Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CONSIDERAÇÕES GERAIS
DEFINIÇÃO
todas as pessoas tratarão com seu Criador convergindo assim o temporal com
o eterno. Para nós cristãos, a base fundamental da nossa fé futura está nos
registros sagrados da Palavra de Deus. Vejamos o que Louis Berkhof diz em
sua Teologia Sistemática: “Alguma doutrina das últimas coisas não é
peculiar à religião cristã. Onde quer que as pessoas tenham refletido
seriamente sobre a vida humana, seja no individuo seja na raça, não
inquiriram apenas donde ela surgiu e como veio a ser o que é, mas também
para onde está destinada. Elas levaram a questão, qual é o fim ou destino
final do indivíduo, e qual a meta rumo à qual a raça humana está se
movendo? O homem perece na morte, ou entra em outro estado de
existência, quer de bem-aventurança, quer de infortúnio? As gerações dos
homens virão e passarão, numa sucessão interminável e finalmente
sucumbirão no esquecimento, ou raça dos filhos dos homens e toda a
criação estão a mover-se para algum telos divino, para um fim que lhe foi
designado por Deus [...]. Naturalmente, só os que crêem que, assim como a
história do mundo teve um princípio, também terá um fim, podem falar de
uma consumação e podem ter uma doutrina da escatologia.” (Berkhof,
Teologia Sistemática, p. 657)
permaneciam até o dia do Juízo. Tertuliano (155 – 220 d. C.) entendia que
os mártires não necessitavam passar por esse processo, seu martírio e
sofrimento lhes conferiam acesso direto aos céus. No terceiro século surge
uma nova concepção acerca do período intermediário através do maior
teólogo depois do apóstolo Paulo e sistematizador das doutrinas cristãs,
Aurelius Agostinho (354 – 430 d. C.), bispo de Hipona (África); ele
avançou extra biblicamente e Tal doutrina foi energicamente combatida
pelos reformadores.
O Segundo Advento de Cristo os cristãos primitivos entendiam que
Jesus retornaria ainda nos dias daquela geração. Conforme o ensino do
Senhor: Se o fim viria somente depois da proclamação universal do
evangelho do Reino, então era chegado o momento, pois o evangelho seria
pregado rapidamente, talvez em três décadas ele alcançasse os pontos mais
distantes do mundo daquela época. Por esse motivo vemos os crentes de
Tessalônica com uma visão deturpada acerca da vinda do Senhor como se
Jesus estivesse chegando naqueles dias, vivendo um fanatismo escatológico a
ponto de desprezarem suas responsabilidades sociais e domesticas
distorcendo os ensinos de Paulo sobre a Parousia (2Ts 2.15 – 17).
No segundo século as perseguições do império romano deram uma
nova dimensão escatológica para a igreja, quando Severo era imperador. Por
essa época apareceu um fanático por nome Judas, ensinando que Cristo viria
no final do reinado desse imperador. Através de um estudo precipitado sobre
as setentas semanas de Daniel e forçando os algarismos e já tratando
aleatoriamente as profecias, o tal falso mestre deduziu que a vinda de Cristo
aconteceria no último ano do reinado de Severo (203 d. C.)
Um grande pensador dos primórdios da igreja foi Eusébio de Cesareia
(263 – 340 d. C.) era conhecido como o pai da história eclesiástica. Seus
ensinamentos e escritos contribuíram muito para o desenvolvimento da
história da igreja, segundo Eusébio o anticristo surgiria ainda naquela
geração.
Era milenar: o montanismo (movimento formado por Montano no
segundo século) foi o primeiro a se preocupar com a doutrina do milênio. Os
montanistas aguardavam uma manifestação literal do reino de Deus.
Tertuliano, já mencionado, foi um dos mais respeitáveis representantes
desse movimento. Ao contrário do montanismo, São Jerônimo, o erudito,
teólogo e tradutor da Vulgata Latina, ensinava e apregoava que havia um
SEID – Pr. José Thiago Silva
ESCATOLOGIA – A Doutrina das Últimas Coisas 4
reino milenial neste mundo antes do retorno de Cristo, uma visão primitiva
de pós milenismo. Isso seria possível somente através da igreja. Até então
nenhum erudito havia se manifestado em favor de um reino literal de Cristo
neste mundo.
