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ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL

Classe Bíblia, uma história – Aula 17


Ato 5 – Propagando a notícia do Rei: Paulo esclareço o Evangelho (pág. 225 a 237)

Ato 1 – Deus estabelece o seu reino: criação


Ato 2 – Rebelião no reino: queda
Ato 3 – O Rei escolhe Israel: a redenção é iniciada
Interlúdio – Um relato do reino aguardando um desfecho: o período
intertestamentário
Ato 4 – A vinda do Rei: redenção realizada
Ato 5 – Propagando a notícia do Rei: a missão da igreja
Ato 6 – A volta do Rei: redenção concluída

PAULO ESCLAREÇE O EVANGELHO


INTRODUÇÃO
Ao longo de nossa jornada na classe Visão panorâmica da Bíblia, entendemos que o
objetivo das Escrituras é revelar Jesus ao ser humano como a solução para a separação/alienação
do seu Criador, em virtude da queda.
Por isso, Jesus é anunciado ao longo de toda a Escritura.
“A seguir, Jesus lhes disse: São estas as palavras que eu vos falei, estando ainda
convosco: importava se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés,
nos Profetas e nos Salmos”. Lucas 24:44
“Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas
que testificam de mim”. João 5:39
Então, a partir deste entendimento das Escrituras podemos visualizar a Bíblia como sendo
formada por cinco grandes blocos temáticos:

BLOCO TEMA
I – Antigo Testamento A preparação para a 1ª vinda do Salvador
II – Evangelhos A manifestação do Salvador e sua Obra
III – Atos A expansão da obra do Salvador
IV – Epístolas A explicação da Obra do Salvador
V – Apocalipse A consumação da Obra do Salvador
No Ato 5, estamos estudando o movimento da igreja para testemunhar a partir de
Jerusalém até os confins da terra. O movimento missionário da Igreja se inicia em Jerusalém, de
onde se irradia para toda a Judéia e Samaria, depois após ultrapassar a fronteira cultural do
judaísmo ela chega em Antioquia da Síriai.
A partir de Antioquia da Síria prossegue até finalmente chegar em Roma a capital do
mundo antigo, conforme a comissão dada pessoalmente por Jesus aos discípulos (Atos 1:8). Já
Atos 11:19-26, nos conta como o evangelho chegou aos gentios.
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O apóstolo Paulo é o personagem chave na progressão da Igreja de Antioquia até Roma.
Um pastor coreano que pregou no supremo concílio do ano de 2022 mostrou como a igreja
é movida por sucessivos avivamentos.
Segundo ele os avivamentos foram:
 Avivamento G (Galileia)
 Avivamento J (Jerusalém)
 Avivamento A (Antioquia)
 Avivamento R (Roma)
 Após sucessivos avivamentos a Igreja vem testemunhando o Evangelho até os confins
do mundo chegando até nossa época.

I - A IGREJA TESTEMUNHA ATÉ OS CONFINS DA TERRA


A Igreja de Antioquia
Embora o evangelho tenha começado a se deslocar para fora de Jerusalém, após o
martírio de Estevão, ele se espalhou principalmente entre os judeus dispersos em todo o Império
Romano.
No entanto, algo novo surge em Antioquia da Síria, nesta cidade judeus de Chipre e Cirene
começam a pregar aos gregos, que de forma providencial se convertem ao Senhor Jesus, e
juntos formam a primeira igreja predominantemente gentílica (Atos 11:19-21).
Quando a igreja-mãe em Jerusalém tomou conhecimento deste fato, enviou Barnabé para
verificar o que estava acontecendo em Antioquia. Ao chegar lá, Barnabé vê evidências claras da
graça de Deus operando entre os cristãos antioquenos e os encoraja a continuarem firmes em
sua fé.
Na verdade, essa igreja estava destinada a se tornar o centro missionário que enviará
Paulo e Barnabé para pregar o evangelho de Cristo a grande parte do Império Romano.
Enquanto, a igreja em Antioquia está adorando, o Espírito Santo diz: “Separem-me
Barnabé e Saulo para a obra para a qual os tenho chamado” (Atos13:2). Após jejum e oração, os
líderes da igreja impõem suas mãos sobre Saulo e Barnabé e os enviam para pregar o evangelho
em outras cidades do Império Romano.
As viagens missionárias
Saulo e Barnabé vão pregando o Evangelho entre os gentios. O livro de Atos registra três
viagens missionárias envolvendo Paulo; Barnabé e o jovem João Marcos (seu parente); e Silas
(Silvano).

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Quadro 1 – VIAGENS E CARTAS DE PAULO
Evento 1ª Viagem 2ª Viagem 3ª Viagem Viagem a Prisão
Roma em Roma
Atos 13:4-14:28 15:36-18:22 18:26-21:26 21:16 21:30-31
Data 47-48 49-52 56-58 59-60 61-66
Cartas Gálatas (49/50) 1 Coríntios Cartas da
escritas Tessalonicenses (56), prisão:
(51) 2 Coríntios Colossenses*
(57) Efésios*
Romanos (58) Filipenses*
Filemom*
(61*)
1 Timóteo (63)
Tito (65)
2 Timóteo (66)
Igrejas Derbe, Listra Filipos (16:40),
Plantadas e Icônio Tessalônica
(Galácia) (17:2),
Antioquia da Corinto (18:1),
Pisídia Éfeso (18:19)
(14:21)

Figura 1 – 1ª VIAGEM, Barnabé, Saulo e João Marcos (Atos 13; 14; 15:1,2).

