSTÓLICOS 17
- CAPÍTULO VI
A REAÇÃO DA IGREJA ÀS HERESIAS E PERSEGUIÇÕES 25
- CAPÍTULO VII
A IGREJA NO INÍCIO DA IDADE MÉDIA – 590-1073 A.D 28
- CAPÍTULO VIII
A SEPARAÇÃO DO OCIDENTE E DO ORIENTE 33
- CAPÍTULO IX
O PAPADO 39
- CAPÍTULO X
A IGREJA NA IDADE MÉDIA – 1073-1294 A.D 41
- CAPÍTULO XI
O APARECIMENTO DO PODER MAOMETANO 46
- CAPÍTULO XII
AS CRUZADAS 48
- CAPÍTULO XIII
AS RIQUEZAS DA IGREJA 51
- CAPÍTULO XIV
A PRÉ-REFORMA 54
- CONCLUSÃO 58
- REFERÊNCIAS 59
INTRODUÇÃO
“Um povo sem conhecimento de sua história, sua origem e sua cultura é como uma árvore sem
raízes.”
Macus Garvey
Um dos graves erros, ou poderia até mesmo exagerar e dizer "pecados" da igreja protestante
especificamente a chamada ala "evangélica", pentecostal e neopentecostal é que se esquecem do passado
que deu origem ao que são hoje, que as formou.
A história da igreja produz um certo pavor às diversas religiões, onde expõe não somente suas
origens, e certamente vieram de uma mesma fonte, inclusive as chamadas seitas, como também mostra
suas mazelas e atrocidades, mas também sua trajetória até aqui.
Dentro do contexto cristão evangélico, ocorre este mesmo fator, pois muitos descobrem nela
alguns eventos que aos olhos do leitor não parecem "bíblicos", mas esquecem de que muitos deles foram
nossos "irmãos na fé".
Procuraremos ajudar o aluno neste curso a entender um pouco mais desta história fantástica da
igreja, para que ele possa não apenas compreender de onde foi baseada sua fé e esperança, como também
tirar suas próprias conclusões de que a história, por mais que não parece, ela é cíclica, alguns fatos que
ocorreram ontem, estão ocorrendo agora também. Por isso precisamos estudar e aprender onde houve
erros, e mudarmos de estratégia de vida para que os mesmos não se tornem o fracasso do passado.
Esperamos ajudar com este panorama, entusiasmar e incentivar a leitura e estudo da HISTÓRIA
DA IGREJA: ANTIGA E MEDIEVAL!
C - O MUNDO JUDAICO
O mundo judaico em que Jesus viveu e o cristianismo nasceu era uma sociedade complexa, cheia
de tradições que vinham desde os tempos da volta do cativeiro e, especialmente, desde o período dos
Macabeus.
Os partidos político-religiosos dividiram entre si a lealdade dos judeus de então. Temos: os
saduceus, sacerdotes, basearam-se só em Moisés. Colaboraram com os poderes estrangeiros para manter o
controle do poder. Os fariseus, peritos nas Escrituras e dirigentes do ensino religioso no pais, aceitaram o
AT todo. Sendo descendentes do movimento macabeu tendiam para o xenofobismo. Os zelotes surgiram
duma ala deste partido.
E - O MUNDO PREPARADO
Jesus nasceu dentro deste contexto e que biblicamente se conhece como "plenitude dos tempos"
Gl:4:4-5. A igreja, respondendo às ansiedades da época com a revelação de Deus em Jesus, conseguiu
rapidamente conquistar o Império.
A - INTRODUÇÃO
A política dos imperadores romanos era tolerar as religiões das nações que eram vencidas nas
guerras. As religiões nacionais faziam parte da cultura local. Assim o judaísmo, embora proselitista por
natureza, foi tolerado como religião lícita. Mesmo assim o povo não gostava dos judeus por diversas
razões. O cristianismo foi tolerado ao princípio bem como participou do desgosto popular como seita do
judaísmo. Quando perceberam que não era uma seita do judaísmo foi proscrito. Para os romanos o Estado
era o principal. Assim a religião era promovida apenas quando servia aos objetivos do Estado. Logo o
Cristianismo foi proscrito por duas razões:
1) Primeiro, entrava em competição com o Estado, pois ambos pretendiam a lealdade universal.
2) Segundo, não contribuía para promover o Estado uma vez que podia ser manipulado para
ajudar controlar qualquer país conquistado pelos romanos.
As fontes que possuímos a respeito das perseguições, além das Escrituras, são conhecidas como
"atas dos mártires", que consistem em descrições mais ou menos detalhadas das condições sob as quais se
produziram os martírios, as prisões, encarceramento e julgamento do mártir ou mártires em questão, e por
fim sua morte. Outras notícias chegam através de outros documentos escritos por cristãos que de algum
modo se relacionam com o martírio e a perseguição. O exemplo mais valioso desta classe de documentos
é a coleção de sete cartas escritas por Inácio de Antioquia a caminho do martírio. Também existem
algumas correspondência onde se apresenta algumas atitudes dos pagãos diante dos cristãos,
especialmente a atitude de governantes.
C - MAIORES PERSEGUIÇÕES
A igreja foi alvo de maiores perseguições no período que vai de Nero a Diocleciano (64 – 305).
1) OS EBIONITAS OU JUDAIZANTES
Desde o início havia uma seita que queria impor o judaísmo aos conversos gentios. Cristãos de
cunho judaico persistiram em pequeno número na Palestina até o início do IV século. O termo "ebion”
significa pobre. Algumas crenças do ebionismo original: mantinham que o verdadeiro Deus é o criador do
mundo e autor da lei de Moisés. Cria que Jesus foi o Messias, mas não era divino por natureza. Rejeitou
Paulo e acatou Tiago e Pedro. Foram ascéticos e exaltaram a castidade no começo. Mais tarde exaltaram o
casamento acima da castidade.
2) O GNOSTICISMO
Havia várias correntes de gnosticismo que floresceu no II século na Síria, Egito e Ásia Menor. A
base filosófica do gnosticismo foi a ligação do mal à matéria. Uma vez que o mundo estava repleto de
imperfeição, o Supremo Ser não podia ser o criador do mundo. O A.T. indica que Jeová (ou Elohim) criou
o mundo. Logo, Jeová não pode ser o Ser supremo. As características do gnosticismo: Dualismo entre
espírito (bom) e a matéria (má). Docetismo, o messias não podia ter um corpo físico (problema do mal).
Emanações, uma série de "aions" que emanaram do Ser Supremo. O mais degradante desta criou o
mundo. Hostilidade ao judaísmo como diabólico e, em particular, a Jeová como sendo o maligno.
Rejeitaram todo o A.T. e todo o N.T., a não ser as cartas de Paulo e algumas partes dos evangelhos.
Fatalismo, o homem está em sua condição devido à maneira de sua criação. Mesmo assim abraça a ideia
da redenção em Cristo para livrar o mundo do domínio do mal.
3) MARCIONISMO
Nativo de Porto, Ásia menor, foi a Roma perto de 138 e se tornou membro da Igreja de Roma. Não
conseguiu levar a igreja a aceitar seu ponto de vista, assim que organizou os seus seguidores numa igreja
cismática e expandiu a obra até ter congregações em quase todas as províncias. Embora talvez não seja
correto chamar Marcion de gnóstico, ele compartilhou vários de seus pontos de vista: judaísmo é mau.