OS REFORMADORES E A ESCATOLOGIA
PRIMEIRA PARTE
ESCATOLOGIA INDIVIDUAL
1
Ortodoxia – Qualidade de ortodoxo, em conformidade com a doutrina religiosa tida como
verdadeira.
2
Berkhof, teologia Sistemática. P 617.
SEID – Pr. José Thiago Silva
ESCATOLOGIA – A Doutrina das Últimas Coisas 10
3
Grudem, teologia sistemática: atual e exaustiva, p. 679
SEID – Pr. José Thiago Silva
ESCATOLOGIA – A Doutrina das Últimas Coisas 12
vida, mas não receberam. Esta concepção não tem base direta nas escrituras
canônicas, mas a tradição e em alguns livros apócrifos como ensina 2
Macabeus 12.42 – 45: “e puseram-se em oração, para implorar-lhe o perdão
completo do pecado cometido. O nobre Judas falou à multidão, exortando-a
a evitar qualquer transgressão, ao ver diante dos olhos o mal que havia
sucedido aos que foram mortos por causa dos pecados. 43 Em seguida, fez
uma coleta, enviando a Jerusalém cerca de dez mil dracmas, para que se
oferecesse um sacrifício pelos pecados: belo e santo modo de agir,
decorrente de sua crença na ressurreição, porque, se ele não julgasse que os
mortos ressuscitariam, teria sido vão e supérfluo rezar por eles. Mas, se ele
acreditava que uma bela recompensa aguarda os que morrem
piedosamente”. Usam textos como Mt 12.32 para dizer que existe perdão dos
depois da morte. Em 1Co 3.15 os católicos dizem que a expressão “salvos
pelo fogo” está se referindo ao purgatório. Os que defendem este ponto de
vista negam a eficácia da obra redentora de Cristo, enfatizam outro meio de
salvação sem ser o Senhor, apresentam as “obras” e as “penitências” como
meio de justificação, pregam a possibilidade de intervenção dos vivos sobre
os mortos, porém a Bíblia é explicita: “assim como aos homens está
ordenado morrerem uma só vez, vindo depois disso o juízo, assim também
Cristo, tendo se oferecido uma única vez para tirar os pecados de muitos,
aparecerá segunda vez sem relação com o pecado, para salvar aos que o
aguardam” (Hb 9.27,28).
Eternidade para os ímpios e para os justos
Ainda apresentando o desenrolar dos eventos em uma perspectiva
escatológica individual, veremos o destino eterno para o ímpio e para os
justos. Destino este, que só será vigente após a consumação de todas as
coisas (eventos cósmicos ou gerais como a Segunda Vinda de Cristo,
Ressurreição dos Mortos e Juízo Final).
A REALIDADE DOS ÍMPIOS – Após a ressurreição dos mortos (Ap
20.11 – 13), os perdidos serão submetidos ao Juízo Final (o Trono Branco),
sendo julgados segundo as suas obras (Ap 20.13), pela maneira com que
tratam os servos de Jesus (Mt 25.41-46; Lc 12.45-48) e pela incredulidade
(Jo 3.16,36). Daí então, eles serão expostos a ira vindoura de Deus (Rm
2.5,8.9), receberão o eterno salário do pecado (Rm 6.23) e o terrível juízo e
“fogo” vingador (Hb 10.27-31). O padrão usado para o julgamento desses é a
vontade revelada de Deus, ou seja, os que tiveram mais revelação de Deus
SEID – Pr. José Thiago Silva
ESCATOLOGIA – A Doutrina das Últimas Coisas 15
receberão mais severo juízo. Jesus mesmo exemplifica esse fato quando
compara o rigor do juízo de Cafarnaum e Corazim diante do juízo Tiro e
Sidom. Assim, os que tiveram apenas a revelação do Antigo Testamento,
serão julgados por sua reação ao Antigo Testamento. Desta maneira
percebemos que haverá níveis ou graduação de punição (Mt 11.22-24; Lc
12.47,48; 20. 16-18). Depois da consumação do julgamento, os ímpios, de
forma integral (corpo e alma/espírito), serão lançados num lugar terrível de
punição que recebe títulos como: trevas exteriores (Mt 22.13); fogo eterno
(gr. Pur to aionion – Mt 13.42,43; Mc 9.43); destruição eterna (olethron
aionion – 2Ts 1.9); tormento eterno (gr. Kolasin aionion – Mt 25.46); lago
de fogo (gr. Limem tou puros – Ap 20.14,15). Outro termo utilizado para
descrição deste lugar é Geena (Mt 5.22,29,30; 10.28; 18.8,9; 23.15,33). A
respeito comenta Stanley Horton:
“[...] é o vocábulo aramaico para o vale de Hinom, uma ravina
estreita situada na parte oeste e ao sul de Jerusalém. Durante o declínio do
reino de Judá, esse era o lugar onde os apóstatas judeus faziam passar seus
filhos e suas filhas pelo fogo, em sacrifício a Moloque, deus dos amonitas
[...] os judeus dos dias do Novo Testamento fizeram daquele lugar a lixeira
da cidade e ali sempre havia fogo ardendo. Dessa forma, Jesus se utilizou
dele figurativamente como lugar do juízo final – o lago de fogo. Suas
chamas de enxofre a queimar indicam o quão doloroso será o fogo”.