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Figura 2 – 2ª VIAGEM, Saulo, Silas/Silvano e Timóteo.


Lucas se une ao grupo apostólico (Atos 16:10).

Figura 3 – 3ª VIAGEM, Saulo/Paulo e Silas. Partem da Antioquia, visitam a


Galácia, Frígia e chega a Éfeso, onde permanece por dois anos e três meses.
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II - PAULO ESCLARECE O EVANGELHO EM SUAS CARTAS


PAULO NA HISTÓRIA BÍBLICA
O apóstolo Paulo é uma figura notável. Considerado por muitos a pessoa que mais
influenciou o mundo depois de Jesus Cristo, foi um apóstolo que se autointitulava um “nascido
fora de tempo” (1 Coríntios 15:8). Ele não andou com Jesus como os outros apóstolos, mas teve
um chamado sobrenatural e recebeu uma missão específica: ser enviado aos gentios (Atos 9:15).
Ele é o protagonista na última parte da narrativa do livro de Atos. Sendo-lhe atribuída a
missão de levar o Evangelho de seu cenário judaico original para o mundo gentio.
Manteve-se fiel ao seu chamado até o fim da sua carreira, foi ele quem iniciou as incursões
da igreja entre os não-judeus, a partir da primeira igreja gentílica, a igreja de Antioquia, que
juntamente com Barnabé o enviou para pregarem o evangelho aos gentios.
A partir da primeira viagem missionária, a geografia do Cristianismo foi alterada para
sempre. Como resultado do seu trabalho, dezenas de igrejas foram plantadas, conforme
registrado no livro Atos. O tempo era curto e as demandas altíssimas. Os sistemas de
comunicação e as condições de viagem no mundo romano, embora avançados para os padrões
da época, comparados às condições modernas que conhecemos, certamente dificultavam a
presença física constante do apóstolo nessas comunidades recém-formadas.
Assim, Paulo utilizou-se fartamente do recurso das cartas apostólicas para firmar
conceitos, esclarecer verdades, tratar assuntos difíceis, dar conselhos, combater falsos ensinos,
responder dúvidas e estreitar laços pastorais com as igrejas.
Quem foi Paulo?
Pois bem, ele próprio, assim se apresenta:
“embora eu mesmo tivesse razões para ter tal confiança. Se alguém pensa que tem razões
para confiar na carne, eu ainda mais: circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao
povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu; quanto ao zelo,
perseguidor da igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível”. Filipenses 3:4-6
"Sou judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade. Fui instruído
rigorosamente por Gamaliel na lei de nossos antepassados, sendo tão zeloso por Deus
quanto qualquer de vocês hoje. Atos 22:3
O que sabemos sobre este apóstolo está registrado no Novo Testamento em Atos, nas
cartas aos Romanos, Coríntios, Gálatas e Filipenses. Além de uma breve menção na segunda
epístola de Pedro (2 Pedro 3:15).
Fora das Escrituras seu nome é citado por clemente de Roma, na sua primeira Carta aos
Coríntios1 (Capítulos V.5 e XLVII.1). Esta carta foi redigida, provavelmente, pelos fins do reinado

1
Primeira carta de Clemente de Roma aos Coríntios – esta carta foi considerada canônica até o fim do século IV,
quando a Igreja definiu o catálogo Bíblico durante o Concílio Regional de Hipona (393) foi a primeira iniciativa de se
oficializar uma lista de livros sagrados. No entanto por ser um Concílio Regional só tinha o poder de obrigar as
paróquias de Hipona (África). Foi somente no Concílio Geral de Cartago (397) que a Igreja definiu o Cânon Bíblico
para todos os cristãos. É nesta ocasião que nasceu a Bíblia, na forma como a conhecemos hoje.
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de Domiciano (81-96 DC), durante a segunda perseguição aos cristãos movida por este
Imperador.
Em síntese:
❖ Judeu nascido em Tarso, a capital da Cilícia (Atos9:11 e 30; 11:25; 21:39)
❖ Educado em Jerusalém, “aos pés de Gamaliel” (Atos 22:3).
❖ Hebreu, nascido de pais hebreus, ou “hebreu de hebreu” (Filipenses 3:5; 2 Coríntios 11:22)
da tribo de Benjamim (Romanos 11.1; Filipenses 3.5).
❖ Cidadão romano de nascimento (Atos 22:25-29; 23:27-28).
❖ Fariseu e filho de fariseu (Atos 23.6).
❖ Possuía domínio do hebraico, do aramaico e do grego; bem como das culturas judaica e
helenística/grega, o que facilitou a propagação do Cristianismo primitivo da Palestina para
o resto do Império Romano.
❖ Saulo (Atos 7:58-13:9; 22:7; 26:14), mas mais tarde (como cristão) ficou conhecido como
Paulo (Atos 13:9ss e em todas as Epístolas).
❖ Criado como fariseu, ele era muito zeloso pela Torá e pelas tradições judaicas (Filipenses
3:5; Atos 23:6-9; 26:5).
❖ Perseguiu os seguidores de Jesus. Por considerar a crença em Jesus como o Messias
incompatível com o Judaísmo (Gálatas 1:13-14; Filipenses 3:6; 1Coríntios 15:9; Atos 7:58;
8:1; 9:1-2; 22:3-5; 26:4-12).
As cartas de Paulo
Como resultado do seu trabalho, dezenas de igrejas foram plantadas, conforme registrado
no livro Atos. O tempo era curto e as demandas altíssimas. Os sistemas de comunicação e as
condições de viagem no mundo romano, embora avançados para os padrões da época,
comparados às condições modernas que conhecemos, certamente dificultavam a presença física
constante do apóstolo nessas comunidades recém-formadas.
Neste contexto, Paulo utilizou-se fartamente do recurso das cartas apostólicas para firmar
conceitos, esclarecer verdades, tratar assuntos difíceis, dar conselhos, combater falsos ensinos,
responder dúvidas e estreitar laços pastorais com as igrejas.
O apóstolo Paulo é o autor de 13 dos 27 e sete livros do novo testamento, os quais por
ordem cronológica são: Gálatas (49-50); Tessalonicenses (51); 1 Coríntios (56); 2 Coríntios (57);
Romanos (58); Colossenses, Efésios, Filipenses e Filemom (61); 1 Timóteo (63); Tito (65); e 2
Timóteo (66).

