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INTELIGÊNCIA EMOCIONAL: EU GESTOR DE MIM!

Daniele Farfus

Resumo
Atualmente muito se fala da importância de termos além das competências técnicas para o exercício da
nossa atuação profissional, as competências relacionais, ou seja, aquelas habilidades que necessitamos
apresentar para um melhor desempenho e no convívio harmonioso com diferentes pessoas. Este é o grande
diferencial dos profissionais do século XXI, não adianta ser perfeito tecnicamente se na relação com o outro
acontecerem lacunas e desastres. Sendo assim, o conceito de Inteligência Emocional apresenta-se como
uma possibilidade concreta de nos adequarmos as competências relacionais, já que abrange cinco
componentes, que são: autoconhecimento, autocontrole, motivação, empatia e destreza social. Cada qual
requer das pessoas um processo de autorreflexão profundo e querer compreendê-los é uma escolha, sempre
individual, na construção das trajetórias pessoais e profissionais.
Palavras-chave: competência, inteligência emocional, trajetória pessoal e profissional.

Escrever para alguém é sempre uma grande responsabilidade. Imagino quem será o leitor das palavras que
aos poucos vou digitando e de que forma eu posso contribuir com pessoas que, em geral, encontram-se no
mercado de trabalho. Pois bem, embora o nosso foco aqui seja - Inteligência Emocional: eu gestor de mim!
– pensei que seria interessante contextualizar de forma geral alguns aspectos que envolvem este complexo
mundo organizacional.
Desde o fenômeno da globalização, muitas foram as mudanças que enfrentamos, e saibam, estou
comentando de uma situação ocorrida na década de 90. Antes, estávamos todos em nossas zonas de
conforto e nelas permanecíamos durante nossa trajetória profissional, tranquilos e realizando nossas
atividades costumeiras da mesma forma. As mudanças chegaram, alterações de estratégias organizacionais,
inserções de novos processos, uso intensivo de tecnologia e houve também a necessidade de revermos o
modelo mental das pessoas. Agora, estamos todos nós imersos em um admirável mundo novo, que com a
Revolução 4.0, novamente revoluciona o mercado de trabalho. Mas, será que iremos nos adaptar? Com
certeza sim, afinal o ser humano é adaptável, mas será que há algum aspecto essencial neste processo?
Ouso escrever que existe sim. As organizações solicitam de nós as nossas competências técnicas, ou seja,
para o desempenho da função de um contador o que é fundamental você dominar? Quais são os
conhecimentos técnicos que você precisa ter para um exercício efetivo das suas ações em seu cotidiano

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profissional? Provavelmente você consegue elencar um vasto rol de conhecimentos, que precisa saber
aplicar e ter a atitude de realizá-los para ser uma competência que agregue valor para a organização na qual
atua, ou seja, competência é a união de conhecimento, habilidade e atitudes, que se aplicadas geram valor
ao mundo organizacional. Mas será que essas competências técnicas, que sei que você, leitor, possui, são
suficientes atualmente?
A resposta definitivamente é não! As organizações precisam de pessoas – hoje o capital humano é
reconhecido como um valor intangível das organizações – com competências técnicas, mas também com
competências que denominamos relacionais e comportamentais, que agreguem valor para a permanência
de todos no ambiente de trabalho.
Pois bem, então começa uma ‘chuva’ de palavras que buscam explicar o que vêm a ser estas competências.
Uma das mais citadas hoje em dia é Inteligência Emocional. Agora, veja que curioso, na mesma época do
fenômeno da sociedade globalizada, que revoluciona o mundo organizacional, citado anteriormente no
texto, dois pesquisadores, Peter Salovey e John Mayer, criam este conceito, que se torna mundialmente
conhecido após um outro pesquisador – Daniel Goleman – publicar um livro intitulado Inteligência
Emocional. Logo, não estamos lendo sobre um conceito concebido recentemente, mas algo que está nos
circundando há quase três décadas.
E o que vem a ser a Inteligência Emocional, a partir da definição de Goleman? A Inteligência Emocional é a
capacidade de uma pessoa identificar os seus próprios sentimentos, gerenciando-os, de forma que sejam
expressos de maneira apropriada e eficaz, bem como aprender a reconhecer os sentimentos dos outros,
gerenciando suas interações.
Na palestra sobre Learning Agility, ministrada aqui na Escola de Formação de Líderes do CRC, um dos pilares
para este aprendizado é a questão da Agilidade Interpessoal, ou seja, “da capacidade de estar junto,
relacionar-se e interagir com pessoas diferentes demonstrando para o outro que está com a mente e o
coração abertos” (CUNHA, 2023, p.2).
Logo, a Inteligência Emocional está alicerçada neste pilar do Learning Agility e assim, você leitor começa a
observar que os temas propostos pela Escola de Formação de Líderes, estão conectados na busca de um
processo de autorreflexão do que é fundamental para permanecermos no mundo do trabalho da forma mais
assertiva possível.
Daniel Goleman (2019, p.9), afirma que o que distingue um grande líder de um líder somente bom não são
as suas competências técnicas, mas a sua inteligência emocional. E para tornar este conceito mais palpável
o autor define cinco grandes componentes que necessitaremos ter, sendo: autoconhecimento,
autocontrole, motivação, empatia e destreza social. A seguir irei contextualizar cada um deles, para você
leitor!