Este “inferno final” que recebe essa grande quantidade de nomes,
principalmente Geena, é o lugar de punição sem fim. Levando em
consideração, portanto, que os títulos usados são apenas figuras do geena,
uma coisa é certa: este local será um lugar não da ausência de Deus, mas da
ausência de sua graça (seja comum ou especial). Na verdade, a ira divina e a
justiça infinita e eterna estarão sendo derramadas sobre os pecadores,
trazendo sobre eles o devido juízo. Além de um lugar, o geena apresenta – se
também como um estado, pois os pecadores estarão para sempre separados
da comunhão de Deus e serão tão maus o quanto podem ser, sendo
semelhantes a Satanás e seus demônios, afinal, não terão mais a “imago
Dei”, nem a graça comum e muito menos a ação do Espírito. Quanto ao
inferno Final, comparação com o céu, Hendriksen comenta:
“O inferno é inferno porque Deus está lá, Deus em toda a sua ira (Hb 12.29;
Ap 6.16). O Céu é céu porque Deus está lá, Deus em todo o seu amor. É
desta presença que o ímpio será banido para sempre”.
SEID – Pr. José Thiago Silva
ESCATOLOGIA – A Doutrina das Últimas Coisas 16
nova Terra para nós, com suas belezas e recursos para que passemos e
eternidade. Todavia, como Deus fará dessa Nova Terra a sua habitação, o
Novo Céu e a Nova Terra serão um, por isso o Céu é o nosso país (Fp
3.20,21). Teremos essa dupla dimensão: a física (espacial e temporal) na
nova terra, e plena espiritual (em comunhão com Deus) no novo céu.
Todavia, esse novo céu e essa nova terra não resultarão de uma espécie
de aniquilamento ou destruição total do cosmo. Se houvesse tal destruição
poderíamos dizer que satanás teria saído vitorioso, pois teria alcançado seu
objetivo, pelo menos o de destruir a criação. O novo céu e a nova terra
resultarão de uma restauração e glorificação da criação, tirando – a do estado
de degeneração para o de gloria, isso porque a criação haverá de participar da
glória dos filhos de Deus (Rm 8.20 – 22), que é em si a glória de Cristo. Os
profetas falaram desse novo céu e dessa nova terra (Is 65.17; 66.22), o
Senhor Jesus falou do novo nascimento (grego – palingenesia) do mundo
quando ele vier (Mt 19.28); Pedro falou da restauração (grego –
apokatastasis) de todas as coisas (At 3.19 – 21); Paulo menciona a
reconciliação de todas as coisas (Ef 1.10. Cl 1.20). Da mesma forma que os
redimidos serão glorificados, a criação também será redimida e glorificada!
O texto de 2 Pedro 3.12 trata dos eventos cataclísmicos do julgamento
divino e não do total aniquilamento, pois o termo grego usado para “novo” é
kainos e não neos, sendo que tal termo está atrelado a renovação. Além
disso, o texto compara tal “destruição” com a feita no “diluvio” (2 Pe 4 –
13), sendo que o mundo físico (cosmo) não foi aniquilado.