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Linha do tempo das Epístolas
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Gálatas I e II I II Romanos Colossenses I Timóteo Tito II


Tessalo- Coríntios Coríntios Efésio Timóteo
nicenses Filipenses
Filemom

49-50 51 56 57 58 61 63 65 66

Figura 4 – Linha do Temo da Epístolas paulinas


A Bíblia apresenta as epístolas do novo testamento pelo tamanho da obra e autoria ao
invés de pela ordem cronológica.

Alguns estudiosos classificam as epístolas paulinas em eclesiásticas e pastorais. Enquanto


outros em eclesiásticas, pastorais e pessoais. O quadro a seguir apresenta tal classificação.

Quadro 2 – Classificação das Cartas de Paulo


Eclesiástica Pastoral Pessoal
Romanos 1 Timóteo Filemon
1 Coríntios 2 Timóteo
2 Coríntios Tito
Gálatas Filemon
Efésios
Filipenses
Colossenses
1 Tessalonicenses
2 Tessalonicenses

Paulo é acima de tudo um “missionário”, levando as boas-novas a lugares em que ainda


elas não foram ouvidas. Paulo também tem um coração de pastor missionário. Ele anseia por ver
cada uma das igrejas que plantou florescer e se tornar uma comunidade vibrante e
testemunhadora que apontará fielmente para o reino vindouro de Deus por meio de sua vida,
palavras e ações.
Após plantar uma igreja, ele muitas vezes permanece por algum tempo para instruir os
cristãos recém-nascidos dali sobre o significado de receber as boas-novas (o Evangelho).
Em viagens subsequentes, ele retorna para dar instruções adicionais a respeito da vida do
reino. Suas cartas às igrejas jovens esclarecem o significado do evangelho para sua nova vida
em Cristo.
Portanto, para entender o ensino das epístolas de Paulo, se faz necessário antes enxergá-
lo como um missionário, cujo principal objetivo é desenvolver as igrejas que plantou a fim firmá-
las como testemunhas fiéis do Reino.
Paulo escreve suas cartas para esclarecer o significado das boas-novas de Jesus
As cartas, destinadas à igreja em situações históricas específicas, se baseiam na boa
notícia do que Deus fez pelo mundo, e nos acontecimentos históricos da vida, morte e
ressurreição de Jesus Cristo, elas fluem dessas boas novas e as esclarecem.
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O EVANGELHO É: o poder de Deus
“Não me envergonho do evangelho, porque é o poder de Deus para a salvação de todo
aquele que crê: primeiro do judeu, depois do grego”. Romanos 1:16
O EVANGELHO É: escândalo e loucura
“Pois a mensagem da cruz é loucura para os que estão perecendo, mas para nós, que
estamos sendo salvos, é o poder de Deus”. 1 Coríntios 1:18
“nós, porém, pregamos a Cristo crucificado, o qual, de fato, é escândalo para os judeus e
loucura para os gentios”. 1 Coríntios 1:23
Paulo explica o significado da boa notícia e suas implicações a vida da igreja em Cristo
Ele conecta o evangelho com o contexto da história do Antigo Testamento, assegurando
sua veracidade em oposição aos erros de falsos ensinos; estabelecendo sua autoridade como
apostólica em contraste com os erros dos falsos mestres. Cada uma das cartas de Paulo se dirige
a uma igreja diferente com os seus próprios problemas e questionamentos.
Nesta classe não podemos analisar as epístolas paulinas em todos os detalhes. Ao invés
disso, faremos uma breve abordagem dos pontos centrais do ensino do apóstolo.