Jeová não é o mesmo Deus do NT. Baseou-se quase que exclusivamente em Paulo. Contrastou a
imoralidade e crueldade do AT., com a espiritualidade, misericórdia, bondade e alta moral do NT. Embora
conceba o nascimento, vida e morte de Jesus como apenas aparente, Marcion insiste na obra redentora de
Cristo como necessária para a salvação dos homens. O marcionismo achou fácil aceitação na
Mesopotâmia e na Pérsia e sobreviveu lá durante alguns séculos.
4) O MANIQUEÍSMO
Fundado por Maniqueu, da Mesopotâmia. Reduziram os elementos cristãos ao mínimo e
aumentaram os elementos do zoroastrismo. Enfim, o maniqueismo é dualismo metafísico vestido de
cristianismo. Maniqueu, cerca de 238, tentou sincretizar o dualismo oriental com o cristianismo. Neste
dualismo absoluto, cada reino (seja da luz, seja das trevas) parte duma unidade que se desenvolve em
multiformidade. Via também o instinto sexual como mal e enfatizava a superioridade do solteiro. A
vitória final será eventualmente do reino da luz embora o outro reino tem muitas vitórias ao longo da
história.
6) O NOVACIONISMO
Foi o montanismo reaparecendo numa outra época, sem as reivindicações proféticas que
desapareceram. Novaciano foi condenado em 251 por um concílio romano que reunia 60 bispos. Após a
perseguição de Décio, quando muitos negaram a fé, Novaciano liderou os que queriam muito rigor para os
que caíram. Este movimento cismático encontrou muita recepção na África e na Ásia Menor, onde
absorveu o que restou dos montanistas. Sua doutrina era igual à das igrejas católicas. Foi apenas a questão
de disciplina que questionavam: condições para ser membro da igreja e perdão de certos pecados
específicos. Enquanto Cipriano admitia a reconciliação dos caídos "após uma penitência severa e
prolongada”, Novaciano considerava que "reconciliação alguma lhe pode ser concedida". Para Novaciano
a igreja se identificava com um pequeno grupo de espirituais que estava em conflito obrigatório com a
cidade terrena. Crendo que as igrejas católicas eram apóstatas, os novacianos rejeitaram as ordenanças
delas. A crença na regeneração batismal era quase universal nesta época. Os novacianos deram tanta
importância à necessidade do batismo ser ministrado por pessoa devidamente qualificada que rebatizavam
os que vieram das igrejas católicas.
7) OS DONATISTAS
Como os montanistas e novacionistas, estavam preocupados principalmente com questões de
disciplina. O movimento surgiu após a perseguição de Diocleciano e especificamente em relação aos que
entregaram as Escrituras as autoridades. Os donatistas insistiram numa disciplina eclesiástica rigorosa e
numa membresia pura. Rejeitaram ministros indignos (os "lapsi" traidores). O donatismo não trata dos
caídos em geral e sim apenas da sorte dos bispos que teriam consentido na entrega das Escrituras imposta
pelo primeiro edito de Dioclesiano. O simples fato de estar em comunhão com um dos culpados bastava
para contrair mancha e tornar-se traidor, apóstata. Todos os sacramentos administrados ou recebido pelos
"tradutores" eram considerados nulos. Quanto a regeneração batismal, foram além dos católicos, crendo
que a natureza humana de Cristo também precisava ser purificada pelo batismo. Naturalmente rebatizaram
os católicos que vieram a eles como condição de comunhão
2) OS PRINCIPAIS APOLOGISTAS
a. Justino Martir: 100 – 165 d.C. Foi o principal apologista do século II. Filho de pais pagãos e nascido
perto da cidade bíblica de Siquem, logo se tornou um inquieto filósofo em busca da verdade. Ele
passou pela filosofia estóica, pelo idealismo nobre de Platão, pelas ideias de Aristóteles, frustrando-se
com todos os pagamentos exigidos por seus peripatéticos sucessores, além de se interessar ainda pela
filosofia numérica de Pitágoras. Até que um dia, passeando na praia, um velho senhor o encaminhou a
Bíblia como a verdadeira filosofia; Justino encontrou a paz porque tanto ansiava e abriu uma escola
cristã em Roma.
Ao se converter ao cristianismo, Justino não deixou de ser filósofo, mas dedicou-se a fazer filosofia
cristã e boa parte dessa filosofia consistia em descobrir e explicar as relações entre cristianismo e
sabedoria clássica. Isto não comprometeu a sua fé e nem sua convicção.
Os melhores filósofos falaram de um Ser supremo que se encontra acima de todos os demais seres e ao
qual todos deviam sua existência. Sócrates e Platão sabiam que existia a vida além da morte física.
Sócrates mostrou a força dessa crença em sua morte exemplar; Platão sabia também que esse mundo
não esgota toda a realidade, mas que há outro mundo de realidades eternas.
Para explicar esta semelhança entre estes pontos filosóficos e a fé cristã, Justino recorre à doutrina do
Logos. O termo logos quer dizer a palavra e a razão. Segundo os filósofos gregos, tudo o que a nossa
mente consegue compreender o faz porquê de algum modo participa do logos ou razão universal. Por
exemplo, se podemos compreender que 2+2=4 é porque de fato tanto em nossa mente como no
universo existe um “logos”, uma razão, uma ordem segundo a qual 2+2=4.
O que os cristãos creem é que Jesus Cristo esse logos se fez carne (Jo 11.14) e é a razão fundamental
do universo. Argumentando que este “logos”, Jesus Cristo, foi revelado, em parte, aos filósofos gregos,
antes de existir o cristianismo, Justino reclama tudo quanto de bom pudesse ser encontrado na cultura
clássica, apesar de ser uma cultura pagã. Seguindo essa inspiração, logo houve outros cristãos que se
dedicaram a construir pontos entre sua fé e a cultura da antiguidade.
A primeira apologia que Justino escreveu foi direcionada ao imperador Antônio, o Pio, e a Segunda ao
povo Romano e ao Senado. Ele exorta os imperadores a examinarem as acusações contra os cristãos e
a libertá-los dos constrangimentos legais se fossem inocentes. Ele prova que os cristãos não são ateus
ou idólatras. A principal seção da obra é dedicada à apresentação da moral das doutrinas e do fundador
do cristianismo. Na segunda apologia, Justino ilustra a crueldade e a injustiça sofridas pelos cristãos e,
depois de comparar Cristo e Sócrates, afirma que o que há de bom nos homens deve-se a Cristo. No
diálogo com Triunfo, Justino procura convencer os Judeus da messianidade de Jesus Cristo.
b. Tertuliano: Natural de Cartago, foi educado em direito romano e retórica. Alcançou iminência antes de
se converter. Estudou grego e escreveu algumas obras nesta língua. Foi grandemente influenciado pelo
estoicismo posterior. A influência do direito romano e da filosofia estoica são claramente visíveis nos
seus escritos. Seus escritos latinos são volumosos e hábeis. Deitaram os alicerces para a teologia latina,
inclusive a toda a terminologia teológica. Os seus livros podem ser divididos em: Apologéticos:
(Contra Nações, Apologeticum, Adv. Judaeos); Dogmáticos e Polêmicos (De Praescriptions
Haereticorum, Adv. Marcionem, De Carnis Ressurretione, De Baptismo, De Anima) e Ascético e
Prático (17 livros)
3) OS APOLOGÉTICOS LATINOS
a. Irineu: Nasceu entre 130-135. Foi discípulo de Policarpo. Foi muito estudioso. Citou quase todos os
clássicos gregos, conhecia bem tanto o AT, e o NT, citou quase todos os escritores cristãos de que
temos conhecimento e conhecia bem a literatura herética de seu tempo e dos tempos anteriores.