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1. Autoconhecimento: “Conhece-te a ti mesmo” e assim iniciamos a descrição dessa habilidade, indo
para a Grécia antiga, buscar em Sócrates, que viveu entre 470-399 a.C, o começo da nossa reflexão,
com a frase que representa a essência dos seus ensinamentos. Até que ponto nos conhecemos? Ou,
será que ligamos o piloto automático diariamente e seguimos para a nossa rotina? O
autoconhecimento pede que você tenha uma compreensão das suas emoções, de quais são os seus
pontos fortes e fracos, das suas necessidades reais e o que lhe move, ou seja, a sua motivação.
Portanto, exige que você seja honesto consigo mesmo. Autoconhecimento implica clareza de valores
e metas a serem atingidas, logo, as pessoas terão sua autoconfiança desenvolvida.
2. Autocontrole: será que é possível controlar as nossas emoções? Emoções são estimuladas por
impulsos biológicos, não poderemos nunca as ignorar, mas sim administrá-las. O autocontrole
permite que você não seja prisioneiro do seu sentimento, sabendo lidar com situações de mudanças
de forma muito mais positiva. Dominar as emoções e racionalizar situações permitem o
desenvolvimento de líderes que criam na sua gestão um ambiente de confiança com sua equipe e
imparcialidade.
3. Motivação: é um processo interno, e, reconhecer pessoas motivadas no ambiente organizacional é
simples, são aquelas que exalam paixão pelo que realizam, buscam continuamente melhorar o seu
desempenho e desejam feedbacks de seus líderes. Porém, muitas vezes motivação é tão importante
quanto disciplina e foco, que fazem com que as coisas realmente aconteçam.
4. Empatia: agora sim, uma palavra da moda, que todos estão falando, mas será que compreendendo
efetivamente o seu significado? Empatia, para um líder, “significa estar atento aos sentimentos dos
funcionários – e a outros fatores – no processo de tomada de decisão inteligente.” (Goleman, 2019,
p.22). Empatia é muito mais do que se colocar no lugar do outro, mas significa compreender com
qual estrutura emocional o outro reage a uma determinada situação, para utilizar mecanismos
adequados no processo de interação social.
5. Destreza social: é uma cordialidade com propósito, fazendo com que o líder tenha seguidores, pois
quem apresenta esta habilidade de administrar relacionamentos gerencia equipes de forma mais
efetiva.
De forma breve, apresenta-se a Inteligência Emocional, como uma competência essencial para o século XXI,
sobretudo para líderes que buscam se aprimorar continuamente e compreender este mundo frágil, ansioso,
não linear e incompreensível em que vivemos. Será? Ou cabe ao líder desmistificar este mundo, a partir das
suas próprias competências, somando valor para as pessoas que estão ao seu redor?

O processo de escolha será sempre individual para a pessoa adulta, então, que você leitor realize suas
escolhas de forma consciente, sobretudo pensando no seu legado de gestão.

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