ENSINO DE PAULO – O REINO DE DEUS CHEGOU EM CRISTO


Fariseu instruído aos pés de Gamaliel ii (Atos 22:3), Saulo de Tarso foi ensinado a
considerar a história humana dividida entre “a era presente” e “a era vindoura”. Jesus e os
demais escritores do novo testamento concordavam com essa crença e doutrina.
No pensamento judaico daquela época, “a era presente” é dominada pelo pecado, pelo
mal e pela morte, mas, na “era vindoura” Deus voltaria a Israel e inauguraria o seu reino
caracterizado por: conhecimento de Deus, Amor, Alegria e Justiça.
Então, quando um grupo de pessoas em Jerusalém começou a afirmar que, no Jesus
crucificado, esse reino havia chegado, Saulo fica furioso e ataca essa seita herética com um zelo
feroz.
Entretanto, tudo muda para Saulo quando o Jesus ressurreto o confronta pessoalmente,
na estrada para Damasco. Se Jesus é o Messias judaico ressurreto dos mortos, isso significa que
a era vindoura chegou, e o reino de Deus está aqui. O cristão recém-nascido e, agora ex fariseu
precisa reavaliar tudo que havia aprendido.
Este é o ponto de partida de Paulo: o reino de Deus, “a era vindoura”, chegou. Todo o
conteúdo da pregação de Paulo pode ser resumido como proclamação e explicação do dia
escatológico da salvação inaugurado com o advento, a morte e a ressurreição de Cristo.
É dessa perspectiva principal e sob esse denominador comum que todos os distintos
temas da pregação de Paulo podem ser entendidos e percebida a unidade entre eles.
A salvação prometida pelos profetas do Antigo Testamento começou; a antiga era está
passando e a nova chegou (2 Coríntios 5:17): “E ele morreu por todos para que os que vivem não
vivam mais para si mesmos, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou.”

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A plenitude dos tempos chegou (Gálatas 4:4) e agora é o dia da salvação de Deus (2
Coríntios 6:2). Portanto, o reino de Deus chegou na morte e na ressurreição de Jesus Cristo.
Adão versus Cristo
Dois grandes personagens estão no átrio dos dois mundos: Adão está na porta do antigo
mundo; Jesus, na porta do novo. O primeiro pecado de Adão inaugurou a era antiga e trouxe
pecado, morte e condenação (Romanos 5:12, 14). Agora em Jesus, o último adão, um novo dia
de justiça, vida e justificação chegou (Romanos 5:17-21; 1 Coríntios 15:22).
Então, se estamos “em Adão”, fazemos parte da antiga era e estamos sob o seu domínio.
Porém, se estamos “em Cristo”, fazemos parte da era vindoura e já podemos experimentar o
poder vivificador de Deus.
O que motiva a grande mudança no pensamento de Paulo sobre o reino é uma nova
compreensão da ressurreição.
Na estrada para Damasco, o Jesus ressurreto se encontra pessoalmente com Paulo.
Para ele, um judeu praticante do primeiro século meticulosamente instruído, a ressurreição
significa ressuscitar de forma corpórea para a vida da “era vindoura”. Visto que Jesus está vivo
novamente o reino chegou, “a era vindoura” chegou.
Portanto, uma vez que Jesus era o Cristo, sua ressurreição não é semelhante às
ressurreições de mortos ocorridas antes2, mas nela estava o tempo da salvação prometida, a
nova criação, chega de modo avassalador, como uma transição decisiva do antigo mundo para o
novo mundo (2 Coríntios 5.17; cf. v. 15).
Paulo afirma que Jesus é o primogênito entre muitos irmãos (Romanos 8:29), as primícias
daqueles que morreram (1 Coríntios15:20). Jesus é o início, o pioneiro da vida da ressurreição,
que possibilitou que outros viessem após ele (Colossenses 1:18).
De acordo com Paulo, essa nova visão da ressurreição exige uma visão
semelhantemente nova da crucificação. O Antigo Testamento, declara “maldito é todo aquele

2
Nas outras ressureições os corpos ressuscitaram para sofrerem uma segunda morte, na ressurreição de
Cristo o corpo ressuscitou para ser glorificado e viver a vida eterna.
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que for pendurado em uma árvore” (Gálatas 3:13 conforme Deuteronômio 21:23). Mas visto que
esse Jesus é o Cristo/Messias, e ele ressuscitou dos mortos, a própria cruz precisa ser
reexaminada pela ótica da ressurreição.
Visto que a ressurreição de Jesus significa o início do novo, a crucificação de Cristo precisa
significar o fim do antigo (Romanos 6:1-11).
A ressureição corporal de Cristo como o fundamento da fé
E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.
E assim somos também considerados como falsas testemunhas de Deus, pois
testificamos de Deus, que ressuscitou a Cristo, ao qual, porém, não ressuscitou, se,
na verdade, os mortos não ressuscitam. Porque, se os mortos não ressuscitam,
também Cristo não ressuscitou.

E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé, e ainda permaneceis nos vossos


pecados. 1 Coríntios 15:14-17

Em favor do mundo, Cristo tomou sobre si mesmo a maldição de Deus, a culpa e o poder
do pecado que governou a antiga era (Gálatas 3:13,14). Paulo agora proclama que Deus usou a
cruz para encerrar a era antiga.
A cruz marca a vitória de Deus sobre os poderes do pecado e do mal que governam o
mundo na presente era (Colossenses 2:15). Embora uma ideia desse tipo poderia ser uma pedra
de tropeço para os judeus e parecer completa insensatez para os gentios, ela é na verdade (Paulo
afirma) a sabedoria e o poder de Deus (1 Coríntios 1:18 – 2:5).
Paulo emprega diversas imagens para esclarecer o significado desse acontecimento
central. A crucificação é comparada a:
✓ Expiação (linguagem do Templo) – trata-se de remover a culpa por meio da oferta de um
sacrifício. Romanos 5:13
✓ Propiciação (linguagem da diplomacia, das religiões pagãs e do Templo) – remover ou
apaziguar a ira, mudar a disposição de alguém em relação a um terceiro (um superior, rei,
soberano, ou um deus). O sumo sacerdote no dia da expiação, espargia o sangue da oferta
pelo pecado na tampa da Arca do Pacto (chamada também de propiciatório). O termo
hebraico vem da raiz de um verbo que significa “cobrir” um pecado. Romanos 3:25.
✓ Redenção (linguagem do mercado de escravos e do comércio) – libertação de um cativo
mediante o pagamento de um resgate. O cativo pode ser um escravo, uma pessoa raptada,
um prisioneiro de guerra, ou um devedor que não pode pagar a dívida e por isso se tornaria
escravo do seu credor. Romanos 3:24; 1 Coríntios 1:30; Efésios 1:7; Colossenses 1:14;
✓ Justificação (linguagem dos tribunais) – sentença judicial que declara o réu justo, inocente
e livre da punição legal. Romanos 3:24, 26, 28, 30; 4:2, 25; 5:1, 9, 16, 18; 8:30; 10:4; 1
Coríntios 6:11; Gálatas 2:16, 17; 3:8, 11, 24; 5:4; 1Timóteo 3:16; Tito 3:7