Homem piedoso e zeloso pela fé, foi missionário na região de Leão.
Quando Potino, o pastor da igreja de Leão, foi martirizado em 177, Ireneu aceitou este posto perigoso.
No período de seu pastorado a perseguição diminuiu sensivelmente. No seu lugar surgiu uma expansão
rápida do gnosticismo e outras heresias. Irineu escreveu seus cinco livros Contra Heresias (Adv.Haer.)
em torno de 185. Nestes 5 livros Adv. Haer. (Contra as Heresias) temos no primeiro livro um relato
histórico das seitas gnósticas e apresenta como contrapeso a declaração de fé da Igreja Católica, talvez
a primeira em forma de proposições.
O segundo livro, é um ataque filosófico as doutrinas gnósticas. Rejeita a espiritualização do texto
sagrado. O terceiro livro procurou refutar o gnosticismo a partir das Escrituras. O quarto livro, a partir
das palavras de Cristo; e o quinto, procurou vindicar a doutrina da ressurreição. No último manteve a
vera humanidade e à vera divindade de Cristo, para depois demonstrar que o corpo é passível de
salvação. Também escreveu Exposição da pregação Apostólica. Tem caráter catequético, edificatório e
indiretamente polêmico. A primeira parte é teológica (monarquia, trindade, batismo); a segunda
cristológica (Jesus, o Senhor, o Filho de Davi, o esplendor da cruz, o reino de Deus). Irineu, concebeu
a Igreja como uma unidade orgânica transmitida através duma sucessão de presbíteros. Deu ênfase à
liberdade e autonomia de cada igreja como princípio básico da constituição eclesiástica.
b. Hipólito: Escritor grego em Roma em princípios do III século. Possivelmente discípulo de Irineu, foi
homem ambicioso e rigorista. Escreveu sua Refutação de Todas as Heresias, em 222. Consiste de 10
livros. A primeira parte (I-IV) procura mostrar que os hereges haviam tomado sua doutrina da ciência
dos pagãos e não da revelação cristã. A segunda parte (V-IX) contêm uma exposição de 33 sistemas
gnósticos.
c. Cipriano: (200-258). Foi um brilhante professor de retórica antes da conversão. Pouco depois da sua
conversão se tornou bispo da igreja de Cartago em 248. Seu episcopado durou 9 anos. O ataque de
Décio em meados do III século foi dirigido especialmente aos líderes das igrejas. Sendo assim Cipriano
fugiu e se escondeu para não deixar a igreja de Cartago acéfala. Este ato foi muito criticado e, por uns,
foi considerado apostasia. Escreveu dois livros para tornar conhecida sua posição quanto à eclesiologia
e o tratamento dos "caídos" (lapsi): Dos caídos e o outro Da unidade da Igreja.
A - INTRODUÇÃO
Foi no período entre 100 e 313 a.D que a igreja se viu forçada a pensar na melhor maneira pela
qual poderia enfrentar a perseguição externa do Estado Romano e o problema interno do ensino herético e
das consequentes divisões. Ela reagiu da seguinte maneira: organizando um Cânon do NT que resultou
num livro que seria autoridade para a fé e para a vida; criando um credo, que forneceu uma declaração de
fé; estabelecendo a autoridade dos bispos monárquicos, exigindo obediência absoluta. O bispo era uma
espécie de garantia da unidade na constituição da igreja.
B - O BISPO MONÁRQUICO
Necessidades práticas e teóricas levaram à exaltação da posição do bispo em cada igreja, chegando
ao ponto de as pessoas o virem e o reconhecerem como superior aos outros presbíteros, aos quais seu
oficio fora relacionado em tempos do NT. A necessidade de uma liderança para enfrentar os problemas da
perseguição e da heresia foi uma necessidade prática que acabou por ditar o aumento do poder do bispo. O
desenvolvimento da doutrina da sucessão apostólica e a crescente exaltação da Ceia do Senhor foram
fatores fundamentais neste aumento do poder. A elevação do bispo monárquico em meados do segundo
século originou o reconhecimento da honra especial devida ao bispo monárquico da Igreja de Roma.
C - O DESENVOLVIMENTO DA REGRA DE FÉ
O papel do bispo como garantia da unidade da Igreja foi reforçada pelo desenvolvimento de um
credo. Um credo é uma declaração de fé para uso público. Contém artigos indispensáveis à manutenção e
ao bem estar teológico da igreja. Os credos têm sido usados para testar a ortodoxia, identificar os crentes
entre si e servir como um resumo claro das doutrinas essenciais da fé. Irineu e Tertuliano desenvolveram
Regras de Fé para serem usadas na distinção entre cristianismo e gnosticismo.
O Credo dos apóstolos é o mais antigo sumário das doutrinas essenciais das Escrituras que
possuímos. Apareceu no século IV em Roma. Este credo dá atenção à pessoa e à obra de cada uma das
três pessoas da trindade, destaca a natureza universal da igreja e depois de fundamentar em Cristo a
salvação, apresenta uma escatologia explícita centralizada na ressurreição dos crentes e nos seus alvos de
vida eterna.
1) O IMPACTO DE CONSTANTINO
O impacto da "conversão" de Constantino sobre a vida da igreja foi muito grande. A consequência
mais imediata e notável foi o fim das perseguições. Muitos acreditavam que Constantino era eleito de
Deus e que sua obra era a consumação da História da Igreja. Entre eles estava Eusébio de Cesaréia,
historiador. Outros seguiram um caminho radicalmente oposto. Para estes, o fato de o imperador se
declarar cristão, não era uma bênção, mas o começo de uma grande apostasia. Alguns que não viam com
agrado a nova aproximação entre Igreja e Estado simplesmente romperam com a comunhão com os
demais cristãos. São os cismáticos. Houve um grande êxodo no século IV de cristãos que não se
desligaram da igreja, mas foram para os desertos da Síria e Egito a fim de viverem uma vida ascética.
A - A IGREJA CATÓLICA
A palavra católica quer dizer “universal”. Mas também a igreja do século II começou a se dar o
título de católica por causa dos hereges que diziam que os verdadeiros ensinos de Jesus Cristo haviam
sido passados através de algum apóstolo e que eles eram os verdadeiros depositários desse ensino. No
caso dos gnósticos, tratava-se de uma suposta tradição secreta. Segundo eles, Jesus havia ensinado a
"verdadeira gnosis" a um apóstolo e este por sua vez havia feito chegar a um gnóstico.
No caso de Marcião, tratava-se dos escritos de Paulo, nos quais, depois de expurgar toda referência
positiva ao judaísmo, Marcião cria ter encontrado o evangelho original. Diante dos gnósticos e de
Marcião, o resto da igreja dizia possuir o evangelho original e os ensinos verdadeiros de Jesus. E o que se
debatia era a autoridade da igreja diante das pretensões dos hereges. Em tais circunstâncias, tanto o
argumento da sucessão apostólica como da igreja universal assumiu especial importância. O que se
argumentava era simplesmente se Jesus tinha algum ensino secreto para comunicar aos seus discípulos. O
mais lógico seria supor que confiaria tal ensino aos próprios apóstolos a quem confiou também a direção
da igreja. E se tais apóstolos por sua vez tinham recebido algum segredo, seria de esperar que o
transmitissem, não a algum estranho, mas às mesmas pessoas a quem confiaram a direção das igrejas que
iam fundando. Portanto, se houvesse tal ensino secreto, esse ensino não se encontraria a não ser entre os
discípulos diretos dos apóstolos e seus sucessores.