SEGUNDA PARTE
ESCATOLOGIA CÓSMICA
homem vindo sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mt 24.30;
cf. Mt 26.64; Mc 13.26; Lc 21.27; Jo 14.3). Logo após a sua ascensão, anjos
confirmam a promessa do Senhor: “[...] Esse Jesus, que dentre vós foi
elevado ao céu, retornará do mesmo modo como o viste subir”. (At 1.11)
1. Sobre o dia da segunda vinda – Assim como um relâmpago cruza o
céu em dois extremos, assim será a vinda do Filho do Homem (Mt
24.27). será um dia de vitória e redenção, de abolição das lagrimas e
dos sofrimentos, será um dia de alegria e de consumação (1Tm 6.14 –
16). Jesus esclareceu que cabe somente ao Pai o tempo da sua volta
(Mt 24. 30 – 36; Mc 13.32,33). Por que Deus decidiu não revelar o
tempo da segunda vinda de Cristo? Porque Ele quer que realizemos a
sua obra com fidelidade e se soubermos que vamos precisar estar
sempre alerta e preparados seremos mais fiéis e mais comprometidos
com os desafios do Reino.
2. Sobre o caráter da Segunda vinda – Independente da linha teológica
defendida, a visão conservadora defende que:
a) Ela será pessoal – O próprio Jesus afirmou: “E quando eu for, e vos
tiver preparado lugar, voltarei outra vez, e vos levarei para mim
mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também” (Jo 14.3). Paulo
também declarou: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com
grande brado, com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus...” (1 Ts
4.16).
b) Ela será física – As palavras dos dois varões vestidos de branco junto
ao cordeiro de Deus no momento de sua ascensão não deixa dúvidas de
que Ele voltará fisicamente (At 1.11)
c) Ela será visível – A volta de Cristo será visível, assim como foi sua
partida, conforme o texto de Atos 1.11 e Mateus 24.30.
d) Ela será inesperada – Ninguém pode prever o dia da Segunda Vinda.
e) Ela será triunfante e gloriosa – Diferente da primeira vinda, que foi
humilde, o Senhor virá desta vez com “grande poder e glória” (Mt
24.30; Mc 13.26; Lc 21.27). Estará acompanhado de seus anjos e será
anunciado pelo arcanjo (1Ts 4.16). Virá como Juiz e Rei dos reis (Mt
25. 31 – 46; Ap 19. 14 – 16)
A GRANDE TRIBULAÇÃO
Conforme a perspectiva pré-milenista dispensacionalista, os salvos de
todas as eras seguirão com Cristo para participar das bodas do Cordeiro.
Porém, todos os que forem deixados para trás permanecerão vivos no planeta
terra e experimentarão uma tribulação sem precedentes na história da
humanidade.
Concepções tribulacionistas:
a) Pré – tribulacionistas: O arrebatamento da igreja ocorrerá antes da
grande tribulação (1Ts 5.9)
O MILÊNIO
Ao final da grande tribulação ocorrerá a segunda fase da Parousia. Na
primeira fase (arrebatamento), Ele virá para os seus e não tocará os pés nesta
terra. Mas, a segunda fase, que acontecerá sete anos depois do
arrebatamento, Cristo virá com os remidos de forma pessoal e triunfante
glória e todo olho verá. Zacarias assim anteviu este momento (Zc 14.4).
Cristo vencerá os exércitos do anticristo que, juntamente com o falso profeta,
será lançado no lago de fogo e enxofre (o Geena). Satanás será preso e então
começará o milênio, reinado literal de Cristo sobre a terra durante mil anos.
Neste período a justiça e a paz serão estabelecidas na terra e todas as
profecias sobre o Messias se cumprirão. Toda a criação que foi afetada pela
queda do homem agora participará das bênçãos do milênio.
O JUÍZO FINAL
Após os mil anos, Satanás será solto por um breve espaço de tempo
(Ap 20. 7,8). Muitas nações que serão enganadas pelo inimigo marcharão
SEID – Pr. José Thiago Silva
ESCATOLOGIA – A Doutrina das Últimas Coisas 23
BIBLIOGRAFIA