3
A palavra usada aqui significa propriamente “reconciliação”, e é traduzida dessa forma algumas vezes [Nota do
tradutor: como na ARC e ARA]. De fato, expiação e reconciliação pelo pecado designam a mesma coisa. Ambas as
palavras implicam uma satisfação feita e aceita por Deus pelos pecados do Seu povo.
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A tensão entre o já e o ainda não
Mas se o antigo passou e o novo chegou, por que o mal e a morte permanecem no mundo?
As cartas de Paulo estão repletas da tensão entre os aspectos “já” e “ainda não” do reino
de Deus que vimos nos próprios ensinos de Jesus, mas com algumas ênfases diferentes.
Segundo Paulo, o reino já está aqui pelo fato de que a morte de Jesus encerrar o antigo e sua
ressurreição inaugurar o novo.
O Espírito é descrito como um penhor do reino vindouro (2 Coríntios 1:22; 5:5; Efésios
1:14). Um penhor é uma garantia real dada para o cumprimento futuro de uma promessa.
O Espírito também é descrito como primeiros frutos, a primeira parte da colheita, pronta
para ser desfrutado agora, e evidência tangível de que o restante da colheita também virá no
tempo apropriado (Romanos 8:23).
O reino ainda não chegou em sua plenitude, permanecemos em um mundo que ainda não
foi plenamente libertado da influência do poder maligno e demoníaco (2 Coríntios 4:4). Ainda
estamos envoltos pela escuridão do pecado e pela rebelião contra Deus (Efésios 2:2,3), ao
mesmo tempo em que aguardamos a revelação plena do reino de Deus em que essas coisas não
existirão mais.
Assim, no pensamento de Paulo, não há uma demarcação clara entre “a era presente” e
“a era vindoura”. Vivemos na época “intermediária”, em que as duas eras se sobrepõem.
Paulo continua explicando que o plano de Deus permite que essas duas eras coexistam
para que a obra missionária da igreja – o ajuntamento das nações ao Deus de Israel – possa ser
realizada antes da revelação final do Reino.
Na verdade, Deus concede esse período intermediário à igreja, da ascensão a até a volta
de Jesus, como um tempo para ela cumpra o chamado de ser testemunha da vinda do reino.

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† Cruificação de Jesus
Ressurreição de Jesus
Descida do Espírito Santo no dia de Pentecostes

PROMOVENDO O CRESCIMENTO DE NOSSA NOVA VIDA EM CRISTO


“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já
passaram; eis que se fizeram novas.” (2 Coríntios 5.17)
O principal interesse missionário de Paulo é levar o Evangelho aos lugares em que
não foi ouvido. Para ele, o evangelho não é simplesmente um relato de acontecimentos
históricos ou algum novo ensino ou doutrina religiosos. É o próprio poder de Deus para trazer
salvação, para conduzir homens e mulheres ao reino da era vindoura.
Paulo reconhece esta obrigação e está sempre motivado para contar a história do
evangelho (Romanos1:14,15), e se sente compelido a pregá-lo: “E ai de mim, se eu não anunciar
o evangelho!” (1 Coríntios 9:16).
À medida que os seus ouvintes respondem com fé, ao anúncio do evangelho, são
batizados simbolizando sua “morte” para o antigo modo de vida e a “ressurreição” para a nova
vida em Cristo, que passa a ser vivida na igreja, o povo de Deus. Assim, igrejas são fundadas nos
lugares por onde Paulo passa no Império Romano.
No entanto, as inovas igrejas não podem ser deixadas à sua própria sorte. Pois, dão
testemunho acerca da realidade do reino de Deus, enquanto vivem na presente era. Isto é,
enfrentando o mal em ação no mundo caído até que o reino venha em sua plenitude.
Logo, o segundo interesse de Paulo como missionário é levar essas comunidades de
cristãos à maturidade na fé e testemunho.
Paulo utiliza três imagens para retratar o rumo à maturidade. Na primeira figura, a
igreja é descrita como o novo templo de Deus, em que Ele agora habita pelo Espírito Santo
(1Coríntios 3:16; Efésios 2:21,22). Seu fundamento é o próprio evangelho e alcançar a maturidade
é o processo de construir sobre esse fundamento (Efésios 4:12).
Na segunda figura, o processo para a igreja atingir a maturidade é comparado ao
crescimento orgânico de um corpo humano, que vai da infância à idade adulta (Efésios 4:15).
Na última, ela retrata a igreja como uma lavoura (1Coríntios 3:5 – 9); “arraigada” em Jesus
Cristo (Efésios 3:17; Colossenses 2:7) e sendo cuidada pelo Espírito para que possa alcançar
uma maturidade frutífera.
A vida da igreja começa quando ela recebe a vida do Espírito por meio do evangelho: ela
é estabelecida sobre Cristo (A Pedra) e enxertada nele (A Videira verdadeira). Mas a vida da
igreja também continua pela fé no evangelho (Gálatas 3:2,3; Colossenses 2:6,7) à medida que o
Espírito conduz os cristãos à completude, à maturidade, e os capacita a dar frutos, ou seja, à
“plenitude de Cristo” (Efésios 4:11 – 16).
Paulo também analisa em detalhes os diversos dons e ministérios que o Espírito concede
à igreja para levá-la à maturidade. (1Coríntios 12:28; 1Timóteo 3:1-13)