Para reforçar este argumento, era necessário mostrar que os atuais bispos das igrejas eram
sucessores dos apóstolos e que também a igreja não era um pequeno grupo surgido em Roma ou
Alexandria, que se limitava a uns poucos lugares. A igreja existia tanto em Roma, como em Alexandria,
Antioquia, Cartago, e ainda nos confins do Império, por isso era considerada universal.
Por outro lado, essa igreja era católica porque pregava e ensinava o evangelho "segundo o todo".
Sua visão não era parcial, como a dos gnósticos ou de Marcião. Entre os gnósticos alguns diziam
conhecer os segredos revelados a São Tiago. Outros diziam possuir o Evangelho de São Tomé ou algum
outro apóstolo. Diante de tais visões parciais, a igreja colocara a sua visão católica, isto é, sua visão
"segundo o todo". Não há um só, mas quatro evangelhos, que seriam a base de seus ensinos acerca de
Jesus Cristo. Além das epístolas de Paulo, seu Novo Testamento incluiria as dos outros apóstolos. A
igreja "segundo o todo" basearia sua autoridade sobre todos os apóstolos.
A - CAUSAS DA SEPARAÇÃO
Uma das causas da separação foi a diferença de raça. No ocidente a raça predominante era a latina,
que se fortalecera pela fusão com os germanos. No oriente, dominavam os gregos que receberam grande
infusão de sangue oriental.
A outra causa foi o estabelecimento de dois governos no Império, o do Ocidente e o do Oriente. O
abismo entre as partes foi alargado quando desapareceu a linha dos imperadores ocidentais e ficaram
apenas os orientais. O oeste ficou sem qualquer governo. Os imperadores do oriente governaram a igreja
como qualquer outra coisa dos seus domínios. Mas a igreja do Ocidente, chefiada pelo bispo de Roma,
não podendo exercer seu domínio, rompeu com os imperadores do oriente, quando o papa coroou Carlos
Magno, imperador romano.
A terceira causa da divisão foi a pretensão sempre crescente do bispo de Roma, que nunca foi
reconhecida pelo patriarca de Constantinopla.
O primeiro rompimento foi em 867 d.C. quando, por causa de uma desavença entre o papa e o
patriarca de Constantinopla, um Concílio no Oriente declarou o papa deposto de seu bispado. A contenda
entre Oeste e Leste continuou em discussões amargas por causa de pequenas diferenças de doutrina e ritos
até 1054 d.C. Depois de nova contenda entre o papa e o patriarca, o primeiro pronunciou anátema contra o
segundo e contra os que o apoiavam. Este foi o rompimento final. Desde então, as igrejas grega e romana
viveram separadas, cada qual pretendendo ser a verdadeira Igreja católica e recusando qualquer
reconhecimento à outra.
A igreja grega ou do Oriente abrangia a Grécia, a maior parte da península balcânica e a Rússia,
inclusive grande parte dos cristãos da Ásia Menor, Síria e Palestina. O restante da Europa continuou
prestando obediência à Roma.
1) O CONCÍLIO DE NICÉIA
Este concílio reuniu 318 bispos por um período de 3 meses para resolver as diferenças entre
Alexandre e Ário. Segundo Ário, presbítero de Alexandria, somente Deus Pai seria eterno não gerado. O
Logos, o Cristo pré-existente, seria mera criatura. Criado a partir do nada, nem sempre existiria. O Cristo
existiria num tempo anterior à nossa existência temporal, mas não era eterno. Por outro lado estavam
Alexandre e o jovem Atanásio que afirmava que o Logos era eterno e era o próprio Deus que apareceu em
Jesus. Deus é Pai apenas porque é o Pai do Filho. Assim o Filho não teria tido começo e o Pai estaria com
o Filho eternamente. Portanto, o Filho seria o filho eterno do Pai, e o Pai, o Pai eterno do Filho. A
cristologia de Ário foi rejeitada pelo concílio de Nicéia afirmando que a igreja acreditava em: "um só
Senhor Jesus Cristo, Filho de Deus; gerado do pai, unigênito da essência do Pai, Deus de Deus, Luz
de Luz, verdadeiro Deus de verdadeiro Deus, gerado não feito, consubstancial com o Pai, por quem
todas as coisas foram feitas no céu e na terra; o qual , por nós homens e pela nossa salvação desceu
do céu e encarnou e foi feito homem" "todos os que dizem que houve um tempo que ele não existiu,
ou que não existiu antes de ser feito, e que foi feito do nada ou de alguma outra substância ou coisa,
ou que o Filho de Deus é criado ou mutável, ou alterável, são condenados pela Igreja Católica".
2) CONTROVÉRSIAS CRISTOLÓGICA
A questão do relacionamento entre o Filho e o Pai foi resolvida em Nicéia. Porém isto gerou novos
questionamentos, agora em torno do relacionamento entre as naturezas humanas e divina de Cristo. Em
geral os teólogos ligados a Alexandria salientaram a divindade de Cristo, enquanto que os relacionados a
Antioquia, a sua humanidade, às expensas de Sua deidade. A controvérsia se iniciou no ensino de Paulo
de Samosata, bispo de Antioquia. Este ensinava o que se chama de adocionismo ou monarquismo
dinâmico. Jesus era um homem "energizado" pelo Espírito no batismo e assim exaltado à dignidade
divina. Apolinário de Laodicéia foi o primeiro a negar formalmente que Jesus teve uma alma racional. No
seu lugar estava o divino Logos.
O Concílio de Calcedônia (451) definiu a cristologia afirmando que Jesus Cristo era: "perfeito em
divindade e perfeito em humanidade, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, de alma racional e corpo, da
mesma substância com o Pai segundo a divindade; e da mesma substância conosco segundo a
humanidade, semelhante a nós em todos os aspectos, sem pecado, gerado do Pai antes de todos os tempos
segundo a divindade..."
4) OS HISTORIADORES DA IGREJA
a. Eusébio de Cesaréia (260-340). Escreveu sua História Eclesiástica onde apresenta a história da
Igreja desde seu início até 324. A sua Crônica começa com Abraão e vai a 323. Deu estrutura
cronológica para toda a história medieval. Escreveu a Vida de Constantino onde louva o imperador.
Foi acusado de ser semi-ariano.
b. Sócrates: Nasce em Constantinopla e escreveu a história da Igreja de 305 até 439. É um autor não
crítico, ignorava a Igreja no oeste. Ele apresenta uma coleção inestimável de dados e documentos.
c. Sozomen: Foi criado em Gaza mas viveu em Constantinopla após 406. Apresenta a história de 323 a
439. Foi educado para ser monge. Dá destaque ao monaquismo em detrimento de outros dados
como a verdadeira filosofia cristã. A biografia é a principal força de sua história.
5) OS "TEÓLOGOS" DA IGREJA
a. Atanásio:(298-373) Assistiu o Concílio de Nicéia, mas aparentemente não foi um grande
luminário lá. Após a morte de Cirilo, Atanásio foi eleito bispo de Alexandria em 328. Durante seu
bispado foi exilado 5 vezes por Constantino e seus sucessores. Sua força se tornou tão grande, que
os últimos dois mandatos do exílio não podiam ser cumpridos. Nesse período a ortodoxia nicena já
havia triunfado sobre o arianismo. Sua vida pode ser dividida em 3 etapas: Antes de Nicéia até 325;
luta contra o arianismo 325-361 e período de vitória da ortodoxia, 361-373.
b. João Crisóstomo: (345-407). Foi um grande expositor e orador. Ao princípio advogou segundo
seu treino em direito. Após seu batismo em 368 se tronou monge. Com a morte da sua mãe em 374
seguiu uma vida extremamente ascética até 380, foi ordenado em 386 e se tornou patriarca de
Constantinopla em 398. Foi banido em 404 por ter denunciado as vestimenta extravagantes da
imperatriz, bem como a colocação de uma estatueta dela em prata na Igreja ao lado de Santa Sofia.