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NOVA VIDA E NOVA OBEDIÊNCIA
Avançar para a plenitude em Cristo é uma tarefa contínua.
Paulo exorta repetidamente as igrejas recém-estabelecidas a viverem de modo digno do
evangelho. O padrão dessa exortação se repete nas cartas de Paulo às igrejas. Primeiro, ele lhes
diz o que Deus fez para lhes dar nova vida, e em seguida o que elas precisam fazer para viverem
de acordo com essa nova identidade.
A nova vida da igreja se baseia no que Deus fez na morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Na morte de Cristo, Deus derrotou os poderes que governam “esta era presente” – o
pecado, o mal e a morte. Na ressurreição de Cristo, a “era vindoura” começou, com sua promessa
de vida, de amor e de paz (Romanos 6:1-11). A nova vida da igreja é capacitada pelo Espírito,
que habita na comunidade de cristãos e constantemente traz nova vida a ela (Romanos 8; Gálatas
5).
Paulo afirma que a nova vida do crente foi iniciada na obra de Cristo na cruz,
praticada no reino do Pai e moldada pelo poder do Espírito.
No âmago dessa nova vida está um novo relacionamento com Deus, descrito como justiça,
reconciliação e adoção. Visto que Deus é o justo Legislador e Juiz. Enquanto nós estamos
afastados Dele por causa dos nossos pecados e, por isso, nós somos culpados. Todavia para
aqueles que têm fé em Jesus: o veredito “culpado” foi anulado. Há um novo veredito: fomos
declarados justos, com base na morte de Jesus Cristo (Romanos 3:21-31; Gálatas 2:15-16; 3:6-
14).
Assim, para os crentes, o juízo final de Deus já aconteceu! A culpa deles foi removida! Eles
estão reconciliados com Deus!
O mesmo Espírito que habitou em Jesus é derramado sobre a nossa própria vida e
nos capacita para chamar Deus de “Aba, Pai”, como Jesus o fez (Romanos 8:14,15).
Eis a igreja: um povo que vive em um novo mundo com uma nova identidade e um novo
relacionamento com Deus. Por isso, Paulo ordena aos membros do corpo de Cristo (a igreja) a
viverem cada vez mais a nova vida do reino de Deus, a “se despirem” do velho homem (como se
fosse uma roupa suja) e se vestirem do novo homem (Efésios 4:22-24; Colossenses 3:9,10).
Dito em outras palavras, os membros do corpo de cristo precisam se despedir do modo
de vida que era moldado pela sua experiência “na era presente” e adotar um novo modo de vida
como parte da “era vindoura”.
E com essa nova vida vem um chamado (vocação) a um novo tipo de obediência à lei de
Deus em todas as esferas da vida, uma obediência arraigada no amor, que visa restaurar a vida
humana em sua totalidade.
Paulo está ciente de que toda a vida humana, embora tenha sido criada por Deus e
redimida por Cristo, também foi corrompida pelo pecado. Assim, ele adverte que, embora os
cristãos estejam livres para desfrutar da boa criação de Deus, eles precisam tomar cuidado para
não serem contaminados pelo pecado que a infecta (1 Coríntios 6:12).
A nova vida de obediência da igreja em Cristo adota como padrão de conduta a Lei
de Deus concedida no Antigo Testamento.

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As exigências elevadas da lei nunca poderiam ser satisfeitas por pessoa alguma agindo
pela sua própria força. No entanto, “o que a lei foi incapaz de fazer por estar enfraquecida pela
natureza pecaminosa, Deus o fez, enviando seu próprio Filho, à semelhança da humanidade
pecadora, como oferta pelo pecado (Romanos 8:3,4). A nova vida de obediência em Cristo é
caracterizada nos escritos de Paulo como uma vida de amor (Efésios 4:15,16; Colossenses 2:2).
A união mística com Cristo
Jesus descreve o relacionamento contínuo que os discípulos terão com Jesus após a sua
partida à maneira de uma videira e seus ramos (João 15.5). À medida que a seiva da videira flui
para os ramos, eles dão fruto. Fazer parte do Reino é estar em Cristo.