Morreu no exílio em 407. Ainda existem 604 dos seus sermões. A leitura destes sermões mostra a
força da sua pregação sem o acréscimo da personalidade de seu autor. A grande maioria destes
sermões versam sobre as epístolas de Paulo. Procurava levar em consideração o contexto e aplicar
aos dias dele o sentido literal do texto.
c. Teodoro de Mopsuéstia: (350-428). Foi príncipe dos exegetas da antiguidade, em contraste com
os alexandrinos, ele com Crisóstomo procuravam proclamar o sentido natural do texto. Foi
defensor, pelo menos em parte, de Nestório. Defendeu insistentemente a integridade da
humanidade de Cristo.
d. Basílio de Cesaréia (329-379) foi instalado na sé de Cesaréia em 370. Logo em seguida começou
uma série de negociações teológicas, primeiro com Atanásio e depois com o papa Dâmaso para
promover a reunião das igrejas cismadas pela controvérsia sobre a Trindade. Graças a sua obra de
organizador e legislador criou uma nova concepção da instituição monástica. Colocou como ideal o
quadro dos cristãos em Jerusalém (At:2-4) e destacou daí a obediência ao superior.
B – ATÉ CONSTANTINO
Os antigos autores católicos insistiram que a Igreja de Roma foi fundada por Pedro e que tenha
tido uma linha de papas, vigários de Cristo, desde então. Oscar Cullmann, teólogo protestante, examina
detalhadamente a questão de Pedro ter estado em Roma. Conclui que estava lá e lá foi martirizado. Nega
entretanto que tenha fundado a Igreja ou passado seus direitos aos bispos subsequentes.
Também temos que Inácio, em princípios do II século, escreveu aos cristãos em Roma. Endereçou
a carta à Igreja e não a seu bispo. Todas as outras cartas de Inácio são endereçadas aos bispos das Igrejas.
A diferença é significativa. A lista dos primeiros bispos consta destes nomes: Lino, Cleto ou Anacleto,
Clemente (91-100), Evaristo, Alexandre(109-119), Sixto I (119-127), Telesforo (127-138), Higino (139-
142), Pio I (142-157), Aniceto (157-168), Soter (168-177), Eleutero (177-193). Estas datas são
aproximadas e temos poucas informações do seu pontificado. Vitor (193--202) Parece ser o primeiro a
procurar estabelecer a autoridade papal além das fronteira de sua igreja. Cipriano, Bispo em Cartago
durante o pontificado de Cornélio e Estevão, contribuiu bastante para fortalecer a autoridade do bispo de
Roma. Defendeu as reivindicações petrinas (Mt:16:18) sem entretanto colocar o papa sobre os demais
bispos. Estevão (253-257) procurou forçar as demais igrejas a seguir o costume romano quanto ao cálculo
da data da páscoa. Um outro elemento que contribuiu para fortalecer a posição de Roma neste período foi
a crescente prática das igrejas rurais ou de pequenas cidades serem relacionadas a alguma igreja em
cidade grande ou incorporadas num sistema diocesano. Esta prática começou no II século como resultado
do sistema missionário das igrejas mães.
A - O PAPADO MEDIEVAL
O período culminante da história do período medieval foi durante o reinado do governo de
Hidelbrando ou Gregório VII, foi o maior papa de todos os papas. Hidelbrando encontrou o papado
enfraquecido e humilhado, mas o tornou o maior poder da Europa. Hidelbrando governou realmente a
igreja com o poder por detrás do trono durante o período de vinte anos antes de usar a tríplice coroa e
depois durante o governo papal até sua morte no ano de l085. Hidelbrando reformou o clero que se havia
corrompido e interrompeu, ainda que pouco, o exercício da simonia isto é, a compra de posições na igreja.
Elevou as norma de moralidade de todo o clero, e exigiu o celibato dos sacerdotes, que havia sido
defendido, porém não estava em vigor até então.
Libertou a igreja da influência do estado pondo fim a nomeação de papas e bispos pelos reis e
imperadores (até aquela data era de costume o bispo receber um cajado e um anel do rei ou do bispo
governante, jurando fidelidade ao seu senhor secular isso praticamente significava que os bispos eram
nomeados pelos governadores). Hildelbrando proibiu que os bispo fizessem tal juramento diante dos
governantes.
Hidelbrando impôs a supremacia da igreja sobre o Estado. O Imperador Henrique IV havendo se
ofendido com o papa Gregório, convocou o sínodo de bispos alemães induzindo-os a votar pela deposição
do papa. Gregório então vingou-se com excomunhão de Henrique IV e isentou todos os seus súditos da
lealdade para com o imperador. Henrique IV viu-se totalmente impotente face a punição do papa, por essa
razão no mês de janeiro de l077, o imperador ponde de lado toda as possessões reais com os pés descalço
e vestido de lã, permaneceu três dia de pé à porta do castelo do papa, afim de fazer ato de submissão e
receber o perdão do papa. Porém logo que Henrique IV recuperou o poder, declarou guerra contra o papa
e o retirou de Roma. O papa Hidelbrando morreu pouco depois fazendo essa declaração: “Amei a justiça e
aborreci a iniquidade, por isso morro no exílio”. Seu triunfo porém, foi maior que sua derrota. Gregório
VII não desejava abolir o governo do estado, mas que este fosse subordinado ao governo da igreja.
Aspirava que o poder secular governasse o povo, porém sob a elevada jurisdição do reino espiritual, como
ele compreendia.
À luz da história podemos perceber que esta ideia de Gregório VII contribuirá para a destruição da
vida nacional, da liberdade e do próprio cristianismo. Mas seu ponto de vista limitou-se a sua época e não
ao que poderia causar em tempos modernos. Para o homem medieval não havia outro meio de tornar o
cristianismo supremo no mundo a não ser tornando a igreja a suprema autoridade na terra. Cristianismo e
igreja eram a mesma coisa. A supremacia da igreja significava a supremacia do papado. E a igreja que
conheciam era a igreja Romana.
C – OS ALBIGENSES E OS VALDENSES
Desde o século X o neomaniqueísmo, vindo do Oriente, invadira a Bulgária e a Macedônia onde
originou a seita dos bogomiles. No começo do século XI alcançou a Itália, Germânia e França. Mas no
século XII a heresia, com o nome de catarismo (os puros) fez rápidos progressos. Eles aceitavam um
sistema dualista de teologia e ascetismo semelhante aos gnósticos e maniqueus antigos. A gnose
ministrava–lhes a explicação do mistério de Cristo: Jesus era um dos inumeráveis Espíritos ou emanações
da substância divina; a encarnação e a redenção eram explicadas como os ascetas a explicavam. Graça,
sacramentos, culto da cruz e dos santos, imagens, relíquias e missa eram rejeitados e substituídos pelo
“consolamentum”, espécie de batismo pelo espirito, com imposição do Novo Testamento ou “texto” sobre
a cabeça do candidato. Rejeitavam o Velho Testamento, obra do Deus mau. Interpretavam literalmente o
NT. Como este sistema se baseava na Bíblia, a Igreja Romana proibiu o povo de possuí-la. Eram
rigorosamente ascéticos.