Carta “em Cristo” “Nele”


Romanos 17 2
1 Coríntios 14 2
2 Coríntios 8 4
Gálatas 8 -
Efésios 17 6
Filipenses 11 2
Colossenses 5 8
1 Tessalonicenses 3 -
2 Tessalonicenses - 1
1 Timóteo 2 1
2 Timóteo 7 -
Tito - -
Filemon 3 -
Soma 95 26

Cristo é o cabeça da igreja que é o seu corpo (Colossenses 1.18). Então, os redimidos (os
ramos da videira) são os membros do corpo de Cristo (a igreja) e Cristo o cabeça (a Videira
Verdadeira). Para saber mais sobre o tema consulte o post: “A União com Cristo nas Epístolas de
Paulo”.
EM FAVOR DO MUNDO
A nova vida e a nova obediência da igreja são em favor do mundo.
Quando a nova vida no Espírito da igreja se torna evidente para os não cristãos, também
eles são convencidos da verdade dessa “boa notícia” e, assim, são atraídos a Cristo. À medida
que Paulo se empenha para desenvolver a comunidade que encarna fielmente a nova vida do
reino, ele tem em vista os que estão fora da igreja.
Ao descrever a vida de amor, alegria, generosidade e perdão da igreja, Paulo afirma:
“Procurem fazer o que é certo aos olhos de todos” (Romanos 12:17). A amabilidade e graça da
igreja precisam ser evidentes a todas as pessoas (Filipenses 4:5; Colossenses 4:5,6).
Os cristãos são exortados a trabalhar duro “a fim de que [seu] modo de vida conquiste o
respeito dos que são de fora” (1 Tessalonicenses 4:12) e se dediquem a fazer o que é bom para
todas as pessoas (Tito 2:7,8).

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Sua conduta deve ser “de modo digno do evangelho de Cristo” (Filipenses 1:27), a fim de
que, em meio à depravação sinistra do Império Romano, o testemunho da igreja acerca do
evangelho do reino de Deus possa “brilhar como as estrelas” (Filipenses 2.15).
A VINDA DO SENHOR
As cartas de Paulo estão, como vimos, repletas da tensão entre o já e o ainda não.
Embora o reino de Deus tenha entrado na história humana, o cumprimento da obra
redentora de Deus aguarda a volta de Cristo.
O reino é real na vida da igreja no presente, mas a expectativa de sua consumação
futura também é a grande esperança da igreja.
Paulo afirma: “Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de
parto. E não só isso, mas nós mesmos, que temos os primeiros frutos do Espírito, gememos
interiormente à medida que esperamos ansiosamente nossa adoção como filhos, a redenção de
nosso corpo. Pois nessa esperança fomos salvos” (Romanos 8:22-24).
O cristão vive em esperança, e essa esperança é um estímulo à obediência e conforto
crescentes enquanto vive na presente era maligna.
Continuando a história da igreja primitiva A última coisa que ouvimos acerca de Paulo é
que ele está em Roma, morando em uma casa alugada por ele mesmo enquanto aguarda para
ser julgado. Embora esteja em prisão domiciliar, está livre para receber todos os visitantes: “Com
ousadia e sem impedimento ele [prega] o reino de Deus e [ensina] a respeito do Senhor Jesus
Cristo” (Atos 28:31).
Essa proclamação aberta em Roma indica que o evangelho está pronto para ir do
centro do Império Romano a todas as suas regiões.
Lucas aqui finaliza sua história da missão da igreja nas primeiras décadas. É apropriado
que o segundo livro de Lucas termine assim, com Paulo ainda vitalmente envolvido na tarefa
missionária que recebeu de Deus na estrada para Damasco, pois a história de Atos não terminou.
Ela precisa continuar até que Jesus mesmo volte para concluí-la.
A obra foi iniciada por Jesus e seus discípulos, continuada pela igreja primitiva após a
ascensão de Jesus é espalhada em todo o Império Romano por Paulo e outros. Ela caminha para
seu desfecho agora mesmo: O que ainda precisa ser concluída na vida presente da igreja é a
intenção divina revelada a Paulo e Barnabé em Antioquia da Pisídia na metade da narrativa de
Atos (13:47): “Eu o constituí como luz para os gentios, para que leve a salvação até os confins da
terra”.
O evangelho de Lucas, nos conta a história de “tudo o que Jesus começou a fazer e a
ensinar” (Lucas 1:1). E, o livro de Atos, conta como os seguidores de Jesus dão prosseguimento
a essa obra nos primeiros dias da igreja. Nessa história, também temos um papel a cumprir, pois
somos convidados – exortados – a nos tornar parte da história da igreja, a seguir Jesus e continuar
a missão do reino nos passos de seus primeiros seguidores.

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CONTINUANDO A HISTÓRIA DA IGREJA PRIMITIVA
A última coisa que ouvimos acerca de Paulo é que ele está em Roma, morando em uma
casa alugada por ele mesmo enquanto aguarda para ser julgado. Embora esteja em prisão
domiciliar, está livre para receber todos os visitantes: “Com ousadia e sem impedimento ele
[prega] o reino de Deus e [ensina] a respeito do Senhor Jesus Cristo” (Atos 28:31).
É apropriado que o segundo livro de Lucas termine de modo abrupto, com Paulo ainda
vitalmente envolvido na tarefa missionária que recebeu de Jesus na estrada para Damasco, pois
a história de Atos não terminou. Ela precisa continuar até que o Senhor volte para concluí-la.
Nessa história, também temos um papel a cumprir, pois somos chamados e exortados4 a
tomar parte da história da igreja e continuar a missão do reino nos passos dos apóstolos e dos
primeiros discípulos de Jesus até a sua volta.

REFERÊNCIAS
O DRAMA DAS ESCRITURAS: encontrando o nosso lugar na história bíblica. Craig G. Bartholo-
mew e Michael W. Goheen; tradução de Daniel Kroker. São Paulo: Vida Nova, 2017 (p. 225-237)

A UNIÃO COM CRISTO NAS EPÍSTOLAS DE PAULO. Por J.V. Fesko. Extraído do site
www.ligonier.org. (2013 Ligonier Ministries). Original: Union with Christ in Paul’s Epistles.
Tradução: Alan Cristie. Editora Fiel, Todos os direitos reservados. Disponível em:
https://voltemosaoevangelho.com/blog/2013/04/a-uniao-com-cristo-nas-epistolas-de-paulo-j-v-
fesko/

NOTAS DE FIM DE TEXTO


i
ANTIOQUIA DA SÍRIA
Antioquia da Síria foi uma cidade fundada por Seleuco I Nicátor em 301 a.C. e tornou-se a capital
do seu império.
No século primeiro, Era a terceira maior cidade do Império Romano e também do mundo, superada
por Roma e de Alexandria do Egito. Era a capital da Síria nos tempos romanos, e também a maior e mais
importante cidade que levava esse nome (haviam cerca de 15 cidades com esse nome), tendo se tornado
o principal centro comercial e industrial da província romana da Síria. Sua população cosmopolita
estimada em aproximadamente quinhentos mil habitantes, fazia dessa cidade uma verdadeira metrópole
da época.
A cidade era muito bem estruturada e tinha uma localização privilegiada. Por conta de suas
construções imponentes, Antioquia da Síria era chamada de “a bela e a dourada”; e por conta de sua
localização, era conhecida como a “rainha do Oriente”. Localizava-se a aproximadamente 25 Km do
importante porto mediterrâneo de Selêucida. Situada às margens do Rio Orontes, no lado norte. Suas
terras bem irrigadas eram muito férteis.
Continuamente recebia caravanas de comerciantes que movimentava sua economia. Era também
um dos destinos preferidos dos oficiais aposentados do Império. Atraía as pessoas com sua culinária
exótica, com atividades esportivas – especialmente as corridas de carruagens que chamava a atenção

4
Do verbo exortar – 1. Procurar convencer por meio da persuasão, do conselho (ex.: exortar a população a votar;
exortar ao cessar-fogo), o mesmo que incitar. 2. Incitar à prática do que é bom ou proveitoso, o mesmo que encorajar.
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dos apostadores, e conhecidos banhos públicos. A cidade também tinha vários templos, teatros e
importantes avenidas no melhor estilo greco-romano.
Com o crescimento a cidade, a partir de 175 a.C., foi organizada em quatro grandes partes que
eram divididas por uma longa sequência de colunas (colunata) que era um símbolo da arquitetura clássica.
A cidade enfrentou muitos terremotos e várias revoltas que com o tempo acabaram deteriorando
sua infraestrutura – apesar dos esforços frequentes de reconstrução por parte de seus cidadãos. A cidade
ficava no atual território da Turquia, na região sudeste. A cidade moderna de Antioquia está estabelecida
onde ficava a antiga Antioquia da Síria.
A importância de Antioquia da Síria no Cristianismo
Para o Cristianismo, Antioquia da Síria também é uma cidade importante. A igreja estabelecida
naquela cidade foi uma poderosa base missionária que impulsionou a propagação do Evangelho nos
lugares mais longínquos do Império. Ali os seguidores de Cristo foram chamados pela primeira vez de
“cristãos” (Atos 11:26). Foi também através desta igreja que Paulo de Tarso e Barnabé foram enviados
em suas viagens missionárias.
Na teologia antiga, é conhecida por seus grandes ensinadores, entre eles: Inácio de Antioquia,
discípulo dos apóstolos e bispo da igreja edificada ali; Crisóstomo, Teodoro de Mopsuestia etc.

ii
GAMALIEL
Filho do rabino Simeão e o neto do famoso rabino Hilel. Ele era um fariseu membro do Sinédrio e
instrutor da Lei. Portanto, oponente do partido dos saduceus. Ele era reconhecido por seu conhecimento,
e foi presidente do Sinédrio durante as regências de Tibério, Calígula e Cláudio. Faleceu cerca de dezoito
anos antes da destruição de Jerusalém. Considera-se, em geral, que este Gamaliel é Gamaliel, o Velho,
que era muito estimado, sendo o primeiro a quem se concedeu o título de “Rabban”. Este título honorífico
era ainda mais elevado do que o de “Rabi”.
Evidentemente, Gamaliel tinha mente aberta e não nutria conceitos fanáticos, conforme se reflete
no conselho que deu na ocasião em que Pedro e os outros apóstolos foram trazidos perante o Sinédrio.
Por citar exemplos do passado, Gamaliel ilustrou a sabedoria de não se interferir na obra dos apóstolos,
e então acrescentou:
“Israelitas, considerem cuidadosamente o que pretendem fazer a esses homens. Há algum tempo,
apareceu Teudas, reivindicando ser alguém, e cerca de quatrocentos homens se juntaram a ele.
Ele foi morto, todos os seus seguidores se dispersaram e acabaram em nada. Depois dele, nos
dias do recenseamento, apareceu Judas, o galileu, que liderou um grupo em rebelião. Ele também
foi morto, e todos os seus seguidores foram dispersos.
Portanto, neste caso eu os aconselho: deixem esses homens em paz e soltem-nos. Se o propósito
ou atividade deles for de origem humana, fracassará; se proceder de Deus, vocês não serão
capazes de impedi-los, pois se acharão lutando contra Deus”. Atos 5:34-39

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