Os valdenses tinham a pretensão de remontar o evangelho primitivo por interpretação literal de
textos do NT e a substituição da concepção jurídica da autoridade. Seguiam a regra dos apóstolos.
Rejeitavam a liturgia cristã. Eram antimilitares, condenavam a guerra e atribuíam ao poder civil o
exercício do direito de luta. Contestavam a autoridade de estado, sob o pretexto de que Jesus proclamara
os filhos isentos do censo romano, e pela interdição do juramento, abalavam um dos princípios essenciais
da sociedade feudal. Na igreja, a hierarquia visível era a de santos, cujos poderes sacerdotais dependiam
da virtude. Repudiavam a igreja romana por não corresponder aos seus ideais, chamando-a sinagoga de
satanás.
Inocêncio III deu início em 1208 uma cruzada contra os albigenses, mas não conseguiu extrapor a
heresia. Inocêncio, então convocou um concílio geral em Roma, conhecido como o Quarto Sínodo de
Latrão, em 1215, que exigia uma confissão anual de todos os leigos diante de um sacerdote. “Se um
senhor temporal negligenciar em cumprir o pedido da igreja de purificar sua terra da contaminação da
heresia, será excomungado. Exterminarão os hereges, serão donos da terra sem discussão, e a
preservação da verdadeira fé. Os católicos que tomarem a cruz e se devotarem ao extermínio de hereges
gozarão da mesma indulgência e privilégio dos que se dirigem à terra santa…” (Documentos da Igreja
Cristã, H. Bettenson, ASTE, Pg. 180-181).
O pontificado de Inocêncio III marcou o clímax do poder papal na Europa. Mas o de Bonifácio
VIII, de 1294 – 1303, pode ser visto como o ponto mais baixo do poder papal na Idade Média. A
transferência da sé papal de Roma para Avignon, na França, em 1309 inaugurou o período conhecido
como o cativeiro babilônico do papado. Até 1377 o papa foi uma peça nas mãos dos monarcas franceses,
tendo perdido a grande força moral e temporal que tivera na Europa no pontificado de Inocêncio III.
1) O SURGIMENTO DO MONAQUISMO
Desde o início se levantam as questões quanto à vida cristã perfeita: o que é? como poder viver
esta vida? envolve transformação de toda a sociedade? é necessário fugir da sociedade não cristã para não
ser contaminado por ela? pode se viver em grupo ou apenas individualmente? No I e II séculos os cristãos
eram um número muito pequeno na sociedade. Em meados do III século milhares ingressaram na igreja.
Até o fim do V século a vasta maioria dos cidadão do império romano professou ser cristão. Nesse último
período (a partir de Constantino) a disciplina relaxou e a lacuna entre o ideal cristão e a realidade da
cristandade se tornou muito grande. Então, o monaquismo surgiu em parte como reação contra a
frouxidão espiritual, e em parte como resultado das insatisfação gerada pelo próprio ensino de Jesus. O
primeiro eremita cristão conhecido é Paulo de Tebes (alto Egito). Aos 22 anos na perseguição deciana
(250), se retirou para uma caverna onde viveu, segundo a lenda, 90 anos sem ser visto, sem comunhão,
sem igreja ou Bíblia, sem participar em culto ou eucaristia.
2) O MONACATO ORIENTAL
O monacato apareceu primeiro no Egito no III século. Tentativas tem sido feitas para encontrar as
origens deste movimento dentro do hinduísmo e nas religiões grego-egípcias. Após examinar os
resultados, o historiador K. Latourette acha que o evangelho é causa suficiente embora não descarta outras
influências. Orígenes deu um exemplo de extremo ascetismo em automutilação e em austeridade de
comida, bebida, dormir e confortos do corpo, teve uma influência profunda sobre a Igreja no Egito.
Antônio (250-356), ao visitar Paulo de Tebes se sentiu pequenino. Antônio já era monge, mas seguiu o
exemplo ascético de Paulo. Sua biografia, escrita por Atanásio, foi bastante divulgada e serviu para
estimular muito a expansão do monaquismo. Para alguns: "este é patriarca do monges, um pai sem filhos
que teve uma prole inumerável". Antônio foi o verdadeiro fundador da vida eremita. Viveu no princípio
numa sepultura e depois nas ruinas de um castelo. Sua comida consistia de pão, sal e água. As vezes
comia tâmaras. Comia uma vez por dia e isto após o pôr do sol. Os conflitos com o diabo e suas hostes
foi uma parte preeminente de sua vida. O diabo aparecia-lhe de todas as formas. Sua vestimenta consistia
de uma camisa de tecido de crina (cilício), uma pele de carneiro e um cinto. Quase nunca saiu da solidão.
Em 311, sob a perseguição de Maximinio, apareceu em Alexandria para encorajar os confessores e, se
possível ganhar a coroa do martírio. Ninguém ousou tocá-lo. Em 351, aos cem anos de idade, voltou a
Alexandria, para testificar a favor de Atanásio e da fé ortodoxa. O seu exemplo agiu como magia sobre
sua geração. Sua biografia escrita por Atanásio se tornou um best-seller. Crisóstomo recomendou sua
leitura. Agostinho foi levado por ela a renunciar ao mundo. Dentro da própria vida de Antônio o deserto
foi povoado por eremitas. O monaquismo se tornou o meio mais rápido para ser famoso na terra e garantir
recompensa eterna ao céu.
Simão Stilites (459) e os santos dos pilares. A vida dos eremitas eram semelhantes nos mínimos
detalhes. Com Simeão no V século algo novo foi acrescentado. Simeão e os seus imitadores gastaram
longos anos de dia e noite, verão e inverno em pé sobre altos pilares em oração e penitência. Simeão
comia apenas uma vez por semana e passava 40 dias da quaresma em jejum. Passou 26 quaresmas em
jejum. Os últimos 20 anos vivia sobre um pilar quase de 18 metros de altura, cujo topo media menos de
3) O MONACATO OCIDENTAL
O monaquismo no ocidente não produziu santos de pilares, nem tampouco os outros excessos de
heroísmo ascético. Era mais prático e se tornou importante instrumento para cultivar o solo, espalhar o
cristianismo e civilizar os bárbaros. Contemplação exclusiva foi trocada por uma alternação entre
contemplação e trabalho. Atanásio espantou Roma, trazendo consigo dois representantes rudes do
monaquismo egípcio. Depois os nobres romanos, especialmente as mulheres, passaram a imitá-los. A
influência cresceu quando a "Vida de Antônio " foi traduzida para o latim. Jerônimo também contribuiu
com a tradução da Regra de Pacômio.
Embora a teologia agostiniana da graça de Deus fosse inconsistente com o monaquismo,
Agostinho junto com os seus sacerdotes viveu uma vida monacal (pobreza e celibato). Ele a tinha como a
mais nobre vida, uma vida de abnegação a Deus e de preocupação com coisas espirituais.
Martin de Tours foi pioneiro no oeste, especialmente na Gália embora foi levado a ser bispo de
Tours, permaneceu em sua vida rude e simples.
Jerônimo foi outro pioneiro no oeste. Um estudante diligente e grande escritor e tradutor, foi um
elemento advogado da vida monástica. Mesmo quando secretário ao papa Damasso (382-384), Jerônimo
usou o vestido e seguiu a disciplina dos eremitas. Após deixar Roma construiu um mosteiro em Belém.
Foi acompanhado de Roma por uma discípula, Paula, que construiu um convento e hospício para
peregrinos. Jerônimo foi o elo entre a erudição e a religião, entre o leste e oeste. Foi o primeiro teólogo
erudito que abraçou a vida monacal.
Benedito de Núrsia (480-543). No meio da iniquidade, escuridão e desmoralização da época,
Benedito fundou em Monte Cassino a ordem dos Beneditinos. Aos mosteiros espalhados já existentes deu
unidade e uma regra geral. Aumentou seu número e incrementou sua eficiência. Multidões correram para
entrar nos mosteiros pelas mais diversas razões. A grande obra que lhes era proposta foi a construção da
Europa. Para isto cultivavam a mente e o solo. Criaram centros de vida religiosa e atividades
beneficientes. Dentro do possível patrocinaram a aprendizagem e preservaram livros. Benedito de Núrsia
e Cassiodoro, contemporâneos do VI século, estabeleceram mosteiro que, embora semelhante, são
diferentes. O de Benedito em Monte Cassino era uma escola para o serviço do Senhor mais nada. O de
Cassidoro em Vivarium objetivava as Escrituras e escritos seculares, salvação da alma e aprendizagem
secular. É difícil determinar presentemente a influência de Cassidoro. As principais fontes literárias para a
cultura monástica podem ser reduzidas a três: Escrituras Sagrada, a tradição patrística e a literatura
clássica.
4) A VIDA MONACAL
Iniciou-se no Egito como vida solitária. O eremita vivia numa cela, numa caverna ou num casebre.
Posteriormente foi inventado o viver em cima de colunas. Com o decorrer do tempo desenvolveu-se a
"laura". A "laura" era vida solitária em conjunto. Quer dizer, cada monge vivia só, mas viviam bastante
perto uns dos outros para permitir comunhão.
A - O ISLAMISMO
O Islamismo é a religião fundada pelo profeta Maomé (cerca de 570 a 632 d.C.) em 622, em
Latribe (atual Medina, Arábia Saudita). A palavra árabe Islã significa “submissão a Deus” e os seguidores
dessa religião são denominados maometanos (seguidores de Maomé) ou Muçulmanos (palavra francesa
que vem do árabe “mussulmine”, o que entrega de corpo e alma a Deus).
No Islamismo não há sacerdócio profissional e recomenda-se aos seguidores que se abstenham de
tomar vinho. Além da aceitação e da récita do credo “Chahada”, o devoto tem mais quatro obrigações: a
oração; o jejum durante o mês Lunar de Ramadan, a distribuição de esmolas e uma peregrinação à cidade
santa de Meca, se possível.
É uma religião missionária, mas os muçulmanos não consideram os judeus e cristãos como pagãos
e geralmente permitiram-lhes que continuassem a praticar sua religião quando conquistados. Em séculos
passados, os exércitos muçulmanos ocuparam grande parte da Índia e chegaram certa vez aos arredores de
Paris.
O Islamismo, embora esteja agora tentando corrigir, adotou certas práticas como a guerra, usada como
meio de expandir a religião e o Estado, a poligamia, a escravidão e a intolerância.
AS CRUZADAS
A - INTRODUÇÃO
As cruzadas são, sob vários aspectos, o fenômeno mais notável da idade média, foi um fenômeno
avassalador, dramático. Durante vários séculos a Europa ocidental derramou o seu fervor e seu sangue em
uma série de expedições cujos resultados foram, nos melhores casos, de pouca duração; e nos piores casos
trágicos.
2) SEGUNDA CRUZADA
Não obstante a desorganização feudal, o reino de Jerusalém se manteve até a captura de Edessa
pelos islamitas, em 1144. Essa captura representou a perda do seu baluarte do noroeste. Bernardo de
Claraval, então no auge da fama, pregou nova cruzada, em 1146, e recebeu apoio do rei francês, Luis VII
(1137-1180) e do imperador alemão Conrado III, (1138-1152). Não tinha, no entanto, o ardente
entusiasmo da anterior. Muitas das suas forças pereceram na Ásia Menor e as que alcançaram a Palestina
sofreram grave derrota em 1148, quando intentavam tomar Damasco. Foi um desastre completo, que
deixou profundo ressentimento no ocidente contra o império do oriente, pois os príncipes desse império,
com ou sem razão, foi atribuído o insucesso. As divisões entre os muçulmanos tinham sido a causa do
3) TERCEIRA CRUZADA
As novas desta catástrofe lançaram a Europa na terceira cruzada (1189-1192). Nenhuma delas foi
melhor preparada que esta. Três grandes exércitos foram chefiados pelo imperador Frederico Barba Ruiva
(1152-1190), o maior soldado da época; pelo Rei Filipe Augusto, da França (1179-1223); pelo rei Ricardo
Coração de Leão, da Inglaterra (1189-1199). Frederico morreu afogado acidentalmente na Cilicia e seu
exército, sem a sua vigorosa direção, tornou-se inteiramente ineficaz. As questões entre os reis da França
e Inglaterra e o rápido retorno de Filipe à França para atender a seus planos políticos, deram como
resultado o fracasso da expedição. Acre foi recuperada, mas Jerusalém ficou na posse dos muçulmanos.
4) QUARTA CRUZADA
No ano de 1202 estimulada pelo papa Inocêncio III e com o sonho da reconquista dos santos
lugares houve um novo empreendimento. Neste caso a intenção não era atingir a terra santa, mas atacar os
muçulmanos no centro do seu poder, o Egito. Esperava-se que desta maneira a reconquista de Jerusalém
fosse mais fácil e duradoura. E em vez de deixar o empreendimento em mãos de príncipes o papa se
declarou seu único chefe legítimo, mostrando como na terceira cruzada os interesses temporais dos reis
tinham levado ao desastre. Como na primeira cruzada os soldados de Cristo marchariam sob as ordens
diretas dos legados papais. O mais famoso pregador desta nova aventura foi Foulques de Neuilly, homem
de origem humilde que nos lembra Pedro, o eremita.
AS RIQUEZAS DA IGREJA
A - INTRODUÇÃO
Sua riqueza constituía em Terras, edifícios constituídos para fins religiosos com ricos mobiliários
e ornamentos caríssimos, construções das mais variadas e tipos. A maior parte das terras pertencentes à
Igreja vinha às suas mãos como doações de pessoas devotas.
Uma renda incalculável de todas as terras fluía continuamente para os cofres da Igreja, tanto dízimos
quanto impostos que se cobravam pelos serviços religiosos, além das vendas de indulgências.
B - A ORGANIZAÇÃO DA IGREJA
Papa era o monarca absoluto da Igreja.
Os bispos exerciam autoridade mas eram submissos ao pontífice.
Centenas de monges estavam sob a direção imediata do Papa.
Logo abaixo do Papa estavam os arcebispos que governavam províncias constituídas de várias
dioceses.
O homem comum tinha contato com a Igreja através do Padre. O Padre da Idade Média dispunha
de um poder quase absoluto sobre o Povo. Com eles estavam os sacramentos necessários a
salvação.
A Igreja Papal tinha a seu Serviço uma outra poderosa organização: as ordens monásticas
Cistercienses - Bernardo Abade de Claraval 1090-1153; Domingos e a ordem dos pregadores
1170-1221.
Dentre os líderes religiosos mais honrados pela Igreja cristã hoje destacou-se Francisco de Assis
1182-1226, chamado “Amigo de Jesus”.
A PRÉ-REFORMA
A - INTRODUÇÃO
Logo no início do século XII, surgiram vários movimentos de oposição contra a atitude e o estado
da igreja, por parte de homens que conheciam o grande mal nela existente, e que abandonara o seu culto e
a comunhão. Não deve ser esquecido que geralmente as conversões eram em massa o que produzia um
cristianismo nominal. Assim que sempre houve dentro da Igreja pessoas que desejavam purificar esta de
qualquer anormalidade ou caminhos que fugiam do padrão cristão, mesmo que alguns movimentos
beiravam ou eram heresias.
1) PETROBRUSIANOS
Surge no sudeste da França, sob a chefia de Pedro de Bruys e Henrique de Laussane. Ele e os seus
seguidores opunham-se a superstição dominante na igreja e a certas formas de culto, como também a
imoralidade do clero. Eles rebatizavam após a conversão, eram contra os templos ou igrejas, bem como a
cruz. Eram biblicistas embora tenham rejeitado o AT.
2) ALBINGENSES
Acerca de 1.170, eles rejeitavam a autoridade da tradição, distribuíam o Novo Testamento. Opunham-se
às doutrinas romanas do purgatório, a adoração de imagens e as pretenções sacerdotais, apesar de terem
algumas idéias estranhas relacionadas com os antigos Maniqueus, e rejeitaram o Antigo Testamento.
Esta seita cristã teve como sede a cidade de Albi, na França, incluindo principalmente os Cântaros.
3) CATARISTAS
Desenvolveu-se nos fins do século XII e durante o século XIII. Na realidade foi uma igreja rival, pois ela
possuía a sua própria organização, o seu ministério, o seu credo, culto. O credo era uma estranha mistura
de cristianismo e idéias religiosas orientais. Pensavam que a matéria fora criada por Satanás e que ela era
a sede e fonte de todo o mal. Por isto não acreditavam que o Filho de Deus tivesse tido um corpo e vida
humana. A santidade era alcançada fugindo do poder da carne, negando os desejos ou deles fugindo pelo
suicídio. Suas vidas abnegadas e de moral irrepreensível constituíam uma reprimenda ao clero que usava
o nome de cristão.
4) OS VALDENSES
No fim do século XII, um negociante de Lião, chamado Pedro Valdo, movido pelo ensino do capítulo 10
de Mateus, começou a distribuir o seu dinheiro com os pobres e se tornou pregador ambulante do
Evangelho. Teve muitos seguidores. As autoridades eclesiásticas logo os excomungaram. Expulsos e
considerados inimigos começaram a se organizar como igreja à parte. Era um movimento semimonástico
(pobreza, celibato, consagração ao trabalho religioso itinerante). Eram biblicista em eclesiologia, embora
que alguns repudiaram o AT. Só usava a oração dominical e davam ações de graças nas refeições. Ouviam
confissões, celebravam juntos a Ceia do Senhor e ordenavam os seus membros ao ministério. Não
aceitavam as missas e orações pelos mortos. Negavam o purgatório.
6) JOÃO HUSS
Os ensinos de Wycliff deram origem a outra revolta maior contra a igreja papal chefiada por João Huss.
De posse dos livros de Wycliff avidamente bebeu-lhe as idéias. Ensinando as doutrinas de um
"hereje"entrou em conflito com os chefes da igreja papal. Todavia defendeu seu direito de pregar a
verdade de Cristo como sentia e a entendia. Excomungado pelo seu desafio ao papa João XXIII, em 1412,
ao qual Huss compareceu. Escreveu o seu livro mais importante, no qual ensinava que a "Lei de Cristo",
isto é, o Novo Testamento, era o guia suficiente para a igreja, e que o papa só podia ser obedecido até
onde suas ordens coincidissem com esta lei divina
B – CONCÍLIOS REFORMISTAS
O meio pelo qual propunham reformar a Igreja era um concílio geral, que, segundo a velha teoria,
era a suprema autoridade na Igreja. Perdidas as esperanças no papado, os reformadores reviveram essa
teoria com um meio de alcançarem os seus propósitos. Tentaram isto primeiramente no Concílio de Pisa,
num vão esforço para curar o cisma. Pouco tempo depois foi convocado o concílio de Constança que
conseguiu restaurar a unidade da igreja. Muitos participantes do Concílio, porém, pretendiam fazer muito
mais do que isto. Queriam conseguir o que eles chamavam "a reforma da Igreja da Cabeça aos pés". O
concílio era constituindo por um grupo de homens aos quais não faltavam habilidade, inteligência e
interesse. Também estavam representados os poderes civis quer pessoalmente ou por meio de
embaixadores. Não obstante haver muita discussão sobre a reforma, o concílio, depois de três anos, nada
conseguiu. Os políticos representantes do papa fizeram um astuto jogo de oposição a qualquer
modificação que se chocasse com seus altos interesses pessoais. Zelos nacionalistas dividiram os
reformadores. Mas a causa real do fracasso é que não havia entre eles bastante caráter, firmeza de
propósitos, entusiasmo moral para atingirem os seus objetivos.
Poucos anos depois, os interessados na reforma tiveram outra oportunidade no concílio geral de
Basiléia. Todavia, ali, não obstante haver muita discussão sobre reforma, enquanto o concílio se arrastava
numa lentidão enervante (1431-1449), nada foi conseguido de substancial. O que se verifica de tudo isto,
é que muitos homens ilustres de então já sabiam, que não era possível surgir dentro da igreja papal
qualquer reforma cuja ação fosse iniciada por esta organização mesma. A força do mal nela existente não
podia ser destruída por ela mesma, a despeito de toda a indignação e protesto da opinião pública da
Europa. A reforma só poderia vir por meio de uma revolução que desfizesse aquela organização.
CONCLUSÃO DO CURSO
Cristo deixou este mundo há mais de dezenove séculos; entretanto, ele ainda está no mundo
através da igreja, assim como o corpo humano é vivificado pela alma, da mesma maneira o corpo de
Cristo é vivificado pelo Espírito Santo. Jesus Cristo produziu um organismo permanente, uma união
permanente de mentes e almas, concentradas entorno de sua pessoa. Os cristãos não são meramente
seguidores de Cristo, senão membros de Cristo e membros uns dos outros.
Ao longo da história observamos que a igreja sempre enfrentou problemas, e não é diferente hoje.
Porém, o verdadeiro cristianismo ensinado por Jesus no início da igreja primitiva, foge muito do que é o
cristianismo hoje no século XX, por isso devemos nos esforçar para hoje como representantes de Cristo
aqui na terra pregarmos e vivermos o verdadeiro evangelho e assim sermos a verdadeira igreja de cristo,
ou seja, uma igreja gloriosa, sem mácula e sem rugas (Ef. 5:27 ).
Esperamos que este estudo tenha ajudado o aluno a compreender verdades escondidas na história,
mas que a própria história (com a direção de Deus), se incumbiu de revelar.
REFERÊNCIAS
1) VIELHAUER, Philipp. História da Literatura Cristã Primitiva, São Paulo: Editora Academia Cristã,
2005.
2) CAIRNS, Earle E.. O Cristianismo Através dos Séculos, São Paulo: Editora Vida Nova, 2ª ed., 1988.
3) DREHER, Martin Norberto. A Igreja no Império Romano. São Leopoldo: Editora Sinodal, 1993.
4) WALKER, W.. História da Igreja Cristã, Rio de Janeiro: Juerp/Aste, 3ª ed. vol I e II, 1981.
5) BETTENSON, Henry. Documentos da Igreja Cristã, São Paulo: Asta, 1967.
6) DAVIS, John D.. Dicionário da Bíblia, Rio de Janeiro: Juerp, 1987.
7) WALKER, John. Igreja e Cultura, São Paulo: Worship Produções.
OBS:
É proibida a reprodução total ou parcial desta apostila, sem a permissão por escrito, do Seminário
Casa de Profetas.